O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sábado, 5 de abril de 2014

Ainda sobre 1964: um depoimento de fonte primaria sobre o presidente Goulart

Recebo, de um amigo mais velho, este depoimento pessoal, sobre um "despacho" de técnicos, sobre a "luta" contra a inflação, já na fase agônica do governo Goulart.
A Sunab, para quem não sabe, era a Superintendência de Abastecimento, um órgão criado na era Vargas para cuidar dos estoques de alimentos e, como soe acontecer no Brasil inflacionário, começou a também fixar preços, tanto para o produtor -- o que obviamente reduziu a oferta -- como para o distribuidor e varejista, tudo para não alimentar a inflação e beneficiar o consumidor. Como sempre ocorre, nesses casos, todos os controles de preços são irracionais e contraproducentes, pois acabam provocando aquilo mesmo que pretendiam evitar. Mas isto já é teoria econômica, vejamos o lado real da coisa.
Vale como testemunho histórico. Acrescento abaixo, minha resposta a este amigo.
Paulo Roberto de Almeida 

Um depoimento sobre sobre 1964

On Apr 5, 2014, at 11:26, Rxxxxx <rxxxxxx@uol.com.br> wrote:

Meu caro Paulo Roberto: 
Em 1964 eu tinha 27 anos e era assistente do superintendente da Sunab depois de brigar com o Celso Furtado no Min. Planejamento(isto fica para outro dia). 
A equipe da Sunab, inclusive seu superintendente era extraordinária, formada em sua maioria por gente do Banco do Brasil que nesta  época se constituía na nata do funcionalismo público, todos com larga experiência na área agrícola e de abastecimento. Eram todos absolutamente honestos, é bom que se diga. 
Pois muito bem um belo dia tivemos que viajar pra Brasilia para despachar com o Presidente da República. Jango já [estava] em pleno presidencialismo. 
Fomos recebidos por ele numa sala cheia de gente um barulho infernal. Todos dirigentes sindicais que denominávamos de "pelêgos". 
Jango, de perna esticada, nos recebeu neste gabinete aonde durante 20 minutos expusemos nossos planos de abastecimento. Tínhamos preparado uma exposição de uns 40 minutos.
Olhava pro chão e no final nos disse: "Os senhores façam aquilo que acharem melhor". 

E fomos embora. No avião eu olhava para o superintendente e ele pra mim, como que dizendo: "que merda". 
Nesse dia tudo o que aconteceu não me surpreendeu. (...) Jango estava enfadado e sabia que estava se suicidando politicamente. Queria sair à la Getulio Vargas [mas] sem suicídio. 
Brizola de um lado e os problemas do país de outro. Ele estava esmagado. Essa de falar que caiu por causa das reformas e, pior, por causa da intervenção americana, é papo furado de esquerdista delirante. O erro foi não haver uma transição para um governo cvil tampão que Castelo queria e que Costa e Silva e outros impediram.
Aí deu no que deu 
abs Rxxxxxx


Minha resposta a ele: 

Grato meu caro, por este depoimento de primeira mão, de fonte primária, como se diz. 
Isso apenas nos confirma a nulidade, a mediocridade, a pusilanimidade que era o Jango.
A questão seria saber se, em algum momento, ele acreditou que poderia conduzir as suas reformas de base -- para as quais era mais empurrado do que tomava iniciativa --, ou se já achava que tudo aquilo era um teatro, e estava apenas esperando para tudo acabar e voltar para a sua fazenda.
Ao que parece, ele ele provocou conscientemente aquela situação de impasse, para talvez ficar na história como um "sacrificado" pelas forças de oposição, mas sem suicídio, claro, pois nunca teve coragem para tanto...
O abraço do
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Paulo Roberto de Almeida

A destruicao do Estado brasileiro - Everardo Maciel

Destruindo o Estado brasileiro

Everardo Maciel
O Globo, 04/04/2014
Constitui singular paradoxo a crescente destruição do Estado brasileiro nos governos de partidos de tendências, ao menos no discurso, estatizantes.
A mídia oferece, dia após dia, abundantes exemplos de má gestão, incúria contumaz, desqualificação técnica nas decisões. É notório o fracasso das políticas públicas de segurança pública, educação, saúde, mobilidade urbana etc.
A razia realizada na Petrobras e Eletrobras produziu uma catástrofe, com expressiva perda de valor de mercado, endividamento elevado e recorrentes prejuízos. O dano é de tal magnitude que se anunciado, em passado recente, seria tido como alucinação.
No Banco do Brasil e na Caixa Econômica há uma contínua e crescente perda de qualidade nos serviços prestados, sem falar na temerária política de crédito do BNDES.
Esse estranho desapreço pelo Estado explica, também, as práticas de fisiologismo e de aparelhamento, sua variedade radical. Os ministérios passam a ser um múltiplo do número de partidos que integram a denominada “base aliada”, aos quais se somam as “tendências” e as bancadas, em cada uma das casas congressuais, dos partidos.
As “indicações”, contudo, não se limitam aos ministérios. Alcançam, além disso, as diretorias das autarquias, fundações, agências reguladoras e estatais, o que gera um caldo de cultura próprio para o florescimento de todas as modalidades de corrupção.
Para os conselhos de administração das estatais são designadas autoridades de elevado coturno como forma apenas de elevar seus vencimentos, fraudando descaradamente o conceito de teto de remuneração dos servidores públicos.
Esse processo é de tal sorte exuberante que, em Brasília, a demanda dos órgãos públicos ultrapassou os limites fixados no plano urbanístico para projetar-se sobre os espaços antes destinados à atividade privada, assumindo proporções mastodônticas.
Receio que nenhuma pessoa bem informada, salvo os responsáveis pelas atividades de protocolo, conheça, simultaneamente, os nomes dos ministérios e de seus respectivos titulares.
Para justificar esse estado de coisas se recorre à cínica tese da governabilidade, deduzida do chamado presidencialismo de coalização, que frequentemente se converte em colisão por motivos poucos virtuosos.
Como reação primitiva à promiscuidade na provisão das funções públicas de confiança, exsurge o corporativismo, que tanto quanto o fisiologismo e o aparelhamento é uma forma nociva de indevida apropriação do Estado.
A aversão à meritocracia se estende ao Judiciário. É particularmente ultrajante a trajetória de humilhações a que se submetem magistrados, membros do Ministério Público e advogados que almejam assento nos tribunais. São obrigados a recrutar, quase sempre sem o mínimo pendor para a tarefa, apoio de políticos e dos membros dos tribunais para exercer aquilo que deveria decorrer tão somente de sua qualificação jurídica e moral. No limite, esse perverso ritual tende a comprometer a imparcialidade dos julgamentos.
Nesse quadro patológico, tem destaque o desprestígio do princípio constitucional da eficiência. Não há avaliações, minimamente consistentes, dos servidores ou dos serviços públicos. Não se buscam soluções para os problemas com base em critérios de eficiência, que sequer existem. A cada deficiência se responde, toscamente, com expansão do efetivo de pessoal, sem nenhuma preocupação com suas repercussões sobre o equilíbrio fiscal.
Ainda no âmbito da eficiência, é lamentável a banalização das greves no serviço público. Tornou-se comum o que deveria ser um recurso extremo, revelando a supremacia do interesse corporativo sobre o coletivo, tendo o povo como vítima indefesa. Sem lei, por negligência dos Poderes Executivo e Legislativo, as greves hoje são limitadas, precariamente, por uma decisão do STF.
Esse Estado inchado e ineficiente, que flerta com o abismo, decorre, principalmente, da voracidade intervencionista combinada com uma visão centrada na perpetuação do poder.
Sua reconstrução é tarefa para estadistas.

Judeus na Inquisicao espanhola: uma historia de cinco seculos



In Spain, a Family Reunion, Centuries Later

At twilight, I roamed a honey-colored labyrinth of brick houses in Segovia’s medieval Jewish quarter, walking a cobblestone path in the footsteps of my distant ancestor from 16 generations ago.
In the shadows, I reminded myself that every element in his story is true: a Vatican power struggle; an Inquisition trial that confused our family’s religious identity for generations; and a neighborhood infested with spies, from the queen’s minions to the leather maker and butcher.
I was hunting for documents, landmarks and even medieval recipes that could bring to life the family history of Diego Arias Dávila, a wealthy 15th-century royal treasurer to King Enrique IV who was loved and loathed for the taxes he extracted. Call it ancestral tourism, a quest for roots, branches and a family reunion across centuries.
My quest was inspired, in part, by the ancient Spanish custom of Holy Week religious processions: brotherhoods of penitents in robes and peaked hoods that for centuries marched through the narrow lanes in different regions in cities like Seville, Málaga and Segovia. The first time I saw them was in the south of Spain, passing an old Jewish quarter of whitewashed houses where the images plunged me into a medieval era when inquisitors in anonymous hoods confronted suspected heretics, including my own ancestors.

During Easter week, the brotherhoods in Segovia, in central northern Spain, parade with lifelike wooden sculptures of Jesus and Mary past the Gothic cathedral in the center of town and the illuminated Alcázar, the towering castle of the kings of Castile and León.
I feel shivers of the past each time I walk the path along the limestone ramparts — facing the dusky blue Guadarrama mountain range. Perhaps in some ways I know the Arias Dávila family better than my own generation. When I learned their fate, I felt my own identity shatter and shift, changing who I am.
Their dramas are preserved in Inquisition folder 1,413, No. 7, in handwritten script and housed in the Madrid national archives. Almost 200 pages are devoted to their daily habits, gleaned from neighbors turned spies — wedding rituals, burial clothes, prayers and frequently the adafina lamb stew of chick peas and cinnamon they savored, slow cooked on hot embers overnight and served on the Sabbath.
For these rituals, Diego Arias Dávila — and other Jewish ancestors who were Christian converts — were investigated by the Spanish Inquisition in 1486 for heresy. Their religious crime: maintaining a double Jewish life in secret.

On this journey to Segovia, perhaps I could find their missing tomb — their remains whisked away to evade the reach of inquisitors looking for telltale signs of Jewish burial rituals. Or maybe I could reclaim the shards of the identity of my family who converted to Christianity centuries ago to survive but guarded a Jewish legacy in secret for generations from Spain to Costa Rica to California.
Not many people come to explore the roots of a family tree in this rocky crag of about 55,000 people, nestled between two river valleys 55 miles north of Madrid. But there are plenty of tourists who arrive in Segovia by bus and train, bound for the granite Roman aqueducts that loom over the entrance to the historic quarter and the taverns serving the Segovian specialty of baby suckling pig. Most vanish before sunset.
Then the rhythm of the city shifts to a meditative, unhurried one. For me, it’s a contemplative time to savor Segovia’s historical charm by its Gothic 16th-century cathedral and a leafy plaza of outdoor cafes where Queen Isabella was crowned — power used in 1492 to expel thousands of Jews who faced the choice of fleeing, converting to Christianity or preserving their religion in secret.
Ana Sundri Herrero, of the city’s tourism center, told me during one of my visits last spring and summer that there isn’t much demand for genealogy information although Spain has a vast diaspora of emigrants that dates back centuries.

Other countries with a more recent history of mass migration, such as Ireland and Scotland, are aggressively promoting genealogical records on government-sponsored websites to increase tourism. And Irish and Scottish businesses have seized it as an attraction. The Shelbourne Hotel in Dublin offers a special genealogy butler to guide guests. The Four Seasons hotel in Prague also offers a genealogy service to fashion tours to track the neighborhoods of grandparents.
For my own quest, I cobbled together a strategy with a right and left-brain approach that started with an emotional immersion in Andalusia and then a methodical genealogical search to track family lines that led north to Segovia.
For one summer, my husband, Omer, and daughter, Claire, and I moved to the south of Spain, to Arcos de la Frontera. We settled in one of the white houses, an ex-bordello clinging on the side of a limestone cliff and a short walk from the remains of a Jewish quarter and a synagogue transformed into an orphanage during the Inquisition.
I moved there to learn the history and geography of the country and to understand why ancestors left or stayed and submerged their identity. I traveled to Arcos frequently, fascinated that food, art, music and culture could help me travel back in time — especially the brotherhoods that in some cases played historic roles as enforcers during the Inquisition.


I felt chills at the sharp notes of saeta music — distinctive to the region and sung a cappella in the streets during Holy Week. The music echoes the rising and falling chant of the Jewish Kol Nidre, a Yom Kippur prayer. And some flamenco experts believe that converts sang the saetas to passing Holy Week images of Jesus and Mary to demonstrate loyalty, but with a double meaning for insiders.
For the left brain side of my hunt, I started researching all the family branches. My search dated back to 2001, after a move from New York to Europe, a moment in middle age that strikes most of us when we think about roots and what we can pass on to our children.
In my work as a journalist, people had long inquired about my byline, Carvajal, a Sephardic Jewish name that in some spelling variations means lost place, rejected. But I knew nothing about the past. My father, Arnoldo Carvajal, had grown up in Costa Rica and emigrated to San Francisco with his mother and sister while a teenager. He married, and with my mother raised six children. We were Catholic, attended weekly Sunday Mass, ate fish on Fridays and wore it all: Catholic school uniforms of green plaid skirts and medieval-style scapulars tucked around our necks.
After I started my search, I found many clues to our submerged Jewish identity from relatives, but I hit brick walls on the Carvajal line. A 19th-century Costa Rican ancestor had not registered a husband, giving her Carvajal name to a newborn, registered as a "natural son," the polite Spanish term for illegitimate.

I had made a critical error by not looking at other family lines, ignoring an ancestral habit of intermarriage among Costa Rican cousins. I realized later it was a sign that they were marrying one another to protect secrets and preserve rituals like the menorah that my cousin said he found in my great-aunt’s bedroom after she died in 1998.
My grandmother’s line on the Chacón side led to Spaniards who abandoned prosperous lives in Andalusia in the 16th century. One was a judge who died of a heart attack on the way to the Spanish colony of Costa Rica, and another, his young son, who drowned on the same journey in the Río Negro in Honduras. Each new generation fit together in a crossword puzzle of wives and husbands — a search for birth and death certificates that emerged in fits and starts, aided by sites likefamilysearch.org or ancestry.com.
Segovia startled me when it surfaced in my puzzle. I knew of no family tie to the city. But my grandmother’s line leapt a new generation in the 16th century, to Isabel Arias Dávila, the wife of the first governor of Costa Rica, who emigrated from Segovia during the Inquisition.
With that name, I rapidly learned about the Inquisition trial that tangled the family’s identity for generations and forced others to lead new lives as conquistadores in Spanish colonies. The patriarch was Diego Arias Dávila, whose family converted when he was a boy and whose son Juan was the bishop of Segovia for 30 years.


The bishop’s internal political struggle with the inquisitor Tomás de Torquemada turned into an epic legal clash that reached all the way to the Vatican. The Grand Inquisitor battled the bishop by probing his family for evidence of their double life. His parents and grandmother were investigated posthumously, among them Diego Arias Dávila.
I knew the contours of their story the first time I arrived last spring in Segovia’s Jewish quarter, which dates back to the 13th century. Today it still gives the eerie sense at some moments that little has changed among the three-story houses where inhabitants once worshiped at one of five synagogues, some still intact.
The mansion of Abraham Seneor — a contemporary of Diego Arias Dávila and a royal financial adviser who converted in 1492 — has been meticulously restored by the city and was transformed into a museum for the Jewish quarter in 2004. There conversos like the Arias Dávila family worshiped in secret in a private synagogue, according to accounts of the time.
Up until the early 1990s, Segovia did not promote this quarter, which is set off from the rest of the walled city by brick arches that were gated in the 15th century to separate Jews from Christians. But since then the local government and state invested heavily to restore the quarter. Now its streets have an air of calm: clean brick and stone facades, rhythmic detailing of balconies and hanging plants at the windows.
To restore my own family history, I knew I needed a very special kind of guide. On my own, I had failed to find the missing tomb of Diego Arias Dávila, though I had located the family coat of arms in the cathedral of Segovia.
Typically most cities in Spain have a cronista, a historian with a passion for the place and its quirks. I had found one earlier in Arcos de la Frontera, Manuel Pérez Regordán, a retired accountant who was so obsessive that he self-published four volumes of history told through each one of its little streets.
In Segovia, the tourist office led me to a high school teacher named María Eugenia Contreras, who is researching the Arias Dávila family for a doctorate.
It was María Eugenia who guided me through Segovia’s tranquil neighborhoods, passing a park with nesting storks where the Mercedes convent once stood. It was the site of the last official tomb of Diego Arias Dávila, and his wife, Elvira, also a Christian convert. But even Maria Eugenia did not know what happened to their remains. They had been moved too many times. She gave me a huge gift, though, when she told me about a Salamanca professor who had painstakingly transcribed the handwritten Inquisition testimonies of 200 witnesses against the family.
I found the title — in pristine condition — through an online used-book store in Spain. It was a window into their lives — the lettuce and unleavened bread they ate at Passover, their donations of oil to the local synagogues and the telling anecdote that as he lay on his deathbed at 86, Diego Arias Dávila thundered at the Franciscan friars who had come to administer last rites to go to the devil.
He lived in an enormous palace on the southern side of the city that is dominated by its fortress tower and plastered in Segovia’s unique limestone patterns. Today, a neighboring street is named for the family. A sign also marks the landmark tower, but with no reference to the Inquisition.
The first time I tried to enter the palace, I was turned away because it was closing time. The next morning, the first floor was bustling with people waiting to pay bills. Fittingly, the Arias Dávila palace has been transformed into government tax offices — a perfect legacy for a royal treasurer.
In theory, I should have felt something, but I didn’t. I studied the palace’s coffered ceilings and the stone carvings of the coat of arms of the Arias Dávila family, but the government office could be anywhere with its counters, red chairs and bureaucrats.
Instead I felt the pangs of yearning for home — añoranza in Spanish — when I sat in a windswept little plaza at sunset near the city’s stone walls. It was loud with birdsong. A few neighbors occupied plastic chairs, and tables were cluttered with iced tinto de verano wine cocktails.
The square lies near Calle Martínez Campos, where a vanished synagogue stood that was funded by Diego’s wife, Elvira, and her presence, after reading the Inquisition transcripts, was inescapable. I wondered, as I sat in the square, if Segovia had absorbed some of her burdens and if places, like people, can be scarred by history.
Elvira converted as a young girl with her family in the 15th century in the midst of spreading anti-Semitism.
Yet it was clear from the Inquisition testimony that she yearned to maintain family bonds: taking pleasure in Jewish weddings and holidays, leaving explicit instructions before her death about who should be at her bedside. Those family ties remained so strong that she managed to share something precious with us 16 generations later. Perhaps some things are meant to be.
I was startled when I discovered her real name was actually Clara, changed after her conversion. It means clear and bright. By coincidence — or maybe not — we named our daughter the French version, Claire.
As I sat in the little plaza in Segovia, watching the pale stone walls and the blue night deepen, I knew that I could not change what is past. But I can change the story we tell about ourselves, and by doing that I can change our future.
Doreen Carvajal is a correspondent at the International New York Times in Paris and author of a memoir, “The Forgetting River.”
Correction: April 4, 2014
An earlier version of a picture caption with this article misstated the location where the photo was taken. The photo, of the author’s grandmother, father and aunt, was taken in Costa Rica, not the Dominican Republic.

Petrobras-Pasadena: mais uma comprovacao da intencionalidade do desfalque em favor do partido totalitario

Se algo precisasse ainda ser provado, o que já está manifestamente claro para aqueles que seguem apenas a lógica formal, e prescindem de relatórios de investigação policial, parece que já tem as provas por um órgão do próprio governo.
É só seguir a lógica formal:
A > B; B > C; logo: A > C; CQD...
Paulo Roberto de Almeida

Feito para dar errado

Revista Veja, 5/04/2014

Documento do TCU mostra que o contrato de aquisição da refinaria de Pasadena tinha tantos furos que o rombo bilionário na Petrobras era o único desfecho possível.

A marca da ruína na Petrobras vai durar 

Transformada em braço do partido, instrumento de política econômica e foco de corrupção, a empresa resistirá à gestão petista, mas vai demorar para recuperar a excelência

DEU NO QUE DEU - A refinaria, no Texas, e o ex-presidente Gabrielli: análise do TCU revela que a diretoria não calculou custos básicos embutidos no negócio, assumiu todo o risco sozinha e pôs a estatal nas mãos dos belgas

DEU NO QUE DEU - A refinaria, no Texas, e o ex-presidente Gabrielli: análise do TCU revela que a diretoria não calculou custos básicos embutidos no negócio, assumiu todo o risco sozinha e pôs a estatal nas mãos dos belgas      (Sérgio Lima/FOLHAPRESS)

Mais que um retrato a óleo do Brasil, a Petrobras sempre foi o orgulho de todos os brasileiros. Não apenas mais um daqueles símbolos ufanistas sonoros e coloridos, de aves que por aqui gorjeiam e verdes inigualáveis, mas como ponta de lança do progresso, exemplo de meritocracia, laboratório de alta tecnologia, carreira dos sonhos dos jovens mais brilhantes e indutora do crescimento econômico. Há onze anos essa complexa e bilionária estrutura funciona sob o comando do PT, partido no governo, que detém o controle executivo e gerencial da empresa. Nem o mais ardoroso militante petista pode, em sã consciência, afirmar que a Petrobras está em melhores condições agora do que antes de 2002. Não há lente ideológica capaz de produzir hoje uma imagem animadora da Petrobras.

O consenso dos analistas da indústria petrolífera é que a Petrobras está soçobrando sob a bateria de abusos de que vem sendo vítima. É consenso também que o potencial da Petrobras é tão grande que, deixada em paz pelo governo, em pouco tempo retomará a trajetória que fez dela, no auge, uma das empresas petroleiras mais valiosas do mundo. Mas abusaram do aparelhamento político da Petrobras, transformando-a em uma fonte de escândalos de corrupção. A Petrobras foi feita de ferramenta para tentar corrigir erros absurdos de política econômica, sendo obrigada a amargar prejuízos bilionários para segurar os preços do diesel e da gasolina nas bombas e, assim, mascarar a inflação. O resultado é desastroso para a empresa e para o Brasil. Se não tivesse sido submetida a esse sacrifício, teria cumprido seu bilionário plano de investimentos, responsável por 1% do PIB brasileiro. As reportagens que se seguem narram histórias relacionadas a essa lenta demolição — que precisa ser estancada logo.     

  • O PLANO ERA ENRIQUECER

    O vice-presidente da Câmara, o petista André Vargas, e o doleiro Alberto Youssef, operador da quadrilha que atuava na Petrobras, associaram-se para fraudar contratos no governo — e, juntos, ganhar uma fortuna

  • O CLUBE DOS CORRUPTOS

    Para fazer negócios com a Petrobras, empresários precisavam pagar pedágio que variava de 300 000 a 500 000 reais

  • AÇÃO ENTRE AMIGOS

    Em depoimento, o mensaleiro Marcos Valério revelou que a Petrobras foi usada para financiar negócios do PT

  • FEITO PARA DAR ERRADO

    Documento do TCU mostra que o contrato de aquisição da refinaria de Pasadena tinha tantos furos que o rombo bilionário na Petrobras era o único desfecho possível

  • A COLÔMBIA DÁ LIÇÕES AO PT

    Com foco nos resultados e livre do uso político pelo governo do momento, a Ecopetrol desbancou a Petrobras como modelo de gestão para as estatais petrolíferas da América Latina

Belgica: protesto contra austeridade acaba em batalha

Tsk, tsk, tsk, como se diz nas histórias em quadrinhos. Não precisava toda essa violência, que só deve se explicar porque os manifestantes estavam protestando CONTRA certas coisas.
Certamente seria mais pacífico se eles manifestassem a favor de outras coisas. Por exemplo:
"POR MAIS DEFICITS PUBLICOS"
"POR MAIS DIVIDA PUBLICA"
"POR MAIS INFLAÇÃO"
"POR MAIS DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL"
"POR MAIS DINHEIRO CHINÊS, E ÁRABE"
"POR MAIS CARNAVAL"

Seria bem mais simples, e tranquilo...
Paulo Roberto de Almeida
Una multitudinaria manifestación de las principales centrales sindicales europeas contra la austeridad ha acabado este viernes en batalla campal a las puertas de las instituciones comunitarias en Bruselas. La extrema violencia con la que se han empleado unos 200 representantes de los estibadores de los puertos belgas y franceses ha dejado al menos nueve heridos y graves desperfectos en el mobiliario urbano y en los comercios del distrito europeo de la capital belga. Los convocantes de la marcha —entre los que se encuentran los dos principales sindicatos españoles, CC OO y UGT— se han desmarcado de estos actos, que han achacado a “grupúsculos ajenos” a la manifestación.
Varios testigos destacan la violencia extrema con la que han actuado este grupo de manifestantes, que han agredido a fotoperiodistas y policías. Los choques han comenzado a mitad del recorrido, cuando estas personas han empezado a lanzar adoquines y piedras a los policías que custodiaban la marcha y la han emprendido a puñetazos con un grupo de fotógrafos de agencias de prensa. “Sin mediar palabra, han empezado a pegarnos. Querían lincharnos”, relata uno de ellos, que ha recibido un fuerte golpe en la mandíbula. “Llevo 30 años de profesión y no había visto nunca tanta violencia en una manifestación”.
Al término de la marcha, los choques se han recrudecido. A los estibadores de los puertos de Amberes y Brujas se han sumado los de Dunkerque, Gante y Calais y juntos han iniciado una auténtica batalla campal contra la policía belga a apenas 50 metros del edificio de la Comisión Europea. El dispositivo policial se ha limitado a defenderse con cañones de agua y pelotas de goma mientras rodeaba el perímetro de las instituciones comunitarias. Los funcionarios europeos que abandonaban su puesto de trabajo a esa hora (las dos de la tarde) no salían de su incredulidad.
Los sindicatos convocantes se han apresurado a negar que los actos vandálicos tengan que ver con los sindicalistas. Según su versión, los choques se han limitado al tramo final del recorrido y han sido ocasionados por un grupo “ajeno” a la concentración. “Estos episodios violentos han sido muy aislados y en absoluto deslucen la manifestación, que ha sido una fiesta de los trabajadores”, señala un portavoz de la Confederación Europea de Sindicatos (CES) que, sin embargo, sí ha reconocido “problemas” en la organización del dispositivo de seguridad interno de la marcha. “No hemos conseguido que este grupo de alborotadores no se infiltrara”, resume.

Contra la austeridad

La manifestación, a la que han asistido entre 25.500 personas, según la policía, y 55.000, según la CES, pretendía ser un “aviso serio” a la UE sobre el rumbo de salida de la crisis y abogaba por la aprobación de un plan de inversiones que movilice 260.000 millones —el 2% del PIB comunitario— en diez años. “La gente está bastante cabreada porque ve que las políticas de austeridad se extienden como una mancha de aceite”, ha señalado el secretario general de UGT, Cándido Méndez, al término de la marcha. “La mayor parte de manifestantes eran belgas, holandeses, franceses y alemanes. Es una prueba de que las políticas de austeridad también se dejan sentir en los países del norte de Europa”, ha apuntado el dirigente sindical. Su homólogo en CC OO y presidente de la CES, Ignacio Fernández Toxo, ha remarcado la importancia de esta jornada de movilización y ha reclamado a la UE y los Gobiernos europeos que emprendan un camino “diferente de la austeridad”. A su juicio, lo que Europa necesita en este momento de salida de la crisis económica es un “verdadero plan de inversiones, un Plan Marshall del siglo XXI”.
Los líderes de los dos principales sindicatos españoles han solicitado al presidente del Gobierno, Mariano Rajoy, una reunión en la que detallarán las líneas maestras del plan de acción acordado por unanimidad en el seno de la organización sindical europea. Su objetivo principal es, según los sindicatos, dinamizar la anémica actividad económica europea “anestesiada por años de austeridad e inmovilismo”. Tanto Toxo como Méndez han recordado que en Europa hay 26 millones de parados, 10 más que en 2008 cuando comenzó la crisis, y siete millones y medio de jóvenes europeos ni tienen trabajo ni estudian.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

O Itamaraty nao acredita em livre-comercio, com os EUA, ou com qualquer outro pais...

Compreensível: um acordo de livre comercio entre o Brasil e os EUA é virtualmente impossível, assim como parece ser a possibilidade de acordos de livre comércio entre os EUA e a UE, ou entre a UE e o Mercosul.
E, no entanto, os EUA têm acordos de livre comércio na América do Norte (Nafta), com Israel, com o Chile, Peru Colômbia, Austrália e Nova Zelândia, com a Coreia do Sul, e com vinte outros países.
A UE tem acordos comerciais com Chile, México, e vinte outros países.
O Chile tem acordos de livre comércio com os EUA, a UE, a China, Japão e mais de vinte outros países.
Ou seja, mesmo que sejam difíceis, acordos de livre comércio são factíveis e possíveis. E mesmo sendo difíceis, países ao redor do Brasil tem feito esse tipo de acordo.
Esses países estão piores ou melhores com esse tipo de acordo, ou seja, numa situação de maior ou menor bem estar?
E o Brasil, estaria pior com esse tipo de acordo, como parecem acreditar nossos dirigentes, nossos diplomatas, nossos empresários?
Não acredito.
Acho que ele estaria melhor.
Mas, o problema do Brasil é que os decisores não acreditam em livre comércio.
As simple as that...
Paulo Roberto de Almeida

Jornal do Senado, 04/04/2014

Presidente da entidade defende na CRE que o livre comércio aumentaria a competitividade da economia brasileira, que estaria parada

Seis meses após o adiamento da visita de Estado que a presidente Dilma Rousseff faria a Washington, em razão da publicação de denúncias de que mensagens eletrônicas dela haviam sido espionadas pela NSA (agência de segurança nacional norte-americana), uma proposta ousada marcou o debate sobre o relacionamento bilateral realizado ontem pela Comissão de Relações Exteriores (CRE): a assinatura de um acordo de livre comércio entre o Brasil e os Estados Unidos.
A proposta é do presidente da Câmara Americana de Comércio no Brasil (Amcham), Gabriel Rico. Na opinião dele, o Brasil precisa ampliar a competitividade da economia e buscar maior inserção nas cadeias globais de produção. O acordo de livre comércio tem o apoio — segundo Rico — de 93% das empresas que integram a entidade, tanto brasileiras como norte-americanas.
— O Brasil precisa dar um salto muito grande na sua competitividade, que tem que vir junto com a negociação do acordo. Quando se expõe a um acordo de livre comércio, uma economia é obrigada a se repensar. Se um país fica parado, só um lado leva vantagem — afirmou Rico, lembrando que os Estados Unidos já estão começando a negociar acordos de livre comércio com a União Europeia e com os países da região da Ásia-Pacífico.
Também convidado para a audiência pública, realizada a pedido do presidente da comissão, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), o diretor do ­Instituto Brasil do Centro Internacional Woodrow Wilson, Paulo Sotero, ressaltou igualmente a oportunidade de debater a negociação de um acordo com os Estados Unidos. Ele recordou que o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, defendeu a ­negociação desse acordo, no final do ano passado.
A iniciativa foi recebida com cautela, porém, pelo representante do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Carlos Antonio da Rocha Paranhos, que lembrou a falta de consenso sobre a questão.

— Evidentemente, a concentração de esforços apenas em acordos comerciais não constitui consenso interno e não pode ser vista como ­panaceia — disse Paranhos.
VEJA MAIS

Copa-estadios superfaturados: sim, vivemos na Republica Federativa da Mafia...

Uol Notícias, 4/04/2014
O estádio Mané Garrincha, propagandeado pelo governo federal e pelo Distrito Federal como um exemplo de sucesso de público e renda, pode levar até cerca de mil anos para recuperar aos cofres do DF o valor investido na obra. A arena teve um resultado operacional de R$ 1,371 milhão no primeiro ano de funcionamento -- um período em que o estádio recebeu 30 eventos entre jogos e shows, incluindo uma apresentação da cantora norte-americana Beyoncé e a partida de maior renda na história do Campeonato Brasileiro. O custo total da obra é até agora calculado em R$ 1,6 bilhão pelo TC-DF (Tribunal de Contas do Distrito Federal). Neste ritmo o estádio irá levar exatos 1.167 anos para recuperar o que custou. 
Considerada a previsão do tribunal de contas de que o custo chegará a R$ 1,9 bilhão quando todas as obras de sustentabilidade e no entorno do local estiverem concluídas e a taxa de ocupação se mantenha no mínimo como neste primeiro ano -- tido como "um êxito" pelo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, e "um exemplo contra o derrotismo" pelo secretário-executivo da pasta, Luis Fernandes -- o tempo para retorno do investimento chega a 1.385 anos. A conta não considera oscilações nas taxas de câmbio, inflação e outras variantes no período.
O Mané Garrincha em Brasília é o estádio mais caro dentre os 12 construídos ou reformados para a Copa do Mundo, e irá receber sete partidas da competição este ano. Até agora, o local recebeu uma média de um evento a cada duas semanas e meia.
De acordo com o governo do DF, de maio, quando a arena foi inaugurada, até agora, a arrecadação para os cofres públicos com aluguel e taxas de uso do espaço foi de R$ 2,871 milhões. Como a conta de luz e água custou R$ 1,5 milhão ao governo no mesmo período, o Mané Garrincha rendeu R$ 1,371 milhão líquido nos primeiros 11 meses de funcionamento.
Segundo a Secopa-DF (Secretaria Especial da Copa do Mundo do Distrito Federal), na conta não está incluído o custo de manutenção do espaço, já que a construção possui cinco anos de garantia e outros 20 anos para a cobertura. Dos custos também está excluído o que é gasto com pessoal e material de segurança e limpeza.
"Estes serviços são realizados por contrato celebrado pela Secretaria de Planejamento, para atender a diversos órgãos do GDF. Ou seja, não se trata de um contrato exclusivo para atender a arena brasiliense", afirma a Secopa-DF por meio de sua assessoria de imprensa. "É importante destacar que a grande demanda por serviços de limpeza e segurança no estádio ocorre durante os eventos e, portanto, as despesas são de responsabilidade dos organizadores", completa a nota enviada à reportagem.
Assim, se incluirmos o preço fixo de limpeza e segurança e o fato de que daqui a cinco anos a manutenção ficará por conta do governo do DF, o custo operacional deve elevar-se ainda mais. Até o final de 2014, está prevista a inauguração do sistema e captação de energia solar, o que deve baratear a conta de luz.
'Elefante dourado'
No dia 26 de maio, o Mané Garrincha recebeu a partida de maior renda na história do Brasileirão: o jogo entre Santos e Flamengo, despedida de Neymar do time da Baixada Santista, gerou uma arrecadação na bilheteria de R$ 6,9 milhões de acordo com a CBF. Foi também o maior público da edição do campeonato, com 63.501 torcedores. Apesar disso para o dono do estádio de 72 mil lugares, o governo do DF, a renda com o aluguel foi de apenas R$ 4 mil. 
Em 2013, o Mané Garrincha recebeu 10 jogos do Brasileirão e, com eles, também obteve a melhor média de público do campeonato, com cerca de 36 mil pessoas por jogo. Desde inaugurado, o estádio já recebeu 655 mil pessoas ao todo. Foram 24 partidas de futebol -- entre campeonatos Brasileiro e Brasiliense, abertura da Copa das Confederações e um torneio internacional de futebol feminino -- três shows e dois eventos institucionais.
Os números autorizaram o ministro do Esporte a referir-se à arena como "elefante dourado" em entrevistas e pronunciamentos oficiais, para contrapor o sucesso ao temor que o estádio de Brasília se tornasse um "elefante branco".
"Já está consagrado o êxito da reconstrução do Mané Garrincha. Isso é importante para Brasília, e muito mais para o Brasil", afirmou Aldo Rebelo nesta terça-feira (1), durante inspeção da Fifa e do COL (Comitê Organizador Local) no local. "A Copa, para nós, é uma oportunidade de ouro que significa a geração de milhares de empregos", emendou o governador do DF, Agnelo Queiroz. "Sempre que somos questionados sobre elefantes brancos, apresentamos como grande exemplo o Mané Garrincha, contra esse derrotismo", arrematou o secretário-executivo do Ministério do Esporte.
Na ocasião o titular da Secopa-DF, Claudio Monteiro, irritou-se com a pergunta de jornalistas sobre a suspeita do TC-DF de que a obra da arena tenha tido um superfaturamento de pelo menos R$ 400 milhões. "É a turma do fura-bolo, que quer estragar a festa", disse, prometendo que vai responder um a um os questionamentos do órgão de controle.
Contradição
O que existe é uma contradição: enquanto o estádio gera lucros para quem usa o espaço  -- sejam jogos de futebol de times grandes ou shows internacionais -- a arrecadação é baixa para o governo, tendo em vista que conseguiu para os cofres públicos apenas R$ 2,871 milhões em quase um ano, mesmo com todo esse sucesso. Até agosto do ano passado, o aluguel da arena possuía um custo fixo de R$ 4 mil, independentemente do porte do evento.
A partir de então, um decreto assinado pelo governador definiu uma nova tabela de preços. Além dos custos operacionais, quem quiser usar o estádio para um jogo de futebol tem de pagar 15% do valor da renda bruta a título de aluguel. No caso dos clubes fecharem pacotes de quatro ou mais jogos, a taxa cai para 13%. As seleções brasileiras não pagam nada para jogar ali.
O decreto prevê ainda uma tabela de preços para utilização do Mané Garrincha em eventos culturais, religiosos, artísticos, educacionais e recreativos. Para uso apenas do gamado e da arquibancada inferior o aluguel sai por R$ 200 mil. Com a inclusão da área VIP, sobe para R$ 250 mil. Para utilização também dos camarotes o valor é de R$ 300 mil. O custo para uso de todo o estádio é de R$ 500 mil ou 13% da renda bruta do evento, considerado o maior valor entre os dois.
Futuro incerto
Além dos sete jogos da Copa do Mundo, que não geram renda ao governo, e outras seis partidas anunciadas nesta semana pelo titular da Secopa-DF (finais do Candangão, a final da Copa Verde, em abril, Botafogo x Goiás pelo Brasileirão, um jogo da Copa do Brasil e uma partida ainda indefinida), o calendário está indefinido para o Mané Garrincha após a Copa.
De acordo com a Secopa-DF, há conversas para mais partidas do Campeonato Brasileiro e para shows, mas nada concreto. Em 2016 a arena deve receber partidas do futebol olímpico, e em 2019 a Universíade.
No que depender do futebol brasiliense, o estádio só não fica vazio em uma final. "Para abrir o estádio precisa de uma empresa de limpeza com 50 funcionários, e mesmo para usar apenas o anel inferior você precisa de pelo menos 200 brigadistas", diz Regis de Carvalo, gerente de futebol do Brasília, time local.
"A média de um jogo, por baixo, é R$ 60 mil. Numa partida final você até consegue fazer uma renda superior a esse valor. Mas num jogo local entre times do Campeonato Brasiliense você não consegue", diz. A média de público do time no campeonato local foi de 500 pessoas. 
De acordo com a FBF (Federação Brasiliense de Futebol), os ingressos custam de R$ 1 a R$ 20. "Geralmente acabamos com jogos deficitários, isso sem usar o Mané Garrincha", resume a situação Josafá Dantas, presidente da entidade. "Outros campeonatos também têm rendas baixas. E se você comparar nosso futebol com o de outras regiões, ainda somos debutantes. Somos mais novos. Isso não quer dizer que não tenhamos de lutar para melhorar", completa.
'Não se paga a curto prazo'
"Ressaltamos que os resultados financeiros de shows, partidas de futebol e demais eventos realizados no Mané Garrincha não devem ser mensurados tendo em vista tão somente o retorno para a arena. Nem o Estádio Nacional de Brasília nem qualquer outra arena do mundo se paga em curto prazo", diz a assessoria de imprensa da Secopa-DF. "Não se pode aferir a eficiência do estádio se baseando, apenas, na geração de lucro financeiro. O estádio é um instrumento de desenvolvimento econômico e social para todo o Distrito Federal. E já vem demonstrando isso".
Segundo o governo do DF, cada evento no estádio injeta cerca de R$ 12 milhões na economia local e gera pelo menos dois mil empregos. Diz que quando há atividade no local, o faturamento do comércio no entorno da arena aumenta em até 30%. 

A Secopa-DF afirmou, em diversas repostas ao UOL Esporte ao longo do último ano, que prepara um edital de licitação para fazer uma concessão do local à iniciativa privada, mas até agora não há prazo para isso acontecer nem apareceram interessados no projeto.
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Petrobras-Pasadena: vivemos na Republica Federativa da Mafia? - Valor Economico

A avalanche de dados impressionantes sobre esses escândalo de Pasadena vai muito além, MUITO ALÉM, de Pasadena. Começou antes, continuou durante toda a gestão companheira, e continua ainda agora, pois os mesmos companheiros continuam à frente da companhia, e de seus Conselho, e atuam desesperadamente para impedir que a sociedade tome conhecimento desses... "malfeitos", como diria alguém.
Não querem que a sociedade saiba, não querem que o Parlamento examine essa podridão, não querem sequer que se discuta a questão.
Os fundamentalistas do partido totalitário fazem apenas o seu trabalho de disciplina cega. Os responsáveis são os donos do empreendimento, infelizmente muito conhecido por outro nome em outras circunstâncias.
Em que país vivemos?
Paulo Roberto de Almeida

Gastos com refinaria ultrapassam US$ 1,5 bilhão
Por Cláudia Schüffner | Do Rio/
Valor Econômico, 4/04/2014

Os bastidores das negociações na Petrobras para a compra da refinaria de Pasadena, em 2005, mostram que a negociação causou uma série de negócios ruinosos para a estatal que ainda não foram totalmente esclarecidos. Vários documentos produzidos pela Petrobras, inclusive relatórios em resposta a auditores, e um conjunto de atas das reuniões da diretoria executiva e do conselho de administração às quais o Valor teve acesso, mostram que logo depois da compra já era possível notar que a refinaria de Pasadena tinha sérios problemas operacionais e ambientais. E eles poderiam ter sido detectados no período de "due dilligence", quando se estudam os ativos e que normalmente ocorre no período após o acerto para compra e antes do pagamento. No caso de Pasadena, esse período durou de fevereiro até setembro de 2006.
Uma auditoria da empresa Sage Environmental Consulting feita em maio de 2005 tinha detectado vários problemas. Essa avaliação foi mencionada sete anos depois da compra, em documento da área internacional produzido em 2012 e que respondia a uma auditoria interna da estatal. Investimentos posteriores da Petrobras na refinaria, que até hoje não produz gasolina nos padrões exigidos pela regulação americana, elevaram o investimento da Petrobras na refinaria texana para cerca de US$ 1,6 bilhão. Mas o valor pode superar os US$ 2 bilhões quando forem conhecidos os resultados de Pasadena, que não são divulgados separadamente mas sim dentro do resultado de todas as áreas internacionais reunidas em uma subsidiária no exterior.
Os problemas ambientais e a necessidade de investimentos na refinaria foram obscurecidos pela briga entre os sócios, cujos detalhes começaram a vir a público no último mês. Os primeiros pedidos de recursos para investimento na refinaria americana surgiram em 2006, quando a Astra ainda era sócia. Pela sequência de investimentos e contratos subsequentes, fica difícil compreender por que essa refinaria não foi vendida antes.
Na reunião do dia 21 de setembro de 2006, um ano depois da compra de Pasadena, o então diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, propôs que a diretoria autorizasse "investimentos típicos de fases mais avançadas do Revamp [expansão] de Pasadena" e que os representantes da Petrobras no "board e superboard" (esse último o comitê gestor formado por representantes dos sócios) aprovassem orçamento de gastos de US$ 61,87 milhões. O Revamp é um investimento para ampliação e modernização da refinaria, para que ela pudesse processar o óleo pesado brasileiro extraído do campo de Marlim.
O representante da Petrobras no comitê gestor que a presidente da estatal Graça Foster disse recentemente desconhecer era o ex-diretor de Refino e Comercialização Paulo Roberto Costa, preso pela Polícia Federal em 20 de março, em uma operação para desbaratar um esquema de lavagem de dinheiro. O valor proposto por Cerveró para início do obra, segundo a ata, correspondia à participação acionária da estatal, podendo atingir um máximo de US$ 123 milhões.
Dois meses depois, na reunião de diretoria do dia 16 de novembro de 2006, foi proposta a assinatura de uma carta de intenção, sem licitação, com a construtora Norberto Odebrecht para essa obra. A proposta foi levada à diretoria pelo então gerente executivo de engenharia, Pedro Barusco, representando o diretor de Serviços, Renato Duque, e não o diretor internacional (Cerveró). Barusco submeteu o pedido de autorização para que o representante no superboard (Paulo Roberto Costa) atuasse "de modo a obter a concordância" daqueles colegiados para assinatura da carta de intenção com a Odebrecht.
Em fevereiro daquele ano, o assunto veio à tona novamente. Outra ata mostra que Cerveró recomenda à Petrobras America Inc (PAI) que "participe nos investimentos de adaptação da refinaria de Pasadena ao processamento de petróleo Marlim". O custo avaliado então era de US$ 588 milhões para a Petrobras. Considerando-se que a brasileira tinha 50%, é possível supor que o investimento total - a ser feito pela Odebrecht sem concorrência - seria de US$ 1,176 bilhão. A ampliação e adaptação da planta nunca ocorreram.
Cerveró deixou a Petrobras em março de 2008. Em maio daquele ano, seu sucessor, Jorge Zelada, fez sua estreia no colegiado com proposta para obras do chamado Plano de Ação na Área de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS). A diretoria aprovou, mas submeteu o assunto ao conselho de administração. Graça Foster, então diretora de Gás e Energia, não participou da segunda reunião. Em setembro de 2009, o assunto SMS voltou à pauta. Jorge Zelada pediu que a diretoria recomendasse à Petrobras América "a continuidade" do plano de SMS e "confiabilidade operacional da Refinaria de Pasadena".
Na exposição de motivos Zelada afirmava ainda que o desembolso previsto no plano anual de negócios da Petrobras de 2009 era de US$ 89 milhões, provavelmente em referência aos valores destinados aos Estados Unidos. Não fica claro se esse gasto aconteceu. Um ano depois, na reunião de diretoria de 30 de setembro de 2010, Zelada já apresentou a Odebrecht como vencedora de uma licitação que posteriormente foi questionada pela auditoria interna. O preço era de US$ 825,66 milhões para fazer serviços em nove países. Esse valor já trazia um "desconto" com relação ao preço inicial, de US$ 850 milhões.
Um dado curioso sobre esse contrato de SMS é que a Petrobras já tinha manifestado a intenção de vender vários ativos internacionais em alguns dos países contemplados pelo contrato "guarda-chuva". Mesmo assim, a Odebrecht assinou o contrato em outubro de 2010. Previa serviços de SMS para a Petrobras, como limpeza e troca de tanques de armazenamento nos vários postos de combustíveis nos diversos países e também em gasodutos, oleodutos e refinarias. Os países atendidos eram Paraguai, Uruguai, Argentina, Equador, Chile, Colômbia, Bolívia, Japão e Estados Unidos.
A refinaria San Lorenzo, na Argentina, tinha sido vendida em maio de 2010 por US$ 36 milhões que somados a 386 postos de serviços e estoques renderam à estatal brasileira US$ 110 milhões, restando apenas a de Bahía Blanca. Mesmo assim, o preço estabelecido no contrato de SMS para a Argentina previa investimento inicial de US$ 305 milhões - quase três vezes o custo de San Lorenzo e da rede de postos vendida. O valor foi reduzido posteriormente para US$ 182 milhões. Em novembro daquele ano o então presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, informava ao Valor que analisava a venda das refinarias no exterior para ajuste de portfólio.

Em alguns casos, o valor dos serviços a serem pagos para a Odebrecht estava próximo do preço de aquisição dos ativos. É o caso da rede de postos do Paraguai, Uruguai e Colômbia, que juntos custaram US 140 milhões em dezembro de 2005 e cujo SMS custaria quase US$ 86 milhões, somando-se os valores estipulados inicialmente para cada um dos três países. Uma fonte informa que o contrato não foi efetivado na Colômbia (onde estavam previstos US$ 31,3 milhões), enquanto que no Paraguai foram gastos US$ 47 milhões, mais que os US$ 38 milhões aprovados inicialmente, devido a problemas ambientais encontrados.
Voltando à gênese desse contrato, o colegiado aprovou os US$ 825,6 milhões ressalvando que os serviços relativos às refinarias Bahía Blanca (Argentina), Okinawa (Japão) e Pasadena (Estados Unidos) fossem apresentados aos demais diretores antes de sua execução e que os serviços executados fossem os "essenciais à segurança operacional, pessoal, da saúde e do meio ambiente". Nas atas às quais o Valor teve acesso, não se vê nenhum estranhamento com o fato de a licitação ter sido desenhada para um bloco de países, quando é possível imaginar que empresas no Japão teriam custo menor para qualquer obra em Okinawa, o mesmo acontecendo no Texas, um dos berços da indústria de petróleo ocidental.
Como o conselho pediu apresentação prévia dos orçamentos para as refinarias, em março de 2011 Zelada submeteu ao colegiado contrato de US$ 175,959 milhões para Pasadena. Na ata, o ex-diretor internacional explica que o contrato com a Odebrecht Construction Inc pedindo que a controladora recomendasse à Petrobras America, subsidiária integral da Petrobras nos Estados Unidos, fosse orientada a contratar "de imediato", a empresa da Odebrecht para o início dos trabalhos.
A ata diz ainda que o diretor financeiro, Almir Barbassa, registrou a "necessidade de avaliação prévia acerca da viabilidade econômica da refinaria". A execução do contrato de SMS nos Estados Unidos tinha orçamento inicial de US$ 191 milhões, mas com desconto o valor caiu para US$ 175 milhões, todos para a refinaria Pasadena. Do total, uma fonte explicou que nem tudo foi executado, porque um equipamento chamado Sistema de Lavagem de Gás foi comprado, mas não foi instalado. Com isso, faltaram ser executados US$ 14 milhões, segundo a fonte, que foram deduzidos no final.
Um dos inúmeros problemas no contrato de SMS apontados em 2012 pela auditoria interna da Petrobras, quando Graça Foster já ocupava a presidência da estatal e interinamente a diretoria da área internacional (que ela acumula até hoje), é que a licitação foi feita às pressas. O prazo inicial era de 20 dias, que foram esticados para 35 dias. Entre os vários vícios apontados pela auditoria interna da estatal realizada em outubro de 2012, estava a inexistência de uma cópia do edital em língua inglesa (numa concorrência internacional) e a exigência de preenchimento manual de 8,8 mil itens das planilhas de preços, só para citar alguns. Participaram as gigantes japonesas Mitsui e Marubeni, o mesmo acontecendo com as americanas KBR (novo nome da Halliburton) e a Bechtel. Mas as estrangeiras perderam, assim como as brasileiras Construtora Andrade Gutierrez e Construtora OAS. A Construtora Camargo Corrêa declinou do convite.
Uma fonte envolvida disse, no ano passado, que o chefe da auditoria da Petrobras, Gerson Luiz Gonçalves, considerou esse o pior contrato que ele tinha visto em seus 35 anos na estatal. Lendo o relatório, vê-se o porquê. Segundo dados da auditoria interna, a Atnas Engenharia, empresa contratada pela Petrobras para fiscalizar o contrato com a Odebrecht - pelo qual foram pagos R$ 29 milhões - fez um diagnóstico concluindo que "80% dos projetos analisados não possuíam dados suficientes para a sua execução". Os auditores também consideraram que houve superdimensionamento de custos entre as diversas irregularidades identificadas. Os auditores apontaram ainda o fato de o contrato definir pagamentos de 11% para mobilização e 29% para supervisão do contrato, uma quantia equivalente a US$ 330,9 milhões "dissociados de qualquer dos serviços contratados".
Também foram encontrados gastos de mobilização no Brasil de US$ 33 milhões, onde não havia nenhuma obra a ser feita. Na resposta aos auditores, a área internacional informou que a centralização dos serviços em nove países possibilitaria "ganhos de escala, com serviços geridos sob uma única estrutura de gestão", ressaltando ainda redução de custos indiretos. Sobre a mobilização no Brasil, a área explicou que "uma vez que o contrato possua um caráter não permanente em diversos países a serem mobilizados, espera-se também uma quantidade de expatriações e movimentações de funcionários da contratada através do seu referente custeio a partir dos custos de supervisão, como por exemplo, adicionais por transferência, pagamento de aluguéis, escolas, retorno à base a partir da política de expatriação e outros".
Em 2012, Graça Foster passou a investigar esse contrato e forçou uma redução e o valor final pago para a Odebrecht, que em janeiro de 2013 acabou ficando em US$ 481 milhões. Como não haviam sido feitos desembolsos na Colômbia, Bolívia, Equador e Japão, uma parte dos valores referentes a esses países puderam ser deduzidos do preço inicial. No Brasil, por exemplo, o orçamento de US$ 83,2 milhões ficou por US$ 62,9 milhões. Já tinham transcorridos os três anos previstos inicialmente e o contrato foi encerrado em fevereiro de 2014, apesar da possibilidade de ser prorrogado.
Em nota enviada ao Valor sobre a diminuição dos valores, a Odebrecht Engenharia Ambiental afirma que "a redução foi consequência da diminuição do escopo dos contratos, decorrência do plano de desinvestimentos da Petrobras no exterior, no qual a prestação de serviços, originalmente prevista para nove países, foi reduzida para quatro". E esclareceu ainda que "as obras contratadas já foram concluídas e entregues".
Na nota, a Odebrecht negou irregularidade nos contratos com a Petrobras, que segundo a empresa foram "conquistados legitimamente por meio de concorrências públicas". A companhia também afirma que sua proposta "foi elaborada com base no processo licitatório lançado pela Petrobras, com informações necessárias para a formação de preços". A Odebrecht disse ainda que "desconhece o relatório da auditoria interna da Petrobras em relação aos contratos".

Considerando-se apenas os contratos aprovados nas reuniões cujas atas o Valor teve acesso, a "conta" de Pasadena já chega a quase US$ 1,6 bilhão. Além dos US$ 1,18 bilhão gastos na aquisição de 100% da refinaria de Pasadena, os gastos da estatal foram bem acima desse valor. É preciso acrescentar, por exemplo, os US$ 175 milhões gastos só no contrato de SMS (para adequar as instalações para atender as normas de saúde, meio ambiente e segurança dos funcionários) com a Odebrecht. Mas não é só. Diversas atas das reuniões da diretoria executiva da Petrobras obtidas mostram aprovações para investimentos diversos em Pasadena com pedidos de autorização para remessas ou a contratação de serviços que somam US$ 218 milhões com diversas empresas. Com elas e mais o SMS, chega-se à quantia de US$ 400 milhões gastos pela Petrobras.
Atas das reuniões do colegiado entre outubro de 2008 e janeiro de 2011 mostram pedidos de autorização para contratação de diversas empresas que fariam reparos nos sistemas de tancagem, para fornecimento de gás, serviços de manutenção e até para conserto da unidade de craqueamento catalítico fluido (FCC) que é um dos sistemas mais importantes de uma unidade de refino. Não fica claro porque esses investimentos, que deviam ser resolvidos pelos executivos da empresa nos Estados Unidos, tiveram que ser levados à diretoria no Rio de Janeiro.

Na página da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, na internet, aparecem várias autuações do órgão ambiental contra Pasadena. A agência, que é equivalente ao Ibama brasileiro, aplicou multas de US$ 322,269 mil na refinaria de Petrobras por violações à regulação ambiental e que mostram que essa refinaria continua sendo um pesadelo para a Petrobras. Ela já teve dois incêndios e em dezembro de 2011 houve um de grandes proporções na unidade de coque que, segundo documento produzido na estatal ao qual o Valor teve acesso, causou "praticamente a destruição total da unidade". Mas não foi o único. Mesmo assim a refinaria foi retirada da lista de ativos à venda, pois o preço baixo da oferta recebida pela Petrobras, próxima de US$ 100 milhões, faria com os prejuízos da estão nessa unidade sejam cristalizados no balanço.