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segunda-feira, 6 de maio de 2019

Olavo de Carvalho, o “Trotski de direita” - General Villas Boas

Uma declaração que deveria servir para encerrar o “debate” destrambelhado provocado pelo Rasputin de subúrbio, que ainda possui seguidores desmiolados dentro e fora do governo, ademais de uma horda de fanáticos ululantes — como soe acontecer com esse tipo de milenarista salvacionista — cujos integrantes mais militantemente devotados ficam perturbando o ambiente de definição de políticas públicas com suas cruzadas surrealistas contra aqueles que eles consideram “heréticos” (como este mesmo que aqui escreve).


Supõe-se que, a partir de agora, com a manifestação do General Villas Boas, os olavistas e olavetes dentro e fora do governo colocarão as barbas de molho, sobretudo aqueles que as têm. Escreveu o Gal. VB:

Mais uma vez o Sr. Olavo de Carvalho a partir de seu vazio existencial derrama seus ataques aos militares e as FAA demonstrando total falta de princípios básicos de educação, de respeito e de um mínimo de humildade e modéstia. Verdadeiro trotski de direita, não compreende que substituindo uma ideologia pela outra não contribui para a elaboração de uma base de pensamento que promova soluções concretas para os problemas Brasileiros. Por outro lado, age no sentido de acentuar as divergências nacionais no momento em que a sociedade Brasileira necessita recuperar a coesão e estruturar um projeto para o país. A escolha dos militares como alvo é compreensível por sua impotência diante da solidez dessas instituições e a incapacidade de compreender os valores e os princípios que as sustentam.

Não sei bem o que o Gal. VB quis dizer com “Trotski de direita”, ao referir-se ao Olavo de Carvalho, mas considero a designação um excelente acréscimo a meus já conhecidos dois epítetos dirigidos ao mesmo personagem: sofista da Virgínia e Rasputin de subúrbio.
Talvez seja pelo fato que Trotski foi o primeiro grande dissidente da revolução bolchevique, depois da emergência do segundo ditador, depois de Lênin, ao comando da URSS, Stalin, além de Trotski ter dividido o movimento comunista mundial, ao criar, ao lado da, e em concorrência à III, o Komintern, uma IV Internacional, a Troskista, que não sei se ainda subsiste, pois trotskistas são persistentes. A III Internacional foi declarada extinta por Stalin em 1943, no contexto da sua aliança de ocasião com as duas grandes democracias ocidentais, Estados Unidos e Grã-Bretanha, para poder enfrentar a máquina de guerra nazista. Depois da guerra, Stalin criou o Cominform, o Escritório de Informação Comunista, para combater dissidentes do movimento comunista internacional, como Tito, da Iugoslávia. Uma sobrevivência atual dessas excrescências comunistas é o Foro de São Paulo, sabujamente criado pelo PT em 1990, para seguir as ordens dos comunistas cubanos, a tirania dos Castro.
Os trotskistas atrapalharam bastante o monolitismo stalinista, dai a decisão de Stalin, depois de primeiro exilar o concorrente em Alma Ata, depois expulsá-lo da União Soviética, para finalmente ter decidido eliminá-lo fisicamente, o que foi feito a golpes de picareta, no México, em 1940.
Não sei se este será o destino do guru bolsonarista, pois acredito que ele se extinguirá por sua própria irrelevância teórica e total alucinação prática no terreno da política brasileira.


Em matéria de política externa ele já provocou um desastre considerável com sua estúpida oposição a um monstro metafísico alimentado por ele mesmo, o tal de antiglobalismo, endossado beatamente, da forma mais sabuja possível, por esse patético chanceler que obedece ainda a dois outros olavistas fundamentalistas, que já provocaram, conjuntamente, enormes distorções na diplomacia brasileira (entre elas uma adesão servil, indigna e ignóbil, não aos Estados Unidos, mas a esse histriônico personagem que ocupa a presidência). 
O Brasil vem sendo exposto ao ridículo universal, com esses três mosqueteiros do surrealismo diplomático, o nominal em terceiro escalão, como sempre foi.

A manifestação acima do Gal. Villas Boas deveria encerrar um “debate” que na verdade nunca existiu, pois a única fonte de excitação irracional nas hostes olavistas — inclusive deputados da base do governo e pelo menos um membro da família bolsonarista —foram impropérios grosseiros contra os militares no governo, geralmente considerados como um dos únicos blocos de racionalidade em face do caos mental que subsiste em outras esferas, inclusive, infelizmente, na diplomacia.

Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 6 de maio de 2019