O perigo não está nos outros, e sim em nós mesmos
Paulo Roberto de Almeida
As disfuncionalidades da democracia americana são evidentes, e isso é muito mais grave do que o desafio chinês; os EUA podem ficar paralisados por suas dissensões internas e gastos excessivos.
A China também tem seus problemas, mas por enquanto o mandarinato tem atuado de forma bastante eficiente: se o novo imperador não exagerar no centralismo autoritário, vamos ter, realmente, um novo hegemon durante algum tempo, até que a entropia produza efeitos negativos.
A democracia brasileira também é muito disfuncional, mas sua natureza é diversa da americana: não temos educação de qualidade suficiente para melhorar a produtividade do capital humano da massa da população, apenas ilhas de excelência contidas em seu dinamismo pela mediocridade geral do estamento político e pela extorsão sobre os recursos públicos dos altos mandarins do Estado, começando pelos aristocratas do Judiciário.
Como viram, não sou sartriano no meu ceticismo sadio: o inferno não são os outros.
No longo prazo, a racionalidade vai predominar, mas a desigualdade de oportunidades continuará sendo o traço marcante do processo civilizatório, entre as nações e dentro dos Estados.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 11/06/2023
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