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quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Itamaraty cumprindo o seu papel na diplomacia da saúde, vacinas da Índia a preços reduzidos, sem o Min. Saúde

 Em voo secreto, Itamaraty buscou vacinas da Índia por 10% do valor pago pelo Ministério da Saúde


Após dois fretamentos fracassados e prejuízo de US$ 500 mil para Fiocruz, diplomatas fizeram operação por US$ 55 mil sem conhecimento da pasta

26.ago.2021 às 4h00
Patrícia Campos Mello

Após as tentativas frustradas de buscar 2 milhões de doses de vacina na Índia em janeiro deste ano, que geraram um prejuízo de US$ 500 mil (R$ 2,6 milhões na cotação atual) para a Fiocruz, o Itamaraty negociou secretamente com o governo indiano e conseguiu transportar as mesmas doses por US$ 55 mil (R$ 288 mil na cotação atual), cerca de 10% do valor pago pela fundação.

Toda a operação foi feita em sigilo, e o Ministério da Saúde só soube quando a carga de vacinas já estava prestes a embarcar no avião da companhia aérea Emirates no aeroporto de Mumbai.

O afobamento e as trapalhadas do governo Jair Bolsonaro, principalmente da pasta da Saúde, já tinham produzido dois fiascos na busca de vacinas.

O ministério, na época sob o comando do general Eduardo Pazuello, havia determinado à Fiocruz que fretasse um avião para buscar as vacinas na Índia no dia 16 de janeiro. Ao mesmo tempo, negociou com companhia aérea Azul um outro voo para buscar as mesmas vacinas.

Bolsonaro havia determinado que as vacinas tinham que chegar, de qualquer jeito, antes do dia 20 de janeiro —data em que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), iniciaria a vacinação com a Coronavac.

Telegrama diplomático mostra que, em 9 de janeiro, foi enviada uma carta de Bolsonaro ao primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, “recordando a importância do prazo do dia 20”, e o ministério indiano teria reiterado “não poder comprometer-se ainda com datas”.

Doria acabou começando a vacinação em 17 de janeiro. As vacinas da Coronavac, produzida pelo Instituo Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac, foram transportadas ao Brasil em voo comercial da companhia turca Turkish Airlines.

A Fiocruz assinou em 13 de janeiro um contrato de fretamento de um avião para Mumbai com a DMS Agenciamento de Cargas e Logística, conforme instrução do Ministério da Saúde, para buscar as doses no dia 16.

Naquele momento, no entanto, não havia garantia de que o governo indiano fosse liberar as cargas dentro do período proposto. No dia 14, um porta-voz da chancelaria indiana, em briefing semanal à imprensa, disse ser "cedo demais" para o envio de vacinas a terceiros países naquela semana.

Um dia depois, segundo telegrama do Itamaraty, o embaixador da Índia no Brasil, Suresh Reddy, reiterou pedido para que não fosse enviado “o voo especial para transporte das vacinas até que sejam concluídas as autorizações formais pelo lado indiano".

A fundação teve de pagar antecipadamente o valor de US$ 500 mil, estipulado no contrato com a empresa de logística, conforme a Folha revelou em maio.

“O Ministério da Saúde solicitou à Fiocruz a contratação de voo fretado para a realização da operação”, disse a Fiocruz em nota. “Posteriormente a todos os procedimentos para a realização da operação de transporte, o Instituto Serum comunicou em 15.01.2021 à Bio-Manguinhos/Fiocruz que a data de 16.01.2021 programada para o recolhimento e transporte ao Brasil não seria mais factível e a carga não estaria mais disponível, e que a continuidade da operação dependeria de uma nova data a ser anunciada pelo Instituto.”

Segundo a Fiocruz, o contrato não previa reembolso. "Todos os contratos de fretamento no mercado estabelecem pagamento adiantado e reserva prévia, sem possibilidade de reembolso. Portanto, o valor investido nessa operação, de US$ 500 mil, não pode ser recuperado", disse o instituto em nota, em maio.

Ao mesmo tempo, e sem o conhecimento da Fiocruz, o Ministério da Saúde também contratou um avião da Azul para realizar o mesmo serviço.

No dia 13 de janeiro, o ministério divulgou uma nota afirmando: “Um avião da empresa aérea Azul sairá do Brasil na noite desta quinta-feira (14 de janeiro) com destino a Mumbai, na Índia, para buscar 2 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 da AstraZeneca/Oxford, adquiridas pelo Ministério da Saúde para garantir o início da imunização dos brasileiros. O Airbus A330neo —maior aeronave da frota da companhia— decolará do Aeroporto de Recife (PE) às 23h. A previsão de retorno é no próximo sábado, dia 16.”

Na nota, havia também uma declaração do então ministro Pazuello: “É o tempo de viajar, apanhar e trazer. Já estamos com todos os documentos de exportações prontos".

No dia 14, a aeronave saiu de Viracopos, em Campinas (SP), para o Recife, de onde seguiria viagem. Chegou a ser adesivada com o slogan “Brasil imunizado: somos uma só nação” e exibida nas redes sociais do ministério. Os indianos foram pegos de surpresa. Logo depois, o governo anunciou que o transporte das vacinas teria de ser adiado.

Depois do fracasso na operação, o Ministério da Saúde anunciou que iria usar a aeronave na distribuição de cilindros de oxigênio. Indagada, a assessoria da pasta não especificou quanto foi gasto na operação com o voo da Azul, nem o motivo pelo qual foram contratados dois fretamentos ao mesmo tempo, sem garantia de que as vacinas estariam disponíveis na Índia.

A precipitação do governo brasileiro ao anunciar a chegada das vacinas causara saia justa para o primeiro-ministro Modi. O Brasil nem avisou aos indianos que iria anunciar a chegada das vacinas. O governo da Índia, por conta da pressão política interna, não podia anunciar exportação de vacinas antes de iniciar a vacinação no país, e antes de doar para países vizinhos.

Na terceira tentativa de buscar as vacinas, o Itamaraty e o Ministério das Relações Exteriores indiano resolveram fazer tudo em sigilo, sem o envolvimento da Saúde, para que não houvesse risco de vazar a informação ou de haver pressão do Palácio do Planalto para alguma divulgação.

Foi só no dia 19 de janeiro que o ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, comunicou que a carga de vacinas seria liberada no dia 21. Ele solicitou “reserva e discrição”, e as duas chancelarias acordaram a divulgação conjunta da informação somente às 6h do dia 22 de janeiro.

O Ministério da Saúde não participou das deliberações, e o Itamaraty atuou em paralelo.

“Tão logo recebida a decisão do governo indiano de autorizar a exportação de 2 milhões de doses da vacina Covishield para o Brasil, o Posto buscou assegurar que seu transporte fosse efetuado o mais rapidamente possível. Nesse contexto, chegou ao entendimento com a empresa Serum (SII) que a forma mais rápida e eficiente seria a opção de transporte por avião comercial de carga, conforme a prática usual do fabricante, que é o maior exportador de vacinas do mundo”, diz um segundo telegrama enviado pela Embaixada do Brasil em Déli, no dia 22 de janeiro.

O mesmo telegrama relata que o custo do transporte seria US$ 55 mil e pergunta de que forma o governo brasileiro iria fazer o pagamento

Pazuello só soube do voo na última hora, quando as vacinas já estavam no aeroporto de Mumbai.

A Folha questionou a Fiocruz sobre o motivo de o valor do contrato fechado com a empresa de logística ser quase dez vezes maior do que o pago para a Emirates fazer o mesmo serviço.

“O Ministério da Saúde solicitou à Fiocruz a contratação de fretamento para essas vacinas. O transporte não poderia ser realizado apenas mediante o fretamento de um voo comercial, uma vez que o transporte de imunobiológicos envolve um conjunto de serviços complexos que exigem a contratação de uma empresa especializada em serviços dessa natureza", respondeu a Fiocruz, em nota.

"No caso da operação para o fretamento das vacinas da Índia, os serviços contratados da empresa DMS Agenciamento de Cargas e Logística consideravam não apenas o fretamento do voo, mas toda a operação, ou seja, a cadeia logística desse transporte, desde a retirada da carga da farmacêutica na Índia até a sua chegada na Fiocruz, incluindo ainda o aluguel de equipamentos especiais para a manutenção de temperatura da carga durante todo o trajeto e a tramitação aduaneira", acrescentou.

Procurado diversas vezes por telefone e email, o Ministério da Saúde não respondeu aos questionamentos da reportagem.

O Itamaraty afirmou que os custos da operação de importação foram cobertos pela Fiocruz. “A atuação do Itamaraty no enfrentamento da atual crise sanitária é coordenada com os órgãos do governo federal responsáveis pelo tema.”

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/08/em-voo-secreto-itamaraty-buscou-vacinas-da-india-por-10-do-valor-pago-pelo-ministerio-da-saude.shtml

quarta-feira, 7 de julho de 2021

Pandemia: os dois maiores impérios, EUA e China, tratam o Brasil com comiseração -

 

Vacinas contra covid: EUA devem anunciar nova doação ao Brasil

Mariana Sanches - @mariana_sanches

Da BBC News Brasil em Washington

Há 1 hora

Nos próximos 15 dias, os Estados Unidos deverão fazer uma nova doação direta de vacinas contra a covid-19 ao Brasil. Pessoas envolvidas na negociação afirmaram à BBC News Brasil que o fabricante e a quantidade das doses cedidas dessa vez ainda não estão definidos pelas autoridades americanas, que tampouco anunciaram formalmente a doação.

Mas já se sabe que o imunizante deve ser da Pfizer ou da Janssen, duas das vacinas das quais os americanos dispõem e que já foram liberadas para aplicação na população tanto pela agência de vigilância sanitária brasileira, a Anvisa, quanto pela americana, a FDA.

Os americanos detêm ainda um estoque de cerca de 60 milhões de doses da AstraZeneca-Oxford, que aguarda autorização da FDA para ser remetida ao exterior pela Casa Branca.

Se concretizada, a nova remessa será a segunda grande doação direta de vacinas dos americanos ao Brasil. A primeira, de 3 milhões de doses da Janssen, vacina de dose única da Johnson & Johnson, foi anunciada no fim de junho e é, até o momento, a maior doação feita pelos Estados Unidos a um único país.

Depois de vacinar com ao menos uma dose quase 70% de sua população, os Estados Unidos têm se movido rapidamente para fazer frente à China na chamada "diplomacia de vacinas".

Há duas semanas, o jornal O Globo publicou documentos do Itamaraty nos quais os diplomatas brasileiros relatavam sugestão de executivos da empresa chinesa Sinovac, desenvolvedora da Coronavac, para que integrantes do governo Bolsonaro moderassem o tom nas críticas à China para não complicar o envio de vacinas e insumos ao Brasil — mais da metade dos imunizantes aplicados no país até agora têm origem chinesa.

Diante da notícia, o assessor da Casa Branca para América Latina, Juan González, ironizou: "Cumpriremos (as doações) sem condições". As negociações pelas doses envolvem os gabinetes presidenciais dos dois países, além dos órgãos nacionais de saúde e a diplomacia de parte a parte.

Bolsonaro agradece em carta

Em 4 de julho, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro (sem partido) enviou carta ao presidente americano, o democrata Joe Biden, por ocasião do dia da independência americana, em que parabenizava o país pela data e agradecia o envio de doses ao Brasil.

Os dois mandatários ainda não se falaram pelo telefone, mas essa é a quarta carta que Bolsonaro destina a Biden, depois de ser um dos últimos chefes de países do mundo a reconhecer a vitória eleitoral do democrata sobre o republicano Donald Trump, seu aliado.

Nessa semana, outros países da América do Sul, como Bolívia e Paraguai receberão 1 milhão de doses de imunizantes americanos. Colômbia e Equador também já foram contemplados.

No caso do Brasil, além da importância política do país na região, pesou na decisão de uma segunda doação a gravidade da condição sanitária brasileira, que já ultrapassou a marca de 520 mil mortes por covid-19, o segundo maior número absoluto de mortes no mundo.

O país sofre com a falta de imunizantes — apenas 37% da população recebeu ao menos uma dose. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado investiga a responsabilidade do governo federal na escassez de vacinas.

Desde fevereiro, o Itamaraty pedia por doses aos EUA. Inicialmente, o Brasil tentou negociar a compra do excedente de imunizantes americano, o que não se mostrou viável.

A doação via Covax Facility, consórcio global de vacinas da Organização Mundial da Saúde, chegou a ser aventada, e parte de um lote de 25 milhões de doses americanas deve ser alocada pelo Covax, mas a solução demonstrou ter problemas para uma distribuição rápida do material entre diferentes países. Por isso, os americanos têm optado por doação bilateral.

A nova doação deve ser retirada pelo Brasil em território americano. A empresa aérea Azul Linhas Aéreas ou a Força Aérea do Brasil ficarão responsáveis pelo transporte.

Os americanos também já sinalizaram que poderão rever o destino de um lote de 20 milhões de doses, com vencimento previsto para setembro, originalmente encaminhado para o Covax Facility.

As dificuldades de distribuição do consórcio podem levar à perda do prazo de validade dos imunizantes e o Brasil já se apresentou como candidato para ficar com ao menos parte das doses próximas do prazo de vencimento.

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-57755661



Brasil é o país do mundo que mais recebe vacinas e insumos da China, diz embaixador Yang Wanming

"O Brasil é o país que mais recebe vacinas prontas e insumos farmacêuticos da China em todo o mundo", afirmou o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming. A família Bolsonaro dificultou a aceleração da imunização entre os brasileiros ao agredir o país asiático em plena pandemia

7 de julho de 2021, 10:09 h Atualizado em 7 de julho de 2021, 10:37  

247 - O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, afirmou que o país do governo Jair Bolsonaro é o que mais recebeu vacinas e insumos da potência asiática. Em plena pandemia, o clã presidencial brasileiro agrediu a China e, por consequência, dificultou a aceleração da vacinação entre os brasileiros. 

"Na tarde desta quarta-feira (7), chegarão a São Paulo um novo lote de mais de 2,7 milhões de doses prontas da vacina CoronaVac produzidas pelo laboratório Sinovav. Portanto, o Brasil é o país que mais recebe vacinas prontas e insumos farmacêuticos da China em todo o mundo", afirmou o embaixador.

Um dos ataques da família Bolsonaro veio em outubro de 2020, quando Jair Bolsonaro afirmou que não compraria vacina da China. 

Em novembro daquele ano, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) também agrediu o país asiático, desta vez sobre o 5G, dizendo que seria necessária uma "aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China".

Em nota, a embaixada chinesa rebateu as agressões do parlamentar e repudiou "os ditames dos Estados Unidos de abusar do conceito de segurança nacional para caluniar" o país asiático e cercear as atividades de empresas chinesas.

No primeiro semestre de 2020, quem havia atacado a China foi o então chanceler Ernesto Araújo, ao apontar ameaça de "pesadelo comunista" em artigo publicado em seu blog pessoal em abril daquele ano.

No segundo semestre do ano passado, o então ministro sugeriu que a China estaria tentando 'controlar o mundo'.

https://www.brasil247.com/mundo/brasil-e-o-pais-do-mundo-que-mais-recebe-vacinas-e-insumos-da-china-diz-embaixador-yang-wanming


sexta-feira, 28 de maio de 2021

O Itamaraty e as infelizes declarações "dipromáticas' de um presidente antidiplomático - noticias

 Itamaraty responde à CPI que não é fonte da declaração de Bolsonaro sobre 'guerra química'


CPI perguntou se origem da declaração do presidente, que fez referência indireta à China, é informação da pasta. 'Será que não estamos enfrentando uma nova guerra?', indagou Bolsonaro.

Por Gustavo Garcia, G1 — Brasília
28/05/2021 01h26  Atualizado há 6 horas

O ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto Franco França, encaminhou à CPI da Covid nesta quinta-feira (27) ofício no qual afirma que o Itamaraty não é a fonte de informação utilizada pelo presidente Jair Bolsonaro para levantar a hipótese de estar em curso uma "guerra química".

No último dia 5, em discurso durante cerimônia no Palácio do Planalto, Bolsonaro afirmou que "ninguém sabe" a origem do vírus da Covid-19, mencionou a "guerra química" e fez uma referência indireta à China, principal fornecedor de insumos para vacinas produzidas no Brasil.

"É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou nasceu por algum ser humano ingerir um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem o que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra? Qual o país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês", declarou Bolsonaro na ocasião. A China foi o único país com crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado.

Diante dessas declarações — e com base em um requerimento do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) — a comissão parlamentar de inquérito enviou ao Itamaraty e à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) um pedido de explicações, perguntando aos dois órgaos se eram a fonte da suspeita levantada por Bolsonaro.

À comissão, o Ministério das Relações Exteriores encaminhou a seguinte resposta:

"Este ministério não produziu ou forneceu informação 'sobre a possibilidade de estar em curso uma guerra não declarada, promovida por nação estrangeira, por meio de guerra química, bacteriológica e radiológica'."

A resposta da Abin ainda não foi encaminhada à comissão ou não foi disponibilizada no sistema da comissão no portal do Senado.

Repercussão
Embora Bolsonaro não tenha mencionado explicitamente a China, parlamentares interpretaram a afirmação como mais um ataque do presidente ao país asiático.

A fala de Bolsonaro foi criticada por integrantes da CPI. Omar Aziz (PSD-AM), presidente do colegiado, por exemplo, afirmou que a declaração "piora" a obtenção, pelo Brasil, de insumos contra a doença, uma vez que grande parte da matéria-prima para produção de vacinas vem da China.

No requerimento, Tasso Jereissati escreveu: "Trata-se de uma afirmação de alta gravidade na medida em que o comandante supremo das Forças Armadas adverte para a possibilidade de estar em curso um conflito não declarado, promovido por nação estrangeira".

Dois dias depois da declaração de Bolsonaro, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, se reuniu com o embaixador da China no Brasil. "Essas declarações do presidente não envolvem a China, e o presidente Bolsonaro tem atuado fortemente para incentivar a campanha de vacinação", afirmou Queiroga (vídeo abaixo).

Relação com a China
No pedido de informações encaminhado ao Itamaraty, Tasso Jereissati também quis saber em que estágio está se encontram as relações entre Brasil e China.

Na resposta, o ministro Carlos Alberto França diz que o país asiático é, desde 2009, "o maior parceiro comercial do Brasil e uma das principais fontes de investimentos estrangeiros no país". O ministro também apresenta dados da balança comercial Brasil-China, que, em 2020, teve um saldo positivo de US$ 33 bilhões.

A pasta também sustenta que, após o início da pandemia da Covid-19, a cooperação para o enfrentamento da crise sanitária "passou a ocupar lugar de destaque na agenda bilateral".

"Brasil e China dialogam e cooperam constantemente no enfrentamento da crise. A embaixada do Brasil em Pequim acompanha, em bases permanentes, os processos de autorização de exportação de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs) e tem agido com rapidez necessária. Segundo dados oficiais chineses, o Brasil é o terceiro maior importador de vacinas e IFAs provenientes da China", diz o documento encaminhado pelo Itamaraty à CPI.

Nesta quarta-feira (26), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu a agentes de inteligência do país a produção, em até 90 dias, de um relatório sobre a origem do Sars-CoV-2, o novo coronavírus causador da Covid-19.

Agentes norte-americanos trabalham com duas hipóteses: a de o coronavírus ter escapado por acidente de um laboratório ou — a hipótese que era mais aceita — de a origem da pandemia ter sido o contato de humanos com animais selvagens.

Em março, a Organização Mundial de Saúde (OMS) descartou a hipótese de que a pandemia tenha sido provocada por um acidente de laboratório.

https://g1.globo.com/politica/noticia/2021/05/28/itamaraty-diz-a-cpi-que-nao-e-fonte-da-declaracao-de-bolsonaro-sobre-guerra-quimica.ghtml

Saúde tentou importar IFA indiano para produzir cloroquina no Brasil

Por Wilson Lima
28.05.21 07:45

Durante a gestão Eduardo Pazuello, o Ministério da Saúde trabalhou pela importação do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) da hidroxicloroquina junto ao governo da Índia, com o objetivo de intensificar a produção do medicamento no Brasil.

A informação consta de ofício enviado pelo Itamaraty à CPI da Covid. O documento, ao qual O Antagonista teve acesso, ratifica o esforço brasileiro para ampliar a produção de um medicamento sem comprovação científica no tratamento de Covid.

Além de tentar importar o IFA, o Ministério da Saúde encomendou cloroquina para o Exército e para a Fiocruz.

Segundo o documento, o setor privado acionou o Itamaraty, em março do ano passado, para tentar facilitar a importação do IFA da cloroquina junto ao governo indiano. Entretanto, a Índia vetou as exportações do produto em virtude da alta demanda no mercado internacional.

Três meses depois, com as retiradas das restrições às exportações pelo governo indiano, coube ao Ministério da Saúde atuar “para verificar as condições de possível importação de IFA difosfato de cloroquina da Índia”, conforme documento encaminhado à CPI da Covid.

Após a interferência do Ministério da Saúde, o governo brasileiro recebeu ofertas para receber o IFA da Índia e de Bangladesh. Apesar do esforço diplomático, não houve formalização de contrato.

Leia na íntegra o ofício do Itamaraty (https://cdn.oantagonista.net/uploads/2021/05/cloroquina_Itamaraty_oficio.pdf)

https://www.oantagonista.com/brasil/saude-tentou-importar-ifa-indiano-para-produzir-cloroquina-no-brasil/

Itamaraty não apoiou conversas com a China por insumos, diz Covas

Diretor do Instituto Butantan voltou a culpar falas do governo federal por atrapalhar desenvolvimento da Coronavac no Brasil

BRASIL | Gabriel Croquer, do R7
27/05/2021 - 17H15 (ATUALIZADO EM 27/05/2021 - 17H16)

O diretor do Butantan, Dimas Covas, afirmou nesta quinta-feira (27), à CPI da Covid, que o ministério de Relações Exteriores sob gestão do ex-ministro Ernesto Araújo não ofereceu apoio diplomático ou logístico nas conversas com a China para a obtenção de IFA (Insumo Farmacêutico Ativo). 

Araújo, que também foi chamado à CPI, foi demitido do cargo em março, após pressão do Congresso para a aceleração do processo de vacinação no Brasil. Em publicações nas redes sociais, o ex-ministro se defendeu das acusações de que sua gestão teria atrapalhado a compra de vacinas e as relações com a China para envio de insumos. 

Ele deu a informação em resposta ao senador Fabiano Contarato ( Rede-ES), um dos últimos senadores a falar na sessão desta quinta-feira (27). Antes, Covas também havia afirmado que  declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fizeram o ministério da Saúde interromper negociações com o Butantan em 2020 para compra de 60 milhões de doses da Coronavac. 

Ainda de acordo com Covas, as falas de integrantes do governo federal prejudicaram o desenvolvimento do imunizante no país e, posteriormente, a entrega de remessas de insumos da China. 

Questionado pelo senador Jean Paul Prates (PT-RN) se o governo atuou para estimular a produção de vacinas no Brasil, Covas afirmou que "no caso do Butantan, especificamente no caso dessa vacina [Coronavac], não".

https://noticias.r7.com/brasil/itamaraty-nao-apoiou-conversas-com-a-china-por-insumos-diz-covas-27052021

quarta-feira, 28 de abril de 2021

Carência de vacinas: entre o Brasil e a Índia, os EUA ficam com esta, diz Ricupero (Valor)

 EUA tendem a privilegiar Índia e não Brasil ao doar vacinas, diz Ricupero

Embaixador e conselheiro emérito do Cebri diz na Live do Valor que Brasil tem chances, mas "governo não ajuda", enquanto Índia é considerada estratégica pelos americanos

Por Gabriel Vasconcelos, Valor — Rio

27/04/2021 12h57  Atualizado há 59 minutos

O embaixador e conselheiro emérito do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), Rubens Ricupero, afirma que o Brasil tem chances, mas está muito mal posicionado para receber excedente de vacinas contra covid-19 a ser doado pelos Estados Unidos. "O governo não ajuda", resume o diplomata, que já atuou em Washington. Ricupero analisou o cenário na Live do Valor desta terça-feira.

Ricupero afirma que há muito pouco excedente de vacinas no mundo, a maior parte restrita aos Estados Unidos, além de volumes pouco significativos em países menores, como Israel e Emirados Árabes Unidos.

"O que há de excedente de vacinas no mundo é muito pouco. Mesmo nos Estados Unidos, o que há de concreto são 10 milhões de doses da AstraZeneca. O resto [outras 50 milhões de doses] são estimativas de produção futura, de maio e junho", diz. Na visão do embaixador, no entanto, a doação de imunizantes pelos EUA é movimento em "franca evolução".

"Os americanos resistiram muito à ideia de exportar vacina enquanto toda a sua população não fosse vacinada. Mas agora isso mudou, embora ainda não esteja muito claro como vai acontecer. No início deram a impressão de que privilegiariam o consórcio Covax Facility, da OMS. Agora devem usar isso como instrumento de influência diplomática direta", diz Ricupero. Para ele, os EUA devem aderir à noção de diplomacia da vacina, praticada desde o início da crise por nações como China e Índia.

A Índia, que permitiu exportação de vacinas prontas e insumos no início, teria se arrependido com o agravamento da crise e registros diários de 350 mil novos casos de covid-19. O país, na visão de Ricupero, será o principal beneficiário das doações norte-americanas.

"Os Estados Unidos devem privilegiar a Índia na doação de vacinas. Essa preferência tem componente de geoestratégia", diz o diplomata ao citar a aliança dos EUA com Índia, Japão e Austrália, com quem formam o Grupo Quad (quadrilátero) na região do indo-pacífico a fim de fazer frente à China. "Já o Brasil não tem tanta importância estratégica e isso pesa", afirma Ricupero.

Mesmo assim, ele acredita que o Brasil tem chances por razões estruturais, embora tenha dinamitado o "componente de simpatia". "O Brasil é um país do hemisfério ocidental, tem relações fortes e históricas com os EUA e se qualifica pela dimensão do desastre sanitário. Mas o governo não ajuda."

Ricupero menciona, ainda, que o Brasil pode comprar ou permutar vacinas com os EUA diferentemente de países mais pobres, como os africanos. A estratégia já teria sido vocalizada pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que mantém contato com autoridades americanas e já teria dado como opção o pagamento ou adiantamento de doses a serem repostas posteriormente com o avanço da produção brasileira para uso diplomático dos EUA.

A entrevista, conduzida pelas repórteres Marsílea Gombata, da editoria Internacional, Daniela Chiaretti, especial de meio ambiente, do Valor em São Paulo, pode ser assistida na íntegra pelo site e pelas páginas do Valor no YouTube e no LinkedIn.

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2021/04/27/eua-devem-privilegiar-india-ao-doar-vacinas-brasil-esta-mal-posicionado-diz-ricupero.ghtml


terça-feira, 6 de abril de 2021

Brasil deve considerar fazer lockdown, diz Anthony Fauci - Entrevista exclusiva a Mariana Sanches (BBC-Brasil, de Washington)

 EXCLUSIVO 1) Líder do combate à covid-19 nos EUA, o médico Anthony Fauci me disse hoje q situação de pandemia do Brasil é 'mto grave' e se espalha pela América do Sul. País precisa acelerar vacinação e adotar medidas como 'lockdown'.

bbc.com

Exclusivo: Brasil deve considerar seriamente fazer lockdown, diz Anthony Fauci

  • Mariana Sanches - @mariana_sanches
  • Da BBC News Brasil em Washington

Enquanto grande parte do mundo vê uma diminuição no número de casos e mortes por covid-19, o Brasil vive seu maior pico na pandemia e responde hoje por um em cada três mortos pelo novo coronavírus no mundo. 

"Todos reconhecem que há uma situação muito grave no Brasil", afirmou o médico americano Anthony Fauci em entrevista exclusiva à BBC News Brasil.

Fauci é um dos olhares preocupados que a situação sanitária do país atraiu. Líder da força-tarefa contra a pandemia nos Estados Unidos, o médico ganhou proeminência global ao contrariar publicamente as declarações do então presidente americano Donald Trump, que minimizou a gravidade da pandemia e atuou contra medidas de distanciamento social e a favor de tratamentos sem eficácia comprovada contra a covid, como a hidroxicloroquina. 

Fauci prefere não tratar o Brasil como "ameaça", termo corrente na imprensa internacional diante da onda de contágio brasileira, mas reconhece que a grave situação do Brasil está se espalhando pela América do Sul e que, para contê-la, serão necessárias duas medidas: aumento na vacinação e adoção de medidas como lockdowns

"Não há dúvida de que medidas severas de saúde pública, incluindo lockdowns, têm se mostrado muito bem-sucedidas em diminuir a expansão dos casos. Então, essa é uma das coisas que o Brasil deveria pensar e considerar seriamente dado o período tão difícil que está passando", argumentou Fauci. 

Há três dias, no entanto, o ministro da Saúde do Brasil, Marcelo Queiroga, praticamente descartou essa medida ao dizer que "a ordem é evitar lockdown". 

Na outra frente, a das vacinas, a situação também não é confortável: apenas 20 milhões de brasileiros (pouco mais de 9% da população) já receberam ao menos uma dose de imunizante, e no ritmo atual não chegaria à metade da população neste semestre. 

Depois de recusar ofertas de vacinas da Pfizer, ameaçar boicotar a CoronVvac e não buscar outros fornecedores além da AstraZeneca-Oxford, cuja fabricação pela Fiocruz vem sofrendo sucessivos atrasos, o governo Bolsonaro se viu sem muitas opções para acelerar a chegada das vacinas aos braços brasileiros. 

Desde março deste ano, o governo federal tenta negociar a compra de alguns milhões de doses da vacina AstraZeneca-Oxford que estão sem uso nos Estados Unidos atualmente e não devem ser necessárias ao país, que conta com estoques de Pfizer, Moderna e Janssen suficientes para a população.

Fauci, no entanto, indica que os Estados Unidos não devem repassar essas doses ao Brasil em uma negociação bilateral. 

"Os Estados Unidos já desempenham um papel importante na tentativa de levar vacinas para outros países que precisam. Nós retornamos à Organização Mundial de Saúde (OMS), estamos nos juntando ao Covax", afirmou Fauci, em referêcia ao consórcio de países lderado pela OMS para distribuir vacinas aos países mais pobres.

O médico completou: "E já deixamos bem claro que assim que levarmos as vacinas para a esmagadora maioria das pessoas nos EUA, além de termos o suficiente para reforços, colocaremos o excesso de vacina à disposição dos países em todo o mundo que precisarem". 

Segundo ele, isso seria feito via Covax, que, no entanto, não deve trazer grande alívio à condição do Brasil, já que o governo federal optou por participar da iniciativa apenas com a cota mínima, de 42 milhões de doses (e até agora só recebeu 1 milhão delas).

Fauci, que chefia o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID) desde 1984, não quis comentar sobre a responsabilidade de Bolsonaro no agravamento da pandemia. 

Ele disse, no entanto, que o exemplo dos Estados Unidos, onde mais de 550 mil morreram de covid-19, mostra ao Brasil que "negar a gravidade do surto nunca ajuda. Na verdade, muitas vezes piora a situação". 

"Para controlar uma epidemia, você precisa admitir que tem um problema sério. Depois de admitir que tem um problema sério, você pode começar a fazer as coisas para resolvê-lo", afirmou Fauci. 

Para ele, os países que tiveram mais eficiência em lidar com a covid-19, como Austrália e Nova Zelândia, devem seu sucesso ao acerto de um comando central que contou com a cooperação da população. "Quando você tem conflitos, sejam eles políticos ou não, isso sempre diminui a eficácia do controle do vírus."

Leia a seguir os principais trechos da entrevista de Anthony Fauci à BBC News Brasil.

BBC News Brasil - Um em cada três mortos por covid-19 no mundo hoje é do Brasil. No país, as pessoas estão morrendo sem acessos a UTIs, há falta de oxigênio e sedativos em hospitais e uma desproporção no número de mortes de jovens. Como avalia o que está acontecendo? 

Anthony Fauci - O Brasil está passando por uma situação muito infeliz. A variante P1, que parece estar dominando o país, tem a característica de ser muito eficiente na propagação de pessoa para pessoa. Não temos certeza se causa uma doença mais séria (do que o vírus da covid-19 original), mas muito provavelmente pode. 

E, dado de que o Brasil ainda não vacinou uma grande proporção de sua população, é bastante compreensível que o sistema de saúde no Brasil esteja sobrecarregado. Está tendo um grande aumento de casos que teve um impacto muito negativo sobre o sistema de saúde, que, em muitos aspectos, não tem sido capaz de lidar com o fluxo de pacientes que chega agora. Então, todos reconhecem que é uma situação muito grave no Brasil.

BBC News Brasil - A vacinação contra covid-19 no Brasil segue em ritmo lento por falta de doses, e o presidente brasileiro foi à Justiça lutar contra a adoção de lockdown, que ele diz que não funciona. Considerando isso, que medidas o Brasil poderia tomar para combater a pandemia? 

Fauci - Não há dúvida de que medidas severas de saúde pública, incluindo lockdowns, têm se mostrado muito bem-sucedidas em diminuir a expansão dos casos. Você não precisa fazer um lockdown sem prazo pra acabar, mas, se restringir a circulação e garantir que todos usem máscara, você não terá pessoas se reunindo em ambientes fechados como em restaurantes e bares, e isso diminui o número de casos.

Portanto, acho importante ressaltar que esses tipos de restrições de saúde pública são cruciais para se obter controle sobre epidemias. Vimos em muitos outros países onde houve uma grande quantidade de casos que, quando as medidas de saúde pública foram implementadas, o número de casos diminuiu drasticamente. Então, essa é uma das coisas que o Brasil deveria pensar e considerar seriamente dado o período tão difícil que está passando.

BBC News Brasil - O jornal americano The Washington Post mostrou que a variante P1, surgida no Brasil, se espalhou pela América do Sul. Ela já foi identificada em 25 países. O mesmo jornal afirmou que a pandemia no Brasil faz do país uma ameaça global. O senhor vê o Brasil como ameaça, não só pela P1 como pela possibilidade de surgimento de outras variantes?

Fauci - Não vou fazer uma declaração de que o Brasil é uma ameaça, porque isso poderia ser tirado do contexto e seria uma frase de efeito infeliz. O que estou dizendo é que o Brasil está em uma situação grave que está se espalhando para outros países da América do Sul, o que é lamentável. E esse é um dos motivos pelos quais é muito importante para a América do Sul e o Brasil, em particular, tentar vacinar o máximo de pessoas o mais rápido possível.

Funcionários de hospitais em Manaus estão trabalhando sem recursos para salvar vidas

Crédito, Reuters

Legenda da foto, 

Fauci aponta que o Brasil passa por uma situação muito 'infeliz'

BBC News Brasil - Existem doses extras da vacina AstraZeneca-Oxford nos Estados Unidos que não estão sendo usadas. Alguns cientistas do país argumentam que as doses devem ser enviadas ao Brasil o mais rápido possível. Qual sua opinião?

Fauci - Os Estados Unidos já desempenham um papel importante na tentativa de levar vacinas para outros países que precisam. Como você provavelmente sabe, nós retornamos à Organização Mundial de Saúde, estamos nos juntando ao Covax, que é um consórcio de organizações e países cuja finalidade é levar doses de vacina para aquelas partes do mundo que não têm acesso às vacinas. Demos ou já prometemos US$ 4 bilhões (R$ 22,4 bilhões) em recursos para fazer isso. E já deixamos bem claro que assim que levarmos as vacinas para a esmagadora maioria das pessoas nos Estados Unidos, além de termos o suficiente para reforços, colocaremos o excesso de vacina à disposição dos países em todo o mundo que precisam delas.

BBC News Brasil - E isso vai ser feito por meio do Covax?

Fauci - Sim, por meio do Covax.

BBC News Brasil - Os Estados Unidos parecem já ter deixado para trás o maior pico de infecções. Que lições o Brasil pode tirar da experiência dos americanos?

Fauci - Acho que a lição é sempre seguir a ciência da maneira que venho tentando dizer há mais de um ano, porque, se você seguir a ciência, provavelmente terá um melhor controle sobre o vírus e será capaz de seguir as evidências que surgirem. 

Às vezes, é necessário impor restrições mais duras que são diretrizes de saúde pública para controlar a epidemia. Negar a gravidade do surto nunca ajuda. Na verdade, muitas vezes piora a situação. Para controlar um surto, você precisa admitir que tem um problema sério.

Depois de admitir que tem um problema sério, você pode começar a fazer as coisas para resolvê-lo.

O novo ministro da saúde, Marcelo Queiroga

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, 

Fauci se reuniu recentemente com Marcelo Queiroga, o quarto ministro da saúde do Brasil durante a pandemia

BBC News Brasil - É possível determinar o que faz de um país um exemplo de sucesso na pandemia? Poderia dar bons e maus exemplos disso e explicar o porquê? 

Fauci - Não vou dar maus exemplos. Vou te dar bons exemplos. Uma das coisas que é importante é que um país tem que se unir, e as pessoas têm que agir de forma uniforme, reconhecendo que o inimigo comum é o vírus e não ter conflitos sobre qual é a melhor abordagem. É preciso ter uma direção e garantir que a população seja cooperativa no cumprimento das ordens do poder central. 

Vemos em países como Austrália, Nova Zelândia, Taiwan e Cingapura, nos quais uma das decisões tomada foi a de fazer lockdown, e o país seguiu isso e entrou em lockdown. Quando foi a hora de abrir, houve a reabertura. Mas quando se tomou essa decisão de restringir certas coisas, todos cooperaram. 

É realmente uma situação em que é importante que haja cooperação, que as pessoas tenham o objetivo comum de combater o vírus. Quando você tem conflitos, sejam eles políticos ou não, isso sempre diminui a eficácia do controle do vírus.

Enfermeira vacina outra profissional da saúde contra a covid

Crédito, Reuters

Legenda da foto, 

A melhora da pandemia está diretamente relacionada com o avanço da vacinação, defende Fauci

BBC News Brasil - Deveríamos já ter uma vacina focada especificamente na variante P1?

Fauci - As vacinas funcionam muito bem contra a maioria das variantes. Acho que o importante é levar a vacina ao povo brasileiro o mais rápido possível. Não precisa ser específica contra a P1. A P1 diminui um pouco a eficácia (dos imunizantes), mas não a elimina. Portanto, é possível obter um grande benefício com a vacina padrão.

BBC News Brasil - O senhor vê dias difíceis pela frente para o Brasil?

Fauci - Acho que se você levar as vacinas ao povo brasileiro, as coisas vão melhorar com certeza. Isso é o que importa. Você tem que conseguir controlar (o contágio) com medidas de saúde pública, além de levar o máximo de vacina o mais rápido possível para o povo brasileiro.

BBC News Brasil - Existe uma disputa no Brasil agora porque as pessoas querem ir à igreja. Nós vimos isso nos Estados Unidos. O que diria sobre isso nesse momento difícil da pandemia?

Fauci - Diria que as pessoas precisam evitar ambientes fechados e cheios de gente. Sei que todo mundo quer ir à igreja, e isso é muito importante, mas é preciso ter cuidado ao lidar com lugares lotados. Geralmente, é um local de disseminação do vírus.

Minha mensagem ao povo brasileiro é tentar ao máximo evitar aquelas coisas que levam à propagação do vírus, usar máscaras, evitar ir a ambientes lotados, manter distância física, lavar as mãos. Sempre que você puder. Esses são os elementos básicos de saúde que, se os brasileiros seguirem, poderão controlar a pandemia.



sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

A vitória da China na nova diplomacia das Vacinas - Valor Econômico

 E se a China vencer a guerra das vacinas?

A China vem fazendo um grande esforço de exportação de suas vacinas, enquanto os países ricos do Ocidente estão priorizando vacinar as suas populações. Isso permite a Pequim ampliar sua influência no mundo

Valor Econômico | 19/2/2021, 5h

No século 20, os EUA lideraram o mundo no enfrentamento de duas ameaças globais. Venceram o nazifascismo, na Segunda Guerra Mundial, e o comunismo, na Guerra Fria, tornando-se a potência hegemônica. Quem vai liderar o mundo contra a covid-19? Esse papel vem sendo ocupado cada vez mais pela China. Uma vitória chinesa na guerra das vacinas poderá acelerar a ascensão do país neste século.

Apesar do otimismo recente com as vacinas, só uns poucos países conseguiram, até agora, avançar com programas amplos de vacinação. Os EUA aplicaram pouco mais de 56 milhões de doses. A China, 40 milhões. O Reino Unido, 16 milhões. A Índia, 9,42 milhões. Os demais estão abaixo de 7 milhões.

EUA e UE retém suas vacinas e dão espaço para avanço chinês

Faltam vacinas e, como alertou ontem o secretário-geral da ONU, António Guterres, a distribuição das vacinas é muito desigual. Dez países (incluindo o Brasil) concentram 75% das doses aplicadas, e 130 países ainda não receberam nenhuma dose.

Os países produtores deveriam aceitar vacinar mais lentamente as suas populações para enviar vacinas ao resto do mundo? A questão é complexa e a resposta tem repercussões importantes.

Os países ricos estão hoje mantendo quase exclusivamente para si as vacinas que produzem. Os EUA embarcaram numa política de America First. Em dezembro, Donald Trump assinou decreto que obriga as empresas que produzem no país a priorizar o mercado interno. Joe Biden manteve isso e recusou apelos recentes dos vizinhos México e Canadá e de aliados na

Europa pela liberação de mais vacinas. A União Europeia (UE), prejudicada por essa política americana, adotou regras para limitar a exportação de vacinas produzidas localmente, caso o mercado europeu não seja abastecido adequadamente.

Isso pode ser eleitoralmente eficaz nesses países, mas ameaça colocar o mundo contra o Ocidente e nos braços de China. 

A China, segundo levantamento divulgado nesta semana pelo jornal “South China Morning Post”, de Hong Kong, exportou ao menos 46 milhões de doses, entre vacinas prontas ou insumos para vacinas. Ou seja, mais do que aplicou localmente. É difícil saber quantas pessoas já foram de fato vacinadas no país. O dado é opaco, e suspeita-se que a vacinação começou bem antes de as vacinas serem oficialmente aprovadas. Ainda assim, a China não atingiu sua meta oficial de vacinar 50 milhões de pessoas até o fim de janeiro, algo insólito num regime que tem verdadeira obsessão por atingir metas.

O ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, já se referiu às vacinas chineses como “produtos públicos globais”. Enquanto a China fala diariamente em distribuir vacinas, EUA e UE falam só em quantas doses asseguraram para si mesmos. Na semana passada, Biden anunciou acordo para a compra de mais 200 milhões de doses da Pfizer e da Moderna, a serem entregues até julho. Além disso, essas empresas, que vêm atrasando envios para outros países, teriam concordado em antecipar entregas ao governo americano. Nesta semana, a UE anunciou acordos de compra de mais 200 milhões de doses da Pfizer e 150 milhões da Moderna.

Para a China, possivelmente é mais fácil exportar as vacinas em detrimento de seus cidadãos. Primeiro porque o país, assim como outros na Ásia, conseguiu controlar a epidemia, tendo poucos casos e poucas mortes. Mas também o regime chinês controla a mídia e a internet no país, e qualquer dissenso sobre a política de usar as vacinas para ganhar influência no exterior pode rapidamente ser abafado.

O impacto desse esforço chinês de fornecer vacinas para o mundo é evidente. Na América Latina, o México começou a vacinar primeiro, mas parou em 1,16 milhão de doses devido ao atraso das remessas da Pfizer. O mesmo ocorreu com o Chile, que também iniciou a vacinação em dezembro. As vacinas da Pfizer acabaram, mas a vacinação acabou decolando com a chegada das doses chinesas. Tem sido assim em todo o mundo.

Rússia e Índia também estão se movimentando nessa guerra das vacinas, mas sem o poder de mobilização da China. A Rússia, com pouca capacidade interna, fez acordos com dez países para terceirizar a produção da Sputnik V, mas esses países têm os seus gargalos, e a iniciativa ainda não decolou. A Argentina, que depende da vacina russa, aplicou até agora pouco mais de 600 mil doses. Já a Índia tem seus próprios obstáculos. Por ser uma democracia, o governo está sujeito à acusação de não priorizar a própria e imensa população. Assim, Nova Déli decidiu usar suas ainda escassas doses para ajudar os países vizinhos, numa disputa por influência regional com a China.

O atraso da vacinação não implica somente a continuidade da crise na saúde, com mais casos de covid-19 e mais mortes. Tem também impacto econômico (quem se vacinar primeiro sairá antes da crise econômica) e político. Muitos líderes pelo mundo estão sendo criticados e se sentem ameaçados por não conseguiram a vacina. Assim, obtê-la virou uma prioridade de sobrevivência política. Quem tiver vacinas para fornecer pode se aproveitar desse momento de fragilidade dos governos.

A França percebeu essa ameaça e ontem o presidente Emmanuel Macron propôs que EUA e UE repassem 5% de suas vacinas a países pobres. Mas o governo Biden rejeitou a proposta e reiterou que sua prioridade por enquanto é vacinar americanos.

É provável que, vencida a luta interna contra a covid-19, os EUA venham em socorro do mundo. A UE também já acenou com doar vacinas compradas e não usadas. Mas isso dificilmente acontecerá antes do fim deste ano. Até lá, é possível que a “diplomacia da vacina” chinesa já tenha sido retribuído com favores políticos, econômicos, comerciais e militares pelos países ajudados. Isso é ampliação de influência.

Não está claro se a China conseguirá manter essa política por muito tempo. Se os EUA vacinarem toda a sua população até meados deste ano, como pretende Biden, poderão ganhar uma vantagem competitiva importante, pois as medidas de restrição adotadas por Pequim para conter a epidemia têm um custo econômico e social alto.

Mas as implicações de longo prazo desse esforço chinês podem ser muitos importantes. As imagens de soldados americanos libertando a Europa na Segunda Guerra e da queda do Muro de Berlim levaram ao período de maior expansão global da democracia. Nas últimas décadas tem havido retrocessos. A cena das vacinas chinesas chegando pode ajudar Pequim a difundir o seu modelo.

https://valor.globo.com/politica/coluna/e-se-a-china-vencer-a-guerra-das-vacinas.ghtml


domingo, 18 de outubro de 2020

Governo Bolsonaro desmoralizou o liberalismo no Brasil - Ricardo Bergamini

 Salim Mattar pode ser um liberal por inteiro no caso das privatizações, e fez bem em deixar o governo que se recusa, por razões eleitoreiras (e por causa do estatismo do degenerado), em fazer privatizações que NÃO DEPENDEM do Congresso, mas se ele é, realmente um antivacinal, como se informa ao final, posso dizer com todas as letras que ele é UM IDIOTA COMPLETO!.

Paulo Roberto de Almeida 


Governo Bolsonaro desmoralizou o liberalismo no Brasil (Ricardo Bergamini).

 

Prezados Senhores

 

Afirmações do comunista Salim Mattar (ex-secretário especial de Desestatização e Privatização):

 

1 - Quando pediu demissão da equipe econômica do governo Jair Bolsonaro (sem partido), em 11 de agosto, Salim Mattar deixou claro que estava insatisfeito com o ritmo das privatizações. Agora, o ex-secretário especial de Desestatização e Privatização diz que o presidente abandonou a agenda liberal de olho na reeleição e que o ministro da Economia e seu ex-chefe, Paulo Guedes, está sendo "tolhido" por militares e outros ministros.

 

2 - Se ele [Jair Bolsonaro] quisesse, podia privatizar todas as empresas que não precisam [de aprovação] do Congresso. Depende só dele, [mas] falta vontade. Salim Mattar, ex-secretário de Desestatização:

 

- São 200 empresas estatais federais, sendo 46 com controle direto da União (18 dependentes exclusivas do tesouro nacional, e 28 não dependentes do tesouro nacional), e 154 com controle indireto (111 subsidiárias no Brasil, e 43 subsidiárias no exterior.

- Cabe lembrar que existem 154 empresas estatais com controle indireto do governo, que não necessitam de autorização do Congresso para serem vendidas. 

 

Os jornalistas vigaristas, pilantras e picaretas, que estão na folha de pagamento do SECOM do Bolsonaro, culpam o Congresso Nacional e o Judiciário como sendo os empecilhos das privatizações.

 

Mattar critica ministros e diz que Bolsonaro não privatiza para se reeleger

 

Filipe Andretta

 

Do UOL, em São Paulo

 

24/09/2020 16h53

 

Quando pediu demissão da equipe econômica do governo Jair Bolsonaro (sem partido), em 11 de agosto, Salim Mattar deixou claro que estava insatisfeito com o ritmo das privatizações. Agora, o ex-secretário especial de Desestatização e Privatização diz que o presidente abandonou a agenda liberal de olho na reeleição e que o ministro da Economia e seu ex-chefe, Paulo Guedes, está sendo "tolhido" por militares e outros ministros.

 

As declarações foram dadas ao canal virtual de Marcos Cintra, ex-secretário especial da Receita Federal, que foi demitido por Guedes em setembro do ano passado, porque defendeu a criação de um imposto sobre transações, como a antiga CPMF. Um ano depois, Guedes está em plena campanha pela aprovação de uma nova CPMF.

 

Na opinião de Matar, os militares no governo são uma "reserva moral", mas são despreparados para governar um país ou gerir empresas. O empresário também criticou os ministros Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia).

 

Falta vontade e base no Congresso

 

Bolsonaro tem expandido sua base no Congresso nos últimos meses, fazendo concessões aos partidos do Centrão. O líder do governo na Câmara, por exemplo, é o deputado Ricardo Barros (PP-RR), ex-ministro do governo Michel Temer.

 

Apesar disso, Mattar afirmou que Bolsonaro não pode cumprir todas as promessas de privatização porque não tem maioria no Congresso.

 

Mesmo assim, disse que Bolsonaro erra ao não vender empresas e subsidiárias que não precisam de autorização parlamentar.

 

Se ele [Jair Bolsonaro] quisesse, podia privatizar todas as empresas que não precisam [de aprovação] do Congresso. Depende só dele, [mas] falta vontade.Salim Mattar, ex-secretário de Desestatização.

 

No papel de entrevistador, Cintra lembrou que Bolsonaro não tem um histórico liberal e perguntou se Mattar confia na "fé débil dos recém-convertidos".

 

O ex-secretário respondeu que Bolsonaro nunca escondeu sua origem como deputado do "baixo clero", mas que o presidente "evoluiu" após entrar em contato com as ideias liberais de Guedes.

 

Pagar servidores porque Bolsonaro quer reeleição

 

Para Mattar, a desidratação do projeto de reforma administrativa, que muda as regras para o funcionalismo público, é um exemplo de como o presidente Bolsonaro abandonou a agenda liberal por estar mais preocupado com a próxima campanha eleitoral.

 

Bolsonaro não tomou algumas medidas, e a reforma administrativa é um cambeta, porque só vai pegar os futuros servidores. Ou seja, durante 30 anos nós vamos continuar pagando esses servidores [...] porque ele [Bolsonaro] deseja se reeleger.Salim Mattar, ex-secretário de Desestatização.

 

A reforma administrativa ficou parada durante meses no governo, o que levou ao pedido de demissão de outro secretário, Paulo Uebel, em agosto, junto com Mattar. Na época, Guedes qualificou a saída dos dois como uma "debandada" da equipe.

 

Menos de um mês depois, o governo tirou a reforma administrativa da gaveta e a enviou ao Congresso. Mas o projeto afeta apenas servidores futuros e poupa a elite do funcionalismo ao não atingir militares, parlamentares, juízes e membros do Ministério Público.

 

Apenas dois liberais no governo

 

Para Mattar, apenas os ministros Paulo Guedes (Economia) e Ricardo Salles (Meio Ambiente) são liberais dentro do governo.

 

"O Salles não pode fazer nada, porque não tem nada para privatizar. Ele está privatizando parques, o que é interessante", disse.

 

Mattar diz que Paulo Guedes "encarna hoje a figura do líder liberal para encaminhar o Brasil para outros rumos". "Porém, na medida em que ele vai para o governo, ele é tolhido", complementou.

 

Segundo o ex-secretário, Guedes só pode privatizar as empresas ligadas ao Ministério da Economia, e com restrições: teria sido proibido pelo presidente de vender bancos públicos e sofreu uma derrota no Congresso na tentativa de privatizar a Casa da Moeda.

 

Críticas a ministros

 

Mattar criticou ex-colegas de governo, principalmente o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. "Um cara trabalhador, dedicado, faz muita obra. Mas não é um liberal", afirmou.

 

O ex-secretário diz que Freitas poderia privatizar "com uma canetada" a EPL (Empresa de Planejamento e Logística), conhecida por ser a empresa criada no governo Dilma Rousseff para construir o trem-bala.

 

Outro alvo de críticas foi o ministro Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), por supostamente dificultar a privatização dos Correios e da Telebras.

 

Nós tentamos fechar, enquanto pertencia ao ministério do Marcos Pontes, os Correios e a Telebras. Não conseguimos. Agora, com o novo ministro, Fábio Farias [Comunicações], uma nova liderança em ascensão, que tem o respeito do presidente Bolsonaro, vai sim privatizar, coisa que não conseguimos em 18 meses de governo.Salim Mattar, ex-secretário de Desestatização.

 

Bolsonaro recriou o Ministério das Comunicações em julho, transformando-o na 23ª pasta deste governo. Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro havia prometido ter no máximo 15 ministérios.

 

Genro do dono do SBT, Silvio Santos, o ministro Fábio Faria (PSD-RN) é considerado parte do Centrão.

 

Apoio ao movimento antivacina

 

Fundador da locadora de carros Localiza, Salim Mattar é um entusiasta do liberalismo. Ele defende a menor intervenção do Estado nas liberdades individuais em todas as esferas e apoiou o movimento antivacina, comparando as vacinas à cachaça.

 

Quem é contra vacina obrigatória tem uma tendência liberal, porque o governo não tem o direito de pedir a ele para tomar uma vacina, como o governo não tem o direito de pedir a um cachaceiro que não beba cachaça. Fumar, beber, tomar vacina, isso é liberdade do indivíduo.Salim Mattar, ex-secretário de Desestatização.

 

Especialistas alertam que as vacinas são um instrumento fundamental para a redução de mortalidade e o aumento da qualidade e da expectativa de vida em todo o mundo.