Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
A reedição brasileira de um livro como As ideias conservadoras (novamente) explicadas a revolucionários e reacionários (Editora Almedina), de João Pereira Coutinho, é de grande importância para o nosso mundo intelectual não porque o autor seja meu amigo (afinal, somos obrigados a fazer full disclosure de nossas relações em homenagem à honestidade intelectual que nos une), mas sim porque o seu assunto, mesmo que pareça cifrado ou distante demais do nosso cotidiano, é essencial para que se entenda as engrenagens políticas que estão em jogo, seja no aspecto nacional como internacional.
O tópico sobre qual é o significado destas palavras repletas de insinuações maliciosas – conservadorismo, conservador, reacionário, fascista – chegou a tal ponto de incompreensão, para não dizer de estultice, que a mera leitura de algumas páginas deste pequeno e elegante volume é uma lufada de ar fresco em um debate que não existe mais – e, se alguma vez existiu, é certeza de que já começou viciado.
João Pereira Coutinho tem um estilo claro, direto que, sobretudo, não banaliza o assunto – muito pelo contrário, ele faz algo improvável para um livro de apenas 107 páginas: contribui com novas ideias, faz o leitor pensar em novas perspectivas e, mais, o retira daquela zona de conforto da qual a suposta “nova direita” tupiniquim sempre caiu, constituída no binômio maniqueísta do “nós” contra “eles” quando, na verdade, todos estão no mesmo barco e ignoram se rumam ou não rumo a um naufrágio.
Todavia, ao mesmo tempo, o livro apresenta um problema, cuja culpa não é sua ou a de seu autor, mas sim do leitor que irá encarar suas linhas. A pergunta que ficará para este sujeito será a seguinte: E o que eu tenho a ver com isso? Porque o livro não dialoga – e nem é mesmo a sua intenção primeira – com o público brasileiro, sequer o lusitano, apesar de ser escrito justamente na língua de ambos os países. O seu público é o anglo-saxão – e isto não é uma má notícia. Pelo contrário: Pereira Coutinho nos apresenta a um mundo que todos nós deveríamos ter acesso – e que foi infelizmente negado por causa de anos de lobotomia em uma cultura da estupidez institucionalizada. E quando falo de “mundo anglo-saxão”, não estou a falar de The Smiths, Echo & The Bunnymen, Lennon & McCarthy e Monty Phyton; falo do filósofo Roger Scruton, do cientista político Anthony Quinton, do grande Michael Oakeshott – e do honorável Sir Edmund Burke (1729-1797), considerado o pai do conservadorismo e, no caso de Pereira Coutinho, “o seu Virgílio nos labirintos da ideologia política”.
O honorável Edmund Burke falando ao deserto da Wasteland...
A nova direita europeia é uma mistura da velha direita – sim, existem remanescentes de antigos partidos fascistas e até saudosistas do hitlerismo, pois sempre os há – com novos reacionários, aqueles que "reacionam" contra os imigrantes, sobretudo os islâmicos, achando que estes vão "conspurcar" as sagradas tradições do cristianismo europeu, aquele mesmo que, em tempos recuados, promovia pogroms, perseguições e até massacres indiscriminados contra judeus, considerados os "assassinos de Cristo". Ainda não mudaram tanto assim as consciências, ou as "ignorâncias", em certos meios... Paulo Roberto de Almeida
Steve Bannon’s monastic academy denies monkey business
Donald Trump’s ex-strategist dismisses allegations of a forged letter as “dust kicked up by the left”
Donald Trump’s ex-strategist dismisses allegations of a forged letter as “dust kicked up by the left”
A PLAN BY Steve Bannon, Donald Trump’s former chief strategist, to launch an alt-right academy in an Italian monastery now risks being scotched by the authorities. Evidence has emerged that a key document used to secure tenancy of the property was forged.
Mr Bannon is paying the €100,000-a-year ($111,000) rent on a former Carthusian monastery, the Certosa di Trisulti, in the mountains east of Rome. The property belongs to the state. But in February 2018 Italy’s arts and heritage ministry granted a 19-year lease to a Catholic non-profit organisation then based in Rome, the Dignitatis Humanae Institute (DHI), of which Mr Bannon is a trustee. Two official bodies are investigating the concession: the Attorney General’s department and the regional auditors’ court in Lazio, the region around Rome in which the monastery is situated. An official says the ministry is not ruling out revoking the lease.
Mr Bannon has described the Academy for the Judaeo-Christian West that the institute plans to open at its monastery in the autumn as a “gladiator school for cultural warriors”. Benjamin Harnwell, the director of the DHI, says that his institute will offer a master’s course that includes teaching in philosophy, theology, history and economics. Mr Bannon will be personally responsible for additional tuition in the practical aspects of political leadership.
The DHI took over the monastery following a competitive tender. Accompanying the institute’s bid was a business plan and a letter endorsing it, apparently provided by the Gibraltar branch of a Danish financial institution, Jyske Bank. But on May 7thLa Repubblica, an Italian daily, reported a statement by Jyske Bank declaring the letter to be fraudulent. The managing director of Jyske Bank in Gibraltar, Lars Jensen, confirms the statement. “It is a fraudulent letter, put together by I don’t know who,” he toldThe Economistthis week. The signature purported to be that of “a lady who hasn’t been in the bank for years. Her role was that of an assistant and in that letter she’s a director or something like that. So it is obviously fraudulent,” he said.
Mr Harnwell admits that news of the bank’s statement “hit me sideways”. But Mr Bannon told The Economist that “Everything actually is totally legitimate…all of this stuff is just dust being kicked up by the left.” The business plan, however, was crucial to the success of DHI’s bid, which the ministry assessed using a points system. To qualify for the tender, the Institute needed at least 60 points. It secured 72.6. But of those, 17.8 were awarded for its business plan. So if that plan is ruled invalid because the “letter of certification” from its bank is found to have been forged, the authorities could revoke the lease.
The controversy over the DHI’s business plan is only the latest of several blows to the institute in recent months. Since December, the DHI’s chairman, Luca Volontè, a former Christian Democrat politician, has been on trial in Milan, charged with taking a €2.4m bribe from private and public sources in Azerbaijan. Mr Volontè was allegedly paid for helping to block criticism of human-rights abuses in Azerbaijan while a member of the parliamentary assembly of the Council of Europe. Mr Volontè denies any wrongdoing.
Mr Harnwell founded the DHI in 2008 and won support from a variety of prominent Catholics. They included conservatives such as Austin Ruse, president of the Centre for Family and Human Rights in America, and liberals like Lord Alton, a British peer and former Liberal Democrat politician. But Mr Harnwell admits that, as Mr Bannon has taken an increasingly visible role, several of his liberal members and officials, including Lord Alton, have quit. The latest to go was a high-ranking Vatican prelate, Cardinal Peter Turkson.
As Mr Harnwell readily agrees, the Institute’s stewardship of the Certosa, or Charterhouse, of Trisulti has brought with it daunting responsibilities. Founded in the early 13th century amid woodlands in a part of Italy renowned for its hermits and mystics, abbeys and convents, the complex covers 86,000 square metres—the size of 12 football pitches. It houses a watermill, a herbal pharmacy, an elaborately frescoed church and a topiary maze.
But many of its roofs are in urgent need of repair, and there is water infiltration in several places. The DHI committed itself in its bid to spend an additional €1.9m on restoration. Mr Bannon says that more than the row over the lease, the bigger concern “is making sure I can pull together all the resources needed to restore the monastery to what it should be”.
The local authority has presented a further challenge by demanding €86,000 a year in property tax and for waste collection. Mr Bannon remains unfazed by all this. “I couldn’t be more excited,” he says. More excitement is probably to come.
Impressionante o desfilar de sandices, mas que segue um plano bem concebido: consolidar essa versão da História para melhor assentar o seu poder totalitário (pelo menos em intenção).
Eu antes pensava que o Brasil era "apenas" um país mentalmente atrasado.
Agora me dou conta de que não, pois a coisa é muito pior: estamos ativamente, deliberadamente, rapidamente, andando para trás.
Ou seja, ademais de completamente anacrônicos, e de partilhar com os militares a mesma concepção nazista de economia e o mesmo entusiasmo por todo esse stalinismo industrial que estão praticando, os petistas são reacionários e, como encerrava Marx em seu Manifesto de 1848, querem fazer girar para trás a roda da História. Parece que estão conseguindo, com a colaboração dedicada de toda a direita conservadora, que nisso mostra que ela também é mentalmente atrasada e totalmente despreparada para governar.
Quanto aos social-democratas, eles são patéticos: querem ser melhores que o PT naquilo que o PT faz melhor, ou seja, mistificar a História, enganar os humildes e construir o seu sistema clientelístico, que só funciona com o dinheiro que os idiotas dos capitalistas repassam direta e indiretamente para eles, legal e ilegalmente.
Não tenho nenhuma dúvida: o Brasil atravessa o seu pior momento em 124 anos de regime republicano, e as tendências atuais devem atrasar o país pelos próximos 20 anos, pelo menos.
Gostaria de estar errado...
Paulo Roberto de Almeida
João Goulart: desenterrando os mortos para servir ao baixo proselitismo dos muito vivos
Por Por Reinaldo Azevedo, 14/11/2013
Leitores cobram que eu escreva sobre a exumação dos restos mortais de João Goulart. Escrevo, sim, embora, confesso, certas coisas me provoquem uma imensa preguiça — e olhem que, como é sabido, esse não é um dos meus defeitos. Mas supero. Por vocês! É claro que se está tentando exumar a história para tentar, mais uma vez, recontá-la aos olhos dos vitoriosos e oportunistas de agora. Não é isso o que se pretende com a dita Comissão da Verdade? Nesse caso, reparem: as chamadas vítimas da ditadura — as reais e as criadas por mistificadores — já obtiveram (ou estão em vias de) a reparação. O estado já reconheceu as suas "culpas". Notórios militantes de ideologias facinorosas posam por aí de heróis da resistência — quando seu repúdio à democracia era evidente. Assassinos ganham pensão. Não deixa de ser um desrespeito à memória das verdadeiras vítimas a vizinhança com aproveitadores. Mas não entrarei nessas minudências agora. O fato é que as reparações estão dadas. Mas isso não basta: é preciso inventar também uma narrativa oficial sobre aquele passado; é preciso escrever uma história que consagre a luta do Bem (as esquerdas e seus associados; o populismo doidivanas de Goulart é um "associado") contra o Mal.
E então se vai lá desenterrar os ossos do ex-presidente. Não há um só indício crível, uma só nesga de evidência, um só elemento plausível — além do depoimento de uma figura suspeitíssima — que sugiram que Jango possa ter sido envenenado. Aliás, se foi — e isso teria se dado por intermédio da troca de remédios —, então se deve supor que alguém da sua intimidade compactuou com a tramoia. Remédios são coisas mais ou menos íntimas, não? Nota à margem: diga-se o mesmo, nesse particular, sobre Yasser Arafat. Se é verdade que foi envenenado com plutônio, certamente foi com o concurso das forças de segurança da Fatah, não é? Mas voltemos ao essencial.
Que risco real Goulart representava ao regime militar em 1976? Tinha planos de voltar para o Brasil? Pretendia retomar a luta política? Ele, que não se mobilizou para sufocar um golpe dado em câmera lenta — a fase aguda começou no dia 29 de março a só chegou ao ápice a 1º de abril —, pretendia retomar a um Brasil absurdamente diferente daquele que abandonara 12 anos antes? Não custa lembrar: o sindicalismo do ABC, que já se adensava, indicava a existência de outro país, com um operariado de classe média, formado de consumidores, que aposentara suas apostas nos políticos de perfil populista, como Jango. Vejam os fiascos acumulados por Leonel Brizola, seu cunhado, que encontrou em Luiz Inácio Lula da Silva, o "sapo barbudo", o seu maior opositor. Quem pagou o pato da velharia ideológica do brizolismo, coitado!, foi o Estado do Rio... O que estou dizendo é que era preciso ter um motivo para a ditadura matar Jango. Qual é a hipótese?
Imaginem se, em 1995, em vez de cuidar do Plano Real, FHC estivesse dedicado a exumar os cadáveres do Estado Novo, que terminou em 1945. Sim, senhores! No ano que vem, o golpe militar completa CINQUENTA ANOS. À diferença do getulismo — de que Goulart era caudatário —, o regime militar não deixou herdeiros políticos; não se constituiu numa corrente de pensamento; não tem presença ativa nos debates e embates ideológicos; não detém lugares de poder. Nada! Se é que o atual PP pode ser considerado, por conta de umas duas três figuras, o herdeiro político da Arena, cumpre lembrar que o partido é um caro aliado do governo petista, com assento na Esplanada dos Ministérios. O czar da economia do regime militar, Delfim Netto, é um dos principais conselheiros econômicos do lulo-petismo. O maior herdeiro intelectual que os militares deixaram, no que concerne à concepção de economia e de estado, é mesmo o... PT!
Ocorre que exumar os restos mortais de Goulart alimenta a fantasia da luta das "forças populares" contra as "forças da reação", do "nós, os bons", contra "eles, os maus"; dos supostos defensores dos interesses nacionais (hoje, como na ditadura, fartamente financiados com dinheiro público) contra os vendilhões da pátria... Vale dizer: desenterram-se mortos, embalados por teorias conspiratórias meio alucinadas, para, de fato, servir aos interesses dos vivos — no caso, de vivaldinos.
Ademais, cumpre perguntar: o político João Goulart fazia mesmo o perfil do herói? O presidente de 1964 se encaixava no figurino de um defensor da democracia? Era zeloso com as instituições? Dosava, então, ousadia e prudência no melhor interesse da população? O líder deposto em 1964 respeitava as instâncias representativas e o estado de direito? Ora, tenham paciência, não é!? Ainda que não houvesse condições de se instaurar a tal República Sindicalista que muitos temiam, o fato é que investiu, com energia e determinação, na República Baguncista.
Afirmar que os militares deram um golpe para preservar a democracia é, obviamente, uma tolice. Sustentar, no entanto, que Goulart fosse um democrata é tolice de igual tamanho. Em 1964, a democracia foi abandonada à própria sorte. Faltavam forças relevantes que a defendessem.
O mais patético nessa conversa, caso nos fixemos na história das ideias, é que o petismo, que está a sustentar essa patuscada toda, se constituiu na contramão de tudo aquilo que Jango representava. Em algum momento da história, o PT representou um sinal de aggiornamento, de modernização, quando se toma o varguismo como referência. O partido, também nesse particular, mudou. E, como não poderia deixar de ser, para pior.
O Brasil deveria estar pensando em 2064. Mas está ocupado em rever 1964. Na prática, um século de atraso.
O PT é o esteio de um sistema hostil ao interesse público: a concha que protege a elite patrimonialista
Visitei Praga em 1989, às vésperas da Revolução de Veludo. Naquela cidade, "comunista" era estigma. No Brasil, a ditadura militar definiu a palavra "direita". "O cara é de direita." Impossibilitado de internar dissidentes em instituições psiquiátricas, o lulopetismo almeja isolá-los num campo de concentração virtual. No processo, devasta o sentido histórico dos termos até virá-los pelo avesso: eles é que são "de direita"; eu sou "de esquerda". Eles financiaram com dinheiro público a bolha Eike Batista. Na fogueira do Império X, queimam-se US$ 5,2 bilhões do povo brasileiro. "O BNDES para os altos empresários; o mercado para os demais": eis o estandarte do capitalismo de Estado lulopetista. Anteontem, Lula elogiou o "planejamento de longo prazo" de Geisel; ontem, sentou-se no helicóptero de Eike para articular um expediente de salvamento do megaempresário de estimação. O lobista do capital espectral é "de direita"; eu, não. Eles são fetichistas: adoram estatais de energia e telecomunicações, chaves mágicas do castelo das altas finanças. Mas não contemplam a hipótese de criar empresas públicas destinadas a prestar serviços essenciais à população. Na França, os transportes coletivos, que funcionam, são controlados pelo Estado. Eu defendo esse modelo para setores intrinsecamente não-concorrenciais. O Partido prefere reiterar a tradição política brasileira, cobrando de empresários de ônibus o pedágio das contribuições eleitorais para perpetuar concessões com lucros garantidos. "De esquerda"? Esse sou eu, não eles. Eles são corporativistas. No governo, modernizaram a CLT varguista, um híbrido do salazarismo com o fascismo italiano, para integrar as centrais sindicais ao aparato do sindicalismo estatal. Eles são restauracionistas. Na década do lulismo, inflaram com seu sopro os cadáveres políticos de Sarney, Calheiros, Collor e Maluf, oferecendo-lhes uma segunda vida. O PT converteu-se no esteio de um sistema político hostil ao interesse público: a concha que protege uma elite patrimonialista. "De direita"? Isso são eles. Eles são racialistas; a esquerda é universalista. O chão histórico do pensamento de esquerda está forrado pelo princípio da igualdade perante a lei, a fonte filosófica das lutas populares que universalizaram os direitos políticos e sociais no Ocidente. Na contramão dessa herança, o lulopetismo replicou no Brasil as políticas de preferências raciais introduzidas nos EUA pelo governo Nixon. Inscrevendo a raça na lei, eles desenham, todos os anos, nas inscrições para o Enem, uma fronteira racial que atravessa as classes de aula das escolas públicas. Esses plagiários são o túmulo da esquerda. Eles são atavicamente conservadores. Os programas de transferência de renda implantados no Brasil por FHC e expandidos por Lula têm raízes intelectuais nas estratégias de combate à pobreza formuladas pelo Banco Mundial. Na concepção de FHC, eram compressas civilizatórias temporárias aplicadas sobre as feridas de um sistema econômico excludente. Nos discursos de Lula, saltaram da condição de "bolsa-esmola" à de redenção histórica dos pobres. Quando os manifestantes das "jornadas de junho" pronunciaram as palavras "saúde" e "educação", o Partido orwelliano sacou o carimbo usual, rotulando-os como "de direita". Eles destroem a linguagem política para esvaziar a praça do debate público. Mas, apesar deles, não desapareceu a diferença entre "esquerda" e "direita" --e eles são "de direita". "Esquerda"? O lulopetismo calunia a esquerda democrática enquanto celebra a ditadura cubana. Fidel Castro colou a Ordem José Martí no peito de Leonid Brejnev, Nicolau Ceausescu, Robert Mugabe e Erich Honecker, entre outros tiranos nefastos. Da esquerda, eles conservam apenas uma renitente nostalgia do stalinismo. Sorte deles que Praga é tão longe daqui.
Brussels Official, Criticizing France, Turns Up Heat on a Tense Relationship
By STEVEN ERLANGER
The New York Times: 7:44 PM ET
PARIS — The French budget deficit is rising. President François Hollande is at historical lows in the polls. His divided Socialist Party placed third behind the far-right National Front in a parliamentary by-election. And if government ministers are to be believed, all these difficulties are caused by Brussels — the European Commission and its president, José Manuel Barroso.
To some degree, the squabbling reflects the current economic and political strains in France. But it also highlights the longstanding tensions between national governments and the European Union bureaucracy, which has taken on an especially powerful role since the Continent’s financial crisis upended politics and economies. That tension is stoking ideological passions on the left and the right across Europe, with potentially critical implications, at a time when popular skepticism about the European experiment is running high.
In this case, the problem began with aninterview that Mr. Barroso, a center-right former Portuguese prime minister, gave to The New York Times just before the Group of 8 summit meeting in Northern Ireland. The issue was whether France would block the beginning of talks on a free-trade agreement between the United States and the European Union over its “cultural exception” — its effort to promote domestic film, television and audiovisual productions through subsidies and quotas.
Mr. Barroso called the French vow to block the talks ill-judged and French criticism of globalization “reactionary,” harming the goal of cultural diversity rather than protecting it. He said the perceived threat from the United States was overblown by those who “have an anti-global agenda” and added, “It’s part of this anti-globalization agenda that I consider completely reactionary.” He said Europe could not be sealed off. “Some say they belong to the left, but in fact they are culturally extremely reactionary.”
Mr. Barroso, himself a former young Maoist, is unlikely to get a third term as commission president next year, and his criticism of the French left was neither original nor especially harsh.
But his comments about France created an immediate and loud reaction in France, with criticism from Mr. Hollande and his culture minister, Aurélie Filippetti, as well as the far-right National Front leader Marine Le Pen and the leftist minister Arnaud Montebourg. Less than a year before European parliamentary elections, which are expected to reflect deep anti-Brussels sentiment in many nations, Mr. Barroso has become a symbol for the kind of Brussels bashing that is feeding both far-right and far-left political tension in France and elsewhere in Europe.
The Socialist Party was eliminated from a runoff by the National Front in a by-election in southwest France, and after the seat was narrowly won on Sunday night by the center-right Union for a Popular Movement, Mr. Montebourg said: “Mr. Barroso is the fuel of the French National Front, that’s the truth. He is the fuel of Beppe Grillo,” referring to the leader of the populist Five Star Movement in Italy, which won a quarter of the vote of the lower house of Parliament in February’s election.
Mr. Montebourg, who himself ran for the presidency on a platform of “deglobalization” and is the minister for industrial renewal, said: “The European Union is paralyzed. It does not respond to any of the people’s aspirations in the industrial, economic or budgetary fields and in the end it provides a cause to all the anti-European parties.”
Ms. Le Pen, exulting in her far-right party’s strong showing, herself called Mr. Barroso “a catastrophe for our country and our continent” and a symptom of “a European system gone mad.”
In an editorial, Le Monde said, “Mr. Barroso, you are neither loyal nor respectful.” Le Point said Europe did not need friends like Mr. Barroso, while the business newspaper Les Échos complained about “the Europe of invective” doing nothing to advance the debate.
Mr. Barroso said at first through a spokesman that he was not criticizing the French government, but those in France who have those views. Of course, a number of them are indeed in the government, which helps explain the reaction.
Then he waded back into the fray. At a news conference on Monday, he said, “It would be good if some politicians understood that they will not get very far by attacking Europe and trying to turn it into a scapegoat for their problems.” He then added, “Some left-wing nationalists have exactly the same views as the far right.”
In a statement, the European Commission said French politicians should defend Europe “against nationalism, populism and jingoism” instead of “attacking globalization.”
The Frenchman who is European commissioner for the internal market, Michael Barnier, a former center-right agricultural minister, told France 2 television that Mr. Montebourg’s “absurd” remarks were the latest attempt by France under the Socialists to “shirk its responsibilities.”
But the Socialists “won’t be shirking for very much longer because the moment of truth will arrive at some point; it’s arriving for the minister,” said Mr. Barnier, citing Germany’s better economy “under the same commission.”
Mr. Barnier said, “I’ve had enough of hearing ministers in my country, politicians from left and right, saying that it is all somebody else’s fault.”
Mr. Barnier’s statements struck some as odd, given that he was fiercely protectionist as Nicolas Sarkozy’s agriculture minister, defending restrictions on genetically modified food and a ban on American chicken because it was bathed in chlorine to kill bacteria.
The Paris-Brussels spat continues and has moved beyond the cultural exception, of course, reflecting the difficulties of a Socialist government that finds itself caught in a triple-dip recession, with record unemployment and rising budget deficits, despite getting two years’ grace from the same European Commission to meet budget deficit targets. And Mr. Hollande now faces the delicate task of overhauling his nation’s pension system without sparking national strikes and worker unrest.
France’s Socialist Party has always been ambivalent about Europe, having split badly in 2005 over a referendum on a European constitution, which failed. Mr. Hollande favored the constitution, while the current foreign minister, Laurent Fabius, was a leader of the opposition. Mr. Hollande has recently said he supports a closer political union of the nations that use the euro, including a permanent president — considered a shift in traditional French views.
But the more left-wing element of his party and government are deeply reluctant to give any more power to Brussels, especially over the economy and the labor market.
Pascal Lamy, a Socialist who heads the World Trade Organization and is considered a dark-horse candidate for prime minister, on Tuesday criticized both Mr. Barroso and Mr. Montebourg for “exaggerated” and “simplistic” views. But he saved his real fire for Mr. Montebourg.
“I think the thesis of deglobalization is a reactionary thesis, like all those theses that call for a return to the past,” Mr. Lamy told Europe 1 radio. “What matters is not the past but the future.”