A política externa paralela do governo do PT e o Itamaraty
Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.
Na frente externa, o Brasil tem vários centros de decisão e de implementação de políticas e medidas: Lula, o PT, o assessor presidencial em assuntos internacionais e o Itamaraty, nessa ordem de importância. Lula, o PT e o assessor internacional possuem suas preferências de alianças externas e prioridades na política internacional. Elas estão claramente do lado das potências contestadoras de uma suposta hegemonia ocidental, considerada por eles como dominadora e contrária aos interesses de longo prazo do Brasil, na verdade, não compatíveis com os instintos primários de todos esses personagens, que padecem de um anti-imperialismo anacrônico e de um antiamericanismo infantil. Eles estão levando o Brasil para um projeto altamente contestável de construção de uma “nova ordem global” antiocidental, claramente liderada por duas grandes autocracias, cuja implementação antinatural vai contra os interesses nacionais do Brasil.
O Itamaraty, parte submissa dessa coalizão primariamente esquerdista, tem de se submeter à vontade de seus controladores, e tem feito um papel lamentável tanto na emissão de declarações externas, quanto na publicação de notas patéticas, nas quais o principal objetivo é escamotear a realidade, deixando de mencionar atores e autores de atentados terroristas contra alvos e vítimas civis, anteriormente Rússia e Putin, agora Hamas e outros grupos radicais da resistência anti-israelense. Uma nota do Itamaraty chega ao ridículo da falar do “falecimento” de brasileiro em Israel, o que é uma ofensa à família e um atentado à verdade objetiva dos fatos.
O Brasil diminui cada vez mais sua imagem internacional ao se alinhar às mais execráveis ditaduras e ao eludir uma posição clara sobre graves violações da Carta da ONU e aos direitos humanos. O próximo passo do governo será provavelmente condenar Israel por “terrorismo de Estado”, o que é um fato, mas ao não mencionar o terrorismo bárbaro do Hamas, perde sua credibilidade externa.
Lula NÃO fez uma nota: apenas uma postagem falando de terrorismo. Mas o que vale para a comunidade internacional são as notas do Itamaraty, que significam posição de governo, e estas até agora têm descurado completamente as expressões terrorismo e Hamas, como já vinham falhando miseravelmente antes ao não condenar nenhum dos bárbaros ataques contra alvos civis na Ucrânia. O Itamaraty emite notas sobre qualquer acidente natural ou humano em qualquer parte do mundo; só tem “esquecido” de emitir notas sobre a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, sistematicamente e desde sempre.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4490, 11 outubro 2023, 2 p.
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