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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Wikileaks: Brasil-Franca-EUA-Africa, sinceridades e hipocrisias...

O bom do Wikileaks é imaginar as pessoas sorrindo amarelo, depois...
Enfim, cada um assume responsabilidade pelo que diz...
Paulo Roberto de Almeida

Francês diz que Celso Amorim tem planos para Cuba pós-Castro
Folha de S.Paulo, 19/01/2011

ID 92458
1/12/2007 17:07
07BRASILIA64

Embassy Brasilia UNCLASSIFIED VZCZCXRO7151PP RUEHRGDE RUEHBR #0064 0121707ZNY CCCCC ZZHP 121707Z JAN 07 ZDKFM AMEMBASSY BRASILIATO RUEHC/SECSTATE WASHDC PRIORITY 7820INFO RUEHAC/AMEMBASSY ASUNCION PRIORITY 5869RUEHBO/AMEMBASSY BOGOTA PRIORITY 4058RUEHBU/AMEMBASSY BUENOS AIRES PRIORITY 4503RUEHCV/AMEMBASSY CARACAS PRIORITY 3560RUEHGT/AMEMBASSY GUATEMALA PRIORITY 0318RUEHLP/AMEMBASSY LA PAZ PRIORITY 5081RUEHPE/AMEMBASSY LIMA PRIORITY 3307RUEHME/AMEMBASSY MEXICO PRIORITY 2037RUEHMN/AMEMBASSY MONTEVIDEO PRIORITY 6677RUEHOT/AMEMBASSY OTTAWA PRIORITY 1006RUEHFR/AMEMBASSY PARIS PRIORITY 0297RUEHPU/AMEMBASSY PORT AU PRINCE PRIORITY 0163RUEHQT/AMEMBASSY QUITO PRIORITY 2087RUEHSG/AMEMBASSY SANTIAGO PRIORITY 6010RUEHRG/AMCONSUL RECIFE PRIORITY 6087RUEHRI/AMCONSUL RIO DE JANEIRO PRIORITY 3680RUEHSO/AMCONSUL SAO PAULO PRIORITY 8986RUEKJCS/SECDEF WASHDC PRIORITYRHEHNSC/NSC WASHDC PRIORITYRUMIAAA/USCINCSO MIAMI FL PRIORITYRUEATRS/DEPT OF TREASURY WASHINGTON DC PRIORITYRUEAIIA/CIA WASHDC

PRIORITY C O N F ID E N T I A L BRASILIA 000064 SIPDIS SIPDIS E.O. 12958: DECL: 01/11/2017 TAGS: PREL, BR SUBJECT: FRANCE MAKES BRAZIL NUMBER ONE IN LATIN AMERICA

Classified By: AMBASSADOR CLIFFORD SOBEL. REASONS: 1.4 (B)(D).

1. (C) French Ambassador to Brazil Antoine Pouillieute met with Ambassador Sobel on January 9, 2007 for a surprisingly frank and substantive conversation. Key themes from the meeting are reported below.

BRAZIL -- THE NEW FRENCH PRIORITY
2. (C) Pouillieute noted that his government has a complicated relationship with Brazil and had recently decided to make Brazil France's largest and most important embassy in Latin America. His government has upgraded its presence in Brazil to 110 French nationals, thereby surpassing the French contingent in Mexico. Some of France's most successful and promising recent endeavors with Brazil have been in the area of military sales, where Pouillieute said the potential for sale of additional future French military equipment (NFI) is quite good.

3. (C) Pouillieute commented that the EU's efforts in Brazil are not united and that each EU Country is pursuing its own aims in Brazil separately. He commented that he had little faith in the EU-Mercosul free trade negotiations, confirming that they basically boiled down to what will likely be a biofuels deal. In addition he speculated that even though Venezuela is not yet disruptive to Mercosul, it probably will be in the future and that it is critical to Brazil for Venezuela to become a full member.

FOREIGN POLICY
4. (C) Regarding broader Brazilian foreign policy issues, France has actually found a way to work within Brazil's stated south-south policy focus, using common interests in Africa as a key foundation. That said, Pouillieute admitted that the French were often frustrated with Brazil: the Brazilians had often been duplicitous, pointing out to African countries that they were natural allies given their common colonial past and reminding these countries that France had once exploited them. The French Ambassador was incredulous that the Brazilians could think that such comments would not eventually get back to the French. Another source of frustration for the French Ambassador is that the Brazilian foreign ministry (MRE) will often sideline some long-planned official French VIP visit to instead focus on some competing visit by a minor African visitor. This baffled Pouillietute.

5. (C) Changing topics, Pouillieute said that Brazilian Foreign Minister Celso Amorim apparently has planned extensively for transition in Cuba, and knew exactly what Brazil's role would be in post-Castro scenarios on the island (NFI). Pouillieute also offered that there might be room for tripartite cooperation on law enforcement issues. (Note: US LEA's do not currently engage French counterparts on local efforts.) Finally, he expressed his amazement at the lengths Brazil was going to try to cultivate China. Sobel

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Brasil vê fragilidade econômica de Cuba, revela o site WikiLeaks
Acompanhe a cobertura completa do caso
Leia íntegra dos arquivos sobre o Brasil obtidos pela Folha

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Amizades sul-americanas (mas com um tribunal de arbitragem no meio...)

BNDES ganha disputa com o Equador na Câmara de Comércio Internacional
Folha de S.Paulo, 19/01/2011

A Câmara de Comércio Internacional, em Paris, deu ganho ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) na disputa entre o banco e a empresa pública equatoriana Hidropastaza sobre o financiamento para a construção da Central Hidrelétrica San Francisco, no Equador.

A decisão da corte internacional é definitiva e não cabe recurso.

A discussão sobre o financiamento afetou as relações entre Brasil e Equador em 2008. O Brasil chegou a retirar seu embaixador de Quito por dois meses depois que o presidente Rafael Correa ameaçou não efetuar uma parcela do financiamento concedido pelo BNDES.

Em 2008 a Odebrecht foi expulsa do Equador depois que a hidrelétrica parou de produzir um ano após a sua inauguração por conta do desgastes das rodas d'água das turbinas e do desabamento parcial do túnel de 11km que leva a água do rio Pastaza ao equipamento.

Na época, o governo equatoriano acusou a Odebrecht de ter realizado uma obra de má qualidade. A empresa brasileira atribuiu os problemas à erupção de um vulcão que lançou dejetos na água. A hidrelétrica voltou a operar, mas no ano seguinte também apresentou problemas.

A usina contou com financiamento de US$ 243 milhões do BNDES. O contrato previa que 60% do valor dos insumos para a obra deveriam ser gastos no Brasil.

Além da insatisfação com os serviços prestados pela construtora, o Equador tinha queixas sobre as condições do financiamento. Na época, as divergências entre os dois países foram avaliadas como fator de risco para a integração sul americana. Isso porque o empréstimo do BNDES era garantido pela CCR (convênio de créditos recíprocos), uma espécie de câmara de compensação de bancos centrais de países membros da Aladi (Associação Latino-Americana de Integração).

O BNDES informou que mesmo enquanto a questão estava sendo discutida na Câmara de Comércio Internacional o Equador manteve o fluxo de pagamentos. Da maneira como o empréstimo foi concedido, caso o Equador não pagasse, poderia enfrentar restrições na obtenção de crédito ou dificuldade de recebimento de receitas de exportação para países vizinhos.

Na câmara de arbitragem, os principais questionamentos do Equador se referiam a pontos como a cobrança de juros sobre juros e a importações feitas pela Odebrecht. A empresa pública equatoriana solicitava a exclusão de valores devidos referentes ao financiamento.

Na época, o vice-presidente do BNDES, Armando Mariante, disse a senadores da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional que as operações ocorreram de forma legítima e que tinham sido aprovadas pela Hidropastaza durante a construção da usina.

O contrato firmado previa o pagamento em 41 notas promissórias semestrais, 20 delas relativas aos juros que não foram cobrados durante as obras. Na época, Mariante afirmou que o Equador havia pedido para não pagar os juros durante a construção da usina.

O Itamaraty e os poroes da ditadura militar

Uma resenha de um romance -- baseado em fatos reais -- sobre algumas das páginas sombrias de nossa história. Tive a oportunidade de participar de um livro sobre o AI-5, no qual escrevi o capítulo sobre o Itamaraty. Retomo in fine...
Paulo Roberto de Almeida

Doces venenos da diplomacia
José Nêumanne
O Estado de S.Paulo, 22 de janeiro de 2011

Política, espionagem e psicanálise estão no centro de O Punho e a Renda, de Edgard Telles Ribeiro

O PUNHO E A RENDA
Autor: Edgar Telles Ribeiro
Editora: Record
(560 págs., R$ 69,90)

O bom escritor se conhece pelo princípio da obra. Meio caminho terá andado o autor para ter o texto bem avaliado se lhe providenciar um bom começo para cativar o olhar e, como ensina Gabriel García Márquez, segurar o fôlego do leitor. O Punho e a Renda, de Edgard Telles Ribeiro, vence este desafio com folgas. O narrador, diplomata noviço, busca uma palavra para usar num relatório e, de repente, como se baixasse o anjo da anunciação, um vulto sai da penumbra e lhe sopra o vocábulo, que cai como uma luva. Assim é apresentado o protagonista da história, que não é o narrador, mas seu melhor colega de trabalho na juventude. Um lance de mestre: narrador e leitor fisgados pela mesma isca.

Mas evidentemente um boa pegada no início não é suficiente para segurar uma história capenga. É necessário encontrar um bom fim. E não é que o dito romancista conseguiu um fecho estupendo para sua narrativa? Revelá-lo nesta resenha não será incorrer em pecado mortal nem mesmo capital ou até venal. O tema do livro é a longa noite dos porões na ditadura militar brasileira e a fábula que o encerra não descreve uma seção de tortura nas masmorras nem a saga de alguma mãe em busca de seu filho tresmalhado nas celas clandestinas do sórdido Gulag tupiniquim. Nada disso: o personagem da narrativa em questão faz parte do rebanho dos sobreviventes. E esta ficção de terror não foi contada com gritos, sussurros nem pontos de exclamação, mas em silêncio tenso e sepulcral no meio de ruidoso tumulto. Muito tempo depois de haver fugido de casa para escapar dos esbirros que o foram prender, ele encontra a irmã num ônibus urbano e se olham sem uma palavra, um sorriso ou um aceno - apenas o gesto do dedo dele selando o lábio para evitar a bandeira da emoção deslavada por parte dela. O medo conteve a euforia e manteve represada a surpresa.

O leitor arguto poderá argumentar que estas duas cenas poderiam ter sido filmadas por Costa-Gavras ou Michelangelo Antonioni. De fato, são cinema em estado de extrema pureza. Narrador e autor lecionam - ou lecionaram - cinema na universidade. Mas nem mesmo o mais ranheta dos críticos, depois de lê-las, deixará de reconhecer que foram lavradas na mais perfeita e canônica arquitetura literária. Aí é que emerge outro aspecto fundamental no bom romance e que este aqui resenhado tem: um miolo à altura da entrada e da saída do leitor de suas páginas. Edgard Telles Ribeiro saiu-se bem nesta empreitada. Sem querer ser mais irreverente do que porventura possa se propor um ocupante deste espaço fugaz - mas sendo -, é o caso de deixar registrado que ele escreve muito bem... como o faria um competente profissional estrangeiro da escrita. E muito além do amadorismo reinante nestes trópicos mais enfadonhos do que tristes.

Víboras de gravata. O Punho e a Renda narra os bastidores da diplomacia brasileira por ocasião de um dos mais sórdidos episódios da história latino-americana, a Operação Condor, esquema transnacional de colaboração clandestina entre serviçais civis e militares de direita dos regimes autoritários vigentes na América do Sul nos anos de 1970. Só isso pode dar ao leitor a ideia da oportunidade oferecida a quem enfrentou o desafio de escrever e a quem aceita a gozosa tarefa de ler seu texto. Trata-se de um roman-à-clef, aquele gênero literário em que personagens reais com nomes fictícios atuam em cenários históricos. Chega a ser divertido procurar no entrecho do livro figuras com traços de caráter muito comuns nos desvãos da política, que muda como as nuvens do céu, e nos corredores do Itamaraty, serpentário de silvos refinados e doces venenos.

A saga do aventureiro que serviu à sanha da direita e continuou a subir após algumas de suas vítimas no passado conquistarem o poder republicano chega a ser corriqueira, de tão frequente. Para Telles Ribeiro contar a história que contou, mesmo sendo passados 40 anos, teve de reunir ao talento narrativo coragem cívica. Nada disso lhe faltou em nenhum momento. E o recurso da chave, usado na ficção para bois seguirem anônimos nos currais, não o poupará de picadas de víboras desmascaradas, pois estas ainda poderão lhe prejudicar a carreira no Itamaraty, ainda que já seja embaixador.

Em todo caso, o que menos importa neste caso é saber quem na vida real corresponde aos personagens tecidos com precisão de joalheiro no texto que é longo, mas leve. Importa mais é conhecer a natureza da história e suas implicações na vida de cada um, com todos os ingredientes bem misturados de política, guerra, colunismo social, espionagem e psicanálise.

Este livro, cujo título se refere menos aos punhos de renda e mais à força bruta e à corrupção, certamente elevará seu autor no pódio dos maiores ficcionistas em língua portuguesa. O exagero do emprego de tipos itálicos na composição da mancha gráfica e o mau gosto evidente do arame farpado usado na capa para insinuar que o volume possa conter o relato de algum sobrevivente de campos de concentração nazista, em nada impedir-lhe-ão a fortuna crítica que, com todos os méritos, lhe está reservada.

JOSÉ NÊUMANNE, JORNALISTA E ESCRITOR, É EDITORIALISTA DO JORNAL DA TARDE E PRÊMIO SENADOR JOSÉ ERMÍRIO DE MORAES DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS PELO ROMANCE O SILÊNCIO DO DELATOR, "MELHOR LIVRO" DE 2004

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Meu capítulo sobre esse período sombrio da história do Itamaraty é este aqui:

55) Do alinhamento recalcitrante à colaboração relutante: o Itamaraty em tempos de AI-5. In: Oswaldo Munteal Filho, Adriano de Freixo e Jacqueline Ventapane Freitas (orgs.), “Tempo Negro, temperatura sufocante”: Estado e Sociedade no Brasil do AI-5 (Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio; Contraponto, 2008, p. 65-89); link: http://www.pralmeida.org/01Livros/2FramesBooks/103BrasilAI5.html

Quem vai salvar o capitalismo?: a China "socialista"

As voltas que o mundo dá (e as ironias do capitalismo):

O CAPITALISMO E A CHINA
(piada que circula nos meios financeiros de Hong Kong)

EM 1949 - A MAIORIA DOS INTELECTUAIS ACREDITAVA QUE O COMUNISMO SALVARIA A CHINA

EM 1969 - OS MESMOS INTELECTUAIS ACREDITAVAM QUE A CHINA, E SUA REVOLUÇÃO CULTURAL, SALVARIAM O COMUNISMO (QUE, APÓS STALIN E A PRIMAVERA DE PRAGA, COMEÇOU A SER DESACREDITADO COMO IDEOLOGIA)

EM 1979 - DENG XIAO PING PERCEBEU QUE SOMENTE O CAPITALISMO SALVARIA A CHINA

EM 2009 - O MUNDO INTEIRO ACREDITA QUE SOMENTE A CHINA PODE SALVAR O CAPITALISMO

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Terminaram de rir, gostaram da piada?
Agora volta o realKritik:

O capitalismo, uma pequena parte da economia de mercado, não tem necessidade de que ninguém o salve, já que ele vai avançando, aos trancos e barrancos, como é o próprio da história (e da História).
Ele se ajusta a si mesmo, e na verdade não é possível falar de "capitalismo" (com K na versão marxiana) como se se tratasse de uma única entidade, indivisível e onipresente ao longo da história.
O que temos são variantes da economia de mercado, algumas mais capitalistas do que outras, que vão se ajustado ao sabor das dinâmicas humanas, políticas, sociais, até geográficas e "naturais".
Ou seja, não existe um capitalismo, essa entidade metafísica na concepção marxiana, mas diferentes arranjos parciais que movem a dinâmica econômica mundial em função das configurações sociais (mutáveis) e estruturais (um pouco mais permanentes) que caracterizam diferentes sociedades humanas ao longo dos séculos.

Marx foi um profeta, um engenheiro social frustrado (como são quase todos os engenheiros sociais), que previu o fim do capitalismo e o surgimento de um sistema econômico e social mais "aperfeiçoado" e deu no que deu: um desastre total, com algumas dezenas de milhões de mortos pelo caminho, e muita riqueza perdida, ou seja, oportunidades não aproveitadas.
Alguns engenheiros sociais conseguem, por vezes, mudar suas sociedades, mas o custo humano costuma ser alto: o campeão ainda é Mao Tsé-tung, com algo como 40 a 50 milhões de mortos (uma contabilidade a ser estabelecida); depois vem Stalin, com algo próximo dos 30 milhões (eu não estou falando da II Guerra Mundial, que tem contabilidade à parte, perto de 20 milhões de russos); Hitler possivelmente é o terceiro, com mais de 15 milhões de vítimas, aqui contabilizando o Holocausto e as vítimas civis de suas guerras e invasões, não as militares.
Mas, possivelmente existam piores carrascos, proporcionalmente falando: Pol Pot parece ter matado muito mais gente, levando em consideração a população do Camboja.

Enfim, voltando ao capitalismo, alguns pretendem que ele provocou também nilhões de mortos, mas aqui se coloca na conta o colonialismo, a escravidão, etc, que podem ter sido várias coisas, mas não são exatamente representativas do capitalismo.
Concluindo: a China não vai salvar o capitalismo, mas o capitalismo está ajudando a China a ser um pouco menos pobre...
Paulo Roberto de Almeida

Paises em desenvolvimento na economia global - livro de O. Canuto (Banco Mundial)

Meu amigo dileto, Otaviano Canuto, ex-professor do curso de RI da USP, atualmente vice-presidente do Banco Mundial para assuntos de economias em desenvolvimento anuncia a publicação de seu livro, como abaixo:


Developing Countries Come to the Global Economy’s Rescue
Site do Banco Mundial, PREM

WASHINGTON, September 27, 2010 — While the rich world puts its house in order, developing countries are becoming a new engine of global growth and a pulling force for advanced economies, says a new book by World Bank economists.

According to The Day After Tomorrow: A Handbook on the Future of Economic Policy in the Developing World, almost half of global growth is currently coming from developing countries. As a group, it is projected that their economic size will surpass that of their developed peers in 2015.
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Editors and Authors:
Otaviano Canuto
Marcelo Guigale
Authors' Profile

Presentations:
The Day after Tomorrow
The Future of Economic Policy in the Developing World
Book Launch Video

Book Content:

Preface | Synthesis | Table of Contents | Acknowledgements

Chapter 1: Recoupling or Switchover? Developing Countries in the Global Economy
Chapter 2: Technological Learning: Climbing the Tall Ladder
Chapter 3: Trading Places: International Integration after the Crisis
Chapter 4: Exports and the Competitiveness Agenda: Policies to Support the Private Sector
Chapter 5: Natural Resources and Development Strategy after the Crisis
Chapter 6: The Times, They Are “A-changin”: A New Look at International Economic and Financial Policy
Chapter 7: Macroprudential Policies in the Wake of the Global Financial Crisis
Chapter 8: Finance in Crisis: Causes, Lessons, Consequences, and an Application to Latin America
Chapter 9: Tales of the Unexpected: Rebuilding Trust in Government
Chapter 10: Fiscal Quality: A Developing Country’s Priority
Chapter 11: Public Expenditure after the Global Financial Crisis
Chapter 12: Debt Management and the Financial Crisis
Chapter 13: Subnational Debt Finance: Make It Sustainable
Chapter 14: Sovereign Wealth Funds in the Next Decade
Chapter 15: Poverty, Equity, and Jobs
Chapter 16: Investing in Gender Equality: Looking Ahead
Chapter 17: The Impact of the Global Financial Crisis on Migration and Remittances
Chapter 18: Africa: Leveraging Crisis Response to Tackle Development Challenges
Chapter 19: East Asia and the Pacific Confronts the “New Normal”
Chapter 20: Europe and Central Asia: A Time of Reckoning
Chapter 21: A Brave New World for Latin America
Chapter 22: The Financial Crisis, Recovery, and Long-Term Growth in the Middle East and North Africa
Chapter 23: Economic Policy Challenges for South Asia

O esporte execravel de atirar no mensageiro - Al-Jazira e palestinos

Certamente não é a primeira vez, nem será a última, mas essa mania de atirar no (por vezes matar o) mensageiro, certamente é uma das coisas mais estúpidas que existem.
Nesses tempos de Wikileaks, muitos políticos, pegos de surpresa por declarações que eles pensavam em off, se apressam em desmentir as revelações, dizendo que suas palavras foram distorcidas, fabricadas, seja lá o que for.
Pior ainda, sem dúvida, é responsabilizar o transmissor pelo conteúdo substantivo, e retaliar em cima, como feito pelos palestinos. Um péssimo esporte, sem dúvida.
Paulo Roberto de Almeida

Grupo de palestinos ataca escritório da Al-Jazira na Cisjordânia
AE - Agência Estado, 24 de janeiro de 2011

Emissora havia divulgado documentos sobre as negociações de paz entre Isarel e Palestina

CIDADE DE GAZA - Um grupo de partidários do presidente palestino Mahmoud Abbas atacou nesta segunda-feira, 24, o escritório da rede de televisão Al-Jazira na Cisjordânia, após a emissora divulgar documentos vazados que mostram as negociações secretas da Autoridade Nacional Palestina (ANP) com Israel.

Na noite de hoje (horário local), cerca de 250 pessoas ligadas a Abbas se reuniram em apoio ao presidente na frente do prédio onde fica o escritório local da Al-Jazira. Um pequeno grupo subiu as escadas até os escritórios da emissora, onde quebraram câmeras de segurança e uma porta de vidro com o logo da rede. Grafites pintados nas paredes diziam "Al-Jazira é espiã" e "Al-Jazira é igual a Israel". A polícia retirou os manifestantes do prédio e evitou que as pessoas que estavam do lado de fora entrassem no edifício.
Separadamente, Yasser Abed Rabbo, um importante auxiliar do presidente Abbas, condenou a Al-Jazira pela divulgação dos documentos. Segundo ele, a emissora entrou em "jogos de mídia... para enganar e corromper o cidadão comum". "O que a Al-Jazira está fazendo hoje é uma tentativa de distorcer a posição nacional da liderança palestina", disse, afirmando que a matéria foi feita com base em citações fora de contexto, insinuações e informações fabricadas. "A Al-Jazira chegou a conclusões com base em documentos e textos falsos, cortando uma palavra aqui e ali e juntando imagens de pessoas sem relação com as negociações".

Segundo Rabbo, a divulgação das informações é "uma campanha política de primeiro grau" vinda de "uma decisão política do nível mais alto de nosso irmão Catar". Embora tenha desmentido o conteúdo geral dos documentos, Rabbo foi vago ao contestar os dados. Segundo ele, a ANP não vai tomar nenhuma medida contra os correspondentes locais da Al-Jazira. As informações são da Dow Jones e da Associated Press.

Veja também:
Palestinos teriam feito ofertas secretas a Israel
Documentos vazados indicam que ANP é aliada de Israel, diz Hamas
ANP nega veracidade de documentos sobre negociações com Israel

Diplomacia do impasse: Iran nuclear (ou a cronica de um fracasso antecipado)

Poucos, if any, como se diz (apenas os muito ingênuos), acreditam em algum resultado palpável desse encontro entre o Irã e as grandes potências (membros do CSNU, mais a Alemanha e a UE) sobre o programa nuclear iraniano.
O fracasso era previsível. Podem surgir mais propostas de reforço de sanções, mas sua trajetória vai exigir longas negociações, que vão tomar pelo menos um ano e meio, e resultarão parcialmente ineficazes. No intervalo, o Irã continuará a enriquecer urânio...

Diálogo entre potencias e Irán sobre programa nuclear finaliza en fracaso
AFP, 23.01.2011

Las conversaciones realizadas en Estambul sobre el programa nuclear iraní entre Teherán y las grandes potencias mundiales que temen que este prepare un arma atómica terminaron ayer con un fracaso. No se prevé ninguna otra reunión al respecto. Irán pidió se le levanten sanciones.

ESTAMBUL (AFP). La jefa de la diplomacia de la Unión Europea, Catherine Ashton, intermediaria en las conversaciones del viernes y ayer entre el grupo 5+1 (Estados Unidos, Reino Unido, Francia, Rusia, China y Alemania) e Irán sobre el programa nuclear iraní, se declaró “decepcionada” al término de esas discusiones.

Ashton agregó que no había “nuevas conversaciones planeadas” entre las seis potencias mundiales y Teherán acerca del controvertido programa nuclear iraní.

“Sigue siendo esencial que Irán demuestre que su programa nuclear es pacífico”, añadió Ashton.

La reunión anterior, que tuvo lugar a principios de diciembre en Ginebra después de 14 meses de interrupción de las discusiones, había creado algunas esperanzas, al anunciarse el encuentro de Estambul.

Otra indicación del fracaso de estas negociaciones fue que durante estos dos días no se realizó ninguna reunión bilateral entre la delegación estadounidense y la de Irán, según un diplomático norteamericano, a pesar de la insistencia en que se propicie un encuentro.

Sin embargo, la vía diplomática sigue siendo una solución en la cuestión del programa nuclear iraní, según declaró el ayer a la prensa un alto diplomático estadounidense.

“La puerta está abierta (...). Continuamos pensando que hay tiempo y espacio para la diplomacia”, afirmó este diplomático, que solicitó el anonimato.

En su declaración, Ashton explicó que los seis propusieron una “versión reactualizada del acuerdo de intercambio de combustible TRR (destinado al Reactor de Investigación de Teherán) así como de los medios para mejorar la transparencia a través de medidas de control de la AIEA (Agencia Internacional de Energía Atómica) aceptadas por la comunidad internacional”.

“Nosotros teníamos esperanzas de tener una discusión constructiva y detallada” de esas propuestas, dijo.

“Pero quedó claro que la parte iraní no está dispuesta a eso, a menos que se aceptaran condiciones previas respecto al enriquecimiento y sanciones”, según Ashton.

Irán afirmó que se negaba a tratar una suspensión de esas actividades de enriquecimiento, y que pedía le levanten las sanciones internacionales impuestas.

Said Jalili, negociador iraní insistió en el derecho de su país a enriquecer uranio para un programa nuclear.

Irán, en conformidad con el Tratado de No Proliferación Nuclear (TNP), “tiene derecho al ciclo de combustión, incluyendo el enriquecimiento de uranio”. Si las grandes potencias reconocen ese derecho y sobre todo “esa lógica” a su país, “nosotros estamos dispuestos a negociaciones, incluso mañana”, afirmó Jalili.

Diplomacia do endurecimento: relacoes Brasil-China (não pode ser diplomacia)

Jornalistas não são diplomatas, e por isso mesmo não sabem se ater a uma linguagem diplomática.
Nenhum serviço diplomático sério empregaria tais palavras, ou mandaria tais "recados" pela imprensa, no caso de uma relação tão importante.
Só pode ser coisa de amadores...
Algum gaiato, ou jornalista ainda mais "aéreo", ainda vai sacar aquela famosa frase, tão mal usada, sobre endurecimento e ternura: aguente-se tanta bobagem...
Paulo Roberto de Almeida

Dilma quer endurecer relação com China
NATUZA NERY, SIMONE IGLESIAS, LEILA COIMBRA
DE BRASÍLIA
Folha de S.Paulo, 24.01.2011

Plano prevê raio-X de produtos sensíveis, comitê para tratar de problemas e reforço da embaixada em Pequim
Itamaraty admite elevar o tom em algumas áreas e cobrar mais apoio, por exemplo, para vaga no Conselho de Segurança

Entusiasta do modelo de desenvolvimento chinês e leitora contumaz das dinastias que dominaram o passado milenar da potência asiática, a presidente Dilma Rousseff quer tirar mais da China do que fez qualquer um de seus antecessores.
Ela encomendou à sua equipe uma estratégia para impulsionar a diplomacia sino-brasileira; um plano que reflita posições do governo, não somente do Itamaraty.
Quer ampliar parcerias, mas autorizou seu ministério a endurecer no front comercial e, quando possível, selecionar investimentos que venham de lá.
A estratégia brasileira em discussão indica um reposicionamento do jogo diplomático em relação a Pequim.
Até mesmo o Itamaraty admite elevar o tom em algumas áreas e cobrar mais apoio do aliado em embates internacionais.
Não está claro, porém, se a cobrança se estenderá à defesa dos direitos humanos.
O Ministério do Desenvolvimento já prepara um raio-X de produtos domésticos e setores da economia prejudicados pelos baixos preços dos "made in China".
Dilma Rousseff sugeriu a criação de um comitê exclusivo para tratar de problemas e potenciais oportunidades de negócios.

O governo pretende ainda reforçar sua representação na nação mais populosa do mundo (1,3 bilhão de habitantes) e deve elevar o número de diplomatas atuando lá.
Hoje, são 12, mas poucos fluentes em mandarim. O novo chanceler, Antonio Patriota, tenta sair dessa estatística: toma aulas semanais para aprender a língua.
Outro objetivo, mais difícil, é obter apoio por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Lula jamais arrancou esse compromisso de Hu Jintao.
Quando o presidente Barack Obama convidou Dilma para visitar os EUA em dezembro, ela disse a assessores: "Se for, vou à China também". A petista desembarca em Washington em março.
Em abril, em Pequim, onde participa da reunião com os emergentes que integram os Brics (Rússia e Índia).
Integrantes do novo governo reclamam da ausência de um plano de aproximação na gestão anterior, apesar de reconhecerem o incremento substancial no comércio entre as duas nações.
Foram US$ 30,8 bilhões exportados pelo Brasil em 2010. Na outra mão, o Brasil comprou US$ 25,6 bilhões dos chineses no ano passado. Logo, tem um saldo favorável de US$ 5,2 bilhões.
"Acho que a Dilma vai privilegiar mais o interesse nacional", diz o economista Roberto Giannetti da Fonseca, da Fiesp.

MEDIDAS
Segundo a Folha apurou, Dilma não pretende entrar em batalhas com a China contra a desvalorização do yuan. Julga mais eficaz atacar no front comercial.
Pode, com isso, lançar mão de algumas medidas: salvaguardas para setores sob risco; processos mais rápidos antidumping; nacionalização de cadeias produtivas; imposição de barreiras técnicas e até o estabelecimento de cotas para a entrada de produtos chineses.
Os investimentos de estatais chinesas no Brasil serão avaliados para não impor riscos ao mercado nacional.
O Planalto quer dificultar o avanço da nação asiática no setor de mineração.
Hoje, o governo brasileiro não sabe quantas jazidas de minério de ferro já estão em mãos chinesas. Dilma quer ver o novo código da mineração enviado ao Congresso e aprovado neste ano.

O QUE DILMA QUER DA CHINA

Instrumentos que o governo brasileiro pode usar para pressionar os chineses

1 Impor barreiras técnicas (exigências extras à importação) a produtos "made in China"

2 Criar salvaguardas para tentar impedir a inundação de alguns produtos chineses no mercado brasileiro

3 Agilizar no Ministério do Desenvolvimento a análise de ações antidumping

4 Nacionalizar alguns setores da cadeia produtiva, a exemplo do que ocorreu na construção de plataformas pela Petrobras

5 Regulamentar setores da economia, como um novo marco para a mineração

- O que o Brasil quer politicamente da China
Apoio para obter um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas
- Apoio para ampliar a influência do Brasil no FMI (Fundo Monetário Internacional) e no Banco Mundial
- Maior coordenação entre os Brics nos fóruns internacionais, sobretudo no G20
- Práticas mais respeitosas na área de direitos humanos

RBPI e PRA: um caso de vício gentil

Mantenho, em relação à Revista Brasileira de Política Internacional, uma afinidade eletiva desde que a conheci, nos primórdios de meus estudos sobre temas internacionais (que confesso não sei precisar se foram antes ou subsequentes a meu ingresso na carreira diplomática). Em todo caso, frequentando bibliotecas desde sempre, creio que deparei com a RBPI muito cedo.
Mas só fui colaborar com ela numa segunda fase de minha carreira, na segunda metade dos anos 1980, quando voltei de meu primeiro estágio no exterior, como diplomata.
Desde então nunca cessei de colaborar com a revista, e posso até dizer que fui um dos principais responsáveis, se não o principal, por sua "sobrevivência", quando sua existência esteve ameaçada em sua continuidade, ao falecer aquele que tinha sido seu principal editor, incentivador, financiador (etc., etc., etc.) durante sua vida editorial no Rio de Janeiro (1958-1992), Cleantho de Paiva Leite, a quem tinha conhecido justamente pouco antes de começar a colaborar (sob seu estímulo direto).
Em 1993, atuei intensamente na missão de arrancá-la de uma morte certa e de revivê-la em novas bases, com sua transferência a Brasília e nova vida editorial com base na boa equipe de professores dessa área da UnB.
Desde então me mantenho no cargo "fictício" de editor-adjunto, que acredito seja uma simples homenagem a meu papel nesse emprendimento a todos os títulos meritório.
Hoje a RBPI se encontra nas boas e competentes mãos do professor Antonio Carlos Lessa (que atuou intensamente no sentido de sua projeção internacional e intgração a modernas bases de dados informáicas), depois de ter conhecido uma boa trajetória sob a direção do professor Amado Luiz Cervo.
Vou continuar colaborando em tudo o que me for solicitado.
Por acaso, percorrendo hoje a base de dados Scielo, resolvi colocar o meu nome para uma busca seletiva de colaborações. Deu o que vai abaixo, que é apenas uma parte de minhas colaborações, pois faltam os dez anos anteriores, em que também atuei com muito vigor para fazer da RBPI uma grande revista brasileira de relações internacionais, o que ela modestamente já é.

Revista Brasileira de Política Internacional
Print ISSN 0034-7329

Pesquisa sobre artigos publicados por PRA, no período 1997-2010:
http://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/

References found: 23
[Nota: a lista não distingue entre artigos, notas e simples resenhas de livros]

Almeida, Paulo Roberto de. A marcha da integração no Mercosul: vivace ma non troppo. Rev. bras. polít. int., Jun 1997, vol.40, no.1, p.222-231. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. Propriedade intelectual e política externa: o Brasil no contexto internacional. Rev. bras. polít. int., Jun 1997, vol.40, no.1, p.208-214. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. Manual das organizações internacionais. Rev. bras. polít. int., Dez 1997, vol.40, no.2, p.183-185. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. Major Problems in American Foreign Relations. Rev. bras. polít. int., Dez 1997, vol.40, no.2, p.181-183. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. A democratização da sociedade internacional e o Brasil: ensaio sobre uma mutação histórica de longo prazo (1815-1997). Rev. bras. polít. int., Dez 1997, vol.40, no.2, p.76-105. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. Nota liminar do organizador - Revista Brasileira de Política Internacional: a continuidade de um empreendimento exemplar. Rev. bras. polít. int., 1998, vol.41, no.spe, p.5-7. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. Economia internacional e desenvolvimento econômico: a RBPI na vanguarda do pensamento brasileiro. Rev. bras. polít. int., 1998, vol.41, no.spe, p.85-98. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. Revista Brasileira de Política Internacional: quatro décadas ao serviço da inserção internacional do Brasil. Rev. bras. polít. int., 1998, vol.41, no.spe, p.42-65. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. Sob a sombra de Mussolini: os italianos de São Paulo e a luta contra o fascismo, 1919-1945. Rev. bras. polít. int., Jun 2000, vol.43, no.1, p.199-201. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. Comércio, Desarmamento, Direitos Humanos: reflexões sobre uma experiência diplomática. Rev. bras. polít. int., Dez 1999, vol.42, no.2, p.178-180. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. A Hispanic Division da Library of Congress comemora sessenta anos. Rev. bras. polít. int., Dez 1999, vol.42, no.2, p.161-163. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de and Chaloult, Yves Avanços da regionalização nas Américas: cronologia analítica. Rev. bras. polít. int., Dez 1999, vol.42, no.2, p.145-160. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. Os sucessores do Barão: relações exteriores do Brasil. Rev. bras. polít. int., Dez 2001, vol.44, no.2, p.198-200. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. Brazil's Second Chance: En Route toward the First World. Rev. bras. polít. int., Jun 2001, vol.44, no.1, p.179-181. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de and Fins, Francisco Rogido A pesquisa histórica sobre o Brasil nos arquivos dos Estados Unidos: identificação preliminar e projeto de compilação. Rev. bras. polít. int., Jun 2001, vol.44, no.1, p.151-154. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. A economia internacional no século XX: um ensaio de síntese. Rev. bras. polít. int., Jun 2001, vol.44, no.1, p.112-136. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. Uma política externa engajada: a diplomacia do governo Lula. Rev. bras. polít. int., Jun 2004, vol.47, no.1, p.162-184. ISSN 0034-7329

Lessa, Antônio Carlos and Almeida, Paulo Roberto de Editorial - O Ibri e a Revista Brasileira de Política Internacional: tradição, continuidade e renovação. Rev. bras. polít. int., Jun 2004, vol.47, no.1, p.7-30. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. A Política Externa do novo Governo do Presidente Luís Inácio Lula da Silva: retrospecto histórico e avaliação programática. Rev. bras. polít. int., Dez 2002, vol.45, no.2, p.229-239. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. Instituto Brasileiro de Relações Internacionais: 50 anos de um grande empreendimento intelectual. Rev. bras. polít. int., Dez 2004, vol.47, no.2, p.223-226. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. Entre a América e a Europa: a política externa do Brasil nos anos 1920. Rev. bras. polít. int., Jun 2006, vol.49, no.1, p.222-224. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. Uma nova 'arquitetura' diplomática? - Interpretações divergentes sobre a política externa do governo Lula (2003-2006). Rev. bras. polít. int., Jun 2006, vol.49, no.1, p.95-116. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. As relações econômicas internacionais do Brasil dos anos 1950 aos 80. Rev. bras. polít. int., Dez 2007, vol.50, no.2, p.60-79. ISSN 0034-7329

[Levantamento efetuado em 24.01.2011]

Para uma consulta a todos os números pós-1997 da RBPI, ver este link:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issues&pid=0034-7329&lng=en&nrm=iso

Diplomacia da broma?: relacoes bilaterais Chile-Bolivia

Parece que o ambiente seco do Atacama induz alguns a fazer bromas e outros a responder secamente. Um pouco de contenção verbal de um e outro lado ajudaria a não envenenar ainda mais as relações bilaterais de dois associados no Mercosul.
Se continuar assim, a tal de integração sul-americana fica um pouco mais difícil...
Paulo Roberto de Almeida

Piñera: "Atacama es y va a seguir siendo chilena"
BBC Mundo, Lunes, 24 de enero de 2011

El presidente de Chile, Sebastián Piñera, aseguró que "Atacama es y va a seguir siendo chilena". Fue su respuesta a las declaraciones del presidente de Bolivia, Evo Morales, que el sábado aseguró que "Atacama antes era Bolivia" y que espera "recuperarla pronto".

Piñera aseveró que "Atacama es y va a seguir siendo chilena, con soberanía chilena, y eso nunca ha estado ni va a estar en las conversaciones con Bolivia".

Previamente, el portavoz presidencial boliviano, Iván Canelas, restó importancia a las palabras que Morales pronunció durante su discurso anual en al Asamblea Legislativa y aseguró que habían sido "una broma".

Chile y Bolivia retomaron esta semana las conversaciones diplomáticas oficiales rotas en 1978 sobre la demanda boliviana de recuperar su acceso al mar, que perdió hace más de un siglo en la guerra del Pacífico contra Chile.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Diplomacia da indecisao? - o longuissimo caso dos avioes da FAB

A decisão não pertence ao Itamaraty, obviamente, nem tem caráter essencialmente diplomático, e sim militar, mas tem gente que acha que a imagem do Brasil sai arranhada do episódio. Afinal de contas, se mobilizou a atenção de países e fornecedores durante muito tempo, se sinalizou com transferências de tecnologias e offsets, e agora tudo fica pendente outra vez?
Um país pouco sério, lembraria alguém...
Paulo Roberto de Almeida

Planalto traça 3 planos para compra de caças
Roberto Godoy
O Estado de S.Paulo, 23/01/2011

A escolha do novo caça de tecnologia avançada da Força Aérea, o processo F-X2, deve ser decidido até julho, tem dito o ministro da Defesa, Nelson Jobim. A decisão está na agenda de 2011 da presidente Dilma.

O Planalto considera três hipóteses para o contrato, que prevê a compra inicial de 36 caças, podendo chegar a 120 até 2027: manter a F-X2 como está, adiar a decisão por um ano ou, em ação radical, encerrar essa operação e abrir outra imediatamente, uma espécie de F-X3 de prazo curto, única forma de admitir novos participantes.

A medida, todavia, traria desgaste diplomático. A seleção já dura 15 anos. Os três concorrentes são patrocinados por seus governos e têm investido pesado em estruturas locais de acompanhamento e de informação. O cientista social Gunther Rudzit, especialista em relações internacionais, alerta: "A imagem do Brasil será arranhada - e a postura da nossa diplomacia será questionada, afetando a aura de eficiência e profissionalismo que o Itamaraty sempre teve".

Novos aviões. A entrada de outros competidores foi bem recebida no mercado especializado. A americana Lockheed-Martin não esconde a disposição de levar à mesa de negociações o F-35 Lightning, o mais avançado caça de múltiplo emprego em produção regular no mundo.

Será o próximo avião principal dos EUA, com versões para a força aérea e a aviação naval. Construído com materiais e recursos eletrônicos stealth, para escapar da detecção por radar ou sensores laser, é tão moderno que só começa a ser entregue em 2016. É caro, mas o preço está em queda: começou em US$ 89 milhões cada e chegará a US$ 73 milhões, resultado da fabricação em larga escala - 2.376 unidades vendidas para EUA, Austrália, Canadá, Itália, Dinamarca, Holanda, Noruega, Israel, Turquia e Grã-Bretanha. Outra vez, a dificuldade será a transferência de tecnologia.

Há outros pretendentes na F-X2. A Rússia, com o Su-35 e futuro Su-50. E a União Europeia, por meio do Typhoon Eurofighter. A proposta de menor valor é a da sueca Saab, que oferece o Gripen NG, em desenvolvimento, por US$ 4 bilhões. O mais caro e o preferido da Defesa - e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - é o francês Rafale, avaliado em cerca de R$ 6 bilhões. Entre um e outro está o americano F-18 Super Hornet.

O governo condiciona a compra à transferência de tecnologia em todas as áreas. É aí que as negociações ficam diferentes. Os franceses oferecem acesso irrestrito ao conhecimento pretendido. Os suecos convidam os especialistas militares e a indústria aeronáutica a uma parceria ampla. Os americanos esbarram na complexa legislação do setor e no poder do Congresso para vetar o atendimento às exigências.

Os acertos entre o então presidente Lula e seu colega francês, Nicolas Sarkozy, eram fáceis em abril de 2010. No dia 22, Lula recebeu um telefonema de Sarkozy, empenhado em garantir a preferência pelo Rafale. Diante de cinco pessoas, Lula convidou-o para passar férias em Fernando de Noronha - e foi convidado a descansar no Vale do Loire. Riram e contaram piadas.

O clima desandou em maio. Lula liderou a proposta ao Irã para troca de urânio. De ambos os lados os convites foram esquecidos. O encontro de trabalho entre os dois, previsto para dezembro, não houve. E a decisão do F-X2 ficou para Dilma Rousseff.

An Economic Cold War -- artigo PRA publicado

Meu mais recente artigo publicado:

Now, an Economic Cold War: Old Realities, New Prospects
(Shanghai, 13 outubro 2010, 4 p.)
Resumo modificado de trabalho apresentado na Fundación Ramón Areces, de Madrid, em simpósio organizado em colaboração com a OCDE sobre governança global.
Publicada in:
FRA, Revista de Ciencias y Humanidades de la Fundación Ramón Areces;
Monográfico: “Mas Allá de la Crisis: El Futuro del Sistema Multilatearal
(Madrid: Fundación Ramón Areces, Diciembre 2010, p. 116-120).
Relação de Originais n. 2202; publicados n. 1015.

Old Realities
The geopolitical Cold War is definitely closed, it seems. Besides “normal” political tensions and trade frictions between major powers, there are no more totally opposed conceptions about how to organize the world economically or politically. No one is saying something like “we’ll bury you”, as done in the past by a Soviet leader.
We are having now an economic Cold War, or sort of. Indeed, there is nothing capable of starting a full-scale confrontation among major powers. What we do have now are trade frictions and currency misalignments, over a post-crisis adjustment process. There is a dispute over how national economic policies should take into account their impacts over other countries’ economic situation. But, as Mark Twain could have argued, rumors about a global currency war are greatly exaggerated. We have not yet outlived the current financial crisis; this is just one among many others that affect dynamic markets since the beginnings of capitalism.
It is not entirely true that this crisis was created by the deregulation of the financial markets, although low regulation can indeed have facilitated the expansion of existing bubbles in some markets. The main culprit for the bubble, though, is the low level of interest rates established by central banks during too long a period. In the same manner, albeit in very different ways, that the old Lords of Finance of the Twenties created the crisis of the 1930s, by their action or inaction, the present crisis is the result of misguided policies by the new Lords of Finance.
It is also not true that this crisis is severe enough to justify a new Bretton Woods-like redrafting of the world economic order. Talks about a new financial architecture, or even about a redistribution of world economic and political power, are totally in contradiction with the more prosaic realities of our days. We are not at all in a post-major crisis arrangement, a sort of diplomatic complete reordering of the world after a cataclysmic seism, touching all and every major actor of the international scene. We are very far from that. Let’s look the precedents.
We are not in Wesphalia-1648. We are not in Vienna-1815. We are not in Paris or Versailles-1919. And we are not in Bretton-Woods-1944, or San Francisco-1945. We are not in any major re-founding of the international political and economic order. We simply are, nowadays, in the middle of our 1930s, trying to manage a big crisis by national responses, each one fitted to the specific circumstances of each country, and delinked from a major disaster affecting everyone and all countries.
To be more precise, we are somewhere between 1931 and 1933, still in the middle of a recession, but not in a depression. The level of unemployment is not as high as in 1933, and is probably in line with patterns of our days. World trade and financial flows are not as disrupted as in the 1930s, although economic liberalization regressed: we reverted to a light version of trade protectionism, without quotas.
This new economic Cold War arises from structural changes in the world economy, already on the move since the Eighties, when China started to flex its muscles again. At the same time, developing countries ceased to rely on national, inward-looking, projects for national development and opened themselves to foreign investment. Since then, the world economy has been transformed irrevocably.
But not everything, of course, has changed. The major decision-making institutions are still the same, with the same distribution of voting rights. IMF and World Bank are in the middle of their travails to find a new distribution of quotas. The collective voting power of China, India and Brazil is 20% less than that of Belgium, Netherlands and Italy, despite the fact that the joint GDP of the former countries is four times greater the size of their European counterparts; they have a population 29 times greater. Those are the reasons for this new economic Cold War.
How to manage those new realities in the economic realm, having as political leverages the same old structures of the decision-making process? That’s a tricky question, with no clear answer to the dilemma. To manage the world economy is a pretension that even the old G7 never reached to attain in its glorious days. Developed countries controlled then a big proportion of the world’s GDP, trade and financial flows. But they were never capable of coordinating their macroeconomic policies among themselves; never mind establishing rules and goals for the rest of the world.
Nowadays, with a painful free-fall in advanced economies, it is difficult to see what could be done to restore growth rates from their stagnating levels. Besides the cyclical problems affecting major economies, with the possible exception of China, India and a few other countries, we still have global challenges ahead, like poverty in less developed countries, decisions to be made regarding environmental matters, human rights violations in non-democratic countries, and many other relevant issues.
One single strategy would be the establishing of just one big goal for the world community: that has to be the promotion of global development, not exactly through assistance (the traditional Official Development Assistance), but primarily through real trade liberalization, especially in the farm sector, the only real possibility for the less-developed countries to become integrated into the world economy. The United States and European Union have a main responsibility in this domain.
It is highly unlikely that consensual proposals concerning global development could be arising from such a large body as the financial G20, too heterogeneous to be able to reach common positions. Perhaps, the best hope would be to have an evolution from the current G8 to a new G13. That means joining the leaders of the G8 together with five other big countries, namely Brazil, China, India, South Africa, and, either Indonesia or Mexico. Experience shows that small, informal bodies are more likely to deliver something meaningful than large institutionalized groups that get involved in bureaucratic foot-dragging and political entanglements.

New Prospects
What is to be done? The biggest problem in this approach of a G20-minus is acquiring the legitimacy that is involved in the act of speaking for the whole world community from the starting point of only 13 countries. To solve this quandary implies that the political leaders of these 13 countries would have to find a terrain of reciprocal confidence between them that has to be compatible with the representation at large they would be pretending to have from the whole community of nations.
Finding common grounds is a hard task to achieve. It will quite difficult to attain a perfect coordination of agendas between the big advanced and emerging countries and, together, among them and the international institutions. The world is simply not as globalized as required to attain this kind of interaction. Disparities of interests, differences of levels of development, imbalances between countries, many factors collude to render almost impossible this exercise of coordination.
A modest approach could be a more frequent interaction – once a year – between the leaders of the new G13. Sherpas of a special quality, meeting twice a year, could then be mobilized to discuss trade matters, environmental affairs, human rights protection, UN peace-keeping missions and the like, with specific mandates from their political leaders. But, don’t look at the UN for the organization of their agenda. It is difficult to implement anything through the UN, a too large and chaotic a body. Better to rely of the coordination of agendas of the three more important agencies for globalization: IMF, World Bank and WTO.
The main task of the “new sherpas” is to look for international economic coordination around relevant issues for the global community. A possible suggestion would be to try to establish a “global new deal”, exchanging extensive protection to investments and to proprietary riches (patents and the like), as well as other good microeconomic conditions for productive activity, from the side of developing countries (the recipients of FDI), against extensive licensing and effective investments and trade liberalization by rich countries and investors alike. This kind of deal, by extending property rights for the rich, could entail the strengthening of trade, financial and investment flows to the poor, giving a pretty little boost to globalization.
Traditional assistance for development, because it is ineffective, should be replaced, essentially, by a focus on educational improvements, that is, an extensive program for human resources qualification. Assistance as such should be limited to the implementation of a consistent program for eradicating most of infectious diseases in African countries and in some other developing countries. The main reason for the persistence of poverty in those countries is not the lack of resources, but the absence of governance and their non-integration into the world economy through trade links.
Assuming that the questions of democratic governance and human rights protection can be a conundrum for countries like China, or perhaps even Russia, the main target for the agenda of the new G13 could be the adoption of high standards for public governance in the technical meaning of this expression. It is a little too early to make democratic governance and respect for the human rights the decisive criteria for bilateral and-or multilateral cooperation. But these should be the ultimate goals of any kind of new global governance.

* Paulo Roberto de Almeida
Brazilian Diplomat, International Political Economy; Professor at University Center of Brasilia (Uniceub); (www.pralmeida.org)

[Shanghai, October 12, 2010]

Euro e socialismo cubano: mesmos combates - Moises Naim

Moises Naim sempre pretende surpreender, em seus artigos, com alguma imagem forte, algum tema impactante, alguma colocação provocadora. Nem sempre consegue, mas em todo caso tenta.
Sua comparação entre as agruras do euro e a esclerose final do socialismo cubano pode até ser interessante, mas obviamente os dois processos não têm absolutamente nada em comum, a não ser a advertência de dois anciãos quanto à necessidade de reformas, como ele destaca.
Em qualquer hipótese, o euro precisa de um novo ambiente econômico para sobreviver, enquanto o socialismo cubano precisa simplesmente ser enterrado, jogado na lata de lixo, esquecido.
Paulo Roberto de Almeida

Raúl Castro y Otmar Issing
MOISÉS NAÍM
El País, 23/01/2011

Raúl Castro y Otmar Issing no podrían ser más distintos. El primero es un militar caribeño y el segundo un economista europeo. Castro es uno de los padres fundadores del régimen comunista de Cuba e Issing es uno de los padres del euro. Mientras que Castro luchaba por exportar la revolución cubana, Issing trabajaba por la integración de Europa y es uno de los arquitectos del sistema monetario europeo. Castro está por cumplir 80 años e Issing tiene 75. No sé si se conocen, o si alguna vez hayan hablado, pero lo dudo.

A pesar de que no tienen nada en común, recientemente ambos sorprendieron al mundo con estridentes declaraciones acerca del inminente fracaso de los muy distintos proyectos a los cuales dedicaron sus vidas. La sorpresa no termina allí. Una aún mayor es que a pesar de las inmensas diferencias entre Cuba y Europa ambos recetan la misma medicina para evitar el colapso de su proyecto.

"O rectificamos o ya se acabó el tiempo de seguir bordeando el precipicio, nos hundimos", dijo el presidente Raúl Castro en un importante discurso a finales del año pasado. "Mi conclusión a comienzos del 2011 es sombría. Aún no hemos llegado a la hora de la verdad para el sistema monetario europeo. Solamente ha sido pospuesta", escribió Otmar Issing en esos mismos días. Según él, si los países europeos no hacen profundos cambios, el euro no sobrevivirá. Y a buen entendedor, pocas palabras: el fracaso del euro sería un devastador golpe para el proceso de integración europeo. El artículo de Issing tuvo un gran impacto debido a las credenciales de su autor, quien fuera miembro tanto del directorio del Banco Central de Alemania como del Banco Central Europeo, donde también fungió como su economista principal. Issing enfatiza que las transferencias financieras de los que llama "países disciplinados" a los que no lo son crean tensiones políticas que amenazan el futuro de la Unión Europea. Un modelo en el cual los países viven (y gastan) más allá de sus posibilidades es insostenible y está condenado al fracaso, reitera Issing.

A esa misma conclusión llegó el presidente cubano. Por tanto, en su reciente discurso anunció que a partir del 2011 "se irán introduciendo cambios estructurales y de conceptos en el modelo económico cubano". Y Castro tiene ideas muy claras acerca de lo que esto significa: cortar el gasto público, reducir los subsidios, flexibilizar el mercado laboral, disminuir el número de empleados públicos, aumentar la productividad, la producción y las exportaciones, disminuir restricciones a la actividad económica y promover las inversiones extranjeras. Issing no podría estar más de acuerdo. De hecho, esto mismo es lo que él recomienda para Europa.

Otro aspecto en el cual ambos coinciden es en que estas reformas son políticamente difíciles y que encontrarán mucha oposición. Anticipando las resistencias, Castro aclaró en su discurso cuál es su posición a quienes se opongan a los cambios: cualquier funcionario que "no esté convencido de nuestro programa de Gobierno, que renuncie", dijo Castro. También insistió en la imperante necesidad de "cambiar la mentalidad de los cubanos y de la dirigencia ante los nuevos escenarios económicos que vienen".

El presidente echó mano de ejemplos para ilustrar la necesidad de los cambios: "el pueblo vietnamita nos solicitó que le enseñáramos a sembrar café, y allá fuimos; se le enseñó, se le trasladó nuestra experiencia. Hoy Vietnam es el segundo exportador de café del mundo. Y un funcionario vietnamita le decía a su colega cubano: '¿Cómo es posible que ustedes que nos enseñaron a sembrar café, ahora nos estén comprando café?' No sé qué le habrá contestado el cubano. Seguro que le dijo: 'El bloqueo". Oír a Raúl Castro ironizando sobre el uso del bloqueo como excusa para justificar el fracaso económico cubano es, por decir lo menos, una ironía. Otra ironía es oírle decir que sus reformas no implican que haya dudas sobre la validez de la ideología del régimen: "Las medidas que estamos aplicando están dirigidas a preservar el socialismo, fortalecerlo y hacerlo verdaderamente irrevocable".

Recientemente, Fidel Castro escribió: "[En Cuba] nunca hemos escogido la ilegalidad, la mentira, la demagogia, el engaño al pueblo, la simulación, la hipocresía, el oportunismo, el soborno, la ausencia total de ética, los abusos de poder, incluso el crimen y las torturas repugnantes". Esta afirmación es tan creíble como la de Raúl cuando aclara que las reformas que está implementando no significan realmente ningún cambio ideológico en Cuba.

En todo caso, no sería malo que Raúl Castro converse con Otmar Issing. Después de todo, parece tener más ideas en común con él que con Fidel.

A ideologia do afrobrasileirismo: o debate continua...

Fui distinguido por uma chamada deste meu post:

A ideologia do afrobrasileirismo - um artigo PRA de 2004

no blog de meu colega de combates acadêmicos e debates intelectuais Orlando Tambosi, neste link: http://otambosi.blogspot.com/2011/01/afro-brasileirismo-apenas-uma-ideologia.html

E também por um extenso comentário do leitor sempre atento Paulo Araujo, que me permito transcrever aqui, in totum, para que não se perca como simples nota de rodapé.
Permito-me também esclarecer-lhe que conheço, desde longa data, o diário de Hipólito da Costa, de sua viagem aos Estados Unidos em 1798-1799, "Diário de Minha Viagem à Filadélfia", tendo escrito diversos trabalhos a respeito desse livro, cujas referências vou buscar para fazer um post especial, pois ele merece, nosso patrono do jornalismo independente, futuro editor do Correio Braziliense (editado em Londres, de 1808 a 1823).

Segue o comentário:

paulo araújo disse...

Caro Paulo

É o retorno ao idealismo chulé anti-iluminista pomposamente denominado pós-modernismo. Vivemos neste começo de século sob o império de uma metafísica cada vez mais influente: o relativismo. Tudo é discurso. E nesse plano discursivo, no qual o que é efetivo (histórico) é denunciado como “um texto a mais entre outros”, o que de fato existe é o trabalho incessante da construção e da desconstrução de narrativas. Assim, e todos estariam livres para, no plano narrativo, reeditar a realidade (o efetivo) do modo que bem entenderem. Assim, ganha quem grita mais alto.

O afrobrasileirismo, vertente ideológica “africana” do multiculturalismo, seria, então, mais uma trincheira na luta contra o imperialismo cultural, finalmente desvelado na pós-modernidade em sua forma de uma pretensa “racionalidade mais elevada”, mas que apenas legitima, no passado e no presente, a destruição de outras culturas.

Observo que em um outro pólo dessa discursividade descontrutivista é cada vez mais generalizada a denúncia de um outro engodo: “os americanos”. Os discursos pseudo-científicos do meio intelectual penetram o meio jornalístico e este, por sua vez, executa a sua função de caixa de ressonância do neologismo “os estadunidenses”.

Hipólito José da Costa partiu de Lisboa em 10 de outubro 1798 para os EUA, a serviço do governo português e a mando de D. Rodrigo de Souza Coutinho (futuro conde de Linhares). Partiu a bordo da corveta americana William e no mesmo dia iniciou um diário pessoal, que manteve atualizado até 27 de dezembro de 1799.

Em 1955 a ABL, na Coleção Afrânio Peixoto, publicou o diário sob o título DIÁRIO DA MINHA VIAGEM PARA FILADÉLFIA (1798-1799). Recomendo vivamente. Comprei o meu exemplar bem baratinho em sebo de SP. Acho que foram só R$ 12,00.

Tudo isso para lhe dizer que o neologismo "estadunidense" seria impossível na época de Hipólito. O tempo todo Hipólito registra que está na América, e quando se refere aos cidadãos da primeira república do mundo moderno ele os designa sempre por "os americanos". Por que? Simples. Era inconcebível para um europeu, mesmo que natural da Colônia do Sacramento, afirmar uma identidade (ou uma alteridade) americana ou mesmo brasileira. Ressalvo que dizer-se brasileiro na época de Hipólito, e até mesmo durante quase toda metade do século XIX no Brasil, era algo bem mais ligado à naturalidade, semelhante ao que hoje são os naturais de SP, MG, RJ, RS etc. Mesmo exilado em Londres, Hipólito pensava-se e agia como um integrante do império português e súdito de SAR. E também era assim com os espanhóis naturais das colônias hispânicas.

No entanto, os relativismos e seus ideólogos, que hoje nos aborrecem e nos insultam (vide a defesa dos direitos ao apedrejamento de mulheres no Irã e ao infanticídio entre populações indígenas no Brasil ) com o discurso multiculturalista politicamente correto, ignoram a história e, paradoxalmente, negam o direito dos cidadãos dos EUA a sua autodenominação original, nascida com a Revolução Americana: americanos. Ou seja, a cidadania e a conseqüente identidade americana forjaram-se sobretudo na guerra de libertação contra o opressivo e absolutista colonialismo inglês: americanos contra ingleses. Ao contrario do que propaga a ideologia antiamericana, essa identidade não foi roubada dos americanos nascidos no Continente (e afinal, essa identidade nem sequer existia), mas foi historicamente constituída como fato histórico absolutamente novo no Continente pelos cidadãos fundadores dos Estados Unidos da América. Já os britânicos do Canadá permaneceram, nessa ocasião, súditos fieis de Sua Alteza Real George III.

Sábado, Janeiro 22, 2011 11:09:00 PM

sábado, 22 de janeiro de 2011

A diferenca entre nos e os muito ricos - um exemplo

Se não estou enganado, o romancista americano Scott Fitzgerald, do Great Gatsby (1928, creio), escreveu uma vez que a diferença entre os ricos e nós é que eles, os ricos, têm dinheiro, muito dinheiro.
Também acho, mas eles também vivem cercados de empregados em grandes mansões, recheadas de obras de arte.
Aqui abaixo um exemplo da espécie, eu diria da pior espécie, que por acaso também é um dos grandes crápulas da criminalidade de colarinho branco no Brasil.
Não sei como um juiz deixa que um crápula desses acumule um débito de aluguel de mais de um milhão de reais. Vai ver o juiz também tem muuuuito dinheiro...
Paulo Roberto de Almeida

Ex-dono do Banco Santos é despejado de casa do Morumbi por dever aluguel
MARIO CESAR CARVALHO
FOLHA DE SÃO PAULO, 20/01/2011

O ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira, que controlava o Banco Santos, foi despejado da casa em que morava no Morumbi, na zona sul de São Paulo. Ele não pagava o aluguel mensal de R$ 20 mil desde 2004. A dívida já alcançara R$ 1,727 milhão.

Edemar estava na casa por volta das 11h de hoje e recebeu Vânio Aguiar, o administrador judicial da massa falida do banco, e um oficial de Justiça.

Ex-banqueiro teve que deixar a mansão no Morumbi, em São Paulo, onde morava desde 2004 com a família
Segundo Vânio, ele tentou reverter a ordem de despejo até o último momento e não retirara nem roupas nem objetos pessoais da casa.

Edemar contou a Aguiar que ele e a mulher, Marcia Cid Ferreira, estavam de mudança para um flat.

O ex-banqueiro foi um dos mais importantes mecenas do país no final do século passado e ficou famoso pelas exposições que realizou na Bienal, como a "Brasil 500 Anos", apanhado da arte brasileira desde a chegada de Cabral, em 1500.

Após a quebra do Banco Santos, em novembro de 2004, foi condenado a 21 anos de prisão por crimes contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Edemar, que recorre em liberdade, nega ter praticado esses crimes e diz que o banco não estava quebrado quando sofreu intervenção do Banco Central. O rombo, segundo o BC, era de R$ 2,5 bilhões.

A ordem de despejo foi dada pelo juiz Régis Rodrigues Bonvicino, da 1ª Vara Cível de Pinheiros, a pedido da massa falida do Banco Santos. A casa pertence à Atalanta, empresa criada pelo próprio Edemar, mas que foi retirada do seu controle.

Bonvicino determinou o despejo, o pagamento da dívida e a permanência dos e todos os bens no imóvel.

Edemar tinha uma coleção de arte avaliada entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões.

Algumas das obras mais caras foram enviadas para fora do país com a quebra do banco, mas acabaram recuperadas pelo FBI (a polícia federal dos Estados Unidos).

Parte da coleção, porém, continua na casa. Entre outros artistas, Edemar tem telas do americano Frank Stella e do alemão Anselm Kiefer e esculturas dos brasileiros Brecheret e Tunga.

O imóvel e as obras passam para a massa falida, ordenou o juiz, e devem ser vendidos "para satisfazer credores".

Bonvicino escreveu na decisão que Edemar e a mulher "não têm qualquer direito líquido e certo de permanecer no bem, porque possui ao menos duas outras residências, estando descaracterizado o conceito de bem de família para uma mansão de 4 mil metros quadrados de área construída e terreno de 8 mil metros quadrados".

Projetada pelo arquiteto Ruy Ohtake, a casa com a fachada de concreto aparente custou R$ 142,7 milhões, de acordo com documentos contábeis de Edemar revelados pela Folhaem 2005.

A mesa de mogno da sala de jantar, para 20 pessoas, consumiu US$ 390 mil (R$ 652 mil). Uma luminária do alemão Ingo Maurer custou 262,5 mil euros (R$ 592 mil).

A decoração da casa foi feita pelo arquiteto norte-americano Peter Marino, que assina as lojas da Channel.

A Folha procurou o advogado de Edemar, Luis Corvo, em seu escritório, mas ele não ligou de volta.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A ideologia do afrobrasileirismo - um artigo PRA de 2004

Para complementar a informação iniciada em dois posts abaixo, em que registro a reação irada de um militante da causa negra no Brasil -- não exatamente um afrobrasileiro, no máximo um afrodescendente -- a meu artigo sobre essa ideologia nefasta, importada, racista e divisiva, transcrevo abaixo o artigo em questão, não sem antes lançar um desafio a meu irado leitor:

Desafio esse militante a provar, de fato (ou seja, com base em evidências explícitas e não apenas baseadas em autodeclaração), que ele é um afro-brasileiro, ou seja, um brasileiro que conserva traços culturais, linguísticos, gastronômicos, ideológicos, ou quaisquer outros que sejam especificamente africanos e exclusivamente africanos, e não apenas brasileiros, ou seja, integrando elementos culturais de diversas culturas que foram incorporadas ao mainstream do Brasil, nesse imenso cadinho que constitui a sociedade nacional.
Provando, merece ganhar um ou dois livros, a sua escolha.
Paulo Roberto de Almeida

Rumo a um novo apartheid?: Sobre a ideologia afro-brasileira
Paulo Roberto de Almeida, Sociólogo (ítalo e luso-descendente).
revista Espaço Acadêmico (Ano IV, nº 40, setembro 2004)
link: http://www.espacoacademico.com.br/040/40pra.htm

Faço questão de me comprometer, igualmente, com o combate às discriminações. Adotaremos políticas afirmativas para garantir direitos iguais a todos, sem distinção de gênero, etnia, raça, condição física, crença religiosa ou opção sexual. Queremos eliminar as desigualdades, valorizando as diferenças.
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003)

1. Colocando a questão
Um espectro parece rondar, atualmente, a sociedade brasileira: o do apartheid. Refiro-me à possibilidade de surgimento, disseminação e consolidação de uma nova forma, não menos insidiosa do que a tradicional (já suficientemente conhecida e combatida), de apartheid. Trata-se de um apartheid social – não necessariamente racial –, baseado numa nova separação cultural e ideológica, e portanto mental, dos brasileiros. Eles passariam a ser divididos em duas categorias fundamentais: a dos afrodescendentes, de um lado, a de todos os demais brasileiros, de outro.

Antes que alguém me acuse de “inimigo dos afrodescendentes” quero deixar bem claro que reconheço, sim, a existência de uma enorme defasagem social, educacional, cultural e profissional atuando em desfavor dos chamados “afro-brasileiros”, que é o resultado histórico das condições sociais de pobreza e desigualdade que sempre atingiram com maior acuidade a população de origem negra. Também sou, sim, explicitamente, a favor de políticas de ação afirmativa e de favorecimento educacional para os brasileiros pobres em geral e, em especial, no que for possível, com ênfase acrescida na situação da população negra. Mas quero deixar manifesto, desde já, que não acredito que qualquer tipo de “reserva de mercado” nos exames vestibulares de ingresso no terceiro ciclo represente uma mudança dramática da situação dos mais desfavorecidos, brasileiros pobres em geral e populações negras em particular.

A questão das cotas no vestibular é um aspecto menor, não o mais importante, de um problema maior, que é a desigualdade de chances que vitima os negros e mulatos brasileiros nas várias vertentes de uma inserção social que teima em ser persistentemente lenta, na educação, no emprego, nas possibilidades de ascensão social, enfim. Tenho dúvidas, porém, de que políticas de promoção desse tipo devam ser conduzidas como resultado de algum tipo de consciência (ou “remorso”) quanto à necessidade de reparação histórica à comunidade negra pelos males sofridos desde o tráfico e a escravidão (e nas fases seguintes de discriminação de fato ou de indiferença “ativa”). Também rejeito as alegações dos que são contrários às cotas universitárias pela suposta necessidade de preservar ensino de qualidade e sistema de mérito nas universidades públicas (elas já estão, de fato, trabalhando em uma situação “sub-ótima” no que respeita seus presumidos “padrões de qualidade” ou de “excelência”, em razão das muitas disfunções acumuladas ao longo de anos e anos de democratismo populista, de irresponsabilidade no controle do desempenho de seus professores, de corporativismo exacerbado e outros males).

O que pretendo tratar neste ensaio é uma outra questão: a da emergência e atual afirmação, ainda que incipiente, de uma ideologia do “afrobrasileirismo” (à falta de uma melhor definição).

2. Um problema não apenas conceitual
Em primeiro lugar, recuso a qualificação de “afro-brasileiros”, ainda que aceite a realidade de que temos, obviamente, “afrodescendentes”. Mas os nossos brasileiros “afrodescendentes” são tão africanos, hoje, quanto eu sou português ou italiano pela minha ascendência, ou seja, hoje em dia quase nada, ou de fato absolutamente nada. Somos todos brasileiros, e apenas brasileiros, ponto.

Isso se deu ao cabo de um imenso e bem sucedido experimento de miscigenação étnica e cultural, um processo único no mundo, já suficientemente explorado por autores vários – entre eles Gilberto Freyre – para ser novamente explorado aqui. Somos o verdadeiro melting-pot do mundo, muito mais do nos Estados Unidos, que conservaram vários traços de apartheid racial ou étnico. Não existem afro-brasileiros no Brasil, assim como não existem AfroAmericans nos EUA: existem negros americanos ou brasileiros negros, mulatos e das mais variadas colorações, que foram trazidos ao Brasil – ou aos EUA – como escravos e que se converteram em brasileiros – ou americanos – como quaisquer outros, independentemente de serem, e permanecerem, desfavorecidos nos planos social, profissional e até do reconhecimento cultural. Nos EUA, a condição estritamente material é até mais favorável aos negros, bem mais do que no Brasil, diga-se de passagem, mas o isolamento cultural – e racial – é bem maior, em virtude da segregação legal que acabou criando duas culturas e até mesmo dois “universos mentais”, totalmente distintos e em grande medida opostos. Todo e qualquer processo de miscigenação racial – ou étnica, para evitar uma terminologia indevida – é único e original, e o nosso foi verdadeiramente de miscigenação, à diferença dos EUA, onde jamais ocorreu (salvo de maneira extremamente marginal) qualquer “osmose” racial entre negros e as demais comunidades formadoras da população americana.

Quando digo que recuso o “afrobrasileirismo” é porque acredito que esse conceito não é o resultado de uma condição étnica, cultural ou mesmo histórica, mas sim uma ideologia, politicamente importada e artificialmente explorada, que pode contribuir, também no Brasil, para a criação do mesmo sistema de aparteísmo racial ou cultural que se constata existir nos Estados Unidos. Não creio que seja bom para o Brasil, aliás para os próprios “afrodescendentes” – quer reconheço existir, como disse –, aderirmos a uma ideologia que vai contra todos os princípios do nosso bem sucedido melting-pot, introduzindo em seu lugar a divisão, a diferenciação e o apartheid. A promoção dos valores “negros” não deveria em princípio ser feita em detrimento de valores universais e igualitários que estão na base de nosso sistema constitucional e cultural.

Muito bem, diriam os “afrodescendentes”, como resolver o problema da desigualdade de fato que impede, basicamente, a maior parte dos “negros” e assemelhados de entrarem na universidade e de galgarem postos profissionais mais condizentes com o perfil de ascensão social que se deseja para todos, inclusive os milhões de brasileiros pobres, brancos ou mestiços de outras etnias, que também sofrem os mesmos problemas? Como reconheço que a “solução universal” da melhoria da qualidade das escolas públicas pode ser uma quimera irrealizável no curto prazo, sou absolutamente a favor de bolsas de estudo (e outras formas de ajuda) generosamente distribuídas a “afrodescendentes” candidatos a ingressar em nossas escolas, de maneira a habilitá-los a prestar um vestibular nas mesmas condições (ou quase) que os demais.

Ainda que esta medida possa ser injusta do ponto de vista do branco pobre, igualmente morador de favelas ou zonas rurais periféricas, creio que ela pode e deve representar um começo de ação afirmativa no sentido de resgatar todo o sofrimento imposto pela sociedade nacional – majoritariamente branca, pelos seus estratos dirigentes e pelas suas decisões políticas, reconheça-se – à sua comunidade negra brasileira e outros estratos desfavorecidos. Aliás, acho que as universidades públicas poderiam e deveriam começar a oferecer cursinhos pré-vestibulares nos quais elas passariam a admitir, de modo maciço, todos os brasileiros pobres, em especial os negros e mulatos. Os estados deveriam desenvolver programas extensivos de bolsas de estudos (gratuitas, isto é, sem reembolso) dirigidas prioritariamente aos estratos de baixa renda, em especial os negros.

Trata-se de um sistema de “cotas”, sem qualquer “reserva de mercado” e baseado inteiramente no princípio da meritocracia, que permanece um sistema válido de seleção de candidatos a quaisquer cargos ou escolas públicas. Os negros – e outros pobres – do Brasil precisam de programas intensos de formação educacional e de preparação profissional: bolsas e cursos de preparação podem fazer a diferença positiva, sem introduzir a “diferença negativa” do regime de cotas baseadas em critérios raciais ou demográficos de escassa legitimidade democrática.

3. Agora ao coração do problema: a ideologia do “afrobrasileirismo”
Acredito que o “afro-brasileirismo” é um conceito em busca de definição, até mesmo entre seus promotores mais ativos. Não sou um conhecedor extenso da literatura a esse respeito, mas não me lembro de ter lido uma definição que fosse sociologicamente sustentável sobre essa “condição”. Por isso pretendo abordar o problema de um ponto de vista histórico, antropológico e, em seguida, político-ideológico.

As definições raciais brasileiras são tão diversificadas quanto a plasticidade da língua nacional, ou como a própria realidade étnica subjacente às populações que aqui se misturaram ao longo dos séculos. Sobretudo a partir da “importação” de negros africanos, entre os séculos 16 e 19, mas também com base nos elementos autóctones e nas muitas etnias imigradas desde a independência, constituiu-se um povo legitimamente brasileiro, dotado de características singulares no conjunto dos “povos novos” — a definição é devida ao antropólogo Darcy Ribeiro — e que é certamente original do ponto de vista das relações interétnicas e culturais que essas comunidades mantêm entre si. Pode-se indicar a preservação de certos traços “culturais”, gastronômicos ou religiosos no interior desses diversos elementos constitutivos do povo brasileiro, mas dificilmente se poderá apontar, entre eles, diferenças significativas ou considerar que seus modernos representantes possam reivindicar um “pertencimento” geográfico outro que não ao próprio Brasil.

Entretanto, a partir da importação acrítica de um conceito estranho à cultura e às tradições sociais brasileiras, a questão da “alteridade” étnico-geográfica começa agora a ser colocada em questão no caso dos negros e mulatos brasileiros. Com efeito, a partir de uma matriz importada dos Estados Unidos está sendo introduzida no Brasil a concepção segundo a qual, dentre os diversos segmentos da população brasileira, se encontrariam, não mais negros, pardos e mulatos (e suas infinitas variações subjetivas), mas um grupo novo na paisagem social do país: os afro-brasileiros. Tal como apresentada por seus proponentes, tratar-se-ia não apenas de uma nova categoria (ou classificação) étnico-cultural, mas de todo um programa político de promoção social e da identidade cultural desse segmento talvez majoritário no País.

Em que medida essa proposta é demograficamente pertinente, sociologicamente consistente, historicamente sustentável, etnicamente adequada e “politicamente correta”? Desde já esclareço minha posição por um ceticismo de princípio em relação a esse tipo de conceito e à “realidade” que o sustenta. Não creio que a noção de “afro-brasileiro” seja positiva do ponto de vista da integração social das diversas vertentes do povo brasileiro, podendo mesmo ser negativo para o programa que supostamente deveria ser o de todos os cidadãos nacionais: superar a velha segregação racial que ainda persiste apesar dos avanços logrados, em lugar de construir um novo apartheid racial.

Este é exatamente o ponto que constitui o objeto destas minhas reflexões pouco sistemáticas: em última instância, a proposta dos afro-brasileiros, se implementada como programa político, redundaria na substituição da velha discriminação racial contra negros e mulatos, combatida por gerações inteiras da causa negra brasileira, por um novo tipo de apartheid, a exemplo daquele que se constituiu nos Estados Unidos depois da abolição da escravidão. Ele significa, sinteticamente falando, a separação e a promoção de atitudes, comportamentos e práticas sociais exclusivamente reservados às populações de origem negra, com todas as suas implicações negativas para a integração ampliada das diversas componentes do povo brasileiro.

Antes, contudo, que se queira ver nos propósitos do autor algum elemento de racismo antinegro ou de descaracterização da luta antidiscriminação conduzida por muitos movimentos militantes da causa negra, gostaria de deixar bem claro minha posição de partida. Creio, como muitos outros sociólogos ou simples cidadãos, que o mito da “democracia racial” brasileira é exatamente isso, um mito, mascarando as muitas práticas não institucionais de discriminação de fato que, ainda hoje, dificultam a afirmação econômica, a ascensão social e a auto-estima psicológica dos negros e mestiços do Brasil. São bastante conhecidos os problemas que afetam negros e mulatos no Brasil: menor escolarização, renda inferior e chances reduzidas de mobilidade ascensional, seja no emprego, seja em outros canais de inclusividade social. A pobreza que atinge os negros e outras camadas mestiças não é simplesmente pobreza, mas vem acoplada a outros problemas que alguns sociólogos chamam de “ciclo cumulativo de desvantagens”.

Feito o diagnóstico sumário e bem estabelecida a justificativa para uma política (ou políticas setoriais) de promoção ativa desses segmentos — às quais sou amplamente favorável, geralmente num sentido não diretamente discriminatório, mas incidindo de forma preferencial, e concentrada, nas populações pobres — a questão que pretendo colocar neste pequeno ensaio é esta aqui: em que a ideologia afro-brasileira pode contribuir para a superação dessas desvantagens cumulativas que penalizam obviamente com maior acuidade aqueles que são objeto de sua atenção?

4. As conseqüências ideológicas do “afro-brasileirismo”: o novo apartheid
Quando utilizo o conceito de ideologia para referir-me ao programa político “afro-brasileiro” pretendo denotar exatamente essa característica básica do termo: trata-se de uma importação acrítica, mais ou menos clandestina — pois que não reconhecida de forma cabal, e sem o pagamento do devido copyright —, de um conceito racial-geográfico pronto e acabado e que se refere a uma experiência histórica e social alheia às realidades brasileiras, qual seja a dos Estados Unidos. Como pretendo discutir, subsistem problemas enormes, e não apenas de ordem epistemológica, à incorporação ingênua desse conceito ao universo racial, social e político brasileiro.

O que seria um afro-brasileiro? Trata-se tão simplesmente de um brasileiro dotado de ascendência africana? Certamente, mas em que sentido esse brasileiro negro, da era contemporânea, continua sendo africano? Provavelmente tanto quanto eu, neto de imigrantes portugueses e italianos, continuo sendo europeu, ou seja: nada, ou quase nada. Sou tão “europeu” quanto meu concidadão negro é “africano”, ou seja muito pouco, apenas por vagas identidades ancestrais que nos definem muito pouco em nossa atual identidade. Quero crer que somos ambos apenas e tão somente brasileiros.

Em outros termos, não apenas é difícil, mas afigura-se impossível definir grupos humanos mediante uma origem indistintamente “continental”, uma vez que pessoas e núcleos familiares se afiliam a determinados grupos humanos com identidades mais restritas do que o âmbito geográfico continental. Mormente no caso dos atuais brasileiros negros, trazidos ao Brasil como escravos em lotes individuais (em alguns casos do mesmo grupo de origem), suas tribos e etnias de origem perderam-se irremediavelmente, logo em seguida, na terrível mistura humana realizada pelos escravagistas e depois pela sociedade de “acolhimento”. Assim como parece difícil, no Brasil contemporâneo, falar de “eurobrasileiros” ou “ásiobrasileiros”, seria virtualmente impossível, nas condições ainda mais desestruturadoras da “imigração” africana, justificar a existência dessa categoria recriada de “afro-brasileiros”.

A rigor, pretendendo atribuir uma origem geográfica a todos os outros imigrantes voluntários, poderíamos falar de “ítalo-brasileiros”, ou “nipo-brasileiros”, por exemplo, pois eles possuem características sociais e culturais similares, identificando-se pela língua ou pelos costumes comuns, inclusive religiosos e alimentares. Ora, tal não ocorre com os supostos “afro-brasileiros” — ou ocorreria em escala muito menor, apenas no caso de certos grupos lingüísticos e religiosos concentrados na Bahia, identificados com a religião islâmica —, uma vez que eles são o resultado da mais trágica e desumana “emigração” conhecida em toda a história da humanidade, processo ocorrido ao longo de séculos e séculos de transferência forçada de lotes inteiros de indivíduos, arrancados de grupos de origem que poderiam ser bantos, ovambos, ibos, haussas ou quaisquer outros capturados pelos mercadores. Contrariamente aos imigrantes voluntários, eles não tiveram condições de preservar — salvo casos extremamente restritos — línguas ou costumes de origem, que de resto se espalhavam por várias regiões africanas. Um história sem dúvida alguma trágica, mas esta é a herança de vários séculos de escravismo e de colonização do Novo Mundo.

Não se trata, assim, de uma realidade brasileira, pois esta é uma história universal. Ou seja, não existem afro-brasileiros, assim como não existem afroamericanos ou afroqualquer outra nacionalidade que se queira. Existem negros, ou mestiços, americanos, brasileiros, colombianos, venezuelanos, cubanos, e vários outros mais, em resumo, cidadãos negros ou mulatos que se tornaram cidadãos de seus atuais estados nacionais. Se isto é um fato, como se justifica o aparecimento e consolidação dessa ideologia racialista?

Segundo minha interpretação, essa construção ideológica apenas surge como resultado da situação peculiar dos negros americanos, submetidos durante décadas e décadas a uma situação de apartheid de fato e de direito que os converteu em cidadãos de uma categoria à parte nos Estados Unidos. Eles já não eram africanos, a qualquer título — tanto porque o tráfico foi precocemente substituído pela “criação” de escravos —, mas não possuíam os direitos e franquias dos demais americanos, de origem branca e européia. A situação se agravou, paradoxalmente, depois da guerra civil, uma vez que a segregação foi sendo lentamente construída ao longo do último terço do século 19 e início do século 20 (aqui com o consentimento e o estímulo do governo federal e da Suprema Corte). A evolução terminológica acompanhou a tomada de consciência do problema negro nos Estados Unidos: eles primeiro foram “negros”, no sentido mais pejorativo do termo, isto é niggers, depois se converteram, numa conotação menos agressiva, em colored ou black people, para serem finalmente enquadrados, até com o seu consentimento, nessa categoria aparentemente inocente de African Americans.

Este o termo oficial — falso, hipócrita, de fato irreal e historicamente não fundamentado — sob o qual são atualmente identificados os negros americanos, aliás bem mais negros do que no Brasil, pois que não dispondo do mesmo “estoque” (inicial ou produzido) de mestiços e mulatos e dos “fluxos e refluxos” de outras categorias intermediárias. Compreende-se sua utilização, nos Estados Unidos, num sentido parcialmente ideológico, pois que servindo para fundamentar uma luta pela afirmação de direitos civis e, concomitantemente, pela promoção da igualdade de chances nos mercados laboral e educacional, luta sustentada tradicionalmente pela Associação Nacional para o Avanço do Povo de Cor (NAACP). Menos compreensível parece ser a introdução no Brasil, de forma consciente, de um conceito de separação, não de inclusão, que seria supostamente o objetivo maior de todos as categorias de brasileiros.

Aparentemente, porém, os negros brasileiros não desejam ser simplesmente brasileiros, mas sim esta outra condição, irreal e construída, de “afro-brasileiros”. Que tipo de conseqüência poderia ter esta atitude para a (des)construção da nação brasileira?

5. A revolução cultural em marcha: a valorização das diferenças
Transcrevo novamente, para comentar, a frase destacada em epígrafe, retirada de um dos discursos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, certamente preparada por um militante da chamada “causa negra” para apoiar as políticas de promoção de direitos das minorias e de grupos sociais desfavorecidos, adotadas conscientemente pelo governo: “Faço questão de me comprometer, igualmente, com o combate às discriminações. Adotaremos políticas afirmativas para garantir direitos iguais a todos, sem distinção de gênero, etnia, raça, condição física, crença religiosa ou opção sexual. Queremos eliminar as desigualdades, valorizando as diferenças.”

Minha opinião é a de que “garantia de direitos iguais” deve existir, em princípio, via criação de condições ou oportunidades iguais para todos, o que se dá geralmente por meio da educação (essencialmente nos dois primeiros ciclos de ensino e na vertente técnico-profissional). Políticas afirmativas são, por definição, discriminatórias em sua essência e intenção, o que acarreta o risco de criar novas formas de apartheid social ou racial, num país que deveria eliminar as desigualdades eliminando também as diferenças, por meio da miscigenação ativa, não via exaltação de valores étnicos ou raciais exclusivos (e portanto excludentes).

Antevejo um sério problema “político” em relação ao que acabo de expor, isto é, a promoção de uma política de “miscigenação ativa”, que entendo ser a única solução efetiva para os males – não só no Brasil, mas em todo mundo – da discriminação e do racismo: os militantes da “causa negra” me acusarão de tentativa de “branqueamento”, quando não do “crime de etnocídio”, ao pretender eliminar o problema via mistura racial. Eu responderia de imediato que é isso mesmo, pretendo não apenas “acabar” com a “raça negra” – mesmo não concordando com tal caracterização – mas também com a “raça branca” (e a “asiática”, e a “médio-oriental”) e outras tantas mais que podem existir neste país tão variado, e instintivamente tão integrado, como é o Brasil. A eliminação das diferenças de “raça” – essa palavra tão enganosa e deformadora, mas ainda assim tão útil do ponto de vista daqueles que se colocam do ponto de vista das diferenças, que não é o meu – é a única forma efetiva de se cortar pela raiz qualquer sentimento de rejeição em face da “alteridade”, pelo simples motivo de que não haveria mais, pelo menos idealmente, nenhum tipo de “alteridade” estritamente definida.

Creio mesmo que o Brasil encontra-se muito mais perto de realizar esse ideal da miscigenação “hegemônica” antes que qualquer outro povo do mundo. Os EUA poderão ser, talvez, e de certa forma já são, o primeiro país “multinacional” do planeta, haja vista a constante imigração e o afluxo ininterrupto dos mais diversos povos naquele país continente. Mas eles demorarão um certo tempo, se é que conseguirão de verdade chegar à condição desejável, para atingir a etapa que reputo indispensável e necessária de ser ou constituir progressivamente uma sociedade verdadeiramente “multirracial”. Acho que o Brasil encontra-se mais perto desse ideal, ainda que sua “inclusividade nacional” seja bem inferior à dos EUA. Não importa: o relevante é a atitude mental e o comportamento social subjacentes à esse ideal de miscigenação, e nisso o Brasil parece imbatível.

O único obstáculo a esse estado de “abolição de fronteiras étnicas” – uma imensa revolução no caminho de um gênero humano potencialmente “globalizado” – é representado, precisamente, pela ideologia das “diferenças”. Por que a “diferença” teria de ser um valor em si, independentemente e à parte da diversidade cultural entre povos distintos, o que é um fato da história? O perigo que vejo nesse “culto das diferenças”, em especial em se tratando de grupos étnicos, é justamente o da separação, o do apartheid.

Registre-se, aliás, que não vejo a promoção das “diferenças” como iniciativa política de qualquer outro grupo racial ou étnico no Brasil, à exceção dos próprios negros ou “afrodescendentes”. Atribuo essa especificidade “política” à história de discriminação social e mesmo de racismo aberto ou velado que reconheço ter existido e que ainda existe no Brasil. Compreendo sua existência, mas não creio, sinceramente, que ela seja boa, desejável ou até mesmo funcional do ponto de vista das políticas de promoção ativa de inclusão social, de igualdade de fato, racial e cultural, e do ponto de vista da construção de uma “nacionalidade brasileira” inclusiva e abrangente.

A ideologia afro-brasileira representa a negação de tudo o que representamos como nação e como povo. Não creio que os afrodescendentes brasileiros estarão mais bem servidos, do ponto de vista cultural, material ou mesmo espiritual, com uma ideologia grupal que exalta a diferença e promove a separação. Acredito mesmo que os militantes da causa negra não deveriam jactar-se de defender a causa de uma ideologia importada, que não tem nada a ver com a realidade brasileira e que resultaria, afinal de contas, numa construção artificial do ponto de vista da história e da psicologia social dos negros.

As discriminações devem ser efetivamente combatidas, não pela criação de novas formas de discriminação, tanto mais patéticas quanto voluntariamente adotadas, em nome de uma ideologia importada que não visa, de fato, promover a inclusão social, mas o desenvolvimento separado e combinado dos vários grupos étnicos em que se divide, até aqui, a população nacional de grandes países multi-étnicos como o Brasil e os EUA. Uma sociedade verdadeiramente integrada, como pode chegar a ser a sociedade brasileira em futuro não muito distante – se não socialmente, mas pelo menos do ponto de vista “racial” –, representa uma sociedade na qual não apenas as discriminações de fato sejam uma relíquia do passado mas também uma formação social na qual o racismo se torne uma hipótese inexistente até do ponto de vista teórico, pela impossibilidade prática de qualquer tipo de “separação racial”.

Isto é o que eu penso, de verdade. Se ouso parodiar o líder negro Martin Luther King, incansável batalhador das causas cívicas (e não da causa racial) nos EUA, eu diria, simplesmente: “eu tive um sonho…”

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