O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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segunda-feira, 12 de março de 2012

Agencia Brasil adota comportamento fascista e pretende intimidar este blogueiro

O assunto começa a ficar divertido.
Quem não leu os fundamentos do problema, pode primeiro passar por este meu post, imediatamente anterior:

Agencia Brasil tenta esconder seu Portugues deficiente



1) Agora vejam o que me escreve o "Editor-chefe", pago com o meu dinheiro para intimidar cidadãos livres:


On 12/03/2012, at 23:04, Ivanir Bortot wrote:
Prezado Senhor Paulo. Como lhe informei. O nosso título não está e nunca esteve errado, como lhe informei pelo link da matéria e consta nos nossos registros. Caso o senhor não faça a correção no que foi publicado pelo seu blog, o assunto será remetido ao nosso departamento jurídico para que medidas judiciais sejam tomadas. 
Atenciosamente
Ivanir José Bortot

2) E o que eu acabo de lhe responder: 

Perfeito.
Você está pretendendo me intimidar, ou só gastando o meu dinheiro à toa, como sempre?
Vou fazer uma matéria sobre os gastos da inútil Agência Brasil.
Acho que vocês merecem esse tipo de atenção da imprensa livre...
-----------------------------------
Paulo Roberto de Almeida

3) E agora acrescento este comentários: 

Como já escrevi, apenas em regimes fascistas podemos encontrar uma imprensa oficial, que não se contenta apenas em transmitir informações -- o que agências livres, privadas, também fazem, de modo muito melhor, sem gastar o meu, o seu, o nosso dinheiro, com matérias politicamente dirigidas -- mas que pretendem também deter a verdade oficial, a palavra certa.
Isso se chama Big Brother, o que, convenhamos, é um pouco ridículo e já passou de moda.
Pode ser que pessoas com mentalidade fascista não suportem receber gozação de cidadãos livres.
Pode ser que regimes apreciados pelo companheiro redator-chefe façam esse tipo de intimidação contra cidadãos livres.
Num país livre, esse tipo de comportamento deveria apenas ser ridicularizado.
E, claro, servir de advertência para o que significa viver sob regimes fascistas.
O funcionário em questão deveria ter vergonha de ficar gastando o meu dinheiro com matérias inúteis como essa, que só conseguem chamar a atenção para o seu lado intolerante, intimidatório, aliás sem qualquer senso de humor.
Em qualquer país normal, o Parlamento, um tribunal de contas, agências encarregadas do bom uso do dinheiro público -- que aliás não é público, mas extorquido dos cidadãos -- já teriam há muito fechado essa agência inútil que tem a pretensão de se apelidar com o nome do país.
Lamento que o Brasil não seja um país normal, e que tenha serviçais anormais que pretendem policiar cidadãos livres...
Paulo Roberto de Almeida 

sábado, 19 de março de 2011

Brasil gastador: veja onde estao torrando o seu dinheiro caro leitor...

Existem milhares de canais, por onde se esvai o dinheiro público, e o que vai retratado abaixo é apenas uma das possibilidades pelas quais os recursos extraídos da sociedade são literalmente jogados fora, sem qualquer conexão realista entre custos e benefícios.
Quando se fala em "dinheiro público", as pessoas normais, inclusive as que lêem estes posts, não prestam muita atenção, pois acham que é o dinheiro de todo mundo, arrecadado um pouco de todas as partes. Elas não se dão conta de que isso é arrancado, literalmente, do seu bolso, e que se não fosse por essa modalidade, e pelas milhares de outras maneiras de se torrar o seu dinheiro, haveria muito mais renda na mão de cada um de nós para gastar como gostamos, não em inutilidades como essa.
Paulo Roberto de Almeida

Pais perdulário - A tevê de R$ 40 milhões
Sérgio Pardellas
Revista Isto É, 16 março 2011

Mesmo com a única e exclusiva missão de cobrir o que acontece na Câmara Alta do Parlamento, a emissora do Senado Federal conta com uma estrutura semelhante à das maiores tevês do País

Criada em 1996 com o objetivo de aproximar o Parlamento do cidadão comum, a TV Senado ainda não cumpriu sua missão, mesmo com uma estrutura de grandes dimensões montada para tal empreitada. Com índices inexpressivos de audiência, quase clandestina, a emissora tem à sua disposição funcionários, equipamentos e recursos que não devem nada às maiores emissoras do País. A TV Senado conta com um quadro de 340 funcionários, equivalente ao da sucursal da Rede Globo em Brasília, dez vezes maior do que o da Rede TV! e quatro vezes mais robusto que o da Rede Record na capital federal. Seu orçamento quadruplicou em seis anos, saltando de R$ 10 milhões em 2005 para R$ 40 milhões este ano. O valor é exorbitante, uma vez que quase 70% dos programas são feitos ao vivo, com a cobertura diária das sessões plenárias e das reuniões das comissões. Mas a audiência média não alcança sequer um ponto no Ibope.
O índice não passa de 1.331 telespectadores por minuto no País, enquanto o jornal local da Rede Globo registra no horário menos concorrido – o das seis horas da manhã – cerca de sete pontos de audiência, o que equivale a 1,3 milhões de pessoas em São Paulo. ― É uma estrutura gigantesca e ainda há proposta para aumentá-la. E tudo ocorre sem nenhum acompanhamento ou fiscalização. Temos que corrigir‖, brada o senador Pedro Simon (RS), um dos defensores de uma ampla reforma administrativa na Casa.
―Produzimos muito. Desde documentários até programas culturais, rebate o diretor adjunto da TV Senado, Aluizio Oliveira. Mas, como ocorre em todos os setores do Senado, o custo-benefício acaba se tornando alto, levando-se em consideração os excessos e o retorno dado ao contribuinte. Desde o ano passado, a TV Senado transmite sua programação para todo o País por meio de cabo e antenas parabólicas, e abriu sinal para 11 capitais, sendo duas – Brasília e São Paulo – com qualidade digital. Entre os exageros está a contratação de servidores terceirizados, como operadores de câmeras, técnicos de áudio e vídeo e diretores de arte. Do total de 340 funcionários, apenas um terço é formado por servidores concursados. A contratação dos terceirizados acontece mediante licitação. Esse processo é um terreno fértil para o compadrio e desvios de toda ordem praticados pelos senadores.
Durante a gestão do ex-senador Efraim Morais (DEM-PB) na primeira secretaria da Casa, o contrato da TV Senado com a empresa Ipanema, orçado em R$ 30 milhões por ano, virou alvo de investigação do Ministério Público. Na planilha de custos, verificou-se superfaturamento nos salários dos operadores de vídeo de quase 600%. No auge dos escândalos envolvendo o Senado em 2009, o então senador e sucessor de Efraim, Heráclito Fortes (DEM-PI), providenciou a troca da Ipanema pela Plansul Planejamento e Consultoria Ltda. A iniciativa, porém, não inibiu os abusos. À época, servidores vinculados à Plansul, encarregados de prestar serviços à TV Senado, foram flagrados trabalhando no gabinete de parlamentares.
A TV Senado já deu mostras de que é possível operar bem com uma estrutura mais enxuta. O recorde de sua audiência ocorreu em 2005, quando dispunha de um orçamento quatro vezes menor e a metade da equipe atual. Em julho daquele ano, nas transmissões das CPIs do Mensalão e Correios, a TV Senado chegou a ocupar o 23º lugar no ranking do Ibope dos canais mais vistos com 14.644 telespectadores por minuto no horário nobre, ficando à frente de canais como Band News, ESPN Internacional, National Geographic, Telecine Emotion e HBO2. A TV Senado fazia a cobertura de cada CPI com apenas duas câmeras, operadas por um cinegrafista e um assistente. Mesmo assim, seu logotipo frequentou quase diariamente todos os telejornais. ― As televisões convencionais entravam em rede com a gente. E mostravam as imagens geradas por nós, relembra Aluizio Oliveira.
Do ponto de vista jornalístico, uma das vantagens da programação majoritariamente ao vivo é que ela ―democratiza o acesso à visibilidade dos senadores e diminui a margem de pressão dos parlamentares interessados em aparecer com mais destaque. Mesmo assim, as tentativas de ingerência são constantes. ―Existem pressões, mas não cedemos. Temos a regulamentação na nossa mão. Estou há 13 anos aqui e posso garantir que a pressão na iniciativa privada é maior, diz o diretor adjunto da emissora. A regra determina que, independentemente de quem estiver depondo em uma CPI, a prioridade de entrar ao vivo é sempre das sessões em Plenário, onde todos os senadores podem discursar e aparecer. Nessa questão específica, a TV Senado é bastante democrática. É muito pouco, porém, para justificar sua grandiosa estrutura.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Transportadores, burocratas e desperdicio de dinheiro...

Uma obra perfeitamente inútil, dispensável, cara (e ainda vai custar o dobro do que se pensa), que tem a cara das pessoas que ocupam o poder: gastar o máximo possível, com coisas totalmente inúteis...
O governo, as construtoras, os financistas, os sanguessugas de sempre, se empenham no lançamento do edital do trem-bala: querem tornar o projeto irremediável.
Políticos pequenos gostam de grandes obras: é onde se pode superfaturar à vontade, com spill-overs para todos os lados...
Construtoras também gostam desses mega-projetos, pois a despeito de terem de pagar propina aqui e ali, podem superfaturar à vontade, como os primeiros...
São Paulo e Rio não necessitam de um trem-bala, nem Brasília e Goiania, aliás.
Essas cidades necessitam de sistemas urbanos coletivos de transporte, eficientes e abundantes, algo que não será resolvido com a concentração de dinheiro numa obra totalmente megalomaníaca e desnecessária.
Isso também faz parte do desperdício de dinheiro do contribuinte...
Paulo Roberto de Almeida

Consórcios já estão em campo para definir traçado do trem
Samantha Maia, de Brasília
Valor Econômico, 14/07/2010

Infraestrutura: Pelo edital, viagens podem começar apenas em 2017

Com o edital do trem-bala Rio-São Paulo em mãos a partir de hoje, as empresas interessadas no empreendimento partem para a fase de definição da engenharia financeira do seu plano. Apesar de não haver um traçado exato definido, representantes de companhias ouvidos pelo Valor explicam que estão realizando trabalho de campo desde o início das audiências públicas, no ano passado, o que torna o prazo de quatro meses e meio possível para a entrega das propostas. O governo federal divulgou ontem que os consórcios terão até 1º de novembro para pedir esclarecimento, e até dia 29 do mesmo mês para a entrega dos projetos. O edital foi publicado hoje no Diário Oficial da União.

"Claro que, se pudéssemos, preferíamos mais. Mas o período definido pelo governo é adequado, pois já fizemos estudos prévios", diz José Batlles, diretor da Ineco, empresa de engenharia envolvida no consórcio espanhol. Segundo Paulo Benites, coordenador local do grupo coreano, o consórcio começou o trabalho de campo para estudo do traçado do trem em janeiro deste ano. "Precisávamos fazer isso para avaliar o investimento, e não somos só nós. O que mais nos faltava eram as definições sobre as condições de financiamento e o número de estações obrigatórias, para que pudéssemos discutir com os investidores", diz Benites.

Os envelopes serão abertos no dia 16 de dezembro na BM&F Bovespa e a expectativa do governo é que as obras sejam iniciadas no fim de 2011. O edital define também um período máximo de seis anos para a execução das obras, o que significa iniciar a operação até o fim de 2017. "A indicação que tivemos dos investidores é de que é possível construir em 4 a 5 anos. As Olimpíadas em 2016, inclusive, é um incentivo a mais, por ter uma expectativa de movimento", diz Bernardo Figueiredo, diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
(...)

Aumento preocupante da idiotice nacional: a busca da felicidade...

Certos políticos, em lugar de procurar resolver problemas concretos da sociedade brasileira, vivem dando tratos à bola para assegurar que a Constituição, já por si um calhamaço cheio de direitos e muito poucas obrigações (if any), contemple ainda mais direitos e garantias a bens intangíveis.
O ex-governador, atual senador e supostamente pessoa bem informada Cristovam Buarque introduziu (é o verbo) uma PEC que estende um pouco mais esses direitos. Leio num despacho de imprensa:

O objetivo da PEC é incluir no artigo sexto da Constituição Federal alteração que declara como "essenciais à busca da felicidade" os direitos sociais já previstos na Carta. Se aprovada a mudança, o artigo ficará com a seguinte redação: “São direitos sociais, essenciais à busca da felicidade, a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”

Creio que o senador faria melhor em se ocupar de coisas sérias, em lugar de praticar auto-ilusão e pretender iludir colegas e os brasileiros em geral.
Ele está gastando o meu, o seu, o nosso dinheiro com a tramitação de uma perfeita inutilidade, que vai consumir horas, dias, semanas do Parlamento, para uma discussão tão bizantina quanto deve ter sido o debate sobre o sexo dos anjos no antigo império cristão do oriente. Uma pena que pessoas supostamente inteligentes pretendam gastar nosso dinheiro com bizantinices desse tipo...

sábado, 15 de maio de 2010

Crise grega: uma opiniao pessimista sobre o pacote de ajuda

Abaixo o ensaio, feito ainda antes de ser aprovado o GIGANTESCO plano de ajuda à Grécia pela UE, FMI e consórcio de países (inclusive, o Brasil), por um economista do Institute of International Economics.
Devo dizer que concordo inteiramente com ele e vou além: a Grécia NÃO devia ser ajudada. Deveria quebrar, ser obrigada a renegociar a sua dívida (com perdas para os financiadores e não para os contribuintes) e assim aprender a viver com seus próprios meios, não com dinheiro emprestado irresponsavelmente.
O povo grego é ingrato: deveria simplesmente ser deixado de lado, e aprender a eleger gente mais responsável...
Paulo Roberto de Almeida

Greek Deal Lets Banks Profit from "Immoral Hazard"
by Arvind Subramanian
Peterson Institute for International Economics
Op-ed in the Financial Times
May 6, 2010

The economic adjustment program agreed last weekend between Europe, the International Monetary Fund, and Greece will be considered, and approved, by the IMF's executive board soon. Early satisfaction with the program has given way to serious market doubts about it. These doubts are rational because the fiscal arithmetic simply does not work. For the IMF, this program represents a squandered opportunity because it could have been ahead of events and designed a much better program, specifically by facilitating orderly debt restructuring. Instead, we could end up with a program that is inequitable, perverse, and unsuccessful with much greater costs all around.

When the Greece saga began, the mantra of the German government and many purists in Europe, including the European Central Bank, was: "no default, no bailout, no exit." European private sector holders of Greek debt would be spared any pain (no default). The European taxpayer would be protected (no bailout). And European companies would be shielded because Greece could not devalue its currency (no exit). That left one and only one policy measure that could be brought to bear on the problem, namely a fiscal austerity program, with the average Greek citizen bearing all the burden of adjustment. Europe, in short, had defined this to be an exclusively Greek problem.
Insisting on contributions from all parties—not just the Greek citizen and international taxpayer—would have led to a program that was fair, avoided 'immoral hazard' and the perverse incentives associated with rewarding reckless financial sector behavior, and would have maximized chances of success.

The recently negotiated IMF program changed that situation in one important way: the burden of adjustment is now being spread to include European ($105 billion) and international ($40 billion) taxpayers. China, India, and Brazil, among many others will contribute—which is as it should be—given their growing economic status and the cooperative nature of the endeavor. But there will still be no contribution from European banks that hold large amounts of Greek debt. That taxpayers in much poorer countries should contribute so that rich financial institutions can get away with reckless lending seems unfair and perverse. One might call this "immoral hazard": heads the banks win, tails much poorer taxpayers thousands of miles away pick up the tab.

What is worse is that this bailout of European financial institutions increases the already high odds of failure of the IMF program. Greece's fiscal predicament requires not just adjustment and financing but devaluation and debt restructuring. And with devaluation being achieved through painful deflation, the case for restructuring looks only stronger. Substantial debt write-offs are necessary and will probably remain so even if Greece exits the eurozone.

Consider the prerequisites for a successful program. First, Greeks must acquiesce in the sharp decline in living standards over the next three years. Second, after three years of the program, Greek debt will be much greater than today's 115 percent of GDP. At that point, markets will have to think it plausible that Greece is on a path toward reasonable debt levels because it is able to grow fast enough and maintain the fiscal belt-tightening for some considerable time. Doubts on the part of markets on any of these scores will lead to higher costs of borrowing for Greece and put it back into the viciously self-sustaining fiscal debt dynamic in which it has found itself recently, except that the starting point in terms of debt levels will only be worse. This might well prove to be the (unlucky) 13th labor of Hercules.

Why then has the IMF gone along with this arrangement? A generous reading is that the IMF has to work with governments, and if Greece and Europe have strong preferences, then those must be respected. A less charitable reading is that the IMF is a Euro-Atlantic Monetary Fund, where its management does the bidding of its richer shareholders. It is true that, in this instance, the IMF has imposed tough conditions on the borrower, but it has done so because Germany would have it no other way. It has gone along?with?a?bailout of the?banks because the major players, including the European Central Bank, wanted it that way.

All this is a pity because Greece could have been a real opportunity for the IMF to regain durable legitimacy. Insisting on contributions from all parties—not just the Greek citizen and international taxpayer—would have led to a program that was fair, avoided "immoral hazard" and the perverse incentives associated with rewarding reckless financial sector behavior, and would have maximized chances of success. The IMF could have set a precedent for orderly debt resolution programs. Debt restructuring will happen, but it will be disorderly and messy with all the actors reacting to rather than shaping events. So, for now, we must continue to watch this unfolding Greek tragedy whose essence is not just sadness and pain but their inevitability.

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Addendum: no mesmo sentido vai esta entrevista publicada pelo Le Monde:

"On ne peut pas résoudre une crise de dette par plus d'endettement"
LE MONDE, 11.05.10

Thorsten Polleit est chef économiste de Barclays Capital en Allemagne. Il porte un regard très critique sur le gigantesque paquet de sauvetage monté par les Etats de la zone euro.

Comment jugez-vous le plan de secours de 750 milliards d'euros pour la zone euro ?
On ne peut pas résoudre le problème par de l'endettement supplémentaire. Pour soutenir certains pays pris dans une crise de dette, les gouvernements vont devoir emprunter encore. Ce n'est pas une solution. L'urgence aujourd'hui, pour la zone euro, c'est d'annoncer une stratégie crédible de réduction des déficits. Si la pression des marchés est devenue si forte, si les investisseurs perdent confiance, c'est précisément parce qu'un tel concept n'existe pas. Il est temps de le formuler.

Que faut-il faire ?
Les décisions sont du ressort de chaque gouvernement, au niveau national. Il faut voir comment couper dans les dépenses, réduire les déficits le plus rapidement possible, graver ces objectifs dans le marbre comme nous l'avons fait en Allemagne en inscrivant un mécanisme de "frein à la dette" dans notre Constitution… On doit se rappeler qu'à l'origine, si le pacte de stabilité avait été respecté à la lettre, on n'en serait pas là.

Grâce à ce plan, n'a-t-on pas néanmoins écarté le risque de contagion de la crise grecque ?
Oui en ce qui concerne les pays menacés dans l'immédiat. Mais c'est la qualité de crédit des Etats bien notés qui en subira les conséquences. Les conditions d'emprunt des pays prêteurs vont sans doute se dégrader. En fait, le problème ne fait que se déplacer et risque, à terme, de s'aggraver.

La décision de la Banque centrale européenne (BCE) d'acheter de la dette publique porte-t-elle un coup à sa crédibilité ?
Il est clair que si la BCE agit ainsi, c'est parce que les gouvernements européens le souhaitent. On a là un instrument de politique monétaire qui semble n'avoir pas été décidé en toute indépendance. Cette décision est très problématique: dans la durée, un tel programme risque de créer de l'inflation et d'entraîner une perte de confiance des investisseurs.

Qu'en est-il de la stabilité de l'euro à long terme ?
Si les Etats ne trouvent pas le moyen de réduire leur endettement qui atteint souvent des niveaux insoutenables, l'euro est sérieusement menacé. La création de la monnaie unique a été une vaste expérimentation dont l'issue est aujourd'hui très incertaine. Surtout si les choses continuent ainsi, avec certains pays condamnés à payer encore et encore des sommes toujours plus importantes.

Croyez-vous que l'Allemagne récupérera l'argent des prêts faits à la Grèce ?
Non, je crois au contraire que les sommes ne seront jamais remboursées.

Propos recueillis par Marie de Vergès
Article paru dans l'édition du 12.05.10

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Dando destaque a uma inutilidade e a uma covardia anônima...

Normalmente não me preocuparia com o que vai abaixo.
Mas toda e qualquer coisa que leio, mesmo as mais inúteis como parece ser o caso aqui, sempre merece reflexões de minha parte.
Neste caso, para construir meu mini-tratado dos Anônimos, como se poderá perceber pela leitura do que segue aqui.

Primeiro, o comentário de um leitor que não tem coragem de assumir sua própria identidade (mas a internet é feita também de seres como esse):

Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Um exemplo de inutilidade estatal":

É deprimente ver um Diplomata que recorre a um artigo do Nelson Motta.
Nelson Motta faz o estilo do neoconservador bem peculiar do Rio de Janeiro:
já foi esquerda, já foi drogadinho, vota no Fernando Gabeira e mora na zona sul decadente.
É deprimente ver o nível que o debate acerca do papel do Estado do Brasil vem tomando no seu blog PRA.
Parece que você tenta argumentar nos mesmos modos do esquerdismo que critica: de forma rasteira e vulgar e não na maneira que caberia ser feita: como um DIPLOMATA, UM HOMEM DA ELITE INTELECTUAL E POLÍTICA DO BRASIL.
São sofismos e afirmações que as vezes carecem de profundidade.
att,

Segunda-feira, Maio 03, 2010 10:26:00 AM

Agora o que respondi no comentário e que posto aqui:

Blogger Paulo R. de Almeida disse...

Anônimo envergonhado,
É deprimente ver um leitor deste blog, escrito para pessoas inteligentes, ter vergonha, na verdade covardia, de assumir a própria identidade para comentar, não os argumentos da matéria, mas para atacar os mensageiros: o próprio autor da matéria e este humilde postador, que apenas fez uma introdução pelo título, classificando essa TV que ninguém vê de "inutilidade estatal".
Pois o Anônimo covarde, em lugar de comentar o objeto do post, prefere atacar o autor e o mensageiro, sem dúvida por que ele desconhece completamente a recomendação de Machado de Assis quanto às críticas literárias: esquecer o autor, concentrar-se na obra.
Se eu quisesse, e atendendo às recomendações que eu mesmo postei acima -- pertinência do comentário para o objeto do post e linguagem objetiva, não adjetiva --, poderia, portanto, eliminar simplesmente o comentário covarde de um covarde, que assim se sentiria despeitado e desrespeitado, provavelmente desejoso de atacar novamente numa próxima oportunidade.
Se optei por postar o comentário, foi para justamente demonstrar aos demais leitores o tipo de gente recalcada que pode frequentar este blog, a despeito de seu caráter eclético e destinado a pessoas mais educadas.
Vou ter de acrescentar mais um capítulo -- o que não pretendia -- em meu mini-tratado dos Anônimos, tratando dos covardes e ofensivos, aqueles que são incapazes de comentar a matéria e escolhem apenas ofender, porque têm raiva da mensagem contida.
É sem dúvida deprimente constatar que pessoas que conseguem se informar pela internet expressem tal ignorância quanto ao papel do Estado no Brasil de hoje.
Quanto ao que me toca, não me sinto parte de nenhuma elite do Brasil, pois acho que o Brasil não possui nenhuma atualmente. Pertenço apenas a um único clube filosófico, o clube do saber, desprovido de viseiras ideológicas e interessado apenas em debater questões concretas, não em ofender.

Fica o aviso: postarei comentários que refutem ou discutam as afirmações do autor do artigo aqui postado, ou seja, a inutilidade de se gastar dinheiro dos contribuintes, inclusive o dinheiro do pobre infeliz que prefere ofender em lugar de debater, com inutilidades tão evidentes quanto a TV oficial, um repositório de banalidades governistas que ofendem, sim, a inteligência de pessoas medianamente informadas sobre as realidades do Brasil.
Não é certamente o caso do comentarista acima.
Deprimente que pessoas assim resolvam escrever num blog que pretende reforçar sobretudo a inteligência nacional.
Como todos sabem, não escondo minhas convicções, e sempre assino embaixo do que escrevo...
Paulo Roberto de Almeida
3.05.2010