Compreensível: um acordo de livre comercio entre o Brasil e os EUA é virtualmente impossível, assim como parece ser a possibilidade de acordos de livre comércio entre os EUA e a UE, ou entre a UE e o Mercosul.
E, no entanto, os EUA têm acordos de livre comércio na América do Norte (Nafta), com Israel, com o Chile, Peru Colômbia, Austrália e Nova Zelândia, com a Coreia do Sul, e com vinte outros países.
A UE tem acordos comerciais com Chile, México, e vinte outros países.
O Chile tem acordos de livre comércio com os EUA, a UE, a China, Japão e mais de vinte outros países.
Ou seja, mesmo que sejam difíceis, acordos de livre comércio são factíveis e possíveis. E mesmo sendo difíceis, países ao redor do Brasil tem feito esse tipo de acordo.
Esses países estão piores ou melhores com esse tipo de acordo, ou seja, numa situação de maior ou menor bem estar?
E o Brasil, estaria pior com esse tipo de acordo, como parecem acreditar nossos dirigentes, nossos diplomatas, nossos empresários?
Não acredito.
Acho que ele estaria melhor.
Mas, o problema do Brasil é que os decisores não acreditam em livre comércio.
As simple as that...
Paulo Roberto de Almeida
Jornal do Senado, 04/04/2014
Presidente da entidade defende na CRE que o livre comércio aumentaria a competitividade da economia brasileira, que estaria parada
Seis meses após o adiamento da visita de Estado que a presidente Dilma Rousseff faria a Washington, em razão da publicação de denúncias de que mensagens eletrônicas dela haviam sido espionadas pela NSA (agência de segurança nacional norte-americana), uma proposta ousada marcou o debate sobre o relacionamento bilateral realizado ontem pela Comissão de Relações Exteriores (CRE): a assinatura de um acordo de livre comércio entre o Brasil e os Estados Unidos.
A proposta é do presidente da Câmara Americana de Comércio no Brasil (Amcham), Gabriel Rico. Na opinião dele, o Brasil precisa ampliar a competitividade da economia e buscar maior inserção nas cadeias globais de produção. O acordo de livre comércio tem o apoio — segundo Rico — de 93% das empresas que integram a entidade, tanto brasileiras como norte-americanas.
— O Brasil precisa dar um salto muito grande na sua competitividade, que tem que vir junto com a negociação do acordo. Quando se expõe a um acordo de livre comércio, uma economia é obrigada a se repensar. Se um país fica parado, só um lado leva vantagem — afirmou Rico, lembrando que os Estados Unidos já estão começando a negociar acordos de livre comércio com a União Europeia e com os países da região da Ásia-Pacífico.
Também convidado para a audiência pública, realizada a pedido do presidente da comissão, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), o diretor do Instituto Brasil do Centro Internacional Woodrow Wilson, Paulo Sotero, ressaltou igualmente a oportunidade de debater a negociação de um acordo com os Estados Unidos. Ele recordou que o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, defendeu a negociação desse acordo, no final do ano passado.
A iniciativa foi recebida com cautela, porém, pelo representante do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Carlos Antonio da Rocha Paranhos, que lembrou a falta de consenso sobre a questão.
— Evidentemente, a concentração de esforços apenas em acordos comerciais não constitui consenso interno e não pode ser vista como panaceia — disse Paranhos.
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