O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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domingo, 18 de dezembro de 2011

Desumanidade animal... a proposito da morte de um cachorrinho...

Ouvi a notícia no rádio, e confesso que fiquei chocado. Como alguém pode matar um cachorro, que é sempre fiel a quem cuida dele, geralmente seu dono? Como alguém é capaz de tanta crueldade?
Não sei. Apenas transcrevo uma homenagem aos cachorros, e uma reflexão sobre esse tipo de barbaridade de um jornalista conhecido.


Reinaldo Azevedo, 18/12/2011

Cotó, o meu amigão, que se foi em outubro
Houve uma verdadeira comoção nas redes sociais, e não sem razão, por causa de um cachorrinho espancado até a morte por uma mulher na presença de uma criança. Comecei a ver e parei. Não tenho estômago para essas coisas. Esse tipo de brutalidade, com gente ou com bicho, me deixa, sem exagero, de estômago meio embrulhado. O desconforto, moral em primeiro lugar, passa imediatamente a ser físico. Gosto de animais. Quando moleque, tive gatos — muitos: catava os filhotes abandonados na rua e os levava pra casa, o que deixava a minha mãe louca da vida —, papagaio, pomba, porquinho da índia, coelho daquele orelhudo… Moram aqui conosco, vocês sabem, duas cachorras e uma tartaruga. Escrevi, não faz tempo, o adeus a Cotó, o meu amigão que vocês vêem aí no alto, que morreu em outubro. A crueldade daquela moça, pouco importa o pretexto, é incompreensível pra mim. Do pouco que vi, não se tratava de alguém num ataque de fúria, vingando-se de alguma coisa desagradável que o cão tivesse feito. Sua brutalidade era meio burocrática, pausada, refletida até. Como pode?
Costumo escrever sobre a chamada macropolítica, isto que as pessoas entendem normalmente por política: o jogo do poder, as forças que se organizam para dominar o estado e governar a sociedade, os partidos etc. Mas gosto mesmo é quando surge um tema que diz respeito à política dos indivíduos, àquilo que cada um de nós entende sobre a vida, as pessoas, as relações. Eu levo a sério a máxima de que, ao fazer escolhas no dia a dia, escolhemos em que mundo queremos viver, anunciamos o nosso ideal. O homem sempre há de se perguntar, diante de um ato que tem conseqüências que vão além da sua própria vida, se o mundo seria melhor ou pior se todos agissem como ele. Quem se nega a fazer essa pergunta é, potencialmente ao menos, um monstro moral.
O psicopata não reconhece a existência do “outro”; o sociopata não reconhece a existência dos outros. Aqueles delinqüentes que vemos a jogar latinhas de cerveja na pista nunca pararam para refletir como seriam as estradas se todos fizessem o mesmo. Os que ultrapassam pela direita, andam no acostamento ou varam o sinal vermelho só agem desse modo na certeza de que a maioria cumpre as leis. Não duvidem: indivíduos com esse comportamento costumam ficar furiosos caso sejam prejudicados por ação idêntica. Entendem que seu papel é andar fora das regras; o dos outros é cumpri-las.
A moça que espancou o cachorro é enfermeira. O fato gerou uma onda de especulações. Se trata assim um bicho, o que não fará com os seus doentes? A pergunta, notem, cheia de justa indignação, não deixa de trair uma inversão, ou uma subversão, de valores. Parece-me que a boa tradição humanista nos recomenda outra constatação: quem não respeita nem os seres humanos tampouco há de respeitar os cães. Entendo, no entanto, as ilações a que o caso convida: ela só se portou daquele modo porque a vítima não tinha como se defender, como contra-atacar. Matar um yorkshire, convenham, é coisa para covardes. Os valentes tentariam pegar na unha um pit bull ou um rottweiler. Doentes, numa cama, estariam mais para yorkshire…
Sim, a indignação faz sentido, e o fato de ela ser enfermeira parece ser um constrangimento adicional. Mas também é preciso saber a hora em que as coisas passam do ponto. Os comentários que circulam na rede sobre aquela senhora são horripilantes. E até alguns políticos já decidiram dar pitaco. Há quem pregue abertamente que ela seja submetida ao mesmo tratamento que dispensou ao cachorro, o que nos joga, no que diz respeito àquele terreno das escolhas, numa situação muito delicada: seria aceitável que se fizesse com um ser humano o que consideramos, e com razão, inaceitável que se faça com um cão?
Na era das redes, é preciso ir devagar. É mais fácil linchar pessoas do que matar cachorros, e uma e outra coisa são inaceitáveis. Se essa moça, por qualquer razão, fosse presa numa cela comum, correria, de fato, um sério risco de experimentar o tratamento que dispensou ao yorkshire, e não faltaria quem dissesse: “Mais do que merecido! Como ela pôde fazer aquilo com um bichinho, que nem podia se defender?” O amor pelos bichos que nos humaniza é virtuoso. Mas convém que amemos igualmente os homens, mesmo aqueles que são meio tortos na vida.
Já disse o quanto aquilo me constrangeu. Deixei o escritório por alguns instantes para comer uma fruta. Passo pela sala, e Lolita estava esticada no chão da sala, curtindo o calor. Pipoca estava aboletada numa poltrona e sabe que está no lugar errado. Ao me ver, não tem dúvida: fica de barriga pra cima, com as patinhas traseiras no ar, as dianteiras dobradas, em sinal de submissão, e espera o que sabe que terá: um afago na barriga. A outra me segue até a cozinha à espera de um pedacinho de pêra, de mamão… Que tipo de gente espanca cachorro, Santo Deus!? Mas não me peçam para condescender com espancadores de homens.
Fala-se até em prisão para a mulher com base no Estatuto da Criança e do Adolescente. Bem, talvez seja o caso de verificar se tudo vai bem com ela e tal. Mas vamos devagar! A exposição da criança, da forma como está se dando, não me parece também coisa saudável. Mais: como deixar de considerar que o vídeo é uma óbvia invasão de privacidade?
Já publiquei aqui “Anedota Búlgara”, um poema de Drummond:
Era uma vez um czar naturalista
que caçava homens.
Quando lhe disseram que também se caçam borboletas e andorinhas,
ficou muito espantado
e achou uma barbaridade
Amemos os bichos!
Amemos os homens!
Todos são dignos do nosso afeto.
Mas só aos homens podemos dispensar compaixão e perdão!

Pipoca há alguns minutos: "Você não vai me tirar daqui, né?"

sábado, 19 de novembro de 2011

De grandes idiotas e modestos "livreiros": sempre confirmando o que se pensa...

Alguns -- provavelmente os mesmos que se inquietam que eu chame tanta gente graúda de idiota -- escrevem de vez em quando para me perguntar como eu posso ser tão cáustico e tão implacável em relação a certos idiotas consagrados (quase escrevo "intelectuais", o que seria um erro monumental), quando eles (os idiotas, não os que me escrevem) fazem tanto sucesso, publicam tantos livros, são acolhidos entusiasticamente pela grande imprensa e falam algumas grandes "verdades" sobre esse sistema perverso que se chama capitalismo.
Pois bem, não sou apenas eu que acho certas vacas sagradas grandes idiotas.
Vejam o que recebi de um comentarista simpático e inteligente: 



AlexRene deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Slavoj Zizek: idiotas completos precisam ser chama...": 

Não sei se algum de vocês lerá este comentário, mas lá vai:

Trabalho numa livraria e percebi o balbúrdio por este escritor através das revistas. Como leitor curioso que sou, peguei o "Primeiro como tragédia, depois como farsa" e li as primeiras 50 páginas.

Infelizmente para seus defensores, tenho que concordar com este post e o artigo reproduzido. Trata-se da antiga teoria travestida de novos ares. Incrível perceber a agressão no modo de escrever deste autor, quase não respeitando o leitor, declarando-o inapto a entender algo que está em sua cara.

No texto ele faz um paralelo entre o 11/9 e a crise de 2008, tentando encontrar defeitos que realmente existem no capitalismo, mas que justifiquem a sobrevida do comunismo... não passa de um adolescente tardio polarizando tudo em capitalismo e socialismo, quando, do proprio capitalismo, ele não entende as suas ramificações e ideologias. Chego a pensar que ele não distinguiria Utilitarismo de Liberalismo...

Seus livros deveriam ser postos na sessão infanto-juvenil de qualquer livraria, pois eu não entendo adultos que ainda defendam um sistema social como este.

Bem, eu continuarei a chamar idiotas de idiotas, e os grandes idiotas de idiotas supremos...
Paulo Roberto de Almeida

Sobre a famosa Mao Invisivel de Mercado (retomando um texto antigo, mas ainda valido)

Um visitante costumeiro, e fiel, a quem agradeço, me recorda um post meu de quase dois anos atrás, que ainda preserva toda a sua atualidade, pois todo vemos "economistas", políticos e outras almas ingênuas lançarem pragas contra a "ditadura dos mercados" e os efeitos nefastos destes últimos sobre a atividade econômica e sobre a vida das pessoas, que de outra forma, segundo esses personagens simplórios, seriam eficientíssimos, perfeitos, capazes de trazer felicidade a todos e a cada um, se não fosse, justamente, a tal de "ditadura dos mercados".
Desculpo-me com os que acham que eu abuso da minha liberdade de chamar outras pessoas de idiotas, mas se tem uma frase que eu considero como a suprema demonstração de idiotice congenital é justamente essa, de pessoas que não tendo nada de mais inteligente para tentar explicar as razões da crise atual, que pretendem que a culpa de tudo isso que está acontecendo "é dos mercados".
So what, diriam os ingleses. O que mais os idiotas supremos querem que aconteça? Que os mercados se comportem como elas esperam?
Aí sim, seria a suprema idiotice dos mercados, que ao contrário do que acreditam esses ingênuos, não são idiotas. Aliás, os mercados não são absolutamente nada e são tudo: eles apenas existem, e sempre vão poder prevalecer sobre a opinião de idiotas supremos, mesmo quando eles exibem um Prêmio Nobel...
Pois fiquem com o meu post de:


SEGUNDA-FEIRA, 25 DE JANEIRO DE 2010

1758) O velho papo da mao invisivel e os novos profetas

Em artigo intitulado

A Mão Invisível do Mercado,

escrito para o Project Syndicate e reproduzido pela Folha de São Paulo (27/12/2009), o economista e professor da Columbia University, Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia, diz que a lição da crise 

"é a de que os mercados não são capazes de autocorreção. De fato, na ausência de regulamentação adequada, tendem ao excesso. Em 2009, vemos uma vez mais o motivo. A mão invisível de Adam Smith muitas vezes pareceu realmente invisível, porque não estava lá. A defesa de seus interesses próprios pelos banqueiros (ou seja, a cobiça) não conduziu ao bem estar da sociedade, não serviu nem mesmo aos interesses dos acionistas e dos detentores de títulos dos bancos".

Trata-se de notável equívoco quanto ao que disse realmente Adam Smith e quanto ao significado dos mercados livres. Em primeiro lugar, Smith nunca defendeu, realmente, nenhuma política, ou "teoria" como querem alguns, relativamente aos méritos, mais supostos do que reais, dessa famosa construção intelectual identificada como "mão invisível". O que ele disse, concretamente, é que os agentes econômicos, deixados livres para realizarem seus interesses individuais -- ou seja, ao perseguirem unicamente sua própria cobiça -- acabam satisfazendo melhor aos desejos da sociedade do que se estivessem unidos, num suposto acordo coletivo para realizar o bem comum. Adam Smith diz que, ao agirem de forma absolutamente descoordenada e cada qual perseguindo seu próprio interesse, eles acabam atuando em benefício da sociedade, como se uma mão invisível pairasse acima da sociedade a guiar as ações dos indivíduos.
Ou seja, trata-se de uma figura de estilo, não de uma prescrição de política. Justamente em função da ausência de coordenação, agentes individuais não determinam uma política, mas são simplesmente guiados pelo comportamento dos mercados: se eles encontram clientes para seus produtos e serviços, excelente: terão lucros e ficarão mais ricos. Se, ao contrário, os clientes deles se afastarem, por preços altos ou má qualidade, eles perderão dinheiro e serão expulsos do mercado, a menos que se corrijam rapidamente ou mudem seu modo de atuação (por vezes inclusive mudando de ramo, por incapacidade de competir em mercados livres).

Contrariamente ao que diz Stiglitz, mesmo quando cometem excessos -- e os mercados só cometem excessos porque os clientes sustentam a demanda, mesmo em condições adversas, ou seja, preços das ações em ascensão ou otimismo exagerado quanto aos retornos esperados -- os mercados SEMPRE se corrigem a si próprios, inevitavelmente, pois esta é a função dos mercados.
Isso é tão evidente, que não seria preciso repetir: quando há uma defasagem qualquer no mercado, alguém perderá dinheiro, ou o ofertante do bem ou serviço, ou o cliente suposto, o que provocará quase automaticamente uma resposta no sentido contrário: a retirada do ofertante ou do cliente-consumidor do mercado, ambos por perdas realizadas. Isso pode até demorar um pouco para ocorrer, na ausência de informações fiáveis ou adequadas, mas ocorrerá inevitavelmente.

Ocorre, porém, que, orientados por aprendizes de feiticeiro, como Stigltiz, os governos acham que podem melhor regular os mercados do que os agentes primários, os tais da "mão invisível", e passam a determinar como, quando e a que preço podem ser realizadas tais e tais transações.
Isso é tão evidente, que eu não precisaria tampouco recordar o que ocorre de fato nos mercados.
Quem determina a taxa de juros básica não é o mercado, mas o governo. Quem diz para quem, por quanto e por quanto tempo devem ser oferecidos empréstimos imobiliários é em grande medida o governo, que pretende "estimular" o mercado imobiliário e ser generoso com o seu corpo eleitoral, oferecendo casas baratas e financiadas a perder de vista.
Ou seja, quem cria as condições para as bolhas financeiras ou imobiliárias é o governo, não os mercados.
Mercados deixados livres NUNCA fixariam os juros a 2% durante três anos como o fez o Federal Reserve americano, em TOTAL DESCOMPASSO com o mercado real de oferta e demanda de dinheiro. Taxas artificialmente baixas, em descompasso com a inflação e a remuneração dos poupadores é um tremendo estímulo à formação de bolhas, jamais seriam fixadas ao sabor dos mercados, que teriam CORRIGIDO automaticamente esse descompasso.

Portanto, contrariamente ao que diz Stiglitz, os mercados são, sim são capazes de autocorreção, e o fariam se não fosse a MÃO VISÍVEL do governo que atua em descompasso com os dados fundamentais do mercado. Quem disse ao professor Stiglitz que juros de 2% são juros de mercado?
Como os banqueiros teriam induzido clientes potencialmente inadimplentes se não fosse pelo atrativo dos juros baixos?
Como esses agentes imobiliários oficiais teriam oferecido tanto crédito se não fosse pela garantia de que o governo cobriria eventuais perdas?

Sinto muito, professor Stiglitz, seu raciocínio simplesmente não faz sentido.

Paulo Roberto de Almeida (25.01.201o)

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Retratos da irrealidade cotidiana (ou idiotas nunca desistem...)

O próprio de seres racionais é reconhecer os dados fundamentais da realidade e ajustar em consequência sua conduta, suas ações, suas iniciativas, procurando extrair o máximo de retorno possível dos insumos ou fatores de produção colocados à sua disposição, num determinado ambiente de trabalho ou contexto geográfico determinado, cujas variáveis não são, e não podem ser, controladas por ninguém em particular, já que resultantes de processos impessoais de caráter sistêmico ou estrutural.


O próprio dos idiotas é tomar sua vontade, e suas aspirações, pela realidade, e achar que basta incitar a vontade que a realidade vai se dobrar.
É o que eu chamo de "método Barão de Munchausen", ou seja, puxe pelos cabelos que você acabará se deslocando nos ares...



Chomsky debate o futuro dos novos movimentos
Diante do Occupy Boston, ele revela esperança nos protestos anticapitalistas, mas lembra: “há muito pela frente; vocês não vencerão amanhã”
Zizek vê horizonte aberto
Em nova entrevista, filósofo esloveno analisa:
 capitalismo perdeu legitimidade e já não é sinônimo de democracia, mas o que virá não está definido -- nem será, necessariamente, melhor.

Nem preciso dizer de onde retirei essas pérolas da suprema idiotice corrente.
Paulo Roberto de Almeida 

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Grandes idiotas agradam outros idiotas: sim, ele mesmo:

Eu até ia colocar o discurso desse idiota aqui, mas acho que não vale a pena. Afinal de contas este blog é suposto discutir apenas ideias inteligentes e ele não entra nesse critério sob nenhum critério, por mais que abaixemos os critérios.
Da última vez que chamei esse filósofo de araque de grande idiota, outros idiotas vieram aqui em seu socorro.
Por isso mesmo, não vou fazer. Vai o link para quem gosta de perder tempo ou ler estupidezes sem fim:
http://boitempoeditorial.wordpress.com/2011/10/11/a-tinta-vermelha-discurso-de-slavoj-zizek-aos-manifestantes-do-movimento-occupy-wall-street/
Já perdi preciosos minutos tentando entender se havia alguma ideia racional em toda a sua algaravia da Praça Tahir dos bobalhões de Wall Street e não encontrei nada, absolutamente nada.
Como é que pessoas normais conseguem elogiar o que não entendem?
Confesso que eu não entendo.
Só podem ser idiotas, talvez não como ele, mas submetidos a bobalhões como esse supremo idiota do pensamento alternativo.
Paulo Roberto de Almeida