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sábado, 10 de junho de 2023

A construção do Brasil pelo seu maior historiador diplomático, em francês: Oliveira Lima - livro organizado por André Heráclio do Rêgo; resenha de Paulo Roberto de Almeida (Diário de Pernambuco)

 Meu trabalho mais recente, imediatamente publicado, mas de forma parcial. Transcrevo abaixo o texto completo da resenha, seguida pela imagem da resenha parcialmente publicada no Diário de Pernambuco


4410. “A construção do Brasil pelo seu maior historiador diplomático, em francês”, Brasília, 6 junho 2023, 2 p. (520 palavras). Resenha sintética do livro de André Heráclio do Rego, para o Diário de Pernambuco: Manuel de Oliveira Lima, La construction du Brésil: Essais sur l’histoire et l’identité du BrésilPrésentation et choix de textes André Heráclio do Rêgo; Préface de Denis Rolland (Paris : L’Harmattan, 2023, Collection Mondes Lusophones, 297 p.; ISBN: 978-2-14-032568-7; EAN: 9782140325687). Publicada no Diário de Pernambuco (Recife, n. 161, 10-11 de junho de 2023, p. 10). Relação de Publicados n. 1512.



A construção do Brasil pelo seu maior historiador diplomático, em francês

 

Manuel de Oliveira Lima, La construction du Brésil : Essais sur l’histoire et l’identité du Brésil (Paris: L’Harmattan, 2023, 297 p.). Présentation et choix de textes André Heráclio do Rêgo; Préface de Denis Rolland (Paris : L’Harmattan, 2023, Collection Mondes Lusophones, 297 p.; ISBN: 978-2-14-032568-7; EAN: 9782140325687).

 

Oliveira Lima, um pernambucano de origem portuguesa, mudou criança ainda para a terra do seu pai e fez sua formação universitária em Portugal; sempre se sentiu brasileiro de coração e pernambucano de devoção: sua primeira obra foi uma história social de Pernambuco. Era republicano na monarquia e virou monarquista na República, razão, aliás, de sua precoce aposentadoria na carreira diplomática, na qual adentrou no começo do regime republicano, pouco depois acolhido na Academia Brasileira de Letras (tendo ocupado uma cadeira que poderia ter ido para o Barão do Rio Branco, razão, talvez, de um afastamento que também não o ajudou nos anos de apogeu do Barão como chanceler). Construiu uma brilhante carreira de historiador diplomático, podendo serem destacados os clássicos sobre D. João VI no Brasil (1908) e o Movimento da Independência (1922), ademais do Formação Histórica da Nacionalidade Brasileira (conferências na Sorbonne em 1911, depois publicadas em francês, português e espanhol, mais tarde aumentadas, em inglês, em 1914). 

Mas ele fez muito mais, sob a forma de artigos, palestras, conferências e notas de pesquisa sobre diferentes aspectos da história do Brasil ao longo de sua atribulada carreira diplomática, sempre combinada a conexões acadêmicas, redigindo textos diretamente em inglês, em francês, ou até em espanhol. como estes textos francófonos, reunidos e apresentados pelo pernambucano, diplomata e historiador, André Heráclio do Rego, admitido em dois institutos históricos regionais, o de seu estado e o do Distrito Federal, ademais do velho IHGB nacional, do Rio de Janeiro. La construction du Brésil são ensaios que Oliveira Lima foi redigindo ao longo de suas interações acadêmicas e jornalísticas, mas a organização do livro não é cronológica serial – ou seja, não seguem a data de sua redação – e sim cronológica linear, ou seja, seguem o processo de construção da identidade nacional.

André, em sua introdução, descreveu a vida de Oliveira Lima em 5 páginas, sua obra geral em mais oito, mas dedicou trinta páginas para tratar dos treze textos que ele escreveu, entre 1908 e 1914, diretamente em francês, indo da viagem de Cabral a Machado de Assis e Joaquim Nabuco e a um denso ensaio sobre a formação da América Latina e a concepção internacional de seus fundadores (com uma única exceção, um artigo de 1896, sobre os primeiros anos da República). 

O principal mérito do intelectual diplomático pernambucano dos séculos XX e XXI está, precisamente, em reunir textos do intelectual diplomático pernambucano dos séculos XIX e XX que estavam dispersos em várias fontes, e que confirmam a excelência do “Dom Quixote Gordo”, como o caracterizou Gilberto Freyre. André não é exatamente um Quixote, e sim um diplomata intelectual, sendo tão magro quanto o cavaleiro e seu Rocinante, mas sua bagagem intelectual acumulada em livros, artigos e seminários não seriam suportáveis por uma mula como a do Sancho Pança. Sua seleção de textos e a introdução a cada um dele, confirmam solidamente tal argumento.  

 

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Brasília, 4410, 7/06/2023, 2 p.]






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