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domingo, 11 de agosto de 2013

E por falar em espionagem...

História

Brasil espionou vizinhos na ditadura, revela arquivo

Arquivos secretos e inéditos desclassificados pelo Arquivo Nacional, em Brasília, descrevem o esquema de espionagem organizado pelo país

Veja.com, 11/08/2013

Ernesto Geisel, ex-presidente da Petrobras
Ernesto Geisel, ex-presidente da Petrobras (Carlos Namba )
Se hoje reclama da espionagem dos EUA, durante a ditadura o governo brasileiro criou uma rede oficial de recolhimento de dados sigilosos na tentativa de monitorar os segredos militares e estratégicos dos países vizinhos da América Latina. É o que mostram arquivos secretos e inéditos do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), que foram desclassificados pelo Arquivo Nacional, em Brasília. Os documentos mostram que, numa reunião do órgão, em agosto de 1978, foi criado o "Plano de Informações Estratégicas Militares", que descreve o esquema de espionagem organizado pelo Brasil.
A tarefa era clara: fornecer ao governo brasileiro informações estratégicas e secretas dos países da América Latina, deixando apenas EUA e Canadá de fora do plano. O documento mostra que essa missão caberia não apenas a adidos militares brasileiros no exterior, mas também ao Itamaraty. "O Ministério das Relações Exteriores atenderá às necessidades de informações estratégicas militares dos países da América Latina onde as Forças Armadas não estejam representadas por adidos militares", diz o documento.
Uma detalhada planilha explica ainda o que cada órgão de inteligência deveria investigar nos países vizinhos. Cinco órgãos de busca participavam dessa coleta de informações estratégicas -- quatro deles eram vinculados às Forças Armadas e o quinto era o Itamaraty, a quem cabia a tarefa mais ampla na captação de dados.
Informações - As informações contidas no documento não deixam dúvidas de que o objetivo era descobrir segredos militares dos vizinhos. Entre as tarefas estão a coleta de informações sobre a estrutura geral dos ministérios militares; sua organização e funcionamento; composição de cada Força; comandos; efetivos e equipamentos; distribuição e ordem de batalha; serviço militar; forças terrestres, navais, aéreas e combinadas; zonas defendidas; bases e obras permanentes no interior e no litoral; estrutura de defesa antiaérea, instalações subterrâneas; organização logística de forças terrestre, naval e aérea; contingente demográfico em idade militar, criação de animais de guerra, população de equinos, material bélico e até atividades de guerrilheiros, entre muitos outros itens. Todas essas planilhas receberam a classificação de secretas pelo EMFA.
A periodicidade do envio dessas informações também estava definida no plano. A maioria deveria ser enviada anualmente, seguindo uma data fixada pelos militares. O levantamento sobre a organização das Forças Armadas dos vizinhos, por exemplo, deveria ser enviado todos os anos em abril, assim como os dados sobre instalações de defesa. Informações sobre logística militar tinham como prazo de entrega o mês de julho, mesmo prazo estipulado para envio de informações sobre movimentos guerrilheiros nos países observados.
Informações consideradas mais relevantes, como a de mobilização militar, deveriam ser repassadas para o governo brasileiro assim que fossem obtidas. Já se sabia que os diplomatas brasileiros, por instrução do governo militar, monitoravam as atividades de integrantes de grupos de esquerda no exterior durante a ditadura.
(Com Estadão Conteúdo)

terça-feira, 9 de julho de 2013

Espionagem eletronica: ditaduras SEMPRE usam contra a liberdade de expressao, diferente das democracias...

Report: Web monitoring devices made by U.S. firm Blue Coat detected in Iran, Sudan

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The Washington Post, Monday, July 8, 2013

American-made devices used for Internet monitoring have been detected on government and commercial computer networks in Iran and Sudan, in apparent violation of U.S. sanctions that ban the sale of goods, services or technology to the autocratic states, according to new research.
Several of the devices, manufactured by California-based Blue Coat Systems, were also discovered in Syria. Although Blue Coat tools have been identified in Syria in the past, the new research indicates that the government of President Bashar al-Assad has more of the monitoring devices than previously known.
Experts say that in Syria, Blue Coat’s tools have been used to censor Web sites and monitor the communications of dissidents, activists and journalists. In Iran and Sudan, it remains unclear exactly how the technologies are being used, but experts say the tools could empower repressive governments to spy on opponents.
“These devices are turning up in places they’re not supposed to be,” said Morgan Marquis-Boire, a project leader at the University of Toronto’s Citizen Lab, which detailed the findings in a new report provided to The Washington Post. “The human rights implications of finding these surveillance technologies in these countries are extremely worrying. It’s a systemic problem.”
Blue Coat promotes itself as a leading provider of Web security and management. According to its Web site, it has 15,000 government and corporate customers worldwide. Its products, including high-end computer systems, are used for myriad purposes, including filtering for computer viruses and child pornography.
Some technology experts, however, have argued that because Blue Coat’s tools have various uses, they fall into regulatory gaps and are thus not subject to certain export restrictions.
“The only thing stopping the export of human-rights-abusing equipment to a country like Sudan is the blanket restriction on exports under the sanctions program,” said Collin Anderson, an independent consultant on the Blue Coat report, which is to be released Tuesday. “There are no controls in place right now on equipment that can also be used to violate human rights.”
David Murphy, Blue Coat’s chief operating officer and president, said the company takes reports about its products in countries under U.S. trade embargoes very seriously. The firm, he noted, is cooperating with a U.S. investigation into how a reseller managed to get the devices into Syria on a few occasions in 2010 and 2011.
“Blue Coat has never permitted the sale of our products to countries embargoed by the U.S.,” Murphy said. “We do not design our products, or condone their use, to suppress human rights. . . . Our products are not intended for surveillance purposes.”
A spokesman for the Treasury Department’s Office of Foreign Assets Control, which enforces U.S. sanctions, declined to comment on the new allegations other than to say, “Treasury takes sanctions violations very seriously and has aggressively pursued enforcement actions where violations have occurred.”
Blue Coat is not the only U.S. company at the center of concerns or allegations that its technology has been used by governments linked to human rights abuses. In 2011, activists raised concerns that technology made by Sunnyvale, Calif.-based Narus, now owned by Boeing, might have been used by the Egyptian government to track activists during the Arab Spring protests there. The firm has not commented on the allegations. In 2011, the Falun Gong movement filed a federal lawsuit alleging that Cisco Systems, which makes Internet routers, sold surveillance technology to the Chinese government for use in tracking members of the movement. Cisco has denied the allegations.
Still, Blue Coat has attracted particular scrutiny from the Citizen Lab, whose latest report marks the third time it has found the firm’s technology in countries with governments linked to human rights abuses. In its investigation, the Citizen Lab focused on two Blue Coat devices: ProxySG and PacketShaper. The tools can be used for Web filtering and traffic analysis and can help users view certain types of encrypted traffic, capabilities that are useful both to network security technicians and spy agencies.
Researchers uncovered the tools by analyzing a massive database of 1.3 billion Internet protocol addresses compiled anonymously by someone who apparently used a network of hacked computers to generate the data — in itself a controversial technique. The Citizen Lab, which said it was satisfied that using the Internet database for research was not illegal or unethical, said it verified the results independently by manually connecting to the devices on these countries’ networks.
The Citizen Lab, based at the Munk School of Global Affairs, found six devices in Iran, three in Sudan and four in Syria, including on networks operated by the state-owned Syrian Telecommunications Establishment. Each device, Marquis-Boire said, probably can monitor the traffic of thousands of individual users.
Blue Coat’s filtering tools were first discovered in Syria in 2011 by a “hacktivist” group, prompting a Commerce Department probe and, in April, a $2.8 million civil fine for one of the firm’s distributors in Dubai.
The department’s Bureau of Industry and Security, which enforces export rules, said the distributor falsely told Blue Coat that the products were being shipped to Iraq and Afghanistan.
“It is vital that we keep technology that can repress the Syrian people out of the hands of the Syrian government,” Eric L. Hirschhorn, the Commerce Department’s undersecretary for industry and security, said in April when the bureau announced the fine imposed on the Blue Coat distributor, Computerlinks FZCO.
Computerlinks FZCO said that under the terms of its settlement it was neither admitting nor denying the allegations.
In a statement to The Post, Blue Coat said, “Even when our products are unlawfully diverted to embargoed countries without our knowledge, we use various techniques to limit our products from receiving updates or support from our servers or support personnel.” Researchers said that blocking ability suggests the company can identify the location of its tools; Blue Coat declined to comment.
Large numbers of opposition members, Assad political opponents and journalists have been subject to arbitrary detention and torture in Syria since the outbreak of violence in that country in 2011. Activists say security forces often target the computer activity of opponents.
“When they arrest you, the first question is, ‘Where is your laptop and what is your password?’ ” said Bassam al-Ahmed, a Syrian human rights activist who was arrested last year and escaped to Istanbul. “Unfortunately, it’s so easy for the regime forces to know everything,” he said. “In most cases, they do.”
Iran, which uses sophisticated tools to censor the Internet and crack down on dissidents, is also facing tough economic sanctions imposed by Western countries seeking to curb its nuclear advances. Still, the Citizen Lab said it detected the presence of Blue Coat’s devices on several networks, including one belonging to the Information Technology Co., which is partially owned by Iran’s Revolutionary Guard Corps. The elite unit is believed to be heavily involved in Iran’s censorship of the Internet.
In Sudan, the Citizen Lab identified the Blue Coat devices on the networks of commercial Internet service provider Canar Telecom. The country, which also faces U.S. sanctions, continues to use the Internet to restrict freedom of expression and crack down on journalists. Sudanese Internet service providers have censored Web sites covering sensitive political protests.
The Citizen Lab said it has found Blue Coat devices in at least a dozen other countries that have poor human rights records, although those countries are not necessarily subject to U.S. sanctions. They include China, Bahrain, Saudi Arabia, Thailand, the United Arab Emirates and Ivory Coast.
Blue Coat, the latest report noted, showed an ability “to turn principles into practice” this year when it removed the “lesbian, gay, bisexual and transgender” category from its Web filter after civil-society groups raised concerns over the discriminatory nature of such a category and its use by the Defense Department and other institutions.

domingo, 16 de junho de 2013

Enquanto o Imperio espiona o mundo inteiro, um outro imperio espiona algumas pessoas do mundo...

Cada um na medida da sua justa proporção, ou de sua agenda política...

Espionagem no porto
Disfarçados de portuários, quatro agentes da Abin - o serviço secreto do governo - foram presos sob suspeita de bisbilhotar a vida do governador Eduardo Campos, pré-candidato à Presidência da República
Hugo Marques e Rodrigo Rangel
Revista Veja, 15/06/2013

Abin em ação para coletar informações que pudessem ser utilizadas contra a campanha presidencial do governador de Pernambuco

É colossal o esforço do governo para impedir que decolem as candidaturas presidenciais do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e da ex-senadora Marina Silva (sem partido). Nos últimos meses, a presidente Dilma Rousseff reacomodou no ministério caciques partidários que ela havia demitido após denúncias de corrupção, loteou cargos de peso entre legendas desgarradas da base aliada e pressionou governadores do próprio PSB a minar os planos de Campos. Sob a orientação do ex-presidente Lula, Dilma trabalha para Montar a maior coligação eleitoral da historia e, assim, impedir que eventuais rivais tenham com quem se aliar. A maior parte dessa estratégia é posta em pratica a luz do dia, como a volta dos “faxinados” PR e PDT a Esplanada, mas ha também uma face clandestina na ofensiva governista, com direito a espionagem perpetrada por agentes do estado. Um dos alvos dessa ação foi justamente Eduardo Campos, considerado pelo PT um estorvo à reeleição de Dilma pela capacidade de dividir com ela os votos dos eleitores do Nordeste, região que foi fundamental para assegurar a vitória da presidente em 2010.
0 Porto de Suape, no Recife, carro- chefe do processo de industrialização de Pernambuco, serviu de arena para o até agora mais arrojado movimento envolvendo essa disputa pré-eleitoral. No dia 11 de abril, a Policia Militar deteve quatro espiões da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que fingiam trabalhar no local, mas há semanas se dedicavam a colher informações que pudessem ser usadas contra Campos. A Secretaria de Segurança Pública estadual já monitorava os agentes travestidos de portuários fazia algum tempo. Disfarçados, eles estavam no estacionamento do porto quando foram abordados por seguranças. Apresentaram documentos de identidade e se disseram operários. Acionada logo depois, a PM entrou em cena. Diante dos policiais, os espiões admitiram que eram agentes da Abin, que estavam cumprindo uma missão sigilosa e pediram que não fossem feitos registros oficiais da detenção. 0 incidente foi documentado em um relatório de uma página, numa folha de papel sem timbre, arquivada no Gabinete Militar do governador. Contrariado com a espionagem, Eduardo Campos ligou para o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, general Jose Elito Siqueira, a quem o serviço secreto do governo está subordinado.
Em uma reunião com aliados do PPS, o governador contou que o general garantiu que não houve espionagem de cunho político, ou de viés eleitoral, mas apenas um trabalho rotineiro. “Nos fazemos apenas monitoramento de cenários para a presidenta”. ponderou o chefe do GSI. Apesar da gravidade do incidente, o caso foi dado como encerrado pelos dois lados. Poucas pessoas souberam da história. A elas, Campos explicou que não queria tornar público o episódio para não “atritar” ainda mais a relação com o Palácio do Planalto nem causar um rompimento entre as partes. Mas houve desdobramentos. “Tive de prender quatro agentes da Abin que estavam me monitorando”. Revelou Eduardo Campos. E ainda desabafou: “Isso é coisa de quem não gosta de democracia, de um governo policialesco”. Pediu aos aliados que o assunto fosse mantido em segredo. “Não tenho nada a dizer sobre isso”, desculpou-se na semana passada o deputado Roberto Freire, presidente da legenda, que estava presente a reunião.

Os agentes detidos no Porto de Suape trabalham na superintendência da Abin em Pernambuco. São eles: Mario Ricardo Dias de Santana, Nilton de Oliveira Cunha Junior, Renato Carvalho Raposo de Melo e Edmilson Monteiro da Silva. No dia da detenção, usavam um Palio (JCG-1781) e um Peugeot (KHI-1941). A placa do Pálio é fria, não existe. Já a do Peugeot é registrada em nome da própria Abin. Na semana passada, o agente sênior Mario Santana se aposentou. Nilton Junior e Renato de Melo davam expediente normalmente na superintendência. Já Edmilson Silva, na quinta-feira, estava escalado para o plantão noturno. Nada mais natural. Edmilson Silva tem uma dupla jornada de trabalho. Além de espião, é vereador, eleito pelo PV, no município de Jaboatão dos Guararapes. Vive, portanto, urna situação curiosa. Durante o dia, como vereador, é um defensor das liberdades. Às escuras, como araponga, une-se aos colegas de repartição para violá-las. “Fui ao Porto de Suape algumas vezes apenas para visitar amigos”, disse a VEJA o agente-vereador.