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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Historiografia da politica externa brasileira - IRBr, 22/11


FUNAG / CHDD / IPRI/IRBr
A Historiografia da Política Externa Brasileira
Auditório Araújo Castro , Instituto rio Branco-IRBr, Brasília - DF 
22/11/2018 às 9h00.
9h00min         Abertura:
Embaixadora Gisela Maria Figueiredo Padovan, Diretora-Geral do IRBr;
Embaixador Gelson Fonseca Júnior, Diretor do CHDD;
Embaixador Marcos Bezerra Abbott Galvão, Secretário-Geral do MRE;
Embaixador Paulo Roberto de Almeida, Diretor do IPRI;

9h20min         Conferência do  Embaixador Rubens Ricupero

10h00min       Painel da Manhã: A historiografia do Império à Primeira República
Moderador: Amado Cervo.
João Daniel de Almeida. “A independência portuguesa: 200 anos de olhar nacionalista sobre o desmembramento de um império global”;
Francisco Doratioto. “O Primeiro Reinado”;
Gabriela Nunes Ferreira. “O Segundo Reinado (1840-1889)”;
Clodoaldo Bueno. “A Primeira República (1889-1930)”.

12:30               Almoço

14h30min       Painel da Tarde: Da Revolução de 1930 à Nova República
Moderador: Matias Spektor.
Fábio Koifman. “Da Revolução de 1930 até o fim de 1945”;
Antônio Carlos Lessa. “A Nova República (1946-1964)”;
Paulo Vizentini. “O Regime Militar (1964-1985)”;
Paulo Roberto de Almeida. “Da redemocratização aos nossos dias (1985-2018)”.

17h30min      Encerramento
Síntese dos trabalhos Professor Amado Cervo.
Embaixador Gelson Fonseca Júnior

quinta-feira, 31 de maio de 2018

Relatorios do Itamaraty, do MNE ao MRE: disponiveis

Graças aos excepcionais trabalhos do historiador Rogério de Souza Farias, meu assessor no IPRI, mas cooperando intensamente com o CHDD, dispomos agora de uma base digital dos relatórios do velho ministério dos Negócios Estrangeiros do Império, e de todos os relatórios do ministério das Relações Exteriores, na República, em arquivos acessíveis facilmente:

 Relatórios do Ministério

O primeiro relatório do Ministério dos Negócios Estrangeiros foi publicado em 1823 e a série teve continuidade, com algumas interrupções, até 1988.

Atualmente, há três formas distintas para acessá-la digitalmente – pelo Center for Research Libraries (CRL), pela Biblioteca Nacional e pelo Centro de História e Documentação Diplomática (CHDD).

Center for Research Libraries

Com sede em Chicago, Illinois, o CRL é um consórcio internacional de universidades, faculdades e bibliotecas de pesquisa independentes. Seu projeto para digitalização de documentos latino-americanos, LAMP (Latin American Microform Project), contou com o apoio financeiro da The Andrew W. Mellon Foundation e a parceria da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro para disponibilizar on-line documentos do governo brasileiro entre 1821 a 1993. Os documentos disponíveis do Ministério das Relações Exteriores cobrem o período de 1830 a 1960 e podem ser acessados gratuitamente por meio da página: http://www-apps.crl.edu/brazil/ministerial/relaçoes_exteriores.

Biblioteca Nacional

A BN criou a BNDigital em 2006 e, em 2008, recebeu aporte do Ministério da Cultural para aprofundar o seu segmento de digitalização, tendo concluído os relatórios de 1891 a 1928 e os de 1930 a 1960 em dezembro de 2015 na plataforma DocReader. Ele pode ser acessado em:http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx

Centro de História e Documentação Diplomática

O CHDD foi criado em 13 de novembro de 1996. Ele tem como propósito promover e divulgar estudos e pesquisas sobre história diplomática e das relações internacionais do Brasil, criar e difundir instrumentos de pesquisa, incentivar e promover a edição de livros e periódicos sobre temas de sua competência, e promover a realização de atividades de natureza acadêmica no campo da história diplomática. Os relatórios do período imperial estão disponíveis no linkhttp://funag.gov.br/chdd/index.php/relatorios-do-ministerio. A série completa está temporariamente no repositório https://archive.org/details/RelatoriosdoItamaraty

Diferenças entre as três bases


A despeito de reproduzirem o mesmo material, há diferenças entre os repositórios. O primeiro é de abrangência. O da CRL vai de 1830 a 1960; o da Biblioteca Nacional, de 1891 a 1960; o do CHDD, de 1826 a 1988. 
A segunda diferença está no nível de acessibilidade dos arquivos digitais. Tanto o CRL como a Biblioteca Nacional não disponibilizam os PDFs completos. A navegação é feita página a página, o que ocasiona certa lentidão na leitura. O CHDD, por sua vez, oferece os PDFs completos dos volumes.
Uma terceira diferença é a viabilidade de pesquisa dentro do arquivo por palavras. Somente a Biblioteca Nacional e o CHDD permitem pesquisas textuais.

Quadro comparativo entre as três bases

sexta-feira, 23 de abril de 2010

2063) Arquivo do Itamaraty: CHDD - Emb. Alvaro da Costa Franco

Na continuidade do post anterior, transcrevo a matéria sobre o CHDD e seu diretor, o incansável Embaixador Alvaro da Costa Franco

Documentos de nervos e sangue
CHDD difunde um dos maiores acervos diplomáticos do país

Carlos Haag
revista Pesquisa Fapesp, 170 - Abril 2010


© Reprodução do livro Barão do Rio Branco - uma biografia fotográfica

"O documento é uma impressão da história e sua medida. Ele é a história com sangue e nervos.” Foi com essa visão que em 2000 o embaixador Álvaro da Costa Franco assumiu a direção do Centro de História e Documentação Diplomática (CHDD). “Não era o meu interesse prioritário de início, e o centro, naquela época, só existia no papel. Mas me envolvi muito no programa de conservação do acervo do Arquivo Histórico do Itamaraty (AHI) e senti a riqueza do que havia aqui, de quanto se podia fazer por aqui. Virei diretor para poder auxiliar o Ministério das Relações Exteriores, pois a função principal lá, afinal de contas, é fazer diplomacia e não conservar documentos. Eles precisavam de alguém para fazer isso aqui”, conta Costa Franco. O embaixador havia acabado de se aposentar e estava então à frente da Fundação Alexandre de Gusmão/MRE, à qual o CHDD é ligado. Durante um ano dirigiu um órgão de papel que analisava papéis até que em 2001 o centro passou oficialmente a existir, localizado no Palácio do Itamaraty, no mesmo corredor onde está o AHI, um dos mais ricos acervos sobre a história diplomática nacional. São três quilômetros de documentos com toda a correspondência diplomática do ministério e documentação variada, desde antes de 1822 até a década de 1960, quando Brasília foi inaugurada e parte mais recente dos arquivos foi levada para lá. “O CHDD existe para estimular os estudos sobre a história das relações internacionais e diplomáticas do Brasil e atua na criação e difusão de instrumentos de pesquisa, na edição de livros sobre história diplomática e na pesquisa e exposição sobre esse tema.”
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O centro tem uma equipe jovem e modesta: são nove estagiários universitários e dois de nível médio, um pesquisador de história, um administrador e dois arquivistas. “Como não havia nada antes, o que eu fizesse já era alguma coisa. Mas eram tempos em que os patrocínios estavam em queda e aquela não era uma atividade que gerasse grande publicidade. Resolvi então assegurar a difusão para os historiadores e para os interessados da área por meio dos Cadernos do CHDD, a fim de criar algo que fosse contínuo, de engajamento duradouro”, conta o embaixador. Os Cadernos do CHDD são uma revista “quase um livro” com 400 páginas, semestral, que foi iniciada em 2002 e se encontra no seu décimo quinto número e se dedica à publicação de documentos e estudos sobre a história das relações internacionais. Neles é possível encontrar-se desde circulares do Ministério da Relações Exteriores nos anos polêmicos de 1930 a 1939 a textos inéditos do Barão do Rio Branco, escrevendo sob pseudônimo em sua juventude, passando por preciosidades como as memórias de Sérgio Teixeira de Macedo, um diplomata relembrando a sua infância nobre, que nem por isso o deixou escapar de uma educação das mais miseráveis. A revista é distribuída gratuitamente para universidades, bibliotecas, academias, institutos geográficos, entre outros, e pode ser lida, on-line, no site www.chdd.Funag.gov.br. “Ao publicar na internet, temos um impacto grande, bastando lembrar que devemos estar atingindo os cerca de 20 mil alunos de relações internacionais que existem no país atualmente”, lembra o diplomata. O detalhe fundamental é que toda a edição é feita pela mesma equipe jovem do centro, embora a impressão esteja a cargo da Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), em Brasília. “Eu e os estagiários fomos aos poucos nos improvisando em editores para dar conta do material. Afinal são textos antigos que exigem muitas revisões e uma leitura cuidadosa para que cheguem ao final impecáveis. São edições modestas, mas que repercutem bastante junto a uma comunidade, porque atingem diretamente o público interessado em história das relações internacionais”, afirma. “Além disso, também fizemos várias edições organizadas por professores universitários que propõem temas e trabalham em conjunto com o centro, uma mostra do potencial da ligação entre o Ministério das Relações Exteriores e as universidades que pode ser realizado por intermédio do CHDD.” Além da revista, o CHDD também já editou mais de 20 livros, alguns com mais de um volume.

O CHDD também promoveu pesquisas sobre imagem e diplomacia desde o Segundo Reinado e levantou um grande número de imagens das revistas ilustradas publicadas no Rio durante o Império e durante a gestão do Barão do Rio Branco que era um voraz colecionador de recortes de jornal, entre os quais de caricaturas, incluindo as de imagens suas. Estão sendo fichadas as que retratam o Barão com vistas a publicação, possivelmente em 2012, centenário do seu falecimento. Em 2000 o centro organizou ainda a exposição O Barão e a caricatura, que circulou por Brasília, Curitiba, Rio Grande do Sul, São Paulo e deve ir ainda este ano para Manaus. Entre os projetos futuros do centro estão a publicação da correspondência de Domício Gama com Rio Branco, a missão especial do Visconde do Rio Branco ao Prata, a correspondência de Nabuco de Washington, a Conferência de Havana, a correspondência de Oliveira Lima de Tóquio, entre outros. Também aguarda publicação a pesquisa Inovações tecnológicas e transferências tecnocientíficas: a experiência do Império brasileiro.

“Tudo sobre a vida intelectual do Brasil com os países estrangeiros pode ser estudado nesses arquivos para além das relações diplomáticas e políticas”, acredita Costa Franco. “O diplomata segue uma carreira com muitas profissões e nesse trabalho junto ao centro pude ter contato e trabalhar com historiadores, professores, estudantes e ser um pouco como eles. Parcialmente, creio que consegui o que queria, mas ainda há muito a ser feito”, avalia. “História oral, por exemplo, é algo que precisamos fazer com urgência, recolher o depoimento de antigos diplomatas. Também organizar seminários, premiar trabalhos”, lamenta. Para o embaixador, porém, é preciso mais tempo e dinheiro. “Como se pode fazer história das relações internacionais se só trabalhamos uma das partes? O que acabamos tendo é uma visão unilateral por aqui pela falta de chances de sair e conhecer o que há em outros arquivos sobre o Brasil. Por exemplo: temos pistas fortes de que havia no Prata a ideia de que o Império brasileiro era frágil por causa do separatismo e do escravismo. Ou seja, se fôssemos invadidos ao sul logo haveria um movimento de separação e outro movimento de sublevação dos escravos e, pronto, cairia a monarquia brasileira, algo que explicaria a agressão paraguaia. Isso, porém, requer que visitemos mais arquivos na Argentina, no Paraguai, no Uruguai, certo?” Segundo ele, era preciso que se criassem bolsas para que se pudesse visitar arquivos no exterior. “Isso é algo que eu gostaria de ter feito durante a minha gestão, que agora se encerra, à frente do CHDD, para ter a visão do outro”, afirma. “Mas creio que consegui deixar com os jovens do centro o meu recado de que nós temos um compromisso: a maior honestidade intelectual possível e um grande respeito aos documentos.” Que, afinal, são de nervos e sangue.