O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 29 de abril de 2012

Imprensa: a brasileira e a internacional - Reinaldo Azevedo

Eu leio muito a imprensa internacional, cela va de soi. Enfim, a imprensa internacional que conta, não as teleguiadas por governos corruptos, venais, populistas e demagógicos, não as vendidas aos mesmos governos e a outros interesses escusos.
Ainda que os companheiros sempre condenem a "grande imprensa", a dos grandes meios de comunicação, eu os desafios a me mostrar sites, e veículos, onde se pode ler uma variedade de matérias -- políticas, econômicas, culturais -- de qualidade, sempre distinguindo o que deve ser distinguido:
1) News, ou seja, simples reportagem de fatos, objetivos, reportagens;
2) News analysis: mais do que a simples matéria, artigos de análise dos fatos por jornalistas de redação, não repórteres de terreno;
3) Editorial: todo grande jornal tem sua opinião, não necessariamente a do dono do jornal, mas a do seu Board editorial, do do seu Comitê de jornalistas, como é o caso de certos jornais "democráticos" (Le Monde);
4) Opinion: ou seja, artigos assinados por qualquer um que tenha coluna ou seja convidado ocasional, seja ou não jornalista, seja ou não empregado do jornal, ou simples recebedor de honorários.
Isso é o básico, mas existem muitas outras seções em jornais de prestígio, que eu também leio.
Se eu fosse fazer uma relação de todos os jornais, boletins, edições digitais e alertas de internet que recebo, todos os dias, para destrinchar e ler, creio que a lista seria muito longa. Mas deixem-me resumir o principal do que leio regularmente, ou diariamente:
The Economist (alertas da revista e consulta ao site); The New York Times (boletim diário e alertas direcionados, para Brasil, por exemplo); The Washington Post (boletins e alertas); Financial Times (boletins); Le Monde (três boletins, um semanal); Der Spiegel (seleção diária em inglês); The Wall Street Journal (boletim diário); Foreign Policy (diário); Foreign Affairs (semanal); e mais alguns outros que posso estar esquecendo (ocasionalmente acesso El País, Clarín, etc.).
Da imprensa brasileira, além dos inúmeros boletins que recebo ou acesso, diariamente (tipo MRE, Mundorama, etc.), acesso diariamente ou regularmente o Estadão, Globo, eventualmente a Folha e o Valor (mas suas matérias principais, analíticas, acabam chegando nos muitos boletins de interesse focado, em economia e relações internacionais, por exemplo).
Deixo de fora todos os think tanks de importância que me enviam com regularidade variável seus boletins e matérias (Daily Mises, Carnegie, Brookings, Institute for International Economics) e edições eletrônicas de veículos especializados (tipo The New York Review of Books, Magazine Littéraire e outros).
Aliás, recomendaria aos candidatos à carreira diplomática que procurassem receber (E LER, of course) alguns desses jornais e boletins, pois sempre teriam muito o que aprender em suas páginas (se não puderem todos, pelo menos alguns, tipo Economist, Financial Times, NYT e, um pouco menos, o Le Monde).
Deixo de fora todas as demais porcarias que também recebo, e até coisas de interesse, pois ligados a ONGs, think tanks especializados e até, vejam vocês, coisas dos companheiros, com interesse variável de minha parte.
Por que escrevo tudo isto? Bem, apenas para discorrer introdutoriamente sobre a matéria abaixo, que me parece ainda muito leniente com a imprensa brasileira, independentemente do fato das posições políticas do seu autor, um jornalista conhecido.
Mesmo sem tocar na vida pessoal ou pública dos políticos brasileiros, a imprensa brasileira é de baixa qualidade, pois distingue mal as categorias que enfatizei acima, e mesmo o colunismo é mais de opinião do que de análise das matérias de interesse. Isso para não falar do despreparo técnico de repórteres (minha opinião sobre eles é a pior possível, já que saindo de faculdades medíocres, criadas pela reserva de mercado profissional), e também do pouco profissionalismo de jornalistas consagrados.
Enfim, eu sou exigente, todos sabemos, mas tenho direito de ser exigente com a informação, base incontornável de análises e reflexões. Como sou um usuário compulsivo de todo tipo de fonte, para meu trabalho de analista e "historiador improvisado", sei que a qualidade dessa imprensa brasileira deixa muito a desejar.
Dito isto, deixo vocês com a matéria abaixo, que toca em apenas uma parte da "ruindade" da nossa imprensa.
Paulo Roberto de Almeida 



Reinaldo Azevedo, 29/04/2012

Agora que o inquérito sobre Demóstenes Torres foi tornado público — e vou aqui insistir para que se acabe com o falso sigilo de coisas assim: há sempre vazamentos selecionados por escroques — e que resta evidente que a “grande munição” contra a imprensa, com a qual Lula prometia o fim do mundo, era só pó de traque, cumpre fazer algumas considerações sobre a imprensa brasileira.
Desde que o PT chegou ao poder, a imprensa está sob ataque. Tudo ficou muito pior depois que veio à luz o escândalo do mensalão e que acadêmicos do PT, liderados por Marilena Chaui, inventaram a falsa tese da tentativa de golpe de estado. A maior contribuição desta estudiosa de Espinoza foi abrigar o pensamento de Delúbio Soares. O partido resolveu mobilizar contra a imprensa seus esbirros na Internet e montou um verdadeiro aparelho para intervir em portais, sites, blogs, redes sociais etc. Anúncios da administração direta e de estatais financiam a intervenção, o que é um acinte à democracia. É por isso que não publico aqui aqueles que chamo, desde sempre, “petralhas”. Não são indivíduos se manifestando, mas funcionários de uma organização. Alguns são remunerados. Outros não!
A campanha de difamação é intensa, embora os propósitos da canalha não tenham se realizado. Quem liderava antes continua a liderar — e com a mesma folga. O que há de novo na era petista é essa pistolagem que tenta contrastar a verdade dos fatos com uma “verdade alternativa” — que é um outro nome para a mentira.
Aqui e ali, de modo despropositado, falso mesmo!, diz-se que a imprensa brasileira não sabe distinguir o joio do trigo, que escolhe o caminho do sensacionalismo, que é injusta com o poder e com os poderosos. Isso é falso de várias maneiras combinadas. Se algum mal há no setor, é seu alinhamento meio burro, automático, com teses de esquerda — mas deixarei este aspecto de lado agora. A verdade é que a imprensa brasileira está entre as mais bem-comportadas do mundo democrático; talvez seja a mais compreensiva de todas.
Explico-me. A grande imprensa brasileira faz uma distinção radical, sem zonas cinzentas, entre o que é privado é o que é de interesse público. No texto em que trata dos princípios da VEJA, Eurípedes Alcântara, diretor de Redação, esmiúça o comportamento da revista — e, na verdade, de toda a grande imprensa — quanto a esse particular. Assim, se um jornalista recebe um arquivo com informações escabrosas sobre a vida sexual de um político por exemplo — refiro-me mesmo a evidências, provas —, isso não é publicado se o dito comportamento não estiver relacionado a algo que diga respeito ao interesse da coletividade ou que fira esses interesses.
Todo mundo sabe disso. Lula sabe disso. José Dirceu sabe disso.
Por que é assim? Porque se considera, no que eu chamaria de “cultura da imprensa brasileira”, que tal fato não é “político”. Se a grande imprensa brasileira quisesse ser sensacionalista, seria a maior — e melhor — imprensa sensacionalista do mundo. Por um bom tempo ao menos, até que houvesse uma mudança de hábitos. Olhem aqui: quem já se hospedou em alguns hotéis de Brasília — e não estou me referindo a puteiros, não! —, sabe que a capital federal rende quilômetros de textos sobre, como posso chamar?, desregramentos dos costumes de casados, solteiros, anfíbios… O mesmo vale para alguns restaurantes. E, no entanto, há uma espécie de compromisso tácito entre os políticos e  funcionários graduados e o jornalismo de que nada daquilo será notícia. Peçam a um congressista american que deixe um restaurante embrigado para vocês verem o que acontece. Em Brasília, isso é rotina. Tudo questão pessoal!
A grande imprensa brasileira tende a considerar que isso tudo é o joio. Para ser trigo, tem de envolver o interesse público. O jornalismo só se ocupou do filho que Renan Calheiros tinha fora do casamento quando se descobriu que era uma empreiteira que pagava a pensão à mãe da criança. Como ele era presidente do Senado, restava evidente que havia uma dimensão coletiva no que parecia ser apenas uma questão pessoal. Então se publicou.
Lula ficou furioso quando os negócios de Lulinha, o seu “Ronaldinho”, vieram a público. Disse que estavam mexendo com a sua família. Errado! Era a sua família — no caso, um de seus filhos — que estava mexendo com o estado ao receber alguns milhões da Telemar, uma concessionária de serviço público, de que o BNDES era sócio. Não fosse isso, ninguém se importaria se aquele ex-monitor de jardim zoológico tinha ou não se tornado um milionário.
José Dirceu, o consultor de empresas privadas que se esgueira em quartos de hotel, ficou bravo com as imagens que VEJA publicou na revista. Ora, estivesse ele recebendo, naquele ambiente, pessoas sem quaisquer vínculos com assuntos da República, ninguém teria dado um pio. Mas não! Com a sua folha corrida, mantinha encontros com o presidente da Petrobras, com o ministro do Desenvolvimento Industrial, com o líder do governo na Câmara… O Zé sabe muito bem que nem VEJA nem outro veículo qualquer teria publicado uma linha a respeito caso ele estivesse por ali para, sei lá, estripulias sexuais. No Brasil é assim. Mas não é assim no mundo, não!
No mundo
Lembram-se do “bunga bunga” de Berlusconi? Antes que surgissem as suspeitas sobre a idade e a procedência de algumas meninas — o que toca em questões de estado —, a vida dissoluta do então primeiro-ministro, estivesse ou não o interesse público envolvido, era alvo de constantes reportagens, com fotos, artigos, especulações etc. Algumas fotos tiveram que sair com aquele quadriculado ali na região entre o umbigo e as coxas…
Na Inglaterra, então, nem se fale. O escândalo que envolveu o ”The News of the World” não mudou a rotina dos tabloides, não. Aquele jornal cometeu crimes para fabricar notícia, coisa muito diferente de noticiar o que se sabe da vida pública ou privada de personalidades da política, da realeza e do mundo do espetáculo. Um arquivo que chegasse a uma redação com folguedos sexuais de um político seria simplesmente notícia. Ponto! Nem se discute se um político ou funcionário graduado flagrado em intimidades num hotel ou num restaurante com namorada (o) ou amante é ou não notícia. É.
Boa parte do establishment político brasileiro não sobreviveria  à imprensa americana, bem mais comedida do que a inglesa ou italiana, mas muito distante da nossa no que concerne a essa separação rígida entre o público e o privado. Os bacanas que reclamam do nosso jornalismo não sabem, na verdade, o paraíso em que vivem. Na maioria das democracias, compreende-se que o homem público praticamente não tem direito a algumas prerrogativas dos cidadãos privados. Um exemplo: se o “Indivíduo A” tem uma amante, isso só interessa a ele, a ela e à mulher traída. Se, no entanto, ele for um político, isso passa a ser, sim, do interesse coletivo porque se considera que ele representa uma coletividade. Como tal, não pode reivindicar o direito à privacidade. Nos EUA, sabemos, a categoria que mais fulmina pré-candidatos à Presidência são as amantes.
Fico cá me perguntando se, por exemplo, os americanos não acertam mais do que nós. Fico cá pensando se Brasília — refiro-me à Brasília como capital administrativa, não aos brasilienses — não seria um lugar de mais trabalho, de mais seriedade, de mais moralidade se os homens públicos soubessem que os jornalistas contarão tudo o que sabem e pronto! Sempre há a alternativa, é óbvio, de o sujeito de vida complicada decidir se manter na esfera privada, hipótese em que se ninguém tem de se meter com seus assunto.
Talvez isso, mais do que o Ficha Limpa — que tem muitas portas abertas para o drible e até para a chantagem (trato disso outra hora) —, contribuísse para melhorar a política. O candidato a homem (e mulher, claro) público teria muito claro: “Se a minha história não for reta e se eu não viver conforme digo que vivo, sei que vou quebrar a cara”. Sim, sempre haverá, na democracia, a possibilidade de alguém se apresentar ao eleitorado justamente como aquele que enfia o pé no jaca. Mas, nesse caso, o eleitor será previamente avisado. Se votar, votou. Notem que não há lei proibindo que um sujeito com amante ou que tenha feito uma suruba se candidate nos EUA. Pode se candidatar. Provavelmente, não será eleito. Uma certeza ele tem: se teve amante ou fez suruba e se a imprensa ficar sabendo, isso será notícia. No Brasil, nunca!
Generosa
A imprensa brasileira, a verdade é esta, está entre as menos sensacionalistas do mundo. Na verdade, ela acaba sendo tolerante em excesso com certos comportamentos que, embora privados na aparência, mesmo não estando relacionados a dinheiro público ou a princípios da administração pública, revelam, no entanto, o político de duas caras, o anfíbio, aquele que diz uma coisa e que faz outra. Há certos comportamentos individuas que são sintomas de mau-caratismo. No homem privado, problema dele e de quem com ele se relacionar; no homem público, pode ser indício de baixa qualidade da representação e de degradação da política.
“Mas me diga, Reinaldo, não pode haver um santarrão, com comportamento ilibado no terreno moral, que é, no entanto, um contumaz ladrão do dinheiro público?” Ora, gente, claro que sim! Assim como é possível existir um fauno, com uma penca de amantes, vivendo uma vida dissoluta, que não toca em um centavo do que é alheio. Mas acho que essa é tal curva do sino, entendem? Existe a minoria nos dois extremos. Mas me estendi demais nas eventuais virtudes de termos uma imprensa que conta tudo o que sabe sobre o homem público. Quero voltar ao ponto.
A grande imprensa brasileira é generosa, tolerante e paciente. Permite que o fauno se passe por santarrão se considerar que isso é só um problema privado. Uma coisa é certa: a classe política brasileira seria quase dizimada se tivesse de enfrentar uma imprensa americana ou inglesa. E ouso dizer que, num primeiro momento, nem seria por causa do trabalho disso que se convencionou chamar “jornalismo investigativo”, que tenta desvendar as artimanhas dos ladrões de dinheiro público. Bastariam uma câmera fotográfica e alguns arquivos que chegam às redações e que são descartados.
E eu lamento constatar que a nossa democracia não é melhor do que a democracia americana ou britânica. Só por causa disso? É claro que não! Mas também por causa disso. Se, amanhã, os grandes veículos anunciarem: “Vamos contar tudo”, aí vocês conhecerão o que é pânico.  E eu posso garantir que não farão mal nenhum aos brasileiros se forem pra casa.

Bolivia: um vizinho sempre complicado - OperaMundi


Brasil desloca militares após Bolívia expulsar brasileiros na fronteira

De acordo com os brasileiros, militares fardados bolivianos invadiram casas de ao menos dez famílias
OperaMundi, 28/04/2012
O Ministério da Defesa brasileiro deslocou uma tropa para o município de Capixaba (AC), a 70 quilômetros de Rio Branco, após o exército da Bolívia ter retomado o processo de expulsão de brasileiros. Além disso, o governo brasileiro fez um protesto formal ao Ministério de Relações Exteriores da Bolívia contra o que considera ser uma “ação inaceitável” das forças armadas do país vizinho.

Ontem (27), o encarregado de negócios da Embaixada do Brasil em La Paz, Eduardo Sabóia, foi recebido no Ministério das Relações Exteriores da Bolívia e o secretário-geral das Relações Exteriores, Ruy Nogueira, conversou com o vice-ministro de Relações Exteriores daquele país. Agora, o governo brasileiro aguarda uma resposta oficial do governo boliviano.

Existem mais de 500 colonos brasileiros na região do Alto Acre, que abrange os municípios de Capixaba, Acrelândia, Plácido de Castro, Epicilância, Brasiléia e Assis Brasil, de acordo com o Blog da Amazônia. Além dos colonos, existem 50 produtores rurais com pequenas fazendas, que variam de 100 a 300 hectares de pastagens.
De acordo com os brasileiros, militares fardados do Exército boliviano invadiram casas de ao menos dez famílias de colonos. Eles teriam expulsado famílias, se apropriado de bens, matado animais para consumo das tropas e ateado fogo em uma das casas. O grupo estaria agora na região em acampamentos e deu um ultimato de 15 dias para que os brasileiros deixem o local.

Segundo o secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão, citado pelo O Globo, os membros do Exército chegaram a entrar em território brasileiro fardados e armados em busca de combustível e alimentos, o que contraria a legislação internacional, que impede essa movimentação sem notificação prévia ao país.

"O grave é que a Bolívia não parece empenhada em manter boas relações diplomáticas. Qualquer ação militar que envolva os exércitos dos dois países na fronteira deve ser comunicada, mas  nem o Exército Brasileiro, nem o Itamaraty e nem o governo do Acre foram informados da operação. A situação exige por parte da diplomacia brasileira um protesto forte junto aos diplomatas bolivianos", disse Mourãom ao Blog da Amazônia.

Os brasileiros se instalaram em região proibida pela legislação da Bolívia, que veta a moradia de estrangeiros em uma faixa de até 50km da fronteira. O grupo é formado por pequenos agricultores, que vivem da castanha e do açaí e também por criadores de gado. O reassentamento destas famílias já havia sido acordado entre os governos do Brasil e da Bolívia e vinha sendo colocado em prática de modo gradual. Cerca de 160 famílias já se mudaram, mas ainda existe um total estimado em 300 famílias na região.

Segundo Mourão, o governo brasileiro fez uma doação de 10 milhões de reais para que o país vizinho invista em desenvolvimento rural. "O Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] já adquiriu terra para assentar cerca de 150 agricultores familiares, o que deve ser feito nos próximos meses", afirmou. Enquanto a situação não se resolve, os moradores buscaram abrigo nas casas de parentes e amigos em Capixaba.

Obama: um belicoso Premio Nobel da Paz - Peter Bergen (NYT)


The New York Times, April 28, 2012

Warrior in Chief

THE president who won the Nobel Peace Prize less than nine months after his inauguration has turned out to be one of the most militarily aggressive American leaders in decades.
Liberals helped to elect Barack Obama in part because of his opposition to the Iraq war, and probably don’t celebrate all of the president’s many military accomplishments. But they are sizable.
Mr. Obama decimated Al Qaeda’s leadership. He overthrew the Libyan dictator. He ramped up drone attacks in Pakistan, waged effective covert wars in Yemen and Somalia and authorized a threefold increase in the number of American troops in Afghanistan. He became the first president to authorize the assassination of a United States citizen, Anwar al-Awlaki, who was born in New Mexico and played an operational role in Al Qaeda, and was killed in an American drone strike in Yemen. And, of course, Mr. Obama ordered and oversaw the Navy SEAL raid that killed Osama bin Laden.
Ironically, the president used the Nobel Peace Prize acceptance speech as an occasion to articulate his philosophy of war. He made it very clear that his opposition to the Iraq war didn’t mean that he embraced pacifism — not at all.
“I face the world as it is, and cannot stand idle in the face of threats to the American people,” the president told the Nobel committee — and the world. “For make no mistake: Evil does exist in the world. A nonviolent movement could not have halted Hitler’s armies. Negotiations cannot convince Al Qaeda’s leaders to lay down their arms. To say that force is sometimes necessary is not a call to cynicism — it is a recognition of history, the imperfections of man, and the limits of reason.”
If those on the left were listening, they didn’t seem to care. The left, which had loudly condemned George W. Bush for waterboarding and due process violations at Guantánamo, was relatively quiet when the Obama administration, acting as judge and executioner, ordered more than 250 drone strikes in Pakistan since 2009, during which at least 1,400 lives were lost.
Mr. Obama’s readiness to use force — and his military record — have won him little support from the right. Despite countervailing evidence, most conservatives view the president as some kind of peacenik. From both the right and left, there has been a continuing, dramatic cognitive disconnect between Mr. Obama’s record and the public perception of his leadership: despite his demonstrated willingness to use force, neither side regards him as the warrior president he is.
Mr. Obama had firsthand experience of military efficacy and precision early in his presidency. Three months after his inauguration, Somali pirates held Richard Phillips, the American captain of the Maersk Alabama, hostage in the Indian Ocean. Authorized to use deadly force if Captain Phillips’s life was in danger, Navy SEALs parachuted to a nearby warship, and three sharpshooters, firing at night from a distance of 100 feet, killed the pirates without harming Captain Phillips.
“GREAT job,” Mr. Obama told William H. McRaven, the then vice admiral who oversaw the daring rescue mission and later the Bin Laden operation in Abbottabad, Pakistan. The SEAL rescue was the president’s first high-stakes decision involving the secretive counterterrorism units. But he would rely increasingly upon their capacities in the coming years.
Soon after Mr. Obama took office he reframed the fight against terrorism. Liberals wanted to cast anti-terrorism efforts in terms of global law enforcement — rather than war. The president didn’t choose this path and instead declared “war against Al Qaeda and its allies.” In switching rhetorical gears, Mr. Obama abandoned Mr. Bush’s vague and open-ended fight against terrorism in favor of a war with particular, violent jihadists.
The rhetorical shift had dramatic — non-rhetorical — consequences. Compare Mr. Obama’s use of drone strikes with that of his predecessor. During the Bush administration, there was an American drone attack in Pakistan every 43 days; during the first two years of the Obama administration, there was a drone strike there every four days. And two years into his presidency, the Nobel Peace Prize-winning president was engaged in conflicts in six Muslim countries: Iraq, Afghanistan, Pakistan, Somalia, Yemen and Libya. The man who went to Washington as an “antiwar” president was more Teddy Roosevelt than Jimmy Carter.
Consider the comparative speed with which Mr. Obama and his Democratic predecessor, Bill Clinton, opted for military intervention in various conflicts. Hesitant, perhaps, because of the Black Hawk Down disaster in Somalia in 1993, Mr. Clinton did nothing to stop what, at least by 1994, was evidently a genocidal campaign in Rwanda. And Bosnia was on the verge of genocidal collapse before Mr. Clinton decided — after two years of dithering — to intervene in that troubled area in the mid-1990s. In contrast, it took Mr. Obama only a few weeks to act in Libya in the spring of 2011 when Col. Muammar el-Qaddafi threatened to massacre large portions of the Libyan population. Mr. Obama went to the United Nations and NATO and set in motion the military campaign — roundly criticized by the left and the right — that toppled the Libyan dictator.
None of this should have surprised anyone who had paid close attention to what Mr. Obama said about the use of force during his presidential campaign. In an August 2007 speech on national security, he put the nation — and the world — on alert: “If we have actionable intelligence about high-value terrorist targets and President Musharraf won’t act, we will,” he said, referring to Pervez Musharraf, then president of Pakistan. He added, “I will not hesitate to use military force to take out terrorists who pose a direct threat to America.”
That’s about as clear a statement as can be. But Republicans and Democrats blasted Mr. Obama with equal intensity for suggesting that he would authorize unilateral military action in Pakistan to kill Bin Laden or other Al Qaeda leaders.
Hillary Rodham Clinton, then a Democratic rival for the presidential nomination, said, “I think it is a very big mistake to telegraph that.” Mitt Romney, vying for the Republican nomination, accused Mr. Obama of being a “Dr. Strangelove” who is “going to bomb our allies.” John McCain piled on: “Will we risk the confused leadership of an inexperienced candidate who once suggested bombing our ally, Pakistan?”
Once in office, Mr. Obama signed off on a large increase in the number of C.I.A. officers on the ground in Pakistan and an intensified campaign of drone warfare there; he also embraced the use of drones or covert military units in places like Syria and Yemen, where the United States was not engaged in traditional land warfare. (Mr. Bush, who first deployed C.I.A.-directed drones, did not do so on the scale that Mr. Obama did; and Mr. Obama, of course, had the benefit of significantly improved, more precise, drone technology.)
Nothing dramatizes Mr. Obama’s willingness to use hard power so well as his decision to send Navy SEAL Team 6 to Abbottabad, to take out Bin Laden. Had this risky operation failed, it would most likely have severely damaged Mr. Obama’s presidency — and legacy.
Mr. Obama’s advisers worried that a botched raid would disturb — or destroy — the United States-Pakistan relationship, which would make the war in Afghanistan more difficult to wage since so much American matériel had to travel through Pakistani airspace or ground routes.
The risks were enormous. A helicopter-borne assault could easily turn into a replay of the debacle in the Iranian desert in 1980, when Mr. Carter authorized a mission to release the American hostages in Tehran that ended with eight American servicemen dead and zero hostages freed.
SOME of Mr. Obama’s top advisers worried that the intelligence suggesting that Bin Laden was in the Abbottabad compound was circumstantial and much too flimsy to justify the risks involved. The deputy C.I.A. director, Michael J. Morell, had told the president that in terms of available data points, “the circumstantial evidence of Iraq having W.M.D. was actually stronger than evidence that Bin Laden was living in the Abbottabad compound.”
At the final National Security Council meeting to consider options connected to Bin Laden’s possible presence in the Abbottabad compound, Mr. Obama gave each of his advisers an opportunity to speak. When the president asked, “Where are you on this? What do you think?” so many officials prefaced their views by saying, “Mr. President, this is a very hard call,” that laughter erupted, providing a few moments of levity in the otherwise tense, two-hour meeting.
Asked his view, Vice President Joseph R. Biden Jr. said, “Mr. President, my suggestion is, don’t go.”
For the president, however, the potential rewards clearly outweighed all risk involved. “Even though I thought it was only 50-50 that Bin Laden was there, I thought it was worth us taking a shot,” he said. “And I said to myself that if we have a good chance of not completely defeating but badly disabling Al Qaeda, then it was worth both the political risks as well as the risks to our men.”
The following morning, on Friday, April 29, at 8:20 a.m. in the White House Diplomatic Reception Room, Mr. Obama gathered his key national security advisers in a semicircle around him and told them simply, “It’s a go.”
Three days later Bin Laden was dead.
The Bin Laden mission will surely resurface in the coming election; the campaign has already produced a 17-minute documentary that showcases the raid. This, combined with Mr. Obama’s record of military accomplishment, will make it hard for Mitt Romney to convince voters that Mr. Obama is a typical, weak-on-national-security Democrat. And, if Mr. Romney tries to portray Mr. Obama this way, he will very likely trap himself into calling for a war with Iran, which many Americans oppose.
Mr. Obama plans to be in Chicago for the NATO summit meeting in late May, just as the election campaign heats up. He’ll arrive knowing that the United States and Afghanistan have already agreed to a long-term strategic partnership that is likely to involve thousands of American soldiers in Afghanistan, in advisory roles, after combat operations end in 2014. (The details of the agreement are still being negotiated.) This should inoculate the president from would-be Romney charges that he is “abandoning” Afghanistan.
None of this suggests that Mr. Obama is trigger-happy or that, when considering the use of force, he is more likely to trust his gut than counsel provided during structured, often lengthy, deliberations with his National Security Council and other advisers. In instances in which the risks seem too great (military action against Iran) or the payoff too murky (some form of military intervention in Syria), Mr. Obama has repeatedly held America’s fire.
This said, it is clear that he has completely shaken the “Vietnam syndrome” that provided a lens through which a generation of Democratic leaders viewed military action. Still, the American public and chattering classes continue to regard the president as a thinker, not an actor; a negotiator, not a fighter.
What accounts for the strange, persistent cognitive dissonance about this president and his relation to military force? Does it stem from the campaign in which Mrs. Clinton repeatedly critiqued Mr. Obama for his stated willingness to negotiate with Iran and Cuba? Or is it because he can never quite shake the deliberative tone and mien of the constitutional law professor that he once was? Or because of his early opposition to the Iraq war? Whatever the causes, the president has embraced SEAL Team 6 rather than Code Pink, yet many continue to see him as the negotiator in chief rather than the warrior in chief that he actually is.
Peter L. Bergen is the director of the New America Foundation and the author of the forthcoming book “Manhunt: The Ten-Year Search for Bin Laden — From 9/11 to Abbottabad.”

sábado, 28 de abril de 2012

Juizes daltonicos (e com poucos neuronios) adotam "raciossimio" enviesado...

Bem, o título é meu. O venerável jornal conservador -- como se dizia antigamente -- ou o representante do PIG - Partido da Imprensa Golpista, como querem os companheiros e seus sabujos pagos para publicar bobagens -- foi bem mais comedido ao julgar os juízes míopes que consideraram uma questão inconstitucional constitucional.
Eu acho que a qualidade do supremo vem decaindo aceleradamente, isso por seleção canhestra, e tende a ficar pior, por esforço próprio...
Vamos ter de conviver com juízes perfeitamente inconstitucionais...
Paulo Roberto de Almeida 

Justiça com lentes coloridas

Editorial O Estado de S.Paulo, 28 de abril de 2012 | 3h 08



A discriminação racial no Brasil é constitucional, segundo decidiram por unanimidade os ministros do Supremo Tribunal (STF), num julgamento sobre a adoção de cotas para negros e pardos nas universidades públicas. Com base numa notável mistura de argumentos verdadeiros e falsos, eles aprovaram a reserva de vagas para estudantes selecionados com base na cor da pele ou, mais precisamente, na cor ou origem étnica declarada pelo interessado. Mesmo enfeitada com rótulos politicamente corretos e apresentada como “correção de desigualdades sociais”, essa decisão é obviamente discriminatória e converte a raça em critério de ação governamental. Para os juízes, a desigualdade mais importante é a racial, não a econômica, embora eles mal distingam uma da outra.
O ministro Cezar Peluso mencionou as diferenças de oportunidades oferecidas a diferentes grupos de estudantes. Com isso, chamou a atenção para um dos maiores obstáculos à concretização dos ideais de justiça. Todos os juízes, de alguma forma, tocaram nesse ponto ou dele se aproximaram. Estabeleceram, portanto, uma premissa relevante para o debate sobre a formação de uma sociedade justa e compatível com os valores da democracia liberal, mas perderam-se ao formular as conclusões.
O ministro Joaquim Barbosa referiu-se à política de cotas como forma de combater “a discriminação de fato”, “absolutamente enraizada”, segundo ele, na sociedade. Mas como se manifesta a discriminação? Candidatos são reprovados no vestibular por causa da cor? E os barrados em etapas escolares anteriores? Também foram vítimas de racismo?
A ministra Rosa Weber foi além. “A disparidade racial”, disse ela, “é flagrante na sociedade brasileira.” “A pobreza tem cor no Brasil: negra, mestiça, amarela”, acrescentou. A intrigante referência à cor amarela poderia valer uma discussão, mas o ponto essencial é outro. Só essas cores identificam a pobreza no Brasil? Não há pobres de coloração diferente? Ou a ministra tem dificuldades com a correspondência de conjuntos ou ela considera desimportante a pobreza não-negra, não-mestiça e não-amarela.
Mas seus problemas lógicos são mais amplos. Depois de estabelecer uma correspondência entre cor e pobreza, ela mesma desqualificou a diferença econômica como fator relevante. “Se os negros não chegam à universidade, por óbvio não compartilham com igualdade das mesmas chances dos brancos.” E concluiu: “Não parece razoável reduzir a desigualdade social brasileira ao critério econômico”. A afirmação seria mais digna de consideração se fosse acompanhada de algum argumento. Mas não é. O fator não econômico e estritamente racial nunca foi esclarecido na exposição da ministra nem nos votos de seus colegas.
Nenhum deles mostrou com suficiente clareza como se manifesta a discriminação no acesso à universidade ou, mais geralmente, no acesso à educação. O ministro Celso de Mello citou sua experiência numa escola pública americana sujeita à segregação. Lembrou também a separação racial nos ônibus escolares nos Estados Unidos. Seria um argumento esclarecedor se esse tipo de segregação - especificamente racial - fosse no Brasil tão normal e decisivo quanto o foi nos Estados Unidos.
Talvez haja bons argumentos a favor da discriminação politicamente correta defendida pelos juízes do STF, mas nenhum desses foi apresentado. Brancos pobres também têm dificuldade de acesso à universidade, mas seu problema foi menosprezado.
Se um negro ou pardo com nota insuficiente é considerado capaz de cursar com proveito uma escola superior, a mesma hipótese deveria valer para qualquer outro estudante. Mas não vale. Talvez esse branco pobre também deva pagar pelos “danos pretéritos perpetrados por nossos antepassados”. Justíssimo?
Como suas excelências poderão ser envolvidas em outras questões de política educacional, talvez devam dar uma espiada nos censos. Os funis mais importantes e socialmente mais danosos não estão na universidade, mas nos níveis fundamental e médio. Países emergentes bem-sucedidos na redução de desigualdades deram atenção prioritária a esse problema. O resto é demagogia.

Diplomacia e cultura: uma relacao sempre ambigua

Sempre atraído pela cultura e por questões intelectuais, recolho na internet o artigo abaixo, por um jornalista que pretende censurar o Itamaraty pela falta de apoio cultural. Não é verdade, mas digamos que a cultura é a primeira a sofrer quando as verbas se fazem curtas. Esse é um fato. Um país, qualquer país, sempre deixa de fazer coisas quando os recursos são escassos, e como esse país não pode deixar de pagar aposentados e pensionistas, até por razões constitucionais, e como ele -- ou eles, pois no caso o país não faz nada, e sim os políticos, que ocupam temporariamente, espera-se, o governo, são os que fazem ou deixar de fazer coisas, ditas estratégicas, ou acessórias -- tampouco deixa de pagar funcionários e manter atividades correntes, onde é que o país em questão vai buscar os recursos que faltam para aquelas atividades essenciais: ora bolas, nas iniciativas que podem, ou não, deixar de sere feitas e que não atingem o coração do funcionamento do Estado. 
Entre essas vítimas, em qualquer lugar, estão sempre as atividades culturais, sendo que aparecem em segundo lugar as tarefas de manutenção: estradas e ruas deixam de ser entretidas, e ficam esburacadas, novos equipamentos deixam de ser comprados (e aí escolas, hospitais e outros órgãos de administração e atendimento precisam continuar trabalhando com computadores velhos, por exemplo), enfim, existe um sem número de atividades que podem -- por vezes devem -- ser cortadas, em nome da economia.
Arte, cultura, lazer, exibicionismo (burguês ou não) sempre convivem com a riqueza, em qualquer tempo e lugar: são os mecenas, os ricaços, ou Estados afluentes que financiam obras de arte e subsídios a esses "reclamões" incuráveis que são os intelectuais (muitos se acham no direito de receber do Estado, sem qualquer compromisso de resultado, apenas porque, supostamente, produzem arte, cultura, entretenimento).
Pois bem, esta longa introdução apenas para dizer que não estou de acordo com o jornalista em questão, a despeito de considerar seu artigo relevante.
E tampouco estou de acordo com a parte final, quando ele aponta uma série de escritores e intelectuais, e pretende que a diplomacia brasileira deve muito a eles.
Duvido e contesto. Esses homens já eram brilhantes quando ingressaram no Itamaraty, ou se tornaram brilhantes concomitantente, ou simultaneamente, talvez até competitivamente, ao seu trabalho como diplomatas, não porque precisassem do Itamaraty para criar as obras que criaram. Se formos examinar sua "ficha de serviço" raramente encontraremos produções diplomáticas estrito senso, e sim produções culturais, acadêmicas ou livres, mas que poderiam ter resultado de qualquer outra atividade que exercessem -- na indústria, na agricultura, nos serviços, na academia, até na vagabundagem de elite -- e não necessariamente como resultado da diplomacia ou do Itamaraty. Muitos, isso é conhecido, adentraram no Itamaraty justamente para se aproveitar do Itamaraty, não para trabalhar para ele: a possibilidade de ganhar bem, sem precisar trabalhar muito -- não é mais o caso hoje, mas era até a República Velha -- de só frequentar ambientes sofisticados nas mais belas capitais do mundo -- tampouco é o caso hoje -- tudo isso fazia com que homens (sim, homens) de boa família se dirigissem ao Itamaraty, não para engrandecer a sua diplomacia e beneficiar o Itamaraty de suas luzes, mas para se beneficiarem a si mesmos, e à sua produção literária.
Que eles possam ter acrescido, e muito, à cultura do Brasil, e enriquecido o prestígio do país no exterior, isso é inegável. Que isso tenha sido em proveito da diplomacia -- estrito senso -- é bem mais duvidoso, e talvez até enganoso.
Em todo caso, devemos saudar os grandes homens da cultura, agradecer o que fizeram pelo nosso enriquecimento intelectual, não reclamar quando o Estado é obrigado a fazer cortes que certamente foram dolorosos (mas alguns são absolutamente necessários, como por exemplo, no caso de muitos aproveitadores medíocres que se apresentam como "produtores culturais", como existem tantos na república dos companheiros - e, por fim, descartar essa concepção simplista que faz de todo intelectual-diplomata, ou de todo diplomata intelectual, um servidor devotado da diplomacia cultural brasileira. As pessoas cuidam, em primeiro lugar, de si mesmas, e isto é simplesmente humano.
Paulo Roberto de Almeida 



Machado de Assis
Machado de Assis

Machado de Assis: Um Instituto que faz falta


Onde está nosso Instituto Machado de Assis (sem diminuir outros escritores)? Não existe. Consta que depende de uma quezília entre o Itamaraty e o Ministério da Cultura, sobre quem seria o pai e a mãe da idéia. Enquanto isso, o Brasil carece de uma política orgânica promotora de sua cultura e de sua língua.

Por Flávio Aguiar, 27 DE ABRIL DE 2012 - 18H00 


Li, entre comovido e entusiasmado, a palestra da presidente Dilma Roussef aos formandos do Instituto Rio Branco, nesta página. Comovido: nossa presidenta, resgatada da nossa história de ditaduras insondáveis, dirige-se ao nosso corpo diplomático. Entusiasmado: ela, vinda desse passado sofrido e sofrível, dirige-se ao futuro da nossa diplomacia.
Mas...
Faltou algo.
A presidente, com toda razão, afirmou que era necessário ter engenheiros, físicos e matemáticos entre os diplomatas. Certeiro. Talvez tenha até esquecido os químicos, os biólogos, e outros cientistas das exatas e das ciências da vida.
Mas e a vida cultural?
A diplomacia brasileira – sou testemunha disso – é das mais brilhantes e reconhecidas internacionalmente, pela formação e pelo desempenho. Mas o esforço da representação internacional pela cultura brasileira ainda deixa a desejar. E eu vivo numa cidade – Berlim – em que a presença cultural da Embaixada Brasileira é amplamente reconhecida e festejada.
Então onde deixa a desejar?
Não vejo um esforço sistemático para promover a cultura brasileira, nem nossa língua, nem nossa já reconhecida presença cultural no mundo.
Em termos de hegemonia internacional, cultura é peça fundamental no jogo de poder e presença. Olhem os Estados Unidos e a China: o primeiro, decadente, a segunda, emergente. Mas há um fator cultural inamovível. Para o bem e para o mal, ninguém quer ser como a China, a não ser os chineses (e com todo o direito); mas os Estados Unidos seguem sendo um modelo de “way of life”. Como eu disse, para o bem e para o mal.
Trocando em miúdos e em graúdos, num mundo em que a Europa afunda em crise – em particular a península Ibérica – olho para ela e fico com inveja dos Institutos Camões e Cervantes.
Onde está nosso Instituto Machado de Assis (sem diminuir outros escritores)? Não existe. Consta que depende de uma quezília entre o Itamaraty e o Ministério da Cultura, sobre quem seria o pai e a mãe da idéia. Enquanto isso, o Brasil carece de uma política orgânica promotora de sua cultura e de sua língua. E num momento em que estudantes pela Europa inteira querem estudar o português do Brasil, cada vez mais.
Tudo bem: louvemos os futuros engenheiros, matemáticos, físicos e vizinhos dessas áreas “exáticas”, que desejadamente se tornarão diplomatas. Mas não esqueçamos do quanto a diplomacia brasileira deve a Martins Pena, Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães, Aluísio Azevedo, Raul Bopp, Erico Verissimo, Guimarães Rosa, Viana Moog e outros e outras.
Não é uma forma de saudosismo.
É também uma forma de pensar o futuro.
Machado de Assis nunca viajou ao exterior. Está na hora dele empreender essa viagem, sob a forma de seu instituto.

*Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior em Berlim
Fonte: Carta Maior

Apartheid racial made in France: Miss Black France

Seria ridículo se não fosse também uma evidência de mais uma deriva do politicamente correto: para integrar, os novos racistas separam...
Parece que se trata de uma enfermidade contagiosa, mas antes de indicar racismo explícito ela indica apenas estupidez...
Paulo Roberto de Almeida 

Miss Black France, un concours de "beautés noires" qui fait polémique

Le Monde.fr |  • Mis à jour le 
"Célébrons la beauté noire !" C'est l'ambition d'un concours de beauté original, organisé samedi 28 avril salle Wagram, à Paris. La particularité de Miss Black France : recruter en fonction de la couleur de peau. Sélectionnées sur casting parmi 1 000 candidatures, dix-huit jeunes femmes noires, de 17 à 28 ans, sont en compétition.
Pour Frédéric Royer, journaliste et organisateur de l'événement, mettre la "beauté black" à l'honneur, n'est en rien une dérive communautariste : "On n'a jamais dit que les candidates blanches étaient exclues. Si une femme blanche se présente l'année prochaine, on ne pourra pas la refuser. On essaye juste de valoriser les belles filles noires car on ne les voit pas assez dans les médias et sur les couvertures des journaux."
DES CONCOURS DE BEAUTÉ NON REPRÉSENTATIFS ?
"Cela fait longtemps que j'ai remarqué que l'élection de Miss en France n'est pas représentative de la population d'aujourd'hui, ajoute Frédéric Royer. Il y a très peu de noires. Et elles viennent souvent des DOM et ne sont presque jamais d'origine africaine." Frédéric Royer ne se présente pas comme un précurseur du genre. Il cite d'autres concours réservés aux femmes noires, comme Miss Black Beauty, Miss Afro Ethnic, Miss Sénégal France.
En décembre, le site Slate avait suivi les sélections du concours. Brenda, jeune candidate de 20 ans, est métisse. Elle expliquait au jury que dans les élections, dites "classiques", la beauté noire n'est pas toujours considérée à sa juste valeur : "J'ai fait Miss Oise, j'étais la seule fille de couleur, je me sentais isolée. Le maquillage n'était pas adapté à ma couleur de peau." Dialika, sénégalaise de 26 ans, en France depuis 2003, reconnaissait que Miss Black France n'est pas qu'un simple concours. "Les filles qui ont le teint foncé et les cheveux naturels ne sont pas mises en valeur, disait-elle. J'espère que ma candidature fera avancer les mentalités. C'est du militantisme esthétique."
Le Conseil représentatif des associations noires (CRAN) soutient l'évènement car"on a pour mission de mettre en avant les populations noires, ce que fait ce concours", explique son président, Louis-Georges Tin. "Il favorise la visibilité dont ces jeunes femmes sont privées en France. Le problème ce n'est pas le communautarisme, mais la discrimination sur les podiums de mode. Et puis, ces concours sont organisés dans d'autres pays, comme en Allemagne, en Espagne et en Angleterre, sans que cela ne pose de problème."
GENEVIÈVE DE FONTENAY, MARRAINE DU CONCOURS
"On a toujours eu des candidates noires, se défend Geneviève de Fontenay, ancienne présidente du comité Miss France et créatrice de Miss Prestige National.Mais c'est normal de ne pas avoir la moitié des candidates qui ne soient pas noires lorsque l'on organise des concours régionaux comme Miss Bretagne, Lorraine ou Alsace, parce qu'elles ne représentent pas la moitié de la population de la région."Depuis la création du concours Miss France, en 1920, cinq femmes noires ont été couronnées : Véronique de la Cruz (1993, Guadeloupe), Sonia Rolland (2000, Bourgogne), Corinne Coman (2003, Guadeloupe), Cindy Fabre (2005, Normandie) et Cholé Mortaud (2009, Midi Albigeois Midi-Pyrénées).
L'experte en Miss n'est pas rancunière. Geneviève de Fontenay a accepté le rôle de marraine du concours : "C'est un aimable concours. Je ne pensais pas que cela allait faire un tel bruit. Ce n'est pas du communautarisme, mais c'est la société qui provoque ce genre d'initiative. Ces jeunes filles veulent montrer qu'elles existent, surtout dans une période électorale où le Front national essaye de dresser les Français les uns contre les autres. Cela ne fait pas de mal à la cohésion de la France."
Si Patrick Lozès, fondateur et ancien président du CRAN ne met pas en doute les intentions louables des organisateurs, il s'élève contre ce concours : "Cette élection est une défaite de nos valeurs, de la lutte contre les discriminations et représente un repli communautaire. On ne rend pas service à ces filles en leur disant qu'elles ne réussiront qu'en empruntant des voix parallèles."
Au-delà du symbole, Patrick Lozès ne pense pas qu'il faille dissocier l'origine ethnique et la nationalité : "Ces jeunes filles doivent se sentir Française, et non noire dans la société française. Et puis, je sais ce qu'est une malienne ou une sénégalaise. Une noire non. C'est un concours qui consacre une apparence en la transformant en une identité associée à une couleur."
"LE MOMENT EST MAL CHOISI"
L'historien Pascal Blanchard, spécialiste des immigrations au CNRS et auteur de La France noirese dit "choqué". Il juge cette initiative "stupide" et "dangereuse" : "Je sais qu'aux Etats-Unis il existe des concours de beauté ethniques. Le fait qu'on les tolère ne change rien à ma pensée. Chaque fois que l'on me parlera, n'importe où dans le monde, d'un concours réservé à une catégorisation raciale, je bondirai !"
Le moment serait mal choisi, dans l'entre-deux-tours de l'élection présidentielle."Cela braque encore plus les Français sur les conséquences de l'immigration,explique Patrick Lozès. Toutes les manifestations qui sont considérées comme étant communautaires donnent du grain à moudre aux populistes." Patrick Lozès ne nie pas qu'il existe des problèmes d'intégration mais "il faut d'abord mieuxaccompagner les jeunes filles qui veulent participer à ces concours et que le concours de Miss France n'oublie personne".
Pour Louis-Georges Tinau contraire, cette date est symbolique : "Avec les scores qu'a fait le Front national au premier tour de la présidentielle, voulez-vous que les noirs se mettent à raser les murs ? Si ce parti devient de plus en plus fort, il faut lecombattre au lieu de s'enterrer."
Malgré cette polémique, l'événement veut rester glamour. Pour départager les candidates, le jury réunira notamment Kareen Guiock, Mokobé ex-113, Vincent MacDoom ou Carine Lima.


Diplomacia bizarra?: Bernard-Henry Levy sobre Siria


Geopolítica - O Globo, 25/04/2012

‘Diplomacia brasileira para Síria é bizarra’

Bernard-Henri Lévy - Intelectual francês critica resistência do Itamaraty à intervenção contra Assad e diz que ação militar é a única opção

Luciana Martinez

Considerado um dos maiores intelectuais da França na atualidade, o filósofo e jornalista Bernard-Henri Lévy foi um grande defensor da intervenção na Líbia e chegou a pedir pessoalmente ao presidente francês, Nicolas Sarkozy, uma ação contra Muamar Kadafi.

Um ano depois, BHL, como é conhecido em seu país, pressiona por uma ação na Síria, criticando o Brasil por se apresentar como obstáculo à operação militar, e chama atenção para a impotência da comunidade internacional diante do "cinismo desconcertante" da Rússia e da China. "É uma guerra justa, de último recurso.

Não há escolha", diz o escritor em entrevista, por e-mail, ao GLOBO.

O GLOBO: O senhor foi um dos defensores da guerra na Líbia e agora apoia uma ação militar na Síria. A intervenção estrangeira é a única saída para deter a violência do regime de Bashar al-Assad? Por quê?
BERNARD-HENRI LÉVY: Não há outra escolha. Estamos lidando com um regime autista, que enlouqueceu e enveredou numa espiral de crimes alucinante. Nós tentamos a diplomacia, e nada foi feito. De alguma forma, estamos exatamente na situação descrita por teóricos clássicos como a "guerra justa". É uma guerra necessária, de último recurso. Claro, é um conflito terrível, como todos os outros, mas é uma guerra de mal menor, a qual recorremos quando não há mais opções.

A intervenção militar na Síria tem encontrado dificuldade para ser aceita pelo Conselho de Segurança, e por muito tempo, também não foi uma opção para opositores. O que deve ser feito para que a Síria pós-Assad não se torne um país dividido?
LÉVY: Primeiro, a intervenção deve ser uma demanda, um desejo dos principais interessados, como aconteceu com a Líbia, quando rebeldes pediram ajuda da Liga Árabe e da França. É preciso, sem dúvida, que a operação de resgate de civis seja conduzida, total ou parcialmente, por potências regionais.

Para mim, a Turquia teria papel fundamental, ou talvez o Qatar. Agora, se isso é o suficiente para impedir que a nova Síria, aquela que virá depois de Assad, seja dividida, eu não sei. O que sei é que nós não podemos ficar de braços cruzados, com medo do que pode vir, e aceitar o que acontece agora, quando dezenas de pessoas são mortas com armas pesadas diariamente diante da indiferença da comunidade internacional.

O senhor andou conversando com opositores sírios. Como tem sido esse diálogo?
LÉVY: É comovente. Os relatos são terríveis. O que eles me contam sobre os métodos de Assad e seu regime vai além do imaginável. Ao mesmo tempo, eu os escuto com um certo sentimento de impotência. O que podemos fazer quando sabemos que há, no Conselho de Segurança, dois países, Rússia e China, que, com um cinismo desconcertante, estão decididos a tudo para o banho de sangue continuar. Poderia ser mais simples. Homs é Benghazi.

Aquilo que a comunidade internacional, liderada pela França, fez na Líbia, ela poderia fazer amanhã em Homs. Mas, indo contra o que nos contam, decidimos não agir e procuramos desculpas para nossa inação vergonhosa.

Ano passado, o senhor procurou o governo francês para pedir uma ação militar na Líbia. Pretende fazer o mesmo em relação à Síria?

LÉVY: Claro, até já fiz, mas milagres demoram a se repetir. Houve, ano passado, uma conjuntura milagrosa, pela qual eu, independentemente de nossas discordâncias e da minha opção política, sou grato ao presidente Sarkozy. Se isso vai se repetir com a Síria? Seria preciso. Eu gostaria. Mas, até agora, não consegui.

Muitas críticas foram feitas à ONU e ao plano de paz de Kofi Annan. Em 1994, Annan foi também criticado por seu papel no genocídio de Ruanda, chegando a admitir que poderia ter feito mais pelo país africano.

Quase 20 anos depois, o senhor acha que ele vai conseguir sucesso na Síria?
LÉVY: Há dois pontos negros que pairam sobre a comunidade internacional: a Bósnia e Ruanda. Além disso, há uma série de líderes (como Sarkozy, Hillary Clinton e David Cameron) que vivem assombrados por essas lembranças, com uma certa obsessão de nunca mais ver algo parecido se repetir na História.

Esses são os chefes de Estado que apoiaram a intervenção na Líbia. E são eles que hoje defendem uma ação militar na Síria. Annan faz parte desse grupo. Ele também pertence a esse clube informal de pessoas, cuja impotência diante do genocídio ruandês é coberta por vergonha e obsessão. Isto é um bom sinal.

Em sua opinião, onde a comunidade internacional tem errado?
LÉVY: China e Rússia sempre conduziram mal seu poder de veto no Conselho de Segurança. O Brasil também adere a uma posição bizarra, comportando- se como um obstáculo à intervenção. Por que isso? Não consigo entender, até por admirar a presidente brasileira. Talvez seja a ideia de que não se deve interferir nos assuntos domésticos de um Estado que já foi colonizado. Ou a percepção de que o Ocidente deveria se manter longe de qualquer intervenção nessas regiões do mundo.

Ou ainda aquele velho disco arranhado de anti-imperialismo. Mas o resultado está aí. Um país grande como o Brasil, que serve de modelo para seus vizinhos, mas que age contra os civis sírios assassinados junto com a complacência de Pequim e Moscou. É chocante.

Universidades de SP descartam uso de cotas raciais

Sem comentários, por enquanto..., ou apenas um: a ONG Educafro, que deveria supostamente educar apenas afrodescendentes, está educando todos os brasileiros sobre a construção do fascismo no Brasil, ou seja: não basta que algo, ainda que inconstitucional, seja declarado não incompatível com a Constituição, por um bando de juízes politizados, mas é preciso obrigar todos os brasileiros, todas as instituições a adotar o Apartheid racial e o racismo patrocinado pelo Estado compulsoriamente.
Fascismo é exatamente isso: cessa o domínio da liberdade, entra o regime ditatorial das obrigações compulsórias.
Paulo Roberto de Almeida 

Universidades de SP descartam cotas

USP tem programas de inclusão de alunos de escola pública e não pretende adotar sistema

Paulo Saldana - O Estado de S.Paulo
Mesmo após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir pela legalidade das cotas raciais, a USP não pretende adotar o sistema. Em 2009, quando assumiu a reitoria da USP, João Grandino Rodas afirmou que as cotas seriam "discutidas" no Conselho Universitário, mas o assunto só foi falado de forma marginal durante debate para reforma do programa de inclusão de alunos de escolas públicas na instituição.
As universidades estaduais Paulista (Unesp) e de Campinas (Unicamp) também informaram que não vão adotar cotas. USP, Unesp e Unicamp defendem a prevalência do mérito na seleção, embora tenham ações de inclusão - sem, no entanto, reservar vagas.
A ONG Educafro afirmou que vai entrar com uma ação na Justiça contra as três instituições para que o sistema seja adotado. O processo deverá ser protocolado até o dia 11 de maio.
"Após a decisão do STF e da orientação expressa dos ministros, vamos entrar com ação de Obrigação de Fazer", afirma o presidente da Educafro, frei David dos Santos. "Único programa que provou eficiência na inclusão de negros é a cota. Se a USP provar que incluiu a mesma porcentagem de negros que a UERJ e UnB, eu mudo de opinião", afirmou.
Quando Rodas foi escolhido reitor da USP, a Educafro comemorou. Rodas havia defendido as cotas em conversas com a ONG. Em entrevista ao Estado, no dia em que foi anunciado reitor, disse: "Realmente é necessário que a USP discuta cotas e outras coisas. Por essa razão, vamos levar essa problemática ao Conselho Universitário".
A USP não informou a quantidade de negros matriculados. A universidade mantém o Programa de Inclusão Social (Inclusp), que dá bônus no vestibular a estudantes da rede pública. Neste ano, 28% dos novos alunos vieram de escolas públicas.
Apesar de não adotar reserva de vagas, a Unicamp é a única que tem benefício específico para pretos, pardos e indígenas. Eles chegam a receber 7% de bônus na nota, cerca de 2 pontos porcentuais a mais que alunos de escola pública - também beneficiados. "Não existe nenhum indicador novo que nos leve a repensar nosso modelo", afirma o coordenador do vestibular da Unicamp, Mauricio Kleinke. No último vestibular, 8,9% dos matriculados na Unicamp vieram do grupo de pretos, pardos e indígenas - índice recorde.
A Unesp também não soube informar a participação de negros entre os matriculados. A instituição foi a que mais incluiu alunos de escola pública: 41%.