O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Contra las patrias - Fernando Savater (2002)

Eu vi este livro pela primeira vez na Espanha, muitos anos atrás. Li um pouco na livraria, gostei muito – a gente sempre gosta dos livros e dos autores que "concordam" com o que a gente pensa, isso é natural, eles nos confortam nas nossas "certezas" tão incertas –, mas não comprei, porque já tinha mais onde colocar tantos livros, e também porque estava em viagem, já tendo esgotado meu limite, cubagem e peso de literatura pesada. Aliás, quando eu era estudante e sempre morava no último andar (a pé, pelas escadas) das mansardas, eu amaldiçoava um pouco as caixas de livros que tinha se subir escada acima, e ainda arrumar nas estantes improvisadas, com tijolos e tábuas. 
Mas sempre me arrependi de não ter comprado este livro, que continuaria confortando minhas ideias, contra as pátrias (TODAS, inclusive a nossa). Agora vejo que o autor fez uma nova edição, eliminou três capítulos e acrescentou oito.
Hora de pensar em comprar esta nova, ou uma novíssima edição, mas não ao preço brasileiro, que é um roubo. O problema é saber onde colocar: já tem livro esparramando pelo chão, como aquela batatinha da canção infantil. 
Vamos lá...
Paulo Roberto de Almeida

Contra Las Patrias (Espanhol) Capa comum – 1 janeiro 2002


Publicamos por primera vez este libro de Fernando Savater en 1984. Han pasado doce años. Releyéndolo hace poco, nos dimos cuenta de que ―para desgracia nuestra, pero para mayor mérito de Savater― todo lo que él expresaba en Contra las patrias seguía vigente, inmune al paso del tiempo por la indiscutible coherencia de su pensamiento, pero también por la triste evidencia de que, en ciertos aspectos, poco hemos hecho para cambiarlos.
Contra las patrias tuvo entonces el aire de un panfleto. Curiosamente, hoy, ampliado y revisado por su autor, quien además le añade un prólogo, vuelve a nosotros como si fuera nuevo, como una reflexión ininterrumpida, de una impecable coherencia, que estimula nuestra memoria, nos arranca de la indiferencia y nos sacude la indolencia en la que suele sumergirnos el dulce encanto del olvido. De los veintidós textos de la primera edición, Savater  hoy tan sólo elimina tres y los sustituye por ocho. Acaso eso ya diga mucho acerca de esa persistencia en el tiempo de sus preocupaciones, de su pensamiento. 
Contra las patrias, es decir, contra la colectivización de la violencia, contra las unanimidades forzosas, contra las identidades nacionales prefabricadas, contra la utilización de la peculiaridad cultural como fundamento estatalista, contra la exaltación del ombligo propio por medio del denigramiento de lo ajeno, contra los símbolos sanguinarios: banderas, himnos, mártires, y contra el ridículo entusiasmo de las fronteras.
Contra las patrias, o sea, a favor de los hombres, diferentes e iguales, a favor de la tradición cultural que cada creador reinterpreta a su modo y manera, a favor de la libertad de las lenguas, a favor del exilio y del desarraigo, a favor del federalismo, a favor del antimilitarismo y del antipatrioterismo, y sobre todo a favor del cosmopolitismo, que fue y sigue siendo la verdadera gran idea progresista desde que el viejo Demócrito afirmara en Grecia que «la patria del sabio es el mundo entero».
En este conjunto de ensayos se habla especialmente del problema de las nacionalidades y los nacionalismos en España, empezando por el primero y fundacional, que es el propio nacionalismo español. Es lógico, pues, que el tema de la violencia ocupe un lugar primordial en estas reflexiones tan comprometidas.

Sobre o Autor

Fernando Savater, escritor,  Profesor de Filosofía durante más de treinta años, ha escrito más de cincuenta obras, entre ensayos filosóficos, políticos y literarios, narraciones y teatro. Ha sido investido con varios doctorados honoris causa otorgados por universidades de España, Europa y América, y ha recibido diversas condecoraciones, como la Orden del Mérito Constitucional de España y la Orden Mexicana del Águila Azteca, entre otras. Distinguido como Chevalier des Arts et des Lettres por el Gobierno de Francia, ha formado parte de varios movimientos cívicos de lucha contra la violencia terrorista en el País Vasco. Ha sido galardonado con el Premio per la Cultura Mediterranea en 2014 y el Premio Internacional Eulalio Ferrer en 2015. Algunos de sus libros han sido traducidos a más de veinte idiomas.

Detalhes do produto

  • Capa comum: 150 páginas
  • Editora: Tusquets Editor (1 de janeiro de 2002)
  • Idioma: Espanhol
  • ISBN-10: 8472236196
  • ISBN-13: 978-8472236196
  • Dimensões do produto: 10 x 1,3 x 18 cm
  • Peso de envio: 172 g
  • VEJAM O PREÇO ABSURDO NO BRASIL:
  • 1 novo(s) a partir de R$ 519,03 R$ 53,45 Frete

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Nacionalismo, patriotismo e interesse nacional - Rubens Barbosa (OESP)

NACIONALISMO, PATRIOTISMO E INTERESSE NACIONAL
Rubens Barbosa
O Estado de S. Paulo, 27/11/2018
As comemorações pelo centenário do fim da guerra 1914-18, em Paris, reforçaram minha convicção de que estamos vivendo tempos estranhos e um momento de grande complexidade e incerteza no cenário internacional com consequências para todos os países.
Foi curioso ver pequenos detalhes protocolares desencadearem reações políticas, como no caso da Servia, que se sentiu insultada pela baixa posição que seu presidente ocupou em relação ao Kosovo, colocado mais próximo ao presidente francês pelo cerimonial. Afinal, foi em Sarajevo que tudo começou. Notei a ausência do Brasil, convidado pela primeira vez em um encontro dessa magnitude e que seria uma oportunidade para mostrar que nosso pais existe, tem presidente, e foi parte das duas guerras (Quando estava como embaixador em Londres, participei com o presidente FHC das celebrações do dia da Vitoria da Segunda Grande Guerra (1945) com o Brasil sendo convidado pela primeira vez). 
Todos puderam assistir a deliciosa coreografia do poder entre Putin e Trump, que chegaram em limusines cercadas de seguranças, enquanto os outros 82 chefes de estado e de governo saíram juntos do Palácio Elysée em ônibus especiais. Os lideres norte-americano e russo esperaram, escondidos, que todos tomassem seus assentos para assumirem seus lugares ao lado do presidente Macron. Putin, mais experto, esperou para chegar por último...
O presidente Macron, em discurso na solenidade, ao invés de saudar a presença dos lideres mundiais, de ressaltar a paz e a superação da guerra fria entre EUA e Rússia, resolveu chamar a atenção para as ameaças atuais que colocam a estabilidade internacional de novo em perigo, põem em risco a democracia e dividem os países ocidentais. Observou que os pilares que sustentam os regimes democráticos são mais importantes que a unidade transatlântica e nesse contexto mencionou que o patriotismo é mais importante que o nacionalismo. Essa afirmação tinha endereço direto, não só aos grupos de direita radical na França como, de maneira pouco sutil, era uma critica direta aos que dizem colocar os interesses de seus países em primeiro lugar e que a consequência disso para os outros pouco importa. Ao qualificar o nacionalismo como traição ao patriotismo, exagerou, porque o termo na França é associado à extrema direita, enquanto em outros países a expressão se renova e tem conotação valorizada, como, por exemplo, na Irlanda e no Canada. 
 A tensão estava criada. Não era a primeira vez que Macron, depois de ter sido um amigo muito próximo, divergia publicamente do presidente dos EUA. As boas relações pessoais se deterioraram devido às decisões de Washington de abandonar o Acordo de Paris sobre clima e pelo término do programa nuclear com o Irã. E também por estimular o protecionismo (ameaça de guerra comercial com a China), criticar o multilateralismo e de tornar difícil a solução de dois Estados para o conflito Israel-Palestina.
Não foi surpresa a reação de Trump ao anfitrião, mas sim sua rapidez e virulência. Na tarde do dia 11, Macron organizou o Forum da Paz com o objetivo de defender o multilateralismo, um dos pilares da nova ordem internacional depois de 1945 com o surgimento da ONU e do GATT/OMC, que os EUA ajudaram poderosamente a criar e agora procuram solapar. Todos os Chefes de Estado compareceram com exceção de Trump, que preferiu visitar sozinho cemitério militar americano na França. Além disso, desde a véspera, havia iniciado uma troca de tweets virulentos com Macron, trazendo a público a crescente rivalidade entre os dois lideres em um momento de aumento das tensões Transatlânticas. Apoio de Trump aos movimentos populistas-nacionalistas na Europa, despesas militares na OTAN, criação de exército europeu, proposto por Macron-Merkel, e até ameaça velada à exportação de vinhos franceses para os EUA entraram na inusitada altercação presidencial. Ficou evidenciado o divórcio entre Trump e a Europa, em especial com as instituições supranacionais e multilaterais.
Cabem alguns comentários sobre o que se falou durante a cerimônia de Paris. A critica de Macron ao nacionalismo está associada à direita populista de Marie le Pen, que, sob o pretexto de defender a Nação, defende posições radicais contra o movimento de unidade europeia. Por outro lado, Trump não está preocupado com a unidade da Europa (agora ameaçada com a saída da Grã-Bretanha), mas sim com a China, e não quer continuar com os altos gastos militares na OTAN. Por outro lado, talvez Macron não soubesse, mas a palavra patriotismo é pouco usada nos EUA, talvez por razões históricas, além de ter alí um sentido algo pejorativo. Ao elogiar o patriotismo - com significado positivo nos países de língua latina - Macron fez Trump se lembrar de frase atribuída a Samuel Johnson, “o patriotismo é o ultimo refúgio do canalha”. A oposição às instituições supranacionais e multilaterais representam um viés característico da superpotência norte-americana, agora exacerbado por Trump.
Qualquer semelhança disso tudo com alguns aspectos da discussão hoje no Brasil, em especial depois da eleição e da escolha do futuro ministro do exterior não é mera coincidência.
A cerimônia parisiense mostra igualmente como é perigoso para qualquer pais, nos tempos incertos em que vivemos, declarar alinhamentos e afinidades definitivas baseados em laços pessoais. Como aprendi nos meus primeiros anos no Itamaraty, os países (e os líderes) não tem amigos, tem interesses. O realismo e o pragmatismo na ação diplomática e comercial deverão prevalecer sobre vagos anseios conceituais, como o anti- globalismo e a defesa do Ocidente, de inspiração trumpista, bem assim sobre atitudes ideológicas em relação a China. 
O interesse nacional, acima de países, grupos ou partidos, é a prioridade da politica externa.
Rubens Barbosa, presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE)