O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador Manifesto pela democracia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Manifesto pela democracia. Mostrar todas as postagens

domingo, 16 de outubro de 2022

Manifesto pela democracia, da Confraria PAZ, do Rio Grande do Sul

Tenho a honra de fazer parte desta confraria gaúcha, mesmo morando fora do estado, mas participando de atividades que se realizem online.

Paulo Roberto de Almeida

Defender a democracia é derrotar a extrema-direita no Brasil e no RS

Confraria PAZ - Plinio Alexandre Zalevski 

            Nunca o Brasil esteve tão alterado, tão fragmentado, tão maltratado. Nunca nossas instituições foram tão tensionadas e constrangidas; nunca tivemos tanto ódio, preconceito e mentira circulando pelas ruas e pelos lares. No próximo dia 30 de outubro, iremos às urnas para lutar contra a desumanidade e para impedir que posições de extrema-direita, de perfil neofascista, se consolidem no Brasil.    

            Votaremos em defesa da Democracia cujos valores exigem debates respeitosos em torno de ideias para o Brasil; liberdade de imprensa, transparência e prestação de contas; laicidade do Estado, respeito à Constituição e reconhecimento do Poder Judiciário como instância legítima para dirimir conflitos. 

            Votaremos em defesa da Ciência, da Cultura e da Educação, para que o Brasil volte a investir em pesquisa; para encontrar soluções adequadas às nossas maiores mazelas e agregar riqueza pelo desenvolvimento de tecnologia; para que nossas escolas e universidades tenham os recursos necessários; para que nossos professores sejam valorizados e respeitados; para que o Brasil firme um pacto em defesa da educação pública de qualidade que permita que todas as nossas crianças tenham direito a um futuro digno. 

            Votaremos em defesa de nossas florestas e dos povos indígenas, em favor de políticas de desenvolvimento sustentáveis, conscientes de que o Brasil poderá cumprir um papel chave na Comunidade das Nações, liderando a luta contra o aquecimento global que ameaça a própria vida humana no Planeta.

            Votaremos pela inclusão social, em favor de políticas públicas capazes de erradicar a miséria, enfrentar o racismo estrutural e superar o processo de precarização do trabalho que condena milhões de brasileiros a regimes de superexploração e negação de direitos trabalhistas elementares.

            Votaremos para a redução da violência, por um governo que seja capaz de construir políticas de segurança com base em evidências; que combata a violência doméstica e reduza os feminicídios; que reforme e modernize nosso modelo de polícia, assegurando carreira e proteção aos profissionais da segurança; que enfrente os fatores de risco das dinâmica criminais investindo também na prevenção, na ressocialização e na criação de oportunidades de educação e emprego para os jovens.

            Bolsonaro é a antítese de tudo isso. Nunca foi capaz de sustentar um debate respeitoso. Pelo contrário, normalizou a agressividade e a torpeza diante de seus interlocutores; ameaçou e perseguiu jornalistas; ofendeu mulheres, gays, quilombolas, professores, artistas, moradores das periferias e nordestinos; estruturou, com recursos públicos, o “gabinete do ódio” para destruir a reputação dos que não se submetem aos seus arroubos autoritários e a sua mediocridade, restringiu o acesso às informações de interesse público, inclusive durante a pandemia onde a transparência era essencial para salvar vidas; decretou sigilo de 100 anos sobre muitas informações relevantes, desde os contratos superfaturados da aquisição da Covaxin até a visita de pastores no Palácio do Planalto e aos dados sobre o assassinato de Genivaldo de Jesus Santos, asfixiado por policiais rodoviários federais no porta-malas de um camburão. 

            Bolsonaro permitiu a montagem do “orçamento secreto”, articulado por sua base de apoio no Congresso Nacional, de forma a garantir o apoio do “Centrão” ao seu governo. Desde 2020, isso já soma 45 bilhões de reais, o que oficializou o maior esquema de corrupção da história republicana. Bolsonaro manipulou a fé para objetivos político-eleitorais e amparou pastores que negociavam propinas em ouro para liberação de recursos no Ministério da Educação; ameaçou o Poder Judiciário e atacou sistemática e repetidamente autoridades da República e chefes de Estado. Atacou a Ciência, desprezando a gravidade da Pandemia, boicotando a compra de vacinas e produzindo a mais desastrosa gestão da pandemia de que se tem notícia. Bolsonaro desmontou o sistema de proteção ambiental brasileiro e a Funai, estimulando o desmatamento e o garimpo ilegal e atacando os direitos dos povos indígenas. Por conta da ausência de qualquer compromisso com as populações mais fragilizadas, o Brasil voltou ao “mapa da fome” e milhares de famílias passaram a viver nas ruas, exiladas em seu próprio País. Na segurança pública, Bolsonaro não desenvolveu um só programa ou melhoria, mas sua insistência em facilitar a compra de armas de fogo, incluindo rifles, e sua determinação em impedir a efetivação dos mecanismos de controle e rastreio de munições, tem sido muito funcional à ação das milícias e das facções criminais que passaram a adquirir armamento de grosso calibre com a utilização de CACs “laranjas”. No plano internacional, além de hostilizar nossos mais importantes parceiros comerciais, Bolsonaro envergonha o Brasil por suas atitudes e pelo alinhamento com autocracias, o que coloca ao Brasil País o desafio de recuperar seu prestígio na comunidade internacional.

            Nesse 2º turno, as eleições no RS são disputadas pelo deputado Onix Lorenzoni (PL), um fiel seguidor de Bolsonaro e por Eduardo Leite (PSDB), um jovem líder político que possui inequívoco compromisso com a democracia, a ciência e a dignidade. Mesmo os que divergem da agenda de reformas propostas por seu governo reconhecem em Eduardo um gestor competente e sério que foi capaz de assegurar avanços em diferentes áreas.       

            Por essas e muitas outras razões, no firme compromisso de contribuir com a PAZ e com a desradicalização tão necessária, as pessoas abaixo-assinadas, de diferentes posições político-ideológicas, manifestam seu apoio às candidaturas de Lula e Alckmin (13) para a Presidência e de Eduardo Leite e Gabriel Souza (45) para o Governo do Estado.

Confraria PAZ fez este abaixo-assinado

Assinar este abaixo-assinado

Processamos seus dados pessoais de acordo com nossas Política de privacidade e nossos Termos de uso.


terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Belarus: país onde o ditador prendeu o Papai Noel - Comunidade belarussa no Brasil

 Recebi, de representantes da comunidade belarussa no Brasil, o texto abaixo, que reproduzo fielmente, a despeito do fato de não conhecer seus redatores e de não poder me pronunciar sobre o seu conteúdo.

Este espaço, o blog Diplomatizzando, o meu quilombo de resistência intelectual, se destina justamente a divulgar material inteligente sobre questões relevantes, como é o caso da defesa da democracia e dos direitos humanos na Belarus.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 5 de janeiro de 2021


Belarus: país onde o ditador prendeu o Papai Noel 

 

Há mais de quatro meses, os belarussos protestam contra a fraude eleitoral, a violência policial em relação aos manifestantes pacíficos e a violação generalizada dos direitos humanos pelo governo de Aliaksandr Lukashenka, há 26 anos no poder. 

 

O caso belarusso não é uma procura de integração com o bloco ocidental ou oriental. Belarus não tem conflitos internos e divisão territorial baseada em diferenças de etnia, língua e/ou cultura. A oposição do país não é representada no governo do ditador, não está dividida e não trava batalhas entre si. 

 

Após as eleições presidenciais em 09 de agosto de 2020, a sociedade belarussa, com todas as suas classes, empresários, trabalhadores de fábricas, estudantes, donas de casa, cientistas, médicos, atletas, artistas, aposentados, especialistas em TI, entre outros, ao lado dos belarussos no exterior e políticos de diversas correntes da oposição, se uniu em apenas três reivindicações principais. São elas: renúncia de Lukashenka, libertação de todos os presos políticos e novas eleições presidenciais, dessa vez transparentes.

 

 

Perseguição e violência

 

Mais de 30 mil pessoas foram detidas desde o início das manifestações que continuam sendo diárias. Para 28 de dezembro de 2020, 169 pessoas são consideradas prisioneiras políticas. A Procuradoria-Geral de Belarus instaurou um processo criminal contra a líder da Belarus democrática, Sviatlana Tsikhanouskaya, que, segundo fontes independentes, teria ganhado a eleição presidencial, e o Conselho de Coordenação, criado para promover a transferência pacífica do poder. Sviatlana e os membros do Conselho, refugiados na Lituânia, estão sendo acusados de formação de grupo extremista.  

 

 

As vítimas que jamais voltarão

Ainda no segundo dia dos protestos Aliaksandr Taraikouski foi assassinado pelas forças policiais com tiro no peito. Aliaksandr estava desarmado e não apresentava perigo aos policiais. Depois dos primeiros dias dos protestos, marcados por uma violência policial brutal, dezenas de pessoas encontravam-se desaparecidas. Algumas delas foram encontradas depois nas prisões e nos hospitais, outras foram encontradas mortas, com sinais de tortura. Nenhum inquérito foi aberto. O caso mais recente foi a morte do jovem Raman Bandarenka, que saiu do prédio em que morava para saber por que pessoas não identificadas estavam tirando as fitas vermelhas e brancas, que os moradores tinham amarrado na quadra como símbolo de protesto. Raman foi conduzido à viatura policial e mais tarde faleceu no hospital devido à lesão cerebral grave. O médico e a jornalista que contaram a verdade sobre o caso de Raman estão presos. 

 

 

Detenção dos Papais Noéis

 

Esperando o período de Natal e Ano Novo, o povo belarusso já estava trocando piadas sobre a roupa revolucionária de Papai Noel, tradicionalmente vermelha e branca. E não demorou muito para saber que o Papai Noel foi detido depois de uma festa na praça da cidade de Navapolatsk. Os policiais enxergaram na festa para crianças uma manifestação política. Na capital, Minsk, foram detidos vários Papai Noéis ao mesmo tempo - durante a tradicional corrida dos Papais Noéis que se realiza em várias cidades europeias.  

 

Diplomatas que se posicionaram 

 

O primeiro diplomata belarusso a se posicionar publicamente após as eleições foi Ihar Liaschenya, embaixador de Belarus em Bratislava, servidor com o maior tempo de serviço na qualidade de chefe de missão diplomática. Em sua mensagem de vídeo, Ihar condenou a violência policial e o desrespeito da vontade popular. Posteriormente, pediu demissão. Vladimir Astapenka, embaixador belarusso na Argentina, condenou a fraude eleitoral e pediu demissão por “não poder representar um presidente ilegítimo”. Logo depois, o ex-embaixador foi acusado de desvio de verba pública e atualmente está sendo processado. Só em setembro histórias parecidas aconteceram com, no mínimo, 30 diplomatas belarussos que se manifestaram de alguma forma, mesmo em redes sociais. Foram exonerados embaixadores em Madrid e Riga. Diplomatas que serviam na Bélgica, Letônia, Polônia, Índia, Emirados Árabes e outros países foram chamados a Belarus e posteriormente demitidos. O único diplomata do Ministério a falar indonésio também foi demitido.    

 

Nobel de literatura pede socorro

 

A última integrante do Conselho de Coordenação em liberdade no território belarusso, a Nobel de literatura Sviatlana Aleksievich, chamou jornalistas e embaixadores europeus para socorrê-la depois de ameaças, ligações anônimas e tentativas de arrombar a porta do apartamento dela em Minsk. Certa da possibilidade de sua detenção, Sviatlana pediu ajuda do corpo diplomático. 16 embaixadores europeus passaram dois dias no apartamento dela para evitar que Sviatlana fosse presa. Depois do ocorrido, a Nobel partiu para Alemanha e não pretende voltar até a renúncia de Lukashenka.  

 

Atletas clamam por justiça

 

Os atletas belarussos não ficaram indiferentes aos acontecimentos no país. Depois do ocorrido em agosto, foi criada a União Livre dos Atletas de Belarus. A União promove um abaixo-assinado pelas novas eleições, libertação de presos políticos e abertura de inquéritos contra os responsáveis pela violência policial. No momento, o abaixo-assinado conta com 1.885 assinaturas de atletas, técnicos, jornalistas e funcionários do esporte. Atletas também leiloam seus troféus e itens pessoais em prol das vítimas do regime. Como resultado, vários atletas foram presos, ameaçados, impedidos de treinar ou perderam apoio financeiro do governo. Nesse contexto, o Comitê Olímpico Internacional adotou uma série de medidas contra o Comitê Olímpico Nacional de Belarus. 

 

A beleza que exige sacrifícios 

 

Volha Khizhynkova, ex-assessora de imprensa do clube de futebol Dynamo-Brest e detentora do título Miss Belarus 2008, foi detida ao andar na rua. O policial que testemunhou no julgamento disse que lembrou de Volha participando do protesto porque “ela é bonita”. Inicialmente condenada a 12 dias de prisão, passou 42 dias presa. Como muitos atletas e figuras públicas, Volha foi submetida a tortura física e psicológica, mantida junto com 23 mulheres numa cela com capacidade para seis pessoas. 

 

Lei sobre a cidadania

 

Em 17 de dezembro de 2020, foi aprovada uma nova Lei sobre a cidadania que permite privar as pessoas de cidadania belarussa em casos de acusação de ações criminais como terrorismo, traição do Estado ou conspiração para tomar o poder, entre outras. O direito de retirar a cidadania é concedido ao "presidente" e só se aplica em caso de belarussos naturalizados. 

 

Entrar não pode, sair


Desde o início de agosto, o governo belarusso impede a entrada no país dos próprios cidadãos, a exemplo do arcebispo da Igreja Católica em Belarus Tadevuch Kandrusevitch. O arcebispo foi proibido de entrar em Belarus ao retornar de uma viagem à Polônia, em agosto de 2020, sem explicações, enquanto a lei ainda garantia a entrada dos cidadãos belarussos no país sem limitações. Logo depois das eleições, o arcebispo tinha condenado a violência policial contra manifestantes pacíficos.

 

Por outro lado, a líder da Belarus democrática Sviatlana Tsikhanouskaya foi levada à força para fora de Belarus, a mando do ditador, e não pode voltar para o seu país. Maryia Kalesnikava que trabalhou na campanha eleitoral de Tsikhanouskaia, foi sequestrada pela KGB e levada até a fronteira com a Ucrânia com o intuito de expulsá-la do país, mas ela rasgou o próprio passaporte no posto de controle da fronteira e desde então encontra-se na prisão da KGB (sim, Belarus é único país no mundo onde a KGB ainda existe com esse mesmo nome).

 

Fechamento das fronteiras terrestres

 

A partir de 21 de dezembro de 2020, as fronteiras terrestres de Belarus estão fechadas para saída de cidadãos e estrangeiros residentes por tempo indeterminado. O motivo oficial é a pandemia da COVID-19. O fechamento das fronteiras terrestres preocupa a população que desconfia dos seus verdadeiros motivos. Desde agosto de 2020, a via terrestre é a principal forma de saída do país para aqueles que fogem da perseguição do governo ou buscam uma vida melhor. Os analistas apontam que o fechamento das fronteiras terrestres dificultaria uma possível fuga dos policiais e ex-aliados de Lukashenka. 

 

O impedimento de saída dos cidadãos por via terrestre é uma medida pouco eficaz de controle da COVID-19 no país, pois protegeria, em primeiro lugar, os países terceiros que já possuem medidas próprias. É importante ressaltar que Belarus é um dos poucos países no mundo onde não foram implementadas medidas de proteção contra a COVID-19 por mais de seis meses. Desde o início da pandemia, Lukashenka chamou as medidas de prevenção de psicose mundial, promoveu eventos em massa e aconselhou a tomar vodka, visitar sauna e andar de trator para fortalecer a saúde. 

 

Manifestação no apartamento 

 

Afixar a bandeira histórica belarussa, de cores branca e vermelha, símbolo da resistência ao regime, passou a ser considerado um ato ilícito. As consequências vão de multa à prisão. Um dos casos mais emblemáticos é o de uma senhora de 87 anos, sobrevivente da Segunda Guerra Mundial, julgada por ter colocado a bandeira na sacada do apartamento. O juiz qualificou o ato como manifestação não autorizada. Um morador de Minsk pensou em se prevenir e enviou uma carta à prefeitura solicitando autorização para a manifestação no próprio apartamento por meio de afixação de bandeira na janela. A resposta da prefeitura foi negativa. 

 

Prêmio Sakharov para a Liberdade do Pensamento

 

Em 10 de dezembro de 2020, o Parlamento Europeu homenageou algumas figuras públicas belarussas com o Prêmio Sakharov para a Liberdade do Pensamento. O prêmio é destinado àqueles que dedicam suas vidas à defesa dos direitos humanos e da liberdade. Esse ano, o prêmio foi concedido a Sviatlana Tsikhanouskaia, líder de Belarus democrática, Siarhei Tsikhanouski, seu marido e preso político, Ales Bialiatski, diretor do Centro para a Defesa dos Direitos Humanos Viasna, Siarhei Dyleuski, membro do comitê de greve da Fábrica de Tratores de Minsk, Sviatlana Aleksievitch, prêmio Nobel de literatura, entre outras personalidades de destaque na luta pela democracia e liberdade em Belarus. 

 

Marchas da Sabedoria

 

Os aposentados, tradicionalmente considerados um dos núcleos mais conservadores da sociedade, se juntaram ao protesto pacífico contra a ditadura em Belarus. Semanalmente às segundas-feiras, as vovós e os vovôs se reúnem nos centros urbanos para fazer passeatas, popularmente chamadas de marchas da sabedoria. Uma das figuras de destaque da marcha é uma senhora de 73 anos, ativista Nina Bahinskaia, que tem participado de manifestações a favor da democracia desde 1988 e costura com as próprias mãos as bandeiras que carrega. A saída dos aposentados às ruas foi, também, uma forma de reforçar o protesto pacífico, evitando detenções em massa e violência policial. Supunha-se que os idosos não seriam espancados, nem presos. No entanto, têm surgido casos de utilização de gás lacrimogêneo contra idosos, detenções e julgamentos. Várias pessoas com mais de 60 anos estão presas. 

 

Protesto descentralizado 

 

Diante da violência policial em relação aos manifestantes pacíficos, aumento de detenções e, posteriormente, de torturas na prisão, os protestos mudaram de cara. Em vez de grandes marchas no centro e nos principais bairros das cidades, os manifestantes estão fazendo passeatas pelas quadras onde moram. As marchas descentralizadas, presentes em todos os bairros da capital e em vários bairros de outras cidades, ajudaram a diminuir a concentração dos policiais e as detenções. Porém, são frequentes os relatos de detenções de pedestres, inclusive dos apoiadores do regime, que estavam na rua sem motivação política, acompanhados de crianças pequenas ou animais de estimação.  

 

Posicionamento dos Estados Unidos

 

Em 27 de dezembro, Donald Trump aprovou o orçamento de 2021. Parte desse documento foi a Lei de Democracia, Direitos Humanos e Soberania de Belarus. Com a assinatura do presidente americano, os Estados Unidos deixam de reconhecer Lukashenka como presidente eleito, reconhecem o Conselho de Coordenação como uma instituição legítima de transferência de poder, apelam à realização de novas eleições presidenciais e libertação dos presos políticos, não reconhecem o Estado da União de Belarus e Rússia, poderão apoiar a promoção de democracia, do jornalismo livre e da tecnologia de informação, entre outras medidas. 

 


quarta-feira, 28 de junho de 2017

A chamada de Praga para a renovacao da democracia (26/05/2017)

The Prague Appeal for Democratic Renewal

Adopted in Prague on May 26, 2017
Liberal democracy is under threat, and all who cherish it must come to its defense.
Democracy is threatened from without by despotic regimes in Russia, China, and other countries that are tightening repression internally and expanding their power globally, filling vacuums left by the fading power, influence, and self-confidence of the long-established democracies. The authoritarians are using old weapons of hard power as well as new social media and a growing arsenal of soft power to create a post-democratic world order in which norms of human rights and the rule of law are replaced by the principle of absolute state sovereignty.
Democracy is also being threatened from within. Illiberalism is on the rise in Turkey, Hungary, the Philippines, Venezuela, and other backsliding democracies. In other countries - even long-established democracies - support for liberal democracy has eroded in recent years, especially among younger people who have no memory of the struggles against totalitarianism. Faith in democratic institutions has been declining for some time, as governments seem unable to cope with the complex new challenges of globalization, political processes appear increasingly sclerotic and dysfunctional, and the bureaucracies managing both national and global institutions seem remote and overbearing. Compounding the difficulties, terrorist violence has created a climate of fear that is used by despots and demagogues to justify authoritarian power and restrictions on freedoms.
Such problems have caused widespread anxiety, hostility to political elites and cynicism about democracy – feelings that have fueled the rise of anti-system political movements and parties. These sentiments, in turn, have been stoked and inflamed by authoritarian disinformation, which increasingly penetrates the media space of the democracies. The latest Freedom House survey shows that political rights and civil liberties have been on the decline for eleven consecutive years, and this year established democracies dominate the list of countries suffering setbacks in freedom.
Collectively, these factors – the geopolitical retreat of the West, the resurgence of authoritarian political forces, the erosion of belief in democratic values, and the loss of faith in the efficacy of democratic institutions – have brought a historic halt to democratic progress and threaten a possible “reverse wave” of democratic breakdowns. Democracy’s supporters must unite to halt the retreat and to organize a new coalition for its moral, intellectual, and political renewal.
The starting point of a new campaign for democracy is a reaffirmation of the fundamental principles that have inspired the expansion of modern democracy since its birth more than two centuries ago. These principles are rooted in a belief in the dignity of the human person and in the conviction that liberal democracy is the political system that can best safeguard this dignity and allow it to flourish. Among these principles are fundamental human rights including the basic freedoms of expression, association, and religion; political and social pluralism; the existence of a vibrant civil society that empowers citizens at the grass roots; the regular election of government officials through a truly free, fair, open, and competitive process; ample opportunities beyond elections for citizens to participate and voice their concerns; government transparency and accountability, secured both through strong checks and balances in the constitutional system and through civil society oversight; a vigorous rule of law, ensured by an independent judiciary; a market economy that is free of corruption and provides opportunity for all; and a democratic culture of tolerance, civility, and non-violence.
These principles are being challenged today not only by apologists for illiberalism and xenophobia, but also by relativist intellectuals who deny that any form of government can be defended as superior. Although democracy is often considered a Western idea, its most fervent defenders today are people in non-Western societies who continue to fight for democratic freedoms against daunting odds. Their struggles affirm the universality of the democratic idea, and their example can help bring about a new birth of democratic conviction in the world’s advanced democracies.
Despite its intrinsic value, democracy’s survival cannot be assured unless it can demonstrate its ability to help societies meet the challenges of a changing and unstable world. We acknowledge the deep anxiety and insecurity of large segments of democratic societies and believe that democracy will be strong only if no group is left behind.
While democracy embodies universal values, it exists in a particular national context, what Vaclav Havel called the “intellectual, spiritual, and cultural traditions that breathe substance into it and give it meaning.” Democratic citizenship, rooted in such traditions, needs to be strengthened, not allowed to atrophy in an era of globalization. National identity is too important to be left to the manipulation of despots and demagogic populists.
The defense of democratic values is not a luxury or a purely idealistic undertaking. It is a precondition for decent, inclusive societies; the framework for social and economic progress for people throughout the world; and the foundation for the preservation of international peace and security.
A new Coalition for Democratic Renewal will serve as a moral and intellectual catalyst for the revitalization of the democratic idea. The goal is to change the intellectual and cultural climate by waging a principled, informed, and impassioned battle of ideas; defending democracy against its critics; working to strengthen mediating institutions and civil associations; and fashioning persuasive arguments for liberal democracy that can shape the course of public discussion. It will also be necessary to go on the offensive against the authoritarian opponents of democracy by demonstrating solidarity with the brave people who are fighting for democratic freedoms, and by exposing the crimes of kleptocrats who rob and oppress their own people, falsify the political and historical record, and seek to divide and defame established democracies.
The Coalition will also be a broad and interactive forum for the exchange of ideas about the best ways to address complex new challenges facing democracy such as static or declining living standards for many citizens, the backlash against increased immigration, the rise of “post-truth politics” in an age of social media, and the erosion of support for liberal democracy. Such a global hub would also advocate and promote effective forms of action to revive faith in the efficacy of democratic institutions.
There is no excuse for silence or inaction. We dare not cling to the illusion of security at a time when democracy is imperiled. The present crisis provides an opportunity for committed democrats to mobilize, and we must seize it.

List of Signatories

Mike Abramowitz, USA
Svetlana Alexievich, Belarus
Manal Al-Sharif, Saudi Arabia
Anne Applebaum, USA
Oscar Arias Sánchez, Costa Rica
Shlomo Avineri, Israel
Sergio Bitar, Chile
Igor Blaževič, Czech Republic
Ladan Boroumand, Iran /France
Martin Bútora, Slovakia
Juan Pablo Cardenal, Spain
Scott Carpenter, USA
David Clark, UK
Irwin Cotler, Canada
Manuel Cuesta Morúa, Cuba
Frederik Willem de Klerk, South Africa
Neelam Deo, India
Larry Diamond, USA
João Carlos Espada, Portugal
Francis Fukuyama, USA
William Galston, USA
Chito Gascon, Philippines
Carl Gershman, USA
Leonid Gozman, Russia
Vartan Gregorian, USA
Emmanuel Gyimah-Boadi, Ghana
Barbara Haig, USA
Amr Hamzawy, Egypt
Ivan Havel, Czech Republic
Toomas Hendrik Ilves, Estonia
Ramin Jahanbegloo, Iran/Canada
Vladimir Kara-Murza, Russia
Garry Kasparov, USA/Russia
Mikhail Kasyanov, Russia
Zoltán Kész, Hungary
Maina Kiai, Kenya
Jakub Klepal, Czech Republic
Ivan Krastev, Bulgaria
Enrique Krauze, Mexico
Péter Krekó, Hungary
Walter Laqueur, USA
Nathan Law, Hong Kong
Bernard-Henri Lévy, France
Mario Vargas Llosa, Peru
Rafael Marques de Morais, Angola
Penda Mbow, Senegal
Adam Michnik, Poland
Emin Milli, Azerbaijan
Yascha Mounk, USA
Surendra Munshi, India
Ghia Nodia, Georgia
Andrej Nosov, Serbia
Šimon Pánek, Czech Republic
Rosa Maria Payá, Cuba
Andrei Piontkovski, Russia/USA
Marc Plattner, USA
Jerzy Pomianowski, Poland
Rodger Potocki, USA
Arch Puddington, USA
Xiao Qiang, China/USA
Jacques Rupnik, France
Karel Schwarzenberg, Czech Republic
Lilia Shevtsova, Russia
Uffe Riis Sørensen, Denmark
Daniel Stid, USA
Tamara Sujú, Venezuela
Rostislav Valvoda, Czech Republic
Alexandr Vondra, Czech Republic
Christopher Walker, USA
George Weigel, USA
Leon Wieseltier, USA
Jianli Yang, China/USA
Richard Youngs, United Kingdom
Michael Žantovský, Czech Republic