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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Stiglitz: ate Premio Nobel consegue ser idiota e nefasto

A julgar pelo que vi, só posso concluir que o Stiglitz é um idiota completo, aliás um energunemo, como se alguém pudesse receitar um Estado nórdico, sem NENHUM dos demais atributos dos paises nordicos, para paises pobres, corruptos e dotados de populacoes ignorantes, como sao quase todos os do Terceiro Mundo.
Um idiota completo, só posso dizer isso, pois a sua receita equivalente a receitar uma caipirinha para um internado para desintoxicao etilica.
Quanto a recomendacao ao Brasil, de se preocupar menos com a inflacao, ele só pode ser um criminoso, além de um completo idiota.
Realmente, até Premios Nobel conseguem ser estupidos absolutos.
Paulo Roberto de Almeida

Joseph Stiglitz: "O capitalismo sem controle é perigoso"
JOSÉ FUCS
Revista Época, 19/12/2010
 
Para o Nobel de Economia de 2001, o melhor sistema é o da Escandinávia. E o Brasil deveria se preocupar menos com a inflação e com o tamanho do Estado

O economista americano Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia em 2001 e ex-comandante do departamento econômico do Banco Mundial, ganhou destaque com a explosão da crise global, em setembro de 2008. De figura marginalizada, em razão de suas críticas ao "fundamentalismo do livre mercado", ele passou a ser ouvido com atenção até por financistas que torciam o nariz para suas ideias. No livro O mundo em queda livre, recém-lançado no Brasil (editora Companhia das Letras, R$ 66), Stiglitz diz que a crença na eficiência dos mercados morreu com a crise. Segundo ele, o melhor sistema econômico é o dos países escandinavos - a carga tributária é elevada, mas o governo oferece "boas políticas" de proteção social. Para horror dos economistas mais ortodoxos, Stiglitz afirma que o Brasil deveria se preocupar menos com a inflação e o tamanho do Estado. "A inflação é importante, mas é apenas uma variável."
  ENTREVISTA - JOSEPH STIGLITZ  

Colin McPherson/Corbis QUEM É
Economista americano, de 67 anos, é professor da Universidade Colúmbia, EUA. Foi economista-chefe do Banco Mundial de 1997 a 2000. Ganhou o Nobel de Economia em 2001


ONDE ESTUDOU
Formou-se em economia no Amherst College, em 1963. Fez o doutorado no Massachusetts Institute of Technology (MIT), em 1967. Também foi pesquisador na Universidade de Cambridge, Inglaterra, no fim dos anos 60


O QUE PUBLICOU
O mundo em queda livre (Ed. Cia. das Letras, 2010), Livre mercado para todos (Ed. Campus Elsevier, 2006) e A globalização e seus malefícios (Ed. Futura, 2002), entre outros

ÉPOCA - Em sua visão, passados dois anos da quebra do Banco Lehman Brothers, qual foi o impacto da crise global sobre o capitalismo?
Joseph Stiglitz - Há duas formas de analisar essa questão. A primeira é que o desempenho da economia nos países desenvolvidos tem sido desanimador. Nos Estados Unidos e na Europa, o baixo crescimento, o alto desemprego e a subutilização de capacidade de produção têm sido terríveis. Mas igualmente importante é a mudança de percepção sobre o sistema capitalista. Antes da crise, as pessoas acreditavam que os mercados eram eficientes, que a desigualdade de renda poderia ser indesejável, mas era justificável pelos incentivos que oferecia ao crescimento econômico. Agora se percebeu que os mercados não são eficientes, não são estáveis, e que os altos bônus recebidos pelos executivos dos bancos representavam um prêmio às perdas recordes que aconteceram. As pessoas podem até entender que alguém inovador, que cria riqueza, seja premiado. Mas eles foram premiados por destruir riqueza - e isso minou a fé no sistema de mercado.

"Nos países escandinavos, a carga tributária chega a quase 50% do PIB, mas eles têm a melhor qualidade de vida do mundo"

ÉPOCA - De que forma essa percepção está afetando o sistema hoje?
Stiglitz - Nos EUA, embora os mercados tenham fracassado, há uma forte percepção de que o governo também falhou e deu dinheiro aos bancos que provocaram o problema. O resultado é que há uma desilusão com ambos, o mercado e o governo. Isso explica o fortalecimento do movimento Tea Party, que pode ser descrito como um movimento anti-establishment. Até acho que o governo (do presidente Barack) Obama ajudou a economia. Fez bem mais que o governo Bush. Sem os pacotes de estímulo, o desemprego estaria em 12% ou 13% (da população ativa), e não nos 9,8% em que está hoje. Mas, infelizmente, não foi o bastante. Hoje, um em cada seis americanos que buscam um emprego formal não consegue encontrar. As execuções de hipotecas estão subindo, e não caindo como se esperava. A percepção é que o governo gastou muito dinheiro, deu muito dinheiro aos bancos e não resolveu o problema. A reação é de revolta e rejeição.

ÉPOCA - Essa reação também está acontecendo em outros países?
Stiglitz - Acho que o efeito na Europa e nos mercados emergentes foi diferente.
Na Europa, a percepção é que o governo ajudou a economia, e o modelo de proteção social europeu ajudou a Europa a responder à crise. Não há um movimento antigoverno. Mas eles pensam que os pacotes de salvamento da economia tiveram um impacto tão forte nas contas públicas que agora podem ter de cortar gastos. Isso vai impedir a retomada e aumentar o risco de um novo mergulho da economia. Essa reação, de defesa de uma austeridade inapropriada para as circunstâncias, é diferente da que houve nos EUA, mas é quase igualmente irracional. O interessante é que, na Ásia, eles também adotaram políticas de estímulo keynesianas - e funcionou. É a única parte do mundo que está indo bem. A América Latina também. Mas parte do sucesso da América Latina é porque há melhor regulação dos bancos e políticas sociais melhores. E parte porque a região é grande exportadora de commodities e foi beneficiada pela alta dos preços internacionais, estimulada pelo forte crescimento da Ásia.

ÉPOCA - O Brasil foi um dos países menos afetados pela crise. Além da alta das commodities, o governo cortou impostos e aumentou os gastos públicos. Mas, agora, muitos economistas estão preocupados com o superaquecimento da economia e passaram a defender uma política fiscal mais austera. Eles estão certos?
Stiglitz - Primeiro, é preciso dizer que o Brasil está numa situação completamente diferente dos EUA e da Europa porque o crescimento está forte. O segundo ponto é que o debate não deveria ser sobre cortar ou não os gastos do governo. Essa questão inclui a discussão sobre o tamanho adequado do Estado - e isso não tem nada a ver com o superaquecimento da economia. A decisão de cortar ou não os gastos públicos depende da visão que você tem sobre o retorno dos gastos e dos investimentos governamentais. No caso do Brasil, o país ainda precisa investir muito em educação e tecnologia. É preciso, portanto, fazer uma análise mais detalhada sobre o que vai ser cortado e sobre o custo de oportunidade dos cortes.

ÉPOCA - A maior preocupação no Brasil é com o impacto dos gastos públicos na inflação. Isso não é importante?
Stiglitz - Em minha opinião, o governo não deve se concentrar excessivamente na questão da inflação. Dada a história da inflação na América Latina, é difícil não se preocupar com a inflação. Mas, em alguns países, como nos EUA, há muita discussão sobre o fato de a política monetária do Banco Central ter como alvo a inflação. Ao se concentrar na inflação, eles deixaram de lado coisas mais importantes, como a estrutura do sistema financeiro. A lição é que a inflação é importante, mas é apenas uma variavel. Se a inflação tiver componentes importados, por causa do aumento global do preço dos alimentos, a desaceleração da economia não resolverá o problema porque os preços são determinados pelo mercado internacional.

ÉPOCA - Os economistas dizem que o Brasil não pode crescer mais que 4,5% ou 5% ao ano sem aumento da inflação...
Stiglitz - Acho que esse é um jeito errado de ver as coisas. Nas economias mais dinâmicas, em que há espaço para a inovação, como no caso do Brasil, não há razão para que não se possa crescer de forma mais rápida. A China está crescendo 9%, 10%, 11%, 12% ao ano. A Índia está crescendo 9%. Antes de 1980, o Brasil crescia 5,7%, em média, por ano. Para mim, se você aumentar a produtividade, por meio da educação, da tecnologia, você poderá crescer mais rapidamente, sem aumentar a inflação. Na China, durante muitos anos, houve um debate parecido. Sempre havia alguém dizendo que o governo tinha de desacelerar o crescimento. Mas o governo chinês conseguiu estabilizar o crescimento em um patamar elevado, s e a inflação não subiu. O pessoal gritou "fogo" muitas vezes quando não havia fogo nenhum. Se eles tivessem ouvido quem estava com medo do superaquecimento, a China teria hoje uma economia 10% ou 20% menor do que tem.

ÉPOCA - O maior argumento para defender o corte de gastos é que o governo contratou milhares de funcionários públicos, em vez de investir em educação, infraestrutura...
Stiglitz - Desde o governo (do presidente Fernando Henrique) Cardoso, o Brasil se tornou muito respeitado por seus programas de proteção social. Teve grandes progressos na educação. Certamente, os retornos de alguns gastos têm sido muito positivos. Em nenhuma economia existe a eficiência absoluta. E nunca nenhum governo desperdiçou tanto dinheiro quanto o sistema financeiro americano. Nenhum governo desperdiça tanto dinheiro como o sistema privado de saúde americano. Os EUA têm desperdícios enormes no setor privado de saúde. Muito mais que no setor público.

ÉPOCA - Em geral, acredita-se que o setor privado é sempre mais eficiente...
Stiglitz - Algumas vezes, é. Outras, é muito ineficiente. Nos EUA, a área mais eficiente e mais respeitada da economia são as universidades - e a maioria não é voltada para o lucro. As escolas com fins lucrativos são terríveis. Os casos mais bem-sucedidos são fundações. Elas não são públicas. Pertencem ao Terceiro Setor. Não têm fins lucrativos.

ÉPOCA - O senhor acredita ser possível aumentar a participação do Estado na economia sem desestimular os investimentos privados e travar o crescimento?
Stiglitz - Se isso não for feito do jeito certo, você poderá ter um governo enxuto que atrapalha a economia. Não é o tamanho que importa, é o que o governo faz. Se o governo cobra impostos, mas gasta o dinheiro em educação e investimentos, torna a economia mais produtiva e estimula o crescimento. Nos EUA, a carga tributária é bem menor que na Suécia. Mas os americanos gastam 17% do PIB em saúde porque o sistema privado é muito ineficiente. Se houvesse um sistema público de saúde, seria melhor. Outro exemplo: um dos grandes serviços que o governo oferece nos EUA é a aposentadoria. Há também os planos privados de aposentadoria. A pergunta é: qual é o sistema mais eficiente? O sistema público de aposentadoria americano é muito mais eficiente que qualquer programa privado.

ÉPOCA - No Brasil, a carga tributária é de quase 40% do PIB. O senhor não acha que o peso do governo na vida dos indivíduos e das empresas já é excessivo?
Stiglitz - A questão não é tanto o nível da carga tributária quanto sua estrutura. Nas economias mais dinâmicas, como a da Escandinávia (Dinamarca, Suécia, Finlândia e Noruega), a carga tributária é próxima de 50% do PIB - e lá eles têm a melhor qualidade de vida do mundo. Eles dizem que isso é possível porque o governo é forte e oferece boas políticas de proteção social e uma educação de qualidade. Então, a resposta depende das circunstâncias de cada país.

"No Brasil, o debate não deveria ser sobre cortar ou não gastos públicos. Isso não tem nada a ver com o superaquecimento da economia"

ÉPOCA - Considerando isso, o senhor acha que, no futuro, o sistema capitalista será muito diferente do que antes da crise?
Stiglitz - Sim. Mais uma vez, gostaria de responder à pergunta sob o ponto de vista de diferentes países. Acredito que, nos mercados emergentes, o debate sobre o Consenso de Washington (conjunto de medidas liberais para promover o ajuste de economias em dificuldades) morreu. Ninguém mais o leva a sério. Daqui para a frente, os países em desenvolvimento terão uma visão muito mais balanceada do papel do governo na economia. Nos EUA e na Europa, o debate é um pouco diferente. Há uma percepção de que o capitalismo sem controle é perigoso e é preciso regular os bancos. Há muita discussão a respeito da criação de um imposto sobre transações financeiras. Antes da crise na Europa, muita gente pensava que eles deveriam seguir o exemplo americano, mais dinâmico. Agora, você não escuta mais isso.

ÉPOCA - Há algum modelo a seguir?
Stiglitz - Hoje, na Índia, na Europa, em todo lugar, o que mais se fala é do modelo escandinavo. Há um reconhecimento de que é um modelo que funcionou e provoca inveja no resto do mundo. A questão é: será que ele vai funcionar para a Índia, o Brasil e outros países? É claro que terá de ser adaptado, assumir formas diferentes, mas é provável que sim.

ÉPOCA - O que chama a atenção é que eles conseguiram isso com uma economia aberta, sem restrições à competição de produtos estrangeiros...
Stiglitz - Eles argumentam que é porque têm um bom sistema de proteção social que podem obter o apoio político para promover a abertura econômica. E é graças aos altos tributos que eles podem oferecer uma educação de qualidade e desenvolver uma tecnologia que lhes permita responder com confiança à competição estrangeira.

"Em 2011, haverá uma desaceleração do crescimento global. Os mercados emergentes vão continuar a crescer, mas não terão força para puxar a Europa e os EUA"

ÉPOCA - Qual a sua previsão para o desempenho da economia global em 2011? Ainda há muito a temer?
Stiglitz - Sim. É provável que as medidas de austeridade tomadas na Europa levem a uma desaceleração da economia e que as dificuldades financeiras de alguns países provoquem um aumento na instabilidade financeira global. A desaceleração européia terá um efeito negativo nos EUA, que esperavam aumentar suas exportações para puxar o crescimento econômico. Os EUA esperavam que um dólar fraco iria aumentar suas exportações. Mas, por causa da instabilidade na Europa, o dólar vai se fortalecer -- e não cair -- em relação ao euro. Estou relativamente confiante de que a Ásia terá condições para continuar a crescer, mas não terá força para puxar a retomada da Europa e dos EUA.

ÉPOCA - Qual deverá ser o impacto das crises na Grécia, Irlanda e em outros países europeus na economia global no ano que vem?
Stiglitz - Acredito que isso é algo que deve trazer alguma preocupação, mas os EUA provavelmente não sofrerão tanto, porque a Ásia continuará a crescer. Os mercados emergentes, como China e Índia, que têm enormes mercados internos, também não deverão ser muito afetados. Eles estão reestruturando suas economias para estimular o consumo interno e para depender menos dos países desenvolvidos. O Brasil também tem um grande mercado interno. Esses países serão capazes de sustentar o crescimento de suas economias, apesar da fraqueza nos EUA e nos EUA. Hoje, vários países asiáticos que eram voltados para exportação, principalmente para os EUA, estão reorientando suas economias em direção à própria Ásia.

ÉPOCA - Em termos globais, o senhor acredita que a taxa de crescimento de 2011 será menor que a de 2010?
Stiglitz - A maioria da previsões prevê uma desaceleração significativa do crescimento global em 2011. Isso deverá acontecer principalmente porque a Europa e os Estados Unidos não irão bem.

ÉPOCA - O senhor acredita que, hoje, o dólar está perdendo a sua função de reserva de valor global?
Stiglitz - Claramente, a importância do dólar está diminuindo. Eu defendo a criação de de um sistema global de reservas. É uma idéia que recebeu apoio da China, da França, da Rússia. Acho que é algo que temos de fazer. O que me preocupa é que, em vez de criarmos um sistema global de reservas, a gente passe para um sistema que tenha o dólar, o euro, o iene, o iuan. Isso será muito instável. Em uma hora o dólar será forte, em outra será o euro. E, quando os investidores mudarem seus portfólios, isso criará muita volatilidade.

ÉPOCA - O que senhor pensa do crescimento da importância do G-20 (o grupo que reúne os maiores países desenvolvidos e emergentes).
Stiglitz - Eu me preocupo com a falta de representatividade política do G-20. Acho que isso deveria ser feito no âmbito da ONU. Eu defendo um conselho global de economia na esfera da ONU.

ÉPOCA - Qual a sua opinião sobre o aumento do peso dos países emergentes no Banco Mundial e no Fundo Monetário Internacional (FMI)?
Stiglitz - É muito bom que eles tenham mais voz. Acho que eles deveriam exercitar suas vozes de forma mais ativa.

ÉPOCA - Qual é sua opinião sobre o pacote de US$ 600 bilhões do FED (Federal Reserve, o banco central americano), que desagradou tantos países?
Stiglitz - Acho que as reclamações estão certas. É pior do que isso. Eu tenho sido um crítico pesado do relaxamento monetário. Para mim, o possível benefício desse pacote para os EUA é muito pequeno. As grandes empresas americanas não precisam de dinheiro. Elas têm uns dois trilhões de dólares em caixa hoje. E as pequenas empresas não receberão muito mais dinheiro, porque o sistema bancário não se ajustou ainda. Elas estão com falta de capital, não conseguem ter acesso ao crédito, mas reduzir as taxas de juro de longo prazo não vai resolver esse problema. Nós já reduzimos as taxas de curto prazo para zero e não aconteceu nada. Em 2001, a política monetária funcionou para criar a bolha imobiliária e não para estimular investimentos reais, que tornam a economia mais produtiva. Por que imaginar que isso vai funcionar agora? Se funcionar, isso acontecerá principalmente por causa da desvalorização relativa do dólar. O presidente (Barack) Obama disse que é do interesse do mundo que os EUA cresçam de forma mais rápida - e ele está certo. Mas não é do interesse do mundo que os EUA cresçam mais rápido à custa de outros países. Se ele estimulasse a economia com medidas fiscais, seria uma coisa boa. Mas estimular a economia com uma política que prejudica outros países é uma política ruim. A política de relaxamento monetário vai continuar a provocar reações adversas em todo o mundo, no Brasil, na China. E o resultado é que isso levará a novas medidas de controle de capital, aumento de impostos, intervenções governamentais, que é exatamente o contrário do que os EUA têm defendido por décadas.

"A nova legislação bancária aprovada pelo Congresso dos EUA não é suficiente para evitar a repetição de uma crise global como a que vivemos hoje"

ÉPOCA - Em seu último livro, o senhor critica o "fundamentalismo do livre mercado". O senhor diz que o sistema financeiro tem muita influência em Washington e que os grandes bancos foram os grandes responsáveis pela crise. Isso não é uma visão ideológica do problema?
Stiglitz - Essa é uma descrição empírica. Ninguém discorda de que os bancos administraram mal os riscos, aplicaram mal seu capital, fazendo maus empréstimos, que levaram à bolha imobiliária. Eles tiveram também um papel central na crise de crédito que aconteceu depois do calapso do banco Lehman Brothers e que levou à retração da economia global e à redução do fluxo de crédito. Então, os bancos falharam em fazer o que deveriam fazer. Não há dúvida sobre isso. Se não fosse pela operação-salvamento do governo, os bancos teriam morrido. Agora, há muita discussão sobre por que os bancos fracassaram. Acho que parte foi porque eles já fizeram isso várias vezes -- e foram salvos repetidamente. O retrospecto deles é terrível. Por isso, temos de ter controles, criar regulações, que foram desenhadas para parar com esse tipo de mau comportamento. Mas os reguladores falharam - e isso, sim, foi ideológico. Isso aconteceu porque a ideologia de que os mercados poderiam poderiam se auto-regular, contra todas as evidências, predominou. Foi essa ideologia que levou à lona a economia global. A grande lição da crise é descartar essa ideologia. Os mercados oferecem serviços importantes, mas eles falham. Temos de tentar aproveitar os benefícios, mas também corrigir os erros.

ÉPOCA - O senhor acredita que mesmo depois da crise os bancos mantiveram sua influência em Washington?
Stiglitz - Absolutamente. A lei aprovada pelo Congresso americano claramente não protege os EUA de outra crise. Foi uma iniciativa na direção certa, mas ela é cheia de exceções e exclusões. Os bancos poderão continuar a fazer certos tipos de operações de alto risco. Não sabemos ao certo muitos pontos, porque eles foram delegadas aos reguladores. Dependendo das regulamentações que eles definirem e de como eles vão fiscalizá-las é que vamos saber como as coisas irão. Algumas pessoas que idealizaram a lei são as mesmas que estavam no comando da economia antes da crise. O (Ben) Bernanke (presidente do Fed, o banco central americano) ainda está lá. A pergunta que todo mundo se faz hoje é por que devemos imaginar que eles farão um trabalho melhor agora do que fizeram antes.

ÉPOCA - Se o senhor tivesse de dar um conselho para o Brasil, hoje, qual seria?
Stiglitz - O Brasil fez muitas coisas certas. Agora, se quiser continuar a crescer, terá de baixar os juros reais (acima da inflação), que estão entre os mais altos do mundo. Não dá para ter um setor privado vibrante com juros reais tão altos. Além disso, é preciso ampliar os investimentos em educação. A política industrial, com o apoio do BNDES, também é importante, assim como as políticas de proteção social. Há 20 anos, quando começou a desenvolver suas políticas sociais, o Brasil tinha altos índices de desigualdade. Hoje, melhorou bastante, mas ainda há muito a ser feito. Não dá para deixar isso para trás. Esse é um longo caminho, mas é preciso persistir nele para alcançar os resultados desejados.

Leia os comentários
  • Haroldo | CE / Eusébio | 20/12/2010 15:00
    Cobertor curto
    Stiglitz foi premio Nobel e fica difícil corrigi-lo.É muito provável que se acerte muito mais concordando do que discordando, mas nós falamos como brasileiros e portanto com o coração também.Sem dúvida que os mercados internos serão a tábua de salvação de muitos países, como foi o nosso caso em decorrência da recente crise e que ainda incomoda muita gente de muitos países.Uma concordância nossa é legislação prudencial chamaria de regulamentação, porque fica a cargo do Banco Central).No Brasil fizemos o saneamento do SFN e obedecemos ao acordo de Basiléia.Pode-se chamar de legislação ao que consta de nossa Lei Complementar número 101/2000, ou Lei de Responsabilidade Fiscal, que estabeleceu contingenciamento de crédito ao setor público. Esses três elementos nos deixaram menos vulneráveis ao alcance das crises.Junte-se ao volume de Reservas de Lula (próximos de US$300 bi) além do Plano Real de FHC. Pronto, estamos vacinados, certo? Não errado. As vacinas têm prazo! A nossa está precisando de outras doses: Entre elas baixar JUROS, como? Reduzindo a necessidade de ir ao mercado tomar dinheiro para colocar/renovar títulos da dívida (interna). Poderíamos trocar essa dívida interna que for vencendo por capiatis que sobram no mundo e que nos procuram, desde que: A transação se dê por prazos ALONGADOS! Ninguém dispensa capitais/recursos a Longo Prazo. Os juros só poderãpo ser reduzidos à medida que se faça poupança ou redução de gastos. A Copa de 2014 e as Olimpiadas 2016 estão à vista
  • vicente de paulo rodrigues de arruda | GO / Quirinópolis | 20/12/2010 08:52
    ÁGUA GELADA!
    Se esta entrevista não foi um balde de água gelada na turminha pseudocapitalista de plantão - naturalmente derrotista e contra a política do atual (e futuro) Governo, acostumada à estagnação - então eu não sei o que é. Para certas pessoas e segmentos o Estado só é bom quando injeta ($US) trilhões pelo mundo todo para encobrir incompetência e falcatruas, sem contar a ambição, desse sistema capitalista falido. Eu, como aposentado - 65 anos - nunca me senti tão bem e respeitado como no governo Lula. Esses jovens sem vivência alguma teem muita coisa para aprender. Hoje, em minha pequena cidade, faltam trabalhadores, tal a quantidade de vagas abertas, mesmo com o Sebrae, Senac e outros atuando a pleno vapor. E tem gente que consegue ser infeliz ainda. Pobrezinhos!
  • eder | PR / Foz do Iguaçu | 20/12/2010 01:38
    capitalismo
    Passei minha infância em favela e digo que as políticas sociais e um grandiosíssimo investimento em educação são quem levam um País para frente. Não a corrupção, sim a educação, não a hipocrisia, sim ao trabalho e vamos decapitar o jeitinho brasileiro, vamos abraçar o trabalho e vamos nos respeitar enquanto seres humanos. E mais: Vamos deletar o puxa-saquismo, alô patrões, valorizem o trabalho, expurguem os puxa-sacos!!!!!! Viva a verdadeira educação!!!!! (Xô corrupção!!!!)

As temperaturas do paraiso e do inferno...

Pausa para... conhecimento inútil (ou talvez útil, para quem pretende se candidatar a um dos dois lugares, ou preferencialmente ao primeiro, como soe acontecer).
De minha parte, eu preferiria ficar no limbo, mas o diabo (ops!) é que o Vaticano eliminou, alguns anos atrás, essa categoria especial das possibilidades materiais para um cético como eu, o que já suscitou minha reclamação à época (mas pretendo reclamar outra vez).
Em todo caso, fiquem com uma historinha científica que me foi repassada pelos suspeitos de sempre, esses cientistas agnósticos, que tudo querem submeter às regras da investigação baconiana.
Não se respeita mais as alegorias, que diabo (ops!, again).
Paulo Roberto de Almeida 

Repassando, para os físicos de plantão:

O Paraíso é mais quente que o Inferno
via Bule Voador por Pedro Almeida em 17/12/10
Fonte: Radiação de Fundo
Editor: Pedro Almeida

A temperatura do Paraíso pode ser calculada de forma até que bem precisa. Nossa fonte e autoridade é a Bíblia, citando Isaías 30:26, que diz sobre o Paraíso o seguinte:

E a luz da lua será como a luz do sol, e a luz do sol sete vezes maior como a luz de sete dias (…)”

Portanto, o Paraíso recebe da Lua tanta radiação quanto a Terra recebe do Sol, e, ainda por cima, recebe também 7 x 7 vezes mais radiação do que a Terra recebe do Sol (sete dias vezes sete vezes a radiação, igual a 49 vezes mais radiação). Somando, dá-se que o Paraíso recebe destes astros 50 vezes mais radiação que a Terra recebe, no total.

A luz que recebemos da Lua na Terra é 1/10.000 do que recebemos do Sol, portanto podemos ignorar esta parte, assumindo só recebermos radiação do Sol. Com estes dados, podemos calcular a temperatura do Paraíso: a radiação que é absorvida pelo Paraíso vai aquecê-lo até o ponto em que ele entrar em equilíbrio e o calor emitido por irradiação for igual ao calor recebido por irradiação, por unidade de tempo. Em outras palavras, o Paraíso perde 50 vezes mais calor que a Terra perde, por irradiação térmica. Isto implica que sua temperatura é maior que a da Terra, e pode ser calculada pela lei de quarta potência de Stefan-Boltzmann para radiação emitida/recebida por um corpo negro, em determinada temperatura, aplicada aos dois lugares e racionalizadas:

onde TP é a temperatura absoluta do Paraíso e TT é a temperatura absoluta da Terra, em Kelvins; jP e jT são os fluxos radiantes respectivos (em watts), que no caso do Paraíso é 50 vezes o da Terra, como mencionado pelo profeta (jP=50.jT).

A temperatura na Terra pode ser dita como sendo 300 K, aproximadamente (27° C). Resolvendo para TP, o valor de temperatura no Paraíso encontrado é de 798 K, ou 525° C.

A temperatura exata do Inferno não pode ser computada de forma similar, mas deve ser menos que 444,8° C, a temperatura na qual o enxofre vaporiza-se, transformando-se de líquido para gás. Para tal asserção, tomemos Apocalipse, 21:8, que diz:

Mas, quanto aos medrosos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos adúlteros, e aos feiticeiros, e aos idólatras, e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago ardente de fogo e enxofre, que é a segunda morte.”

Note que esta bela passagem inclui os ateus. Mas retomando nosso ponto, para que um lago seja constituído de enxofre derretido, é obviamente necessário que ele se encontre ainda na forma líquida e, portanto, abaixo de sua temperatura de ebulição, que é 444,8 ° C. Acima deste valor, haveria uma nuvem de vapor, e não um lago de enxofre.

Temos desta forma uma temperatura no Paraíso de 525° C. A temperatura no Inferno é inferior a este valor, 445° C aproximadamente.

Portanto, o Paraíso é mais quente que o Inferno.
Quod erat demonstrandum!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

"Doutorado" de Mercadante em versoes contraditorias: 6) Regimento da Unicamp

 Parece que as dúvidas levantadas no post precedente já estão respondidas:

Transcreve-se parte da Deliberação do Conselho Universitário A-08, de 25 de março de 2008, que dispõe sobre o Regimento Geral dos Cursos de Pós-Graduação Stricto Sensu e Lato Sensu da Unicamp, assinada pelo Magnífico Reitor José Tadeu Jorge e pela Secretária Geral Patrícia Maria Morato Lopes:

CAPÍTULO III - Dos Prazos
Artigo 12 – Excepcionalmente, por solicitação do orientador e após análise da Comissão de Pós Graduação - CPG, o aluno que teve a matrícula cancelada por prazo de integralização excedido poderá matricular-se uma única vez, exclusivamente para a realização de defesa de dissertação ou tese, que deverá ser feita no prazo de até seis meses após seu religamento, desde que, cumulativamente, preencha os seguintes requisitos:

I – tenha concluído todos os créditos;
II – tenha sido aprovado no exame de qualificação;
III – tenha concluído o trabalho de dissertação ou tese, com atestado do orientador de que completou todos os requisitos e está em condições de defesa.

Parágrafo único. É vedada a matrícula em disciplinas no período letivo regular a que se refere esse ingresso.

CAPÍTULO X - Do Cancelamento da Matrícula
Artigo 42 - O aluno terá sua matrícula automaticamente cancelada nos seguintes casos:

VIII - Se exceder o tempo máximo de integralização estabelecido no Regulamento do Programa, respeitados os dispositivos do artigo 12 deste Regimento.

§ 1° - O aluno que incorrer em uma destas hipóteses, poderá ser readmitido no Curso somente através de um novo processo de seleção. 

CAPÍTULO IV - Das Disposições Gerais e Transitórias
Artigo 81 – Poderá, em caráter excepcional, ser concedido Certificado de Curso de Pós-Graduação lato sensu¸ modalidade Especialização ou Aperfeiçoamento ao aluno de Mestrado ou Doutorado desde que atendidos os seguintes requisitos:

I - não ter concluído o curso de Mestrado ou Doutorado;

Esta Resolução, no seu artigo 84, revoga todas as disposições em contrário. É a única regra da Unicamp para os seus cursos de pós-graduação.
Conclui o Coturno Noturno:
Dentro do regulamento, Aloízio Mercadante tem direito a receber um certificado de especialização lato sensu, jamais o título de doutor. Após os quatro anos que teria direito pelo Regulamento do Programa, ele poderia postergar a defesa da tese uma única vez, por seis meses. Postergou por 20 anos, descumprindo todos os prazos regimentais. Se for diplomado como Doutor, o virtual Ministro da Ciência e Tecnologia estará cometendo um crime hediondo contra as tradições mais caras da academia nacional.  Nada muito diferente do que comprar um diploma.
===========
Addendum acrescentado em 21/01/2013, com base em matéria antiga enviada por leitor do blog:
 
CASO EXTRAORDINÁRIO - 02/03/2012 21h49 - Atualizado em 02/03/2012 21h49

As perguntas de ÉPOCA e as respostas da Unicamp sobre o doutorado de Mercadante

Entre 26 de janeiro e 16 de fevereiro [de 2012] – 21 dias – ÉPOCA e a assessoria da imprensa da Unicamp trocaram as seguintes perguntas e respostas

ÉPOCA – 26 de janeiro
1 - Qual é explicação técnico-acadêmica, dentro do Regimento Geral dos Cursos de Pós-Graduação Stricto e lato Sensu, - Deliberação CONSU-A-0008/2008, com atualizações - para a inscrição no doutorado, considerando que o mestrado foi concluído em 1989, um intervalo, portanto, de 20 anos? Em que artigo/artigos desse regulamento o caso se enquadra?
2 - Durante a defesa da tese, o doutorando afirmou que, "depois de 12 anos" afastado da universidade, "pedi a reabertura de minha matrícula aqui na Unicamp". Pergunto:
- Qual é a data e o teor deste pedido?
- Para qual instância ele foi encaminhado?
- Qual foi o trâmite interno até a aprovação?
- Quem (órgão e titular) tomou a decisão de aprovar o pedido - e qual é a argumentação técnica que respaldou essa decisão?
- Como e quando se deu, na prática, o retorno ao doutorado?
- O doutorando já tinha cursado as disciplinas no passado? Quais e quando?
- Quando, exatamente, ocorreu o exame de qualificação do doutorando, onde foi realizado e quais os integrantes da banca?
- Qual é a explicação, dentro dos regulamentos da Unicamp, para o fato, citado pelo próprio doutorando, na defesa, de o tema da tese ter sido precedido por dois livros a respeito do mesmo assunto? (Pergunta baseada no parágrafo 3, do artigo 31, da Deliberação citada: "Entende-se por tese de doutorado o trabalho supervisionado que resulte em contribuição original em domínio de conhecimento determinado)
3 - Data de entrada e saída do mestrado?
4 - Tempo em que foi professor do IE (Instituto de Economia), e em quais disciplinas?

NOTA DA UNICAMP - 27 de janeiro
A propósito da relação do Ministro Aloizio Mercadante com a Universidade Estadual de Campinas, Unicamp, temos a informar o seguinte:

1. O Ministro Aloizio Mercadante é docente do Departamento de Teoria Econômica do Instituto de Economia (IE) da Unicamp. Concluiu o mestrado em agosto de 1989 e ingressou no curso de doutorado em Economia (Área Economia Social e do Trabalho) em 03/1995, quando o prazo de integralização era de 6 (seis) anos.

2. Em função dos mandatos parlamentares (Deputado e Senador) que exerceu de 01/02/99 até 2010, o prazo de integralização do curso foi excedido em 02/2001, razão pela qual sua matrícula foi interrompida.

3. Em 23/10/2009 o orientador do doutorando, Prof. Mariano Francisco Laplane, solicitou sua readmissão nos termos da Resolução Comissão de Pós-Graduação (CPG) Nº 02/2000, de 25/04/2000. A referida Resolução estabelece que a readmissão de alunos de pós-graduação desligados por exceder o prazo de integralização poderá ser solicitada pelo orientador por meio de carta à CPG, acompanhada de exemplar de uma primeira versão completa da dissertação ou tese. O trabalho do candidato deve ser submetido a uma Comissão composta por três docentes do IE designados pela CPG. O parecer da Comissão será submetido à CPG, a qual poderá determinar a readmissão do can didato.

4. Em 04/12/2009 a Comissão, composta pelos professores Paulo Baltar, Pedro Paulo Bastos e Fernando Sarti, exarou parecer favorável à readmissão do Prof. Mercadante, com base no qual a CPG autorizou a readmissão. Foi readmitido em 01/03/2010, no início do primeiro semestre do corrente, e realizou Exame de Qualificação em 06/05/2010. A banca de qualificação foi composta pelos professores Mariano Laplane, Fernando Sarti e Paulo Baltar.

5. Em 17/11/2010 foi encaminhado à Diretoria Acadêmica (DAC) o processo de agendamento da defesa da tese em 17/12/2010. A Comissão Examinadora foi composta por especialistas de elevado reconhecimento acadêmico e rica experiência na formulação de política econômica (tema central da tese): Prof. Antônio Delfim Neto, Prof. Luiz Carlos Bresser Pereira, Prof. Ricardo Abramovay e Prof. João Manuel Cardoso de Mello.

6. As teses de Doutorado da Unicamp exigem que o autor comprove o desenvolvimento de um trabalho possuidor de mérito acadêmico e originalidade. É responsabilidade da Comissão Examinadora do Doutorado avaliar o mérito e originalidade da tese em julgamento. As Comissões Examinadoras na Unicamp são constituídas por cinco membros titulares, todos possuidores, no mínimo, do Título de Doutor. As Comissões Examinadoras são presididas pelo orientador da tese sendo que, excluído o orientador, pelo menos metade dos membros são externos ao respectivo Programa de Pós-Graduação e à Unicamp, conforme estabelece a Deliberação CONSU-A-008/2008, de 25/03/2008, que dispõe sobre o Regimento Geral dos Cursos de Pós-Graduação Stricto Sensu e Lato Sensu.

ÉPOCA – 27 de janeiro
Qual era o tema do doutorado, especificamente, quando começou?

NOTA DA UNICAMP - 1 de fevereiro
1) A Unicamp esclarece que os exemplares das versões completas de dissertação ou tese entregues para readmissão dos candidatos nos seus Programas de Pós-Graduação podem sofrer aprimoramentos resultantes da interação do doutorando com seu orientador e também como resultado das sugestões apresentadas pelos membros da Banca de Qualificação. O exemplar apresentado e avaliado no momento da defesa de tese não necessariamente é idêntico à versão submetida junto ao pedido de readmissão do candidato.

2) Informamos, ainda, que os documentos em referência somente poderão ser fornecidos para consulta com a prévia autorização do aluno, ante a disposição expressa do artigo 5º, inciso 10 da Constituição Federal, que confere proteção à intimidade e à vida privada. Já a tese finalizada e homologada consta do Banco de Teses da Biblioteca Digital e poderá ser consultada por qualquer cidadão.

ÉPOCA – 2 de fevereiro
ÉPOCA entende que a Unicamp não quis responder perguntas legítimas e objetivas necessárias ao completo esclarecimento da questão. Qual seja: o processo de obtenção do título de doutor em Ciência Econômica do pós-graduando Aloizio Mercadante.
Em mais uma tentativa de obter esclarecimentos, que são do interesse público, ÉPOCA enumera as questões sem resposta:
1 - Como naquela época o tema da tese que foi defendida em dez de 2010 sequer existia - no caso, o governo Lula - qual era a tese do aluno Aloizio Mercadante quando ele entrou no doutorado, e quem era o orientador naquela época?
2 - Como foi possível trocar o tema da tese - e como esse procedimento, se existente, se enquadrou nos regulamentos da Unicamp?
3 - No caso de ter havido troca de orientador - como esse procedimento se enquadrou nos regulamentos da Unicamp?

4 – No caso de ter ocorrido mudança de área de concentração, os regulamentos da Unicamp dizem que: “Para alunos de doutorado a mudança de orientação deverá ser solicitada antes de ser feito o Exame Geral; Para mudança de área de concentração o aluno deverá fazer a solicitação por escrito e justificada ao Coordenador de Pós-Graduação, com um "de acordo" do orientador.”
Pergunta: houve mudança de área de concentração no caso em questão? Se sim, ela cumpriu essas exigências? Se sim, em que data foi solicitada e quais são os documentos que mostram isso?
5 - Qual foi, afinal, a primeira versão da tese apresentada pelo candidato no momento do pedido da readmissão, exigência do regulamento para a readmissão? Qual era o título? Quantas páginas tem? A Unicamp pode apresentar uma cópia?

6 – Os regulamentos da Unicamp dizem que o doutorando deve fazer dois exames de qualificação. É o que se lê no regulamento:
“O aluno de doutorado deverá fazer dois exames - o exame de qualificação geral e o de área. O primeiro deverá ser feito até o término do 3º semestre letivo, após o ingresso no curso e o segundo com, no mínimo, três meses de antecedência à defesa da tese de doutorado.
Na primeira nota, a Unicamp só informou sobre um exame. O outro não foi feito? Se foi, quando e com que banca?
7 - Se cabe a Unicamp zelar pelo cumprimento de seus regulamentos, cabe à Unicamp, independentemente de aprovação do aluno, responder com transparência todas as perguntas que lancem dúvidas sobre o processo de obtenção do título - que é justamente do que se trata aqui. O que isso tem a ver com a "intimidade e a vida privada" do aluno? Só se trata de esclarecer, diante de tantas e gritantes lacunas, se o título foi concedido dentro da lei e dos regulamentos desta universidade.
8 - ÉPOCA insiste, em nome da transparência e do interesse público, que a Unicamp responda a todas essas questões, sem prejuízo de outras que necessitem ser formuladas.
ÉPOCA reitera o pedido de acesso a todos os documentos relativos ao processo de readmissão e seus desdobramentos.

NOTA DA UNICAMP – 2 de fevereiro
1 - A Unicamp reitera que a readmissão do ministro Aloizio Mercadante no doutorado seguiu as normas do programa de Pós-Graduação do Instituto de Economia.

2 - As questões formuladas adicionalmente foram encaminhadas à Pró-Reitoria de Pós-Graduação e à direção do Instituto de Economia, e serão respondidas pontualmente até o início da próxima semana, prazo esse necessário para reunir os dados e informações solicitados.

NOTA DA UNICAMP  – 6 de fevereiro
1. Com relação às questões 1 e 2, esclarecemos que no Regimento Geral dos Cursos de Pós-graduação (Deliberação CONSU 008/2008) e no Regimento da Pós-graduação do IE não há nenhum impedimento para a mudança do título e do tema do projeto de tese de doutorado e dissertação de mestrado, após o ingresso no programa de pós-graduação. A mudança de título, escopo e tema do projeto pode ser proposta pelo aluno a qualquer momento, em acordo com seu orientador, pelo próprio orientador ou pela banca de qualificação. No Programa de Pós-graduação do IE os candidatos apresentam um projeto inicial no momento do ingresso, mas é usual que o tema mude ao longo da progressão do aluno no curso.

2. Com relação à questão 3, esclarecemos que no Regimento Geral dos Cursos de Pós-Graduação (Deliberação CONSU 008/2008) no seu artigo 50, parágrafo terceiro, consta que é permitido a substituição do orientador. Esclarecemos também que no Regimento da Pós-graduação do IE não há nenhum impedimento para a mudança de orientador. A mudança na orientação pode ser proposta pelo orientando ou pelo orientador, desde que haja entendimento entre as partes ou autorizada pela coordenação de pós-graduação. No caso em questão, o Ministro Aloízio Mercadante Oliva ingressou em março de 1995 no curso de Doutorado em Economia, sob a orientação da Profa. Maria da Conceição Tavares até seu egresso com o término do prazo de integr alização: fevereiro de 2001. Posteriormente, durante o período de reingresso (março de 2010), de qualificação (maio de 2010) e de defesa da tese (dezembro de 2010), a orientação ficou sob a responsabilidade do Prof. Mariano Laplane (para os procedimentos adotados e prazos ver Nota da UNICAMP de 27 de janeiro de 2012).

3. Com relação à questão 4, esclarecemos que no Regimento Geral dos Cursos de Pós-Graduação (Deliberação CONSU 008/2008) e no Regimento da pós-graduação do IE não há nenhum impedimento para a mudança de área de concentração no mestrado ou doutorado, desde que haja entendimento do orientador ou da coordenação de pós-graduação. No caso em questão, o Ministro Aloízio Mercadante Oliva ingressou em março de 1995 no curso de Doutorado em Economia na área de concentração de Política Social (ver Nota Explicativa da UNICAMP de 27 de janeiro de 2012). E sclarecemos ainda que não houve nenhuma mudança de área de concentração entre o ingresso (março de 1995), reingresso (março de 2010), qualificação (maio de 2010) e def esa da tese de doutorado em 17/12/2010 (para os procedimentos adotados e prazos ver Nota da UNICAMP de 27 de janeiro de 2012).

4. Com relação à questão 5, conforme Nota da UNICAMP à Revista ÉPOCA de 01 de fevereiro de 2012, a UNICAMP esclarece novamente que os exemplares das versões completas de Dissertação ou Tese entregues para readmissão dos candidatos nos seus Programas de Pós-Graduação podem sofrer aprimoramentos resultantes da interação do doutorando com seu orientador e também como resultado das sugestões apresentadas pelos membros da Banca de Qualificação. O exemplar apresentado e avaliado no momento da defesa de tese não necessariamente é idêntico à versão submeti da junto ao pedido de readmissão do candidato.

5. Também como já informado em Nota da UNICAMP de 01 de fevereiro de 2012, o IE e a UNICAMP mantém cópias das versões finais das teses de doutorado e dissertações de mestrado, que estão disponíveis para a consulta pública na Biblioteca do IE e/ou no banco de Teses da Biblioteca Digital da Biblioteca Central da UNICAMP. Esclarecemos que não é praxe e nem exigência o arquivamento por parte da Instituição de versões anteriores à versão final.

6. Com relação à questão 6, esclarecemos que no Regimento Geral dos Cursos de Pós-Graduação (Deliberação CONSU 008/2008) em seu Artigo 20 consta que “para obter o grau de Mestre ou de Doutor, o aluno deverá realizar, no mínimo, dois tipos de atividades: ser aprovado em exame (s) de qualificação e elaborar uma Dissertação ou Tese e, de acordo, com o Programa, cursar ou não disciplinas”. Também no seu artigo 32 consta que “antes da defesa da Dissertação ou da Tese, o candidato deverá cumprir as seguintes exigências: I. totalizar os créditos exigidos no Regulamento do Programa, fixados no Catálogo dos Cursos de Pós-graduação; II. Ser aprovado no (s) Exame (s) de Qualificação, segundo as normas e conteúdos estabele cidos no regulamento do Programa; III. Ter demonstrado aptidão em pelo menos uma língua estrangeira”. Esclarecemos ainda que o Programa de pós-graduação do IE realiza um único exame de qualificação para as defesas de teses de doutorado e dissertações de mestrado. Portanto não há por parte do Regimento da UNICAMP nem por parte do Regimento do IE exigência de realização de duas qualificações (geral e de área). Esclarecemos ainda, conforme Nota da UNICAMP à Revista ÉPOCA de 27 de janeiro de 2012, que o ministro Aloízio Mercadante Oliva realizou seu exame de qualificação em maio de 2010 e que a banca de qualificação foi composta pelos professores Mariano Laplane (orientador), Fernando Sarti e Paulo Baltar. E mais, que todas as demais exigências expressas nos Artigos 20 e 32 do Regimento Geral dos Cursos de Pós-Graduação (Deliberação CONSU 008/2008) foram rigorosamente atendidas.

7. Conforme a Nota da UNICAMP à Revista ÉPOCA de 02 de fevereiro de 2012, a Unicamp reitera que a readmissão do ministro Aloízio Mercadante Oliva no doutorado seguiu as normas do programa de Pós-Graduação do Instituto de Economia. Importante ressaltar que a readmissão está prevista no Regimento Geral dos Cursos de Pós-Graduação (Deliberação CONSU 008/2008) em seus artigos 11 e 12. Por fim, a Unicamp reitera a disposição de sempre informar a sociedade, dentro dos limites das disposições legais e respeitando o direito à privacidade dos interessados, e que permanece, como sempre, à disposição para novos esclarecimentos.

ÉPOCA – 6 de fevereiro
ÉPOCA solicita acesso a toda documentação relativa ao ingresso no doutorado, para o que se dispõe a estar aí, como já colocado antes.

(E pergunta):
- O nome da tese que foi proposta na entrada para o doutorado (orientado por Maria da Conceição Tavares)
- Se a Unicamp pode citar e comprovar pelo menos um outro exemplo de um pós-graduando do doutorado que tenha, simultaneamente, 1) trocado de tese; 2) trocado de orientador; 3) não apresentado "uma primeira versão completa da tese", como determinado na Resolução 02/2000.
- Em relação a este último ponto, foi a própria Unicamp, em sua primeira nota de 27 de janeiro, que escreveu que:
"Em 23/10/2009, o orientador do doutorando (...) so licitou sua readmissão nos termos da Resolução Comissão de Pós-Graduação (CPG) n 2/2000. A referida Resolução estabelece a readmissão de alunos de pós-graduação desligados por exceder o prazo de integralização poderá ser solicitada pelo orientador por meio de carta à CPG, ACOMPANHADA DE EXEMPLAR DE UMA PRIMEIRA VERSÃO COMPLETA DA DISSERTAÇÃO OU TESE etc.”
A óbvio entendimento, a entrega desta primeira versão completa da tese é obrigatória, é exigência preliminar para o pedido de readmissão. As respostas até aqui, a esse respeito, nos levam ao entendimento de que essa exigência não foi cumprida. Nesse sentido, para evitar mal entendidos, ÉPOCA volta a perguntar:
- O candidato entregou ou não entregou esta "primeira versão completa" da tese? Sim ou não?
- A Unicamp pode mostrá-la, assim como a carta do orientador pedindo o reingresso, e o relatório ou documento equivalente da comissão que exarou parecer favorável à redmissão, assim como o documento da CPG que referendou esse parecer?
- Poderiam informar os componentes da banca de mestrado do pós-graduando, defendida em maio de 1989? (Os nomes não constam na dissertação disponível on line)
ÉPOCA reitera a disposição de comparecer à Unicamp para conhecer a documentação já solicitada a respeito do caso.

ÉPOCA – 7 de fevereiro
O que dizia o regimento geral dos cursos de pós graduação, vigente em 1989, sobre a definição de mestrado? Seria a mesma definição do hoje vigente:
“Entende-se por dissertação de mestrado o trabalho supervisionado que demonstre capacidade de manejo adequado das técnicas mais avançadas de investigação científica,tecnológica ou artística disponíveis em domínio do conhecimento determinado”
Ou era diferente?

NOTA DA UNICAMP – 15 de fevereiro

1) A Unicamp reitera que o processo de doutoramento do professor Aloízio Mercadante, como todos os demais processos de pós-graduação desta Universidade, cumpriu os requisitos exigidos pelo Regimento Geral dos Cursos de Pós-Graduação.

Informamos, ainda, que, segundo orientação da Procuradoria Geral da Universidade, os documentos relativos a qualquer aluno da Unicamp somente poderão ser disponibilizados ao público mediante autorização do aluno.

ÉPOCA  – 16 de fevereiro
Diante do não esclarecimento de várias questões, ÉPOCA entende que a Unicamp não conseguiu demonstrar que o processo de doutoramento do professor Aloizio Mercadante cumpriu os requisitos exigidos pelo Regimento Geral dos cursos de pós graduação, antes pelo contrário. Entende, também, que as perguntas são de interesse público, e que cabe principalmente à Unicamp respondê-las, independentemente de autorização do pós-graduado em questão.

NOTA DA UNICAMP – 16 de fevereiro
A Unicamp reitera que o processo de doutoramento do professor Aloízio Mercadante cumpriu os requisitos exigidos pelo Regimento Geral dos Cursos de Pós-Graduação.

ÉPOCA – 16 de fevereiro
Perfeitamente claro, como será registrado, "que a Unicamp reitera que o processo de doutoramento do professor Aloizio Mercadante cumpriu os requisitos exigidos pelo Regimento Geral dos Cursos de Pós-Graduação". O que ÉPOCA dirá, reiterando, é o que está dito na resposta anterior.

"Doutorado" de Mercadante em versoes contraditorias: 5) Paulo Roberto de Almeida

Sem ofensas, nem comentários subjetivos: apenas as regras, as normas da Capes que regem doutoramentos.

Qualquer doutorando, qualquer professor universitário, aliás qualquer cidadão (inclusive procuradores e consultores jurídicos da Capes) poderia inquirir quanto a um fato muito simples: o "doutor" em questão cumpriu todos os requisitos formais para que fosse constituída uma banca de defesa de sua suposta tese?
O Departamento de Economia da Unicamp teria de demonstrar que esses requisitos estabelecidos pela Capes foram efetivamente cumpridos, inclusive quanto a prazos e outras normas aplicáveis.
Se houve alguma infração a essas regras, esse título pode ser considerado irregular, ou até ilegal, e ser cancelado.
E os autores da farsa poderiam ser processados e sancionados com base nos estatutos que regem a Unicamp e qualquer outra universidade quanto à concessão de títulos acadêmicos.
Não se trata, portanto, apenas de uma campanha, um pouco na galhofa, de "Devolva o Doutorado". Trata-se de um processo provavelmente eivado de irregularidades que deveria ser investigado.
Paulo Roberto de Almeida

"Doutorado" de Mercadante em versoes contraditorias: 4) Coturno Noturno

Temos de reconhecer a precedência do "Coturno Noturno: o Blog do Coronel" quanto aos alertas sobre esse "doutoramento": desde o dia 6 de dezembro.
Antes de transcrever os links, cabe recordar que a Unicamp deve ter desrespeitado todas as regras da Capes que regem prazos e outros requisitos para um título de doutor, inclusive quanto ao inedetismo da "tese" e outras questões formais e de conteúdo.
Paulo Roberto de Almeida 

Blog Coturno Noturno



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Educacao no Brasil: debate no GloboNews Painel

Ver o vídeo em: http://globonews.globo.com/Jornalismo/GN/0,,MUL1636693-17665-312,00.html

Especialistas debatem o novo plano de educação no país

Uma boa educação pública iguala as oportunidades.

A educação é importante para o país, para a sociedade, na medida em que forma bons profissionais que são mais produtivos. E profissionais mais produtivos contribuem para o crescimento da economia. Uma boa educação pública iguala as oportunidades, faz com que todos tenham a mesma chance na vida. Para tratar deste tema, foram convidados o educador Mozart Neves Ramos; a diretora executiva da Fundação Lemann, Ilona Becskeházy; e e a diretora da Fundação Tide Setúbal, Maria Alice Setúbal.

O convidados analisam a metologia aplicada nas escolas e universidades brasileiras. O educador Mozart Neves Ramos destacou que o mais importante atualmente é a interação em sala de aula. Segundo os participantes da discussão, o papel do professor é fundamental. Ele precisa tornar a aula atrativa, usar novas tecnologias pra trazer o aluno para a discussão.

Evolucao: do BRIC ao BRINC...

Não se trata de um jogo de palavras, nem de brincadiera, mas de realidade. Vejam:

Nigéria pode ser 1º país africano a integrar Bric
Portal Terra, 13/12/2010 - 13h28

A África do Sul, maior economia do continente, está ansiosa para a elevação ao status de Bric (acrônimo para Brasil, Rússia, Índia e China), cobiçado pelos mercados emergentes, mas investidores dizem que a Nigéria é a candidata mais provável do continente, ainda que a promoção a qualquer um esteja um pouco distante.
O presidente russo, Dmitry Medvedev, disse na reunião do G20 no mês passado na Coréia do Sul que a África do Sul está "pronta" para participar do Bric.
Turquia, México e Indonésia são países na mira de investidores para também complementarem o Bric, que abocanhou uma grande fatia de investimento direcionado aos mercados emergentes nos últimos anos devido à sua influência, crescimento e impacto na economia global.
Mas a África do Sul, rica em recursos naturais e um dos países de maior crescimento no mundo, tem se transformado num foco para investidores que procuram rendimentos elevados por um longo período.
Os fluxos de investimento para a Nigéria são muito pequenos em comparação à África do Sul. A Nigéria viu fluxos de capital no montante de apenas US$ 216 milhões nos primeiros dez meses deste ano, ante US$ 3,4 bilhões direcionados à África do Sul, de acordo com a EPFR, empresa que acompanha dados de fundos.




"Doutorado" de Mercadante em versoes contraditorias: 3) Reinaldo Azevedo

 O jornalista de oposição ReinaldoAzevedo lança uma nova campanha...

ESTE BLOG LANÇA MAIS UMA CAMPANHA CÍVICA: “MERCADANTE, DEVOLVA O DOUTORADO”
 Reinaldo Azevedo, 20/12/10

No dia 16 de agosto de 2006, este blog surpreendia o mundo (!!!) com o post Mercadante doutor pela Unicamp? É mentira!. Pois é… Estava lá na sua biografia, e ele repetia essa inverdade no horário eleitoral. Teve de se corrigir logo depois, acrescentando que havia cursado apenas “um ano”, sem entregar a tese. Era um falso doutor. Na semana passada, ele corrigiu a questão no “cartório” da Unicamp. E continua um falso doutor.

Como vocês devem ter lido, ele apresentou uma “tese” sobre o… governo Lula! Convidou para a banca Delfim Netto, João Manoel Cardozo de Mello, Luiz Carlos Bresser Pereira e Ricardo Abramovay. E deitou falação à vontade em defesa das conquistas do governo Lula, em tom de comício, atacando, como não poderia deixar de ser, o governo FHC. Até os camaradas ficaram um tanto constrangidos e se viram obrigados a algumas ironias.

Informou a Folha no sábado:
Coube ao ex-ministro Delfim Netto, professor titular da USP, a tarefa de dar o primeiro freio à pregação petista. “Esse negócio de que o Fernando Henrique usou o Consenso de Washington… não usou coisa nenhuma!, disse, arrancando gargalhadas. “Ele sabia era que 30% dos problemas são insolúveis, e 70% o tempo resolve.” Irônico, Delfim evocou o cenário internacional favorável para sustentar que o bolo lulista não cresceu apenas por vontade do presidente. “Com o Lula você exagera um pouco, mas é a sua função”, disse. “O nível do mar subiu e o navio subiu junto. De vez em quando, o governo pensa que foi ele quem elevou o nível do mar…”

“O Lula teve uma sorte danada. Ele sabe, e isso não tira os seus méritos”, concordou João Manuel Cardoso de Mello (Unicamp), que reclamou de “barbeiragens no câmbio” e definiu o Fome Zero como “um desastre”. À medida que o doutorando rebatia as críticas, a discussão se afastava mais da metodologia da pesquisa, tornando-se um julgamento de prós e contras do governo. Só Luiz Carlos Bresser Pereira (USP) arriscou um reparo à falta de academicismo da tese: “Aloizio, você resolveu não discutir teoria…”. Ricardo Abramovay (USP) observou que o autor “exagera muito” ao comparar Lula aos antecessores. “Não vejo problema em ser um trabalho de combate”, disse. “Mas você acredita que o país estaria melhor se as telecomunicações não tivessem sido privatizadas?”

Ridículo
Mercadante, um homem destemido, comprovadamente sem medo do ridículo, não teve dúvida: respondeu a questão — ou melhor: não respondeu — atacando o preço dos pedágios em São Paulo!!! E saiu de lá com o título de “doutor”, conquistado com uma peroração de caráter puramente político. E ATENÇÃO PARA O QUE VEM AGORA.

COMO SABEM TODOS OS JORNALISTAS DE ECONOMIA DESTEPAIZ, Mercadante se esforçou brutamente ao longo de 2003 para derrubar Antônio Palocci. Não houve repórter da área a quem não tenha dado um off pregando o que se chamava, então, “Plano B” na economia. E, agora, faz-se doutor defendendo o que combateu. Um portento.

Grande momento
No sábado, o economista Alexandre Alexandre Schwartsman escreveu um post em seu blog, Mão Visível, que faço questão de reproduzir aqui — aliás, a ilustração e a legenda também vêm de lá. Leiam. Volto em seguida.

Minha primeira reação à defesa de tese do Mercadante foi, confesso, de escárnio. Pensei: “se restava ainda alguma dúvida que um doutorado em Economia [corrigi depois que fui alertado] pela Unicamp e nada fossem a mesma coisa, o senador a dirimiu e, com isso, finalmente fez alguma coisa servindo ao interesse público”.

Entretanto, a conclusão lógica é bem pior do que minha afirmação (não que ela deixe de ser verdadeira, longe disso). A rigor, se ele conseguiu o título de doutor em Economia “defendendo” uma tese que consiste numa inédita homenagem à sabujice, para que vale o título mesmo?

A mensagem (apropriada para que demonstra tamanha subserviência a um presidente que, sempre que pode, louva sua própria falta de educação) é simples e direta: todos vocês que ralaram para completar seus doutorados, passando noites em claro, conciliando (como vi de perto) a necessidade de trabalhar com a ambição de terminar uma tese, são uns otários.

Basta colocar no papel uns tantos elogios ao governante de plantão, juntar meia dúzia de compadres dispostos a participar da farsa, achar um departamento que se sujeite a este tipo de coisa e, parabéns, você é o mais novo doutor em Economia do Brasil, sem ter feito qualquer, minúscula, mísera migalha de contribuição para o desenvolvimento da ciência. De quebra, desmoralizou um título que muita gente boa teve que trabalhar duro para conquistar.

Talvez dê para descer um pouco mais, mas, sinceramente, vão ter que se esforçar.


Voltei
Bem, meus caros, o que resta a este blog? Lançar mais uma campanha cívica, de caráter nacional: “MERCADANTE, DEVOLVA O DOUTORADO”!

"Doutorado" de Mercadante em versoes contraditorias: 2) Alexandre Schwartzman

Um verdadeiro doutor em economia que já foi diretor de assuntos internacionais do Banco Central:


Vergonha

Alexandre Schwartzman
Blog A Mão Visível, sábado, 18 de dezembro de 2010

Minha primeira reação à defesa de tese do Mercadante foi, confesso, de escárnio. Pensei: “se restava ainda alguma dúvida que um doutorado em Economia [corrigi depois que fui alertado] pela Unicamp e nada fossem a mesma coisa, o senador a dirimiu e, com isso, finalmente fez alguma coisa servindo ao interesse público”.


Entretanto, a conclusão lógica é bem pior do que minha afirmação (não que ela deixe de ser verdadeira, longe disso). A rigor, se ele conseguiu o título de doutor em Economia “defendendo” uma tese que consiste numa inédita homenagem à sabujice, para que vale o título mesmo?

A mensagem (apropriada para que demonstra tamanha subserviência a um presidente que, sempre que pode, louva sua própria falta de educação) é simples e direta: todos vocês que ralaram para completar seus doutorados, passando noites em claro, conciliando (como vi de perto) a necessidade de trabalhar com a ambição de terminar uma tese, são uns otários.

Basta colocar no papel uns tantos elogios ao governante de plantão, juntar meia dúzia de compadres dispostos a participar da farsa, achar um departamento que se sujeite a este tipo de coisa e, parabéns, você é o mais novo doutor em Economia do Brasil, sem ter feito qualquer, minúscula, mísera migalha de contribuição para o desenvolvimento da ciência. De quebra, desmoralizou um título que muita gente boa teve que trabalhar duro para conquistar.

Talvez dê para descer um pouco mais, mas, sinceramente, vão ter que se esforçar.

"Doutorado" de Mercadante em versoes contraditorias: 1) Luis Nassif

Da coluna do jornalista adesista Luis Nassif:

A tese de doutorado de Mercadante

Coluna Econômica - 20/12/2010

Apresentada na sexta-feira no Instituto de Economia da Unicamp, a defesa de tese de doutorado do senador Aloizio Mercadante foi um bom momento para se discutir os caminhos da teoria econômica brasileira, do desenvolvimento (bandeira da velha Cepal, Comissão Econômica para a América Latina) ao neoliberalismo. Isso em um momento em que os rumos da política econômica parecem superar a velha dicotomia – presente na economia brasileira desde as discussões históricas entre Roberto Simonsen e Eugênio Gudin, nos anos 40.

***
Baseio-me no minucioso relato da sessão postado por Marcelo Fantaccini Brito no Portal Luís Nassif (http://ning.it/eKTxjb).

O trabalho de Mercadante consistiu em um balanço de oito anos do governo Lula, período caracterizado por ele como “novo desenvolvimentismo” – um conjunto de conceitos que começa a ganhar forma a partir de 2004.

A banca foi heterogênea. Originalmente incluía João Manuel Cardoso de Mello e (da escola cepalina), Luiz Carlos Bresser-Pereira (um dos arautos do novo desenvolvimentismo), o ex-Ministro Delfim Netto (de uma escola que poderia ser chamada de fiscalista-desenvolvimentista) e Ricardo Abramovay, da USP.

***
Em uma exposição de 45 minutos, Mercadante defendeu a tese de que Lula conseguiu se diferenciar do nacional-desenvolvimentismo que dominou o período 1930-1980, e do neoliberalismo de Collor-FHC, através de quatro eixos principais: 1) modelo de desenvolvimento econômico comandado pelo desenvolvimento social, no qual o motor da economia passou a ser o mercado de consumo de massas; 2) fortalecimento da democracia; 3) inserção externa soberana e 4) nova política energética, principalmente após a descoberta do pré-sal.

Incluiu nas análises as políticas macroeconômica, científica, ambiental e educacional e analisou prioridades que ficaram para o próximo governo.

***
Embora avaliando positivamente a tese, houve discordâncias quanto a algumas ênfases. No fato de ter realçado mais aspectos positivos do que negativos no governo Lula – e aí fica difícil separar o economista do político -, assim como ter exagerado ao ver em 2002 um ano de ruptura, minimizando a continuidade em relação aos governos anteriores.

Também pouco destaque dado ao fato de que o governo Lula foi beneficiado por uma conjuntura internacional favorável, de 2003 a 2008 – por conta do crescimento da China.

Aliás (e aí a observação é minha), ponto interessante seria analisar como teria se saído o país no período da bonança (2003-2008) e no período da crise (2008-2010), caso vigorasse ainda o modelo fundamentalmente de mercado da era FHC.

***
Conta Fantaccini que ao comentar a avaliação de Mercadante da política científica e tecnológica do governo Lula, Delfim Netto afirmou que a Embrapa já existia desde 1970 e a Embraer desde 1967. Lembrou que as exportações continuam paradas, como proporção das exportações mundiais. E que o desenvolvimento alicerçado no social teve seu ponto de partida na Constituição de 1988.

Para Abramovay, a tese minimizou a importância das privatização de FHC.

Lula = Mao; FHC = Deng - Carlos Alberto Sardenberg

Lula é o nosso Mao; FHC, o nosso Deng
CARLOS ALBERTO SARDENBERG
O Estado de S.Paulo, 19 de dezembro de 2010

Quando um governante tem ampla aprovação popular, decorre daí que está fazendo a coisa certa? Depende do que se entende pela coisa certa, é claro, mas a relação não é direta. É possível que um líder tenha prestígio enquanto faz uma administração absolutamente desastrosa, e isso vale tanto para os eleitos quanto para os ditadores.

O exemplo mais evidente é o de Mao. Até hoje a China reverencia o "grande líder", que, entretanto, conduziu o País a grandes desastres: fome matando milhões, economia arrasada, assassinatos em massa, torturas. Já a potência econômica de hoje foi fundada por Deng Xiao Ping, aliás, ele próprio prisioneiro durante a revolução cultural maoista. Mas é a imagem de Mao que se vê por toda parte.

Agitação e propaganda são boa parte da explicação. Governantes bem-sucedidos na admiração popular têm isso em comum, a capacidade de falar diretamente às pessoas e vender gato por lebre. Criam slogans simples e de imediata compreensão, lançam um plano atrás do outro, não importa se o primeiro foi simplesmente abandonado. Tudo apoiado pelos instrumentos da propaganda.

Nas ditaduras é mais fácil. Como disse Lula no lançamento de seu balanço, no mundo todo os jornais não falam bem do governo, exceto na China e em Cuba. Verdade. O problema é que Lula fez esse comentário em tom de reclamação, como se, na democracia, com imprensa livre, tivesse que gastar muita energia e dinheiro (pagando publicidade na mídia) para passar a sua verdade.

Mas o fato é que Lula foi muito bem nesse quesito. Passou seu governo inteiro no palanque, anunciando planos e mais planos, metas e mais metas, inaugurando várias vezes a mesma obra. Uma parte da imprensa simplesmente aderiu ou foi obrigada a isso pelo volume das verbas oficiais de publicidade. A imprensa livre e independente, apesar das reclamações do presidente, sempre cobriu essas atividades, o que ampliou os palanques.

A Ferrovia Transnordestina é um caso exemplar: foi lançada e "inaugurada" cinco vezes, sempre apresentada pelo presidente como sua obra especial. Prometida para este final de ano, tem menos de 100 km prontos, para um projeto de quase 3 mil. Nada disso impediu que a obra aparecesse como resultado de sucesso na prestação de contas de Lula, aquela registrada em cartório. Claro que o texto não diz que a obra está pronta, mas, sim, em execução, que foi viabilizada "pela primeira vez", sem nenhuma referência aos atrasos e problemas que ainda enfrenta.

Ou seja, não é prestação de contas, mas pura propaganda. Lula não perde a oportunidade de alardear sua elevada popularidade, suas virtudes de operário-presidente. Sua turma também. É o maior presidente de todos os tempos, disse uma vez Dilma Rousseff. E, quando criticado por esses excessos, Lula joga na cara dos críticos: o País nunca cresceu tanto, a renda aumentou, a pobreza diminuiu e o mundo respeita o Brasil. Por que ele não pode se vangloriar desses feitos?

Eis a quase-verdade (ou, claro, quase-mentira). É verdade que o País está de novo num bom momento. Mas não é verdadeira a conclusão que Lula tira disso: que isso tudo só está acontecendo porque ele é o presidente.

Basta olhar em volta. Os países emergentes em geral descreveram trajetória igual à brasileira: estabilidade macroeconômica construída nos anos 90 e, especialmente no período 2003/08, os benefícios de uma onda de prosperidade mundial que elevou espetacularmente os preços de nossos produtos de exportação, trazendo abundância de dólares. Na crise do final de 2008/09, o mesmo desempenho: dois ou três meses de recessão, seguidos de forte recuperação, situação atual.

No conjunto, todos os emergentes cresceram forte, acumularam reservas internacionais e têm hoje o mesmo problema da moeda local valorizada (exceto a China, que mantém sua moeda desvalorizada, um caso à parte). Mas reparem: nos anos dourados, 2003/08, o País cresceu menos que os emergentes em geral e menos que a média latino-americana.

Todos reduziram a pobreza e em todos se formaram novas classes médias. E grande parte dos países tem programas sociais tipo Bolsa-Família. O Chile Solidário, por exemplo, para ficar na América Latina.

Mas por que o Brasil se tornou tão festejado no mundo? Ora, porque o Brasil, estável, é um enorme país, de amplas oportunidades econômicas. Isso já aconteceu antes na história deste país.

Isso é o lulismo: estabilidade macroeconômica ortodoxa, uma onda mundial favorável, um setor privado (agronegócio e mineração) capaz de atender à demanda global e dinheiro público para gastar com as diversas clientelas, dos mais pobres até as grandes empreiteiras. Um bom momento inflado pelo presidente no palanque.

O problema é que esse tipo de propaganda esconde os problemas. No que o Brasil é diferente dos demais emergentes importantes? É pelo pior: o País continua consumindo mais do que produz, investe menos que a média emergente (sim, com PAC e tudo, continua investindo menos de 20% do PIB), cobra impostos demais de suas empresas e pessoas, tem ainda a taxa de juros mais alta do mundo, um gasto público exagerado e ineficiente, uma bomba-relógio na Previdência.

O governo Lula simplesmente empurrou esses problemas para a frente. Vão cobrar um preço quando o mundo parar de ajudar. Aí surgirá uma nova interpretação da era Lula, assim como da era FHC, um período de reformas que se mostram duradouras.

Lula, claro, não é igual a Mao. Longe, muito longe disso. Há um oceano entre um ditador e um presidente eleito e reeleito. Mas o que têm em comum é a enorme capacidade de formar a opinião pública. Mao, transformando desastre em avanço heroico. Lula, herdando um bom momento, para multiplicá-lo e assumir pessoalmente todos os méritos.

E o presidente Fernando Henrique Cardoso certamente é o nosso Deng.

JORNALISTA E-MAIL: SARDENBERG@CBN.COM.BR SITE: http://www.sardenberg.com.br/

The Role of International Organizations in Creating a More Stable World Economy

Speech
The Role of International Organizations in Creating a More Stable World Economy [pdf]
John Williamson
Institute for International Economics,
    
     Economic instability in the 1930s was the driving force behind the creation of international economic organizations in the postwar era. The original Articles of the IMF laid out requirements to prevent another round of such instability, but those requirements were not widely heeded and eventually lapsed entirely when the Bretton Woods system collapsed in 1971. The emergence of substantial problems in the developed countries points to a need to abandon the current system in favor of one that leads to internationally consistent policies, but John Williamson says it is unlikely that individual countries will participate in a system of rules necessary for a stable world economy. Hence one has to hope that the sort of ad hoc policy coordination currently practiced by the G-20 will accomplish more than it has done in the recent past.

>> Read full speech [pdf]

Pausa para... espirito natalino: Jesus na era das TICs

Se Jesus não tivesse nascido 2 mil anos atrás, mas agora, na era das tecnologias da informação e das comunicações, como seria todo o processo?
Bem, não muito diferente, mas basicamente virtual, digamos assim:

Confiram:

http://www.youtube.com/watch?v=dV34UtM8_bQ&feature=player_embedded

Brasil tende a controlar capital externo - Valor Economico

Brasil tende a controlar capital

Alex Ribeiro | De Washington
Valor Econômico, 17.12.2010

O Brasil, a Coreia do Sul e Taiwan são os países  mais  inclinados a adotar novas medidas de controle de capitais em 2011, mostra um estudo da consultoria Eurasia Groupreunindo 20 economias que enfrentam pressão de valorização cambial. Há grandes riscos de contágio, em que controles de capitais num país levam outras economias a usarem artifícios semelhantes.
Atendendo a um pedido de um grande investidor, a Eurasia, consultoria especializada em risco político baseada em Nova York, fez um estudo para apontar quais são as chances de uma escalada global nos controles de capitais. Na teoria econômica, essa deveria ser uma decisão apenas técnica, mas na prática os governos se movem de acordo com uma equação política. Conta não apenas a pressão dos empresários locais para desvalorizar o câmbio, mas também o exemplo de outros países.
O Brasil, aponta a consultoria, está num grupo de seis economias em que há alta pressão política para os governos conterem a apreciação cambial, ao lado de Colômbia, África do Sul, Coreia do Sul, Taiwan e Tailândia. As pressões são baixas em Rússia, Índia e Peru, entre outros países. "O Brasil decidiu taxar o ingresso de investimentos em renda fixa e ações mesmo antes de as entidades industriais fazerem pressão", pondera Christopher Garman, diretor para a América Latina da Eurasia. "Isso aconteceu porque, no segundo mandato do presidente Lula, engrossou o grupo dentro do governo que vê a valorização da moeda como algo ruim para o desenvolvimento industrial." Esse grupo segue no poder no governo Dilma Rousseff, diz ele.
No fim de 2009, o Brasil impôs uma alíquota de 2% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no ingresso de investimentos estrangeiros dirigidos a renda fixa e Bolsa. Há dois meses, o imposto sobre ingressos de investimentos em renda fixa subiu de 2% para 6%.
Para que as pressões políticas levem de fato a medidas de controle, assinala o estudo, é preciso que o governo veja a taxa de câmbio como um instrumento de política industrial, e não apenas como uma força auxiliar para conter a inflação. Para Taiwan e Malásia, por exemplo, o principal objetivo da política cambial é manter uma moeda desvalorizada para estimular as exportações industriais.
No Brasil, diz a Eurasia, a política cambial responde tanto a interesses de política industrial quanto de controle da inflação. O país não deverá negligenciar o controle da inflação, mas irá prestar atenção também na política industrial. Em situação semelhante estão Índia, Japão, Peru, Rússia, Coreia do Sul e Tailândia. Países em que a política cambial é voltada apenas ao controle inflacionário, como Canadá e Austrália, são os menos inclinados a adotar controles de capitais.
A adoção de controles de capitais depende também da opinião da equipe econômica de cada país sobre esse tipo de instrumento. No Brasil, o governo é altamente favorável, assim como na Coreia e Taiwan, avalia a consultoria. Muitos governos, porém, acham que o expediente não funciona porque os investidores sempre acabam, mais cedo ou mais tarde, achando um jeito de dribá-las. Economias em que os controles de capitais foram pouco eficazes no passado, como a Colômbia, têm mais resistências à ideia.
A Tailândia, diz o estudo da Eurasia Group , é um exemplo de contágio na adoção de controles de capitais, fenômeno que pode se reproduzir em outra partes do mundo em 2011. O Brasil havia adotado controles pouco antes da Tailândia, e não sofreu consequências negativas por causa disso, encorajando a Tailândia a fazer o mesmo.

Mudanças na economia mundial - The Economist

The redistribution of hope

Optimism is on the move—with important consequences for both the hopeful and the hopeless

Globalisation

The Economist, Editorial, December 16th 2010

“HOPE” is one of the most overused words in public life, up there with “change”. Yet it matters enormously. Politicians pay close attention to right-track/wrong-track indicators. Confidence determines whether consumers spend, and so whether companies invest. The “power of positive thinking”, as Norman Vincent Peale pointed out, is enormous.
For the past 400 years the West has enjoyed a comparative advantage over the rest of the world when it comes to optimism. Western intellectuals dreamed up the ideas of enlightenment and progress, and Western men of affairs harnessed technology to impose their will on the rest of the world. The Founding Fathers of the United States, who firmly believed that the country they created would be better than any that had come before, offered citizens not just life and liberty but also the pursuit of happiness.
Not that the West was free of appalling brutality. Indeed, the search for Utopia can bring out the worst as well as the best in mankind. But the notion that the human condition was susceptible to continual improvement sat more comfortably with Western scientific materialism than with, say, the caste system in India or serfdom in Russia.
Now hope is on the move. According to the Pew Research Centre, some 87% of Chinese, 50% of Brazilians and 45% of Indians think their country is going in the right direction, whereas 31% of Britons, 30% of Americans and 26% of the French do. Companies, meanwhile, are investing in “emerging markets” and sidelining the developed world. “Go east, young man” looks set to become the rallying cry of the 21st century.
Desperation Road
The West’s growing pessimism is reshaping political life. Two years after Barack Obama’s hope-filled inauguration the mood in Washington is as glum as it has been since Jimmy Carter argued that America was suffering from “malaise”. The Democrats’ dream that the country was on the verge of a 1960s-style liberal renaissance foundered in the mid-terms. But the Republicans are hardly hopeful: their creed leans towards anger and resentment rather than Reaganite optimism.
Europe, meanwhile, has seen mass protests, some of them violent, on the streets of Athens, Dublin, London, Madrid, Paris and Rome. If the countries on the European Union’s periphery are down in the dumps it is hardly surprising, but there is pessimism at its more successful core too. The bestselling book in Germany is Thilo Sarrazin’s “Germany Does Away with Itself”, a jeremiad about the “fact” that less able women (particularly Muslims) are having more children than their brighter sisters. French intellectuals will soon have Jean-Pierre Chevènement’s “Is France Finished?” on their shelves alongside Eric Zemmour’s “French Melancholy”.
The immediate explanation for this asymmetry is the economic crisis, which has not just shaken Westerners’ confidence in the system that they built, but also widened the growth gap between mature and emerging economies. China and India are growing by 10% and 9%, compared with 3% for America and 2% for Europe. Many European countries’ unemployment rates are disgraceful even by their own dismal standards: 41% of young Spaniards are unemployed, for example. And the great American job machine has stalled: one in ten is unemployed and more than a million may have given up looking for work. But the change goes deeper than that—to the dreams that have propelled the West.
For most of its history America has kept its promise to give its citizens a good chance of living better than their parents. But these days, less than half of Americans think their children’s living standards will be better than theirs. Experience has made them gloomy: the income of the median worker has been more or less stagnant since the mid-1970s, and, thanks to a combination of failing schools and disappearing mid-level jobs, social mobility in America is now among the lowest in the rich world.
European dreams are different from American ones, but just as important to hopes of a peaceful and prosperous future. They come in two forms: an ever deeper European Union (banishing nationalism) and ever more generous welfare states (offering security). With the break-up of the euro a possibility, and governments sinking under the burden of unaffordable entitlements as their populations age and the number of workers contracts, those happy notions are evaporating.
Shift happens
In the emerging world, meanwhile, they are not arguing about pensions, but building colleges. China’s university population has quadrupled in the past two decades. UNESCO notes that the proportion of scientific researchers based in the developing world increased from 30% in 2002 to 38% in 2007. World-class companies such as India’s Infosys and China’s Huawei are beating developed-country competitors.
The rise of positive thinking in the emerging world is something to be welcomed—not least because it challenges the status quo. Nandan Nilekani of Infosys says that his company’s greatest achievement lies not in producing technology but in redefining the boundaries of the possible. If people in other countries take those ideas seriously, they will make life uncomfortable for gerontocrats in China and Arabia.
But there are dangers, too. Optimism can easily become irrational exuberance: asset prices in some emerging markets have risen too high. And there is a danger of a Western backlash. Unless developing countries start taking their responsibility for global security seriously, Americans and Europeans may begin to wonder why they are policing the world to keep markets open for others to get rich.
As for the Westerners’ gloom, it has its uses. There is a growing recognition that the old rich world cannot take its prosperity for granted—that it will be overtaken by hungrier powers if it fails to deal with its structural problems. Americans are beginning to accept that their country must become less spendthrift. Europeans are realising that they need to make their economies more agile and innovative. Both are beginning to treat this crisis as the opportunity that it is.
Nor should Westerners overdo the despair, for the emergence of new great powers will benefit them, too. True, their governments will find it harder to boss the rest of the world around; their most desirable properties will increasingly be owned by foreigners; their children will have to work harder to get good jobs in an increasingly globalised economy. But the rising number of Indians, Chinese and Brazilians who can afford to buy their products and services will help their companies prosper. The countries that have provided them with workers will increasingly provide them with customers too.
It may not feel like it in the West, but this is, in many ways, the best of times. Hundreds of millions are climbing out of poverty. The internet gives ordinary people access to information that even the most privileged scholar could not have dreamed of a few years ago. Medical advances are conquering diseases and extending lifespans. For most of human history, only a privileged few have reasonably been able to hope that the future would be better than the present. Today the masses everywhere can. That is surely reason to be optimistic.

Brasil: enorme carga fiscal - comparacoes mundiais

Carga tributária mundial - Brasil em 14. lugar

Segundo dados compilados pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário),  a média da carga tributária no Brasil em 2009 foi de 34.5% do PIB, a 14a. carga fiscal mais pesada em escala mundial.
Em 2008, o Brasil se situava em  18.  lugar.
Se o Brasil aderisse a OCDE, sua carga fiscal seria superada apenas pela Dinamarca (48.2%), Suécia (46.4%), Itália (43.5%) e Bélgica (43.2%). 
As cargas fiscais do Chile e do México, por exemplo, decresceram entre 2008 e 2009, de 22.5% para 18.2% e de 21.0% para 17.5%, respectivamente.

Brazil to loosen foreign ownership rules for airlines


Brazil to loosen foreign ownership rules for airlines
David Fleischer, 18.12.2010
 
Brazil is preparing to increase its foreign ownership limit on its airlines from 20% to 49%, and most sector analysts expect that this should produce more mergers and capital-raising initiatives over the next three years leading up to the World Soccer Cup playoffs in 2014.   This change should be in place by mid-2011. 

Currently, Brazil has 16 operating airlines – with two dominant carriers – TAM S.A. and Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A.  There are four other substantial carriers that could need capital and larger partners.  The Brazilian domestic air travel market is expanding at some 20% each year.

In August, TAM and LAN Chile announced a “hook up” (LATAM) that with the ownership expansion to 49% should become Latin America’s largest carrier as a holding company. 

Azul Linhas Aéreas Brasileiras was created in 2008 by David Neeleman, the founder of JetBlue Airways Corporation, with some financial backing from some JetBlue original investors.  Neeleman is a dual (US-Brazilian) citizen.  However, Neeleman told reporters that Azul is not interested in a partnership with a larger airline, and that Azul might launch an IPO in 2011. 

TRIP Linhas Aéreas, a regional carrier serving 80 cities would be able to receive more investments from its US partner – SkyWest Inc. (SkyWest Airlines and Atlantic Southeast Airlines).

“Brazil’s Rising Star” – CBS 60 Minutes


Brazil’s Rising Star” – CBS 60 Minutes

On Sunday, 12th December, the CBS program “60 Minutes” was dedicated to Brazil’s Rising Star.  CBS journalist Steve Kroft reported on “The Country that is Poised to Become the Fifth-Largest Economy in the World”. 

Kroft interviewed several persons “linked” to Brazil, including – outgoing President Luiz Ignácio Lula da Silva, mega-investor Eike Batista, author-journalist Eduardo Bueno, and University of San Diego Professor Kenneth Serbin, past president of the Brazilian Studies Association (BRASA).

     www.cbsnews.com/stories/2010/12/09/60minutes/main7134185.shtml

Também disponível:
MREBRASIL - 15 de dezembro de 2010

O presidente Lula, empresários e especialistas discutem a projeção mundial do Brasil em programa exibido na rede norte-americana de televisão CBS:

http://www.youtube.com/mrebrasil#p/u/4/Sg4cq5qWICI