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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Politica brasileira: o estado a que foi levada pelos companheiros...

Sem palavras, apenas um instantâneo do momento, um retrato da política brasileira na era do NuncaAntes (de fato, nunca antes coisas assim aconteciam...):

O Globo, 26/09/2013, caderno País/Política, pág. 7:


Para tentar segurar a ex-prefeita (..de Fortaleza, Luizianne Lins) no PT, a presidente Dilma Roussef já teria oferecido (...ao grupo da ex-prefeita), de acordo com pessoas próximas a Luizianne, assento nos conselhos de administração da Petrobras e do BNDES, cargo de comando numa subsidiária da BNDESPAR, no Rio, além de um cargo na Secretaria de Políticas para a Mulher da Presidência da República, que tem status de ministério.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

A visao catastrofica do mundo, e o projeto totalitario - Milton Simon Pires

O REINO DOS CÉUS E O  BRASIL DE LULA EM 2015.
Milton Simon Pires

Do ponto de vista histórico, devemos buscar as raízes do pensamento marxista na economia política inglesa, no socialismo utópico francês e no materialismo histórico alemão. Causa perplexidade observar como é possível que em 2013 uma ideologia tão distante das fundações do Brasil possa fazer sucesso tão grande por aqui. Talvez mais adequado seja perceber que nada daquilo que escrevi no início do texto chega até a sociedade brasileira da forma original. A noção do Estado interventor na economia, a ideia de um regime messiânico e a proposta de um entendimento científico da realidade adquiriram no nosso país cores muito mais suaves. Governa-se através de lemas. Administra-se por meio de slogans. Vivemos no Brasil o império da baixa cultura, do senso comum, da vulgaridade e da redução do pensamento aos níveis mais primitivos capazes de firmar o necessário consenso – imperativo categórico dos Estados Totalitários.
Excluindo-se o ateísmo e a noção de que a história tenha regras próprias – tão caros ao materialismo dialético, é possível afirmar que a “nova realidade”...o “novo mundo” que o Partido dos Trabalhadores trouxe ao Brasil adapta-se de forma patética aos velhos princípios de intervencionismo estatal inglês e as noções quase religiosas de Saint-Simon a respeito da “sociedade ideal”.
É muito triste perceber que, nesse processo de distorção-modernização, o Catolicismo brasileiro prestou-se a um deplorável papel.  Frei Betto, frei Leonardo Boff e tantos outros representantes da Igreja nos anos 70 e 80 contribuíram, e muito, para gênese dessa aberração política chamada Partido dos Trabalhadores. Uma vez garantido seu acesso ao poder, o PT conseguiu, através de planos como Bolsa Família, Cotas Raciais e agora o Mais Médicos colocar em prática tudo aquilo que padres que viam em Che Guevara um novo Jesus Cristo queriam. Até certo ponto, não deixa de ser cômico ver a Igreja Brasileira inteira escandalizar-se com movimentos como a Marcha das Vadias ou as barbaridades protagonizadas pelos militantes gays no nosso país. Tivesse ela, Igreja, capacidade para reconhecer seus erros e assumiria abertamente a falta que foi permitir que a mensagem desses falsos profetas dos anos 80 chegasse aos fiéis.
Afirmo que, mais do que qualquer outro país que tenha vivido num regime comunista, o movimento revolucionário no  Brasil fez uma união impressionante entre o Marxismo e a religião cujos efeitos estamos sentindo até hoje e cuja capacidade de transformar petismo em lulismo vai justificar a permanência do PT no poder durante muitos anos. Declaro a urgência de que a Igreja brasileira manifeste-se abertamente contra a figura do ex-presidente. Peço que ela desfaça na cabeça e na alma simples do povo a confusão demoníaca que existe entre pobreza, sofrimento e boas intenções. Nada pode ser mais perigoso! Nada pode ser mais injusto! Duvido existir algo mais necessário do que derrubar a idéia de que os “pobres são honestos e os ricos são corruptos”.Foi isso que elegeu o PT! É nisso que a população continua acreditando e se isso não mudar a vitória dessa gente em 2014 está, mais uma vez, garantida. Não acreditem em campanhas pela internet nem percam tempo divulgando escândalos perante uma sociedade que opera com um nível cognitivo de crianças ...que sustenta-se – ela mesma – em noções maniqueístas fundadoras de uma cultura católica muito anterior ao advento do PT. Ou se faz isso; ou Lula há de continuar sobrevivendo como santo no inconsciente coletivo de uma gente que parece ter saído das páginas de Casa Grande e Senzala.
Meus amigos, a Igreja tem com o povo desse país uma dívida recente gigantesca. Ela permitiu aqui uma mistura demoníaca entre marxismo e religião que não tem precedente na história mundial. Sobre a vontade dela, Igreja, de corrigir-se afirmo que é “mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que nossos cardeais e bispos mostrarem a esse povo que o reino dos céus não vai ser no Brasil de Lula em 2015”.

Porto Alegre, 24 de setembro de 2013

Republica dos companheiros: 20 razoes para rejeita-la em 2014 - Ricardo Setti

Blog do Ricardo Setti, 23/09/2013 às 17:56 

O voto em outubro de 2014 é a grande arma para mudar o atual estado de coisas.

CHEGA DE LUTO. A decepção pela decisão do Supremo de aceitar os embargos infringentes e, com eles, esticar o julgamento da quadrilha de mensaleiros até Deus sabe onde — com o risco de crimes graves serem prescritos, e quadrilheiros saírem livres, leves e soltos — foi um golpe duro na confiança na Justiça.

Escrevi dias atrás que jogava a toalha, e, quanto ao Supremo, joguei mesmo. Se vier cadeia para aqueles que tentaram um golpe de Estado branco contra a democracia, me considerarei no lucro. Mas, infelizmente — admito –, não deposito esperanças no tribunal.
Isso não me impedirá de continuar a escrever apontando as mazelas do lulopetismo que nos governa há já quase onze anos. Muito menos de apontar, sempre, a necessidade de não jogar a toalha quanto às ELEIÇÕES — não apenas para a Presidência, mas para o Congresso, algo para que grande parte dos brasileiros não dá a devida atenção na hora de votar.
Insistirei, sempre, na necessidade de tirar essa gente do poder pelo instrumento democrático do voto.
E começo hoje, dia em que dou um basta ao luto e proponho, em seu lugar, a LUTA política, por apontar PELO MENOS 20 RAZÕES PARA VOTAR CONTRA O PT NO ANO QUE VEM — o que significa votar contra o projeto hegemônico de Lula.

 O projeto hegemônico de Lula é também…

1. O projeto de tomar conta do Congresso, comprando-o com dinheiro sujo, e subordiná-lo ao Executivo,

2. O projeto daquele que o Ministério Público denunciou como sendo “chefe da quadrilha do mensalão” — e que como tal foi aceito pelo Supremo Tribunal –, o ex-ministro José Dirceu, o velho projeto totalitário de “bater neles nas urnas e nas ruas”,

3. O projeto de quem cooptou a maior parte dos partidos políticos representados no Congresso num processo obsceno de fornecimento de cargos, verbas parlamentares, vantagens e facilidades várias, tudo o que antes o lulopetismo criticava como sendo a “velha política” brasileira — que agora ele próprio pratica de forma descarada, em aliança espúria com gente como Renan Calheiros, Jader Barbalho, José Sarney, Paulo Maluf, Fernando Collor e semelhantes, com o objetivo de manter-se no poder até onde a vista alcança.

4. O projeto de um “núcleo duro” estalinista que nunca escondeu seu desprezo pela “democracia burguesa” — e que continua não escondendo.

5. O projeto de Rui Falcão, aquele que, embora nascido e cevado nela, denuncia “a elite” e ofendeu o Supremo Tribunal Federal ao incluí-lo entre a oposição “conservadora, suja e reacionária”.

6. O projeto de Franklin Martins — que voltou a frequentar o Planalto — e sua turma, que a cada momento ressurge dentro do PT querendo um certo “controle social” da imprensa, sinônimo de calar a boca da imprensa independente.

7. O projeto dos que somente aplaudiram o Supremo Tribunal Federal APÓS a admissibilidade dos embargos infringentes — ANTES, denunciavam as condenações impostas pela corte aos quadrilheiros ladravazes como sendo um “golpe” da oposição e da imprensa e uma condenação arbitrária e “sem provas” – , não aceitando as regras mais elementares da democracia e do Estado de Direito,

8. O projeto de quem enfraqueceu o Supremo com designações de integrantes sem currículo para estar na Corte, e depois procurou aparelhá-lo, no transcurso do julgamento do mensalão, com certos ministros escolhidos a dedo para absolver Dirceu et caterva.

9. O projeto daqueles que, propositalmente, martelam nos ouvidos da opinião pública que quem se opõe aos desígnios e propósitos do lulopetismo “é contra o Brasil”, dividindo os brasileiros entre “nós” e “eles” — exatamente como fazia a ditadura militar com o odioso “ame-o ou deixe-o”.

10. O projeto de quem esvaziou, desmoralizou e politizou as agências reguladoras — criadas durante o período FHC para serem entes do Estado, e não de governos, com composição, padrão e ação técnicos –, distribuindo-as como moeda de troca entre partidos, recheando-as de militantes ideológicos e de gente despreparada.

11. O projeto de quem, com propósitos políticos e de atender a uma “elite” clientelista, inchou com milhares de militantes partidários os quadros da administração pública.

12. O projeto de quem distribuiu cargos gordos e de alto salário em conselhos de estatais e de fundos de pensão de funcionários de estatais a sindicalistas “companheiros” — não pela competência, em quase todos os casos perto de nula, mas pela afinidade ideológica,

13. O projeto de quem prestou durante o lulalato, e em menor grau continua prestando no governo Dilma, seguidas homenagens a regimes párias como o de Cuba e o do Irã, estendeu o tapete vermelho para demagogos autoritários como o falecido Hugo Chávez e passou a mão na cabeça de governantes que pisoteiam interesses brasileiros, como Evo Morales, da Bolívia.

14. O projeto de quem tratou os narcoterroristas das chamadas “Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia”, as Farc, como grupo político legítimo no cenário colombiano, e não como os bandidos, sequestradores e assassinos que são, mostrando por eles mais consideração do que com os governos democráticos, mas “de direita”, de Bogotá.

15. O projeto de quem envergonhou o Brasil se abstendo de condenar, na ONU, regimes que massacram os direitos humanos, concedendo prioridade em desferir caneladas em aliados ocidentais, a começar pelos Estados Unidos,

16. O projeto de quem, seguindo a cartilha de uma república de bananas, abriu com generosidade os braços ao terrorista e assassino italiano Cesare Battisti, concedendo-lhe o status de refugiado político e insultando uma democracia exemplar como a Itália, tradicional amigo do Brasil e terra onde 35 milhões de brasileiros têm raízes.

17. O projeto daqueles que, na oposição, durante 22 anos sistematicamente se opuseram, por razões ideológicas, a medidas que beneficiavam o Brasil, de tal forma que nada que a atual oposição faça possa nem de longe lembrar o comportamento deletério e derrotista manifestado por Lula e o lulopetismo ao longo dos governos de quatro presidentes civis.

18. O projeto de quem, por razões ideológicas, está atado a um Mercosul inútil, cada vez mais bolivariano, que não consegue negociar acordos de livre comércio com ninguém importante e no qual, dando um passa-moleque no tradicional aliado que é o Paraguai, o Brasil contribuiu para abrigar a ditadura venezuelana, violando a “cláusula democrática” que só admite regimes livres no grupo.
Enquanto ficamos para trás no comércio internacional, países latino-americanos pequenos como a Costa Rica e o Panamá assinam acordos de livre comércio com todas as grandes potências econômicas, e o Peru, o Chile e a Colômbia unem-se ao México — que já tem acordo semelhante com os Estados Unidos e o Canadá — na Aliança do Pacífico.

19. O projeto de quem brinca com a inflação e procura ocultá-la debaixo do tapete, de olho nas eleições do ano que vem, garroteando e dando prejuízos à Petrobras, interferindo nas empresas de energia elétrica e criando uma insegurança jurídica que afasta investidores estrangeiros dos leilões de concessão.

20. O projeto de quem está jogando pela janela as chances de o Brasil dar um salto espetacular de progresso, com um governo medíocre, que promove um crescimento econômico ridículo, desequilibra as contas públicas, gasta cada vez mais com a própria manutenção e empurra com a barriga, por falta de liderança política, reformas essenciais, como a tributária.

Por hoje está bom, não? Estão aí vinte boas razões para votar CONTRA o lulopetismo no ano que vem.

Se fossem só essas vinte… Continuaremos com o assunto.
Ricardo Setti

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Brasil-Venezuela, Petrobras-PDVSA: final de um dos maiores crimeseconomicos contra o Brasil

Desde o início intuí que não daria certo, como não deu certo NENHUM empreendimento econômico da e com a Venezuela chavista, que representa um verdadeiro manual da antieconomia.
A responsabilidade maior desse verdadeiro crime econômico contra o Brasil e os brasileiros incumbe, em primeiro lugar, ao ex-presidente do NuncaAntes e, em SEGUNDO primeiro lugar, à então ministra das Minas e Energia, depois ministra da Casa Civil e depois o que se sabe. Partilham da responsabilidade no crime econômico o ex-presidente da Petrobras e todos aqueles que anuiram no empreendimento e sustentaram sua continuidade, o que inclui membros da sua atual direção igualmente.
Quando se fizer a história verdadeira desse crime econômico, se verá que ele também incluiu uma renúncia de soberania, uma inacreditável submissão do poder estatal detido infelizmente pelos companheiros aos desígnios dos bolivarianos tresloucados, e um desastre tecnológico talvez superior à catastrofe financeira para a Petrobras e o Brasil que ele representou.
Se houvesse jornalismo decente no Brasil e se os poderes públicos não estivessem conspurcados, como estão, pelo poder companheiro, há muito esse crime econômico teria sido denunciado e suas consequências mais nefastas teriam sido interrompidas.
A História NÃO absolverá os responsáveis por esse crime econômico e pela inacreditável renúnciade soberania que foi cobduzir essa loucura durante tanto tempo.
Paulo Roberto de Almeida

Petrobras desiste de sociedade com PDVSA
Por Murillo Camarotto | Do Recife
Valor Econômico, 24/09/2013

Há pouco mais de seis anos, no dia 5 de setembro de 2007, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva já recebia uma sinalização clara da PDVSA em relação ao projeto da refinaria de Abreu e Lima. Debaixo de chuva e pisando na lama, ele e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, lançaram as obras da refinaria, que está sendo erguida a 50 km ao sul do Recife, no Complexo Portuário de Suape. Diretores da estatal venezuelana, declarada sócia do empreendimento, foram convidados para a solenidade, mas se limitaram a agradecer pelo convite.

Já naquela ocasião, o então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, foi obrigado a dizer que a unidade seria construída independentemente do aporte venezuelano. De lá para cá, governo federal e a Petrobras insistiram em manifestar a viabilidade da sociedade, apesar das evidências cada vez maiores de que o negócio, firmado com o presidente venezuelano Hugo Chávez, naufragara.

Há pouco mais de um mês e agora como ex-presidente da estatal, Gabrielli afirmou que a parceria não sairia do papel. Na época, a Petrobras não comentou as declarações. Agora o Valor apurou que o fim do sonho já tem até data marcada. A partir de 1º de novembro, Abreu e Lima deixará de existir como empresa e será incorporada como unidade de negócios da Petrobras. Novamente a estatal não quis comentar.

A ida do empreendimento para Pernambuco foi conhecida em fevereiro de 2005, após uma "dica" da então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, que deixou escapar a jornalistas o destino da refinaria. A unidade teria capacidade para processar 200 mil barris diários de petróleo oriundo da Bacia de Campos, no litoral fluminense, e da Bacia do Orinoco, na Venezuela. O investimento previsto era de US$ 2,5 bilhões, com inauguração esperada para 2010.

Seis meses após o lançamento da pedra fundamental, Chávez viajou a Pernambuco e visitou o canteiro, mas não assinou o acordo de acionistas de Abreu e Lima. Chávez e Lula firmaram só um acordo de associação, pelo qual a Petrobras teria 60% da refinaria e a PDVSA, 40%. Coincidência ou não, três meses antes do encontro em Pernambuco, a Petrobras decidira reduzir de 40% para 10% a sua fatia na exploração do campo de Carobobo, na Venezuela, negócio que também tinha a PDVSA como sócia. A brasileira alegou custos elevados.

No dia em que Lula e Campos deram início às obras, o valor do empreendimento já era maior: US$ 4,5 bilhões. Desde então, a refinaria enfrentou uma série de contratempo, como greves, aditivos contratuais, falta de garantias econômicas por parte da PDVSA e indicações de superfaturamento pelo Tribunal de Contas da União. Os números mais recentes informados pela Petrobras apontam para um custo superior a US$ 17 bilhões e quatro anos de atrasos. A estimativa mais atualizada é que a primeira fase de refino entre em operação em novembro de 2014.

A oficialização do divórcio com a PDVSA deverá representar ainda mais custos ao projeto, que já foi classificado pela atual presidente da Petrobras, Graça Foster, como exemplo a não ser seguido. Em abril, o diretor de Abastecimento da estatal, José Carlos Cosenza, disse que, confirmada a desistência do parceiro, a adaptação necessária custaria em torno de 5% do total do projeto. Pelos valores atuais, cerca de US$ 850 milhões.

Mais recentemente, em maio, a presidente da Petrobras se reuniu com o atual presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, a quem disse que gostaria de ter a PDVSA como sócia. "Seria realmente bom que a PDVSA viesse. Mas estamos fazendo a refinaria, independentemente da PDVSA", disse Graça, após participar de uma audiência na Câmara dos Deputados.

Além da refinaria em Pernambuco e da exploração no campo de Carobobo, Lula e Chávez firmaram uma série de outros acordos entre as estatais petrolíferas, como uma fábrica de lubrificantes em Cuba, associação para transporte marítimo de petróleo e uma unidade produtora de fertilizantes, entre outras. Da sociedade imaginada para a refinaria, ficou apenas a homenagem ao general pernambucano José Inácio Abreu e Lima, famoso na Venezuela por ter lutado ao lado Simon Bolívar, herói no país de Chávez.

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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Governo: "O mundo esta contra nos, mas vamos persistir nas nossas escolhas..." - Editorial Estadao

Bem, se o mundo está contra nós, e se as coisas não dão certo, só porque o mundo está contra nós, vamos insistir, não é mesmo? Pode ser que o mundo um dia mude, e aí as coisas estarão perfeitas para nós.
Até lá, aguentem duro, companheiros, que essa turma da direita mundial é terrível. Eles fazem de tudo para nos atrapalhar.
Mas, nós vamos mostrar a eles com quantos paus se faz um leilão para o setor privado, mesmo que este não goste...

Pela interferência na mente dos companheiros:
Paulo Roberto de Almeida

O mundo adversativo de Dilma

Editorial O Estado de S.Paulo, 22/09/2013

Crise internacional, guerra cambial, sobe e desce do dólar, pressões da Fifa e espionagem americana são apenas alguns dos grandes problemas enfrentados pelo governo brasileiro e, portanto, pelo Brasil, segundo a interpretação oficial. A presidente Dilma Rousseff identificou e nomeou mais um sério desafio, até agora ignorado ou mal percebido pela maioria das pessoas. "Não vou dizer que nós somos absolutamente perfeitos, que está tudo andando, mas acho que tem um pessimismo adversativo", disse ela na quinta-feira, em Mato Grosso, depois de inaugurar um trecho de 260 quilômetros da Ferronorte, entre Rondonópolis e Itiquira. A primeira indicação foi dada. A revelação ficará completa quando o público souber o significado de "pessimismo adversativo" e, portanto, a diferença entre esse e outros tipos de pessimismo. Qual será mais nocivo?
O aparente surto de humildade ou de realismo - o reconhecimento de uma perfeição menos que absoluta - durou pouco. Logo recomeçou a busca habitual de culpados, sempre do lado dos outros, pelos fracassos colecionados em quase três anos, sob sua liderança, pela atual equipe governante.
A coleção havia sido ampliada, na semana anterior, com o fiasco na licitação da Rodovia BR-262. Não foi um tropeço qualquer. O governo demorou um ano, depois de anunciar seu plano de investimentos em logística, para iniciar os leilões. Tão longo tempo foi insuficiente, no entanto, para a preparação de um esquema atraente para o setor privado.
Resultado aparentemente melhor foi alcançado, em seguida, na licitação da BR-050. O consórcio vencedor, formado por nove construtoras de médio porte, ofereceu um deságio de 42,38% para o pedágio. Analistas do setor privado reagiram com desconfiança quanto à viabilidade do empreendimento, mas o governo festejou. Se tiver acertado dessa vez, uma grande obra poderá deslanchar. Mas a alegria foi contrabalançada, em seguida, por uma nova frustração: só se inscreveram 11 das 40 operadoras esperadas para o primeiro leilão do pré-sal, marcado para outubro.
Em vez de iniciar uma reavaliação de seus procedimentos, de seu esquema administrativo e de seus critérios, o governo insiste em atribuir a responsabilidade, ou pelo menos a maior parte dela, a outros agentes. Segundo a presidente Dilma Rousseff, os governadores estaduais preferem rodovias sem pedágio, enquanto as empresas procuram apenas concessões valorizadas e atrasam a entrega dos trechos licitados. De acordo com a presidente, o Ministério Público também atrapalha, provocando interrupções nas obras.
Poderia ter alongado a lista de queixas e de acusações, mencionando as interferências do Tribunal de Contas da União (TCU), com sua insistência em cobrar certos critérios na elaboração de projetos, na fixação de preços e na execução das obras.
Há algo intrigante na repetição dessa história. Seria aparentemente mais fácil o Executivo levar em conta os critérios do TCU, na elaboração e na execução de projetos. Poderia, ao mesmo tempo, iniciar uma discussão racional sobre a possível mudança de alguns desses critérios, mas insistir nas queixas e acusações deve ser muito mais simples para um governo pouco afeito à busca de eficiência.
De toda forma, a tarefa de projetar investimentos e contratar prestadores de serviços ficou bem mais fácil, nos últimos anos, com várias mudanças no regime de licitações. Apesar disso, o investimento conduzido pelo governo permaneceu muito abaixo do necessário para o fortalecimento da economia.
E assim continuará, enquanto a administração federal insistir na mistura de preconceitos ideológicos com o intervencionismo e o voluntarismo desastrados. Os dois conjuntos de vícios foram amplamente exibidos no tratamento das concessões no setor de transportes, na formulação do modelo de exploração do pré-sal e na renovação dos contratos do setor elétrico.
A poucos meses de completar seu terceiro ano de mandato, a presidente Rousseff parece ter aprendido pouco ou nada com os fiascos acumulados. Talvez devesse dar mais atenção às críticas e refletir sobre os perigos da teimosia adversativa.

sábado, 21 de setembro de 2013

O governo dos companheiros e o desgoverno da economia - Carlos Alberto Sardenberg

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
O Globo, 19/09/2013

Anos atrás, em um outro país, o presidente estava diante do desafio de conseguir turbinar o crescimento. Políticos, economistas, jornalistas discutiam as saídas e, como sempre, havia propostas para fazer isso por meio de ações mais intensas do governo.
O presidente, então, saiu-se com uma resposta que se tornaria clássica: “Na nossa situação atual, o governo não é a solução. O governo é o problema”.

A presidente Dilma, claro, jamais dirá isso, mas obviamente admitiu a incapacidade ao menos parcial do Estado quando lançou o amplo programa de concessões de obras de infraestrutura à iniciativa privada.
Se o governo tivesse dinheiro e expertise para fazer os investimentos necessários, não precisaria entregar estradas, portos, aeroportos e ferrovias ao capital privado. Reparem que a presidente Dilma tentou turbinar os investimentos públicos. E só partiu para as concessões diante dos atrasos e da sequência de corrupção em obras importantes .
Ou seja, não foi por convicção, mas por necessidade. Ela não admite que o governo é o problema e que a infraestrutura brasileira falha por incapacidade do Estado. Ao contrário, ainda acredita que o governo pode tudo, mesmo que no momento, dadas as circunstâncias, seja preciso chamar os capitais privados.
O resultado disso é a “concessão envergonhada”. Abre-se o negócio ao investidor privado, mas o governo está ali ao lado, financiando a juros de compadre, entrando de sócio, dando garantias de receita e prometendo fazer parte das obras.
Ora, dirão: qual empreiteira recusaria um negócio desses? Especialmente neste lado do mundo, a América Latina, tão viciado no capitalismo de amigos ─ esse sistema em que um bom lobby rende mais que ganhos de produtividade.
Por isso, foi chocante quando nenhuma empresa apresentou propostas no leilão de concessão da rodovia BR 262. A obra era considerada um “filé mignon”.
O governo desconfia de alguma ação política, uma articulação da oposição, inclusive de investidores, para desmoralizar o programa. Não cola. Por mais militante que seja, nenhum empresário joga dinheiro fora.
Logo, o pessoal não achou que o negócio era bom, mesmo com todo o apoio oferecido pelo governo. Em resumo, não achou que o governo pudesse ser a solução para os problemas.
Quais problemas? Tudo poderia ser resumido numa palavra, insegurança. Regulatória: o governo Dilma tem mudado tanto as regras, em tantos setores importantes, que não há como acreditar que as normas regendo as concessões serão mantidas pelos 30 anos do negócio.
Insegurança jurídica: as possíveis restrições à cobrança de pedágio, a única fonte de renda do empreendimento. Políticos e governantes brasileiros não gostaram de pedágio ─ mais ainda, não gostam de cobrar nada diretamente do usuário. Há na cultura local uma queda pela boca livre, reforçada pelas recentes manifestações.
Não é de graça, claro. Quando uma estrada federal em Goiás não é pedagiada, ela termina paga pelo morador de Rondônia quando compra uma cerveja e um maço de cigarros. Mas é um pagamento, digamos, quase invisível, o imposto está embutido no preço. Já no pedágio, o usuário morre com seus reais cada vez que passa ali. É mais justo que só o usuário pague pela facilidade que utiliza, mas, reparem, praticamente todos os governantes cancelaram reajustes de tarifas e pedágios depois das manifestações.
Diante desses óbvios obstáculos ao programa de concessões, o que fez o governo Dilma? Respondeu ao investidor privado: você cobra um pedágio baratinho que a gente faz o resto.
A garantia somos nós, disse o governo.
Ora, o risco está nessa garantia, pensaram os empresários. Não disseram, tanto que o governo contava com o sucesso do leilão. Mas pensaram exatamente isso: eu entro num negócio cuja receita é o pedágio, mas eu tenho de cobrar bem baratinho e só posso cobrar depois que o governo fizer a parte dele nas obras e garantir nos tribunais e nos meios políticos a viabilidade da cobrança; e também não posso ganhar dinheiro além do limite fixado pelo governo.
Resumindo: os obstáculos aos investimentos privados estão no ambiente de negócio ruim colocado pelo setor público. Em vez de mudar o ambiente para torná-lo mais amigável às concessões, o governo diz “deixa comigo”. O problema se apresenta como solução.
E por que saem alguns negócios? Porque muitos investidores acreditam que, enfim, a gente vai conversando lá em Brasília.
Não é assim que se vai turbinar os investimentos.

A frase lá de cima? Ronald Reagan.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

E la nave (dei compagni) va... -


As brasas ressurgem

Delúbio Soares, um dos condenados do Mensalão, pretende festejar a aceitação dos embargos infringentes com um churrasco na fazenda da família, em Buriti Alegre, Goiás. Festa assim não ocorria faz tempo, desde antes da descoberta do escândalo. Quando Delúbio era ainda tesoureiro do PT, seu churrasco de aniversário atraiu 18 jatinhos a festa na fazenda. Um deles, ao levar a São Paulo o deputado do PR Valdemar Costa Neto (hoje também condenado pelo Mensalão), derrapou na pista de Congonhas e acertou um carrinho de pipoca fora do aeroporto.

Foi assim que os não iniciados souberam da grande festa companheira.

Cala que eu te escuto

O ministro do Trabalho, Manuel Dias, do PDT, andou balançando no cargo, depois que várias pessoas bem colocadas no Ministério, ou bem relacionadas com ele, viraram alvo da Polícia Federal, por acusações diversas, todas ligadas a enfiar a mão onde não deviam (uma das acusadas é a esposa do ministro, Dalva Dias). O ministro ameaçou, caso fosse afastado do cargo, tomar providências "impublicáveis". Logo depois o Governo reafirmou sua confiança em Dias.

Mas, se o ministro sabe de algo irregular, tem obrigação legal de fazer a denúncia. Ou estará prevaricando, violando a lei. A ameaça que fez para manter-se no cargo também é estranha à legalidade e ao comportamento que se espera de um político. Os franceses poderiam até, fazendo biquinho, chamá-la de chantage.

Da coluna do jornalista Carlos Brckmann, 20/09/2013

Nao e' so' pelos 170 milhoes roubados pelo PT, senhores juizes... - Reinaldo Azevedo

Reinaldo Azevedo, 20/09/2013

Trinta pessoas protestaram na Avenida Paulista contra a admissão dos embargos infringentes na quarta-feira. Cinco atrizes postaram nesta quinta foto no Instagram em que aparecem, vestidas de preto com a legenda “atrizes em luto pelo Brasil”: Carol Castro, Rosamaria Murtinho, Nathália Timberg, Suzana Vieira e Barbara Paz. Aumentou meu respeito por elas. Artista que hoje não exibe o nariz marrom diante do partido do poder é coisa rara. Isso não quer dizer, obviamente, que sejam antipetistas — o que não tem a menor importância. Trata-se somente de um protesto contra a impunidade. No Distrito Federal, um grupo enviou 37 pizzas para o STF, endereçadas a Ricardo Lewandowski, que está tendo o seu trabalho devidamente reconhecido. Aqui e ali, houve outras pequenas manifestações de indignação. Mas resta evidente que nem o advento do deputado-presidiário nem o risco de o julgamento do mensalão desandar comoveram as ruas.
Quando Roberto Barroso, o “novato”, e Celso de Mello, o decano, decidiram demonizar as “multidões”, vociferando contra o clamor popular, eu fiquei aqui a me perguntar: “Mas a que clamor se referem estes senhores? Onde estão as multidões?”. Os truculentos já haviam expulsado do espaço público o povo de verdade enquanto aqueles dois batiam a mão do peito para exaltar a própria independência. Foi constrangedor. Não honra a biografia de um e não ajuda a construir a do outro. A miríade de grupelhos de esquerda, muitos deles financiados com dinheiro público, que alimentavam os protestos por intermédio das redes sociais já havia retirado o time de campo, num rápido processo de desmobilização. O PT foi muito eficiente no trabalho de contenção. E os setores da imprensa que estavam brincando de Primavera Árabe resolveram arrumar outra distração.
Se eu tivesse alguma dúvida — na verdade, como vocês sabem, nunca tive — sobre o real caráter das manifestações de junho, ela teria se dissipado agora. Não era “pelos 20 centavos”? Pois bem. Poder-se-ia criar agora o movimento “não é pelos R$ 170 milhões” — mais ou menos o valor a que se chegou na pequeníssima fatia do mensalão que foi investigada. O poder real do PT está hoje nos fundos de pensão, que conseguiram passar incólumes pela investigação. Onde estão os protestos?
Não é só pelos R$ 170 milhões, mas é também contra a impunidade.
Não é só pelos R$ 170 milhões, mas é também contra um grupo que ousou se organizar para tomar a democracia de assalto.
Não é só pelos R$ 170 milhões, mas é também contra uma Justiça que se mostra incapaz de garantir aos réus as seguranças próprias de uma democracia e, ao mesmo tempo, demonstrar que essa democracia repudia o malfeito.
Não é só pelos R$ 170 milhões, mas é também contra uma óbvia operação de captura do Poder Judiciário por um partido político.
Não é só pelos R$ 170 milhões, mas é também contra uma Justiça que parece organizada para proteger malfeitores.
Não é só pelos R$ 170 milhões, mas é também contra o uso de dinheiro público para criar na Internet e nas redes sociais uma teia de apoio a larápios, que fraudaram o estado de direito.
Não é só pelos R$ 170 milhões, mas é também contra o uso de uma lei de incentivo à cultura para cantar as glórias de corruptos, peculadores e quadrilheiros.
Não é só pelos R$ 170 milhões, mas é também contra partidos e lideranças de oposição que silenciam diante do risco da impunidade.
Que fique claro! Não estou duvidando dos motivos de milhares que foram às ruas e da justeza de algumas de suas reivindicações. Estou aqui a destacar, isto sim, que aqueles protestos foram superestimados e, em boa parte, estimulados por setores da imprensa que tentam colar nas redes sociais num esforço meio desesperado e vão de acompanhar o frenesi. Ao fazê-lo, perdem profundidade, capacidade de análise e, infelizmente, a devida prudência.
Quaisquer que tenham sido os motivos que detonaram aqueles protestos — já escrevi muito a respeito —, nada aconteceu de mais grave do que o Poder Legislativo tentar inaugurar a sua “facção Papuda” e o risco de a corte suprema sofrer uma desmoralização inédita em tempos democráticos. Não, senhores! Não é só pelos R$ 170 milhões — só o escândalo recém-descoberto no Ministério do Trabalho pode chegar a R$ 400 milhões.

É pela afronta à dignidade.

O minimo que voce precisa saber sobre o Mensalao - Olavo de Carvalho

OLAVO DE CARVALHO 
Comentário completo de Olavo de Carvalho em 10 de outubro de 2012, transcrito por Felipe Moura Brasil.
Posted:  19 SETEMBRO 2013

"Antes de tudo mais, tem uma coisa que eu quero dizer pra vocês: eu não estou compartilhando desse entusiasmo nacional pela punição dos mensaleiros. Eu não acho que isso foi uma grande vitória da democracia, eu não acho que isso foi um marco histórico, eu acho que isto é mais uma ilusão de uma classe média IDIOTA, que acha que pode combater esse esquema petista simplesmente aplicando a lei, ou seja: sem nenhuma tomada de posição ideológica, sem nenhuma análise estratégica, nem nada. Que acha que pode mover um combate contra uma força política tremenda usando apenas acusações criminais de corrupção contra os indivíduos. E por que é que eu acho isso?

Em primeiro lugar: nada do que foi feito no Mensalão, absolutamente nada, foi feito apenas para proveito individual do sr. Fulano ou do sr. Beltrano. Tudo isso está perfeitamente integrado dentro da estratégia do partido e eles entraram nisso com muito 'boa' consciência porque afinal de contas estão jogando para o partido e não para 'nós' [eles] mesmos. Isso é tradicional nesses movimentos esquerdistas.
Vocês devem ter assistido àquele filme sobre o Jimmy Hoffa [nos EUA, 'Hoffa'; no Brasil, 'Hoffa - Um homem, uma lenda'], com o Jack Nicholson, em que o sujeito roubou, roubou, roubou, mas ele estava sempre com a consciência tranquila, porque 'Não, eu não roubei pra mim, roubei para os sindicatos... Claro que eu levei lá a minha comissão, mas o objetivo fundamental era fortalecer o movimento revolucionário'. Então, sem investigar direitinho qual é a função estratégica do mensalão dentro do projeto petista total, você não vai entender é coisa nenhuma.

E, ademais, o que vai acontecer com esses mensaleiros condenados? No máximo vão pegar uma prisão domiciliar por um tempinho, vão continuar com as suas atividades normais e nada de pior vai lhes acontecer. Quanto ao sr. Lula, parece que não vai ser tocado. Nem o Lula, quanto mais o partido, meu Deus do Céu! Quer dizer: o que está acontecendo no Brasil, há anos, é uma guerra assimétrica, onde um lado pode roubar, trapacear, mentir, difamar, fazer o que quiser, e o outro não pode sequer tomar uma posição ideológica: 'Nós vamos aqui apenas nos ater ao aspecto jurídico criminal...' Ou seja: é claro que isso é guerra assimétrica. Um lado tem que lutar com uma mão amarrada.

E, ademais, celebrar a condenação de corruptos - vocês já viram quantas vezes vocês já fizeram isso?

Quando o Maluf foi condenado, foi uma festa nacional: 'Acabou a corrupção no Brasil! Agora é um novo Brasil!'... Tudo no Brasil é um marco histórico. O sujeito dá um peido: é um acontecimento histórico! [Risos] Depois, na queda do Collor, que roubou infinitamente menos que essa gente, foi uma festa maior ainda: 'É a festa democracia! É o novo Brasil!' etc. Vocês vão cair nessa de novo, gente? Puta merda...

Quer dizer que o problema do Brasil não é a corrupção. O problema é que a corrupção foi tanta que o padrão de julgamento moral já baixou. Então é aquele negócio que fala o Reinaldo Azevedo: 'Não, eu podia estar roubando, eu podia estar matando, mas estou aqui trabalhando, portanto sou um santo.' Já estão pensando até em lançar o Joaquim Barbosa presidente da República.

Vocês não lembram da campanha do Betinho? O Betinho foi um estrategista de esquerda, marxista, que descobriu que a caridade pode dar lucros políticos. Tradicionalmente a esquerda era contra as obras de caridade, porque dizia que isso amortecia a consciência social do proletariado, aplacava a revolta dos pobres e tal. E um dia chegou um cara, que tinha um QI 12,6 - contrastando com a média de 12,4 -, que era o Betinho, e disse: 'Não... Oh, raios, nós estamos perdendo oportunidade! Porque ficam essas senhoras do movimento de arregimentação feminina, federação das indústrias, esse pessoal todo fazendo caridade e se promovendo com a caridade, e nós ficamos parecendo os malvados da história. Então vamos nós monopolizar a caridade.' E foi isso que fez. E isto foi a origem do Bolsa Família, gente! Já esqueceram tudo?

E ele dizia claramente em entrevista: 'Não, isso aí não adianta nada. Só o que vai resolver é a socialização dos meios de produção.' Quer dizer: o cara era comunista, ortodoxo mesmo. E sabia que a caridade não ia resolver nada na perspectiva dele e que, portanto, aquilo era só para melhorar a imagem das esquerdas e criar eleitorado. Ele praticamente confessava isso.

Não obstante, o Betinho constou durante anos como o protótipo da bondade. Chegaram a propor a beatificação do Betinho! A revista Veja soltou a capa 'Um santo brasileiro'. Quer dizer que, para ser santo, é só você inventar um truque para melhorar a imagem do seu partido - pronto: você já virou santo. Agora, o Joaquim Barbosa mostrou alguma competência - mínima, hein - como juiz, quer dizer, cumpriu a sua obrigação, fez o que qualquer juiz deveria ter feito no lugar dele, pronto: ele já 'virou' presidente da República, porra.

Vocês já ouviram falar do Princípio de Peter? Laurence J. Peter, que escreveu o livro 'Todo Mundo é Incompetente, Inclusive Você'. Leiam esse livro. Ele diz o seguinte: numa empresa ou num órgão estatal, o sujeito faz o serviço dele direitinho e daí ele é promovido. Faz de novo o serviço direitinho, é promovido. Aí, promovido pela terceira vez, ele começa a fazer burrada, daí para e não sobe mais. Isso quer dizer que todos os caras que estão no primeiro escalão de qualquer coisa são todos incompetentes por definição.

[Nota do Felipe: O Princípio de Peter foi assim enunciado por Lawrence J. Peter: "Num sistema hierárquico, todo funcionário tende a ser promovido até ao seu nível de incompetência."]

Então essa mania de que 'O cara deu certo aqui. Promove!', isso nem sempre funciona. Não teve gente, uns idiotas que vieram [e propuseram]: 'Olavo de Carvalho para presidente!'? Eu digo: eu seria um primor de incompetência! Puta que pariu! Não é porque eu sou capaz de fazer isto aqui que eu estou fazendo que eu sou capaz de fazer uma outra coisa. Joaquim Barbosa, a mesma coisa: não é porque ele é um bom juiz que vai ser um bom presidente da República. O presidente da República precisa de algo mais do que conhecer e respeitar as leis. O homem não administrou nem um clube de futebol, já querem botá-lo na presidência da República.

Então isso aí mostra o barateamento das virtudes morais. E isso já é a corrupção da alma, a corrupção profunda da psique brasileira. Quer dizer: a sociedade está tão corrompida que o simples fato de o sujeito fazer o mínimo já é, para eles, o máximo. Então quer dizer: as grandes virtudes humanas, as virtudes superiores, [os brasileiros] não são mais capazes de imaginar!

Então o que são os heróis de um país que mede as coisas nessa escala? Quer dizer: se aparecer um santo de verdade, vocês não são capazes de reconhecer. Um herói de verdade, não são capazes de reconhecer. Um sábio de verdade, não são capazes de reconhecer. O pessoal mede [por esses padrões muito baixos]... O que é um gênio no Brasil? Gênio [no Brasil] é Chico Buarque de Hollanda, porra! Se você mostra uma coisa que é superior, como por exemplo eu mostrei o Mário Ferreira dos Santos, as pessoas não sabem o que é que é, então não falam. Mas o Chico Buarque, eles são capazes de perceber alguma coisa. Então o sujeito fez uns sambinhas, pronto: é gênio! E [as pessoas no Brasil] não entendem que esta descida do padrão de julgamento moral é o que facilita toda a operação dessa gente, tipo mensalão. Então não se incomodem, meus filhos: vocês prendem esses, vai vir coisa pior.

Sobretudo aguardem... O pessoal que é da esquerda mesmo e que está fazendo discursos inflamados contra os mensaleiros, eles fazem discursos inflamados por quê? 'Essa geração da esquerda acabou, eles se ferraram, agora é nossa vez.' Exatamente como o PT fez nas décadas de 1980 e 1990, porque o PT fez carreira na base da acusação de corrupção. Foi o PT que acabou com a carreira do Maluf, que acabou com a carreira do Antônio Carlos Magalhães, que acabou com a carreira do Collor de Mello, que acabou com a carreira de todos os seus inimigos posando como 'o partido ético'! Chamava-se na época, o pessoal dizia: 'o partido ético', meu Deus do Céu!

Por quê? Porque isso também foi algum espertalhão lá dentro que falou: 'Não, peraí, nós vamos refrear um pouco o discurso ideológico e vamos agora usar o discurso do inimigo.' Porque a direita antigamente fazia carreira na luta contra a corrupção. Se vocês estudarem, vocês vão ver que lutar contra a corrupção era a bandeira da antiga UDN, que o Jânio Quadros(!) subiu nesta base de acusar os outros de corruptos, e o adversário principal dele era corrupto mesmo, era o Adhemar de Barros, então ele subiu nesta base, para depois chegar lá em cima e fazer o que fez. Do mesmo modo, o Fernando Collor de Mello: vocês não se lembram que ele era o caçador de marajás?

Então quem quer no Brasil que faça carreira na base do combate à corrupção é picareta. E vai enganar vocês de novo, porra.

Quer dizer: não que seja ruim que os caras sejam condenados, e não que os juízes não tenham feito o serviço deles direito. Fizeram, mas fizeram o mínimo. Agora, levantar o verdadeiro problema e dizer 'Peraí. Isto não é um crime praticado por tais ou quais indivíduos. Isto é um crime praticado por uma entidade chamada Partido dos Trabalhadores, que, dentro da sua estratégia geral, usou deste recurso do mensalão, como utiliza a aliança com as Farc, que é hoje, segundo documentos oficiais do governo americano, a maior distribuidora de drogas do universo!' Isto ninguém quer investigar. Perto disso, o que é que é o mensalão? O mensalão não é nada, minha gente. E ainda vem mais. Quando sair esse negócio do Carlinhos Cachoeira, esse é que vai ser legal. Porque isso aí vai sobrar pra Dona Dilma também. Então você vai ver que ainda vai [piorar]...

Olha: as latrinas no Brasil são que nem aquelas bonecas russas, matryoshka: você abre uma latrina, tem outra latrina dentro, outra latrina dentro, outra latrina... [Risos.] Só que é o contrário da matryoshka, porque na matryoshka as bonecas vão ficando pequenininhas, no Brasil acontece esse negócio: você abre uma latrina, aparece outra maior dentro! E outra, e outra, e outra, e outra! É a merda sem fim. Por quê? Não é pegando casos isolados de corrupção que vocês vão acabar com isso, gente.

Vocês têm que entender: há um problema estrutural permanente, que é o seguinte: vocês já notaram que, quanto mais cresce a hegemonia cultural esquerdista, mais cresce a corrupção, mais cresce a violência, mais cresce a imoralidade geral? Isso está acontecendo faz 30 anos e vocês não chegaram ainda à conclusão, porra!? Estudem um pouco, e vocês vão ver o seguinte: que é uma tradição dos partidos revolucionários de esquerda utilizar-se do direito burguês como instrumento para chegar ao poder, para em seguida não só destruir esse direito burguês, mas destruir todo e qualquer direito. Porque a ideia mesma de direito é incompatível com o marxismo. O direito, no entender do marxismo, é a vontade da elite revolucionária, que encarna o espírito da história. Então é a abolição de todo e qualquer direito e sua substituição pelo 'poder onipresente e invisível' do partido, como dizia Antonio Gramsci. É isso que eles estão fazendo, minha gente. Mas vocês não conseguem ver relação nenhuma?

Então aqui tem uma professora que escandalizou um aluno de dez anos com um dicionário sobre posições sexuais. Então todo mundo diz: 'Oh! Que coisa!' Mas você não vê nenhuma relação entre isso e o mensalão não? Você não percebe que é a mesma coisa? Que é corromper a sociedade como um todo, em todos os seus níveis? E que este tem sido o projeto da esquerda há 30 anos? Que trinta! Quarenta! Leiam Herbert Marcuse. Leia o material da Escola de Frankfurt e vocês vão entender tudo aquilo que está acontecendo.

Agora, o fato é o seguinte: é que vocês estão sofrendo os efeitos de uma macroestratégia de alcance continental e querem tratar disso como se fosse um problema assim: 'Ah, ele cometeu um crimezinho aqui, o outro cometeu um crimezinho ali' e, quando pega uns criminozinhos e condena, todo mundo canta vitória e diz 'É a vitória da democracia!' e bate no peito... Vocês não bateram no peito quando caiu o Collor, porra!? Hein? Vocês não lembram os caras-pintadas na rua, 'tudo' cantando o hino nacional? Vocês vão cair nisso de novo!?

Olha aqui: luta ideológica é luta ideológica. Esse pessoal da esquerda, o objetivo deles é chegar a implantar o socialismo no continente. E uma vez que implantou o socialismo, ele não cai mais, meu filho. Porque mesmo que ele caia, continua no poder a mesma elite, como aconteceu na Rússia e na China. Então isso aí é o poder eterno, é o que esses caras querem, porra. E eles estão fazendo tudo para isto.

Cada vez que eles usam o discurso moralista burguês, o pessoal burguês todo se comove. Diz: 'Oh! Ele é de esquerda, mas é honesto! Ele é de esquerda, mas não rouba!' Meu Deus do Céu! Esquerdista honesto é quadrado redondo, porra. O processo revolucionário esquerdista, ele é desonesto na base. A noção mesma de honestidade é objeto de chacota entre os marxistas. É que vocês não estudam.

Se vocês querem saber se um sujeito é comunista, vocês querem saber assim: "Ah, mas pra ele ser comunista, ele tem que ser sincero.' Ah, então ele é sincero ou aproveitador? Eu falo: essa distinção só existe na sua cabeça, ô burguês. Para o marxista, isto não faz diferença. A própria noção de sinceridade... Imagina se a sinceridade da crença de um militante tem a mais mínima importância dentro de uma organização revolucionária comunista? Os seus sentimentos subjetivos não importam, meu filho! Importam as suas conexões reais, os seus compromissos materiais efetivos já assumidos, importam o quanto de poder 'nós' temos sobre você. Se você, por dentro da sua cabeça, está complemente contra, não importa, porra. 

Então quer dizer: é uma noção religiosa de sinceridade, da fé - eu sempre pego a categoria cristã da fé - que [vocês] aplicam no comunismo. No cristianismo, é importante ter a fé sincera. Mas, se quer saber, esse conceito de fé não existe nem nas outras religiões! No Islam, não importa se o cara é hipócrita. Você não precisa ter fé nenhuma. É só fazer a declaração pública. Isso é oficial, porra. Eu conheço a teologia islâmica, porra. Escrevi um livro, ganhei um prêmio do governo da Arábia Saudita, eu entendo alguma coisa desse negócio, porra. Então a sinceridade não tem importância no Islam. Porque o Islam não é um objeto de fé como o cristinianismo, fé individual. Não. O islam é uma comunidade. Então, qual é o equivalente da fé no budismo e no hinduísmo? Acontece que essa noção de fé, ela, além de ser religiosa, só se aplica a UMA religião, que é o cristianismo. E você, trouxa, pega tudo que existe, não só as outras religiões como até ideologias políticas, e quer aplicar esse conceito lá. Então você pergunta: 'Mas esse cara é comunista mesmo ou ele é aproveitador?' Eu digo: quanto mais comunista, mais aproveitador. E quanto mais sincero, mais mentiroso. Essa categoria não se aplica nesses casos. Mas não adianta explicar.

Eu não sei quem foi que disse: 'Nós não acreditamos na mentira, porque fomos enganados. Nós acreditamos porque queremos.'

Então não vem para cima de mim com esta nova festa cívica. Eu já estou com 65 anos de idade, eu já vi tanta festa cívica, eu já vi tantos momentos históricos que no dia seguinte ninguém lembra mais... Por exemplo, se você falar: campanha do Betinho, quem é que se lembra hoje? Quem de 20, 25 anos sabe o que é campanha do Betinho? Nem sabe. Passou! Foi mais um peido histórico.

Peido uma hora faz barulho, mas passa com o vento. [Risos] Então isso daí foi mais um peido histórico. Pode se transformar em alguma coisa se aprofundarem as investigações e procurarem o aspecto estrutural. Mais ainda. Tem outra coisa: como esses deputados todos foram comprados para votar determinadas leis e medidas oficiais, essas medidas oficiais não valem. Tem que ser tudo revogado. Isto quer dizer que, no mínimo, no mínimo, do crime de responsabilidade o presidente [Lula] não pode escapar. E a atual [Dilma], também não! A respeito da atual, esperem as investigações sobre o PAC, sobre o Carlinhos Cachoeira, que vocês vão ver que vai sobrar para ela também. Mas vai sobrar só nominalmente. Outra coisa: o Zé Dirceu pode dizer 'Não, eu sou réu primário, então não vou para a cadeia'. Réu primário, porque todos os crimes anteriores dele foram anistiados. Quer dizer: o sujeito faz o crime, todo mundo da esquerda faz o crime, e a direita apaga. Faz o crime, e a direita apaga. Estão fazendo a mesma coisa na Colômbia."

* * *

Nota de rodapé: Isto foi apenas um programa de rádio, ok? Para uma análise completa do assunto em textos escritos, veja o capítulo 'Petismo', especialmente a seção 'Tradição & estratégia', do best seller de Olavo de Carvalho, organizado por Felipe Moura Brasil, 'O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota':https://www.facebook.com/ominimoquevoceprecisasaberparanaoserumidiota.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Os companheiros ja compraram, ou ja enquadraram, o Judiciario? - Milton Simon Pires

O FIM DA JUSTIÇA NO BRASIL 
Milton Pires

Imagino eu que talvez um dia esse período da história que estamos vivendo no Brasil fique conhecido como a época da “primeira impressão”. Não há absolutamente nenhuma capacidade das pessoas irem além daquilo que lhes foi apresentado em algum telejornal ou algum post de Facebook. Ontem, por exemplo, um dos fatos mais graves da história do Poder Judiciário no Brasil foi noticiado como simples possibilidade de um “novo julgamento” da quadrilha petista que tentou dar um golpe na democracia brasileira. Duvido que o número de brasileiros capazes de entender o que isso significa na verdade – a destruição completa do Estado de Direito no Brasil – tenha alguma representação política importante.
Oferecer aos réus da Ação Penal 470 a possibilidade de recorrer aos embargos infringentes assemelha-se muito a chamar um médico para examinar um cadáver no necrotério! Não existe uma coisa dessas prevista na Lei atual do STF. Isso é evidente até para quem não é advogado, mas a grande ironia é que o processo que surgiu para punir a compra do Poder Legislativo pelo PT demonstrou que ele – PT – já tem “na mão” o Judiciário!
Triste é perceber que não se faça disso uma oportunidade para avaliar como se forma o quadro do STF aqui no país! Desgraça é não fazer desse fato uma oportunidade para se terminar de vez com as indicações políticas para nossa Suprema Corte!
Meus amigos, o pilar fundamental do Estado de Direito é a independência de seus poderes. Uma ditadura NÃO se caracteriza, nesse sentido, somente por prisões e por censura. Elas podem não estar ocorrendo no Brasil do PT, mas afirmar que ainda existe democracia nessa nação é ridículo! Eu já disse, e vou continuar dizendo, que não há um só aspecto da Administração Brasileira que não esteja dominado direta ou indiretamente pelo Partido dos Trabalhadores. Desde a Petrobras até os setores de compra de material hospitalar dos hospitais públicos, essa gente tem o poder de tudo.
No caso da Ação 470 prorrogou-se o tempo necessário para alcançar a aposentadoria de vários ministros do STF que poderiam “causa problemas” aos mensaleiros. Mesmo não participando do processo desde o início, novos ministros indicados pelo Governo Federal podem sim dizer que devem ser aceitos os tais embargos infringentes (leia-se “novo julgamento). Tal fato é uma cusparada na cara da Nação! É uma vergonha para um Governo corrupto que desdenha da indignação de milhões e milhões de pessoas de bem que trabalham e pagam suas contas e é um recado claro de que não existe mais justiça no Brasil.
Afirmo a vocês que não vão haver manifestações de rua por causa disso. Ninguém vai queimar nem quebrar coisa alguma! Não veremos Black Blocs contra o STF. Muito pelo contrário – essa gente fez o que fez em junho justamente para desviar a atenção do que se fez ontem e vai ser feito novamente hoje a tarde : dar aos mensaleiros uma nova chance para escapar da prisão! Nesse sentido eu afirmo a vocês – preocupar-se ou não com legalidade da vinda de cubanos para o Brasil afim de exercer medicina sem revalidar diploma é ridículo! Trata-se de colocar um band-aid numa pessoa com câncer! Esqueçam isso tudo pois livrar José Dirceu da merecida prisão é a prova matemática de que não existe justiça nesse país, é a lembrança de que vivemos numa ditadura e de que o PT faz o que quiser com a Justiça.
Entender o que escrevi acima é antes de tudo desmentir um dos maiores picaretas de toda história da Filosofia Política – Karl Marx. Esse cidadão mais de uma vez afirmou que os filósofos tinham “até hoje tratado de interpretar o mundo; tratava-se então de transformá-lo.” Afirmo eu exatamente o contrário do que dizia esse charlatão: é urgente no Brasil de 2013 que se saiba interpretar o que está acontecendo com clareza antes de qualquer “ação”. Quem não sabe o que enfrenta não pode agir corretamente nunca! Lembrem-se: o que estamos assistindo agora é o Fim da Justiça no Brasil !


Porto Alegre, 12 de setembro de 2013

domingo, 25 de agosto de 2013

Republica dos Companheiros aperfeicoa o que mais sabe fazer; adivinhem o que seria?

Reinaldo Azevedo, 24/08/2013

O petista Vicente Cândido: ele atua como lobista da Oi e ainda pergunta a conselheiro da Anatel: “Honorários?”. Trata-se de um gigante moral!
Eles são quem são. E isso não tem cura. Reportagem de Rodrigo Rangel na VEJA desta semana traz à luz um escândalo de dimensões bilionárias. Há muito tempo, como se sabe, os petistas abandonaram o patamar dos milhões. Isso era para gente amadora; para corruptos que corriam o risco de ser pegos e ser enforcados pela opinião pública. Os companheiros são mais espertos. Praticam com maestria o que antes diziam condenar e ainda mandam enforcar. A síntese da história é a seguinte: Vicente Cândido, deputado federal (PT-SP), um figurão do partido, embora não seja muito conhecido, chamou a seu gabinete um conselheiro da Anatel de nome Marcelo Bechara. O deputado está interessado em livrar a cara da Oi, empresa que tem como sócios amigos do Luiz Inácio Apedeuta da Silva — o mais intimo é Sérgio Andrade. A empresa deve ao estado brasileiro nada menos de R$ 10 bilhões em multas — embora  o valor de mercado da companhia seja de R$ 8 bilhões. O parlamentar quis saber como Bechara podia ajudar a Oi e sugeriu falar em nome de Lula. A conversa, a esta altura, já tinha ultrapassado o limite do aceitável. Mas ele foi mais longe. Num papelucho, escreveu a seguinte palavra, acompanhada de um ponto de interrogação, e exibiu ao conselheiro: “Honorários?”.
Isso mesmo. Vocês entenderam direito. Um deputado do PT, atuando a favor dos interesses de uma empresa privada que tem como sócios amigos pessoais de Lula, abordou um conselheiro da Anatel e indagou quanto ele cobrava para dar um jeitinho. Atenção! BECHARA CONFIRMA QUE ISSO ACONTECEU. Mas ainda é de menos. O PRÓPRIO VICENTE CÂNDIDO ADMITE TER ESCRITO A PALAVRINHA. Mas se sai com uma desculpa esfarrapada. “Eu queria saber se ele tinha honorários.” Sim, vocês entenderam direito: um deputado do PT ofereceu propina a um conselheiro da Anatel.
Houve ainda um segundo encontro. Aí o buliçoso petista entregou a Bechara as pretensões da Oi,  com o timbre da Jereissati Participações (de Carlos Jereissati), uma das acionistas da companhia. Lá está o que quer a empresa, de que o petista virou um negociador: redução de 80% daquela dívida de R$ 10 bilhões e mudança urgente na regra que obriga uma telefônica a manter 4 telefones públicos por mil habitantes na área em que opera. Antes de falar com Bechara, naquele mesmo dia, Vicente Cândido havia se encontrado com Lula. Leiam trecho da reportagem. Volto em seguida.
*

No fim de 2008, uma canetada do então presidente Lula permitiu a compra da Brasil Telecom pela Oi, uma das mais complexas e questionadas transações do mercado brasileiro nos últimos tempos. A assinatura aposta por Lula no decreto que abriu caminho para o negócio foi justificada com um argumento repleto de ufanismo: era preciso criar um gigante nacional no setor de telecomunicações para competir em condições de igualdade com as concorrentes internacionais. A operação bilionária foi cercada de polêmica por outras razões. Primeiro, porque a Oi fechou o negócio graças a um generoso financiamento público. Além disso, a empresa tinha e tem entre seus controladores o empresário Sérgio Andrade, amigo do peito de Lula desde os tempos em que o petista era um eterno candidato a presidente. E a mesma Oi, três anos antes, investira 5 milhões de reais na Gamecorp, uma empresa até então desconhecida pertencente a um dos filhos do presidente. À parte as polêmicas, a supertele nacional não decolou como planejado e o discurso nacionalista logo caiu por terra — e com a ajuda do próprio petista, que meses antes de deixar o Planalto criou as condições para que a Portugal Telecom comprasse uma parte da companhia.
Com o passar do tempo, porém, a Oi perdeu valor de mercado, viu aumentar suas dívidas em proporções cavalares e hoje enfrenta sérias dificuldades para investir, o que para uma empresa do ramo de telecomunicações é quase como uma sentença de morte. O destino da companhia é motivo de preocupação para o governo e para o ex-presidente Lula. Em especial, pela possibilidade de o insucesso da empresa causar danos políticos às portas de uma campanha presidencial em que o PT pretende estender sua permanência no poder. Como explicar a ruína de um megaprojeto liderado pela maior estrela do partido e bancado em grande medida com dinheiro dos cofres públicos? Uma tarefa difícil, certamente. É legítimo que haja um esforço para ajudar uma empresa nacional. É legítimo que esse esforço também envolva agentes políticos. O que não é legítimo é a solução do problema passar por lobbies obscuros, negociatas entre partidos e até uma criminosa proposta de pagamento de propina a um servidor público em troca de uma ajuda à empresa — episódio que aconteceu no início do mês nas dependências do Congresso Nacional, em Brasília, envolvendo o deputado federal Vicente Cândido, do PT de São Paulo, e o conselheiro Marcelo Bechara, da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Indicado para o cargo pelo PMDB, em 6 de agosto Marcelo Bechara foi ao gabinete do deputado depois de receber um telefonema do parlamentar convidando-o para uma visita. Entre uma conversa e outra, Cândido engrenou o assunto principal: a cobrança de multas bilionárias aplicadas à Oi pela agência. Advogado por formação, Bechara é conhecido por sua capacidade de formatar soluções jurídicas para questões aparentemente insolúveis. Ele fora o relator de uma proposta que pode dar um alívio e tanto ao combalido caixa da empresa e que será debatida em breve no conselho diretor da Anatel. A proposta regulamenta a cobrança de multas aplicadas às companhias telefônicas. As da Oi, atualmente, somam mais de 10 bilhões de reais — uma cifra astronômica em todos os aspectos, ainda mais se comparada ao valor de mercado da companhia, estimado em menos de 8 bilhões de reais.
(…)

Voltei
Leiam a íntegra da reportagem. Ela traz outras informações importantes sobre como funciona a República Petista em Brasília. Verão que o deputado já tratou do assunto com Luís Inácio Adams, advogado-geral da União, e que a mão que balança o berço por trás dessa história toda pertence a… Erenice Guerra, amigona da presidente Dilma Rousseff. Ficarão sabendo ainda de uma festança em Brasília para comemorar o aniversário de João Rezende, presidente da Anatel. Ele diz nem saber quem pagou aquilo tudo. Uma coisa é certa: entre os convivas, havia diretores de empresas que cabe à sua agência investigar, inclusive Carlos Cidade, um dos chefões da Oi.
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Reinaldo Azevedo, 24/08/2013

(Leia primeiro o post anterior)
No post anterior, vocês leem que um deputado do PT, Vicente Cândido (SP), perguntou a um conselheiro da Anatel quanto ele cobrava para atender a um pleito seu. E que reivindicação era essa? Queria que uma dívida de R$ 10 bilhões da Oi com o estado brasileiro — decorrente de multas em razão do não cumprimento do que vai em contrato — fosse reduzida, descobriu-se depois, em imodestos… 80%. O decoroso e moralista deixou claro que falava em nome de Lula. Muito bem! Cumpre aqui lembrar como e por que se formou a Oi, sob que desculpa e em que ambiente institucional.
Comecemos do começo. A briga de foice entre Daniel Dantas e setores do petismo estava ligada ao controle da Brasil Telecom. Sobraram golpes baixos de todos os lados, mas uma coisa é certa: a companheirada tramou para tentar tirar o empresário da companhia. Eram aqueles tempos que parte do atual JEG (Jornalismo da Esgotosfera Governista) acusava qualquer pessoa que se atrevesse a criticar o PT e os petistas de “agente de Daniel Dantas”. Inventaram um demônio para poder demonizar os críticos.
Dantas finalmente cedeu e resolveu vender a sua participação na Brasil Telecom, que acabou sendo comprada pela… Telemar, o que resultou na gigante Oi. Lula, pessoalmente, sem intermediários, se encarregou de protagonizar um dos maiores escândalos do país: decidiu que o BNDES financiaria a operação. Para Dantas, foi um negocião: vendeu a sua parte por R$ 2 bilhões e saiu da mira do petismo. Aquilo a que se assistiu, a partir de então, foi um espetáculo grotesco. Transformou-se a criação da “Oi” numa manifestação de afirmação e resistência nacionalistas.
Segundo a versão oficial, ditada, então, por Franklin Martins e pressurosamente espalhada por áulicos, anões, mascates e jornalistas “dualéticos” (aqueles que têm duas éticas: uma para os petistas e outra para os demais), Lula, o Numinoso, queria criar uma grande empresa nacional para competir com as gigantes estrangeiras — caso contrário, as brasileiras seriam engolidas. Como se vê, o resultado é um espetáculo: a Oi está devendo R$ 10 bilhões só em multas e vale R$ 8 bilhões no mercado.
O Apedeuta mobilizou o governo para dar suporte à operação. Com um detalhe: nunca antes nestepaiz se havia feito um negócio bilionário que dependesse de uma mudança ad hoc da lei: se Lula não alterasse o decreto da Lei das Outorgas, a operação não poderia ser realizada. Mas ele prometeu mudar. Seu amigo Sérgio Andrade, da Andrade Gutierrez, ficou feliz. Carlos Jereissati, da Telemar, sócia de Lulinha da Gamecorp, também. Atenção! LULA MANDOU O BNDES FINANCIAR A OPERAÇÃO DE COMPRA DA BRASIL TELECOM ANTES MESMO DE MUDAR A LEI. Ou por outra: quando decidiu que o banco oficial entraria na parada, estava praticando uma ilegalidade.
O Apedeuta deixou claro: o BNDES só financiaria a operação e ele só mudaria a lei se fosse para a Telemar comprar a Brasil Telecom. Se, por exemplo, a interessada fosse a então Telefonica, nada feito! E assim se fez.

O novo escândalo que agora vem à luz indica que a operação continua a depender do dinheiro público. Se a Anatel não livrar a empresa da multa bilionária, a Oi vai para o vinagre — e, como é sabido, um dos seus sócios é o BNDES. À época, defini assim a ação de Lula: nas democracias, os negócios são feitos segundo as leis; nas repúblicas bananeiras, as leis são feitas de acordo com os negócios.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Trapalhadas petroliferas dos companheiros no pre-sal

Governo vê conflito de interesse em leilão do pré-sal

ANP pode ser ao mesmo tempo reguladora e participante do leilão marcado para outubro

Sabrina Valle

Agencia Estado, 31/07/2013


RIO - A demora na criação e divulgação das regras de funcionamento da PPSA (Pré-Sal Petróleo S.A) está gerando insegurança entre investidores e controvérsia em Brasília. A estatal foi criada por lei, em 2010, para gerir os contratos de partilha, mas ainda não saiu do papel, embora o primeiro leilão do pré-sal esteja marcado para o dia 21 de outubro.
O edital do leilão do prospecto de Libra determina que, no caso da ausência da PPSA, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) assuma a função. O próprio Ministério do Planejamento é contra a regra. Alega que haveria um paradoxo, já que a agência seria ao mesmo tempo reguladora e participante.
"A agência responsável por fiscalizar seria a mesma instituição integrante do consórcio." O comentário do ministério foi enviado à ANP no processo de entrega de propostas, encerrado nesta semana, para a audiência pública que será realizada na próxima terça-feira, dia 6 de agosto. O Planejamento sugere que, na ausência da PPSA, o edital aponte outra empresa pública que possa assumir a competência outorgada. Sugeriu como exemplo a Empresa de Planejamento Energético (EPE).
O Planejamento propõe, ainda, que seja estabelecido um teto para o excedente em óleo à União, para proteger a Petrobrás. "Em caso de proposta excessiva, que ofereça, por exemplo, 99% do lucro para a União, a Petrobrás sairia prejudicada, pois, sendo a operadora única, seria obrigada a aportar toda a infraestrutura e, sendo obrigada a aderir à proposta vencedora, não obteria lucro algum", disse o ministério em seus comentários.
Advogados que se manifestaram na audiência foram além do conflito de interesse. Lembram que os órgãos estatais terão muito maior poder de voto do que consorciados, o que pode gerar inseguranças aos investidores.
A Petrobrás também fez sugestões à ANP. Defende que possa compartilhar prejuízos com parceiros em caso de dano ambiental, por exemplo. A Petrobrás será operadora do campo, conforme determina a Lei de Partilha. Pelas regras do edital, assumiria sozinha parte das responsabilidades pelo campo.
"Nos casos de dano ambiental ou indireto os Consorciados Contratados sempre ratearão os prejuízos, independentemente de determinado empregado do Operador tê-lo ocasionado por culpa grave ou dolo", sugere a estatal. "Esta sistemática é a prática da indústria internacional e é adotada por todas as majors. Mesmo com o emprego das mais modernas tecnologias na prevenção de acidentes e em segurança, é sabido que as operações de E&P encerram grandes riscos".

terça-feira, 30 de julho de 2013

A lampada apagada do governo federal: executivo anda tateando nas trevas - Editorial Estadao, Celso Ming

Nas histórias em quadrinhos, nas charges humorísticas, uma ideia genial, ou até qualquer ideia, é representada por uma lâmpada acesa acima da cabeça de quem a formula.
Pois bem, a julgar por essa simbologia, o governo só produz lâmpadas apagadas, ou lâmpada nenhuma.
Incapaz de ter alguma ideia sensata, qualquer ideia, o governo lulo-petista vem acumulando desastres econômicos sobre catástrofes anunciadas, deixando uma enorme herança maldita a ser paga por toda a sociedade durante anos a fio.
Pode até ser perseguição minha, ou do PIG, o Partido da Imprensa Golpista -- como os desonestos companheiros chamam qualquer imprensa independente, ou que não seja a eles subordinada e submetida -- mas o fato é que os companheiros não acertam uma...
Paulo Roberto de Almeida

Plano da conta de luz queimou

30 de julho de 2013 Editorial O Estado de S.Paulo
O governo está enrolado financeiramente em mais uma operação mal planejada, mal executada e concebida para objetivos errados - subsidiar a conta de luz para maquiar os custos e a inflação. Como falta dinheiro em fundos setoriais para pagar as indenizações devidas a empresas de eletricidade, o Tesouro tem de entrar em cena para pagar R$ 6,7 bilhões em quatro anos, segundo estimativa divulgada ontem pelo Estado. Com apenas uma iniciativa, anunciada em setembro do ano passado pela presidente Dilma Rousseff, o Executivo federal cometeu três erros: distorceu custos, disfarçou a inflação, empurrando para a frente um problema de enorme importância econômica, e sobrecarregou mais uma vez as finanças do setor público.
O governo decidiu no ano passado antecipar a renovação das concessões às companhias do setor elétrico. Uma das condições seria a redução média de 20% do valor das tarifas. A Cemig, a Cesp e a Copel, no entanto, recusaram a proposta. Por isso, o governo teve de assumir encargos maiores para garantir o benefício prometido a todos os consumidores. A situação ainda se complicou quando a seca, no fim de 2012, tornou necessário o uso da energia mais cara produzida por usinas térmicas. Seria preciso neutralizar também esse aumento de custo, para cumprir a promessa de reduzir a conta de eletricidade.
A maior parte do dinheiro para cobrir o subsídio deveria sair da Reserva Global de Reversão, criada para indenizar concessionárias no caso de suspensão do contrato. Com o novo plano, o dinheiro seria usado principalmente para financiar a nova e confusa iniciativa do governo. Havia R$ 15,2 bilhões disponíveis em janeiro. Em maio o saldo estava reduzido a R$ 6,4 bilhões. O valor atualizado, segundo estimativa extraoficial, é de R$ 2,4 bilhões.
Entre janeiro e maio, a Conta de Desenvolvimento Energético, destinada a financiar, entre outros, o programa Luz para Todos, foi reduzida de R$ 2,5 bilhões para R$ 223,3 milhões. Como essa conta era alimentada pelos consumidores, via conta de luz, a redução das tarifas praticamente extinguiu essa fonte. Em maio, R$ 2,5 bilhões saíram da Reserva Global de Reversão para esse fundo, em operação mantida em sigilo e recém-descoberta pelo Estado. Todos esses detalhes foram mostrados na reportagem.
Dos R$ 20 bilhões devidos às empresas participantes do plano de renovação antecipada, o governo pagou R$ 7,69 bilhões em janeiro e provavelmente - faltam informações atualizadas - mais R$ 3 bilhões até junho. O dinheiro disponível nos fundos setoriais é obviamente insuficiente para a liquidação do restante, com desembolso médio estimado em R$ 500 milhões por mês. A esse valor é preciso acrescentar uma remuneração de capital de 5,59% ao ano.
A aventura anunciada em setembro pela presidente Dilma Rousseff converteu-se em problema orçamentário, com graves implicações para os resultados fiscais. Isso explica a decisão do governo de antecipar o recebimento de recursos da Itaipu Binacional. Seria mais um truque para maquiar o resultado das contas públicas. Diante das críticas, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já anunciou o abandono dessa ideia.
O balanço é inequívoco. Mais uma vez o governo se meteu em dificuldades ao cuidar de maneira errada de dois problemas importantes. Um deles é o alto custo da eletricidade para todos os consumidores. Esse é um componente importante do custo Brasil e um encargo muito pesado para a maioria dos consumidores. Além disso, o subsídio à conta de luz disfarçaria, a curto prazo, a inflação acelerada.
Em vez de atacar as causas dos problemas - o alto custo da energia, uma questão estrutural, e a aceleração dos preços ao consumidor, um desafio imediato -, o governo preferiu disfarçar a realidade. Como sempre, agravou os problemas ao tentar contorná-los. Nada se resolverá sem a execução eficiente de projetos para a produção de energia, sem a revisão dos componentes de custos (a começar pelos tributos) e, a curto prazo, sem um ataque mais firme às causas da inflação.
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Se eu quero, eu posso

30 de julho de 2013 | 2h 13
Os críticos da atual política econômica vêm apontando como principais causas dos desacertos tanto problemas de gerenciamento quanto barreiras de ordem ideológica.
Com algumas exceções, talvez não se possa falar propriamente de barreiras ideológicas, mas de posturas equivocadas de governo.
As resistências desta administração em chamar o setor privado a participar mais agressivamente de projetos de infraestrutura e de outros serviços públicos são provavelmente um dos poucos entraves de ordem ideológica propriamente dita. Mesmo depois de ter trombado tantas vezes com as limitações de recursos públicos, o governo Dilma ainda não superou antigos preconceitos contra quaisquer formas de privatização, inclusive as Participações Público-Privadas (PPPs) que muitos ainda insistem em chamar de "privataria".
Entre as posturas equivocadas do governo está a concepção de que mais importante do que a solidez dos fundamentos da economia é a vontade política, na base do "se eu quero, eu posso", em que a decisão transformadora supera qualquer obstáculo. Daí a enorme dose de voluntarismo que perpassa a administração Dilma.
Faz parte desse jogo a ideia de que basta garantir o avanço do consumo e aumentar a escala da economia para que o resto venha junto. Logo se viu que a criação de mercado interno por meio de políticas de transferência de renda não foi suficiente para puxar pela produção e pelos investimentos, porque os produtores nacionais estão atolados na baixa competitividade.
Outro equívoco dessa natureza foi a política de derrubada sistemática dos juros, prevalecente de agosto de 2011 a abril de 2013, independentemente das exigências da política de metas de inflação. O pressuposto foi de que ganhariam as contas públicas, pela queda do serviço (juros) da dívida pública, e ganharia a inflação, pela redução dos custos financeiros. Mas a política fiscal ficou defeituosa e a inflação disparou.
A postura voluntarista seguinte foi a de que, ao contrário do que aponta a maioria dos estudos sobre a matéria, valeria a pena sacrificar a inflação em benefício de mais crescimento econômico. O resultado, como advertiu no Estadão de ontem o ex-diretor do Banco Central Alberto Furuguem, foi apenas mais inflação.
Para tentar consertar distorções desse tipo, o governo Dilma apelou para expedientes de política de preços. Segurou e subsidiou os reajustes dos combustíveis, forçou a redução das tarifas de energia elétrica (que agora terão de ser cobertas com recursos do Tesouro), postergou e, agora, removeu a correção das tarifas dos transportes públicos e até mesmo usou certas reduções de impostos (como a dos veículos e dos aparelhos domésticos) para conter a inflação. Em seguida, vieram as distorções já conhecidas.
Não dá para deixar de enumerar entre as práticas voluntaristas do governo certos procedimentos de política industrial. O abuso das exigências de conteúdo local (instalações, bens de capital, peças e componentes a serem obrigatoriamente produzidos no País); a criação de reservas de mercado; e a escolha de campeões do futuro para receber subsídios, financiamentos a juros favorecidos e encomendas generosas também fazem parte dessa política.
Essas coisas produzem consequências. E entre elas estão as enormes distorções que travam o sistema produtivo e tiram eficácia da economia.