Meu próximo livro:
Eis o
Índice...
1.
O regionalismo: um fenômeno complexo da economia mundial
2. O
conceito de regionalismo e os processos de integração
3. Por que
acordos regionais? Para quê integração econômica?
4. Como são
os acordos regionais? Que tipos de integração econômica existem?
5. Por que
não integrar: razões antigas e modernas, boas e más
6. Como se
processa a integração no plano internacional?
7. O futuro
do regionalismo comercial: mais do mesmo?
8. Conclusões
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Cronologia
da integração no contexto internacional
Glossário
Fontes e referências
e o
Prefácio...
Este livro, ainda que modesto em suas dimensões, e deliberadamente
sintético em seus argumentos substantivos – como, aliás, requerido pela coleção
–, consolida um itinerário bastante longo de estudos, pesquisas dirigidas,
atividades práticas e de escritos publicados sobre os processos de integração
regional, em suas diferentes variantes institucionais e em suas múltiplas
manifestações geográficas e políticas. Trata-se, como o subtítulo indica, de
uma introdução, daí ter o autor resumido muitos outros trabalhos – seus ou de
pesquisadores mais reputados, inclusive estrangeiros – em um texto que se atém
ao essencial do que constitui um dos mais importantes processos dinâmicos da
globalização contemporânea e do sistema multilateral de comércio, administrado,
desde 1995, pela Organização Mundial do Comércio.
O fenômeno da regionalização, em si, é obviamente bem mais antigo do que
isso, sendo propriamente secular, ainda que sob outros formatos e roupagens;
assim como são mais antigas – mesmo se de apenas duas ou três décadas – as
preocupações deste autor com suas manifestações concretas, aliás despertadas
desde o nascimento do Mercosul, que constituiu, justamente, o tema de seu
primeiro livro: O Mercosul no contexto
regional e internacional (São Paulo: Aduaneiras, 1993), obra hoje esgotada.
Seguiu-se outro livro, mais sistemático, sobre esse importante bloco de
comércio do hemisfério meridional – Mercosul:
fundamentos e perspectivas (São Paulo: LTr, 1998) – e, dois anos depois,
uma sua versão atualizada, em perspectiva comparada com a União Europeia,
publicada na França: Le Mercosud: un marché commun pour l’Amérique du Sud (Paris: L’Harmattan, 2000). Entre os dois, uma
obra didática, fazia uma análise, de amplo escopo histórico, das experiências
existentes nessa modalidade de liberalização comercial no âmbito do sistema
multilateral de comércio: O Brasil e o
multilateralismo econômico (Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1999).
Seguiram-se artigos, conferências e palestras sobre a integração
regional, em especial sobre o Mercosul e a Alca, inclusive vários capítulos
preparados para integrar livros coletivos. Todos esses escritos tinham a
preocupação primordial de situar historicamente esse fenômeno e de
contextualizá-lo no quadro dos experimentos em curso na América Latina;
exibiam, também, o cuidado com o lado didático, traço sempre presente neste
autor, constantemente dividido entre a atividade profissional na diplomacia
brasileira e o empenho voluntário na docência universitária.
Muitas dessas reflexões, inclusive sobre o chamado “minilateralismo”,
foram mais recentemente objeto de uma grande síntese multidisciplinar, em livro
que reuniu diferentes estudos meus sobre a integração, no contexto mais vasto
da ordem mundial contemporânea: Relações
Internacionais e Política Externa do Brasil: a diplomacia brasileira no
contexto da globalização (Rio de Janeiro: LTC, 2012). Essas análises
abrangentes, elaboradas no momento mesmo da implementação desses processos – ou
no próprio ato de sua criação, como, por exemplo, no caso do Mercosul – estavam
marcadas, em todos os escritos referidos, por uma tripla combinação
metodológica: a de uma abordagem propriamente histórica, inserida numa
explanação basicamente econômica desses fenômenos, mas com a visão política
indispensável que costuma guiar um analista acadêmico doublé de negociador prático, como este que escreve.
Com efeito, os trabalhos publicados sobre a integração e o Mercosul –
cuja lista completa pode ser conferida no site pessoal deste autor:
www.pralmeida.org – se beneficiaram, certamente, da pesquisa bibliográfica e da
reflexão de tipo acadêmico, mas foram, sobretudo, o fruto do envolvimento do
autor com processos concretos de negociações comerciais regionais e
multilaterais ao longo de uma carreira diplomática basicamente articulada em
torno das relações econômicas internacionais do Brasil: primeiro, no contexto
da Rodada Uruguai do Gatt, em Genebra; depois, no foro negociador da Aladi, em
Montevidéu; em seguida, na própria unidade encarregada dessas áreas na
Secretaria de Estado das Relações Exteriores, no Itamaraty, em Brasília; na
sequência, em muitas reuniões de trabalho do processo negociador da Alca, em
Miami; ocorreu, também, uma abordagem paralela, não necessariamente única ou
exclusiva, desses fenômenos durante minhas estadas em Paris – inclusive
acompanhando os trabalhos da OCDE nessa área – e em Washington, sede dos mais
importantes organismos multilaterais econômicos – entre eles o Banco Interamericano
de Desenvolvimento e a OEA, que promovem e estimulam importantes estudos sobre
a integração regional nas Américas – e de alguns think tanks e fundações que também estudam intensamente essas
modalidades de liberalização comercial, com destaque, nessa capital, para o
Nafta e, então, para o frustrado processo negociador da Alca.
Estas referências pessoais – aparentemente exageradas – visam unicamente
demonstrar que este pequeno livro não é apenas o reflexo, ou o resultado, de
mera pesquisa conduzida em livros ou mediante uma rápida síntese de leituras
variadas; ele é, essencialmente, o resultado de um longo envolvimento prático
com negociações concretas de experimentos de integração regional, bem como de
um conhecimento direto do funcionamento interno do Mercosul, da Aladi e, ainda
que de modo indireto, da União Europeia e do Nafta (para não mencionar a
natimorta Alca). Foi a constante convivência com todos esses mecanismos,
instituições e negociações, bem como com seus eventuais percalços ou retrocessos,
que permitiu ao autor discorrer, linearmente, em sucessivos capítulos desta
obra, sobre os mais diferentes exemplos de integração regional, praticamente
sem recorrer a extensas pesquisas preliminares, dispensando até os livros de
história, uma vez que ele assistiu, foi protagonista, ou contemporâneo, de
muitos dos processos que vão aqui descritos em seus traços essenciais.
Sem qualquer falsa modéstia, o livro consolida, por assim dizer, a
trajetória pessoal, tanto intelectual quanto diplomática deste autor, motivo
pelo qual possui, legitimamente, uma credibilidade que poucas obras puramente
acadêmicas podem exibir. Ele certamente não está isento de limitações e de
insuficiências – várias motivadas pelo formato voluntariamente sintético e
didático que assumiu por opção – em função das quais deve, como ocorre em todos
os casos, submeter-se às críticas dos especialistas, sejam eles economistas
acadêmicos ou negociadores profissionais.
Em qualquer hipótese, uma característica provavelmente distingue o autor
dos escritores de gabinete e, certamente, de muitos dos diplomatas da área: ele
elaborou esta obra com pleno conhecimento de causa e com toda a honestidade
intelectual de que é capaz um autor que, ainda que pertencendo a uma carreira
de Estado, estabelece como sendo as principais tarefas do analista, sua missão
primordial, a fidelidade aos fatos e o indispensável rigor analítico. Aos
leitores, agora, a missão de avaliar se este esforço atende às suas
expectativas.
Paulo Roberto de Almeida