Nesta sexta, ele esteve em Araçatuba, parte da tal “Caravana Horizonte Paulista”, um esforço do PT para torná-lo conhecido no Estado. Lula, o autor de mais este poste, estava lá. Indagado se o caso André-Vargas-Labogen pode prejudicar a sua candidatura, Padilha respondeu, informa a Folha, que nunca houve um contrato com a empresa de fachada, que a PF diz pertencer ao doleiro Alberto Youssef. Afirmou: “O Ministério da Saúde recebeu uma proposta em dezembro do ano passado, do laboratório da Marinha brasileira, de parceria com outras empresas privadas para produzir medicamento para o Ministério da Saúde. Da entrega dessa proposta até ter um contrato com o ministério, vários passos seriam tomados”.
Ah, bom! A resposta coincide, em linhas gerais, com a nota emitida pela EMS, a gigante do setor farmacêutico, quando indaguei o que fazia em associação com um troço chamado Labogen. Ao menos coincide com a parte compreensível da nota. Daqui a pouco, os personagens dessa história vão negar que, um dia, algo parecido com Labogen tenha passado por suas vidas.
O fato: o tal laboratório da Marinha, a Labogen e a EMS se associaram para fornecer citrato de sildenafila para o Ministério da Saúde. Valor da operação: R$ 31 milhões. A coisa estava em curso. Tanto é assim que o ministério anunciou a sua suspensão. Ou se suspende por lá o que não existe? A parceria foi firmada pelo Ministério, sob a gestão de Padilha, ignorando uma portaria da própria Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que, no dia 23 de agosto, indeferiu o pedido da Lobogen para atuar como fabricante de medicamentos.
Mais: a agência aplicou várias multas ao Labogen, que não puderam nem ser entregues porque o endereço oficialmente fornecido não, como direi?, coincidia com a empresa. A última foi aplicada no dia 5 de dezembro de 2013. Mesmo assim, seis dias depois, no dia 11, a pasta de Padilha anunciou a parceria. Instaurou-se uma sindicância no Ministério para apurar a questão. Ora, se não existe nada, apurar o quê, candidato Padilha?:
Já em plena campanha eleitoral, o petista afirmou ainda o seguinte: “A diferença entre o PT e o PSDB é que o governo do PT apura. Quem começou essa apuração [Lava Jato] foi a Polícia Federal, diferentemente do governo estadual [do PSDB, em São Paulo]. Quem começou a apuração do escândalo do metrô, por exemplo, foram autoridades internacionais e a PF”.
Huuummm…
Então vamos ver. Eu achava que a Polícia Federal não fosse do PT, mas do Brasil. Assim, investigações conduzidas por esse órgão, sempre acreditei, são independentes, não? Logo, o que a PF apura é o que a PF apura e pronto!, não o que o PT autoriza que se apure. Ou não é assim? E pouco importa o partido.
Há uma outra diferença importante entre o PT e o PSDB — que, diferentemente do que dizem os idiotas, não me representa porque sou conservador, e os tucanos não são. Eu, ao menos, nunca vi tucano passando a mão a cabeça de larápio ou tentando nos explicar que os ladrões atuam para o nosso bem. Certamente há safados também no PSDB, como há no PT e no PMDB, mas, diga-se em nome dos fatos, ninguém chama tucano ladrão de “herói do povo brasileiro” nem transforma ladroagem, seja em nome pessoal ou do partido, em ato de resistência.
Finalmente, há outra observação a fazer: há muito tempo os petistas vêm com essa cascata de que a explosão de casos de corrupção no Brasil se deve ao fato de que, agora, o PT investiga… É uma lógica torta, como a cabeça deles: quer dizer que, se chegarmos a um caso de corrupção por dia, será sinal de que estamos no cominho certo?
A PT só está ocupado com tantos ladrões porque há muitos ladrões no poder, não é mesmo?
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