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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

O Estado (Judicial) brasileiro contra os brasileiros (e contra o Brasil)


Um poder de costas para o país
 Marco Antonio Villa
O Globo, 17 Outubro 2011

A Justiça no Brasil vai mal, muito mal. Porém, de acordo com o relatório de atividades do Supremo Tribunal Federal de 2010, tudo vai muito bem. Nas 80 páginas – parte delas em branco – recheadas de fotografias (como uma revista de consultório médico), gráficos coloridos e frases vazias, o leitor fica com a impressão que o STF é um exemplo de eficiência, presteza e defesa da cidadania. Neste terreno de enganos, ficamos sabendo que um dos gabinetes (que tem milhares de processos parados, aguardando encaminhamento) recebeu “pela excelência dos serviços prestados” o certificado ISO 9001. E há até informações futebolísticas: o relatório informa que o ministro Marco Aurélio é flamenguista.

A leitura do documento é chocante. Descreve até uma diplomacia judiciária para justificar os passeios dos ministros à Europa e aos Estados Unidos. Ou, como prefere o relatório, as viagens possibilitaram “uma proveitosa troca de opiniões sobre o trabalho cotidiano”. Custosas, muito custosas, estas trocas de opiniões. Pena que a diplomacia judiciária não é exercida internamente. Pena. Basta citar o assassinato da juíza Patrícia Acioli, de São Gonçalo. Nenhum ministro do STF, muito menos o seu presidente, foi ao velório ou ao enterro. Sequer foi feita uma declaração formal em nome da instituição. Nada. Silêncio absoluto. Por que? E a triste ironia: a juíza foi assassinada em 11 de agosto, data comemorativa do nascimento dos cursos jurídicos no Brasil.

Mas, se o STF se omitiu sobre o cruel assassinato da juíza, o mesmo não o fez quando o assunto foi o aumento salarial do Judiciário. Seu presidente, Cézar Peluso, ocupou seu tempo nas últimas semanas defendendo – como um líder sindical de toga – o abusivo aumento salarial para o Judiciário Federal. Considera ético e moral coagir o Executivo a aumentar as despesas em R$8,3 bilhões.

A proposta do aumento salarial é um escárnio. É um prêmio à paralisia do STF, onde processos chegam a permanecer décadas sem qualquer decisão. A lentidão decisória do Supremo não pode ser imputada à falta de funcionários. De acordo com os dados disponibilizados, o tribunal tem 1.096 cargos efetivos e mais 578 cargos comissionados. Portanto, são 1.674 funcionários, isto somente para um tribunal com 11 juízes. Mas, também de acordo com dados fornecidos pelo próprio STF, 1.148 postos de trabalho são terceirizados, perfazendo um total de 2.822 funcionários. Assim, o tribunal tem a incrível média de 256 funcionários por ministro. Ficam no ar várias perguntas: como abrigar os quase 3 mil funcionários no prédio-sede e nos anexos? Cabe todo mundo? Ou será preciso aumentar os salários com algum adicional de insalubridade?

Causa estupor o número de seguranças entre os funcionários terceirizados. São 435! O leitor não se enganou: são 435. Nem na Casa Branca tem tanto segurança. Será que o STF está sendo ameaçado e não sabemos? Parte destes vigilantes é de seguranças pessoais de ministros. Só Cézar Peluso tem 9 homens para protegê-lo em São Paulo (fora os de Brasília). Não é uma exceção: Ricardo Lewandovski tem 8 exercendo a mesma função em São Paulo.

Mas os números continuam impressionando. Somente entre as funcionárias terceirizadas, estão registradas 239 recepcionistas. Com toda a certeza, é o tribunal que melhor recebe as pessoas em todo mundo. Será que são necessárias mais de duas centenas de recepcionistas para o STF cumprir suas tarefas rotineiras? Não é mais um abuso? Ah, abuso é que não falta naquela Corte. Só de assistência médica e odontológica o tribunal gastou em 2010, R$ 16 milhões. O orçamento total do STF foi de R$ 518 milhões, dos quais R$ 315 milhões somente para o pagamento de salários.

Falando em relatório, chama a atenção o número de fotografias onde está presente Cézar Peluso. No momento da leitura recordei o comentário de Nélson Rodrigues sobre Pedro Bloch. O motivo foi uma entrevista para a revista “Manchete”. O maior teatrólogo brasileiro ironizou o colega: “Ninguém ama tanto Pedro Bloch como o próprio Pedro Bloch.” Peluso é o Bloch da vez. Deve gostar muito de si mesmo. São 12 fotos, parte delas de página inteira. Os outros ministros aparecem em uma ou duas fotos. Ele, não. Reservou para si uma dúzia de fotos, a última cercado por crianças. A egolatria chega ao ponto de, ao apresentar a página do STF na intranet, também ter reproduzida uma foto sua acompanhada de uma frase (irônica?) destacando que o “a experiência do Judiciário brasileiro tem importância mundial”.

No relatório já citado, o ministro Peluso escreveu algumas linhas, logo na introdução, explicando a importância das atividades do tribunal. E concluiu, numa linguagem confusa, que “a sociedade confia na Corte Suprema de seu País. Fazer melhor, a cada dia, ainda que em pequenos mas significativos passos, é nossa responsabilidade, nosso dever e nosso empenho permanente”. Se Bussunda estivesse vivo poderia retrucar com aquele bordão inesquecível: “Fala sério, ministro!”

As mazelas do STF têm raízes na crise das instituições da jovem democracia brasileira. Se os três Poderes da República têm sérios problemas de funcionamento, é inegável que o Judiciário é o pior deles. E deveria ser o mais importante. Ninguém entende o seu funcionamento. É lento e caro. Seus membros buscam privilégios, e não a austeridade. Confundem independência entre os poderes com autonomia para fazer o que bem entendem. Estão de costas para o país. No fundo, desprezam as insistentes cobranças por justiça. Consideram uma intromissão.

O Estado brasileiro inimigo dos empresarios (escalpelador do faturamento)


MP da desoneração vai elevar imposto
Christiane Samarco e Iuri Dantas
O Estado de São Paulo, 17/10/2011

O governo quer aumentar a cobrança de impostos de empresas e investidores. O pacote tributário foi incluído, às escondidas, na medida provisória que desonera a folha de pagamento de quatro setores industriais, em análise no Congresso. Com a bênção do Palácio do Planalto, a Receita Federal incluiu no texto da MP artigos prevendo desde um maior controle sobre a transferência de ações até a cobrança inédita de mais um tributo sobre a divisão de lucro entre sócios de uma companhia.
O Estado teve acesso à nova versão da Medida Provisória, que passou a contar com 31 artigos, e não mais os 24 originais. Uma das mudanças de maior alcance permite à Receita arbitrar o valor de ações ou títulos, usados para elevar o capital social de uma empresa, em um período de até dez anos. Dessa forma, o Fisco poderia arrecadar mais.
Além do Imposto de Renda, as empresas e seus sócios terão de pagar a Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) sobre as emissões de debêntures, um título privado vendido por empresas para levantar recursos no mercado. A CSLL também passará a incidir sobre a participação nos lucros de sócios e administradores, que hoje só pagam IR. A regra abrange pessoas jurídicas e instituições financeiras que tiverem participação societária em outra empresa.
O propósito original da MP era criar um Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para Empresas Exportadoras, o Reintegra, equivalente a 3% do valor exportado, e também desonerar a folha de pagamento das indústrias têxtil, calçadista, moveleira e de software. Antes da política industrial, o governo recebeu fortes críticas do mercado financeiro por conceder poderes ao Conselho Monetário Nacional (CMN) para regular o mercado de derivativos. Com as mudanças na MP, o mercado de capitais volta a ser foco da Receita.
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Meu comentário: 
Parece piada. O pior que não é...

O Estado brasileiro amigo dos banqueiros (ou dominado por eles?)


Iuri Dantas
O Estado de São Paulo, 17/10/2011

As distorções tributárias do País prejudicam a classe média, que contribui com mais impostos do que os bancos. Análise feita pelo Sindicato Nacional de Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), e confirmada por especialistas, indica que os trabalhadores pagaram o equivalente a 9,9% da arrecadação federal somente com o recolhimento de Imposto de Renda ao longo de um ano. As entidades financeiras arcaram com menos da metade disso (4,1%), com o pagamento de quatro tributos.
“Os dados mostram a opção equivocada do governo brasileiro de tributar a renda em vez da riqueza e do patrimônio”, avalia João Eloi Olenike, presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). A face mais nítida desta escolha, segundo o especialista, é a retenção de imposto de renda na fonte, ou seja, no salário do trabalhador. “São poucos os países que, como o Brasil, não deixam as empresas e as pessoas formarem riqueza,” afirmou. “Todos os tributaristas entendem que não está correto, era preciso tributar quem tem mais.”
O Sindifisco analisou a arrecadação de impostos federais no período de setembro de 2010 a agosto deste ano. Neste período, as pessoas físicas pagaram um total de R$ 87,6 bilhões em Imposto de Renda, incluídos os valores retidos na fonte como rendimentos do trabalho.

The (Brazilian) Scramble for Africa - BBC


Brasil tem 5ª maior presença diplomática na África
João Fellet
BBC, 17 de outubro de 2011 | 14h 57

País possui 37 embaixadas no continente, que receberá primeira visita de Dilma Rousseff nesta semana.

Ao fazer sua primeira visita à África como presidente nesta semana, Dilma Rousseff desembarcará em um continente muito mais familiar à diplomacia brasileira do que quando seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, assumiu a Presidência, em 2003.
Segundo um levantamento do Itamaraty obtido pela BBC Brasil, o país hoje tem embaixadas em 37 das 54 nações africanas, das quais 19 foram inauguradas desde o início do governo Lula.
Entre os países não africanos, o Brasil só possui menos embaixadas no continente do que Estados Unidos (com 49 missões), China (48), França (46) e Rússia (38).
Ainda conforme o levantamento, o Brasil está à frente de outros dois países emergentes que têm buscado estreitar as relações com nações africanas: a Índia, com 27 missões, e a Turquia, que, ao erguer 20 das suas 31 embaixadas na África nos últimos três anos somou-se ao grupo de nações que cortejam o continente.
A abertura de embaixadas brasileiras na África foi acompanhada de um movimento recíproco: desde 2003, 17 missões de países africanos foram inauguradas em Brasília, somando-se às 16 que já existiam.
Segundo Gert Wunderlich, executivo do banco sul-africano Standard Bank, a ofensiva diplomática brasileira na África é parte da política do governo de diversificar os parceiros comerciais do país, tradicionalmente dependente da Europa e dos Estados Unidos.
"O governo brasileiro viu na África uma oportunidade para que o país avançasse em sua ambição de se tornar mais globalizado", diz Wunderlich, que vive em São Paulo.
Os esforços diplomáticos se refletiram nas trocas comerciais: em 2002, o intercâmbio do Brasil com o continente somava US$ 5 bilhões (cerca de R$ 8,7 bilhões); em 2008, passou para US$ 26 bilhões - quase metade dos US$ 56 bilhões do comércio entre Brasil e China em 2010.
Após um esfriamento das relações comerciais nos dois anos seguintes, efeito da crise econômica internacional, o governo espera neste ano bater o recorde de 2008, já que nos seis primeiros meses de 2011 as trocas entre Brasil e África alcançaram US$ 17 bilhões (R$ 29,5 bilhões).
África lusófona
A visita da presidente ao continente africano começa nesta segunda-feira pela África do Sul, onde ela participará de um encontro do Ibas (fórum que reúne Índia, Brasil e África do Sul), para discutir temas como segurança e desenvolvimento sustentável, além de parcerias comerciais.
Na quarta-feira, Dilma viaja até Moçambique para assinar acordos de cooperação técnica e se reunir com empresários brasileiros.
Além de patrocinar a construção de uma fábrica de retrovirais, que deve ser inaugurada em 2012, o Brasil mantém com Moçambique programas de cooperação agrícola e uma linha de crédito de US$ 300 milhões (R$ 521 milhões).
A visita ocorrerá em um momento de incremento das relações empresariais: em julho, a mineradora brasileira Vale inaugurou em Moçambique sua maior operação no exterior - a mina de carvão em Tete (Província no norte do país), que já é a segunda maior mina de carvão a céu aberto do mundo.
Empresas brasileiras também estão envolvidas na construção ou reforma de uma termelétrica, uma ferrovia, um porto e um aeroporto no país africano.
Na quinta-feira, Dilma visitará Angola, o segundo maior produtor de petróleo da África Subsaariana.
O país tem cerca de 25 mil trabalhadores brasileiros, segundo estimativa da Associação dos Empresários e Executivos Brasileiros em Angola (Aebran).
Boa parte são funcionários de empreiteiras como Andrade Gutierrez, Camargo Correia e Odebrecht, mas também há numerosos profissionais nos ramos de saúde, informática e comunicação, além de consultores em diversas áreas.
Competição
Cobiçada por seus recursos naturais - além de petróleo, o país tem vastas reservas diamantíferas, terras férteis e água abundante -, Angola é palco de uma competição que se replica em diferentes graus em vários países africanos e que tem como protagonista a China.
No entanto, segundo um diplomata brasileiro, a crescente influência chinesa em Angola e no continente africano não ameaça o espaço conquistado pelo Brasil.
Ele afirma que, embora o Brasil não possa competir com a China em oferta de crédito aos países africanos nem em capacidade de construir grandes obras - o país asiático costuma levar operários chineses para as nações africanas onde investe em troca de matérias-primas -, a maneira de atuar brasileira confere uma relação mais sólida com seus pares.
"Os africanos sentem que, com os brasileiros, participam de uma conversa entre iguais, o que jamais ocorrerá com os chineses", afirma.
Ele diz ainda que, além dos bons resultados comerciais, a aproximação diplomática dos últimos anos já trouxe ao Brasil benefícios em palcos internacionais, como o apoio de vários países africanos à bem-sucedida candidatura do brasileiro José Graziano à direção da FAO (agência da ONU para agricultura), em junho.
Para Gert Wunderlich, ainda que o governo brasileiro receba críticas pela ênfase que dá às relações com países subdesenvolvidos - particularmente os africanos - trata-se de uma aposta para o futuro.
Ele afirma que a África abriga um sexto da população mundial e será uma das regiões do mundo que mais crescerão nas próximas décadas.
"Se o Brasil estiver lá e construir relações com os países, terá vantagem competitiva em relação aos que não fizerem isso. Ou então a China e a Índia vão ocupar todos os espaços", diz. 

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Rio Branco Chair at King's College - London


Rio Branco Chair at Brazil Institute
King’s College – London

Posted on 11/10/2011

Principal Professor Rick Trainor signed an agreement yesterday at the Brazilian Embassy, creating the Rio Branco Chair, a prestigious international position at the College.

The Chair is supported by Brazilian higher education research council CAPES (a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) and the Rio Branco Institute of Brazil's Foreign Ministry, and represents a step forward in the collaboration between the College and Brazilian institutions. Principal Professor Rick Trainor signed the agreement at the Brazilian Embassy on Monday 10 October alongside Brazilian Ambassador, His Excellency Roberto Jaguaribe, and the President of CAPES Jorge Almeida Guimarães.

The Chair is in commemoration of José Paranhos, Baron of Rio Branco; one of Brazil’s most prominent statesmen who was appointed foreign minister of Brazil in 1902 and served until 1912, under four different presidents. He negotiated territorial disputes between Brazil and its geographical neighbours to consolidate the country’s modern borders, and was one of the most important architects of Brazilian foreign policy in the twentieth century.

The Chair will be filled for the first time in September 2012, and holders of the chair can stay for a term, even up to one year. The individual will teach in the Brazil Institute about Brazilian foreign policy and international relations, give public lectures, and conduct research in their area of expertise.

Anthony Pereira, Director of Brazil Institute, commented: ‘We are delighted by the agreement to create the Rio Branco Chair at King's. This year the Brazil Institute has welcomed its first cohort of MA and PhD students, and it is very exciting to know that we shall soon welcome an annual visitor from Brazil who is a specialist in international relations. This will boost our programme enormously, allowing us to benefit from the expertise in Brazil's international relations community. Each year the holder of the Rio Branco Chair will be able to contribute to knowledge about Brazil's new global initiatives in areas such as peacekeeping, international development, food security, climate change, alternative energy, and social policy.’

Principal Professor Rick Trainor stated: ‘It is with great pleasure that I sign this agreement between King's College London, CAPES, and the Rio Branco Institute of Brazil's Foreign Ministry. We at King's are delighted by the creation of a new visiting professorship that bears the name of Brazil's most renowned and accomplished diplomat, the Baron of Rio Branco.

‘At King's we have created the Brazil Institute because we recognize Brazil's growing global influence and want to partner with Brazilian institutions in higher education, the creative and cultural industries, business, government, and civil society. It will be a great benefit to King's to be able to count each year on the presence of a Brazilian scholar of international relations. We hope that this succession of specialists will spread awareness, here in London and beyond, of the changing global role of Brazil.

‘We hope that while the holders of the Rio Branco Chair spread awareness of Brazil's global presence in London, they will also get to know the academic community at King's College London, and develop long-lasting partnerships that lead to new research on some of the challenges facing Britain and Brazil. These partnerships will strengthen our already-growing relationships with some of Brazil's best universities.’
For more details about King's, see our 'King's in Brief' page.


Venezuela: um Estado de direito? (ou de direita?) - InfoLatam


Venezuela: el Supremo declara “inejecutable” la decisión de la CorteIDH sobre Leopoldo López
Publicado por Infolatam :: 17 octubre, 2011 @ 22:21
El Tribunal Supremo de Justicia (TSJ) de Venezuela declaró “inejecutable” el fallo de la Corte Interamericana de Derechos Humanos (CorteIDH) [1], que condenó al Estado venezolano por violar el derecho a ser elegido del opositor Leopoldo López y ordenó habilitarlo para participar en elecciones.
En su decisión, difundida por medios locales, la Sala Constitucional declaró que López “goza de los derechos políticos consagrados en la Constitución de la República Bolivariana de Venezuela, por tratarse solo de una inhabilitación administrativa y no política”.
Una fuente del Tribunal Supremo de Justicia explicó a Efe que la sentencia de la CorteIDH violaría las leyes internas, especialmente la Constitución y la ley contra la corrupción.
En su sentencia, del pasado 16 de septiembre, la CorteIDH ordenó a Venezuela “dejar sin efecto” las resoluciones del Contralor General que inhabilitaron a López “por un período de 3 y 6 años” y encontró culpable al Estado por violar los derechos del exfuncionario a la protección judicial y a la defensa en los procedimientos que derivaron en las sanciones.
Según ese fallo, si bien López “ha podido ejercer otros derechos políticos, está plenamente probado que se le ha privado del sufragio pasivo, es decir, del derecho a ser elegido”.
Consultada sobre la decisión del TSJ, la contralora encargada, Adelina González, explicó que López “nunca ha tenido inhabilitación política, solo ha tenido una limitación para desempeñar cargos públicos”.  “Él, cuando cumpla su sanción (…) una vez vencido el periodo de la sanción, pues podrá optar a otros cargos públicos. En el 2014 concluyen las sanciones que le fueron puestas”, indicó la funcionaria.
Los magistrados de la corte resolvieron que el Estado, mediante los órganos competentes, particularmente el electoral, “deben asegurar que las sanciones de inhabilitación no constituyan impedimento para la postulación” de López en procesos electorales.
La decisión de inhabilitar a López fue tomada por la Contraloría en agosto de 2008 por dos casos de presunto mal uso de los recursos durante su gestión como alcalde.
El procurador general, Carlos Escarrá, ha explicado que la Contraloría inició el proceso de inhabilitación en diciembre de 1998, después de que López supuestamente recibiera dinero de la gerencia de relaciones públicas de la estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA), que dirigía entonces su madre, Antonieta Mendoza de López, para fundar el partido Primero Justicia.
Las investigaciones realizadas en ese momento, dijo Escarrá, determinaron que en este caso “existía tráfico de influencias, concierto para delinquir y una serie de ilícitos administrativos”.
Además, el procurador recordó que a López se le acusa de tomar una partida presupuestaria que debía ser destinada a la Alcaldía Metropolitana “para otras cosas” cuando era alcalde del municipio capitalino de Chacao.
Según la defensa de López, en 1996 se realizó un concurso público que organizó la petrolera para financiar proyectos de desarrollo social en Venezuela en el que participaron más de 200 organizaciones y que finalmente ganó la Asociación Civil Primero Justicia, que después pasó a ser partido político.


Artículo impreso desde Infolatam: http://www.infolatam.com
URL del artículo: http://www.infolatam.com/2011/10/17/venezuela-el-supremo-declara-inejecutable-la-decision-de-la-corteidh-sobre-opositor/
URLs in this post:
[1] fallo de la Corte Interamericana de Derechos Humanos (CorteIDH): http://www.infolatam.com/go.php?http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_233_esp1.pdf
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Efectos de una decisión ambigua y antijurídica
Publicado por M.Teresa Romero :: 18 octubre, 2011 @ 02:48 :: El Análisis de Infolatam,Tipo de Noticia | Sin comentarios
Como era de esperarse de un Tribunal Supremo de Justicia que está politizado y responde a las órdenes expresas del presidente Hugo Chávez Frias ─como bien lo demuestran sus ejecutorias de los últimos años─ su Sala Constitucional ratificó la decisión de la Contraloría General de la República de 2008, por medio de la cual inhabilitó al dirigente político Leopoldo López a presentarse a cargos públicos aún sin haberlo juzgado por presunta irregularidad administrativa.
Con esta decisión, el TSJ desacata el fallo favorable a su habilitación política que dictaminó la Corte Interamericana de Derechos Humanos (CIDH) el pasado septiembre, la cual ordenó a las autoridades venezolanas, en específico al Consejo Nacional Electoral (CNE), que le permitiesen a López participar en las elecciones presidenciales de 2012. Ello, a pesar de que los fallos de la Corte son de obligatorio cumplimiento para los Estados partes de la Convención Americana de Derechos Humanos, como es el caso de Venezuela, y pese a que nuestra Constitución Nacional establece que ”Los tratados, pactos y convenciones relativos a derechos humanos, suscritos y ratificados por Venezuela, tienen jerarquía constitucional y prevalecen en el orden interno” y que “son de aplicación inmediata y directa por los tribunales y demás órganos del Poder Público”.
Si bien esta decisión que obstaculiza las aspiraciones presidenciales de Leopoldo López (y hasta paralizar definitivamente porque de seguro el Consejo Nacional Electoral la seguirá), es bien acogida en las filas del partido oficialista y entre los seguidores de Hugo Chávez, no deja de tener un impacto negativo para el gobierno. Los chavistas ven en ella que la autoridad del presidente enfermo es aún firme y respetada, y que el aparato gubernamental del régimen continúa bien aceitado para las elecciones venideras. Eso le es favorable al gobierno.
Sin embargo, la misma refuerza la posición de la oposición democrática, que actuará unida como hasta ahora lo ha hecho en defensa de López. La Mesa de la Unidad Democrática ya anunció que denunciará el desacato ante el Secretario General de la OEA y otros entes internacionales “pues dibuja de cuerpo entero el talante antidemocrático y antijurídico de quienes nos gobiernan”. Aún más, es probable que produzca fuerte rechazo en una buena cantidad de los llamados “ni-ni”, parte de los venezolanos que se definen como independientes, como indecisos ante el panorama electoral. Esto no le favorece para nada al gobierno.
De hecho, la forma cómo la presidenta del TSJ, Luisa Estella Morales, anunció la decisión está siendo ya evaluada negativamente por varias figuras y expertos independientes. Su declaración asegurando que los derechos políticos de Leopoldo López están garantizados y que por lo tanto puede postularse a cualquier cargo público si lo desea pero que administrativamente no puede ejercerlo por haber incurrido en actos de corrupción, ha sido considerada como ambigua, cínica y hasta irrespetuosa.
A su vez, la resolución del Tribunal Supremo que evidentemente desacata una norma internacional de obligatorio cumplimiento, sin duda acrecentará la imagen antidemocrática y el creciente desprestigio del presidente Chávez y su gobierno en la comunidad internacional, en particular en el sistema interamericano donde se encuentra desde hace tiempo bajo la lupa. Es de recordar que de los 12 fallos de la CIDH contra Venezuela, el gobierno de Hugo Chávez apenas ha ejecutado parcialmente dos.

Artículo impreso desde Infolatam: http://www.infolatam.com
URL del artículo: http://www.infolatam.com/2011/10/18/efectos-de-una-decision-ambigua-y-antijuridica/

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Aulas de (Des)Economia da Professora Dilma - Mailson da Nobrega

Ainda não é a "economía al revés" do Professor Chávez, mas, convenhamos, trata-se de curiosas lições de história econômica dessa professora que nunca deve ter dado aula na vida (e sequer terminou o mestrado). 
Mas não é, obviamente, uma questão de atividade docente, ou não, ou sequer de conhecimento de economia teórica: se trata apenas da mais banal história econômica, ou da simples história corrente de um país chamado Brasil que nunca foi impedido pelo FMI (ou por qualquer outro organismo) de investir e se desenvolver.
Se não for desinformação, ou ignorância pura, deve ser mau caráter, mesmo, ou seja, desonestidade intelectual.
Aliás, eu já tinha repercutido essa "aula" aqui mesmo, neste post: 

Licoes de Politica Economica, licoes de Historia Economica - Professora Dilma


Paulo Roberto de Almeida 



Dilma fala sobre o FMI (e erra novamente)

Mailson da Nóbrega, 14/10/2011
Depois de falar sobre juros por aqui e dar conselhos aos europeus sobre como agir na crise, Dilma agora fala sobre o FMI. Mostrou-se desinformada e prisioneira de conceitos equivocados que a esquerda professava nos anos 1980, quando criticava os acordos do Brasil com o Fundo. Falando ontem em Curitiba, no anúncio de um investimento de R$ 1 bilhão para o metrô, a presidente deitou falação. Afirmou que o desembolso somente era possível porque o país conseguiu libertar-se da “supervisão” do FMI. “Nós sabemos o que é a supervisão do Fundo, sabemos o que é proibir que um país faça investimentos”, assinalou diante de uma plateia de 500 pessoas. Para Dilma, quando o Brasil estava sob a “gerência” do FMI, “investir do orçamento R$ 1 bilhão no metrô seria inimaginável”. Certamente agradou, pois a plateia provavelmente tinha connhecimento ainda menor do assunto
É inacreditável que alguém no posto dela possa errar tanto. Qualquer um pode falar mal do FMI, mas no caso dela isso deveria ser feito com base em informação segura e não em visões impressionistas. O FMI não proibe que um país faça investimentos, nem tem como fazê-lo. Quem recorre ao FMI é porque enfrenta problemas sérios de financiamento interno e externo. Por alguma razão, o país tem déficit insustentável na conta corrente do balanço de pagamentos e/ou um déficit público igualmente insustentável. Em tal situação, perde o acesso a fontes externas ou internas de financiamento desses déficits. Passa a ser visto como suscetível de dar calote em sua dívida interna ou externa. Nesse caso, o FMI socorre o país, condicionando a assistência financeira a ajustes que restaurem a sustentabilidade do endividamento e as condições para o retorno do crescimento.
Nos programas do FMI, como se vê agora na Europa, há quatro critérios de desempenho (condicionalidades), um dos quais tem a ver com finanças, qual seja o déficit público, do qual deriva a elevação do endividamento. O Fundo negocia com o país um determinado limite para o déficit, que equivale às necessidades de financiamento do setor público. O caminho para atingir a meta é de exclusiva responsabilidade do país. Ele pode conseguir isso privatizando empresas estatais, cortando gastos, demitindo funcionários, reduzindo investimentos ou elevando a carga tributária. O FMI não interfere nem pode interferir nessas questões, que dizem respeito à economia interna do país. Se Dilma tivesse consultado o representante brasileiro no FMI ou mesmo o presidente do Banco Central teria evitado fazer comparações destituídas de sentido.
Hoje, Dilma foi mais longe. Já em Porto Alegre, assegurou que o Brasil não concorda com a imposição de políticas restritivas pelo FMI a países em crise. “Jamais aceitaremos, como participantes, que certos critérios que nos impuseram sejam impostos a outros países”. E continuou: “hoje temos recursos aplicados no Fundo e possivelmente iremos ter maior participação”. Perdeu novamente a oportunidade de calar-se. O Brasil não tem a menor chance de impor sua vontade ao Fundo nem de direcionar a forma como negocia acordos de assistência financeira a países em dificuldades. Se Dilma mandar o representante do Brasil votar desse jeito, ele ficará falando sozinho, expondo-se ao ridículo. O FMI tem um corpo técnico de alta qualidade, que segue diretrizes aprovadas de há muito pelos países membros. Atua sob orientação de chefes de departamento escolhidos pelo critério de mérito. A autoridade máxima no campo técnico e administrativo é atualmente Cristine Lagarde, uma francesa. Os programas são aprovados por uma diretoria executiva composta de 24 membros.
A cota do Brasil no FMI corresponde a 1,71% dos votos. Considerada a “constituency” que o país lidera, isto é, o grupo de países que nós representamos, a participação sobre para 2,79%, número que seria atingido se todos votassem com o Brasil. Esse grupo inclui Colômbia, Filipinas e países da América Central e do Caribe. Somente os Estados Unidos têm poder de veto no FMI. Suas cotas passam de 17%. Como as decisões mais importantes do FMI exigem quórum de 85%, os americanos podem bloquear qualquer uma delas.
O Brasil certamente vai ter sua participação ampliada ao longo dos próximos anos, num processo natural de ajuste à nova realidade trazida pela ascensão de países emergentes. É provável, todavia, que jamais alcance a posição de vetar decisões, como garante a presidente Dilma. E se fosse possível, Dilma estaria patrocinando uma irresponsabilidade, isto é, países que chegaram a situações insustentáveis serem assistidos financeiramente para nada mudar. É como se um médico prescrevesse a bebedeira para um paciente que adquiriu o vício do alcoolismo. Ninguém de bom senso apoiaria.
Claro, o FMI pode errar, pois é feito de seres humanos. Sua história de mais de 60 anos prova, todavia, que acertou mais do que errou. Em certos casos, como é agora o da Grécia, os programas de ajuste não funcionam se não estiverem associados a um perdão parcial de sua dívida. Mas mesmo que o perdão venha para a Grécia, como é provável, isso não livrará o país de prosseguir em seu programa de ajuste, seja para reduzir substancialmente suas necessidades de endividamento adicional, seja para criar as condições para voltar a crescer.

Hong Kong: primeiro lugar (em quase tudo...)


YOU ARE HERE

The Land of Milk and Money


Philipp Engelhorn for The New York Times
The entrepreneur Fredy Harianto strolling Hong Kong's busy streets.



Fredy Harianto was one of 30 or so people who congregated at the headquarters of Boot HK, an incubator for Internet start-ups in Wan Chai, one of Hong Kong’s many business districts, to hear a lecture on how to create a punchy, likable corporate blog voice. The attendees were mostly young; each had sharp clothes and impeccable posture. Only two were born in Hong Kong.

Readers’ Comments

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The demographics of the room reminded me of what a London-born banker told me a couple of nights before: “There are only two reasons why a white guy will come to Hong Kong. The first is to make money and evade taxes. The second is girls. But really, once you get down to it, there’s really only the first reason.” In Hong Kong, individual income tax maxes out at 15 percent, and many businesses operate under tax-free status.
And of course, nearly everyone at Boot HK had been seduced by the proximity to China, the biggest market in the world. There was a college kid from Berkeley who was vaguely interested in starting “some sort of social-networking site.” There was a guy from Nebraska who also wanted to create a social-networking site — this one for industrial manufacturing companies. Seated next to me was a half-drunk Chinese-American investment banker, who seemed to have come only to drink Boot HK’s liquor and berate the young and hopeful. About 20 minutes in, he interrupted the lecture, stood up and demanded that everyone explain why, for God’s sake, they would ever want to start their own companies. After it was clear that nobody wanted to answer, he pointed at a woman and said, “You start.”
Most of the boot campers ended up saying they wanted to found Hong Kong’s Groupon, Hong Kong’s Zynga or Hong Kong’s Yelp, in the hope that they could cross over to the Chinese market. The investment banker rolled his eyes after each response, clearly agitated by the collective lack of imagination.
Then came Fredy Harianto. When the question of why he wanted to start his own company got to him, he leaned forward onto his elbows and started yelling: “I am so tired of everyone saying that the Chinese people are not creative and that everything they are doing is a copy of American Internet companies. They are right!” The room went silent.
When the lecture finally ended, the entrepreneurs milled around, forcing eye contact and passing out business cards.
Before he left, I asked Harianto if he would meet me for lunch. The next day, we walked up the steep, narrow incline of Wyndham Street in central Hong Kong because he said the best dumplings in the city were somewhere around some corner. We found the place down an alley lined with English pubs in the expat district called Soho. A woman came from behind the counter and yelled at us in Cantonese before throwing two laminated menus onto the table and stalking off. “The people of Hong Kong are very rude, but I still love them,” Harianto said. “No. 1: They are my people. No. 2: They are very motivated to succeed.”
Over lunch, he talked mostly about American movies. During a brief period of unemployment last year, he downloaded “The Social Network,” which opens with the line, “There are more people with genius I.Q.’s living in China than there are people of any kind living in the United States.” Over the next three months, Harianto watched the opening scene as many as 10 times a day. “Those words were chilling to my spine,” he explained. “I saw what Mark Zuckerberg said as a calling to the Chinese people. If there are so many geniuses in China, we should broadcast that genius to the rest of the world.”
To achieve this goal, Harianto scraped together $7,500 to start offilink.com, a social-networking site he describes as the perfect mix of Facebook, LinkedIn and Twitter. In Hong Kong, all forms of commerce are fueled by the tinder of billions of business cards. The exchange of cards is reflexive and ceremonial: two hands when presenting and two hands when accepting, each and every time you meet someone whose station in life might be equal to or greater than your own. Within a week of arriving in Hong Kong, I was finding them everywhere — between the pages of my notebooks, in every pocket, in between the sheets of my bed. Harianto’s idea: Take all these business cards and put them online.
Everyone I talked to in Hong Kong, from the billionaire clothing manufacturers to the unionized domestic workers, buzzed with a similar ambition. Just as everyone who moves to San Diego considers learning how to surf, nobody comes to Hong Kong without, at some point, considering some entrepreneurial endeavor. It was easy to see how Harianto, still spearing his dumplings in the empty restaurant, got so wrapped up in the idea of success.
“Offilink has to start here, in Hong Kong,” he explained. “This is the place the world looks to for leadership in business.”

Neoliberais e desenvolvimentistas: um falso debate - Mansueto Almeida

Um texto de três semanas atrás, mas sempre atual:
Paulo Roberto de Almeida

Valor Econômico – 30 de setembro de 2011
Por Mansueto Almeida
É comum encontrar nas páginas de jornais e em artigos acadêmicos um embate entre os chamados economistas neoliberais e os desenvolvimentistas. Em linhas gerais, os neoliberais são taxados de “cabeças de planilha”, que acreditam ingenuamente em um mercado que se autorregula, na abertura comercial, na liberalização do fluxo de capital e dão importância excessiva aos fundamentos econômicos.
Os desenvolvimentistas seriam aqueles que acreditam no papel regulador do Estado, na proteção do mercado para fomentar a indústria doméstica, defendem a redução da taxa de juros e não veem restrições ao crescimento que não sejam a falta de ação do governo. A preocupação com os fundamentos econômicos é secundária, inclusive com a inflação, pois esse grupo acha irrelevante a discussão se a inflação será, por exemplo, de 6,45% ou 6,75% – a casa decimal pouco importa e, às vezes, nem mesmo o número inteiro.
O debate, quando colocado dessa forma extrema, até faz sentido do ponto de vista acadêmico, mas é pouco construtivo para o debate econômico atual e vários dos economistas que insistem em caracterizar de maneira caricatural seu suposto oponente sabem disso.
Um bom exemplo é o debate em relação à inflação. Em vez da discussão daqueles que defendem uma inflação de 0 a 3% ao ano, neoliberais, e aqueles que não se importam com a inflação, desenvolvimentistas, o debate atual é muito mais sutil e complicado. O que se discute hoje é a velocidade de convergência para a meta de inflação de 4,5% ao ano e as medidas necessárias para que essa convergência ocorra.
Alguns economistas acham que o Banco Central (BC) exagerou no seu cenário catastrófico da economia mundial, outros acham que o cenário do BC é cada vez mais provável e há sim uma chance real de o Brasil reduzir os juros. Mas há um quase consenso que esse esforço de redução do juros só será bem sucedido se acompanhado de maior responsabilidade fiscal e aumento da poupança pública. Essa tese é defendida por economistas que se identificam com as duas correntes.
Outro exemplo é em relação ao crescimento dos gastos sociais. Quando algum economista identificado com a ala neoliberal sugere o controle do crescimento dos gastos sociais como forma de reduzir o crescimento do gasto público, economistas desenvolvimentistas afirmam que seu colega neoliberal está propondo o fim do estado de bem estar social. Novamente, o debate é mais complicado. No Brasil, os gastos sociais crescem quase que continuamente desde a Constituição de 1988, mas é cada vez mais questionável a eficácia distributiva desses gastos e os desenvolvimentistas sabem disso.
Há, por exemplo, claras distorções nos gastos com pensão por morte e com seguro-desemprego, independentemente do debate se o eleitor quer mais ou menos política distributiva. Acho questionável que o eleitor entenda e queira que uma pessoa de 80 anos de idade se case com outra de 20 anos de idade e que esse ou essa jovem usufrua de uma renda vitalícia quando seu parceiro morrer. Da mesma forma, não é comum que os gastos com seguro-desemprego cresçam mesmo quando o desemprego diminui como acontece no Brasil. Racionalizar esses gastos tem adeptos nas duas correntes e, novamente, nenhuma relação com o embate entre neoliberais e desenvolvimentistas.
Em relação à falta de recursos para aumentar os investimentos em infraestrutura, saúde e educação, muitos acham que tudo pode ser “resolvido” com mais carga tributária. Mas aqueles que defendem essa proposta são grupos cuja renda depende mais do seu poder de lobby do que da sua produtividade. O problema é que mais carga tributária, para um país de renda média como o Brasil, fatalmente comprometerá o crescimento da economia. Novamente, neoliberais e desenvolvimentistas se colocam, em geral, contra novos aumentos da carga tributária.
Por fim, a última edição do índice de competitividade global do World Economic Forum mostra, mais uma vez, que os maiores problemas de competitividade do Brasil quando comparado com outros 141 países são: 1) a baixa qualidade da nossa infraestrutura; 2) elevada carga tributária, 3) excesso de regulação; 4) baixa qualidade da educação primária, 5) rigidez no mercado de trabalho; 6) burocracia na abertura de novos negócios, e 7) dívida e spread bancário elevados. Aumentar o investimento em infraestrutura e melhorar a qualidade da educação, por exemplo, não tem absolutamente nenhuma relação com o debate estéril entre desenvolvimentistas e neoliberais.
O que precisamos saber, por exemplo, é como reduzir o spread bancário, aumentar a eficiência do estado na execução de obras públicas, melhorar a eficácia dos gastos sociais, que já são elevados, reduzir as distorções dos gastos com pensão por morte e as regras de concessão do seguro desemprego. No mundo real, o governo é mais pragmático e busca a aprovação do eleitor. Se a elevação da inflação reduzir o índice de aprovação do governo, este voltará a ser mais “neoliberal”. Por outro lado, se a ousadia do Banco Central se mostrar correta, o governo será mais desenvolvimentista. É “simples” assim, mas há ainda economistas supostamente maduros que não se cansam de brincar do bem contra o mal ou da batalha estéril entre desenvolvimentistas e neoliberais.