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terça-feira, 5 de setembro de 2023

Os 5 maiores economistas do século XX e os 3 melhores brasileiros - Adolfo Sachsida (Gazeta do Povo)

Eu teria colocado Eugênio Gudin entre os três maiores brasileiros, e também Mário Henrique Simonsen, junto com Scheinkman.

História econômica

Os 5 maiores economistas do século XX e os 3 melhores brasileiros

Por Adolfo Sachsida

Gazeta do Povo, 01/09/2023

 

"Se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes.” (Isaac Newton)

 

Como qualquer ranking, este também tem o seu viés. No meu caso, escolhi os 5 maiores economistas que embutem um mix de contribuições teóricas e participação no debate público, seja deles mesmos ou de suas ideias. Assim, economistas de extrema sofisticação teórica, como Debreu ou Arrow, acabaram ficando de fora de minha lista. De maneira semelhante, economistas com amplo espaço no debate público, mas sem contribuições teóricas, tampouco aparecem em minha lista. Por óbvio, a lista expressa minha opinião e a influência que recebi desses economistas ou de suas ideias. Talvez no passado eu tivesse montado uma lista diferente, mas hoje, após minha passagem por dois cargos na alta esfera de administração pública federal (Ministro de Minas e Energia, e Secretário de Política Econômica), percebi com mais clareza a importância de narrativas, exposição pública e de ideias que despertem o debate junto ao grande público e possam ser implementadas de maneira mais concreta em políticas econômicas críveis e que levem ao crescimento e desenvolvimento econômico sustentável.

 

Os 5 grandes economistas do século XX:


5) Ronald Coase: Sua maior contribuição foi mostrar a importância do estabelecimento de direitos de propriedade para a resolução de problemas econômicos complexos. Esta é uma regra que todo formulador de políticas públicas deve ter em mente: estabelecer corretamente os direitos de propriedade é a solução para uma vasta gama de problemas relacionados a falhas de mercado. Favelas, invasão de terras, poluição, são alguns dos problemas que afligem a sociedade e que podem ser resolvidos via estabelecimento de direitos de propriedade. Coase neles!

 

 

4) Gary Becker: É o responsável pela aplicação do instrumental econômico a um amplo conjunto de problemas sociais. Becker expandiu a ciência econômica, seu instrumental analítico, forma de racionalizar os problemas e suas soluções, para todas as ciências sociais. A ideia de usar o instrumental econômico para resolver problemas relacionados a criminalidade, educação, interação social, entre outros, faz de Becker um dos grandes economistas do século passado.

 

3) Milton Friedman: Foi talvez o maior porta voz da importância de uma economia de livre mercado como o caminho para o crescimento e desenvolvimento econômico. Sempre presente no grande debate público, Friedman cobrava coerência de seus colegas que adoravam liberdade na academia, mas por vezes apoiavam medidas restritivas de liberdade na sociedade. Do ponto de vista teórico, entre outras contribuições, Friedman relacionava a inflação à expansão de moeda. Em outras palavras, para Friedman a expansão de moeda era a maior responsável pela inflação. Lição valiosa para o debate público atual. Friedman também é conhecido por seus alertas aos efeitos não-intencionais das intervenções governamentais na economia. Costumava dizer que as políticas públicas devem ser julgadas por seus efeitos, e não por suas intenções. Perfeito!

 

2) Robert Lucas Jr: É o grande nome da macroeconomia moderna. Seu empenho em elaborar os fundamentos microeconômicos da macroeconomia mudaram para sempre o estudo da macroeconomia. Lucas cobrava que os modelos macroeconômicos tivessem sólida base microeconômica. Além disso, Lucas popularizou o uso nos modelos econômicos da ideia de expectativas racionais (que já existia desde Muth, mas sem a devida atenção). Lucas também mostrou a importância de se ajustarem os modelos econométricos na presença de quebras estruturais, a famosa “Crítica de Lucas”. É difícil falar de macroeconomia moderna sem falar de Lucas. A rigor, é bem provável que Lucas seja um dos economistas mais citados em qualquer lista dos maiores economistas do século XX.

 

1) Friederich von Hayek: Gênio. Contribuições importantes nas áreas de direito, filosofia, história das ideias, além, é claro, de ter sido, em minha opinião, o maior economista do século XX. Seu artigo clássico “The Use of Knowledge in Society” (publicado na American Economic Review em 1945) é até hoje um dos estudos mais influentes no pensamento econômico. Hayek argumentava sobre a importância do mecanismo de preços para estabelecer a correta alocação dos recursos na economia. Além disso, políticas que mascarassem o mecanismo de preços – tal como o famoso congelamento de preços praticado amplamente no Brasil na segunda metade da década de 1980 – levariam inevitavelmente a um problema de escassez e terminariam reduzindo o bem-estar da sociedade. BINGO! Grande defensor do livre mercado, Hayek advogava também pelo uso de moedas privadas, tema em moda hoje em dia. Hayek também tem importantes contribuições sobre a teoria do ciclo econômico. Para ele o governo costumava ser o responsável por parte dos ciclos econômicos ao inflar artificialmente o canal de crédito na economia. Explicação essa que me parece ser um dos pilares da crise de 2015-16 (juntamente com o aumento expressivo do gasto público que antecedeu a crise). Hayek também escreveu o melhor livro de economia que já li: “O Caminho da Servidão” (livro de cabeceira de Margareth Thatcher).

 

Os economistas brasileiros

E os brasileiros? O artigo já está grande, mas achei importante ressaltar quem foram, em minha opinião, os três maiores economistas brasileiros do século XX:

 

Aloisio Pessoa de Araujo

José Scheinkman

Carlos Geraldo Langoni

Tive o prazer de trabalhar tanto com o professor Aloisio Araujo quanto com o professor Langoni. Fica aqui registrada minha admiração e agradecimento.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/adolfo-sachsida/os-5-maiores-economistas-do-seculo-xx-e-os-3-melhores-brasileiros/

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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

China: a evidencia que os companheiros detestam ouvir, ler, saber

How China Became Capitalist

US$ 35.00

How China Became Capitalist details the extraordinary, and often unanticipated, journey that China has taken over the past thirty five years in transforming itself from a closed agrarian socialist economy to an indomitable economic force in the international arena.

The authors revitalise the debate around the rise of the Chinese economy through the use of primary sources, persuasively arguing that the reforms implemented by the Chinese leaders did not represent a concerted attempt to create a capitalist economy, and that it was 'marginal revolutions' that introduced the market and entrepreneurship back to China. Lessons from the West were guided by the traditional Chinese principle of 'seeking truth from facts'. By turning to capitalism, China re-embraced her own cultural roots. 

How China Became Capitalist challenges received wisdom about the future of the Chinese economy, warning that while China has enormous potential for further growth, the future is clouded by the government's monopoly of ideas and power. Coase and Wang argue that the development of a market for ideas – which has a long and revered tradition in China – would be integral in bringing about the Chinese dream of social harmony. 

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Long live Ronald Coase: the man of the transaction costs - The Economist

The economics of companies

The man who showed why firms exist

Anyone who cares about capitalism and economics should mourn the death of Ronald Coase


THE job of clever people is to ask difficult questions. The job of very clever people is to ask deceptively simple ones. Eighty years ago a young British economist wondered: why do companies exist? The answer that he gave remains as fascinating today as it was back then.
Ronald Coase lived an extraordinarily long and productive life (see Free exchange). In awarding him the Nobel prize for economics in 1991 the Swedish Academy singled out two papers for particular praise, one published in 1937 and based on a lecture which he gave in 1932 when he was only 21 years old, and one published in 1961. He published his last book, “How China Became Capitalist”, last year at the age of 101. Not bad for a London boy whose parents both left school at 12 and who was consigned to a special-needs school because he wore leg braces (it was only the timely intervention of a phrenologist who detected “considerable mental vigour” in the bumps on his head that redirected him to grammar school and thence to the London School of Economics).

But it is his work on the firm that marked him out for greatness. Most economists had been content to treat firms as black boxes. Mr Coase wondered what the black boxes were doing there in the first place. He used a scholarship that he won as an undergraduate to visit leading American firms such as Ford and General Motors. He summed up his thinking in his 1937 essay, “The Nature of the Firm”, which at first attracted no attention whatsoever, but continues to be cited to this day.
Mr Coase argued that firms make economic sense because they can reduce or eliminate the “transaction cost” of going to the market by doing things in-house. It is easier to co-ordinate decisions. At the time, when communications were poor and economies of scale could be vast, this justified keeping a lot of things inside a big firm, so carmakers often owned engine-makers and other suppliers.
Coase is dead, long live the firm
Mr Coase’s theory of the firm would suggest that firms ought to be in retreat at the moment, because technology is lowering transaction costs: why go to the bother of organising things under one roof when the internet lowers the cost of going to the market? And it is true that companies are rising and falling at a faster rate than ever. Back in 1958, companies in the S&P 500 had typically stayed in the index for 61 years; today the average is just 18 years. Nokia produced a quarter of the world’s handsets in 2000. This week it decided to focus on making telecoms equipment and sold its handset business to Microsoft, which is also a shadow of its former self (see article).
But far from bringing an end to big companies, the internet is producing Goliaths of its own. Google accounts for about 40% of the world’s internet traffic, and Amazon is experimenting with vertical integration by investing in content as well as distribution. That could be because transaction costs, although lower than they used to be, are still a significant part of doing business: it is still easier to work on complex ideas, designs, deals and projects face to face.
Or it could be because firms do other jobs that Mr Coase did not acknowledge: they can develop intellectual resources, for instance, from company-specific knowledge to specialised skills that cannot be developed by individuals acting on their own or working through the market. That even applies to the murky arts of journalism. For instance, 170 years ago this week, a newspaper appeared, often written largely by one man, James Wilson. To the relief of its now slightly larger but obviously no less industrious workforce,The Economist survives.
Whatever happens to this particular transaction-costs-reduction device, Mr Coase’s work should remain close to the heart of anyone who cares about capitalism. He taught economists that they should not just pore over numbers but look inside the organisations that produce wealth. And he set a test that every boss still has to answer: what does their firm do that cannot be done more efficiently elsewhere?
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Book: How China became Capitalist
Palgrave MacMillan, United Kingdom, 2013
 How China Became Capitalist details the extraordinary, and often unanticipated, journey that China has taken over the past thirty five years in transforming itself from a closed agrarian socialist economy to an indomitable economic force in the international arena. The authors revitalise the debate around the rise of the Chinese economy through the use of primary sources, persuasively arguing that the reforms implemented by the Chinese leaders did not represent a concerted attempt to create a capitalist economy, and that it was 'marginal revolutions' that introduced the market and entrepreneurship back to China. 
Lessons from the West were guided by the traditional Chinese principle of 'seeking truth from facts'. By turning to capitalism, China re-embraced her own cultural roots. How China Became Capitalist challenges received wisdom about the future of the Chinese economy, warning that while China has enormous potential for further growth, the future is clouded by the government's monopoly of ideas and power.
Coase and Wang argue that the development of a market for ideas - which has a long and revered tradition in China - would be integral in bringing about the Chinese dream of social harmony.