O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador investimentos estrangeiros diretos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador investimentos estrangeiros diretos. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Capitalismo de Estado brasileiro: desempenho desastroso segundo oFinancial Times

Esta é apenas uma das consequências nefastas da política econômica companheira, mas existem dezenas de outras, em todas as áreas. Os companheiros são como o rei Midas, só que al reves, ao contrário, entenderam?
O que é que os companheiros vão dizer lá em Davos?
Vão virar motivo de piadas?
As consequências, para o país e para todos nós, são desastrosas e vão deixar marcas por longos anos. 
Incompetentes...
Paulo Roberto de Almeida 

Cenário

FT diz que Brasil perdeu cerca de US$ 284 bi em investimentos em três anos

Jornal britânico usou dados do BC para mostrar a perda de capital e acredita que cenário dificilmente vai mudar no curto prazo

Segundo dados do BC levantados pelo FT, o valor de ativos detidos por estrangeiros caiu de 1,351 bilhões de dólares para 1,327 bilhões de dólares, uma perda de mais de 284 bilhões de dólares de 2011 para 2013
Segundo dados do BC levantados pelo FT, o valor de ativos detidos por estrangeiros caiu de 1,351 bilhões de dólares para 1,327 bilhões de dólares, uma perda de mais de 284 bilhões de dólares de 2011 para 2013 (Divulgação)
O jornal britânico Financial Times publicou reportagem nesta quinta-feira que mostra que o Brasil perdeu cerca de 284 bilhões de dólares em investimentos nos últimos três anos. O veículo toma como base números do Banco Central brasileiro.
A matéria do FT mostra que o fluxo de investimentos estrangeiros - somando investimento direto e em carteira de ativos financeiros - no Brasil superou 260 bilhões de dólares entre janeiro de 2011 e novembro do ano passado. Apesar dessa entrada de capital, nesse mesmo intervalo, o valor desses ativos detidos por estrangeiros caiu de 1,351 bilhões de dólares para 1,327 bilhões de dólares, uma perda de mais de 284 bilhões de dólares.
O jornal britânico diz que a perda nesses três anos é de uma destruição "de escala colossal". Contudo, o FTpondera que isso não quer dizer que os investidores deixaram de ganhar dinheiro no país. "O Brasil rendeu enormes retornos. Ao longo de 2009, de acordo com o Banco Central, o valor das ações detidas por estrangeiros aumentou de 150 bilhões de dólares para 376 bilhões de dólares, alta de quase 227 bilhões de dólares em um ano em que houve entrada de apenas 37 bilhões de dólares, o quer dizer um rendimento de 190 bilhões de dólares em ações apenas durante esse ano", comenta o jornal.
FT não vê um cenário promissor para os investimentos no Brasil, a menos que a conjuntura internacional mude ou o país altere sua política econômica. Apesar de reconhecer que a crise mundial afetou o crescimento econômico do país, o jornal britânico lembra que os críticos dizem que o mal desempenho é consequência do aumento de uma marca local do "capitalismo de Estado" brasileiro.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Investimento Estrangeiro: sempre positivo para as economias recebedoras? (Estudo da Columbia)

Columbia FDI Perspectives
Perspectives on topical foreign direct investment issues by
the Vale Columbia Center on Sustainable International Investment
No. 98   July 1, 2013
Editor-in-Chief: Karl P. Sauvant (Karl.Sauvant@law.columbia.edu)
Managing Editor: Jennifer Reimer (jreimer01@gmail.com)
 
Do host countries really benefit from inward foreign direct investment?
by
Byungchae Jin, Francisco García and Robert Salomon*

It was with great interest that we read Perspective No. 84 addressing the impact of inward foreign direct investment (IFDI) on technological innovation and entrepreneurship.[1] In that issue, Pathak, Laplume, and Xavier-Oliveira laid out arguments for and against IFDI. They suggested that we have, for far too long, extolled the benefits of IFDI for developing economies, without properly accounting for its costs. They noted that there are genuine concerns that we ought not to overlook, and that we should pay special attention to the impact of IFDI on local innovation and entrepreneurship. Understanding the relationship between IFDI and innovation is an important policy issue, as it can help inform whether, and how, IFDI can stimulate economic growth.

Central to addressing the debate regarding the effect of IFDI on local innovation is to determine whether foreign entrants enhance the innovativeness of local firms, or crowd out domestic innovation. One line of reasoning suggests that IFDI ought to lead to greater levels of local innovation as a result of knowledge spillovers to local firms. In addition, foreign entrants provide local firms an incentive to innovate as a means to compete, or in the case of vertical linkages, better to meet technical supply requirements.

Another line of reasoning casts doubt on the positive impact of IFDI, suggesting that foreign entrants relegate local firms to less innovative, less profitable market niches. Moreover, since foreign firms generally pay higher wages, foreign entrants might attract higher-skilled labor, leaving domestic firms short on talent -- a key ingredient to innovation. Foreign entry can also reduce the expected returns to entrepreneurship, creating a situation in which the best would-be entrepreneurs prefer to take employment with foreign firms instead of founding new enterprises.

In order to address one aspect of this debate, we studied the effects of IFDI on productivity and innovation in the manufacturing sector of Spain from 1990 through 2002.[2] During that period, Spain received nearly 45 billion of IFDI in manufacturing.[3] And though Spain is not a developing economy by traditional metrics, relative to its OECD counterparts, it is a laggard. Hence, Spain is considered a middle-income, developed country;[4] and given its position between developed and developing markets, Spain makes an interesting setting in which to test the relationship between IFDI and innovation.

Interestingly, as IFDI increased in specific industries, Spanish manufacturing firms improved their productivity (both total factor productivity and labor productivity). However, as IFDI rose in those same industries, Spanish firms subsequently applied for fewer patents and introduced fewer new products.

These findings highlight the importance of distinguishing between productivity and innovation when considering the net benefits of IFDI. Productivity and innovation might not capture the same outcomes, and may therefore speak to two very different aspects of the debate.

For example, productivity captures short-run improvements in allocative and technical efficiency. Therefore, to the extent that Spain lags the global technological frontier in high-tech manufacturing,[5] we may simply observe productivity increases as a result of a catch-up effect -- i.e., Spanish firms adopting the more efficient manufacturing techniques that entrants bring with them.

Innovation, by contrast, may be a better indicator of the long-run consequences for growth. To the extent that IFDI crowds out local innovation, it may fail to provide desired growth outcomes. IFDI may actually hinder the development of technological capabilities among local firms and, hence, the long-term growth prospects of local economies.[6]

Circling back to the issue of whether to encourage IFDI as a matter of policy, there is reason for pause. Our findings call into question whether IFDI can serve as a long-run growth catalyst, or whether it simply offers a short-term fix. Sure, IFDI may spur job creation, increase tax revenues and improve the productivity of local firms. Those outcomes benefit the host country and are welfare enhancing in the near term. However, as a consequence of IFDI, local innovation may become impaired, dampening long run economic growth, development and social welfare.

All things considered, there are potential tradeoffs between IFDI’s near-term benefits and its long-run costs. This is not to say that IFDI should be discouraged. Rather, policies that subsidize foreign entry ought to be thought through carefully. Policymakers would be well served to pay special attention to tradeoffs, and enact policies that are consistent with long-term development objectives.[7]

The material in this Perspective may be reprinted if accompanied by the following acknowledgment: “Byungchae Jin, Francisco García and Robert Salomon, ‘Do host countries really benefit from inward foreign direct investment?,’ Columbia FDI Perspectives, No. 98, July 1, 2013. Reprinted with permission from the Vale Columbia Center on Sustainable International Investment (www.vcc.columbia.edu).” A copy should kindly be sent to the Vale Columbia Center at vcc@law.columbia.edu.
 
* Byungchae Jin (bjin@sfu.ca) is Assistant Professor of Innovation and Entrepreneurship at the Beedie School of Business at Simon Fraser University in Canada; Francisco García (fgarciap@uniovi.es) is Assistant Professor of Management at the School of Economics and Business, Universidad de Oviedo; Robert Salomon (rsalomon@stern.nyu.edu) is Associate Professor of International Management and the Daniel P. Paduano Family Fellow of Business and Ethics at the NYU Stern School of Business. The authors are grateful to John Kline, Wolfgang Sofka and Zheying Wu for their helpful peer reviews. The views expressed by the authors of this Perspective do not necessarily reflect the opinions of Columbia University or its partners and supporters. Columbia FDI Perspectives (ISSN 2158-3579) is a peer-reviewed series.
[1] Saurav Pathak, André Laplume and Emanuel Xavier-Oliveira, “Inward foreign direct investment: Does it enable or constrain domestic technology entrepreneurship?,” Columbia FDI Perspectives, No. 84 (December 3, 2012).
[2] Francisco García, Byungchae Jin and Robert Salomon, “Does inward foreign direct investment improve the innovative performance of local firms?,” Research Policy, vol. 42 (February 2013), pp. 231-244.
[3] OECD Statistics Database.
[4] Guillén Mauro. The Rise of Spanish Multinationals: European Business in the Global Economy (Cambridge: Cambridge University Press, 2005).
[5] Robert Salomon and Byungchae Jin, “Does knowledge spill to leaders or laggards? Exploring industry heterogeneity in learning by exporting,” Journal of International Business Studies, vol. 39 (January 2008), pp. 131-150.
[6] García, Jin and Salomon, op. cit.
[7] John Kline, “Evaluate sustainable FDI to promote sustainable development,” Columbia FDI Perspectives, No. 82 (November 5, 2012).

For further information, including information regarding submitting to the Perspectives, please contact: Vale Columbia Center on Sustainable International Investment, Jennifer Reimer, jreimer01@gmail.com. In addition to her role as Research Associate for the VCC, Ms. Reimer is Legal Counsel for LG Electronics’ Regional Headquarters for the Middle East and Africa.
==========
The Vale Columbia Center on Sustainable International Investment (VCC), led by Lisa Sachs, is a joint center of Columbia Law School and the Earth Institute at Columbia University. It is the only applied research center and forum dedicated to the study, practice and discussion of sustainable international investment, through interdisciplinary research, advisory projects, multi-stakeholder dialogue, educational programs, and the development of resources and tools.

Most recent Columbia FDI Perspectives
·       No. 97, Abdoul’ Ganiou Mijiyawa, “Myopic reliance on natural resources: How African countries can diversify inward FDI,” Columbia FDI Perspectives, June 17, 2013.
·       No. 96, Louis T. Wells, “Infrastructure for ore: Benefits and costs of a not-so-original idea,” Columbia FDI Perspectives, June 3, 2013
·       No. 95, Terutomo Ozawa, “How do consumer-focused multinational enterprises affect emerging markets?,” Columbia FDI Perspectives, May 20, 2013.”
·       No. 94, Stephan Schill and Marc Jacob, “Common structures of investment law in an age of increasingly complex treaty-making,” Columbia FDI Perspectives, May 6, 2013.
·       No. 93, Xiaofang Shen, “How the private sector is changing Chinese investment in Africa,” Columbia FDI Perspectives, April 15, 2013.
·       No. 92, Vid Prislan and Ruben Zandvliet, “Labor provisions in bilateral investment treaties: Does the new US Model BIT provide a template for the future?,” Columbia FDI Perspectives, April 1, 2013.
·       No. 91, Anthony O’Sullivan and Alexander Böhmer, “The Arab Awakening, act II: Time to move more boldly on investment,” Columbia FDI Perspectives, March 18, 2013.
·       No. 90, Shaun E. Donnelly, “A business perspective on a China - US bilateral investment treaty,” Columbia FDI Perspectives, March 4, 2013.
·       No. 89, Joachim Karl, “Investor-state dispute settlement: A government’s dilemma,” Columbia FDI Perspectives, February 18, 2013.
·       No. 88, Jarrod Wong, “The compensatory nature of moral damages in investor-state arbitration,” Columbia FDI Perspectives, February 4, 2013.

All previous FDI Perspectives are available at http://www.vcc.columbia.edu/content/fdi-perspectives.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

A potencia agricola brasileira (1): Commodities agrícolas atraem investidores (Valor)

Commodities agrícolas atraem investidoresValor Econômico, 27/11/2012

O Brasil lidera o ranking do comércio mundial de seis dos principais produtos agropecuários: café, açúcar, suco de laranja, soja, carne de frango e celulose. Detém o maior rebanho bovino do mundo. Apresenta índice de desenvolvimento agrícola superior à média mundial, com domínio de tecnologias sofisticadas, segundo estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). E exibe ainda a maior produtividade agrícola na América Latina e Caribe, com crescimento médio de 3,6% ao ano. A eficiência do setor se reflete no desempenho econômico: o PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio em 2011 alcançou US$ 548,2 bilhões, correspondente a 22,51% do PIB nacional.

Resultados tão expressivos têm feito do Brasil um dos principais destinos dos recursos destinados a investimentos. O crescimento vegetativo e da renda das populações geram demanda em proporções inéditas. As projeções de crescimento da procura por alimentos fazem do comércio de produtos agrícolas um negócio com retorno garantido. Os preços das commodities mudaram de patamar e as séries históricas deixaram de ser referência para as análises de mercado.

Isso explica a presença frequente no País de gestores de capital das mais diferentes procedências. Esses profissionais circulam com desenvoltura pelas cidades brasileiras à procura de oportunidades, segundo informa o diretor técnico da Informa Economics FNP, José Vicente Ferraz. Representam, em geral, fundos de investimento ou empresas do agronegócio interessadas em se estabelecer no Brasil. Muitos já ganharam terrenos de prefeituras e constroem fábricas. O modelo adotado com maior frequência é o da associação com empresas brasileiras, conhecedoras do mercado e da nossa burocracia, explica Ferraz.

Estima-se que na década passada o investimento direto estrangeiro (IED) tenha alcançado em média 27% do valor da formação bruta de capital no setor agrícola. Mas, segundo alguns analistas, isso não se sustentou a partir de 2010. Restrições impostas à participação do capital estrangeiro na aquisição de imóveis rurais por parecer emitido em 2009 pela Advocacia Geral da União (AGU), que deu uma nova interpretação da Lei 5.709/71, reduziram o fluxo de recursos externos para essa área de atividade, informa a superintendente técnica da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rosemeire Cristina dos Santos. Segundo esse novo parecer, empresas estrangeiras ou nacionais controladas por estrangeiros não poderão adquirir imóveis com mais de 50 módulos, ou com área superior a 25% da superfície do município onde estão localizados. “A mudança na interpretação da Lei gerou insegurança jurídica”, ela afirma. “Ocorreu um esvaziamento no fluxo de recursos. Afugentou os investidores.”

A repentina freada no fluxo de capitais em direção ao agronegócio também foi notada pelo diretor técnico da FNP. José Vicente Ferraz considera o parecer da AGU totalmente injustificado. Para ele, o capital estrangeiro não representa ameaça à soberania do País. “Não tem sentido restringir a propriedade de terras ao capital nacional.” Com a nova interpretação da lei, o ritmo dos investimentos estrangeiros, que já havia sofrido um abalo com a crise financeira de 2008, perdeu velocidade, afirmou.

Mesmo assim, o interesse pelo agronegócio brasileiro permanece. Para o economista, professor do Programa de Estudos Pós-Graduados em Economia  da PUC-SP, Antônio Corrêa de Lacerda, países de grande população, como a China, procuram a segurança alimentar por meio de investimentos no exterior. Além de países da África, Brasil se tornou destino certo de um capital que busca elevar a segurança alimentar com a maior oferta de produtos agrícolas. A recente queda dos investimentos estrangeiros diretos no Brasil é atribuída por Lacerda ao recrudescimento da crise internacional. Segundo dados do Banco Central, entre janeiro e setembro deste ano, os investimentos estrangeiros diretos aplicados na agricultura, pecuária e serviços relacionados caíram 39,3% em relação ao mesmo período do ano passado. O professor da PUC diz que essa queda, embora representativa, não significa mudança de rumo do capital estrangeiro. “O Brasil continua sendo um oásis para os investidores estrangeiros. É o país que mais oferece garantias”, declara Lacerda.

Rosemeire concorda com a opinião de Lacerda, diante das inúmeras vantagens proporcionadas pela atividade agropecuária exercida no Brasil. Mas lembra que o impedimento legal não é o único obstáculo ao investimento estrangeiro no País. A deficiência na infraestrutura também assusta o capital externo. No entanto, permanece o interesse no agronegócio, especialmente nas atividades de ciclo longo, como a silvicultura, para a produção de celulose, ou o cultivo de cana-de-açúcar para etanol. As vantagens comparativas proporcionadas pelo clima, insolação, abundância de água e extensão territorial continuam sendo um chamariz. Do ponto de vista do interesse nacional, o capital estrangeiro é bem-vindo, diz Rosemeire. A expansão das atividades no campo com elevada tecnologia demanda recursos, explica.

Há pelo menos 70 milhões de hectares no Brasil que precisam ser mais bem aproveitados. São áreas degradadas, em geral pastos, onde podem ser adotas tecnologias de baixo carbono, como a integração lavoura-pecuária-floresta ou sistema de plantio direto. Estudo da CNA indica que medidas singelas como essas podem contribuir para elevar a produção de grãos e fibras em 136,9%, de 160 para 379 milhões de toneladas ao ano. O mesmo ocorre com a produção anual de carne, que pode passar das atuais 9,1 milhão de toneladas para 15 milhões de toneladas, apenas com o melhor aproveitamento dessa área.