Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
A nova direita europeia é uma mistura da velha direita – sim, existem remanescentes de antigos partidos fascistas e até saudosistas do hitlerismo, pois sempre os há – com novos reacionários, aqueles que "reacionam" contra os imigrantes, sobretudo os islâmicos, achando que estes vão "conspurcar" as sagradas tradições do cristianismo europeu, aquele mesmo que, em tempos recuados, promovia pogroms, perseguições e até massacres indiscriminados contra judeus, considerados os "assassinos de Cristo". Ainda não mudaram tanto assim as consciências, ou as "ignorâncias", em certos meios... Paulo Roberto de Almeida
Steve Bannon’s monastic academy denies monkey business
Donald Trump’s ex-strategist dismisses allegations of a forged letter as “dust kicked up by the left”
Donald Trump’s ex-strategist dismisses allegations of a forged letter as “dust kicked up by the left”
A PLAN BY Steve Bannon, Donald Trump’s former chief strategist, to launch an alt-right academy in an Italian monastery now risks being scotched by the authorities. Evidence has emerged that a key document used to secure tenancy of the property was forged.
Mr Bannon is paying the €100,000-a-year ($111,000) rent on a former Carthusian monastery, the Certosa di Trisulti, in the mountains east of Rome. The property belongs to the state. But in February 2018 Italy’s arts and heritage ministry granted a 19-year lease to a Catholic non-profit organisation then based in Rome, the Dignitatis Humanae Institute (DHI), of which Mr Bannon is a trustee. Two official bodies are investigating the concession: the Attorney General’s department and the regional auditors’ court in Lazio, the region around Rome in which the monastery is situated. An official says the ministry is not ruling out revoking the lease.
Mr Bannon has described the Academy for the Judaeo-Christian West that the institute plans to open at its monastery in the autumn as a “gladiator school for cultural warriors”. Benjamin Harnwell, the director of the DHI, says that his institute will offer a master’s course that includes teaching in philosophy, theology, history and economics. Mr Bannon will be personally responsible for additional tuition in the practical aspects of political leadership.
The DHI took over the monastery following a competitive tender. Accompanying the institute’s bid was a business plan and a letter endorsing it, apparently provided by the Gibraltar branch of a Danish financial institution, Jyske Bank. But on May 7thLa Repubblica, an Italian daily, reported a statement by Jyske Bank declaring the letter to be fraudulent. The managing director of Jyske Bank in Gibraltar, Lars Jensen, confirms the statement. “It is a fraudulent letter, put together by I don’t know who,” he toldThe Economistthis week. The signature purported to be that of “a lady who hasn’t been in the bank for years. Her role was that of an assistant and in that letter she’s a director or something like that. So it is obviously fraudulent,” he said.
Mr Harnwell admits that news of the bank’s statement “hit me sideways”. But Mr Bannon told The Economist that “Everything actually is totally legitimate…all of this stuff is just dust being kicked up by the left.” The business plan, however, was crucial to the success of DHI’s bid, which the ministry assessed using a points system. To qualify for the tender, the Institute needed at least 60 points. It secured 72.6. But of those, 17.8 were awarded for its business plan. So if that plan is ruled invalid because the “letter of certification” from its bank is found to have been forged, the authorities could revoke the lease.
The controversy over the DHI’s business plan is only the latest of several blows to the institute in recent months. Since December, the DHI’s chairman, Luca Volontè, a former Christian Democrat politician, has been on trial in Milan, charged with taking a €2.4m bribe from private and public sources in Azerbaijan. Mr Volontè was allegedly paid for helping to block criticism of human-rights abuses in Azerbaijan while a member of the parliamentary assembly of the Council of Europe. Mr Volontè denies any wrongdoing.
Mr Harnwell founded the DHI in 2008 and won support from a variety of prominent Catholics. They included conservatives such as Austin Ruse, president of the Centre for Family and Human Rights in America, and liberals like Lord Alton, a British peer and former Liberal Democrat politician. But Mr Harnwell admits that, as Mr Bannon has taken an increasingly visible role, several of his liberal members and officials, including Lord Alton, have quit. The latest to go was a high-ranking Vatican prelate, Cardinal Peter Turkson.
As Mr Harnwell readily agrees, the Institute’s stewardship of the Certosa, or Charterhouse, of Trisulti has brought with it daunting responsibilities. Founded in the early 13th century amid woodlands in a part of Italy renowned for its hermits and mystics, abbeys and convents, the complex covers 86,000 square metres—the size of 12 football pitches. It houses a watermill, a herbal pharmacy, an elaborately frescoed church and a topiary maze.
But many of its roofs are in urgent need of repair, and there is water infiltration in several places. The DHI committed itself in its bid to spend an additional €1.9m on restoration. Mr Bannon says that more than the row over the lease, the bigger concern “is making sure I can pull together all the resources needed to restore the monastery to what it should be”.
The local authority has presented a further challenge by demanding €86,000 a year in property tax and for waste collection. Mr Bannon remains unfazed by all this. “I couldn’t be more excited,” he says. More excitement is probably to come.
Vers une « contre-révolution culturelle » en Europe centrale ?
La crise migratoire en Europe a servi de catalyseur aux mouvements populistes des pays du Groupe de Višegrad (V4) depuis 2015 pour parvenir au pouvoir ou renforcer leur assise. Ils ont développé un discours anti-européen, dénonçant les défis à la souveraineté que constituent les décisions de Bruxelles.
Parece que, depois dos conceitos de esquerda "carnívora" e de esquerda "herbívora", criados pelo cientista político e ex-chanceler mexicano Carlos Castañeda, vamos ter de criar os conceitos de direita "hidrófoba" e de direita "predatória", tais são os sentimentos que animam os novos cruzados, dispostos a atacar quaisquer críticos do governo como se fossem perigosos comunistas ou sabotadores do país. Eu, aliás, já fui chamado de "sabotador" pelo Robespirralho, um true believer dos mais fanáticos, que estaria comandando o patíbulo da guilhotina se estivéssemos sob um Comitê du Salut Public, a despeito de ser um medíocre em relações internacionais, a ponto de ter preparado um discurso idem para o presidente estrear em Davos. Ou seja, um fracasso como assessor, um candidato a Torquemada ou a Savonarola, um dos inquisores que condenadaram Giordano Bruno à fogueira. Essa turma é da pesada, e sua violência verbal só é superada por sua ignorância, como já deu exemplo dessa total estupidez um dos mais vistosos integrantes da tropa de choque, ao classificar a comunidade brasileira trabalhadora sem papéis nos EUA de uma "vergonha". Vergonha é quem não tem a menor ideia de como se formou essa comunidade laboriosa, que contribui para criar riqueza nos EUA, na impossibilidade de fazê-lo no próprio Brasil. Entre ignorância e estupidez, essa tropa de templários tenta, ao controlar o Estado e o governo, dominar a sociedade. Não o conseguirão. Sempre existem resistentes contra a violência e ignorância. Como sempre, assino embaixo... Paulo Roberto de Almeida Brasília, 17 de março de 2019
Rede bolsonarista “jacobina” faz linchamento virtual até de aliados
Como funciona a “máquina” de difamação operada pela ala mais radical de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais
O Estado de S. Paulo, 16/03/2019
A repórter do Estadão Constança Rezende tornou-se alvo no domingo (10/3), de um violento ataque digital. Quando se preparava para sair de casa e almoçar com a família, Constança foi informada por uma de suas fontes via WhatsApp de que um post publicado pelo canal Terça Livre, que reúne militantes bolsonaristas e pupilos do escritor e pensador Olavo de Carvalho, estava provocando uma forte reação contra ela nas redes sociais. A razão: uma suposta tentativa de “arruinar” o presidente Jair Bolsonaro com as reportagens sobre o Caso Queiroz. Constança se dedica a essa cobertura desde o princípio.
A partir da publicação do Terça Livre, com base em declarações distorcidas de Constança divulgadas por um blogueiro belgo-marroquino num site francês, a vida da jornalista virou um tormento. Ela foi xingada, ameaçada e tornou-se tema de memes nas redes. Páginas falsas dela foram criadas na internet. Pior: a certa altura, o próprio presidente compartilhou o post do Terça Livre em suas redes sociais, amplificando os ataques. O Estadão, que logo publicou uma reportagem sobre o caso em seu site, mostrando que as declarações da repórter haviam sido deturpadas, também acabou se transformando em alvo das milícias virtuais, que “subiram” a hashtag #EstadaoMentiu no Twitter, para tentar desqualificar o jornal.
O caso de Constança revela, em toda a sua extensão, o funcionamento da máquina de assassinato de reputação operada por grupos bolsonaristas e olavistas, que formam as correntes mais radicais e dogmáticas da chamada “nova direita” do País. Em razão dos ataques virtuais desferidos pela turma, várias vítimas acabam por restringir o acesso a seus perfis e silenciar sobre o tema que deu origem às agressões. Algumas pessoas simplesmente apagam suas páginas, aterrorizadas pela agressividade dos comentários.
Hegemonia Nesta reportagem especial, baseada em conversas com integrantes e ex-integrantes dessa engrenagem, o jornal mostra como ela funciona, quem são seus principais líderes e apoiadores e quais são seus tentáculos nos gabinetes palacianos e parlamentares. Conta, também, os casos de outras vítimas das milícias virtuais bolsonaristas e olavistas. Além de jornalistas, a lista inclui personalidades e influenciadores da própria direita e integrantes do governo, como o vice-presidente Hamilton Mourão, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, indicado pelo próprio Olavo de Carvalho.
O ex-secretário-geral da Presidência da República Gustavo Bebianno, que deixou o cargo em meados de fevereiro, foi chamado de “mentiroso” nas redes por Carlos Bolsonaro, um dos filhos do presidente, cujo post foi compartilhado pelo pai, por afirmar que havia conversado três vezes com o presidente sobre o uso de “laranjas” nas eleições por candidatos do PSL.
Na campanha eleitoral, a turba já havia se levantado contra qualquer um que pudesse colocar em risco a hegemonia de Bolsonaro junto ao eleitorado de centro-direita. O ex-presidenciável João Amoêdo, do partido Novo; o atual governador de São Paulo, João Doria (PSDB); o empresário Flávio Rocha, pré-candidato à Presidência pelo PRB; e até a garotada do MBL foram alvos de ataques torpes da máquina de difamação bolsonarista e olavista.
“Jacobinos” Como cruzados em luta para conquistar Jerusalém, os bolsominions e os olavetes, como eles são mais conhecidos fora de seus mundinhos, insurgem-se contra os adversários de Bolsonaro e Olavo de Carvalho e contra aliados que ousam discordar dos dois, ainda que de forma pontual. Não por acaso, receberam a alcunha de “jacobinos”, em referência ao movimento surgido na Revolução Francesa, em 1789, que defendia o extermínio da aristocracia e se tornou conhecido por impor o terror no país.
No Brasil, nos tempos do PT, também havia uma máquina implacável de destruição de reputação de adversários, em especial de jornalistas. A diferença é que, naquela época, os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff e seus parentes procuravam não se envolver diretamente, ao menos em público, na “guerra suja”. Além disso, a tropa de choque petista na internet recebia fartos recursos oficiais, para defender o governo e o partido e atacar os seus críticos.
Agora, o quadro mudou. Bolsonaro, seus filhos e alguns assessores palacianos e parlamentares envolvem-se diretamente nos ataques. E, por ora, de acordo com as informações disponíveis, sites e páginas como o Terça Livre, Isentões e Senso Incomum, que agem como se estivessem numa “guerra santa” contra infiéis, não estão recebendo recursos públicos para financiar suas atividades.
Na linha de frente dos ataques aos adversários e críticos de Bolsonaro e de Olavo figuram dois filhos do presidente – o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), responsável pela bem-sucedida campanha do pai nas redes e ainda hoje o principal administrador de suas páginas e perfis pessoais, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o mais ideológico da família e o mais ligado a Olavo. Ao lado deles, instalados no Palácio do Planalto, destacam-se o assessor internacional da Presidência, Filipe G. Martins, e os assessores presidenciais José Matheus Sales Gomes – criador dos sites Bolsonaro Zuero e Bolsonaro Opressor 2.0 na campanha e considerado o “gênio” das redes do presidente – , e Tercio Arnaud Tomaz, ambos ex-funcionários do gabinete de Carlos, na Câmara Municipal do Rio.
Desgaste Aparentemente, Carlos é o único que tem a senha para operar as páginas e perfis pessoais de Bolsonaro, além do próprio presidente. Na semana passada, ele afirmou numa rara entrevista (ao canal da jornalista Leda Nagle no YouTube) que, às vezes, sente-se “culpado” pelo conteúdo que publica na internet e leva um “puxão de orelha” do pai. Não se sabe, porém, se ele disse isso para tentar isentar Bolsonaro de responsabilidade pelas controvertidas publicações feitas em seu nome ou para exibir sua força na gestão do conteúdo nas páginas do presidente.
Os analistas que conhecem de perto o grupo mais próximo de Bolsonaro afirmam que Filipe Martins, um pupilo fervoroso de Olavo que foi introduzido no círculo bolsonarista pelas mãos de Eduardo, é quem está por trás de muitos ataques aos adversários e críticos do “professor” e do presidente. Eles dizem reconhecer o inconfundível estilo “jacobino” de Martins em vários dos ataques desfraldados por Olavo nos últimos tempos.
Quem conhece bem a forma de atuação do grupo afirma também que Olavo está sendo “brifado” em vários de seus posts por Martins e outros olavetes que ganharam cargos oficiais no atual governo e usado por eles para desferir ataques em todas as direções. Assim, Olavo dá a sua contribuição para preservar seus discípulos do desgaste inevitável que teriam se fizessem, eles mesmos, as publicações mais agressivas.
O caso de Mourão – “detonado” diversas vezes por Olavo, que o chamou de “palpiteiro” e afirmou que o vice é “uma vergonha para as Forças Armadas”, por causa de suas posições em defesa da opção das mulheres pelo aborto, contra a relativização da posse de armas e por suas críticas contra a política externa – é emblemático. Segundo o site O Antagonista, Mourão identificou as digitais de Martins, que conversa com frequência com o escritor, nos ataques desferidos contra ele.
Comando central O diplomata Paulo Roberto de Almeida, exonerado da presidência do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (Ipri) no início de março e outro alvo dos “petardos” de Olavo, também atribuiu a Martins o seu afastamento do cargo. “Ele é um desses olavistas fanáticos, que tem a verdadeira fé”, disse em recente entrevista ao Estado.
Muitas vezes, como no caso de Almeida, Mourão e Constança, os ataques virtuais parecem seguir uma estratégia bem elaborada e as orientações de um comando central, com o apoio de influenciadores como Allan dos Santos, do Terça Livre, os youtubers Nando Moura e Bernardo Küster e o empresário Leandro Ruschel, e de propagadores com milhares de seguidores nas redes, como Bruna Luiza Becker, ex-namorada de Martins que se tornou assessora de Vélez Rodríguez, a advogada Cláudia Wild e o perfil do Twitter Tonho Drinks.
De acordo com especialistas em redes sociais, os ataques digitais têm o apoio de robôs, que funcionam como uma espécie de faísca para incendiar a massa. No WhatsApp, por exemplo, onde os grupos podem ter no máximo 250 pessoas, costuma haver sempre dois ou três perfis falsos, destinados a enviar de forma automática mensagens com ataques a fulano ou beltrano. Em seguida, elas são compartilhadas pelos demais integrantes dos grupos em suas próprias redes, provocando o “efeito manada”.
Mas, mesmo nesses casos, deve-se levar em conta que há uma adesão espontânea que torna difícil caracterizar os grupos bolsonaristas e olavistas como membros de uma rede 100% estruturada de comunicação virtual. Nas eleições de 2018, o PT até tentou implementar algo do gênero por baixo do pano, remunerando os participantes, mas a iniciativa acabou “vazando” e o partido teve de abortá-la, para abafar o caso e evitar punições pesadas da Justiça Eleitoral. Uma rede profissional de milícias virtuais, encarregada de destruir a reputação de opositores e críticos pontuais, também exigiria um caminhão de dinheiro, difícil de obter com o cerco ao caixa 2 eleitoral e à corrupção.