Dois artigos publicados hoje no GLOBO, um em cima do outro, resumem bem o quadro lamentável de nossa economia. Um deles, de Fabio Giambiagi, mostra como o gasto público crescente tem sido o grande vilão do Brasil. O problema, como o economista reconhece, é que a origem disso está na cultura nacional:
É preciso repensar o Estado brasileiro. Um dos problemas é que a demanda por mais gasto público é parte da cultura nacional. Quase todos os brasileiros são contra a “gastança”, mas muita gente acha natural se aposentar perto dos 50 anos, ter um amigo que “arrumou um cargo no Governo” ou ter um primo “encostado no INSS”. É necessário que esse tema entre na agenda nacional. O ponto de partida é criticar esse processo. Para isso, nossa oposição faria bem em lembrar a velha frase do ex-ministro Gustavo Capanema, de que “pouco importa que a oposição não tenha fundamento ou seja injusta; importante mesmo é que ela ponha o Governo em apuros”. Está na hora de alguém questionar seriamente esse processo contínuo de aumento do gasto público.
O outro, de Raul Velloso, fala do intervencionismo estatal na economia, mostrando como o governo Dilma desconfia do sistema de preços, fundamental para o bom funcionamento econômico. Esse já foi tema de coluna de Maílson da Nóbrega na Veja recentemente, e merece toda a atenção. Um governo arrogante que ignora a importância dos preços livres vai conseguir apenas prejudicar nosso desenvolvimento. Diz Velloso:
O fato é que as autoridades não parecem acreditar nas sinalizações que o sistema de preços proporciona, contrariando séculos de experiência e a consolidação do mercado como a melhor solução para reger as relações econômicas de qualquer país. Por isso, ou pela mera busca de ganhos eleitorais, as recentes intervenções no domínio econômico podem conduzir o Brasil a uma situação de permanente baixo crescimento. A verdade é que a política econômica praticada nos últimos tempos perdeu funcionalidade, fixando-se em tentar resolver problemas por ela mesma criados.
Em resumo, gastos públicos crescentes e excesso de intervenção estatal na economia são dois dos principais vilões nacionais. Infelizmente, o PT tem boa dose de culpa, mas não conseguiria causar tanto estrago se não contasse com o apoio da mentalidade predominante no país, que enxerga o governo como um messias salvador da Pátria. É hora de mudar essa cultura; e também de trocar de governo.
Rodrigo Constantino
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