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quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Stalinismo do partido totalitario se poe em marcha - Felipe Moura Brasil

Conheço esse pessoal de longe, quero dizer, os totalitários e os stalinistas que hoje se abrigam no partido hegemônico, que ganhou as eleições mediante fraudes legais -- isto é mentindo, enxovalhando, caluniando, e fazendo terrorismo eleitoral contra os mais pobres e dependentes -- e que pretende se manter no poder mediante todos os golpes que estiverem ao alcance do partido neobolchevique.
Eu os conheço da história, e também por ter visitado, em outros tempos, todos os socialismos realmente existentes, os reais, e os surreais, os mais amenos e os mais ferozmente stalinistas.
Eu sei do que essa gente é capaz. E é isso que é denunciado nesta postagem de Felipe Moura Brasil.
Eles fazem isso mesmo: e se precisar, vão fazer como Stalin fez com Trotsky. Simples assim.
Paulo Roberto de Almeida
04/11/2014
às 0:31 \ Cultura, Eleições

Dilma completa exploração da farsa sobre “intervenção militar”. Entenda o golpe petista para calar manifestações

Há um golpe em curso: o de calar as manifestações pacíficas contra o PT.
Mas o que elas querem?
- Liberdade de Imprensa;
- Investigar o uso político dos Correios nas eleições e as urnas eletrônicas;
- Fim do apoio a ditaduras e financiamento de suas obras;
- Prisão dos políticos envolvidos no escândalo do petrolão.
Como os petistas reagem para minar o movimento na raiz?
Combatem a pauta verdadeira e o teor dos argumentos? Não! Eles não querem saber da realidade. Tentam apenas desqualificar o movimento falsificando suas intenções.
Veja as etapas do procedimento:
1) Primeiro, os jornalistas militantes dos grandes jornais tomam uma opinião isolada de um suposto manifestante em prol da “intervenção militar” para dar ares de golpismo ao ato antipetista. (AQUI)
(O nome do personagem das matérias da Folha e do Estadão é Sérgio Sálgi, suposto investigador de polícia de 46 anos, cujo nome não se encontra no Facebok, nem no Twitter, nem no Google, a não ser nas próprias matérias citadas e em suas reproduções pela rede. Mas ainda que Sálgi seja um manifestante real, e ainda que houvesse mais alguns como ele, sua opinião não representa a pauta do ato, cujos organizadores discursaram contra qualquer forma de golpe. Ainda que queira “intervenção militar”, isto não significa volta da ditadura. Ainda que não haja manifestante algum pedindo isso, nada mais fácil que infiltrar militantes com cartazes assim para avacalhar o movimento.)
2) Com base nas matérias dos jornais, os blogs sujos do partido e seus militantes virtuais espalham que a manifestação é golpista e, para dar ares de truculência e violência, acrescentam o flagrante em fotos e vídeo do deputado federal Eduardo Bolsonaro armado com uma Glock 9mm na cintura durante seu discurso, sem informar que ele é, também, policial federal, com porte legal de arma, neste país onde a taxa de policiais mortos fora de serviço é elevadíssima. (AQUI)
3) Políticos petistas, como a própria presidente Dilma Rousseff, e dos partidos tidos como “linha auxiliar do PT”, como Jean Wyllys, completam a exploração cínica da farsa.
O método de Wyllys eu já mostrei no post anterior. O método de Dilma, como se vê pelo post desta segunda-feira em sua página oficial no Facebook, é o de sempre: aplicar o vitimismo de quem lutou contra a ditadura militar, omitindo o fato tantas vezes demonstrado neste blog de que ela lutava por uma outra ditadura: a do proletariado.
Captura de Tela 2014-11-03 às 22.32.33
Essa presidente que não quer ditadura nunca mais é a mesma que permite que o ditador Nicolás Maduro, da Venezuela, parceiro do PT no Foro de São Paulo, envie um grupo de militantes ao Brasil para dar aulas de socialismo ao MST, como denunciou Claudio Tognolli.
No vídeo abaixo, o ministro de Comunidades e Movimentos Sociais, Elias Jaua, diz que os acordos têm por objetivo aumentar a capacidade de compartilhamento de experiências de formação “para fortalecer o que é essencial para uma revolução socialista, o que é treinamento, conscientização e organização do povo para defender o que foi alcançado e avançar na construção de uma sociedade socialista”.

Essa presidente que não quer ditadura nunca mais é a mesma que a oposição venezuela chama de cúmplice da ditadura assassina de Maduro:
Dilma-ditadura-democracia
[Veja também aqui no blog: María Corina sofreu na pele com ditadura apoiada pelo PT na Venezuela. Ela apoia Aécio contra Dilma no Brasil.]
Essa presidente que não quer ditadura nunca mais é a mesma cuja vitória eleitoral é celebrada pelo ditador Maduro:

E nunca é demais relembrar as vítimas dos grupos terroristas de Dilma:
Dilma Israel
Veja também aqui no blog:
Eduardo Jorge admite o que Dilma sempre escondeu: “Éramos a favor da ditadura do proletariado”
Marco Antonio Villa no Programa do Jô: “Nenhum grupo de luta armada defendeu a democracia.” Assista ao vídeo
4) Reforça-se com tudo isso a satanização das Forças Armadas e, por tabela, da Polícia Militar, legitimando as campanhas de desmilitarização e desarmamento.
Já circula no Facebook inclusive um manual – não sei se legítimo – de um suposto petista ensinando os militantes a minar as manifestações e pressionar os políticos para retirar dos “estados coxinhas” os equipamentos militares.
Rogério Silva
Os manifestantes anti-PT terão de enfrentar todas essas manipulações para lutar nas ruas pela sua pauta.
Por ora, dou apenas uma recomendação menor aos organizadores: assim como a extrema esquerda popularizou o termo “P2″ para se referir aos policiais infiltrados em seus atos terroristas disfarçados de manifestação, sugiro aos antipetistas que já batizem logo de “G2″ os golpistas infiltrados.
Para fortalecer o movimento, é preciso se distinguir rapidamente dessa gente.
Felipe Moura Brasil ⎯ http://www.veja.com/felipemourabrasil
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quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Eleicoes 2014: o partido totalitario tentou proibir esta materia de imprensa (faz parte da natureza deles)

A campanha da candidata-poste (atenção, a classificação não me pertence; foi dita pelo seu criador, e chefe) tentou interditar esta matéria.
Eu nem sabia dela, só tomei conhecimento quando um ministro do TSE descartou a tentativa de censura sem sequer entrar no mérito da questão, apenas em defesa da liberdade de expressão, tal como assegurada constitucionalmente, e na verdade por que a Google não tinha responsabilidade sobre o conteúdo do material, sendo apenas um instrumento de busca. Nem a revista Veja, nem a campanha do candidato oposicionista eram partes no processo, apenas a campanha da continuista e a Google.
Por isso, vou ler agora cada uma das dez questões, e postar aqui, sem ilustrações, apenas texto.
Sirvam-se, e não precisa me agradecer, apenas agradeçam à liberdade de imprensa, que se dependesse do partido totalitário não existiria mais no Brasil.
Paulo Roberto de Almeida

Eleições 2014

Dez fatos econômicos que você precisa saber antes de votar

Dos juros à inflação, do câmbio às contas públicas, saiba como os indicadores econômicos podem impactar, para o bem e para o mal, a vida dos brasileiros

Revista Veja,  3/10/2014

O ano de 2014 se sobressai quando se trata de indicadores econômicos ruins. Tudo piorou: dos juros à inflação, da balança comercial ao emprego, das contas públicas à política cambial. São informações que afetam diretamente a vida dos brasileiros e precisam ser levadas em conta na hora do voto. O site de VEJA preparou uma lista que mostra como a deterioração dos indicadores pode mudar a realidade da população a partir do ano que vem.

10 fatos econômicos que você precisa saber antes de votar
 1) Comprar carros não é mais tão simples. Por quê?

O governo protelou até onde foi possível, mas permitiu a subida dos juros a partir de 2012. Com os financiamentos mais caros, menos brasileiros se sentem seguros para assumir uma dívida tão alta como é a compra de um veículo. Além disso, diante do crescimento baixo da economia, os bancos se tornaram mais criteriosos na hora de conceder empréstimos, o que fez com que menos brasileiros tivessem acesso a crédito. O resultado é que as montadoras enfrentam um de seus piores anos, com queda de 9% nas vendas de veículos somente em 2014. Com isso, as fábricas passaram a demitir. O setor automotivo, que inclui também as fábricas de autopeças, é um dos maiores empregadores da indústria brasileira. Se o setor vai mal, o emprego é sacrificado. Segundo o IBGE, a indústria automotiva já demitiu mais de 8.000 funcionários até agosto deste ano.

 2) A inflação voltou para ficar. Isso faz diferença?

A inflação tem sido o grande inimigo dos brasileiros. No acumulado de doze meses, ela bate 6,5%. Esse patamar é o teto da meta estabelecida há quase vinte anos com o objetivo de domar a alta dos preços que era tão feroz no Brasil nos anos 1980. O centro da meta é de 4,5% e é esse número que deve ser perseguido pelo Banco Central, o órgão responsável por controlar o indicador. A inflação, contudo, tem sido sentida com muito mais força pelos brasileiros do que os 6,5% indicam. Aluguéis, mensalidades escolares, compras de supermercado e preços de serviços têm sofrido reajustes mais dolorosos. Alimentos, por exemplo, subiram 8% em 2013 e 4,8% no acumulado de janeiro a agosto de 2014. Já os serviços subiram 6,64% nos primeiros oito meses nesse mesmo período. A inflação só não está mais alta porque há os chamados preços administrados, como a gasolina, energia elétrica e impostos, como o IPVA, por exemplo. São valores que precisam da chancela de governos federal, estaduais e municipais para serem reajustados. O governo dispõe de mecanismos para contribuir com o controle da inflação, como redução dos gastos públicos, por exemplo. Contudo, essa não tem sido a diretriz da atual presidente. Ela tem sacrificado o controle inflacionário em função de políticas de aumento de gastos. Outra forma de controlar a inflação é subindo os juros. Na prática, com juros mais altos, a população reduz o consumo num primeiro momento e os preços se reequilibram. O problema é que o BC não teve liberdade para subir juros quando necessário. No momento em que recebeu o aval, passou a elevá-los, mas já era tarde demais. Há três anos o Brasil não consegue trazer a inflação para o centro da meta.

3) Os ricos estão cada vez mais ricos. O que aconteceu?

Está engavetado no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) um estudo inédito que mostra uma realidade bem diferente da que vem sendo pregada pelo PT na campanha eleitoral de Dilma Rousseff. O mostra que a concentração de renda aumentou no Brasil entre 2006 e 2012. Dados do Imposto de Renda dos brasileiros coletados por pesquisadores do Instituto mostram que os 5% mais ricos do país detinham, em 2012, 44% da renda. Em 2006, esse porcentual era de 40%. Os brasileiros que fazem parte da seleta parcela do 1% mais rico também viram sua fatia aumentar: passou de 22,5% da renda em 2006 para 25% em 2012. O mesmo ocorreu para o porcentual de 0,1% da população mais rica, que se apropriava de 9% da renda total do país em 2006 e, em 2012, de 11%. Outro estudo feito pelos mesmos pesquisadores, usando dados da Pnad e do imposto de renda, mostram que houve sim crescimento da renda durante os governos petistas. Porém, diz o estudo, "os ricos se apropriaram da maior parte desse crescimento”.

 4) O dólar disparou. Isso é um problema?

Quando a presidente Dilma assumiu, o dólar estava cotado a 1,68 real. Hoje, está em 2,49 reais. As razões da subida são muitas e incluem desde erros cometidos pelos governantes até uma tendência internacional de alta da moeda. No caso do Brasil, os problemas internos contaram mais que as situações vindas de fora. Quando o dólar custava menos que 1,70 real, o governo o considerava baixo demais e começou a cobrar mais impostos sobre os investimentos estrangeiros que eram feitos no país. O objetivo era limitar a entrada de dólares justamente para sua cotação subir. Num primeiro momento, não adiantou nada. Mas, conforme os investidores foram perdendo a confiança no Brasil, os dólares, de fato, começaram a minguar. Com isso, a moeda passou a subir até superar o patamar de 2 reais. O dólar mais alto encarece os produtos que o Brasil importa, como gasolina e trigo. Mas, por outro lado, beneficia os exportadores brasileiros. O dólar começou a subir tanto que o governo mudou de ideia. Descobriu que, se moeda ficasse muito cara, a inflação subiria muito — o que é ruim para o bolso da população e pode gerar um alto índice de desaprovação nas urnas. Assim, por meio do Banco Central, o governo começou a estimular a entrada de dólares. Os efeitos dessas ações, no entanto, não impediram a moeda de subir. Aliás, quanto mais as pesquisas mostram que a presidente Dilma tem chances de se reeleger, mais dólares deixam o Brasil e mais alto fica o valor da moeda americana.

5) O setor elétrico está em crise. Como isso afeta o seu bolso?

Com o intuito de reduzir a conta de luz em cerca de 20%, a presidente Dilma anunciou, em 2012, um pacote de medidas para o setor elétrico. Em suma, as geradoras e distribuidoras que levam a energia até as residências teriam de se adaptar a novas regras que, num primeiro momento, reduziria seus ganhos. Nem todas as geradoras aceitaram os novos termos e deixaram de fornecer para o mercado regulado, que é o jargão do setor para explicar o mercado residencial. Com isso, a oferta de energia se arrefeceu para as residências. Outro agravante foi a estiagem que atingiu o centro-sul do país. As distribuidoras que estavam descontratadas, ou seja, precisavam fechar novos contratos com as geradoras para oferecer energia aos brasileiros, tiveram de comprar energia a um preço cinco vezes maior no mercado de curto prazo. As distribuidoras também tiveram de arcar com o custo das termelétricas. Devido à estiagem, muitas hidrelétricas não conseguiram suprir a demanda de energia. Por isso as térmicas, que são movidas a combustível e por isso são mais caras, tiveram de assumir o fornecimento. Sem caixa para bancar esse aumento de custo, as distribuidoras tiveram de pedir ajuda ao governo e reajustar a tarifa de energia dos brasileiros. Resultado disso é que o corte na conta de luz anunciado em 2012 causou tamanho desequilíbrio no mercado que gerou um ônus de mais de 60 bilhões de reais para o país. Essa conta está sendo paga pelos consumidores, por meio do aumento da conta de luz, e pelos contribuintes, que financiam a ajuda que o governo deu às distribuidoras. 

 6) Contas públicas estão um desastre. E daí?

O que o governo faz do dinheiro arrecadado com impostos pagos pela população é de grande importância. Pena que os governantes não se preocupam muito em prestar esclarecimentos sobre esses gastos. Por isso muitos brasileiros nem sabem ao certo o que são as contas públicas, que nada mais é do que o fluxo de caixa do governo — ou seja, o dinheiro que recebe em impostos e como esse valor é aplicado para o bem estar da população. A forma como o governo gasta o dinheiro público é um indicador importantíssimo da saúde financeira do país, sobretudo no caso do Brasil, que tem de pagar mensalmente os juros sobre sua dívida com outros países, investidores, bancos nacionais e estrangeiros, entre outros credores. Para pagar os juros, é preciso economizar mensalmente. Ou seja, gastar menos do que se arrecada. Assim, consegue-se o superávit primário, que é o jargão econômico usado para descrever essa economia. Quando o governo não cumpre o superávit, tem de aumentar sua dívida para conseguir pagar os juros. É como se o governo recebesse dos brasileiros o valor suficiente para pagar seus compromissos mas, por má gestão, não conseguisse pagar as contas devidas. Assim, ele toma mais empréstimo em nome dos brasileiros para conseguir pagar os juros. 
O governo Dilma tem deixado de lado o superávit. Somente em 2011 conseguiu cumpri-lo. Em 2014, o governo precisa economizar 80,7 bilhões de reais para o pagamento de juros. Até agora, a economia não passa de 4 bilhões de reais. O prejuízo de se ter as contas públicas no vermelho é o mesmo que se tem quando um indivíduo entra no cheque especial. Ao gastar mais do que ganha, o cliente paga juros mais caros e o banco começa a restringir seu acesso a mais crédito. Se sua renda cai, o cliente pode entrar numa bola de neve que, cedo ou tarde, pode fazer com que ele venda bens para saldar suas dívidas. Ele perde credibilidade na praça e corre o risco de ter que diminuir outros gastos com saúde e educação para pagar dívidas.

7) Arrumar trabalho não é mais tão fácil. Por quê?

Com a inflação no teto da meta, os juros começaram a subir e o emprego, consequentemente, deu sinais de esgotamento. A criação de vagas com carteira assinada em 2014 (até agosto) é a mais baixa desde 2002, início da série histórica disponibilizada pelo Ministério do Trabalho. Dados do Ministério mostram que, em 2014, alguns segmentos já registram mais demissões do que contratações. É o caso do Comércio, que fechou mais de 6.000 vagas nos oito primeiros meses deste ano. Não à toa, justamente o setor varejista, que foi o que mais cresceu durante o boom econômico dos últimos anos, é a ponta mais sensível à variação no bolso da população. Com a inflação acima do teto da meta (de 6,5% ao ano) e os juros em seu maior patamar desde 2011 (11% ao ano), a renda e o consumo diminuem. Os brasileiros estão também menos confiantes de que terão emprego no ano que vem, como mostra levantamento recente da CNI. O mercado de trabalho é o principal termômetro da economia. Se os empresários estão confiantes, investem e criam emprego. Mas, diante dos problemas econômicos que se colocam, a confiança do empresário também está no nível mais baixo da história, segundo a CNI.

8) Os brasileiros estão mais endividados. Quem discorda?

Com a inflação corroendo a renda da população e as parcelas de financiamentos abocanhando grandes pedaços do orçamento das famílias, é natural que o consumo caia. As vendas no varejo, por exemplo, cresceram apenas 4,2% no primeiro semestre — o segundo pior resultado desde 2006, diz o IBGE. Além disso, o último dado de inadimplência contabilizado pela Serasa mostrou que 57 milhões estão com contas em atraso. Um número recorde que representa mais de 40% da população adulta.  Nessa dinâmica, o mercado de trabalho tem papel vital. Numa situação de pleno emprego, ainda que as dívidas assustem, tem-se a perspectiva de conseguir pagá-las. Esse já não é o caso, segundo aponta a pesquisa da CNI, que mostra que os brasileiros estão temerosos em perder o emprego e não conseguir recolocação. 

9) A Petrobras foi devastada. E daí?

A Petrobras é uma empresa mista. Uma fatia minoritária pertence a investidores e a outra, majoritária, está sob o comando do governo. A Petrobras opera num setor estratégico, que é o óleo e gás, e por isso é compreensível que tenha entre seus acionistas o governo. Contudo, a empresa se transformou num centro de corrupção operado por partidos políticos. Isso significa que o governo deixa à disposição de legendas alguns cargos estratégicos da empresa. O escândalo envolvendo o doleiro Alberto Yousseff e o ex-diretor da empresa Paulo Roberto Costa trata justamente disso: as denúncias apontam que o diretor favorecia determinadas empresas prestadoras de serviços para, em troca, receber propina e repassá-la parcialmente a partidos políticos. A derrocada da empresa significa que boa parte do dinheiro público investido lá dentro, pois o governo é seu maior acionista, foi pelo ralo. Dinheiro dos contribuintes brasileiros, que não sabem ao certo como foi gasto, investido ou desviado. Mesmo com o benefício de ser a "dona" do pré-sal, a Petrobras tem 300 bilhões de reais de dívida. É a empresa de petróleo mais endividada do mundo. Mais da metade dessa dívida será paga pelo governo, ou seja, novamente pelo dinheiro dos impostos dos brasileiros.

10) O país está em recessão técnica. O que é isso?

O Produto Interno Bruto (PIB) é o resultado de todas as riquezas produzidas pelo país. É um dos principais sinais de que a economia está avançando, a população está vendo sua renda aumentar e mais empregos estão sendo gerados. Quando o PIB cai, sinaliza que essa riqueza recuou. Se cai por dois trimestres consecutivos, o país entra em recessão técnica. E isso não é bom. O PIB é importante porque sintetiza em um único número os resultados de políticas do governo, o ânimo dos empresários para investir e criar emprego e o ímpeto de consumo da população. Quando não há nenhuma crise grave no mundo e, mesmo assim, o PIB de um país mostra retração, significa que algum desses três fatores (ou todos eles) não vão nada bem. O governo tem afirmado que o PIB brasileiro, que recuou 0,6% no primeiro semestre de 2014, vai mal por causa da crise internacional. Fica difícil acreditar nisso quando apenas o Brasil está em recessão, se comparado aos Estados Unidos, à Alemanha, à França e outros países atingidos pela crise financeira de 2008. O problema de se estar em recessão é que o país se torna menos atrativo para investimentos que geram emprego. Uma empresa alemã, por exemplo, investirá mais na filial do país que mais cresce, não daquele que está em recessão. Um PIB ruim cria um círculo vicioso. E revertê-lo não é fácil, nem rápido.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Eleicoes 2014: companheiros subterraneos chegam 'a delinquencia politica

Capturado nas chamadas MC -- meios de comunicação social -- esta imagem, abaixo reproduzida, que supostamente pretende transmitir o que pensam supostos apoiadores da candidatura de oposição sobre certas categorias sociais.
A montagem tem todo o jeito de ter sido feita pelos mesmos mercenários que invadem os diversos instrumentos de comunicação social para atacar, difamar, espalhar mentiras, xingar, enfim, aquilo que eles são ordenados fazer, contra pagamento, obviamente.
Não é imprópio dizer que a mesma delinquência que alcança os mais altos escalões do partido companheiro, e que já conduziu diversos chefes de quadrilha à Papuda, converteu-se igualmente em arma política preferencial do exército de mercenarios que serve a seus objetivos eleitorais.
Eles pensam que vão ganhar novos eleitores dessa forma, ajudando a denegrir os eleitores da outra candidatura.
Estão tentando chamar os brasileiros de idiotas, mais uma vez...
Paulo Roberto de Almeida


quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Fascismo companheiro: Big Brother petista ativo e censurando...

Recebo, de um amigo, que trabalha na administração direta em Brasilia, uma mensagem qualquer sugerindo que eu escreva sobre um determinado assunto.
Informo a ele que já escrevi, e recomendo uma consulta a meu blog, em tais e tais links, que forneço, diretamente, ou seja, URLs específicas.
Ele me diz então que o órgão em que ele trabalha bloqueou o acesso a meu blog.
Respondo que não deve ser só o meu, mas uma política geral do órgão, contra o que, na antiga Revolução Cultural chinesa se chamava de "inimigos do povo".
Eis o que ele me respondeu:

Caro Professor,
Os "censores" petistas estão bloqueando vários web sites e blogs além do seu!
Não é nada pessoal!
Lamentável!!!


Bem, parece que existem muitos inimigos do povo petista.
Tenho a honra de integrar o quilombo de resistência intelectual contra os novos totalitários.
Não me surpreende, e já esperava isso.
Esse é o Brasil no qual viveremos se a máfia neobolchevique continuar no poder.
Paulo Roberto de Almeida

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

A realidade e a percepção: como distinguir uma da outra? - Paulo Roberto de Almeida


A realidade e a percepção:
Como distinguir uma da outra?

Paulo Roberto de Almeida 

Pessoas normais são influenciadas pelo que leem, ouvem, veem, sobretudo na televisão, e agora, crescentemente, nos meios digitais de comunicação e de informação. Daí a importância da propaganda e da publicidade (as duas não devem ser confundidas) na formação de imagens, conceitos, de opiniões.
O PT, partido formado em boa parte por quadros conscientes dos efeitos da propaganda política sobre as grandes massas, aprendeu, desde sempre, a importância de dispor de uma eficiente máquina de propaganda (e não tanto de publicidade, pelo menos não a verdadeira) para obter vitórias políticas e eleitorais.
O que se assistiu, na última década (mais exatamente nos últimos doze anos) foi a uma campanha maciça de propaganda destinada justamente a enaltecer os feitos dos governos lulo-petistas, servindo, paralelamente, para ampliar os recursos do partido com oportunidades inéditas de faturamento semilegal, como evidenciado em diversos casos de contratações suspeitas ou claramente superfaturadas.
Uma comparação dos gastos “publicitários” dos governos anteriores com os recursos mobilizados e executados sob os governos lulo-petistas revelaria, justamente, um crescimento exponencial desses gastos, muito acima do simples crescimento do PIB, bem mais do que a inflação e até superiores ao aumento – já por si exagerado – dos gastos públicos em geral, todos eles em escala ascendente. A população brasileira não tem consciência da evolução especialmente exorbitante desses gastos, e certamente se espantaria se lhe fosse apresentada uma tabela comparando, por exemplo, a expansão da propaganda indevida – que se tenta disfarçar como publicidade governamental – com o crescimento (ou até a diminuição relativa) das despesas em saúde, educação, transportes ou segurança pública.
A realidade desses setores é amplamente negativa, como revelado nas manifestações espontâneas da classe média (nova ou velha, não importa muito agora) de junho de 2013, mas a percepção que a população tem do governo e dos governantes é sem dúvida, amplamente mais favorável do que deveria ser, fruto, justamente, da intensa propaganda feita em favor desses governos, pelos próprios. Essa percepção é parte tornada ainda mais distante da realidade por obra de uma classe de jornalistas amplamente favorável ao governo, o que também é fruto de anos e anos de uma formação deficiente nas faculdades de jornalismo, maciçamente dominadas por uma ideologia antimercado e pró-intervenção do Estado na economia.
Esses dois fatores básicos – gastos excessivos em propaganda governamental e atitude favorável de repórteres e jornalistas – explicam a grande distância entre a boa imagem do governo e o seu péssimo desempenho na maior parte dos gastos públicos. O esforço governamental, sobretudo partidário, continua de forma ainda mais intensa, e deve produzir resultados eleitorais compatíveis com os recursos investidos. Como se diz na linguagem publicitária, a propaganda é a alma do negócio. Nunca antes na história do Brasil o negócio político vendeu sua alma para assegurar a continuidade de um poder construído em grande medida sobre a base de imagens falsas.
Provavelmente, como também se acredita no meio político, as percepções são mais importantes do que os fatos. E não existe nenhuma dúvida de que as versões mais frequentes são aquelas apoiadas na propaganda mais intensa. Recursos não faltam para isso, ao que parece...

Paulo Roberto de Almeida
Toronto, 22 de setembro de 2014, com base em texto de:
Montreal, 4-5 de julho de 2014

domingo, 21 de setembro de 2014

Eleicoes 2014: as mistificacoes, as mentiras, as falcatruas companheiras - Demetrio Magnoli

Basta uma palavra: delinquência política. Aliás, não só politica, criminosa também, pois misturada ao conjunto de maracutaias corruptas praticadas pelos marginais políticos.
Paulo Roberto de Almeida

Os perdedores
Demétrio Magnoli
Folha de S. Paulo, sábado, 20 de setembro de 2014

• O PT investe na indignidade e na difamação. Por isso, perdendo ou ganhando, já perdeu

A semente transgênica e o Código Florestal; a hidrelétrica e a licença ambiental; os evangélicos e os jovens libertários; o Estado e as ONGs; os serviços públicos e os tributos; a "nova política" e o Congresso; a política e os partidos; o PSB e a Rede. Na candidatura de Marina Silva, não é difícil traçar círculos de giz em torno de ângulos agudos, superfícies de tensão, contradições represadas. O PT preferiu investir na indignidade, na mentira, na difamação. Por isso, perdendo ou ganhando, já perdeu.

As peças incendiárias de marketing, referenciadas no pré-sal e na independência do Banco Central, inscrevem-se na esfera da delinquência eleitoral. A primeira organiza-se em torno de uma mentira (a suposta recusa de explorar o pré-sal), de cujo seio emana um corolário onírico (a "retirada" de centenas de bilhões de reais supostos e futuros da Educação). A segunda converte em escândalo um modelo que pode ser legitimamente combatido, mas está em vigor nos EUA, no Canadá, no Japão, na União Europeia, na Grã-Bretanha e no Chile --e que, no Brasil, surgiu embrionariamente sob Lula, durante a gestão de Henrique Meirelles.

Na TV, o partido do governo acusa a candidata desafiante de conspirar com banqueiros para lançar os pobres no abismo da miséria. O fenômeno vexaminoso não chega a causar comoção, pois tem precedentes. Contra Alckmin (2006) e Serra (2010), o PT difundiu as torpezas de que pretendiam privatizar a Petrobras e cortar os benefícios do Bolsa Família, ambas já reprisadas para atingir Marina. A diferença, significativa apenas no plano eleitoral, está na circunstância de que, agora, a ignomínia entrou no jogo antes do primeiro turno. A semelhança, por outro lado, evidencia que o PT aposta na ignorância, na desinformação, na pobreza intelectual --enfim, no fracasso do país.

Algo se rompeu quando eclodiu o escândalo do mensalão. Naquela hora, os intelectuais do PT depredaram a praça do debate político, ensinando ao partido que a saída era qualificar a imprensa como "mídia golpista" e descer às trincheiras de uma guerra contra a opinião pública. A lição deu frutos envenenados. O STF converteu-se em "tribunal de exceção", e os políticos corruptos, em "presos políticos". Os críticos passaram a ser classificados como representantes da "elite branca paulista" (se apontam as incongruências da "nova matriz econômica"), "fascistas" (se nomeiam como ditadura todas as ditaduras, inclusive as "de esquerda") ou "racistas" (se objetam às leis de preferências raciais).

O projeto de um partido moderno de esquerda dissolveu-se num pote de ácido que corrói a convivência com a opinião dissonante. Do antigo PT, partido da mudança, resta uma sombra esmaecida. As estatísticas desagregadas das sondagens eleitorais revelam o sentido da regressão histórica. A presidente-candidata tem suas fortalezas no Nordeste e no Norte, nas cidades pequenas e entre os menos escolarizados, mas enfrenta forte rejeição no Centro-Sul, nas metrópoles e entre os jovens. Não é um "voto de classe", como interpretam cientistas políticos embriagados com um economicismo primário que confundem com marxismo. É um voto do país que, ainda muito pobre, depende essencialmente do Estado. A antiga Arena vencia assim, espelhando um atraso social persistente.

Obviamente, a regressão tem causas múltiplas, ligadas à experiência de 12 anos de governos lulopetistas que estimularam o consumo de bens privados, mas não produziram bens públicos adequados a um país de renda média. A linguagem, contudo, ocupa um lugar significativo. O país moderno, cujos contornos atravessam todas as regiões, sabe identificar a empulhação, a mistificação e a truculência.

Na sua fúria destrutiva, a campanha de Dilma explode pontes, queima arquivos. O PT pode até triunfar nas eleições presidenciais, mas já perdeu o futuro.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Eleicoes 2014: a anti-politica de Reinaldo Azevedo (2): meus comentarios

Esta postagem tem o objetivo precípuo de comentar, ou de responder, se assim é o caso, à postura do jornalista Reinaldo Azevedo, tal como transcrita aqui nesta postagem precedente:

http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/eleicoes-2014-anti-politica-de-reinaldo.html

Creio que não disse tudo o que penso, pois me ative tão somente a suas palavras, devidamente reproduzidas seletivamente aqui abaixo. Pretendo voltar ao assunto assim que possível.
Paulo Roberto de Almeida


Eleições 2014: contra a anti-política
Comentários a postagem de Reinaldo Azevedo

Paulo Roberto de Almeida

Tenho por hábito debater ideias, não pessoas, mas as ideias só aparecem quando emitidas por alguma pessoa, não é verdade? Sobretudo quando as pessoas são influentes, suas ideias acabam tendo um impacto maior do que a simples emissão de ideias contrárias por algum opositor menos conhecido daquelas ideias, como este que escreve estas linhas. Não importa, consoante meu hábito, vou expressar o que penso a respeito de uma opinião emitida pelo conhecido jornalista Reinaldo Azevedo, nesta postagem: Por que jamais votaria em Marina Silva — nem que ela viesse a disputar o segundo turno com Dilma. Ou: Voo cego de um avião sem dono -  Reinaldo Azevedo | VEJA.com
Como é meu hábito, destaco as frases que me parecem carecer de rigor analítico, ou que contradizem as próprias posturas do analista, e acrescento meus comentários logo em seguida. Desculpo-me, em todo caso, com os poucos leitores deste blog, em especial com aqueles que o frequentam para temas de relações internacionais e de política externa do Brasil, por afastar-me, uma vez mais, do interesse central do blog. É que antes de ser um diplomata, ou um estudioso desses temas, sou um cidadão consciente do que está em jogo na política brasileira, que interessa a todos, direta e indiretamente, e que nos afeta a todos. Minhas preocupações não têm absolutamente nada a ver com meu trabalho profissional ou acadêmico, mas elas têm tudo a ver com os destinos do Brasil.

RA: “Também é impossível [votar nos petistas]. Os petistas me incluíram numa lista negra de jornalistas.”
PRA: Não se deve tomar questões políticas em bases pessoais, mas o fato descrito apenas corrobora, na prática, uma das impossibilidades de se votar nos petistas. Eles são inerentemente, geneticamente, totalitários. Portanto, estão descartados absolutamente, e fim de papo.

RA: “Mas, reitero, nem tudo o que não é PT me serve — e Marina não me serve.”
PRA: Pode ser, mas em política existem poucos absolutos e nem sempre se pode seguir a lógica. Em todo caso, já que a recusa aparece num par, nem um, nem outro, então é preciso examinar as razões para recusar um e outro, e ver se, entre os dois – já que fatalmente um dos dois candidatos assumirá o cargo – haveria um mal menor. Minha posição é aqui de pura “economia” de meios: a economia é a arte de tentar fazer o máximo com o mínimo, ou seja, de atender desejos infinitos com meios finitos. Só posso compreender a postura de Reinaldo Azevedo se nenhuma das duas possibilidades consegue atender qualquer critério de governança.

RA: “Marina Silva não é candidata a presidente da República, mas a papisa de uma seita herética — e suas heresias são praticadas contra a democracia representativa.”
PRA: Isso é absolutamente ridículo, e se trata apenas de uma figura de estilo do jornalista. O que quer que pense Marina, ela está obrigada a seguir as regras da legislação eleitoral: se for eleita, tomará posse e governará com as instituições que existem. Se tentar dar golpe branco, ou contornar a Constituição, pode ser objeto de um processo político e ser impedida, como aliás já foi feito com um presidente.

RA: “Marina... pretende governar com o apoio de Lula e de FHC. Ninguém... perguntou — e não sei se vão perguntar — por que não se fez antes se é tão fácil.”
PRA: Se trata de uma pretensão; se vai conseguir ou não é outra questão. Mas é uma pretensão tão legítima quanto governar apenas com a extrema esquerda e a extrema direita. Qual é o problema? O Congresso dirá o que é ou não possível na governança da presidente Marina. De todo modo, ela aparece na política justamente para se colocar numa posição independente, mas não oposta absolutamente, ao PT e ao PSDB, razão pela qual acena com esse duplo apoio (que pode até vir, dependendo do oportunismo de cada um desses caciques). Ninguém está dizendo que é fácil ou que será possível, mas essa é a pretensão. Se formos verificar, PT e PSDB são dois irmãos siameses na política brasileira, ambos objetivamente socialdemocratas, embora não sejam nem um pouco siameses organicamente. O PT é um partido neobolchevique e, tendencialmente ao menos, totalitário, em espírito e métodos, além de ser intrinsecamente corrupto, não no sentido em que são corruptos os demais representantes da classe política, inclusive o PSDB, mas no sentido de ser uma associação mafiosa e orgulhosa de sê-lo.
A história política brasileira teria sido muito diferente se os dois siameses políticos tivessem se unido num programa reformista de esquerda, como foram outros socialdemocratas ao redor do mundo. Por que não fizeram? Por razões basicamente da personalidade dos líderes do PT, dois especificamente, por obsessões psicológicas e patológicas de um e outro, não por oposição das lideranças do PSDB. Ambos, em consequência, tiveram de governar com o que há de pior na política brasileira, à direita e à esquerda, embora eu considere o PT, igualmente, uma coisa muito ruim. Mas, não se faz história e políticas com hipóteses, e sim com fatos. O fato é que os dois siameses ficaram inimigos – mas por culpa apenas de dois mentecaptos do PT – e a história é essa que temos pelos últimos vinte anos.
A Marina vai realizar o milagre de uni-los? Provavelmente não, mas ela poderá, se eleita tenta dialogar com as duas forças, e terá de ser obrigada a isso, quer ela queira ou não. Este é um fato, embora eu esteja antecipando. O jornalista Reinaldo Azevedo antecipa o contrário, mas não explicitou suas razões de descrença.

RA: “Imaginar que PT e PSDB possam estar juntos num governo implica ignorar, logo de cara, o fato de que esses partidos têm vocações e fundamentos que são inconciliáveis. Se o ideário, hoje, dos tucanos é um tanto nebuloso aqui e ali — especialmente na área de valores —, os do PT são muito claros.”
PRA: Concordo na teoria, discordo completamente na prática. Nem o PSDB consegue socialdemocrata como gostaria, pois é obrigado a trabalhar com a direita, por um lado, e tem a oposição da esquerda, por outro, nem o PT consegue implementar a sua agenda bolchevique celerada no Brasil, a não ser marginalmente, pois a sociedade brasileira não aceita seus métodos e seus pendores totalitários. Na prática, portanto, os dois acabam fazendo uma socialdemocracia incompleta, no caso do PSDB, ou deformada, no caso do PT, pois não conseguem chegar ao final de seus propósitos ou vocações. Impressiona-me o fato de que Reinaldo Azevedo, tão fino analista da política brasileira, não consiga ver isto.

RA: “Estou fora.
Não caio nessa, sob pretexto nenhum — nem mesmo ‘para tirar o PT de lá’. Na democracia, voto útil é voto inútil. Se Deus me submetesse à provação — espero que não aconteça — de ter de escolher entre Dilma e Marina, escolheria gloriosamente ‘nenhuma’!”
PRA: Estamos aqui no cerne da questão, e RA decepciona mais uma vez, pela sua falta de lógica e de raciocínio. Vamos um desses exercícios de lógica elementar:
Premissa 1: A candidata A, ou D, é um desastre completo, assegurado.
Premissa 2: A candidata B, ou M, pode ser um desastre, não sei se completo ou incompleto, mas é uma possibilidade, não uma certeza.
Conclusão: Vamos tentar barrar a candidata A.

Esta é a maneira que eu penso. Diferente, portanto, de RA, que parece pensar:
Premissa 1: A candidata A, ou D, é um desastre completo, assegurado.
Premissa 2: A candidata B, ou M, também é, e isto transparece de suas falas.
Conclusão: Estou fora, portanto, e seja o que Deus quiser.

Como se vê, trata-se não de um exercício de política, mas de anti-política, com base não num julgamento ponderado dos processos e dos condicionantes da política brasileira, mas com base numa avaliação pessoal, subjetiva, da mentalidade de um dos atores, fiando-se nas suas palavras para tirar conclusões definitivas. Isso é política?

RA: “...eu, que sou um partidário da democracia representativa e das instituições democráticas, deixarei claro, nessa hipótese, que estarei sem candidato no segundo turno. Mas torço e até rezo para que o Brasil seja poupado.”
PRA: RA consegue retroceder ao período anterior a Maquiavel, não o anjo torto da política, mas o fino analista da política florentina, ou melhor, o homem que queria salvar a Itália dos bárbaros invasores e que, mesmo sendo um republicana humanista, aceitava até um tirano eventual, desde que fosse para assegurar ordem e concórdia, como ele dizia. Ou seja, entre dois males, ele escolhia aquele que garantisse o funcionamento normal da pátria, não a anarquia e a desordem.
Ora, o que temos hoje, assegurado? Anarquia e desordem, tudo o que RA despreza e abomina, e eu também. Marina seria essa tirana salvadora? Longe disso. Ela apenas permitiria tirar os bárbaros que já estão entre nós, e que ocupam o poder desde doze anos, e que pretendem continuar mais alguns anos, para implementar todas aquelas vocações e propósitos que RA abomina. Marina faria o mesmo que estão fazendo os bárbaros? Dificilmente, até porque não dispõe de uma associação para delinquir, o que é o caso dos bárbaros atuais, e que precisará governar com uma composição de pequenos e grandes conselheiros do príncipe, talvez até alguns bárbaros, mas não será a mesma associação que pretendem manter o monopólio do poder.
Seria muito difícil a RA deixar os seus fantasmas de lado e fazer uma análise de custo-benefício político, como Maquiavel o faria? Seria ele o anti-Maquiavel ingênuo?

RA: “Marina Silva? Não! Muito obrigado! Não quero! “Ah, mas ela pode ser eleita e fazer um grande governo…” É, tudo pode acontecer. Não tenho bola de cristal. Quando voto, levo em conta o passado dos candidatos, suas utopias, suas prefigurações, sua visão de mundo, o apreço que têm pela democracia, a factibilidade de suas propostas.”
PRA: RA parece aqui repetir uma famosa tirada que inventaram a propósito de Jânio Quadros, provavelmente mentirosa, mas interessante. Jânio, essa Marina Silva avant la lettre – mas que falava melhor e se fazia entender, nos seus propósitos simples de varrer a corrupção da política, ainda que fosse um louco completo – teria dito uma vez: “Fi-lo porque qui-lo!” É o que está dizendo RA: não gosto, não quero, não vou, estou fora! Isso é política? Sinto muito, mas é uma renúncia inaceitável da política, inclusive porque não é tomada em bases morais – dessas que tem certos objetores de consciência que não querem, não participar de uma guerra, mas de entrar no exército – mas em bases puramente individuais e subjetivas. Ele já chegou à conclusão, por todas as evidências que a candidata não se cansa de confirmar, de que ela é um desastre – o que pode ter o assentimento de muitos – e aí ele, não recomenda mas, adota a postura de se eximir desse cenário sujo e desagradável que é a política real.

RA: “Os idiotas que acham que sou antipetista a ponto de votar até num sapo se o PT estiver do outro lado nunca entenderam direito o que penso. Em dilemas que são de natureza moral, não havendo o ótimo, a obrigação é escolher o caminho menos danoso. Na democracia, felizmente, temos a possibilidade de recusar o ruim e o pior.”
PRA: RA não deixa entender exatamente o que pensa, apenas suspeitamos que ele seja contra uma e outra. Não creio que o dilema seja moral, pois o que está em jogo é apenas a governança do Brasil, que poderá continuar nas mãos dos neobolcheviques – que se esforçarão, mas não conseguirão perpetrar todas as suas maldades – ou poderá passar para as mãos de uma iluminada, que entende pouco da máquina do governo, não dispõe de uma associação para delinquir atrás de si, e poderá demonstrar toda a sua incompetência escolhendo os conselheiros e determinando as políticas que sua pouca preparação lhe permitir. Repito RA: “não havendo o ótimo, a obrigação é escolher o caminho menos danoso.” De acordo, mas RA não está escolhendo isso, e sim lavando as mãos, como Pôncio Pilatos; ele até poderá passar para a história, como o homem que anteviu todos os desastres e foi “sábio” o bastante para não escolher nenhum dos dois caminhos. Pena que a história não é escrita por antecipação, e sim como resultado das ações dos homens, e mulheres, dentro de circunstâncias determinadas, um pouco como escreveu o Marx da introdução ao 18 Brumário, que nisso conseguiu ser um pouco maquiavélico. Ou seja, existem a fortuna e a virtù. Na ausência da segunda, confiamos na primeira, esperando que a conjunção dos homens de bem consiga superar a ausência das virtudes, e contornar os defeitos, dos condottieri que inevitavelmente estarão à frente da República.
Maquiavel não se eximiu. Mesmo no exílio da política prática, ele continuou a pensar, e a oferecer suas receitas de política prática que encontrava necessárias para salvar a Itália do desastre. RA não nos convida a isso; ele está dizendo a Maquiavel que ele pode ficar na solidão da sua casa, lendo seus livros, sem se envolver. Ou então, quando Maquiavel vai à taverna, ele o aconselharia a dizer a seus companheiros de vinho que não escolham nada, que não façam nada, que deixem o rio caudaloso invadir as propriedades e arrastar as pessoas. Ele vai esperar que o rio passe...
Para mim, isso não é política, mas apenas anti-política.

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 25 de agosto de 2014

sábado, 23 de agosto de 2014

Eleicoes 2014: a natureza do escorpiao e o partido totalitario

Partido Totalitário quer pautar a imprensa

O PT convive mal com o Estado de Direito, com a democracia e com as liberdades em geral, particularmente a liberdade de imprensa, que Lula considera "uma sacanagem". Editorial do Estadão, 23/08/2014


A direção do Partido dos Trabalhadores (PT) entrou na Justiça Eleitoral para obrigar a Rede Globo a ampliar a cobertura das atividades de campanha de Alexandre Padilha, candidato do partido ao governo do Estado de São Paulo. Ao pretender determinar o que uma emissora de TV deve mostrar a seus telespectadores, os petistas reafirmam sua visão autoritária a respeito do trabalho da imprensa e seu desprezo pelo jornalismo independente.

A tarefa de informar bem seus leitores, ouvintes e telespectadores obriga as empresas jornalísticas a estabelecer critérios de seleção de informações, para entregar a seu público as notícias que terão relevância em sua vida, deixando de lado as que, a seu juízo, têm menor importância. Assim, cada redação define quais acontecimentos serão dignos de cobertura extensiva e quais merecerão espaço menor. Tais parâmetros, que integram o bê-á-bá do jornalismo, podem mudar de veículo para veículo, mas há algo que, em democracias, não mudará nunca: o princípio de que as empresas jornalísticas devem ter ampla liberdade para adotar os padrões de seleção de informações que melhor atendam seu público.

É justamente nessa liberdade, central para o exercício do jornalismo independente, que o PT pretende interferir, em defesa de uma suposta "isonomia" de tratamento para todos os candidatos ao governo paulista. Tal exigência de igualdade, da maneira como está sendo enunciada pelos petistas, serve apenas para ferir a autonomia que um veículo deve ter para determinar o que é digno de ser publicado e o que não é.

A Rede Globo entendeu que deveria dar mais espaço em seus telejornais aos candidatos ao governo paulista com mais de 6% de intenções de voto. Com isso, recebem destaque diário apenas os dois primeiros colocados, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e Paulo Skaf (PMDB). Na última pesquisa do Ibope, Padilha, o candidato petista, surge em terceiro lugar, com 5% das menções. É o mais bem colocado entre os "nanicos" - está à frente de outros três candidatos que dispõem de 1% cada - e por isso aparece com frequência menor no noticiário da emissora.

No entender dos petistas, porém, a Globo estabeleceu parâmetros sob medida para, deliberadamente, sonegar de seus telespectadores o noticiário sobre a campanha de Padilha. Em carta à emissora, o presidente estadual do PT e coordenador da campanha petista, Emidio de Souza, disse que "não cabe a um veículo de comunicação definir critérios" para a veiculação de informações sobre a eleição. Para questionar as escolhas da Globo, Emidio diz que, pela margem de erro da pesquisa, de três pontos porcentuais, Padilha pode estar com 8% - acima, portanto, do piso estabelecido pela emissora. Por essa lógica, porém, o petista pode estar com 2%, em empate técnico com os outros "nanicos".

O aspecto relevante nessa polêmica, no entanto, não são alguns pontos porcentuais para mais ou para menos, e sim a reafirmação da vocação autoritária do PT e de sua hostilidade contra a imprensa livre. Em nota sobre sua petição à Justiça Eleitoral, o partido chega a exigir que a Globo "abra espaço diariamente em sua programação normal para todos os candidatos" ou então "que se abstenha de cobrir a agenda de qualquer um deles". Trata-se de uma tentativa grosseira de pautar uma emissora de TV.

Ainda que arrogante, no entanto, a manifestação petista não se compara às grosserias do ex-presidente Lula, que qualificou como "sacanagem" os critérios da Globo para a cobertura eleitoral em São Paulo. "Já fui vítima de todas as sacanagens que vocês possam imaginar, mas tem coisa que vai ficando insuportável", disse Lula num evento de campanha no início de agosto. "Em São Paulo, a sacanagem é tamanha que eles decidiram que só vão colocar os candidatos acima de 10% (sic) para tirar o Padilha da televisão. Cada jogo, em cada eleição, é uma sacanagem."

Como aquele que jamais se constrangeu ao fazer propaganda eleitoral fora de hora nem a colocar a máquina do Estado a serviço de seus candidatos, Lula deveria saber o que, de fato, é "sacanagem".

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Decreto bolivariano dos sovietes petistas - Hermes Rodrigues Nery

Golpe contra a democracia 
Hermes Rodrigues Nery


Exmo. Senador Anibal Diniz, que preside estes trabalhos, Ministro Gilberto Carvalho, Ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Prof. Leonardo Avritzer, professor de Ciência Política da UFMG, Prof. Dalmo Dallari, professor da USP, Prof. José Matias Pereira, professor de Administração Pública da UnB, senadores e demais aqui presentes. Cumprimento a mesa e pelo vejo serei a única voz dissonante, o que é salutar para o debate democrático, que nos leva à reflexão, que é justamente o objetivo desta audiência pública. 

Gostaria de começar lembrando aqui aos senhores a perplexidade de Aristide Lobo, quando descreve o que aconteceu no golpe de 15 de novembro de 1889, dizendo que o povo assistiu tudo aquilo bestializado, isto é, alheio ao que aconteceu, sem ter tido nenhuma participação efetiva naquela quartelada; mas sofreu depois as consequências do novo regime, com a própria crise econômica decorrente do encilhamento, e os excessos do florianismo, por exemplo, "com desprezo pelas regras jurídicas"1. Naquela que foi "a primeira grande mudança de regime político após a Independência"2, quiseram os golpistas justificar o que fizeram dizendo que "se tratava da implantação de um sistema de governo que se propunha, exatamente, trazer o povo para o proscênio da atividade política"3. E os fatos mostraram depois, de que se tratou mesmo de uma falácia. "Havia algo mais na política do que simplesmente um povo bestializado"4, mas forças oligárquicas se voltaram contra o Brasil, gerando as aberrações da República Velha. E que perduram aqui hoje, com novas formas (mais sutis, mais danosas) na Nova República; na mesma práxis do Executivo asfixiar o Legislativo, no pior exercício do mandonismo, no afã de um grupo de poder que sufoca as liberdades individuais, e as demais expressões [este que se torna uma facção, favorecida por um presidencialismo que tende a um absolutismo, e que recorre à retórica da democracia, como discurso apenas para justificar que esse determinado grupo imponha a sua ideologia totalitária, usando categorias sociais artificiais, [ou mesmo estratos sociais vulneráveis como curral eleitoral, com base no populismo e no clientelismo] para legitimar seus interesses de poder, que nada são democráticos. Isso já é conhecido na história, desde a Antiguidade.

"E quando, em lugar do povo - dizia Sócrates, na ágora ateniense - é, como numa oligarquia, uma reunião de algumas pessoas que decreta o que se deva fazer, como se chama isso?"5 E responde: Violência e ilegalidade, mesmo revestida de artifícios e sofismas, da retórica, estratégia essa bem conhecida. "- Que são então Péricles, a violência e a ilegalidade? Não são atos pelos quais o mais forte, em vez de convencer o mais fraco, obriga-o a fazer o que lhe convém?"6 Onde um determinado grupo político quer se impor e asfixiar todos os demais. Com o Estado Novo, prevaleceu isso também: o poder do caudilho, como o de hoje, com Lula e seu grupo de poder, declaradamente socialista.

Afonso Arinos de Mello Franco, que foi senador desta casa, constituinte, que ajudou a fazer a atual Carta Magna, destaca "as deturpações sofridas pela expressão democracia"7, lembrando Lênin, quando dizia que que "a República dos Sovietes, dos representantes dos operários, soldados e camponeses é o tipo mais elevado de instituição democrática"8. E observa que "a franqueza de Lênin é cruel e completa, mas também são patentes os seus erros [os erros da Rússia espalhados pelo mundo], fundados em ilusões da crença ideológica marxista"9, que o PT, de modo especial, carrega com obsessão e obstinação, em por em prática tais erros já condenados pela História, de triste memória, nos países aonde tais erros foram adotados. E ensina Afonso Arinos que "a democracia direta (como querem agora o governo do PT com o Decreto 8243/20140 de fato nunca foi praticada e dela hoje restam somente alguns resquícios históricos"10. Isso porque a democracia, sr. Presidente, "conta com indiscutíveis bases morais"11, e aonde faltam essas bases, não há como existir democracia, mas a corrosão da democracia, que leva à demagogia, à anarquia, à dissolução das instituições [desde a primeira e a principal de todas elas, a família], à barbárie e à toda espécie de violência. 

O decreto 8243/2014 mostrou uma face sombria do projeto de poder do PT, e isso não é de hoje, mas desde seu nascedouro, quando ainda se gestava, nos anos 70, no CEBRAP (com recursos da Fundação Ford), já prevendo isso: usar as OnGs para o aparelhamento de setores estratégicos  da sociedade, com metodologia gramsciana, para, aos poucos, irem ocupando postos (nas Universidades, na imprensa, nos partidos, até chegar hoje, quando praticamente quase todos os partidos são títeres de forças internacionais, articuladas para impor na América Latina a agenda socialista, a agenda controlista, uma agenda globalista.

O que se quer com o Decreto 8243/2014 não é o aprimoramento da democracia, alargando as suas possibilidades de expressão, como vem dizendo o Sr. Ministro Gilberto Carvalho, em seus pronunciamentos. Mas o Decreto visa inviabilizá-la, com "um conjunto de barbaridades jurídicas"12, que tornam os movimentos sociais - como diz Erick Vizollli - "controlados por partidos de esquerda"13, em especial pelo próprio PT. Estrangulamento da democracia no Brasil, que quer significar este Decreto, e não a sua promoção, como propagandeia na mídia os falazes do PT. E elucida Vizolli: "Sociedade Civil para o Decreto significa movimentos sociais"14. E acrescenta: "Não se enganem: a intenção do Decreto 8243/2014 é justamente abrir espaço para a participação política de tais movimentos e 'coletivos'. O 'cidadão' em nada é beneficiado"15.

O Decreto altera profundamente a ordem constitucional e o equilíbrio entre os três poderes, pois cria conselhos em toda a parte, com poder deliberativo. Tal alteração não poderia ser proposta por decreto [já aí está a sua inconstitucionalidade]. O Decreto instaura a democracia direta, que jamais foi pretendida pela Constituição de 1988. O Decreto esvazia e desmoraliza o Congresso. E isso esta Casa não pode permitir. Esta Casa tem o dever constitucional de defender o Legislativo, robustecê-lo, pois assim estará protegendo a sociedade brasileira da gula de poder, dos que querem se favorecer dos ardis do referido Decreto e dar assim esse golpe contra a democracia brasileira.

E acrescenta Vizolli: "A institucionalização de conselhos pelo Decreto 8243/2014 leva à ascensão política instantânea de 'revolucionários profissionais', pessoas que dedicam suas vidas inteiras à atividade partidária, em uma tática já antecipada por Lênin em seu panfleto "Que Fazer", de 1902 (capítulo 4c). Vamos supor por um momento que o Decreto seja um texto bem intencionado, que de fato pretenda 'inserir a sociedade civil' dentro de decisões políticas (como, aliás, afirma o diretor de Participação Social da Presidência da República em artigo d'O Globo). Ora, quem exatamente teria tempo para participar de 'conselhos', 'comissões', 'conferências' e 'audiências'? Obviamente, não o cidadão comum, que gasta seu dia trabalhando, levando seus filhos para a escola e saindo com os amigos. Tempo é um fator escasso, e a maioria das pessoas simplesmente não possui horas de sobra para participar ativamente de decisões políticas - é exatamente por isso que representantes são eleitos para essas situações. Quem são as exceções? Não é difícil saber. Basta passar em qualquer sindicato ou diretório acadêmico: ele estará cheio de 'revolucionários profissionais', cuja atividade política extraoficial acabou de ser legitimada por decreto presencial"16. Por isso, me referi aqui no início à perplexidade de Aristides Lobo, quando disse que o povo assistiu tudo bestializado, alheio a tudo, como hoje, quando o governo do PT, com o Decreto 8243/2014 quer alijar das instâncias decisórias o povo, para garantir apaniguados no partido do governo, o acesso às instâncias decisórias; apaniguados estes que formarão os "coletivos", a sociedade civil. O Decreto, como afirmou o jornalista Reinaldo Azevedo, cria assim "duas categorias de brasileiros: os que tem direito de participar da vida pública e os que não tem. Alguém dirá: Ora, basta integrar um movimento social, mas isso implicará , necessariamente, ter de se vincular a um partido político"17.

"Exatamente por estes motivos, Sr. Presidente, tal forma de organização, confere a extremistas de esquerda possibilidades de participação política muito mais amplas do que eles teriam em uma lógica democrática 'verdadeira', na qual ela seria reduzida a praticamente zero"18. Mas com a institucionalização da participação popular, que o Decreto quer garantir, estará o povo alijado do poder decisório, e Estado e Nação ficarão reféns dos tais "coletivos". Como bem lembra o Dr. Ives Gandra da Silva Martins, que me indicou para aqui representá-lo, nesta audiência pública. "As comissões e os conselhos, segundo o texto oficial, deverão ser formados pela sociedade civil. Entende-se sociedade civil [está lá no texto do Decreto], "por cidadãos, os coletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e organizações"18, como os tentáculos do polvo de Lautréamont. "Dizem que qualquer pessoa do povo pode participar, mas sabemos que o povo não é articulado. Articulados são eles, que entrarão nessas comissões"19. E mais: "Quando eles falam de participação da sociedade, todos nós sabemos  que essas comissões serão de grupos articulados, com os movimentos dos Sem Terra e dos Sem Teto e outros, que tem mentalidade favorável à Cuba, à Venezuela"20. Por isso, o povo continuará alijado e, mais uma vez, bestializado, assistindo a tudo isso [esse golpe que é o Decreto 8243/2014], sem entender de nada do que está acontecendo.

O que ocorre com o Decreto? A corrosão da democracia, que favorece o populismo, o clientelismo, a subserviência e a acomodação, a tibieza de iniciativas pessoas, a dependência do Estado para tudo, este paternalismo estatal que se aproveita da vulnerabilidade social, para manipular pessoas e instituições, tornando desprezíveis as liberdades públicas e privadas. Como afirma o Prof. Olavo de Carvalho, em seu livro "Tudo o que você precisa saber para não ser um idiota", "a possibilidade mesma de iniciativas sociais independentes foi praticamente eliminada, na medida em que a regulamentação das OnGs as transformou em extensões da administração estatal (exatamente o que quer o Decreto 8243/2014) e em instrumentos de manipulação de massas"21. Os coletivos são isso: "construtores revolucionários de uma sociedade socialista"22. E o que querem? Não o bem comum, conforme o Direito Natural; não a estabilidade [estamos aí já vendo os sinais apreensivos da crise econômica], não a coesão social, a garantia  e a promoção das liberdades individuais, da valorização cultural, que civiliza, mas a banalização da vida, em todos os sentidos, o triunfo do homem-massa, o barateamento e nivelamento por baixo, de tudo e de todos, porque "a ação do poder revolucionário, é precisamente , a ruptura do direito"23 [e especialistas já demonstraram a inconstitucionalidade do Decreto] "e, portanto, da legalidade, que é o domínio da lei"24.

E é por isso que o golpe que se quer com o Decreto 8243/2014 lembra a quartelada de 89. Golpe este altamente sofisticado, porque travestido de roupagem sedutora: em nome da democracia, querem instaurar a ditadura petista, querer se implantar o socialismo e o comunismo neste País, com apoio internacional. E esta Casa de Leis precisa se posicionar para sustar o Decreto, para salvaguardar a democracia, para salvaguardar a liberdade neste País, para evitar a sovietização em curso, com as conhecidas conseqüências desse processo.  

O debate da questão que motivou esta audiência pública, relevantíssimo para a reflexão sobre o que está pondo em xeque a democracia neste País, nos leva a dizer alto e em bom tom: não permita esta Casa de Leis este atentado á democracia brasileira. É hora dos homens e mulheres deste País, que tem amor ao Brasil, dos que sabem do sentido e do valor do patriotismo, para se posicionar em defesa da democracia, da liberdade, do respeito às instituições, também desta Casa Legislativa, sempre em vista a dignidade da pessoa, de cada pessoa humana. Muito obrigado.

Notas:

1. Afonso Arinos de Mello Franco, Problemas Político Brasileiros, p. 150, Livraria José Olympio Editora, 1975, Rio de Janeiro. 
2. José Mutilo de Carvalho, Os Bestializados - O Rio de Janeiro e a República que não foi .p. 11, Companhia das Letras, 2204, São Paulo. 
3. Ibidem.
4. Ib. p. 13.
5. Sócrates, Os Pensadores, p. 93, Editora Nova Cultural Ltda, 1999, São Paulo. 
6. Ibidem.
7.  Afonso Arinos de Mello Franco, Problemas Político Brasileiros, p. 25, Livraria José Olympio Editora, 1975, Rio de Janeiro. 
8. Ibidem.
9. Ib. p. 17.
10. Ib. p. 26.
11. Ib. p. 26.
12. Editorial do jornal O Estado de São Paulo, Mudança de Regime por Decreto, 30.05.2014 (http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,mudanca-de-regime-por-decreto-imp-,1173217)
13. Erick Vizolli, "Afinal, o que é esse tal decreto 8.243?" (http://erickvizolli.jusbrasil.com.br/artigos/121548022/afinal-o-que-e-esse-tal-decreto-8243)
14. Ibidem.
15. Ibidem.
16. Ibidem.
17. Reinaldo de Azevedo, "Dilma decidiu extinguir a democracia por decreto. É golpe". Veja on line, 29.05.2014 (http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/dilma-decidiu-extinguir-a-democracia-por-decreto-e-golpe/)
18. Erick Vizolli, "Afinal, o que é esse tal decreto 8.243?" (http://erickvizolli.jusbrasil.com.br/artigos/121548022/afinal-o-que-e-esse-tal-decreto-8243)
19. Victória Broto, "Ives Gandra alerta: decreto 8.243 é ditatorial", Diário do Comércio, 03.06.2014 (http://www.dcomercio.com.br/2014/06/03/ives-gandra-alerta-decreto-8243-e-ditatorial).
20. Ibidem.
21. Olavo de Carvalho, "Tudo o que você precisa saber para não ser um idiota" (Org. Felipe Moura Brasil), p. 173, Editora Record, Rio de Janeiro.
22. Mark Mazower, "Continente Sombrio - A Europa no século XX", p. 271, Companhia das Letras, 2001, São Paulo.
23.  Afonso Arinos de Mello Franco, Problemas Político Brasileiros, p. 31, Livraria José Olympio Editora, 1975, Rio de Janeiro.
24. Ibidem.