O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador Prata da Casa. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Prata da Casa. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Polindo a Prata da Casa: mini-resenhas de livros de diplomatas - Paulo Roberto de Almeida (disponível)


Acabo de preparar uma edição Kindle das mini-resenhas de livros de diplomatas que escrevi nos últimos dez anos. 
Até aqui, todas essas mini-resenhas estavam juntas com as resenhas-artigos de livros de diplomatas e de livros de não-diplomatas que tocam nos mesmos temas nas mesmas áreas. Mas acabou ficando um livro de mais de 600 páginas (aliás teria ficado com mais de 1.000 páginas se eu colocasse todas as resenhas sobre temas internacionais em geral).
Quem ainda estiver interessado na edição completa, pode acessar a plataforma Academia.edu (link: http://www.academia.edu/5763121/22_Prata_da_Casa_os_livros_dos_diplomatas_Edicao_de_Autor_2014_), que aliás tem sido campeão de acessos nesse site.

Mas quem quiser ler um livro mais leve, com resenhas limitadas a 10 linhas de 168 livros (na verdade 167, pois um livro recebeu duas resenhas, ao ser publicado primeiro em edição de autor, depois em edição comercial, com uma nova introdução), pode acessar os dados abaixo:

 Polindo a Prata da Casa: mini-resenhas de livros de diplomatas
Nova edição resumida do Prata da Casa, restruturada em partes e contando apenas as mini-resenhas preparadas para o Boletim ADB (124 p.)
Serviu de base para publicação em formato Kindle (disponível dentro em breve). 
Disponível na plataforma Academia.edu:

O sumário desse livro é o seguinte: 

Prefácio
Índice Geral

Primeira Parte: Política Externa e Diplomacia Brasileira

Segunda Parte: História do Brasil e História Diplomática Brasileira

Terceira Parte: Relações Internacionais, Política e Economia Mundiais

Quarta Parte: Literatura, Sociologia e Cultura

Estou agora preparando dois novos livros, reformatando as duas outras partes do Prata da Casa, para apresentar aos possíveis leitores volumes mais "leves", ambora ainda densos, com todas essas resenhas, divididos por áreas de interesse como é esse, e talvez com mais algumas resenhas que podem ter ficado de fora.

Em outra postagem, vou disponibilizar o Prefácio desse novo livro eletrônico.
Paulo Roberto de Almeida 

sábado, 2 de agosto de 2014

Prata da Casa: os livros dos diplomatas - edição de autor, julho de 2014

Repetindo uma informação já efetuada aqui, mas que apenas agora pude refazer para atualizar links e arquivos na plataforma Academia.edu.
Os que ainda não tinham tomado conhecimento, podem downloadar este livro que deveria ter sido publicado pela Funag (ou Fundação Alexandre de Gusmão, do Ministério das Relações Exteriores) em novembro de 2013, mas parece que alguém cismou com duas frases pouco politicamente corretas, uma delas sobre o Mercosul, a outra já nem me lembro mais do que era. São dessas coisas totalmente ridículas, mas que podem acontecer numa instituição tão venerável quanto o Itamaraty.
Eu não iria cometer uma violência contra mim mesmo, me autocensurando. Como acho que não sou eu quem perde mais, e sim potenciais leitores e estudantes, não dou a mínima.
Como eles também fariam, a despeito de conseguirem uma audiência provavelmente maior, e mais focada no público universitário, eu também posso colocar o livro inteiro totalmente disponível em meu site e plataformas de produção acadêmica, como faço agora.
Apenas um aviso aos incautos: trata-se de um arquivo pesado, pois é um livro de 700 páginas (e isso que não coloquei todas as resenhas de livros, e sim aquelas que tinham a ver estritamente com a produção dos diplomatas ou sobre temas diplomáticos, de política externa do Brasil e de relações internacionais do Brasil e de política internacional, de forma geral).
Muitas dessas miniresenhas ou mesmo resenhas completas já estão disponíveis individualmente na minha página da plataforma Academia.edu, sendo portanto arquivos menores e dirigidos a uma, ou algumas poucas publicações. Basta ver as resenhas de livros neste link:
https://uniceub.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida/Book-Reviews
Não transcrevo aqui o sumário pois ele é enorme, mas vou preparar arquivos com o sumário e com índice remissivo.
Aqui vai a ficha do livro:

Prata da Casa: os livros dos diplomatas 
(Hartford: Edição de autor, 2014, 700 p.) 

Disponível nos links: 
Academia.edu: página do livro: https://www.academia.edu/5763121/Prata_da_Casa_os_livros_dos_diplomatas_Edicao_de_Autor_2014_
link direto para download do arquivo em pdf: https://www.academia.edu/attachments/34209509/download_file?s=work_strip&ct=MTQwNzAwODExOCwxNDA3MDExMjI5LDc4NTEwNjY;
divulgado neste link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/07/prata-da-casa-os-livros-dos-diplomatas.html).  

Relação de Originais n. 2533. Relação de publicados n. 1136 

Divirtam-se (com perdão da expressão).
Paulo Roberto de Almeida 

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Prata da Casa: 3ro Trimestre de 2014 - Miniresenhas de livros de diplomatas


Prata da Casa - Boletim ADB: 3ro. trimestre 2014
 
Paulo Roberto de Almeida
Boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros
(ano 21, n. 86, julho-agosto-setembro 2014, p. xx-xx; ISSN: 0104-8503)

(1) Paulo Roberto de Almeida:
Nunca Antes na Diplomacia...: a política externa brasileira em tempos não convencionais
(Curitiba: Appris, 2014, 289 p.; ISBN: 978-85-8192-429-8)

            Tudo o que você sempre quis saber sobre a diplomacia companheira e nunca teve a quem perguntar? Agora talvez já tenha, sobre quase tudo. Em todo caso, figura aqui uma avaliação do que representaram, para a política externa, os anos do lulo-petismo, com a independência de um acadêmico que também integra a diplomacia. Existem episódios que ainda vão requerer pesquisa em arquivos para saber como foram exatamente decididos, e provavelmente lacunas subsistirão, tendo em vista justamente as características especiais de uma diplomacia que não partiu essencialmente de sua casa de origem, mas andou combinada a outros estímulos, não arquivados. Parece que ela foi ativa, altiva e soberana, como nunca antes tinha acontecido. Outros traços emergirão num futuro balanço, ainda sem data. A História a absolverá? A ver...

(2) José Ricardo da Costa Aguiar Alves:
O Conselho Econômico e Social das Nações Unidas e suas propostas de reforma
(Brasília: Funag, 2014, 535 p.; ISBN 978-85-7631-504-9; Coleção CAE)

            Prefaciada pelo ex-ministro Pedro Malan, que já trabalhou na ONU, a tese representa a mais ambiciosa análise, histórica e estrutural, do papel do Conselho desde sua origem até 2007, período em que foram empreendidas 42 reformas. A revisão das Metas do Milênio, em 2015, provavelmente exigirá novas reformas. O órgão consome mais de dois terços dos recursos da ONU, comprometidos com o desenvolvimento, ao lado daqueles destinados à paz e segurança, no âmbito do seu Conselho de Segurança. A obra é minuciosa no exame dessas propostas de reforma, sem conter, porém, uma avaliação sobre a eficácia dos recursos investidos nessa missão, o que requereria um outro tipo de estudo, feito por economistas. É uma obra importante para o Itamaraty, que está sempre demandando mais recursos para o desenvolvimento, justamente.

(3) Erika Almeida Watanabe Patriota:
Bens Ambientais, OMC e o Brasil
(Brasília: Funag, 2013, 452 p.; ISBN 978-85-7631-476-9; Coleção CAE)

            Bens ambientais parecem estar no centro das angústias comerciais das próximas décadas, já que o planeta agora, para estar politicamente correto, precisa se guiar pelas regras do desenvolvimento sustentável. O Brasil tem, justamente, uma grande interface com o assunto, pelo seu potencial produtor e exportador desses bens (ainda que existam dúvidas sobre sua competitividade e avanços tecnológicos em energia solar e eólica). A tese mapeia as discussões multilaterais a respeito, a atuação da China e da Índia, as posições assumidas pelo Brasil e as implicações da regulação no lado doméstico da equação. A autora acha que as premissas da OCDE, entre elas a liberalização comercial, tendem a prejudicar os países em desenvolvimento: seria mais uma manifestação da velha teoria conspiratória que sempre coloca os ricos contra os interesses dos pobres?

(4) Renato L. R. Marques:
Memorábilia
(Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2013, 378 p.; ISBN 978-85-914949-1-0)

            Como diplomata, Renato Marques é bom um escritor, com sua prosa elegante, frases em latim, vasto conhecimento da cultura humanista, sobretudo da história, e grande tino para a observação dos seres humanos, como Balzac, Dickens ou Flaubert. Como escritor, ele não é um diplomata, já que escreve sem os trejeitos típicos dos colegas, falando tudo com grande sinceridade. Nestas suas memórias sentimentais, ele vai desde as origens familiares nos pagos gaúchos, até os últimos postos, que eram, não muito tempo atrás, partes do império soviético. Mais do que um recorrido pela sua vida em vários continentes, elas são reflexões intelectuais sobre países, pessoas, processos e eventos a que assistiu, de que participou, sobre os quais leu; a referência aos grandes escritores é constante, e as fotos são um complemento agradável ao seu texto cortante.

(5) José A. Lindgren Alves:
Os novos Bálcãs
(Brasília: Funag, 2013, 161 p.; ISBN 978-85-7631-478-3; Coleção Em Poucas Palavras)

            Os “novos Bálcãs” talvez se pareçam um pouco com os “velhos”, no sentido em que os muitos povos eslavos – católicos, ortodoxos, ou islamizados – voltaram a se dividir em meio a conflitos por vezes sanguinários. Depois de algumas décadas de socialismo, quando eles estavam “unidos” pela razão ou pela força, eles estão prontos para receber novamente o Orient Express, que ia das terras cristãs ao império dos otomanos justamente atravessando essas terras complicadas. Lindgren Alves esclarece como o fracionamento étnico reconstruiu a balcanização, com alguns massacres no caminho. Um alerta de como a Europa também pode recriar os velhos demônios da guerra e da violência étnica. O chauvinismo está na origem dessa utopia estilhaçada. Uma síntese que se apoia na melhor bibliografia e num conhecimento direto da região.

(6) Francisco Doratioto:
O Brasil no Rio da Prata (1822-1994)
(Brasília: Funag, 2014, 190 p.; ISBN 978-85-7631-489-9; Coleção Em Poucas Palavras)

            Metade, ou quase, de toda a política externa brasileira, das origens aos dias de hoje, se fez e se faz no Rio da Prata. Daí a escolha deste “semi-diplomata” para escrever uma história que começa na contenção de Buenos Aires, passa pela guerra do Paraguai – sobre a qual o autor publicou o clássico Maldita Guerra –, avança do americanismo ingênuo para o pragmatismo conciliador, nutre desconfiança e cautela (de 1930 a 1955), retoma o aprendizado da cooperação e da superação de divergências, para finalmente chegar à integração no Mercosul (pelo menos até 1994, numa fase ainda feliz). Mesmo “em poucas palavras”, o autor usou fontes primárias, mas várias das secundárias são de autores hermanos: eles são a nossa “circunstância”. A história trata mais de diplomacia do que de comércio e desenvolvimento; parece que é a política que move a economia.

Paulo Roberto de Almeida
[Hartford, 28/07/2014]

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Prata da Casa: as instituições de Bretton Woods - Carlos Marcio B. Cozendey

Como é meu habito, sempre leio e resenho os livros dos diplomatas, de qualidades notoriamente desiguais, em função dos diferentes formatos dos textos originais. Muito frequentemente se trata de teses internas ao Itamaraty, e são portanto cercados por todos aqueles cuidados que o diplomata, em face de uma banca que pretende esquartejá-lo, deve tomar para justamente evitar esse massacre. Outros são livros escritos para um público externo, o que pode aumentar ou diminuir outras qualidades, mas enfim, a maior parte do que tenho lido supera justamente a maior parte do que vejo publicado no mundo acadêmico.
É o caso deste pequeno livrinho, da coleção Em Poucas Palavras, que reúne todas as qualidades para ter sido publicado por uma grande editora comercial, e conhecer assim divulgação mais ampla.
Eu acabei de fazer uma resenha, mas aí me dei conta que já tinha feito a resenha para um número anterior do Boletim da ADB, a associação dos diplomatas.
Bem, junto as duas aqui para novamente expressar meu reconhecimento por essa obra.
Paulo Roberto de Almeida 

Carlos Márcio B. Cozendey:
Instituições de Bretton Woods: desenvolvimento e implicações para o Brasil
(Brasília: Funag, 2013, 181 p.; ISBN 978-85-7631-488-2; Coleção Em Poucas Palavras)

As 160 páginas do corpo de texto não perfazem exatamente um livro “em poucas palavras”, mas cada linha da obra está impregnada de um triplo conhecimento: histórico, teórico e prático, sobre as origens, o desenvolvimento, nas décadas seguintes, e sobre o funcionamento atual dos dois irmãos de Bretton Woods, o Banco e o Fundo, que foram criados em 1944 na pequena cidade do New Hampshire para presidir à ordem econômica do pós-guerra. O autor é o secretário de Assuntos Internacionais da Fazenda, e como tal segue, no G20 e em outras instâncias, as negociações para a reforma do sistema monetário, que já passou por fases melhores do que a atual. Depois das paridades cambiais estáveis, o regime de flutuação não ajuda a manter a estabilidade mundial, mas o maior perigo advém dos desequilíbrios fiscais nacionais, um tema que todavia foge do escopo deste livro. 
           
O autor conhece a bibliografia e domina a teoria do comércio e das finanças internacionais. Mais importante: ele é o negociador brasileiro nas duas irmãs de Bretton Woods e no G-20 financeiro, o que lhe dá um conhecimento direto das diferenças entre o ancien régime e o novo, que não é bem um regime, e sim arranjos parciais e limitados entre os principais protagonistas, para evitar as “guerras cambiais” do passado. O dólar continua tão hegemônico quanto foi na origem, embora o Banco Mundial já não seja tão importante como no imediato pós-Segunda Guerra. O G-20, contudo, tem menos da metade dos participantes da conferência de 1944, e a distribuição de poder econômico é mais equilibrada; ou seja, a oligarquia financeira continua firme no comando do timão, embora as divergências sobre o que fazer continuem tão agudas quanto antigamente.

  

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Prata da Casa: os livros dos diplomatas: nova versão (Julho 2014) - Paulo Roberto de Almeida


Paulo Roberto de Almeida


Tudo o que você sempre quis saber sobre as relações internacionais e a política externa do Brasil, e não tinha a quem perguntar?
Quase isso. Sem ser um guia sistemático de leituras direcionadas, este livro é, na verdade, um diretório anotado de todas as publicações mais importantes, escritas nas últimas décadas por diplomatas e por acadêmicos, sobre questões da agenda internacional e das relações exteriores do Brasil, sobre temas que interessam aos próprios profissionais da área, bem como aos estudantes e aos candidatos à carreira diplomática.
Os melhores livros resenhados, anotados, criticados, no que eles têm de bom, de menos bom, em todo caso de útil, para um aprofundamento crítico sobre o que de melhor se escreveu em torno dos temas mais relevantes da diplomacia brasileira desde o final do século passado. Uma referência doravante indispensável a quem quer saber quem escreveu o quê, como o fez, e com qual metodologia, sobre os mais diversos assuntos da agenda internacional contemporânea, assim como da própria história e economia do Brasil e mundial.
Ele é o equivalente ao que na tradição britânica se chama de companion, ou seja, um companheiro de leituras, ou de releituras, para a melhor literatura disponível no setor.

Resenhas de livros acadêmicos existem em quase todas as revistas da área, geralmente limitadas a duas páginas e na estrita observância dos padrões desse gênero de avaliação crítica: informação objetiva sobre o livro, contextualização no seu ambiente próprio e no estado da arte dos estudos especializados daquele campo, e síntese final. Os grandes jornais também costumam trazer, pelo menos uma vez por semana, notas sobre livros, mas eles se referem apenas às publicações recentes, geralmente os livros da moda, ou aqueles que são “sugeridos” por editores ativistas. Algumas publicações especializadas oferecem, igualmente, uma informação sintética sobre o que vai pelo mundo editorial, como notas mais curtas ou mais longas sobre as novidades mais atraentes, ou até números temáticos.
Não existe, porém, no mercado nenhum equivalente deste livro, uma compilação exaustiva de tudo o que de mais importante se publicou no Brasil (com algumas esticadas ao exterior) sobre as relações internacionais, em geral, em especial sobre sua política externa, por alguém que justamente possui a dupla militância para navegar nos dois campos sem qualquer dificuldade: na diplomacia profissional e na academia, nesta voluntariamente. Foi também voluntariamente que Paulo Roberto de Almeida coletou algumas dezenas de resenhas de livros produzidas ao longo das últimas duas décadas, exclusivamente de livros de diplomatas ou de acadêmicos tratando dos temas que obrigatoriamente interessam aos diplomatas.
Na verdade, são mais de 250 livros lidos e resenhados para publicações diversas, ou para seu próprio deleite intelectual. As 144 mini-resenhas da Primeira Parte do livro são exclusivamente de obras de diplomatas, publicadas em grande parte (mais de 50%) pela Fundação Alexandre de Gusmão, geralmente resultantes de pesquisas direcionadas, visando objetivos institucionais e profissionalizantes: elas foram publicadas, a título essencialmente informativo, numa seção do Boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros que se chama, justamente, Prata da Casa, de onde foi tirado o título deste volume de compilações.
A meia centena de resenhas mais longas – algumas bem longas – da Segunda Parte também é de livros de diplomatas, mas geralmente publicados por editoras comerciais e divulgadas em revistas acadêmicas, embora muitas delas tenham permanecido inéditas até aqui. Na Terceira Parte, finalmente, comparece mais uma meia centena de livros de não diplomatas, acadêmicos brasileiros ou estrangeiros, que produziram obras que falam de perto aos diplomatas e a todos aqueles que possuem atração pelos temas da diplomacia e da política internacional. No conjunto, estas resenhas, que permaneciam esparsas em veículos diversos, ou mesmo sem publicação, oferecem uma oportunidade única para penetrar no mundo da diplomacia e dos estudos internacionais, por meio dos melhores livros que possivelmente foram publicados nas últimas duas ou três décadas (alguns livros são bem mais antigos).
De certa forma, o que vai aqui é uma biblioteca miniatura, ou portátil (se o peso ajudar),  incitando à leitura, ou à releitura, de uma vasta gama de obras que já são clássicas em suas áreas, ou que constituem bibliografia obrigatória nos cursos e centros de estudos da área.
Disponível neste link do Academia.edu:
https://www.academia.edu/5763121/Prata_da_Casa_os_livros_dos_diplomatas_Edicao_de_Autor_2014_

Addendum:
Recebido um minuto atrás: 

Hi Paulo Roberto,
Congratulations! You uploaded your paper 2 days ago and it is already gaining traction.
Total views since upload:



You got 47 views from the United States, the Republic of Korea, Brazil, and Australia on "Prata da Casa: os livros dos diplomatas (Edição de Autor, 2014)".

 

terça-feira, 3 de junho de 2014

Prata da Casa - Boletim ADB: 2ro. trimestre 2014 - livros de diplomatas

Acabo de completar a série para o segundo trimestre do ano:

Prata da Casa
Boletim ADB: 2ro. trimestre 2014

Hartford, 3 Junho 2014, 3 p. 
Notas sobre os seguintes livros:

Guilherme Frazão Conduru:
O Museu Histórico e Diplomático do Itamaraty: história e revitalização
(Brasília: FUNAG, 2013, 370 p.; ISBN 978-85-7631-433-2; Coleção CAE)

             O diplomata e historiador Guilherme Conduru já tinha assinado uma bela dissertação sobre o Pacto ABC (original), iniciado pelo Barão, terminado por seu sucessor. Prosseguindo nos estudos históricos, ele aproveitou uma estada no escritório do velho palácio Itamaraty, no Rio, para preparar esta tese de CAE sobre o Museu Histórico e Diplomático, criado por um estadista, duas vezes ministro das relações exteriores e historiador diplomático, José Carlos de Macedo Soares. Criado por ele, em 1955, em sua segunda gestão, o MHD seria reinaugurado outras vezes, como resultado de revitalizações materiais, que também representam revisões mentais na história diplomática do Brasil. O livro é inédito em sua categoria, e não apenas sobre o MHD, como também sobre os museus históricos do Brasil de forma geral.

Fernando Guimarães Reis:
Por uma academia renovada: formação do diplomata brasileiro
(Brasília: FUNAG, 2013, 398 p.; ISBN 978-85-7631-458-5)

            Dizem que o serviço exterior se caracteriza pela excelência. O que não se sabe é se essa qualidade se deve a seu concurso de ingresso, notoriamente rigoroso, ou à sua academia diplomática, o Instituto Rio Branco. Ou seja, o material já era bom antes do ingresso na carreira, ou se fez melhor ao passar pelos bancos escolares do Rio Branco? Este livro trata dessa dúvida existencial, já revelada na frase introdutória de Heidegger, segundo quem todo questionamento é uma busca. O autor tenta responder, em cinco partes, cobrindo as marcas de nascença, os contrastes de personalidades, uma volta ao barão, a dúvida entre academia e instituto e uma proposta para uma academia renovada.
Termina por uma nota altamente intelectual sobre a filosofia da educação, que talvez confirme que o Itamaraty é excelente a despeito, ou independentemente, do IRBr.

Fernando Cacciatore de Garcia:
Como Escrever a História do Brasil: Miséria e Grandeza
(Porto Alegre: Sulina, 2014, 659 p.; ISBN: 978-85-205-0704-2)

            O autor já tinha assinado uma bela pesquisa histórica sobre a formação das fronteiras sulinas, Fronteira Iluminada: História do Povoamento, Conquista e Limites do Rio Grande do Sul, a partir do Tratado de Tordesilhas (1420-1920), e estava, portanto, perfeitamente habilitado para retomar a pergunta que tinha sido colocada, no início do IHGB, aos candidatos a um concurso sobre essa dúvida metodológica, ganho pelo alemão Martius. O resultado é um monumental volume sobre o nosso iluminismo historiográfico, onde figuram não apenas os grandes nomes da inteligência nacional, mas muitos outros pensadores universais. A história oficial sempre precisa de revisões constantes, e Garcia confirma sua preparação para a missão ao corrigir deformações sempre visíveis. Grandeza e miséria não são apenas conceitos, mas realidades presentes.

Rafael Souza Campos de Moraes Leme:
Absurdos e milagres : um estudo sobre a política externa do Lusotropicalismo (1930-1960)
(Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2011, 164 p.; ISBN 978-85-7631-326-7)


            Um estudo de caráter histórico-antropológico-diplomático sobre como o lusotropicalismo, ideologia construída pelo sociólogo brasileiro Gilberto Freyre, já famoso pelo seu clássico sobre a formação patrimonial do escravismo brasileiro, foi usado e instrumentalizado pelo Estado Novo português para defender seu colonialismo tardio, e sobre como o Brasil foi usado nessa estratégia para manter o império africano. Dos anos 1930, até os anos 1960, o Brasil se dobrou à política externa portuguesa nesse capítulo pouco glorioso de nossa diplomacia contemporânea. Ao mesmo tempo, não se pode negar que a teoria reacionária do genial pernambucano serviu para legitimar algumas das ações e iniciativas tomadas pela diplomacia brasileira na África, na fase recente. Mais um exemplo de como a história dá muitas voltas, em torno de si mesma.

João Augusto Costa Vargas
Um mundo que também é nosso: o pensamento e a trajetória diplomática de Araujo Castro
(Brasília : FUNAG, 2013, 265 p.; ISBN: 978-85-7631-470-7; Coleção política externa brasileira)

            O Itamaraty possui algumas dinastias persistentes ou descontinuadas, entre elas a do próprio barão, preservada na incorporação do título ao nome de família, e a de Araujo Castro, um dos mais distinguidos diplomatas da geração contemporânea. Um novo João Augusto refaz a trajetória intelectual e diplomática do anterior, que deixou sua marca na política externa brasileira e não apenas por ter sido o último chanceler do caótico governo Jango, derrubado em 1964, e pela “teoria” do “congelamento do poder mundial”, mas sobretudo por ter oficializado uma nova “teoria” sobre nossa suposta “condenação à grandeza”, nacional e internacional, talvez por já ser grande no mapa do mundo. Araujo Castro foi um grande diplomata porque estudava intensamente o Brasil, pensava de forma lógica e escrevia claramente. Boas sugestões aos jovens de hoje.

Marcelo P. S. Câmara
A política externa alemã na República de Berlim: de Gerhard Schröder a Angela Merkel
(Brasília : FUNAG, 2013, 326 p.; ISBN: 978-85-7631-447-9; Coleção CAE)

            São poucas as teses de CAE que examinam toda a política externa de um grande país, aliás, importante parceiro do Brasil no cenário diplomático e econômico mundial. A Alemanha de Berlim renovou as tradições criadas em Bonn e, tanto na administração socialdemocrata quanto na conservadora, passou a projetar de modo mais incisivo o país no cenário mundial. O capítulo sobre as relações bilaterais segue o padrão usual no Itamaraty para esse tipo de análise, mas o importante, para a historiografia diplomática brasileira, é o exame minucioso da política externa alemã no período pós-Guerra Fria, especialmente relevante, na fase atual, sobretudo em sua vertente econômica, como visto na crise do euro, que foi basicamente uma crise fiscal de vários membros da UE. A liderança de Angela Merkel restabeleceu padrões aceitáveis de política econômica.
  

Paulo Roberto de Almeida

[Hartford, 3/06/2014]