O que terá levado dirigentes políticos e responsáveis setoriais da educação em Roraima a ordenar o recolhimento de “livros inadequados” – Machado de Assis, Mario de Andrade, Euclides da Cunha – à juventude estudantil do estado?
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
domingo, 9 de fevereiro de 2020
Por que suprimir livros? Paulo Roberto de Almeida
O que terá levado dirigentes políticos e responsáveis setoriais da educação em Roraima a ordenar o recolhimento de “livros inadequados” – Machado de Assis, Mario de Andrade, Euclides da Cunha – à juventude estudantil do estado?
segunda-feira, 15 de outubro de 2018
Criacionismo paira sobre o ensino cientifico no Brasil: campanha de Bolsonaro
Paulo Roberto de Almeida
Rabat, 15/10/2018
‘É preciso nova bibliografia para escolas’, diz assessor de Bolsonaro para a Educação
General que ajuda a fazer plano de Educação quer retirada de livros com
‘ideologia’ e ensino da ‘verdade sobre 64’
terça-feira, 1 de março de 2016
A lei paranoica da biodiversidade e o atraso mental das elites - Joana Duarte (ON)
O problema do Brasil, tenho repetido, não é tanto o atraso material e econômico, mas o atraso mental de certas "elites", verdadeira indigência intelectual que nos trava no atraso e no subdesenvolvimento.
Paulo Roberto de Almeida
Uma mordaça em pesquisas no Brasil
Lei da biodiversidade entrou em vigor em 2015 sem regulamentação, travando pesquisas que englobam desde conhecimentos indígenas ao zika vírus
O motivo do impedimento é uma nova lei que entrou em vigor no final de 2015 sem regulamentação. A chamada Lei da Biodiversidade— muito celebrada no meio acadêmico como uma legislação que veio para reduzir a burocracia e estimular a pesquisa e inovação com espécies nativas — revogou a lei anterior e passou a valer em 17 de novembro do ano passado sem, no entanto, dar aos pesquisadores os instrumentos para cumpri-la.
Leia também: Governo elabora MP do Zika Vírus
Até a publicação de um decreto que regulamente a lei, todas as pesquisas envolvendo qualquer recurso genético nativo do Brasil publicadas este ano– sobre o zika vírus isolado no país, por exemplo – estão ilegais. Isso porque a lei determina que antes da publicação de estudos do tipo, o pesquisador preencha um cadastro eletrônico com dados sobre a pesquisa — um sistema que não existe ainda porque depende da regulamentação da lei.
“A gente está numa situação muito estranha”, diz Manuela da Silva, assessora da Vice-Presidência de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fiocruz, no Rio de Janeiro. “Temos uma nova lei que era muito aguardada, e era para que quando ela entrasse em vigor tivéssemos a publicação do decreto e o sistema eletrônico onde nós faríamos os cadastros. Legalmente só podemos mandar material para fora do país ou publicar resultados depois que fizermos o cadastro. Mas como a gente não tem o sistema de cadastro porque a gente não tem o decreto, legalmente, a gente não pode fazer isso.”
Proteção ao patrimônio ou paranoia?
Na nova lei, a biodiversidade brasileira é chamada de “patrimônio genético” e engloba desde um vírus isolado no Brasil ao conhecimento tradicional de uma comunidade indígena associado a uma determinada espécie nativa. É este último ponto – a exploração do conhecimento tradicional de comunidades nativas — que vem causando a maior discórdia e travando a regulamentação de uma lei abrangente.
Para lideranças indígenas e ativistas dos direitos de comunidades tradicionais, a lei não foi suficientemente debatida antes de ser aprovada. Eles reclamam que não houve um processo adequado de consulta e que estariam ameaçados pela aplicação da lei. Apoiadas por ONGs verdes como o Instituto SocioAmbiental, lideranças indígenas boicotaram uma audiência pública do Ministério do Meio Ambiente, promovida em outubro do ano passado, no intuito de debater o escopo da lei e ouvir opiniões. Em contrapartida, divulgaram uma carta aberta exigindo a revogação da lei.
Para o diretor do Departamento do Patrimônio Genético do MMA, Rafael de Sá Marques, a rejeição inicial à lei foi pautada por muita desinformação, mas desde então muitos mitos foram desfeitos, o que diminuiu a resistência dos povos, que agora defendem a manutenção de alguns pontos da minuta do decreto. “Uma das maiores críticas dos indígenas era que a lei não dava aos povos o direito de negar acesso aos seus conhecimentos, mas isso é não é verdade. A lei diz que não haverá acesso ao conhecimento tradicional sem consentimento prévio e informado”, diz Marques.
A última previsão do MMA é que o decreto seja aprovado em abril deste ano, após passar por uma consulta pública de 30 dias.
Enquanto isso…
O pesquisador alemão Jonas Schmidt-Chanasit lidera um programa no Rio de Janeiro financiado pelo governo de Angela Merkel para monitorar doenças transmitidas por mosquitos na cidade olímpica, em colaboração com pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ele em ao Rio, em média, cinco vezes por ano e diz que é praticamente impossível transportar qualquer tipo de amostra biológica dentro ou fora do país. Conta que já chegou a ser tirado de um avião pela Polícia Federal e forçado a abrir amostras carimbadas com selo oficial do ministério da Agricultura.
“É uma atitude paranoica das autoridades”, diz. “É claro que o Brasil tem o direito de proteger seus recursos genéticos, mas o processo de colaboração é necessário para avançar nas pesquisas. Nem todos querem roubar da floresta.”
domingo, 11 de outubro de 2015
Politica brasileira: ninguem mais ama os companheiros? (1) - Paulo Roberto de Almeida
Para não dizer que eles merecem o que recebem hoje pelo que fizeram ontem, vou transcrever aqui dois retratos do que eles representavam, e do que passaram a representar.
Eles andam de crista baixa, e todo mundo acha que eles estão mentindo, e com razão, pois se até o filho do chefe da quadrilha vive de propina institucionalizada.
O primeiro retrato se passa em salas de aulas, e eu apaguei os nomes e locais para não constranger ninguém. Foi recebido no momento das eleições e postado entre o primeiro e o segundo turno neste mesmo blog.
Se coloco novamente agora, é para sentir a mudança de humor e de postura que se passou na sociedade, um ano depois das eleições fraudadas de 2014.
Fica o registro.
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 11/10/2015
Recebi hoje, e quase apago (pois entrou direto na minha caixa de Junk mail), a mensagem abaixo de um aluno, a propósito de um entrevero recente que mantive com alguns professores que não merecem esse nome:
On Oct 23, 2014, at xx:xx, Xxxx Xxxxx <xxxxx@hotmail.com> wrote:
Mensagem enviada pelo formulário de Contato do SITE.
Nome: Xxxx Xxxxx
Cidade: Xxxx
Estado: XX
Email: xxxxxx@hotmail.com
Assunto: Opiniao
Mensagem: Prezado Sr. Paulo Roberto,
Meu nome é Xxxxx e sou estudante de Xxxxxxxxx da Universidade Federal de XX. Eu gostaria de agradecê-lo por ter defendido, o que nós, poucos alunos de Xxxxxxx da UFXX não podemos expressar. O partidarismo político do meu curso tem sido extremamente abusivo e perverso. As aulas são praticamente somente para explicar os porquês que o governo da Dilma são benéficos à população. Os Professores Fulano e Beltrano que deveriam nos ensinar xxxxxxx, nos ensinam somente sobre o comunismo. Eu e mais três alunos do curso somos liberais e já sofremos com atos abusivos por tal. Nossos colegas e professores nos ridicularizam. Como estou no meu último semestre, infelizmente não posso defender as ideias que julgo como justas e honestas. E por tal motivo, senti a necessidade de agradecê-lo por ter apontado o abuso que nossos professores fizeram e têm feito diariamente através da publicação daquele "manifesto". Fica aqui o meu muito obrigada.
Respeitosamente,
Xxxxx Xxxxxx.
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Respondi o que segue:
Xxxxx,
Muito grato pela sua mensagem e pelas palavras sensatas que voce me escreveu.
Toda a minha ação, como professor, todas as minhas atividades, como profissional da diplomacia, têm sido sempre no sentido da informação de boa qualidade, do questionamento crítico de qualquer argumento ou informação que lemos ou que recebemos, de reflexão ponderada sobre esses temas, e de tentativa de educar, didaticamente, os mais jovens, com base nas minhas leituras, na minha experiência de vida, no meu conhecimento do mundo, como o conheci, diverso e contraditório, todos os socialismos (reais e surreais) e todos os capitalismos, ideais, periféricos, miseráveis, e alguns fascismos também (o que temo para o Brasil).
Infelizmente, atravessamos, no plano cultural, educacional, e até mental, uma fase muito difícil para o Brasil, com essa miséria da academia, com esse recuo da inteligência, com essa renúncia a pensar.
Isso um dia passa, mas deixa marcas, e nos deixa para trás na simples escala da inteligência humana.
Persistiremos, com alunos como você e seus colegas.
Somos hoje, um quilombo de resistência intelectual, mas a verdade sempre acaba prevalecendo no final.
É por isso que lutamos, se mais não fosse apenas para preservar nossa dignidade como cidadãos conscientes.
Cordialmente,
PS.: Se você não se incomoda, vou apagar as referências reais e postar a sua bela mensagem para que outros a leiam. Quem sabe, alguém gostará, quem não sabe, se interessará, e talvez ajude a pensar...
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Paulo Roberto de Almeida
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015
Banco do Brasil Carnavalesco? Seus computadores foram desfilar na passarela?
18/02/2015 | XXXX | Transferência on line 14/02 XXXXX XXXXXXXX |
50,00 D
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18/02/2015 | Transferência on line 15/02 XXXX XXXXXXXXX |
100,00 D
| ||
18/02/2015 | 1403-6 | Transferência on line 17/02 XXXX XXXXXXXXXX |
350,00 D
|
Todas elas foram feitas antes do dia 18/02, certo? Respectivamente dias 14, 15 e 17 de fevereiro.
E quando elas foram creditadas? Ontem, depois que acabou o Carnaval.
E o BB pode alegar o que?
Que os seus computadores também têm direitos humanos, e que eles tinham o direito de sair por aí no Carnaval, deixando de trabalhar?
Que os seus computadores são sindicalizados, e que o sindicato exige descanso obrigatório nos feriados, dias santificados e outras pausas para descansar?
O Banco do Brasil é um banco atrasado, ou ele é assim mesmo porque estatais no Brasil não têm nenhum respeito pelos seus clientes?
Gostaria de ouvir uma explicação...
Paulo Roberto de Almeida
domingo, 29 de junho de 2014
Nosso fascismo ordinario: o Estado proibe o cidadao de ser livre
"Carona paga" é ilegal, diz agência reguladora sobre app Uber
Segundo ANTT, oferta de transporte em troca de pagamento sem autorização pública desrespeita resolução
Carona 2.0: será que pega no Brasil?
quarta-feira, 23 de abril de 2014
O grande apagao mental do governo brasileiro - setor eletrico em pane
Uma tempestade perfeita de arrogância, estupidez, bloqueio mental e ignorância crassa, e quem sofre é o povo brasileiro.
Os companheiros merecem ganhar o Prêmio IgNobel de besteirol acumulado...
Paulo Roberto de Almeida
Quem quiser entender o tamanho do problema do setor elétrico sugiro que assista ao programa da jornalista Miriam Leitão da semana passada na Globo News. Um post sobre o programa e o link para o programa podem ser acessados aqui no blog da Miriam Leitão.
Miriam entrevistou um dos maiores especialista do setor elétrico no Brasil, Mario Veiga da PSR. Em 2012, Mario era um dos consultores do governo federal e um dos defensores da MP No 579 de 11 de setembro de 2012, que definiu o novo marco regulatório para o setor elétrico. Lembro de um debate que participei , em 2012, no qual ele defendia o novo marco do setor elétrico e Elena Landau criticava fortemente.
A suposta lua de mel entre Mario Veiga e o governo terminou ao que parece porque o governo não concordou com as análises do consultor ao longo de 2013 e, possivelmente, o consultor deve ter discordado da redução forçada do preço da energia apesar do uso da térmicas ao longo de 2013. Hoje o consultor é uma das pessoas na lista negra do governo, com todas aquelas que ousam a discordar das projeções, em geral erradas, do governo.
A entrevista que Mario Veiga deu à Miriam Leitão é uma verdadeira aula sobre o problema do setor elétrico. Vou destacar quatro pontos. Primeiro, o nível dos reservatórios, em abril deste ano, está no menor nível desde 2001. O gráfico abaixo apresentado no programa deixa isso muito claro.
Segundo, os reservatórios perdem grande parte do seu volume ao longo do ano, como se observa em outro gráfico apresentado no programa e reproduzido abaixo para 2010 e 2012. O volume dos reservatórios baixam de um valor próximo a 80% no inicio do ano para 30% no final do ano em anos com período chuvoso normal. Agora já estamos com um nível dos reservatórios de 37%. Qual será o nível mo final do ano?
Mesmo com o acionamento das térmicas ao longo do ano, como em 2013, isso não resolverá o problema como não resolveu em 2013 que não teve nem um evento atípico e os reservatórios estavam, em abril de 2013, acima de 60%. Mario Veiga mostra que, possivelmente, a oferta de energia das hidrelétricas está superestimada pelo governo e o valor real da capacidade do sistema é muito menor do que o dado divulgado pelo governo.
Terceiro, o custo da redução forçada da conta de energia, em 2013 e 2014, pode passar de R$ 50 bilhões. Em 2013, o governo bancou via Tesouro R$ 8 bilhões de subsídios e mais R$ 10 bilhões em empréstimos para distribuidoras que serão pagos pelos consumidores ao longo dos próximos anos. Mario lembra que a receita total das distribuidoras não chega a R$ 10 bilhões e, assim, o volume de subsídios e empréstimos as distribuidoras é bastante elevado.
Para 2014, o governo já garantiu um novo subsídio de R$ 10 bilhões do Tesouro Nacional e novos empréstimos às distribuidoras entre R$ 12 e R$ 24 bilhões. Assim, a conta de 2013 e 2014 com subsídios e empréstimos corresponderá a algo entre R$ 40 bilhões e R$ 52 bilhões, uma parte será paga por nós via impostos e outra parte via aumento na conta de luz que pode chegar a 35%.
Quarto e último ponto, apesar desse custo enorme, há ainda o risco sério de apagão se não houver racionamento. O que grande parte do mercado aposta a partir das estimativas de Mário Veiga é que, se não houver um racionamento imediato já a partir de maio, o racionamento inevitavelmente virá em 2015. Alguns bancos já falam até em recessão em 2015.
O que o governo diz? O governo fez nos últimos 30 dias duas reuniões com analistas de bancos para garantir que não há risco de racionamento. A primeira dessas reuniões foi em Brasília e, a segunda, na semana passada em São Paulo. A impressão que fica neste debate é que os números de Mario Veiga são muito fortes e mostram um problema real que o governo não consegue refutar.
Um amigo com trânsito na Empresa de Pesquisa Energética (EPE) me garantiu que o humor por lá na semana passada também não anda nada bem e que alguns técnicos já reconhecem a necessidade de medidas restritivas ao consumo: racionamento. Ao longo do ano saberemos quem está com a razão neste debate. Se for o consultor Mario Veiga, isso significará mais um duro golpe não apenas na credibilidade do governo, mas também da ANEEL e da EPE. A ver.
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