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sexta-feira, 28 de maio de 2021

O Itamaraty e as infelizes declarações "dipromáticas' de um presidente antidiplomático - noticias

 Itamaraty responde à CPI que não é fonte da declaração de Bolsonaro sobre 'guerra química'


CPI perguntou se origem da declaração do presidente, que fez referência indireta à China, é informação da pasta. 'Será que não estamos enfrentando uma nova guerra?', indagou Bolsonaro.

Por Gustavo Garcia, G1 — Brasília
28/05/2021 01h26  Atualizado há 6 horas

O ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto Franco França, encaminhou à CPI da Covid nesta quinta-feira (27) ofício no qual afirma que o Itamaraty não é a fonte de informação utilizada pelo presidente Jair Bolsonaro para levantar a hipótese de estar em curso uma "guerra química".

No último dia 5, em discurso durante cerimônia no Palácio do Planalto, Bolsonaro afirmou que "ninguém sabe" a origem do vírus da Covid-19, mencionou a "guerra química" e fez uma referência indireta à China, principal fornecedor de insumos para vacinas produzidas no Brasil.

"É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou nasceu por algum ser humano ingerir um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem o que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra? Qual o país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês", declarou Bolsonaro na ocasião. A China foi o único país com crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado.

Diante dessas declarações — e com base em um requerimento do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) — a comissão parlamentar de inquérito enviou ao Itamaraty e à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) um pedido de explicações, perguntando aos dois órgaos se eram a fonte da suspeita levantada por Bolsonaro.

À comissão, o Ministério das Relações Exteriores encaminhou a seguinte resposta:

"Este ministério não produziu ou forneceu informação 'sobre a possibilidade de estar em curso uma guerra não declarada, promovida por nação estrangeira, por meio de guerra química, bacteriológica e radiológica'."

A resposta da Abin ainda não foi encaminhada à comissão ou não foi disponibilizada no sistema da comissão no portal do Senado.

Repercussão
Embora Bolsonaro não tenha mencionado explicitamente a China, parlamentares interpretaram a afirmação como mais um ataque do presidente ao país asiático.

A fala de Bolsonaro foi criticada por integrantes da CPI. Omar Aziz (PSD-AM), presidente do colegiado, por exemplo, afirmou que a declaração "piora" a obtenção, pelo Brasil, de insumos contra a doença, uma vez que grande parte da matéria-prima para produção de vacinas vem da China.

No requerimento, Tasso Jereissati escreveu: "Trata-se de uma afirmação de alta gravidade na medida em que o comandante supremo das Forças Armadas adverte para a possibilidade de estar em curso um conflito não declarado, promovido por nação estrangeira".

Dois dias depois da declaração de Bolsonaro, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, se reuniu com o embaixador da China no Brasil. "Essas declarações do presidente não envolvem a China, e o presidente Bolsonaro tem atuado fortemente para incentivar a campanha de vacinação", afirmou Queiroga (vídeo abaixo).

Relação com a China
No pedido de informações encaminhado ao Itamaraty, Tasso Jereissati também quis saber em que estágio está se encontram as relações entre Brasil e China.

Na resposta, o ministro Carlos Alberto França diz que o país asiático é, desde 2009, "o maior parceiro comercial do Brasil e uma das principais fontes de investimentos estrangeiros no país". O ministro também apresenta dados da balança comercial Brasil-China, que, em 2020, teve um saldo positivo de US$ 33 bilhões.

A pasta também sustenta que, após o início da pandemia da Covid-19, a cooperação para o enfrentamento da crise sanitária "passou a ocupar lugar de destaque na agenda bilateral".

"Brasil e China dialogam e cooperam constantemente no enfrentamento da crise. A embaixada do Brasil em Pequim acompanha, em bases permanentes, os processos de autorização de exportação de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs) e tem agido com rapidez necessária. Segundo dados oficiais chineses, o Brasil é o terceiro maior importador de vacinas e IFAs provenientes da China", diz o documento encaminhado pelo Itamaraty à CPI.

Nesta quarta-feira (26), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu a agentes de inteligência do país a produção, em até 90 dias, de um relatório sobre a origem do Sars-CoV-2, o novo coronavírus causador da Covid-19.

Agentes norte-americanos trabalham com duas hipóteses: a de o coronavírus ter escapado por acidente de um laboratório ou — a hipótese que era mais aceita — de a origem da pandemia ter sido o contato de humanos com animais selvagens.

Em março, a Organização Mundial de Saúde (OMS) descartou a hipótese de que a pandemia tenha sido provocada por um acidente de laboratório.

https://g1.globo.com/politica/noticia/2021/05/28/itamaraty-diz-a-cpi-que-nao-e-fonte-da-declaracao-de-bolsonaro-sobre-guerra-quimica.ghtml

Saúde tentou importar IFA indiano para produzir cloroquina no Brasil

Por Wilson Lima
28.05.21 07:45

Durante a gestão Eduardo Pazuello, o Ministério da Saúde trabalhou pela importação do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) da hidroxicloroquina junto ao governo da Índia, com o objetivo de intensificar a produção do medicamento no Brasil.

A informação consta de ofício enviado pelo Itamaraty à CPI da Covid. O documento, ao qual O Antagonista teve acesso, ratifica o esforço brasileiro para ampliar a produção de um medicamento sem comprovação científica no tratamento de Covid.

Além de tentar importar o IFA, o Ministério da Saúde encomendou cloroquina para o Exército e para a Fiocruz.

Segundo o documento, o setor privado acionou o Itamaraty, em março do ano passado, para tentar facilitar a importação do IFA da cloroquina junto ao governo indiano. Entretanto, a Índia vetou as exportações do produto em virtude da alta demanda no mercado internacional.

Três meses depois, com as retiradas das restrições às exportações pelo governo indiano, coube ao Ministério da Saúde atuar “para verificar as condições de possível importação de IFA difosfato de cloroquina da Índia”, conforme documento encaminhado à CPI da Covid.

Após a interferência do Ministério da Saúde, o governo brasileiro recebeu ofertas para receber o IFA da Índia e de Bangladesh. Apesar do esforço diplomático, não houve formalização de contrato.

Leia na íntegra o ofício do Itamaraty (https://cdn.oantagonista.net/uploads/2021/05/cloroquina_Itamaraty_oficio.pdf)

https://www.oantagonista.com/brasil/saude-tentou-importar-ifa-indiano-para-produzir-cloroquina-no-brasil/

Itamaraty não apoiou conversas com a China por insumos, diz Covas

Diretor do Instituto Butantan voltou a culpar falas do governo federal por atrapalhar desenvolvimento da Coronavac no Brasil

BRASIL | Gabriel Croquer, do R7
27/05/2021 - 17H15 (ATUALIZADO EM 27/05/2021 - 17H16)

O diretor do Butantan, Dimas Covas, afirmou nesta quinta-feira (27), à CPI da Covid, que o ministério de Relações Exteriores sob gestão do ex-ministro Ernesto Araújo não ofereceu apoio diplomático ou logístico nas conversas com a China para a obtenção de IFA (Insumo Farmacêutico Ativo). 

Araújo, que também foi chamado à CPI, foi demitido do cargo em março, após pressão do Congresso para a aceleração do processo de vacinação no Brasil. Em publicações nas redes sociais, o ex-ministro se defendeu das acusações de que sua gestão teria atrapalhado a compra de vacinas e as relações com a China para envio de insumos. 

Ele deu a informação em resposta ao senador Fabiano Contarato ( Rede-ES), um dos últimos senadores a falar na sessão desta quinta-feira (27). Antes, Covas também havia afirmado que  declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fizeram o ministério da Saúde interromper negociações com o Butantan em 2020 para compra de 60 milhões de doses da Coronavac. 

Ainda de acordo com Covas, as falas de integrantes do governo federal prejudicaram o desenvolvimento do imunizante no país e, posteriormente, a entrega de remessas de insumos da China. 

Questionado pelo senador Jean Paul Prates (PT-RN) se o governo atuou para estimular a produção de vacinas no Brasil, Covas afirmou que "no caso do Butantan, especificamente no caso dessa vacina [Coronavac], não".

https://noticias.r7.com/brasil/itamaraty-nao-apoiou-conversas-com-a-china-por-insumos-diz-covas-27052021