Cronologia pessoal-funcional em tempos não convencionais: Um diplomata, do limbo ao limbo, 2003-2019
Paulo Roberto de Almeida
1. Pré-história
2003, março: Convite recebido do Diretor do Instituto Rio Branco para coordenar o mestrado em diplomacia (disciplinas, pesquisas, publicações, segundo regras da Capes), do qual eu já era professor orientador, tendo vindo de Washington a Brasília, em férias, para orientar pelo menos seis candidatos a dissertações na área.
2003, março-maio: Oposição dos dirigentes do Itamaraty, Ministro Celso Amorim e SG Samuel Pinheiro Guimarães, ao convite; com tentativa de superação do impasse. Cartas minhas ao Ministro e ao SG, com propostas relativas ao curso.
2003, maio: Mensagem do Diretor do IRBr: “Infelizmente o SG não me autorizou a levar a ideia adiante. Acho que está convencido da necessidade de uma reestruturação do IRBr e de termos pelo menos um ou dois professores em dedicação exclusiva, mas parece não ser este ainda o momento para tomar essas decisões. Assim, lamento muito e é o próprio Instituto que está perdendo com isto, mas não senti clima para prosseguir com a iniciativa agora. Havendo novidades, lhe aviso. Continuaremos em contato.”
2003, junho: Vinda a Brasília, em férias, para decidir quanto ao futuro na carreira, depois de 4 anos em Washington: sem possibilidades de função na Secretaria de Estado. Alternativas: ficar mais tempo em Washington ou negociar a chefia de uma embaixada em país a ser oferecido pela SERE. Recebido convite do chefe da Secom-PR e diretor do Núcleo de Assuntos Estratégicos da PR, Luiz Gushiken, para me associar ao NAE.
2003, agosto-outubro: Remoção para SERE, e Portaria 642, de 24/10/2003, de cessão para a PR; Início de trabalho no NAE: proposta de plano prospectivo “Brasil em 3 Tempos”.
2004-2020: Professor de Economia Política no Centro Universitário de Brasília (Uniceub).
2005: Publicação da 2ª. edição do livro: Formação da Diplomacia Econômica no Brasil.
2. Início da primeira, longa, travessia do deserto
2006, outubro-novembro: Depois de três anos no NAE, com o afastamento de seu titular e designação de um novo responsável (Ministro de Estado da Secretaria de Assuntos Estratégicos da PR, Roberto Mangabeira Unger), desliguei-me do órgão e retornei à SERE. Ao início de dezembro, a Chefe de Gabinete do chanceler Amorim ofereceu-me três cargos na SERE, para assumir aquele que me fosse mais conveniente de modo imediato. A despeito do oferecimento, não ocorreu nenhuma providência da SG para elaboração e publicação de portaria de posse. Tentativas posteriores frustradas.
2010: O Secretário de Promoção Comercial do Itamaraty oferece serviço provisório no Consulado em Xangai, para trabalhar no pavilhão do Brasil no quadro da Exposição Universal realizada na cidade de maio a outubro desse ano. Retorno à SERE.
3. Cargo subalterno no exterior
2013-2015: Aceitei cargo de Cônsul-Geral Adjunto no Consulado Geral do Brasil em Hartford, CT, período no qual, ademais das funções oficiais, participei de diferentes programas acadêmicos (universidades do Illinois, Yale, Columbia, Johns Hopkins, e na própria academia diplomática americana, com palestras em duas ocasiões no George Schultz Training Center of the Foreign Service Institute, em Washington).
4. Retorno ao Brasil: limbo e diretoria do IPRI
2016: Ainda sem funções na Secretaria de Estado, permaneci na Biblioteca, tendo, no entanto, colaborado com a Fundação Alexandre de Gusmão (Funag) em seminário, exposição e livro sobre os 200 anos de nascimento do patrono da historiografia brasileira: Varnhagen (1816-1878): diplomacia e pensamento estratégico.
2016, 3 agosto: A partir da mudança de governo, com o impeachment da presidente, fui convidado a assumir a direção do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI), órgão da Funag: Portaria n. 407, de 19/07.2016, de cessão do MRE para a Funag; Nomeação para o cargo pelo Ministro Chefe da Casa Civil em 3/08/2016.
2016: Introdução e publicação do livro: Carlos Delgado de Carvalho: História Diplomática do Brasil (Brasília: Senado Federal, 2016).
2018: Preparativos para uma nova edição, com adição de novos autores, da obra O Itamaraty na Cultura Brasileira (edição original: 2001; sem continuidade a partir de 2019).
5. De retorno a uma nova travessia do deserto?
2019, 02/01: Nova administração instruiu-me, no dia 2/01/2019, a não empreender nenhuma atividade no IPRI, até a definição de nova administração e programa de trabalho, a despeito de já estarem agendadas diversas atividades, canceladas pela chefia da Casa. Aproveitei o “ócio forçado” para compor alguns trabalhos que deveriam integrar novo livro, mantido, porém, sem título e sem decisão quanto à eventual publicação até o período posterior à exoneração; entre eles este aqui: “Auge e declínio do lulopetismo diplomático: um testemunho pessoal” (Brasília, 15 janeiro 2019, 26 p.), depois incluído como apêndice ao novo livro preparado nessa época, trabalho disponível neste link: https://www.academia.edu/41084491/Auge_e_decl%C3%ADnio_do_lulopetismo_diplom%C3%A1tico_um_testemunho_pessoal.
2019, 25/01: Composição de novo livro, relativo ao período 2014-2018 – Contra a corrente: Ensaios contrarianistas sobre as relações internacionais do Brasil (2014-2018) –, mas só publicado em abril, posteriormente à exoneração: Curitiba: Appris, 2019, 247 p.
2019: Publicação da 2ª edição do livro em Kindle: Volta ao Mundo em 25 ensaios: relações internacionais e economia mundial.
2019, 04/03, 01:30hs: “A política externa brasileira em debate: Ricupero, FHC e Araújo” (Brasília, 4 março 2019, 18 p.), introdução, em 2 p., à transcrição de três textos sobre a política externa, de Rubens Ricupero (25/02/2019), de Fernando Henrique Cardoso (03/03/2019), e do chanceler Ernesto Araújo (3/03/2019); postado duas vezes no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/03/a-politica-externa-brasileira-em-debate.html) e novamente no dia 9/03/2019 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/03/ricupero-fhc-e-ernesto-araujo-em-debate.html).
2019, 04/03, 08:30hs: Telefonema do chefe de Gabinete do chanceler, ministro Pedro Wolny, comunicando minha exoneração do cargo de diretor do IPRI, “com efeito imediato”.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 29 de março de 2020