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domingo, 30 de junho de 2013

A economia esquizofrenica dos companheiros comeca a produzir efeitos(esquizofrenicos)

A conta vai para o povo

O Globo, 27/06/2013

Carlos Alberto Sardenberg A conta vai para o povo
Carlos Alberto Sardenberg
Que tal um aumento de 15% na conta de luz a partir da semana que vem? Pois é o que os consumidores do Paraná deveriam pagar se o reajuste não tivesse sido cancelado pelo governador do estado, Beto Richa. A rigor, ele não poderia fazer isso, mesmo sendo uma estatal-estadual a principal distribuidora de energia, a Copel. A empresa é pública, tem ações negociadas na Bovespa e o reajuste foi determinado pela Agência Nacional de Energia Elétrica, a Aneel, conforme a estrita regra do jogo. Mas, sabe como é, 15% na conta de luz quando os manifestantes contra as tarifas de ônibus nem voltaram para casa? Conversa daqui e dali, todo mundo quebrou o galho. A Aneel não poderia revogar a nova tarifa, mas topou suspender seu “efeito financeiro”, eufemismo para cobrança. A empresa, cujas ações despencaram quando saiu essa notícia, garantiu ao mercado que será ressarcida de algum modo, não sabendo quando, nem como.
Acontece que os custos da Copel efetivamente subiram — e não por culpa dela. A inflação fez uma parte do estrago, mas o custo maior veio da compra de energia mais cara. Foi o seguinte: choveu pouco, os reservatórios das hidrelétricas ficaram em níveis muito baixos e o Operador Nacional do Sistema, órgão federal que administra o setor, mandou ligar as usinas térmicas, movidas a carvão, diesel e gás, cujo produto é mais caro.
Em resumo, por causa da seca, a energia elétrica ficou mais cara no Brasil — e isso logo depois de a presidente Dilma ter feito a maior propaganda com a redução que havia imposto nas contas de luz. Deu a maior confusão, uma sucessão de prejuízos: as hidrelétricas não puderam gerar, mas tinham que entregar energia, por contrato; distribuidoras tiveram que pagar mais caro. A conta deveria ir para os consumidores, mas a presidente não queria. Assim, inicialmente, arrumaram um arranjo financeiro, com prejuízos para geradoras e distribuidoras, mas uma hora a conta deveria ser passada aos consumidores finais, empresas e residências.
Era agora. Além da Copel, nada menos que 17 distribuidoras, divididas por 13 estados, têm reajustes agendados no calendário oficial da Aneel para julho e agosto. (A Light, só em 7 de novembro). O presidente da Empresa de Pesquisa Energética, estatal federal que planeja o setor, Mauricio Tomalsquim, disse que não há orientação do governo para suspender os aumentos tarifários. Ou seja, a Aneel continuaria a formalizar os reajustes.
Os governos — federal e estaduais — podem assumir parte da conta, deixando de recolher os impostos. O maior imposto na conta de luz é o ICMS, estadual. (Nada menos que 29% no Paraná, por exemplo).Mas ninguém acredita que serão aplicados, ainda mais depois do precedente da Copel. Caímos assim em um caso clássico: tarifas congeladas por razões políticas, mas custos em alta por causa da inflação e de falhas do sistema. Se continuar assim, a consequência também é clássica: param os investimentos e o serviço piora.
Acontece que os governos também estão sob pressão popular para, numa ponta, aumentar gasto em transporte, educação e saúde, e na outra, reduzir impostos.
Muita gente acha que basta eliminar a corrupção e lucros excessivos das empresas para que todos os objetivos sejam alcançados. Infelizmente não é assim. Há corrupção, certamente, e deve haver gorduras em muitas tarifas de diversos setores, mas o problema maior é a falta de investimentos e de produtividade. Ou seja, é preciso colocar dinheiro novo em todo o setor de infraestrutura.
O governo federal e muitos estaduais decidiram-se pelas privatizações exatamente em busca de capital e eficiência. Mas é claro que o setor privado vai agora pensar muito antes de entrar em qualquer negócio, considerando a pressão popular e política contras as tarifas — a receita do setor.
Eis a difícil situação em que estamos nos metendo. As pessoas estão certas na sua bronca: pagam caro (nas tarifas e nos impostos) por serviços ruins. Não aconteceu por acaso, mas por anos de gestão pública ruim — com gastos elevados em custeio, pessoal e previdência e muito baixos em investimentos, sem abertura de espaço para o investimento privado.
Acrescente a inflação que o governo federal deixou escapar, e para o problema ficar completo só falta o festival de gastos que o Congresso está preparando. Derrubar tarifas é politicamente inevitável. Mas do jeito que está sendo feito, vai levar a mais déficit público, juros maiores, mais inflação e menos crescimento. Ou seja, a conta vai de novo para o povo.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Da' pra' trocar de governo? Por enquanto não... - Carlos Alberto Sardenberg

Carlos Alberto Sardenberg
O Globo, 20/06/2013

A gerente de uma pequena farmácia do bairro de Pinheiros, em São Paulo, me conta, animada, que fechara a loja na última terça, às 21 horas, e fora direto para a manifestação na Avenida Paulista. Protestar contra o quê? — pergunto, sabendo que ela tem carro. E ela: “Bom, contra tudo, né? A gente trabalha tanto e não tem dinheiro para passear, aproveitar a vida”.
Uma reclamação rara, valia a pena especular. A moça elaborou mais um pouco. “A gente paga IPTU, tanto imposto, e o governo fica dando dinheiro para quem não trabalha. Dar emprego, tudo bem, mas dar bolsa não é justo, o senhor não acha?”
Resumindo a bronca: muito trabalho, salário suficiente para viver, mas não para aproveitar a vida; o governo toma muito imposto e não devolve serviços justos para quem trabalha tanto.
Tarifas de ônibus, trens e metrô cabem aí. O passageiro paga caro por um serviço ineficiente e desconfortável.
Generalizando, o governo é caro, mas não presta. Pelo e-mail da CBN, um ouvinte de Petrópolis conta que foi ontem à Secretaria municipal de Saúde tirar a carteira para atendimento no SUS. Não deu, o sistema estava fora do ar. Na fila, comentaram que estava assim havia quatro dias. Cidadão zeloso, nosso ouvinte ligou para o 136, ouvidoria do SUS, onde obteve a informação de que... o sistema estava fora do ar.
Na pesquisa CNI-Ibope divulgada ontem, a área de saúde apareceu, junto com segurança, como a de pior avaliação: 66% dos entrevistados desaprovam os serviços. Esse resultado negativo tem se repetido e vale para os três níveis de governo (municipal, estadual e federal) já que todos têm alguma coisa a fazer nesse setor.
Entende-se por que os protestos parecem, digamos, genéricos. É difícil mesmo para o cidadão saber que o posto é municipal ou estadual, mas o remédio é federal.
Pedro Herz, dono da Livraria Cultura, um intelectual sempre interessado em entender a cena brasileira, costuma perguntar a todo mundo que encontra: “Me diga o que você acha que funciona no Brasil.”
As três respostas mais citadas, amplamente dominantes: o sistema de apuração de eleição, as campanhas de vacinação e a Receita Federal. Elaborando aqui e ali, o pessoal aprecia a rapidez da apuração, mas não os políticos eleitos. Com as vacinações, tudo bem. Já quanto à Receita, seria uma admiração ao revés — como os caras sabem cobrar!
E assim voltamos ao ponto de partida: o governo cobra caro, sabe cobrar, e não entrega. Trata-se de um sentimento, um mal-estar que, entretanto, não resulta em propostas políticas determinadas.
É curioso. Bronca generalizada com o governo e com os impostos — bem, isso parece uma atitude liberal. Lembram-se? Governo não é a solução, é o problema, repetia Ronald Reagan.
Mas, por aqui, muita gente que reclama do governo pede mais governo. Por exemplo: as reivindicações para a estatização completa dos transportes públicos, de modo a eliminar o “lucro predatório” das empresas privadas que operam o setor.
Não faz sentido. Se as prefeituras e os governos estaduais não conseguem gerenciar nem fiscalizar, como conseguiriam fazer isso e ainda operar todo o sistema? Tanto é assim que governadores e prefeitos das maiores cidades têm deixado o tema de lado. Eles sabem que não teriam dinheiro nem capacidade de assumir todo o transporte público.
O governo Dilma, ainda que constrangido, também admite essas dificuldades do setor público. Tanto que está aplicando um programa de privatização de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos.
Mas é uma espécie de privatização envergonhada, com muitas restrições à atuação das empresas privadas. Isso resulta de uma ideologia de esquerda bastante disseminada no país, mas também de uma prática velha, fisiológica, dos políticos que vivem de ocupar espaço nos governos para atender não o povo, mas a seus interesses e aos de seus correligionários.
Caímos, assim, nesse impasse: o pessoal tem bronca do governo e, por falta de outra proposta, acaba achando que a solução está no governo.
Fica difícil. Como pedir menos impostos — e todo mundo pede isso — e mais serviços oferecidos pelo governo?
Já os governantes, pressionados pelas manifestações, dizem que não têm dinheiro para fazer o que pedem. De certo modo, é verdade: as demandas são infinitas. Mas a principal política do governante é exatamente escolher as prioridades, decidir onde e com quem vai gastar o dinheiro público.
É nisso que falha nosso sistema político. Não aparecem as diferenças de orientação programática. Por isso os governos ficam parecidos, e tão parecidos que as pessoas reclamam “contra tudo”.
A questão política nacional é: como sair da bronca para uma doutrina e respectiva ação que consertem as coisas?


Carlos Alberto Sardenberg é jornalista.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Governo cobra das privadas, mas nao das empresas publicas: eis o Brasil, minha gente...


O Globo, 6/06/2013

Vamos imaginar que uma dessas companhias de telecomunicações colocasse em seu site, num belo dia, sem prévio aviso, a seguinte informação: “o serviço de call center, incluindo atendimento telefônico ao cliente, está suspenso por tempo indeterminado; o contrato com a terceirizada prestadora desse serviço não foi renovado; estamos providenciando um outro; enquanto isso, o cliente pode se comunicar via site.”Já pensaram? Imediatamente desabariam sobre a empresa todos os Procons, Ministério Público e delegacias do consumidor, sem contar a Polícia Federal. Os ministros das Comunicações e da Justiça prometeriam punições rigorosas à empresa. A Anatel já aplicaria as primeiras multas e exigiria a reabertura imediata do call center.
Pois bem, foi mais ou menos o que fez a Secretaria da Receita Federal no último dia 31. Anunciou a suspensão do seu call center, por problemas na renovação do contrato com a terceirizada, e informou que todos os esforços estavam sendo feitos para a contratação de uma outra empresa. Enquanto isso, o contribuinte pode se virar no site da Receita, para fazer agendamentos, acertar parcelamentos ou tirar informações.
E está tudo bem. Não tem nada de mais.
As regras para atendimento telefônico ao consumidor são muito rigorosas. Você sabia, por exemplo, que o call center de empresa privada tem apenas um minuto para transferir a ligação para o setor que resolva o problema? E que o atendimento deve funcionar 24 horas por dia, sete dias por semana?
Nenhum órgão público cumpre essas regras, nem mesmo os Procons. Tente, por exemplo, reclamar do atendimento em alguma unidade do SUS. Já os hospitais e planos de saúde privados têm cada vez mais obrigações e sofrem severa vigilância.
Pode-se dizer que são contratos diferentes. No caso de uma empresa de celular, o consumidor escolhe e compra o produto e o serviço, de modo que se trata de um contrato privado entre duas partes. Tanto que o cliente pode, por exemplo, cancelar tudo. Aliás, a lei é muito precisa nisso. Se o consumidor ligar para o call center e disser logo de cara que deseja cancelar o serviço, isso tem que ser feito imediatamente, sem transferência de ligação e mesmo que o cliente esteja devendo.
Já com a Receita, ninguém pode ligar lá — muito menos nestes dias — e pedir o cancelamento dos serviços do órgão. Muitos até sonham com isso. Já pensou? Você ao telefone: “É, isso mesmo, quero cancelar tudo, declaração, pagamento e fiscalização, e não me transfira a ligação, nem coloque a musiquinha!”
Pois é, mas não pode. O contrato com a Receita é, digamos, obrigatório.
Mas por isso mesmo o cliente/cidadão deveria ser mais bem atendido. Entre outras coisas, porque é ele mesmo, com seus impostos, que está pagando o serviço e os funcionários que o prestam.
Isso vale para o SUS, para os Detrans, as delegacias de polícia, as prefeituras (tente obter em um minuto a resposta para seu projeto de reforma do banheiro) e, no limite, para a Presidência da República. Todo cidadão deveria ter o direito de ligar para o Palácio do Planalto, ser atendido em menos de um minuto, ter seu pleito (ou elogio, tudo bem) anotado e respondido em tempo determinado.
Agora, o que surpreendeu mesmo nesse caso do call center da Receita foi ter ocorrido com esse órgão, conhecido e premiado por sua eficiência tecnológica. Que a Valec, a estatal encarregada da construir ferrovias, tenha ficado sem trilhos, por falhas nos contratos, a gente entende e até espera por isso. Mas logo a Receita se atrapalhar com um contrato…
Imposto sobre aluguel
Sabia o leitor que está em curso no Senado um projeto para que as prefeituras possam cobrar o Imposto sobre Serviços (ISS) sobre aluguéis residenciais e comerciais?
É isso mesmo. Num aluguel de mil reais, o inquilino pagaria mais cinquentinha, 5% de ISS.
Tem mais. Sabe baixar música via streaming? Pois é, mais 5%. Computação na nuvem, hospedagem de dados, audio, video, etc. — mais 5% para a prefeitura.
Trata-se do projeto de lei do Senado, número 386/2012. Além de mais uma garfada, se aprovado, vai gerar confusão na Justiça.
Ocorre que o Supremo Tribunal Federal, pela Súmula Vinculante 31, declarou inconstitucional a cobrança de ISS sobre locação de bens móveis. Disse que locação não é serviço. Logo a Súmula deve se aplicar também a bens imóveis, dizem advogados.
E o que dizem senadores? Que as prefeituras, especialmente das capitais, precisam de dinheiro.
O projeto de lei tem outra curiosidade. Diz que cometerá crime o prefeito que conceder desoneração de imposto.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Custo Lula, por Carlos Alberto Sardenberg (revista Interesse Nacional)

Eu chamaria tudo isto de crimes econômicos contra o país, a serem devidamente denunciados e processados num tribunal econômico da nação, por irresponsabilidade primária, ignorância das regras elementares do jogo econômico, demagogia, prepotência, arrogância, petulância, enfim, um prejuízo enorme para o país, para as empresas públicas e privadas que se submeteram às ordens de um ignorante, e contra a população em geral, que vai pagar a conta.
Esse é o balanço da era Lula, uma das mais estúpidas de nossa história.
Paulo Roberto de Almeida





Sabem qual foi a inflação acumulada no Brasil no período de 1984 a 1994, ou seja, nos dez anos anteriores à introdução do real? Quase não dá para ler: 200.819.549.765%! Considerem agora outro período de dez anos (2002/2012), quando o sistema macroeconômico estava consolidado: inflação bem mais civilizada de 88%.Foi uma mudança da água para o vinho – e para vinho bom.
Acontece que há países bebendo coisa melhor. Naqueles mesmos dez anos do início deste século, a inflação na Alemanha foi de 18%; nos Estados Unidos, ficou pouco abaixo de 30%; na China, pouco acima. Neste momento, desde a saída da crise global de 2008/2009, o Brasil tem estado preso a uma armadilha difícil de escapar: a combinação de baixo crescimento com inflação elevada. Uma armadilha brasileira, pois os demais emergentes importantes crescem mais com preços mais estáveis e em níveis mais baixos.
Eis o tema: o Brasil, comparado com o Brasil do passado, é um sucesso. Comparado com outros, está devendo. Por que isso aconteceu?
Eis a tese: em sua maior parte, as lideranças dominantes – na política, na economia, na sociedade civil – não compreenderam nem as razões do sucesso, nem o esgotamento das reformas introduzidas desde 1994. As que compreenderam simplesmente deixaram para lá, por medo ou por acharem inútil tentar enfrentar a força do então presidente Lula.
Este tem um papel dominante em duas fases. Na primeira, seguiu a cartilha ortodoxa e contribuiu para a consolidação do modelo macroeconômico. Na segunda, encaminhou o país para a armadilha em que se encontra hoje. Esse é o chamado custo Lula.
Vale destacar as principais reformas desde o real. Os primeiros quatro anos foram, digamos assim, de aprendizado e tentativa de emplacar uma moeda razoavelmente confiável. A valorização do real diante do dólar jogou papel essencial na estabilização.
Por necessidade, as grandes reformas começaram depois do colapso do regime cambial, em janeiro de 1999. Como outros países emergentes que também haviam passado por crises externas, o Brasil de Fernando Henrique Cardoso (FHC) mudou.
Na avaliação macro, houve regime de metas de inflação com Banco Central independente (1999); responsabilidade fiscal e superávit primário (leis de 1998/2000); câmbio flutuante (1999); e negociação e acerto da dívida dos estados. Pode-se incluir, aqui, a privatização em setores-chave, como telecomunicações, mineração, siderurgia, transportes, bancos e energia elétrica. Cabem também os dois grandes programas de ajuste do sistema bancário, um para o setor privado, outro para o público, neste último caso com a privatização de bancos estaduais e o salvamento e modernização dos bancos federais.
Também foi crucial a quebra do monopólio da Petrobras (por emenda constitucional de 1997). Isso abriu a exploração de petróleo ao capital privado, nacional e estrangeiro, trouxe os investimentos que resultaram na descoberta do pré-sal.Na área de gestão pública, houve uma reforma administrativa e a criação das agências reguladoras. Mais uma importante reforma no INSS foi a introdução do fator previdenciário, em 1999. Na avaliação micro, para facilitar a vida de pessoas e das empresas, foi criado o Simples. Introduziu-se a regra de suspensão temporária do contrato de trabalho, importante flexibilização da legislação trabalhista.
Ajuda do Céu: China
Vem, então, o primeiro governo Lula, com Antonio Palocci no Ministério da Fazenda. Para surpresa inicial de muitos, ele não apenas manteve a base da política macroeconômica como a aplicou de maneira mais rigorosa, aumentando, por exemplo, o superávit primário. E, mais surpresa ainda, avançou muito na agenda micro. Alguns pontos principais foram: a criação da conta bancária e da poupança simplificadas; a portabilidade do crédito; e o regime do Supersimples.
Mudanças na legislação permitiram a volta e a expansão do financiamento imobiliário e a criação do crédito consignado. Saíram a nova Lei das SAs (2007) e as regras de aperfeiçoamento da área de seguros. Além disso, houve a aprovação, em 2004, da contribuição previdenciária de funcionários púbicos aposentados.
Acrescente–se a isso os programas sociais, da valorização do salário mínimo às transferências de renda (as bolsas), e o quadro se fecha.
Enquanto o Brasil se arrumava, caiu do céu a ajuda do mundo, especialmente da China. Do início deste século até as vésperas da crise financeira global, a economia mundial cresceu a taxas extraordinárias. O comércio global de bens e serviços se expandiu na base inédita de 10% ao ano. Nesse processo, a China consolidou sua posição de segunda potência mundial e correu o planeta em busca de alimentos, minérios e petróleo para saciar sua expansão. Todo o mundo emergente pegou a onda. O Brasil quadruplicou suas exportações, vendendo mais a preços mais altos, recebeu investimentos e tomou financiamentos baratos.
Se a estabilidade macroeconômica permitiu a progressiva queda dos juros reais e a volta do crédito, o boom externo trouxe dólares em abundância. De país tradicionalmente devedor, carente de moeda forte, o Brasil, com enormes reservas, tornou-se credor em dólares. A dívida pública externa simplesmente desapareceu.
Por isso, o Brasil não quebrou na crise de 2009, embora tenha sofrido com a recessão. A estabilidade interna (contas públicas arrumadas, por exemplo) e a abundância de dólares permitiram a reação do governo Lula: aumentar o gasto público, reduzir impostos e expandir o crédito para estimular o consumo privado.
Como funcionou – no último trimestre de 2009 a economia já dava sinais de recuperação para, no ano seguinte, crescer 7,5% –, Lula tomou a receita emergencial como definitiva. E foi assim, pouco a pouco, mas de modo firme, retornando ao velho pensamento da esquerda: o governo faz e desfaz, investe, gasta, financia, orienta e manda no setor privado.
Não eliminou o famoso tripé – ajuste fiscal, metas de inflação e câmbio flutuante –, mas deu início à, digamos, flexibilização. Verificou-se, assim, que a ortodoxia do primeiro mandato não resultava de convicção, mas de medo. Não vinha da virtude, mas era fruto da necessidade de dar satisfação a um mercado desconfiado com o esquerdismo estatizante das propostas econômicas do PT pré-governo.
Esse novo Lula – ou o retorno do velho Lula, como queiram – apareceu triunfante na célebre entrevista concedida ao jornal Valor Econômico, de 17 de setembro de 2009. O mensalão dormia, a economia respirava, já se sabia do pré-sal, o então presidente parecia dizer: agora é do nosso jeito.
Com surpreendente franqueza, por exemplo, contou como mandou a Petrobras aumentar seus programas de investimento, quando a diretoria da estatal disse que pretendia adiar alguns projetos: “Convoquei o Conselho da Petrobras para dizer: ´Olha, este é um momento em que não se pode recuar´. Até no futebol a gente aprende que, quando se está ganhando de 1 x 0 e recua, a gente se ferra”.
Resultado: a diretoria da Petrobras foi para o ataque e incluiu nada menos que quatro refinarias no plano de investimentos, a serem construídas ao mesmo tempo, além de previsões fantásticas para a produção de óleo.
Petrobras, banco Votorantim, Vale…
Apenas três anos depois, já no governo Dilma, a Petrobras informou oficialmente aos investidores que, das quatro, apenas uma refinaria, Abreu e Lima, de Pernambuco, continuava no plano com data para terminar. Todas as metas de produção foram reduzidas. As anteriores eram “irrealistas”, disse a presidente da companhia, Graça Foster. Nada se disse ainda sobre os custos disso tudo para a Petrobras.
Mas, há indícios. A refinaria de Pernambuco, se der tudo certo a partir de agora, funcionará no final de 2014, com quatro anos de atraso em relação à meta, e custará algo próximo de US$ 20 bilhões. Reparem: quando anunciada por Lula, a refinaria custaria US$ 4 bilhões e ficaria pronta em 2010. Como uma empresa como a Petrobras pode cometer um erro de planejamento desse tamanho? Só há uma hipótese: a estatal não tinha projeto algum para isso. Lula decidiu, mandou fazer e a diretoria da estatal improvisou umas plantas. Anunciaram e os presidentes Lula e Chávez, sócio, fizeram várias inaugurações. Mas, a PDVSA venezuelana, dona meio a meio da refinaria, não colocou um tostão no negócio.
Das outras três refinarias, uma, a do Comperj, no Rio, está ainda mais atrasada e também mais cara, sem prazo firme de entrada em operação. Quanto às outras duas, as refinarias do Ceará e do Maranhão, continuam no papel, enquanto governadores cobram as antigas promessas eleitorais, e a direção da estatal procura sócios estrangeiros para viabilizar a coisa.
Tem mais na conta Lula. Naquela mesma entrevista, Lula disse que mandou o Banco do Brasil comprar o banco Votorantim, porque este tinha uma boa carteira de financiamento de carros usados e era preciso incentivar esse setor. O BB comprou, salvou o Votorantim e engoliu prejuízo imediato de mais de R$ 1 bilhão, pois a inadimplência ultrapassou todos os padrões. Ou seja, um péssimo negócio, conforme muita gente alertava. Mas, como o próprio Lula explicou: “Quando fui comprar 50% do Votorantim, tive que me lixar para a especulação”.
E tem a história da Vale. De novo, Lula na entrevista, com franqueza: “Tenho cobrado sistematicamente da Vale a construção de usinas siderúrgicas no país. Todo mundo sabe o que a Vale representa para o Brasil. É uma empresa excepcional, mas não pode se dar ao luxo de exportar apenas minério de ferro”.
Por isso ou por qualquer outra razão, o fato é que a Vale está envolvida em três grandes siderúrgicas, ou três imensos problemas, conforme levantamento feito até no final do ano passado. Em Marabá, no Pará, o projeto da planta Alpa está parado, à espera da construção de um porto e de uma via fluvial, obrigação dos governos federal e estadual, e que está longe de começar. No Espírito Santo, o projeto Ubu também fica no papel enquanto a Vale espera um cada vez mais improvável sócio estrangeiro. Finalmente, o projeto de Pecém, no Ceará, está saindo do papel, mas ao dobro do custo original.
São três histórias exemplares. En passant, reparem na linguagem. Lula diz: “convoquei o conselho da Petrobras”; “quando fui comprar o Votorantim”; “tenho cobrado da Vale”… Muitos governantes, especialmente depois de alguns anos no poder, caem nesse uso revelador da primeira pessoa. Sugerem decisões pessoais, não de governo. Lula, de fato, acumulou enorme poder pessoal, decorrente da popularidade recorde, esta, de sua vez, consequência de uma mistura de ortodoxia econômica, sorte (o crescimento do mundo e da China), programas sociais e populismo à velha moda latino-americana.
Mas, esse Lula da parte final de seu governo – caracterizada pela volta progressiva da mão pesada do governo – não poderia ter prosperado se não houvesse no país uma cultura de base. Havia e há, com duas variantes principais reunidas pelo pragmatismo político de Lula.
Intervencionismo estatal e corrupção
A primeira variante vem da esquerda latino-americana. Trata-se da ideologia do capitalismo de Estado: estatais nos setores-chave da economia, empresas privadas nacionais protegidas e subsidiadas pelo governo, estrangeiras toleradas e convidadas para determinados setores, controles gerais sobre toda a atividade econômica, setor público ampliado, impostos elevados (no caso brasileiro).
Na doutrina, diz-se que esse modelo é necessário para impedir as falhas de mercado e evitar os abusos que seriam resultantes do livre mercado. O objetivo é industrializar o país. Sua base, o nacionalismo e o patriotismo.
Quando interlocutores diziam a Lula que as empresas não planejavam refinarias ou siderúrgicas, porque era muito mais caro produzir no Brasil, o presidente respondia sem vacilar: “Os empresários têm tanta obrigação de ser brasileiros e nacionalistas quanto eu!”.
Daí resulta a política de conteúdo nacional. Em vez de uma nova onda de reformas para reduzir o custo de se produzir no Brasil, prefere-se a regra pelo qual o produto nacional tem preferência do governo e de suas estatais, mesmo sendo mais caro. Empresas nacionais se formam para atender a esse mercado, de modo que se tece uma teia de interesses privados em torno do setor público.
Eis uma versão do capitalismo de Estado, com amplo apoio na sociedade brasileira. Mas, há outra vertente que leva ao mesmo interesse de ampliar o controle estatal sobre a economia: aquela que antigamente se chamava de fisiológica ou clientelista. O propósito, nesse caso, é bem mais simples: tendo posições no governo, o líder partidário adquire poder de nomear os correligionários e participar, pelo lado privado, dos grandes negócios que o Estado gera.
Assim, um quer a Petrobras para desenvolver uma política dita nacionalista, outro, porque aquela imensa companhia é uma possibilidade infinita de nomeações e negócios. Amplie isso para o conjunto do governo e se terá a era Lula: o ex-presidente juntou as duas vertentes em sua base, colocando lado a lado os que estavam ali para aplicar uma política e os que simplesmente foram lá para buscar vantagens pessoais.
É exatamente o mesmo formato do “mensalão”. Uns estavam lá para desviar dinheiro para o partido (a causa), outros, para os próprios bolsos. Muitos militantes da esquerda sincera deixaram o PT e o governo, mas a maioria ficou lá. E a convivência é fatal. Líderes sindicais se viciam tanto nos cargos e vantagens quanto os políticos da velha guarda. Colocar no bolso parte do dinheiro que circula por ali se torna uma tentação para todos.
É verdade que uma parte do PT ainda tenta salvar as aparências. Dizem que se trata de algo como “roubar pelo povo”, que é impossível governar sem a participação dos velhos políticos e suas velhas práticas.
Eis o legado Lula, que continua no governo Dilma: uma mistura de intervencionismo estatal e corrupção. Disso resulta a ineficiência estatal e os bons lucros para certos grupos.
Tomemos como exemplo a Valec, estatal no ramo de ferrovias. Primeiramente, foi apanhada comprando dormente a preço de trilho. Trocaram a diretoria e deixaram a companhia no esquecimento. Depois, foi reconvocada para tocar duas importantes obras, há tempos prometidas em comícios eleitorais. E a Valec, por falhas burocráticas, ficou sem trilhos para colocar nas ferrovias.
Não tem nada demais. No novo modelo de concessões lançado pela presidente Dilma, a Valec terá posição de destaque. Ela vai comprar toda oferta de carga ferroviária e distribuí-la entre as transportadoras. Dizem os técnicos do governo que isso afasta o risco de mercado, ou seja, o risco de uma concessionária construir a ferrovia e não ter carga para transportar. No entanto, introduz o risco governo. Uma única empresa estatal, aquela, vai ser compradora e vendedora de todo o mercado. As duas vertentes se encontram aqui de novo: o controle estatal da atividade econômica e as oportunidades de negócios privados para os próximos do governo.
E continua sendo muito caro produzir aço e trilhos no Brasil. Ou qualquer outra coisa sem os subsídios, a proteção e os outros benefícios do governo. Essa é a causa básica da armadilha do baixo crescimento com inflação elevada.
É preciso nova onda de reformas
O país precisa de uma nova onda de reformas no sentido contrário do caminho introduzido por Lula no seu segundo mandato e até acentuado por Dilma. Precisa de mais privatizações, especialmente na infraestrutura, abertura comercial, competição, menos impostos e menos governo. Mas, isso exige uma mudança na cultura política. Reparem como a oposição não conseguiu ou não quis se opor a essa agenda Lula. Resta a outra possibilidade: a força da necessidade. Pensando bem, o programa econômico do real não tinha amplo apoio nem na base do governo FHC. Mas, enfim, o que se ia fazer com uma inflação acumulada de 200.819.549.765% ?
O sucesso da nova moeda deu base ao programa e reformas que se seguiram. O medo levou Lula a manter o caminho. No que as coisas se acalmaram, voltou o velho Brasil. Qual necessidade levaria a uma nova mudança de rumos?

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Brasil-EUA: irracionalidade vs racionalidade da organizacao laboral -Carlos Alberto Sardenberg

Crescer e proteger

Carlos Alberto Sardenberg
O Globo, 23/03/2013

“Ninguém aqui em Chicago pode trabalhar por menos de US$ 4,50 por hora”, conta o garçom de um bom restaurante, um rapaz de menos de 30 anos. Feitas as contas, considerando jornada de 40 horas por semana, dá US$ 800/mês.
“Mas gente ganha mais, dá para fazer mais de 300 dólares em um dia de bom movimento”, explica o rapaz. É a gorjeta, claro. O rendimento variável é o que vale e depende não das horas de trabalho, mas do movimento e da capacidade de atendimento do garçom.
A gorjeta, pelos costumes americanos, varia de 10% a 20%, e vai direto para o bolso do garçom, no dia mesmo de trabalho. Afinal, acrescenta o rapaz, “a gente trabalha para o freguês, não para o restaurante”. Mas, considerando que a gorjeta está incluída na conta, junto com comida e bebidas, como calculam e como pagam por dia (ou por noite)?
O garçom traz então os boletos, as contas pagas por cada mesa que atendeu naquela noite. Já está tudo grampeado e calculado.
Ele mostra e explica: “Eu vendi hoje 2.060 dólares, a gorjeta foi de uns 350 (cerca de 17%). Aí eu pago uma parte para o ajudante e outra para o pessoal do bar. Vou levar limpos uns 250 dólares”.
Repararam os verbos? “Eu vendi... eu pago...”
O restaurante, a empresa, paga na base do mínimo, a cada duas semanas. E só. Ou seja, é o trabalhador, nesse setor, que precisa cuidar de sua previdência e seu plano de saúde.
Claro que em outros setores da economia, em fábricas, por exemplo, ou em empresas maiores, o sistema é diferente, com salários semanais fixos maiores que a parte variável. Mas em boa parte do setor de serviços (incluindo comércio), a variável é maior.
Assim, esse caso dos restaurantes é um bom exemplo das vantagens e desvantagens de uma legislação trabalhista bastante flexível e na qual vale mais o combinado entre as partes.
Para o restaurante, a empresa, a vantagem é a redução do custo fixo. Gasta pouco com a folha de salários, ao contrário, por exemplo, de um restaurante no Brasil, cujo dono paga salário fixo e todos os demais itens (FGTS, INSS, 13º, adicionais diversos e por aí vai).
Nos EUA, quando o movimento cai, o prejuízo se distribui entre empresa e empregados, pois os dois lados passam a “vender” menos.
No Brasil e em muitos outros países, europeus, por exemplo, caindo o movimento, aumenta proporcionalmente o custo do restaurante , já que não é possível passar parte dos garçons para um sistema de trabalho apenas nos fins de semana.
Não raro, cria-se um impasse: o restaurante (ou a empresa) só consegue se manter funcionando no prejuízo, dado o baixo faturamento combinado com custos fixos elevados. No fim, a casa fecha e não se protegeram os empregos.
Nos EUA, para o garçom, a vantagem é receber diariamente e conforme a qualidade reconhecida de seu serviço. Para o público, a regra é um incentivo ao bom atendimento. Diferente, por exemplo, do sistema dominante no Brasil, no qual o caixa do restaurante recolhe toda as gorjetas e distribui por igual no final do mês.
(Aliás, o Congresso está discutindo uma legislação que obriga os restaurantes a repassar pelo menos 80% da gorjeta para os garçons e cozinheiros. Devia ser 100%, não é mesmo?).
Por outro lado, nos EUA, havendo uma crise, a empresa tem ampla possibilidade de cortar pessoal e reduzir os pagamentos. A taxa de desemprego praticamente dobrou de 2008 para 2009, nos momentos mais difíceis da crise financeira que quase paralisou a toda a economia .
E os salários também caem rapidamente, pois são basicamente negociados e não garantidos em lei.
Nos países que têm ampla e meticulosa legislação trabalhista, o ajuste — com desemprego e redução do nível médio de salários — sempre acaba acontecendo, mas demora mais e é mais custoso, como está acontecendo na maior parte dos países europeus.
Pelo outro lado, a recuperação econômica é sempre mais rápida nos Estados Unidos. Começa a melhorar e os empregos começam a voltar. Mas o desemprego cai antes de subirem os salários. Neste momento, por exemplo, a taxa de desemprego, que chegou a passar dos 10%, está na casa dos 7%. Já o salário médio, descontada a inflação, é praticamente o mesmo de 2009.
Em compensação, todo o sistema permite que as empresas reduzam custos e se esforcem para ganhar produtividade, que é, de novo, o que acontece. A produção por trabalhador/hora cresce 1,5% ao ano, desde que se iniciou a recuperação. E isso é a chave do crescimento.
No Brasil, onde o emprego formal é superprotegido, a produtividade está em queda e o custo unitário do trabalho em alta. Resultado: empresas menos competitivas. As que podem, reduzem a produção, mas mantêm a os trabalhadores, na expectativa de retomada da atividade. Se a retomada demora e essa expectativa enfraquece, o ajuste — corte de custos e de empregos — vem, então, mais forte.
Difícil combinar crescimento e proteção.

Carlos Alberto Sardenberg é jornalista.

sábado, 13 de abril de 2013

Direita e esquerda no Brasil - Carlos Alberto Sardenberg

O grande problema deste artigo é que ele acredita que FHC representou a direita no Brasil e e que ele implementou um programa liberal, quando a única coisa que fez FHC foi estabilizar a economia, o que já é uma enorme missão, e aplicar um programa social-democrata, ou seja, distributivista, ainda que moderado. FHC esteve muito longe de um programa realmente liberal.

A falta que nos faz uma boa direita
Carlos Alberto Sardenberg
O Globo, 11/04/2013

Vou falar francamente: uma Thatcher, hoje, seria perfeita para o Brasil. Mas uma Thatcher em grande estilo: líder de partido, ganhando eleições com uma agenda liberal. Seria bom até para modernizar a cultura esquerdista amplamente dominante no país. Isso aconteceu na Inglaterra e, nos 80 e 90, em boa parte do mundo, inclusive no Brasil. Precisava acontecer de novo.

A longa administração conservadora de Margaret Thatcher fez o trabalho, digamos, sujo de demitir funcionários excedentes, cortar gastos públicos, controlar o poder dos sindicatos de empresas estatais (e depois privatizá-las), além de desregulamentar a economia, reformar a legislação trabalhista e reduzir a pesada burocracia do Estado.

Depois de um início custoso, com greves e desemprego em alta, funcionou. Com investimentos privados, o país voltou a crescer e gerar emprego e renda. Não por acaso, Thatcher ganhou três eleições seguidas.

Quando veio o desgaste até normal da administração conservadora, o serviço principal estava feito, a quebra do imenso, custoso e já ineficiente Estado do Bem-Estar. Aí veio Tony Blair com a suave conversa do “Novo trabalhismo”: retomada dos investimentos públicos em educação, saúde e segurança, mas em uma economia livre, aberta e competitiva.

Os eleitores foram trocando, conforme a ocasião. Elegeram o Partido Trabalhista no pós-guerra, que instalou o Estado do Bem-Estar, depois fartaram-se dos excessos desse modelo, que estatizava tudo de grande que via pela frente, como disse Churchill, e finalmente entregaram o poder para Thatcher desmontar tudo. E aí devolveram o governo à esquerda, mas uma esquerda reeducada.

Já entre nós, quando o eleitorado comprou a ideia de que era preciso desmontar o Estado excessivo e abrir a economia, porque só produzíamos carroças protegidas, acabou elegendo Fernando Collor, cuja agenda correta para o momento não resistiu ao caixa de PC. E terminou que a agenda liberal caiu no colo de Fernando Henrique.

FHC não liderou um movimento dentro de seu partido e junto aos aliados para construir uma agenda comum de reformas. Para dizer francamente, pelo menos no começo, foi tudo no vai da valsa. As trapalhadas seguidas de Itamar Franco acabaram jogando o Ministério da Fazenda no colo de FHC. Aí valeram a sabedoria e aguda percepção política do professor, que definiu logo o inimigo imediato ─ a superinflação – e escalou a equipe certa para atacá-lo.

Então, foi na sequência: para consolidar o combate à inflação, era preciso controlar o déficit das contas públicas, para o que eram necessárias as reformas, incluídas as privatizações. A agenda liberal se impôs no calor dos acontecimentos.

Daí as dificuldades de implementação. Não foi como na Inglaterra, com propostas bem definidas.. Aqui, FHC, vindo da esquerda, eleito com base nas novíssimas notas de um real, precisou construir essa agenda momento a momento. Excetuada a equipe econômica, quase ninguém entre seus colaboradores e seguidores estava preparado para a missão. Tratava-se de uma elite intelectual criada nas ideias socialistas e social-democratas, que viu ruir o Muro de Berlim e alcançou o poder em um mundo em que só existia capitalismo ─ e numa fase de liberalismo à americana ou “thatcherista”.

Além dessa turma, havia os velhos políticos, todos acostumados a viver em torno do Estado, fonte de nomeações, privilégios e bons negócios. Visto assim, a gente até se espanta de ver quanto o governo FHC avançou na agenda modernizadora.

Mas, é claro, não terminou o serviço. E parte desse serviço, eis outra peça do destino, ficou para o governo Lula. É a origem de nossos problemas atuais, o eleitorado se cansou de uma agenda liberal antes que ela tivesse sido completada. E elegeu um governo propondo mudar tudo para a esquerda, mas topando com os entraves causados justamente pela não conclusão da agenda liberal.

Daí o Lula do primeiro mandato. Manteve as bases macroeconômicas de FHC e ainda avançou em reformas micro claramente liberais e pró-negócios, sem reestatizações. De certo modo, os dois governos acabaram bem parecidos: construir alianças a meio do caminho para implementar reformas difíceis.

Depois, mais seguro, Lula parou com as reformas e começou a voltar para a agenda da velha esquerda estatizante, movimento agora claramente tomado pela presidente Dilma ─ e com os velhos políticos Estado-dependentes.

Tudo considerado, eis o que sempre nos faltou: uma boa direita, moderna, capaz de ganhar uma eleição com uma agenda liberal e implementá-la rigorosamente. E depois abrir espaço para uma boa esquerda, também moderna, que se eleja para fazer o seu serviço, que é gastar com educação, saúde e segurança. Mas gastar com eficiência e sem atrapalhar a economia privada.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Eu conheco um pais que NAO vai dar certo...; nao pode dar, não vai dar...

Pela desigualdade
Carlos Alberto Sardenberg
O Globo, 4/04/2013

O ponto de partida é o seguinte: as crianças estão com dificuldades para alcançar a plena alfabetização no primeiro ano, ou seja, aos sete anos. Além disso, há um número expressivo de reprovações nesse primeiro ano, justamente por causa do atraso em leitura e redação.

Qual a resposta da autoridade educacional?

É fácil: eliminar a reprovação ─ todos passam automaticamente ─ e, sobretudo, fixar como meta oficial que a alfabetização deve se completar no segundo ano, quando a criança estiver fazendo oito anos. Em resumo, dar um período a mais para aprender a ler e escrever.

Não, não se passa no Brasil. Está acontecendo na Costa Rica. Mas, no Brasil, está, sim, em andamento o programa Alfabetização na Idade Certa, sendo esta também definida aos 8 anos.

A Costa Rica é o melhor país da América Central e considerado de bom padrão educacional. De fato, no teste Pisa, aplicado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico em alunos de 15 anos, de 70 países, a Costa Rica obteve 443 pontos em leitura, ficando na 44ª. posição. Na América Latina, só perde para o Chile, cujos alunos alcançaram um pouco mais, 449 pontos. O Brasil está pior, 412 pontos nesse quesito.

Os cinco primeiros colocados são os alunos de Xangai, Coreia do Sul, Finlândia, Hong Kong e Cingapura, com notas entre 526 e 556. Pois nesses países a idade certa para alfabetização é seis anos. Isso mesmo, dois anos antes das metas de Brasil e Costa Rica. A questão é: quando e por que se precisa de mais tempo?

Na Costa Rica, onde a reforma educacional ainda está em debate, há dois tipos de argumentos, um referente ao calendário escolar, outro propriamente pedagógico.

No calendário: o problema, dizem autoridades, é que há muitos feriados e muitos períodos de férias, de modo que o ano letivo não passa de seis meses. Se as crianças vão menos dias à escola, claro que aprendem menos.

O leitor pode ter pensado: mas não seria o caso de aumentar o número de dias letivos?

Para os políticos, nem pensar. Criaria uma encrenca danada com professores e outros funcionários do sistema.

Já o argumento pedagógico diz que não se pode forçar uma criança de sete anos, que se deve deixá-la seguir segundo suas necessidades e seu próprio ritmo.

Quem acompanha o debate educacional no Brasil já ouviu argumentos semelhantes. Por exemplo: no programa Alfabetização na Idade Certa não foram introduzidos padrões que permitam medir se a criança sabe ou não ler. Seria possível fazer isso, uma medida numérica? Sim, já se faz pelo mundo afora. Em Portugal, por exemplo, no primeiro ano, o aluno deve ler em um texto simples, 55 palavras por minuto; no ano seguinte, 90 e, no terceiro ano, 110.

Simples, objetivo, de fácil avaliação.

Não é só no Brasil, mas em praticamente toda a América Latina esse tipo de avaliação causa até uma certa ojeriza. Entre professores, aqui, é forte a rejeição a avaliações concretas, como, por exemplo, um teste nacional que meça a capacidade dos mestres várias vezes ao longo da carreira. Médicos e advogados também não querem fazer as provas profissionais.

Tudo considerado, ficamos com as metas pouco ambiciosas. Pode-se argumentar que seria, digamos, romântico colocar como meta a alfabetização aos seis anos no Brasil. Se um número expressivo de jovens é classificado como “analfabeto funcional” depois do ensino médio, como querer que todos aprendam a ler e escrever aos seis anos?

Um equívoco, claro. Não há razão alguma para não fixar para os que entram agora na escola as metas mais rigorosas e adequadas aos padrões internacionais.

Há também uma questão política, que tem a ver com o desempenho dos governos: metas mais largas são mais fáceis de atingir e, claro, de propagandear.

Isso reflete uma cultura ─ a de evitar o problema, escolher o desvio mais fácil e politicamente mais vendável. Se as crianças não estão aprendendo na idade certa, se dá mais tempo a elas, em vez de tentar melhorar o processo de alfabetização. E, avançando, se os alunos das escolas públicas não conseguem entrar nas (ainda) boas universidades públicas, abrem-se cotas para esses alunos, muito mais fácil do que melhorar o ensino médio.

Dizem: o problema é que as universidades públicas estavam sendo ocupadas pelos alunos mais ricos vindos do ensino médio privado. Falso. O problema não está nas boas escolas privadas, está na má qualidade das públicas. Melhorar estas seria a verdadeira política de igualdade.

A propósito: nas boas escolas privadas, as crianças já sabem ler e escrever bem aos seis anos.

terça-feira, 12 de março de 2013

Os idiotas do ENADE e os cumplices do MECdinossauro... - Carlos Alberto Sardenberg

Minha opinião, mero chute, entre muitos outros que dou, é a de que o Brasil não tem a menor chance de melhorar sua educação, nos próximos 25 anos pelo menos (isso se conseguir consertar o estrago nos próximos dez anos, senão joga tudo isso ainda mais para frente). Ou seja, não há nenhum risco de que a produtividade melhore, de que os trabalhadores se tornem inovadores também, enfim, de que o Brasil cresça um pouco mais rapidamente do que o seu atual passo de cágado (atenção ao acento, revisores).
A idiotice e a desonestidade "inteliquitual" são tão grandes que só se pode antever desastres e mais desastres, pelo futuro previsívil.
Multiplique isso que o jornalista está contando por 10 mil, ou mais...
Paulo Roberto de Almeida


Como selecionar apenas os idiotas no ENADE
 Por Carlos Alberto Sardenberg*

Mesmo com algumas crises financeiras e bolhas, a economia mundial exibe crescimento vigoroso desde os anos 1990, e simplesmente espetacular de 2003 para cá. Diversos fatores se combinaram para isso - estabilidade monetária (inflação dominada, juros baixos), abertura ao comércio externo e à circulação de capitais, tecnologia de informação e telecomunicações, permitindo ganhos de produtividade. Mas há um outro fator histórico, decisivo: a incorporação de dezenas de países ex-socialistas e seus bilhões de habitantes ao capitalismo global.
A enorme capacidade de criar riqueza do capitalismo encontrou locais propícios para se multiplicar. Capitais do mundo todo encontraram novos pólos de investimento. Populações desses países - muitas com alto nível educacional, como as do Leste Europeu - entraram com tudo no modo de produção capitalista, com uma forte vontade de prosperar. Em diversos países se formou uma combinação de mão-de-obra educada, mais barata do que nos centros mundiais e trabalhando em plantas modernas, de alta produtividade.
Mais ainda: muitos países trouxeram novos recursos naturais, como o petróleo e o gás da Rússia e vizinhos, que alimentam a Europa Ocidental. E, sobretudo, bilhões de novos consumidores foram incorporados aos mercados mundiais. Com o crescimento acelerado desses novos capitalistas e o contínuo ganho de renda, os mercados se multiplicaram. (A brasileira Arezzo vai abrir lojas na China para vender sapatos femininos a partir de US$ 150 o par. Para quem? Para as novíssimas classes A e B que crescem naquele país. O consumo de carnes cresce fortemente nesse novo mundo, para alegria dos exportadores brasileiros.)
Na verdade, como notou Alan Greenspan em seu livro A Era da Turbulência, temos o privilégio de acompanhar um evento único: estamos verificando a olho nu, em tempo curto, como se forma esse modo de produção capitalista, processo que, na outra parte do mundo, levou séculos para se consolidar.
Há um único lugar no mundo que está tentando fazer o caminho contrário, para o socialismo. Adivinharam, claro, a América Latina.
Só nesta parte do mundo as idéias socialistas são levadas a sério, na teoria e na prática. No Brasil, temos conseguido escapar de certas experiências, mas fica sempre uma inquietação no ar, pois o pensamento socialista domina as escolas e as faculdades na área de humanas.
O pessoal continua gastando um tempo enorme estudando marxismo e socialismo - história morta. E sou capaz de apostar que nenhuma escola de ciências sociais tem estudos sérios sobre esse fenômeno da introdução do capitalismo em meio mundo.
Um exemplo desse quadro é a última prova do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), do Ministério da Educação.
Os testes não deixam outra possibilidade: se o universitário concorda com a idéia de que a história e a sociedade se movem pelo conflito de classes entre capital e trabalho, como ensina o marxismo, então deve ter tirado nota 10.
Se, ao contrário, o universitário pensa que a liberdade individual, o mercado livre e o direito de propriedade constituem os melhores fundamentos das relações sociais e econômicas, como prova o mundo moderno, esse aluno errou a maior parte das questões.
Se pensa isso e foi esperto, não errou, pois as questões são construídas de tal modo que a "resposta socialista" surge como obviamente correta e a outra, "neoliberal", parece uma estupidez ou uma ingenuidade.
A questão 10, por exemplo, pede uma breve dissertação sobre o papel desempenhado pela mídia nas sociedades democráticas, a partir de três enunciados. Dois deles, um dos quais é uma entrevista de Noam Chomsky, sustentam que a mídia (assim, no geral) é um instrumento das classes dominantes, do capital, para manter a exploração e bloquear, de modo sutil e subliminar, a circulação de "idéias alternativas e contestadoras".
O outro enunciado é maroto. Procura elaborar uma caricatura bonitinha. Diz assim: "A mídia vem cumprindo seu papel de guardiã da ética, protetora do decoro e do Estado de Direito. Assim, os órgãos midiáticos vêm prestando um grande serviço às sociedades, com neutralidade ideológica, com fidelidade à verdade factual, com espírito crítico e com fiscalização do poder onde quer que ele se manifeste."
Nesse quadro, se o aluno entendesse que, nos regimes democráticos, há jornais, revistas, rádios e TVs que procuram relatar os fatos da maneira mais objetiva possível; que a imprensa não-partidária e não-religiosa é induzida a isso pela concorrência e pela competição no livre mercado; que há, sim, imprensa comprometida com a democracia, com a liberdade de opinião e com a vigilância dos governos, sendo isso testado pelo seu público, o melhor a fazer seria evitar essa argumentação, pois o contexto da questão indicava que seria considerada falsa.
Para o Enade, ou a mídia é de uma santidade exemplar, impoluta e infalível; ou não existe a menor liberdade de imprensa e de opinião e a mídia dita democrática é sempre um truque para calar os trabalhadores e suas lideranças.
Quem se lembrou dos ataques de membros do governo e do PT à "mídia golpista" lembrou bem. É essa visão mesmo. Fazer reportagens sobre mensalão e aloprados, criticar a administração lulista e seu partido só pode ser coisa da direita, pois o governo, sendo o deles, necessariamente está certo.
Que o PT diga isso, faz parte do jogo, desde que não tentem, a esse pretexto, melar o jogo. Agora, que o MEC coloque essa visão esquerdista como a verdade, numa prova para milhões de alunos, é lavagem cerebral.
*Carlos Alberto Sardenberg é jornalista. Site: http://www.sardenberg.com.br/

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

CQD: a pobreza do combate 'a pobreza - Carlos Alberto Sardenberg

Como queríamos demonstrar (CQD): confirma tudo o que escrevi no post anterior...
Paulo Roberto de Almeida

‘A bolsa é para a escola’
Carlos Alberto Sardenberg
O Globo, 21/02/2013

Os programas tipo Bolsa Família nasceram no âmbito do Banco Mundial ─ e aqui no Brasil com o trabalho de Cristovam Buarque ─ com base numa teoria precisa.

O primeiro ponto foi a análise, em diversos países, dos programas que entregavam bens e serviços diretamente às famílias pobres (alimentos, roupas, remédios, material escolar, instrumentos de trabalho etc). O governo comprava e distribuía.

Já viu. Havia problemas de eficiência e de corrupção. Estudos mostraram que, do dinheiro aplicado na América Latina, a metade se perdia na burocracia e na roubalheira.

Melhor mandar o dinheiro direto para as famílias. Mas isso bastaria? A resposta foi não, com base na seguinte avaliação: as famílias não conseguem escapar da pobreza porque suas crianças não frequentam a escolas. E não frequentam porque precisam trabalhar (na lavoura ou nas cidades, caso dos meninos) e cuidar dos outros irmãos, caso das meninas. Apostando que crianças com educação básica têm mais oportunidade de conseguir empregos bons, a ideia é clara: é preciso pagar para as famílias manterem as crianças na escola. Daí o nome oficial do programa no Banco Mundial: Transferência de Renda com Condicionalidade. O cartão de saque do dinheiro contra o boletim escolar.

Parece óbvio, mas houve forte debate. Muita gente dizia que pais e mães gastariam o dinheiro em cachaça, cigarros, jogos e coisas para eles mesmos, usando os filhos apenas como fonte de renda. O bom-senso sugeria o contrário. As pessoas não são idiotas nem perversas, sabem do que precisam.

Havia também uma crítica política, curiosamente partindo da esquerda. Dizia que distribuir dinheiro era puro assistencialismo, esmola e, pior, prática eleitoreira dos coronéis para manter o povo pobre e ignorante. Mas essa é outra das teses que a esquerda no poder jogou no lixo.

O fato é que se começou com programas experimentais na América Central, com patrocínio do Banco Mundial, e funcionou muito bem. Nos anos 90, a ideia se espalhava pela América Latina. No Brasil, com o nome de Bolsa Escola (designação introduzida por Cristovam Buarque) apareceu em 1994, em Campinas, e logo depois em Brasília (com Buarque governador). Foi ampliado para nível nacional no governo FHC, em projeto liderado por Ruth Cardoso. Surgiram ainda por aqui programas paralelos, como vale-transporte e bolsa gás. Lula juntou tudo no Bolsa Família, que passou a ampliar.

Não se trata, pois, de dar dinheiro aos pobres. Se fosse apenas isso, seria mesmo caridade pública sem efeitos no combate duradouro à pobreza. Trata-se de colocar e manter as crianças na escola, ou seja, abrir a oportunidade para esses meninos e meninas escaparem da pobreza.

No México, aliás, o programa chama-se Oportunidades e o dinheiro entregue à família aumenta na medida em que a criança progride na escola. Vai até a universidade. Há também uma poupança depositada na conta de crianças, que podem sacar o dinheiro quando se formam no ensino médio.

Em muitos lugares, há limitação no número de bolsas por família, com dois objetivos: estimular o controle da natalidade (ou reduzir o número de filhos) e desestimular a acomodação dos pais. Também se introduziram outras condicionalidades, como a frequência das mães nos postos de saúde, especialmente para o acompanhamento pré-natal e parto, e das crianças, para as vacinas. Ao boletim escolar acrescenta-se a carteirinha do ambulatório.

Resumindo, o programa funciona no curto prazo ─ ao dar um alívio imediato às famílias mais pobres ─ e no médio e longo prazos, com a escola.

Mas há uma tentação perversa. Como o programa funciona imediatamente, assim que a família recebe o primeiro cartão eletrônico, há um estimulo para que os políticos se empenhem em distribuir cada vez mais bolsas. É voto na veia. Ao mesmo tempo, esse viés populista desestimula a cobrança da condicionalidade. Pela regra, se as crianças desaparecem da escola ou não progridem, a bolsa deve ser cancelada. Mas isso pode tirar votos, logo, é melhor afrouxar os controles.

Resumindo: há o risco, sim, de um belo programa social se transformar numa prática populista. Quando os governantes começam a se orgulhar do crescente número de bolsas distribuídas e nem se lembram de mostrar os resultados escolares e índices de saúde, a proposta já virou eleitoral.

E quer saber? Ter todos os pobres recebendo dinheiro do governo não significa que acabou a pobreza. É o contrário, é sinal de que a economia não consegue gerar educação, emprego e renda para essa gente. O fim da pobreza depende de dois outros indicadores: crianças e jovens nas escolas e qualidade do ensino.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A indigencia teorica dos companheiros dos companheiros - Carlos Alberto Sardenberg

O título acima é meu, não do conhecido jornalista da Globo e da CBN, e articulista do jornal O Globo.
Não se trata nem de "roubar a favor do povo", mas de construir um sistema totalitário com base na falcatrua, na corrupção, na mentira, na fraude, no roubo explícito, enfim em toda sorte de crimes, inclusive os mais escabrosos, como eliminação de recalcitrantes e "desviantes".
Companheiros de viagem tentam emprestar sua indigência intelectual ao que é apenas crime.
Só se pode sentir asco dessa gente, de todos, os que cometem crimes e os que tentam justificar.
Paulo Roberto de Almeida

Roubar pelo povo
Carlos Alberto Sardenberg
O Globo, 20/12/2012

Intelectuais ligados ao PT estão flertando com uma nova tese para lidar com o mensalão e outros episódios do tipo: seria inevitável, e até mesmo necessário, roubar para fazer um bom governo popular.

Trata-se de uma clara resposta ao peso dos fatos. Tirante os condenados, seus amigos dedicados e os xiitas, ninguém com um mínimo de tirocínio sente-se confortável com aquela história da  ”farsa da mídia e do Judiciário”.

Se, ao contrário, está provado que o dinheiro público foi roubado      e que apoios políticos foram comprados, com dinheiro público, restam duas opções: ou desembarcar de um projeto heroico que virou bandidagem ou, bem, aderir  à tese de que todo governo rouba, mas os de esquerda roubam menos e o fazem para incluir os pobres.

Vimos duas manifestações recentes dessa suposta nova teoria. Na Folha, Fernanda Torres, em defesa de José  Dirceu,  buscou inspiração em Shakespeare para especular: talvez seja impossível governar sem violar a lei.

No Valor, Renato Janine Ribeiro escreveu duas colunas para concluir: comunistas revolucionários não roubam; esquerdistas reformistas roubam quando chegam ao governo, mas “talvez” tenham de fazer isso para garantir as políticas de inclusão social.

Tirante a falsa sofisticação teórica, trata-se da atualização de coisa muito velha. Sim, o leitor adivinhou: o pessoal está recuperando o “rouba mas faz”, criado pelos ademaristas  nos anos 50. Agora é o “rouba mas distribui”.

Nem é tão surpreendente assim. Ainda no período eleitoral recente, Marilena Chauí havia colocado Maluf no rol dos prefeitos paulistanos realizadores de obras, no grupo de Faria Lima, e fora da turma dos ladrões.

Fica assim, pois: José Dirceu não é corrupto, nem quadrilheiro – mas participou da corrupção e da quadrilha porque, se não o fizesse, não haveria como aplicar o programa popular do PT.

Como se chega a esse incrível quebra-galho teórico? Fernanda Torres oferece uma pista quando comenta que o PT se toma como o partido do povo brasileiro. Ora, segue-se, se as elites são um bando de ladrões agindo contra o povo, qual o problema de roubar “a favor do povo”?

Renato Janine Ribeiro trabalha na mesma tese, acrescentando casos de governos de esquerda bem sucedidos, e corruptos. Não fica claro se são bem sucedidos “apesar” de corruptos ou, ao contrário, por serem corruptos. Mas é para esta ultima tese que o autor se inclina.

Não faz sentido, claro. Começa que não é verdade que todo governo conservador é contra o povo e corrupto. Thatcher e Reagan, exemplos máximos da direita, não roubavam e trouxeram grande prosperidade e bem estar a seus povos. Aqui entre nós, e para ir fundo, Castello Branco e Médici também não roubavam e suas administrações trouxeram crescimento e renda.

Por outro lado, o PT não é o povo. Representa parte do povo, a majoritária nas últimas três eleições presidenciais. Mas, atenção, nunca ganhou no primeiro turno e  os adversários sempre fizeram ao menos 40%. E no primeiro turno de 2010, Serra e Marina fizeram 53% dos votos.

Por isso, nas democracias  o governo não pode tudo, tem que respeitar a minoria e isso se faz pelo respeito às leis, que incluem a proibição de roubar. E pelo respeito à opinião pública, expressa, entre outros meios, pela imprensa livre.

Por não tolerar essas limitações, os partidos autoritários, à direita e à esquerda, impõem ou tentam impor ditaduras, explícitas ou disfarçadas. Acham que, por serem a expressão legítima do povo, podem tudo.

Assim, caímos de novo em velha tese: os fins justificam os meios, roubar e assassinar.

Renato Janine Ribeiro diz que os regimes comunistas cometeram o pecado da extrema violência física, eliminando milhões de pessoas. Mas eram eticamente puros, sustenta: gostavam de limusines e dachas, mas não colocavam dinheiro público no bolso. (A propósito, anotem aí: isto é uma prévia para uma eventual defesa de Lula, quando começam a aparecer sinais de que o ex-presidente e sua família abusaram de mordomias mais do que se sabe).

Quanto aos comunistas, dizemos nós, não eram “puros” por virtude, mas por impossibilidade. Não havia propriedade privada, de maneira que os corruptos não tinham como construir patrimônios pessoais. Roubavam dinheiro de bolso e se reservavam parte do aparelho do estado, enquanto o povo que representavam passava fome. Puros?

Reparem: na China, misto de comunismo e capitalismo, os líderes e suas famílias amealharam, sim, grandes fortunas pessoais.

Voltando ao nosso caso brasileiro, vamos falar francamente: ninguém precisa ser ladrão de dinheiro público para distribuir Bolsa Família e aumentar o salário mínimo.

sábado, 30 de junho de 2012

O presidente dos prejuizos (nos pagamos...)

Um dia, algum economista vai fazer um balanco, estimar os prejuizos e contabilizar as perdas, diretas e indiretas, da presidencia do "nunca antes". Nunca antes no Brasil tivemos alguem capaz de produzir tantos danos em tao pouco tempo. 
Provavelmente, os maiores danos nao sao exatamente materiais: se trata do atraso mental e do fechamento da inteligencia que o iluminado provocou em tanta gente. 
Paulo Roberto de Almeida 


‘Custo Lula’ 
Carlos Alberto Sardenberg 
O Globo, 28/06/2012 


 Há menos de três anos, em 17 de setembro de 2009, o então presidente Lula apresentou-se triunfante em uma entrevista ao jornal Valor Econômico. Entre outras coisas, contou, sem meias palavras, que a Petrobrás não queria construir refinarias e ainda apresentara um plano pífio de investimentos em 2008. “Convoquei o conselho” da empresa, contou Lula. Resultado: não uma, mas quatro refinarias no plano de investimentos, além de previsões fantásticas para a produção de óleo. 
 Em 25 de junho último, a Petrobrás informa oficialmente aos investidores que, das quatro, apenas uma refinaria, Abreu e Lima, de Pernambuco, continua no plano com data para terminar. E ainda assim, com atraso, aumento de custo e sem o dinheiro e óleo da PDVSA de Chávez. Todas as metas de produção foram reduzidas. As anteriores eras “irrealistas”, disse a presidente da companhia, Graça Foster, acrescentando que faria uma revisão de processos e métodos. Entre outros equívocos, revelou que equipamentos eram comprados antes dos projetos estarem prontos e aprovados. 
 Nada se disse ainda sobre os custos disso tudo para a Petrobrás. Graça Foster informou que a refinaria de Pernambuco começará a funcionar em novembro de 2014, com 14 meses de atraso em relação à meta anterior, e custará US$ 17 bilhões, três bi a mais. Na verdade, as metas agora revistas já haviam sido alteradas. 
O equívoco é muito maior. Quando anunciada por Lula, a refinaria custaria US$ 4 bilhões e ficaria pronta antes de 2010. Como uma empresa como a Petrobrás pode cometer um erro de planejamento desse tamanho? A resposta é simples: a estatal não tinha projeto algum para isso, Lula decidiu, mandou fazer e a diretoria da estatal improvisou umas plantas. Anunciaram e os presidentes fizeram várias inaugurações. 
 O nome disso é populismo. E custo Lula. Sim, porque o resultado é um prejuízo para os acionistas da Petrobrás, do governo e do setor privado, de responsabilidade do ex-presidente e da diretoria que topou a montagem. Tem mais na conta. 
Na mesma entrevista, Lula disse que mandou o Banco do Brasil comprar o Votorantim, porque este tinha uma boa carteira de financiamento de carros usados e era preciso incentivar esse setor. O BB comprou, salvou o Votorantim e engoliu prejuízo de mais de bilhão de reais, pois a inadimplência ultrapassou todos os padrões. Ou seja, um péssimo negócio, conforme muita gente alertava. Mas como o próprio Lula explicou: “Quando fui comprar 50% do Votorantim, tive que me lixar para a especulação”. 
 Quem escapou de prejuízo maior foi a Vale. Na mesma entrevista, Lula confirmou que estava, digamos, convencendo a Vale a investir em siderúrgicas e fábricas de latas de alumínio. Quando os jornalistas comentam que a empresa talvez não topasse esses investimentos por causa do custo, Lula argumentou que a empresa privada tem seu primeiro compromisso com o nacionalismo. A Vale topou muita coisa vinda de Lula, inclusive a troca do presidente da companhia, mas se tivesse feito as siderúrgicas estaria quebrada ou perto disso. 
Idem para o alumínio, cuja produção exige muita energia elétrica, que continua a mais cara do mundo. Ou seja, não era momento, nem havia condições de fazer refinarias e siderúrgicas. Os técnicos estavam certos. Lula estava errado. As empresas privadas foram se virando, mas as estatais se curvaram. Ressalva: o BNDES, apesar das pressões de Brasília, não emprestou dinheiro para a PDVSA colocar na refinaria de Pernambuco. Ponto para seu corpo técnico. 
 Quantos outros projetos e metas do governo Lula são equivocados? As obras de transposição do rio São Francisco estão igualmente atrasadas e muito mais caras. O projeto do trem bala começou custando R$ 10 bilhões e já passa dos 35 bi. Assim como se fez a revisão dos planos da Petrobrás, é urgente uma análise de todas as demais grandes obras. 
Mas há um outro ponto, político. A presidente Dilma estava no governo Lula, em posições de mando na área da Petrobrás. Graça Foster era diretoria da estatal. Não é possível imaginar que Graça Foster tenha feito essa incrível autocrítica sem autorização de Dilma. Ora, será que as duas só tomaram consciência dos problemas agora? Ou sabiam perfeitamente dos erros então cometidos, mas tiveram que calar diante da força e do autoritarismo de Lula?
 De todo modo, o custo Lula está aparecendo mais cedo do que se imaginava. Inclusive na política.

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40 Comentários

 CLAUDIUS - 30/06/2012 às 2:35 Tá aí pessoal. Desde a sua criação o dinheiro torrado na Petrobrás daria para comprar as reservas da Arábia Saudita uma vez e meia. Desde o início ela era cabide de empregos para filhos e apaniguados de militares. Depois eles sairam, passaram a receber generosas aposentadorias pela PETROS Assumiram os compadres do PT.Virou PETROSINDICATO. Veio o delírio do ApeDELTA Lula e anunciou que o Brasil abasteceria o Mundo de álcool, biodiesel e petróleo do pré-sal. Se não fosse o Tio Sam, tão odiado e maltratado pelos petistas, não teríamos álcool, o deles feito de milho, para importar e tocar a frotoa. A Empresa anunciou que já comprou este ano 80 milhões de litros de gasolina, diesel, óleo pesado para caldeiras e lubrificantes. E para continuar com 3 anos de atraso na produção precisa de mais dinheiro que o Páis não tem. E Dilma, o triunfo da vontade de Herr Lüla, era do Conselho Consultivo da Petrobrás, atualmente petrobhosta. Adivinhem para onde se dirige o Brasil? República Socialista Bolivariana depois da febre tifóide.

 esther correa - 30/06/2012 às 2:03 Caro Augusto O aprendiz de caudilho não dá uma dentro. Quando era presidente ainda dissimulava, mas agora não dá mais. Acho que as empresas do Eike Batista são virtuais, como o pré sal de Lula. Ninguém sabe, ninguém viu.

 FM - 30/06/2012 às 0:56 O artigo de C.A. Sardenberg explica o descalabro da nossa maior estatal e demonstra como age ditatorialmente L.I.L.S. quando se trata de gastar o dinheiro que não é dele para se promover. Pelo que nos relata Sardenberg, Dona Graça Foster, técnica, e Dilma Housseff ministra, botaram a viola no saco e vestiram a camisa, calção, meias e chuteira, do governo Lula e dane-se a Petrobras e o Brasil seguindo a linha petralha, primeiro os desvarios de Lula para continuar popular. Agora Graça Fortes, que bom para o Brasil, resolveu usar a camisa de técnica por baixo da camisa da Dilma e essa sabendo que a situação já está preta e que o tempo de blindar seu antecessor já passou, afinal farinha pouca meu pirão primeiro, resolveu se calar, apenas balançando afirmativamente com a cabeça para Graça Foster, como se dissesse vai que é sua.

 Cajucy Cajuman - 30/06/2012 às 0:49 Ótimo artigo. Simples, objetivo e sem papas na língua. parabéns. jb amaral gurgel - 30/06/2012 às 0:45 Revelador e contundente o artigo do Sardemberg. Fecha o circulo. O chefe dos mensaleiros e do mensalão nao estará no banco dos reus, no Supremo.O que aconteceu na Petrobrás precisa de um inquérito de algum procurador da Italia ou da Espanha.Independente. Há uma plataforma no Rio com mais de mil petistas que não trabalham mas recebem da estatal. Todos terceirizados. Nem a CGU,TCU ou MPF conseguiram saber quantos terceirizados estão na Petrobrás. Os desmandos se espalham em volta da estatal, onde o braço da sra. Foster nao alcançou. A bandalha em estaleiros,plataformas e Transpetro envolve a cupula do PMDB.O rolo é maior do foi feito na Eletrobras e Furnas. O custo Lula é o custo Brasil.

 veiaco - 29/06/2012 às 23:39 Os investidores de Eike Batista que o digam. Sumiram, será que sabem de alguma coisa que não sabemos? Alguma estatização bem ao estilo Cristhina ou à la Chaves? Algum endurecimento político à la Che, sem perder la ternura, jamais?

 Renato - 29/06/2012 às 23:21 Taí pra todos verem. Lula é o maior enganador da história desse paíz. Quando era presidente parece que houve um lavagem cerebral de boa parte dos brasileiros. Do povo… Vá lá. Este é facilmente enganado, mas do empresariado é um verdadeiro absurdo!!!

 Adilton - 29/06/2012 às 23:21 E o patrimônio do apeDELTA, doutor em nada, pós-doutor em mentiras e família, aumentou quanto?

 LABOR - 29/06/2012 às 23:11 No âmbito social esse cara já custou muito, nas relações internacionais também. A economia não vai bem. O tempo nos trará surpresas nada agradáveis.

 Chico - 29/06/2012 às 23:03 Esse nunca me enganou. Deveria ser processado e preso por crime de lesa-pátria. 

mateus rio de janeiro - 29/06/2012 às 22:42 Uma COPA 2014 e OLIMPÍADAS 2016 para os contribuintes comunizados pelo PT pagarem, apesar da petralhada antes dos anúncios desses eventos no BRASIL terem afirmado que não haveria desvio de dinheiro público para financiar a COPA e a OLIMPÍADA. Dilmá não teve a humildade de reconhecer os erros e gasta dinheiro público sem controle em obras superfaturadas, humilhando aposentados e servidores públicos com congelamento das aposentadorias e salários, com a desculpa da crise na EUROPA para não respeitar os trabalhadores comunizados, porém gasta bilhões para receber e bajular os olhos azuis bancando o custo de eventos esportivos…

 João Filho - 29/06/2012 às 22:41 A Dillma já prevendo a demência psiquiátrica do Lulla, quer voo solo para a sua reeleição. indignada - 29/06/2012 às 22:15 O Lula conseguiu destruir o Brasil. Esse crápula é um demente e deve ser banido da vida pública. Lula está acabado junto com o Brasil. A Petrobrás foi privatizada pelos pelegos. Lula vivia dizendo que o PSDB queria privatizar a Petrobrás, o que seria melhor para o país, pior foi essa privatização do PT. Parece que o rei está nu e agora muitos que calaram quando esse crápula era presidente, hoje já começam a tecer opiniões contrárias, mostrando o quanto Lula foi nefasto para o Brasil. Dilma não é diferente de Lula, pois na época era o braço direito dele. Mas, antes tarde do que nunca, e é bom que esses jornalistas que estavam no armário começam a opinar verdadeiramente em favor do Brasil arrancando a máscara e mostrando as mentiras desse ser abjeto.

 João - 29/06/2012 às 22:04 E a nossa autossuficiência em petróleo? É também outra bravata?

 José Figueredo - 29/06/2012 às 19:53 Pois é,e a refinaria vai para os trinta bilhões e não fica pronta.El Chavito deu um nó cego e nós ficamos acarcando o chapéu.Com este dinheirão todo,dava para alugar um navio,ir buscar no oriente e abastecer todo o sul de gasolina por dez anos.

 tonhão - 29/06/2012 às 19:42 Se ufanar da Petrobras? A PIOR e a mais CARA gasolina do mundo. É isso que dá ter uma ex-favelada, um ex-torneiro mecânico e uma ex-guerrilheira dirigindo e metendo o bedelho na maior empresa brasileira.

 Zé Maria - 29/06/2012 às 19:29 Augusto, o caso é simplesmente de polícia! Eu mesmo tenho dito em toda parte onde posso e piso, no teu blog, no do Reinaldo. A passagem desse apedeuta pelo governo foi – continua sendo – um flagelo semelhante à de Átila pela Europa medieval. É caso gravíssimo que deveria ocupar o Ministério Público da União de modo a enquadrar esse facínora e sua cambada em crime de lesa pátria, de responsabidade. Trata-se de uma mega quadrilha que tomou de assalto o nosso País e conseguiu o notável feito de enquadrar-se em praticamente todos os artigos do Código Penal. No entanto, nada foi nem é feito e os facínoras estão aí soltos, livres, absolutamente confiantes na impunidade. Os estragos desses bárbaros estão por toda parte, restando pouca coisa ainda de pé. O Legislativo totalmrente anulado, submisso; o Judiciário, visivelmente de cócoras – que o digam os tourinhos e os ricardões de todas s instâncias; as outrora , atentas e ativas entidades representativas influentes, como OAB e ABI, jazem aí silentes, omissas, numa miopia muito conveniente…a situação está de vaca não reconhecer o bezerro. É assustador o desmando, o despautério, a irresponsabilidade. Sinceramente, não consigo vislumbrar uma luz no fim desse túnel.

 Santeófilo - 29/06/2012 às 19:25 Alguém pode pensar que eu sou um ressentido ou na melhor das hipóteses um sem noção. Porque digo isso? Simples: por mais que me esforce fica cada vez mais difícil ler com certo prazer e respeito esses artigos que vez ou outra aporta aqui no blog. Não!! Pelo amor de Deus o que acabei de dizer não tem nada a ver com a qualidade do texto. O artigo está bem escrito. Afinal o jornalista Sardenberg alem de competente é muitíssimo bem informado. Ocorre que isso que ele escreveu, para nós, pessoas bem informadas, não é nenhuma novidade, portanto é absolutamente inútil. Na verdade na verdade o que eu desejaria que o grande jornalista fizesse era aproveitar o tempo (2 horas) que ele dispõe diariamente na radio CBN para informar aos seus carentes ouvintes o que ele só tem coragem de dizer nos jornais. O Sardenberg é um jornalista íntegro e independente, grande Santeófilo. Gente assim é cada vez mais rara na imprensa. abração

 Luís Roberto SBO - 29/06/2012 às 18:47 Será q.ella tá querendo pular fora do barco????? …o barco que está à deriva nos últimos 10 anos….Se um ou uma pullar fora do barco o restante vem tudo atrás….háháhá….num barco q.está afundando qual bicho nojento que é 1º. à saltar fora???????

 Luís Roberto SBO - 29/06/2012 às 18:44 Nós q.pensamos, sabíamos de tudo isso. o des-governo do lulla palanqueiro foi a maior fraude do Mundo e q.está continuando com a neurônio-zero. Nunca, elles foram o meu presidente. O meu grande e enorme Presidente de um País chamado BRASIL, chama-se FHC, o resto(lulla/dilma)não passam de agentes fraudadores de dados e história.

 Nelson - 29/06/2012 às 18:39 Eu tenho a ligeira impressão que temos uma oposição “comprada”, pois as coisas estão acontecendo contra o nosso país e o que vemos é uma leniência daqueles políticos que deveriam liderar o “grito” contra as barbaridades todo dia anunciadas aos nossos olhos e ouvidos. O povo que raciocina está esperando uma reação, que seja forte, aos desmandos e incompetências jamais vistos em tempo nenhum no nosso país por este (des)governo que aí está. É muita incapacidade, muito comodismo, muita roubalheira. E a nossa esperança recai exatamente na Oposição. Vamos Oposição, grite! Seja a nossa voz! Reaja! Denuncie!

 Claudio Manoel - 29/06/2012 às 18:18 Meu caro Sardenberg, a verdadeira herança maldita, é a deixada por Lula…

 Silvio - 29/06/2012 às 17:41 Claro que sabiam. E aposto que deram apoio ao títere na época. É que agora a água subiu muito,como era de se esperar.A Petrobrás não tem dinheiro para o investimento no pré-sal, suas ações se desvalorizaram dramaticamente,a produção caiu e a importação de gasolina vem crescendo assustadoramente com forte impacto nas contas da estatal.O preço da gasolina vem sendo mantido artificialmente pelo governo, que não o quer aumentar para o consumidor com medo da inflação.Ocorre que a tábua salvadora da CIDE está no fim e o aumento para o consumidor virá logo. Dilma é tão responsável ( ou irresponsável ) como Lula. Humdia Elles Caem - 


29/06/2012 às 17:12 Lula é SADIM, o MIDAS invertido, todo ouro que toca, vira pudim 

 ana soriano - 29/06/2012 às 16:51 A Marta já rompeu. Falta falar. A Dilma se não tomar cuidado pode ser responsabilizada pela corrupção instituída. O Lula sempre foi ruim. Um irresponsável como estamos vendo pelo artigo. Mas o prejuízo é muito maior. As pessoas decentes estão desmotivadas. Esta semana quando foi aprovada a medida provisória 13/12, na qual foi embutido um artigo alheio à lei e que determinando o fim das concorrênias para as obras do PAC, vi com muita tristeza o abatimento do senador Álvaro Dias. É muito difícil tentar moralizar a política quando o maior dos custos Lula, que é o loteamento de nosso parlamento, está acabando com a ética e rifando o patrimônio da nação. O Renan Calheiro redator do projeto não teve argumentos para justificar a inclusão de emendas lesivas a nação. A oposição não pode fazer nada. Foram 46 votos contra 11. Está tudo dominado. O pior presidente que o Brasil já teve deveria ser responsabilizado por todas esses erros mencionados no artigo. A presidente Dilma é responsável por essa emenda. Estão zombando de todos nós: os que acompanham e os alienados.

 Razumikhin - 29/06/2012 às 16:20 Deixar um semianalfabeto (2 anos na escola); aprendiz de torneiro mecânico (mais 2 anos até perder o dedo e ser aposentado) e sindicalista (de porta de fábrica em dia de greve) definir o plano de investimentos de uma empresa do tamanho da Petrobrás dá nisso, ou melhor niço. Lula nunca mais.

 NENNO G. - 29/06/2012 às 15:54 Eu fico imaginando, como pode certos indivíduos, que nunca administraram um simples boteco, nunca venderam um copo de cachaça para alguem, de um dia para o ou- tro, passam a administrar o patrimonio público, que é de todos. Alguns, como o individuo em questão, não administra a propria casa, que segundos intímos da família, é feito pela mulher. Como é que estes des- preparados passam a manipular o bem público, ao seu bel-prazer e ninguem dos que o cercam, tenham a co- gem de corrigi-lo. A era lula, ficara na história do pais, como um tempo de desmando e ignorancia. Não é possivel, que ainda haja que não queira ver estas barbaridades e defenda a conduta do energúmeno.

 Alexandre Roncador - 29/06/2012 às 15:52 As eleições estão chegando, está mais do que na hora de refletir, e ele só continua dando tiro no próprio pé. Ainda tem muita podridão que virá a tona por aí e não vai demorar muito. Marcus Borelli - 29/06/2012 às 15:50 O brasileiros estão sendo enganados desde o dia 1 de Janeiro de 2003 quanto este apedeuta começou a fingir que governa alguma coisa. Ninguém governa só com saliva. É um mentiroso falastrão.

 Eduardo - 29/06/2012 às 15:27 Hoje ele levou mais uma tremenda botinada mesmo no lugar onde a Marta lhe havia dado um tiro no pé. O homem parece que vai escorregando para a lata de lixo da história mais rápido do que se imaginava mesmo!

 Antonio - 29/06/2012 às 15:17 O Brasil está acordando!!!!!!!

 Joao Jose Ribeiro Neto - 29/06/2012 às 14:59 Me espanta quando se publicam as mazelas de nossos governantes e as pessoas ficam com cara de Maria Arrependida, como se não fosse sabido que são”obras” que movimentam a corrupção e que fazem o dinheiro publico mudar para de mãos indo parar nas cuecas, malas, meias e sabe-se la onde mais não importando que estas obras nunca termimem pois enquanto durarem nossos bolsos é que vão esvasiando. O custo é Brasil mais quem paqa por ele somos nós os contribuintes. Acorda Brasil!!!

 Oliver - 29/06/2012 às 14:47 O CUSTO MULA Vamos combinar: que raio de democracia é esta que permite um celerado no poder por tantos anos sem a menor oposição ? Cadê o “corpo técnico” de nossas instituições ? Cadê as pessoas PAGAS COM O NOSSO DINHEIRO para dizer para este imbecil que as coisas tem que ser feitas de acordo com planejamento ? Que inveja do Paraguay, meus amigos. Uma a uma, as democracias dessa américa latrina vão se livrando dos seus populistas boquirrotos juntados num Foro de São Paulo, uma coisa estúpida parida por esquerdatozóides igualmente estúpidos, em busca de uma causa para lhes encher as cuecas de grana alheia. Mas a que preço ? O texto brilhante e oportuno de Sardenberg é a lápide do resultado de todos estes anos de falatório, pré-sais, etanóis, marolinhas, auto suficiências, democracia em excesso e mordidas na canela de um idiota que já mereceu ser impeachado sem dó nem piedade. Que sociedade abanando o rabinho emerge dessa sem cerimônia com o nosso dinheiro, de todas as claques políticas ? De todos os poderes ? Mancomunados com a causa do dinheiro fácil, sem dono, sangrando a nação com a esmola farta distribuída a fundo perdido pelo curral eleitoral mais desavergonhado que está banânia já pariu latindo. O custo do vigarista não é só dele; é o custo de um bando de vagabundos aboletados em cargos onde não trabalham, não merecem estar, estão lá por missão, não por vocação e agem como aviõezinhos da quadrilha, na porteira dos desvios de grana que atordoam os honestos que ainda nos restam. Minha única esperança é saber que ainda teremos uma país inteiro para reconstruir, depois que essa gangue for apeada do poder. O problema, no entanto, continua sendo o excesso da política nas áreas eminentemente técnicas. Políticos aparentemente bons administradores se convencem de soluções picaretas, cuja única intenção é causar polêmica e alavancar reputações pelo lado torto da administração séria e honesta de nossas instituições. Vão derrubando tabuletas, exterminando sacolinhas plásticas, criando controlares e regorgitando asfalto pelas vias públicas, para ficarmos eternamente dependentes de milhares de engenheirinhos e tecnocratas encostados nas tetonas públicas, mamando fácil em nossos bolsos combalidos. Mérito, meus amigos. Onde está o mérito ? O capitalismo, ao menos, enriquece quem trabalha. Já este socialismo chinfrim, capitalista do capital alheio e adminstrador da conversa mole e do trabalho pouco, vai se instalando placidamente em nosso berço esplêndido, dividindo um bolo que nem assado foi. Estão fugindo com a farinha !!!

 glaucia dias - 29/06/2012 às 14:37 É uma pena que esperam tamanho prejuízo para poder mudar a rota, devido ao popululismo.

 antonio - 29/06/2012 às 14:22 Lula, deveria ir para a Cadeia, pois isto se chama irresponsabilidade fiscal, e apropriacao indebita.LULA CANALHA.

 Luiz - 29/06/2012 às 14:21 A quem esse Lobão quer enganar HEIN? Os acionistas ou ao povão que vota no apeDELTA? Vão dar uma tremenda prensa na Graça Forte e obrigar ela aparecer em cadeia nacional afirmando que não e nada disso e que ela e uma mentirosa desde pequenina nééé. O PT e isso ai… Se vacilar a VALE também vai pro brejo. Por Mônica Bergamo – A DIRCEUSISTA JURAMENTADA Lobão diz que declarações da presidente da Petrobrás não foram entendidas. http://bandnewsfm.band.com.br/Colunista.aspx?COD=82&Tipo=Poder,%20cotidiano,%20moda%20e%20celebridades

 Kenia - 29/06/2012 às 14:09 Agusto, um dos melhores textos que já li no sei blog foi um que comparava JK a Lula. Você já escreveu algum que compara Lula e FHC? Estou farta de ouvir de gente ignorante com tendencias esquerdoides mal resolvidas dizer que Lula fez muito pelos pobres (populismo barato) enquanto sabemos que só colheu os frutos do plano Real. Abraços Cara Kenia, há inúmeros posts que comparam Lula a FHC, entre eles, este é ótimo: http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/fhc-merece-adversarios-menos-bocais-e-aliados-mais-corajosos/. Um abraço, Júlia Rodrigues.

 Antonio Carlos Roos - 29/06/2012 às 13:45 Lulla !! A maior enganação de todos os tempos!!

 MarceloF - 29/06/2012 às 13:05 Vai ver a bichinha palanqueira está dando um aviso para o chefe intrometido. Não dá em nada. O povão não quer nem saber o que é déficit orçamentário, lucros cessantes ou coisa que o valha. Os acionistas minoritários deveriam processar a Petrobras pelos desmandos da gestão anterior, incluindo a responsabilidade dos seus ex-diretores. Aliás o BNDES só não bancou a PDVSA pq. esta não apresentou as garantias solicitadas. Sds., de MarceloF.