Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
terça-feira, 12 de março de 2013
A morte do caudilho autocrata: debate no GloboNews Painel
Para falar dos reflexos da morte de Hugo Chávez no Brasil, o Globo News Painel recebeu três convidados: Rubens Barbosa, embaixador e editor da revista "Interesse Nacional", o diretor executivo do Instituto FHC, Sérgio Fausto, e Salvador Raza, diretor de defesa da PwC.
Neste link: http://globotv.globo.com/globo-news/globo-news-painel/t/todos-os-videos/v/especialistas-falam-dos-reflexos-da-morte-de-hugo-chavez-no-brasil/2451175/
E por falar em morte suspeita do caudilho, eis o agente inoculador imperialista:
Ciência sem Fronteiras… e sem critérios - Alexandre Barros
Ciência sem Fronteiras… e sem critérios
Os vendedores de admissões nas universidades estrangeiras vêm mais aqui, agora. É fácil recrutar gente que dá lucro, incomoda pouco e não deixa rastros.
Não é acidental que muitos estudantes brasileiros escolham Portugal: lá a língua é parecida com a daqui, embora as universidades nem sempre sejam melhores (“Estado”,5/3). Em outros países, porém, a porca torce o rabo. É difícil ter a proficiência desejada para estudar em outro idioma. E há também muitos choques na chegada: adaptação cultural, língua diferente, sistema mais “puxado” que o nosso (mas nem sempre)…
O Ministério da Educação (MEC) diz que vai afrouxar os critérios de proficiência em língua estrangeira para acomodar mais estudantes. (Atenção: há uma grande diferença entre estudar numa boa universidade estrangeira e visitar a Disney!) Ora, aceitando tal afrouxamento, as universidades participantes com pactuarão comum sistema em que o governo brasileiro cobrirá prejuízos com o seu, o meu, o nosso dinheirinho.
O “Financial Times” publicou a notícia de que a ministra do Interior da Inglaterra quer dificultar os vistos para brasileiros, por preocupações de sua pasta com a avalanche verde-amarela (incidentalmente, nossos conterrâneos vão lá para comprar de tudo e agora… educação). Praticamente todos os seus colegas de Gabinete estão contra ela, porque isso reduziria a produção de ovos de ouro que a galinha tupiniquim anda botando na Britânia. E eles são muito bem-vindos, sobretudo agora.
Com o atraso da bolsa perdi o prazo de chegada para o trimestre do outono. Fui então orientado por uma senhora de nome Cassandra, daquela universidade, a fazer o teste de inglês de Michigan, para dar tempo de começar os estudos em janeiro.
Marchei. Fiz tudo: tirei passaporte, visto e a Ford deu-me a bolsa. Fui instruído a viajar em 25 de dezembro. No dia 26 haveria uma reunião de bolsistas da fundação em Nova York.
Dez dias antes do embarque chegou uma carta da dona Cassandra dizendo que eu não poderia ir porque, embora tivesse boa nota em todos os itens do teste de inglês, na redação havia tirado 90 e o mínimo era 94. Ruiu o castelo de cartas.
Fui falar com um amigo bolsista americano que estava aqui, mostrei-lhe a carta e, com um muxoxo, lamentei: “Acabou o sonho”. Ele a leu, olhou firme nos meus olhos e disse: “Você vai! Você nunca recebeu essa carta!”. Surpreso, retruquei: “Mas não posso! A carta está aí”.
“Você vai!”, insistiu ele. “Você sabe inglês mais do que suficiente. Essa senhora tem um título pomposo, mas é apenas uma burocrata. Ela deve assinar umas 30 cartas dessas por dia.
Você vai porque, senão for, você terá um problema; se for, ela terá um problemão. Terá de se ver livre de um corpo e engatar uma marcha à ré para reverter os movimentos de todas as máquinas burocráticas já acionadas: a Fundação Ford, os administradores da bolsa, o seguro de saúde e tudo o mais. Vá que não haverá problema.Você entrará na universidade direitinho.”
Fui. Apresentei-me à dona Cassandra. Depois do bom-dia, ela me perguntou se eu não havia recebido sua carta. Respondi firme: “Carta? Que carta?”. Lá estava eu, o “cadáver” a que ela teria de dar um destino, exatamente como o meu amigo americano previra.
Primeiro choque: os americanos têm “jeitinho”, sim, só que, como eles não têm complexo de vira-lata, não admitem isso. Fui posto numa “pena condicional de língua”depois que ela conversou com meu orientador pelo telefone. Ele lhe disse que eu sabia falar inglês muito bem, pois havia trabalhado com ele quase dois anos.Elá professor mandava mais que burocrata.
Os primeiros meses foram de choques culturais diários: acostumar-me a viver no inverno, entender o que os americanos diziam, como funcionavam os seminários, aprender a operar as máquinas de venda, usar o sistema de reservas da biblioteca. E entender toda aquela engrenagem complexíssima da universidade (depois descobri, conversando com amigos americanos, que eles também haviam ficado confusos quando chegaram a uma universidade pela primeira vez). Finalmente, o grande choque: conheci, em 15 dias, a maior parte dos brasileiros do câmpus e o meu inglês era melhor que o de todos eles, sem exceção.
Passado o primeiro trimestre o choque se foi elá passei os três melhores anos da minha vida. Agora pergunto: se o governo brasileiro está baixando os requisitos de língua em 20 pontos ou mais, como vão se virar os estudantes brasileiros sem a proficiência necessária?
Aqui fica um depoimento de quem viveu situação um pouco parecida, somente como advertência para os responsáveis pelo programa. Se era difícil mandar o Alexandre “cadáver” de volta, como fará a burocracia brasileira para repatriar esses milhares de “cadáveres” herdeiros do Ciência sem Fronteiras? O nosso dinheiro já terá sido gasto.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 11/03/2013
Miseria do debate no Brasil atual: O. Tambosi, O. Carvalho
Agradeço a meu colega e amigo de lutas pela inteligência Orlando Tambosi por me chamar a atenção para esses textos e por introduzir o artigo atual, com palavras tão certeiras.
Faça minhas as palavras de ambos, quando à miséria dos "intelequituais" gramscianos, incapazes de sair de sua camisa de força mental para debater abertamente.
Paulo Roberto de Almeida
Abaixo, o artigo citado:
Olavo de Carvalho
Jornal da Tarde, 9 de dezembro de 1999
O motivo pelo qual não há nem pode haver debate filosófico neste país já se tornou claro: um grupo de ativistas sem escrúpulos apropriou-se dos meios de difusão cultural para fazer deles o trampolim de suas ambições políticas, fechando os canais por onde pudessem fazer-se ouvir as vozes adversárias e impondo a todo o País a farsa gramsciana da “hegemonia”.
A palavra mesma, que tanto veneram fingindo ser termo claro e unívoco, já traz a letal ambigüidade das grandes mentiras. Designa, no sentido intelectual, a amplidão do horizonte de uma visão do mundo que abarca as concorrentes sem ser por elas abarcada. Hegel, por exemplo, é hegemônico sobre todos os marxismos, que quanto mais buscam superá-lo mais se enredam, como viu Lucio Coletti, nos compromissos metafísicos do hegelianismo, e jurando pô-lo de cabeça para baixo só conseguem é plantar bananeira eles próprios (v. o excelente estudo de Orlando Tambosi, O Declínio do Marxismo e a Herança Hegeliana , Florianópolis, UFSC, 1999).
A máfia gramsciana, quando chama Gramsci de hegemônico, deseja induzir-nos a crer que ele o é nesse sentido. Mas ela sabe que não é, pois um breve exame das filosofias do século 20 mostra que nelas há mundos e mundos inabarcáveis e invisíveis aos olhos desse pobre sapo filosófico, espírito escravo que, fingindo-se de livre e universal, tudo comprime e reduz às dimensões mesquinhas do seu poço escuro e proclama que o céu é apenas um buraquinho no teto. Gramsci nunca foi um filósofo, foi apenas um sistematizador de truques sórdidos para falsificar o saber e torná-lo instrumento de poder nas mãos do Partido.
Se o gramscismo fosse hegemônico no sentido intelectual, ele se imporia pela força das suas demonstrações, como se impuseram por exemplo as filosofias de Aristóteles e de Leibniz. Mas estes nunca precisaram ter a seu serviço um exército de “ocupadores de espaço”, semeadores do silêncio forçado onde germine a falsa glória do monólogo restante. Quando, na Idade Média, um aristotélico desejava vencer um adversário, não pensava em tomar-lhe o emprego, em encobrir seu discurso sob a gritaria uníssona de uma ralé de militantes pagos. Chamava-o para o debate em campo aberto, mesmo quando isso importasse, como importou para Santo Alberto, em atrair a ira dos poderosos. Para derrotar os empiristas, Leibniz não tratou de boicotá-los na distribuição das verbas de pesquisa, de omitir seu nome das publicações culturais, de monopolizar contra eles o apoio milionário dos senhores da mídia. Simplesmente escreveu um livro fulminante em forma de debate com o príncipe deles, John Locke, ainda que ao preço de ver-se exposto à chalaça grosseira de filósofos de salão.
Os escolásticos e Leibniz desconheciam a hegemonia no sentido gramsciano, e se a conhecessem não veriam nela senão a criação doentia de uma mentalidade torpe.
Para ilustrar do que se trata, nada mais elucidativo do que a conduta recente de uma tal dona Marilena, que, denunciada por mim como praticante do característico estilo elíptico-mistificatório de raciocínio gramsciano, ficou caladinha ante o público da cidade onde mora, mas foi dizer lá longe, lá em Goiás, que não me conhece nem leu, mas que, segundo informação confiabilíssima obtida de fonte anônima, sou indiscutivelmente “um pulha”. O jornalista José Maria e Silva, do jornal Opção de Goiânia, já deu a essa criatura a resposta devida, e cito o caso apenas como amostra dos métodos gramscianos de conquista da hegemonia: jogo de poder, manobra soturna para frustrar o debate, boicotar o adversário e vencer por uma impressão postiça de unanimidade espontânea.
Quando essa gente trombeteia que uma edição completa de Gramsci vai “renovar o pensamento nacional”, o que anuncia é nada menos que a “renovação por estrangulamento”. Pois que estrangulem o quanto queiram. Eu, da minha parte, lhes digo o que vou fazer: vou furar o bloqueio, por meio do JT e de quantos outros respiradouros ainda restem na imprensa nacional. A cada novo volume de escritos do anãozinho maluco que vocês publicarem, vou responder com argumentos que demonstrarão a sua total vacuidade filosófica e a índole brutal de sua doutrina fingidamente humanóide. Vocês, como sempre, vão ficar rosnando pelos cantos e tramando maldades. E vão falar mal de mim bem longe de Goiás, pois já viram que goiano não é idiota.
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Vale quanto pesa? A Vale e o valetudo do governo argentino...
Quem disse que capitalistas não sofrem? Governos mais ainda...
Resta saber o que vai fazer o nosso...
Paulo Roberto de Almeida
12/03/2012
Sin perjuicio de que las decisiones relativas a las concesiones mineras competen a las autoridades provinciales de Mendoza, dueña del recurso el Gobierno Nacional lamenta la decisión unilateral de la empresa VALE de capitales brasileños con sede jurídica en el Reino de los Países Bajos, de abandonar el proyecto Potasio Río Colorado, pese a los esfuerzos realizados por parte del Estado Nacional y de las jurisdicciones provinciales y municipales involucradas para garantizar la continuidad del proyecto.
VALE S.A. ingresó al proyecto Potasio Río Colorado, ubicado en la provincia de Mendoza, Argentina, en febrero de 2009, luego de adquirir la concesión de los activos a la empresa Río Tinto.
La operadora brasilera diseñó en Potasio Río Colorado la mayor unidad de producción de cloruro de potasio del mundo, con una capacidad de 4.3 millones de toneladas por año.
VALE pretexta que estimó inicialmente el monto de inversión para desarrollar el proyecto en 5.9 mil millones de dólares, destinados a la construcción de la mina, la infraestructura de transporte asociada (400 nuevos kilómetros de ferrocarril), la construcción de una terminal portuaria propia y una generadora de electricidad y las inversiones necesarias para dar cohesión integral al proyecto. A los dos meses de su inicio VALE incrementó su estimación a 8.6 mil millones de dólares, para elevarlo más tarde a 10,9 lo que, manifiesta afecta significativamente la competitividad y el atractivo del proyecto.
Lo cierto es que la actual crisis económica internacional originada en los países desarrollados viene impactando fuertemente en los niveles de consumo de diferentes commodities mineras, lo que derivó en una menor demanda y menores precios de la principal fuente de ingresos de VALE, el mineral de hierro.
Estas circunstancias implicaron la reducción de los ingresos por ventas en la compañía, afectando significativamente su balance, al punto que en el último trimestre de 2012 la empresa declaró pérdidas por 2.600 millones de dólares.
A raíz del achicamiento del negocio de VALE a escala mundial, la empresa tomó la decisión de replantear y reestructurar el desarrollo de nuevos proyectos alrededor del mundo, entre los que se encuentra Potasio Río Colorado. Según distintos informes públicos, VALE decidió reducir sus inversiones sustancialmente, suspendiendo y abandonando distintos emprendimientos, y concentrándose en la producción de su producto tradicional (mineral de hierro), dejando de lado sus planes de diversificación a otros minerales.
Para dar continuidad a la inversión comprometida, VALE exige que se implementen entre otras las siguientes medidas: Pago con bonos de deuda externa a valor nominal, recuperación anticipada de IVA, eliminación de retenciones al cloruro de potasio y reducción de los compromisos de inversión ante las diferentes jurisdicciones.
El conjunto de lo solicitado implicaría un aporte estatal de aproximadamente 3 mil millones de dólares en el curso de dos años y sin contraprestación alguna, que deben sumarse a los beneficios impositivos para la minería que existen en nuestro país lo que es de público y notorio .
Ante la situación de dificultades que viene experimentando la empresa VALE, el gobierno nacional y las diferentes jurisdicciones involucradas en el proyecto se comprometieron al diálogo permanente y en todo momento propusieron alternativas para garantizar la continuidad de la construcción del proyecto, que aún a pesar del actual contexto de crisis internacional, mantiene su atractivo económico y financiero. En diciembre VALE interrumpió unilateralmente las inversiones paralizando las obras de construcción con un grave impacto laboral social y económico para la región afectada.
El gobierno argentino desea llevar tranquilidad a los trabajadores y aquellas empresas contratistas de que arbitrará todos los medios conducentes a la continuidad del proyecto y a recuperar la dinámica de trabajo prevista, teniendo en cuenta el fuerte impacto económico y social que produce el abandono del emprendimiento por parte de la empresa VALE.
Os idiotas do ENADE e os cumplices do MECdinossauro... - Carlos Alberto Sardenberg
A idiotice e a desonestidade "inteliquitual" são tão grandes que só se pode antever desastres e mais desastres, pelo futuro previsívil.
Multiplique isso que o jornalista está contando por 10 mil, ou mais...
Paulo Roberto de Almeida
Como selecionar apenas os idiotas no ENADE
Mesmo com algumas crises financeiras e bolhas, a economia mundial exibe crescimento vigoroso desde os anos 1990, e simplesmente espetacular de 2003 para cá. Diversos fatores se combinaram para isso - estabilidade monetária (inflação dominada, juros baixos), abertura ao comércio externo e à circulação de capitais, tecnologia de informação e telecomunicações, permitindo ganhos de produtividade. Mas há um outro fator histórico, decisivo: a incorporação de dezenas de países ex-socialistas e seus bilhões de habitantes ao capitalismo global.
Ainda o aumento do PIB (Producao Interna de Bondadess, com o dinheiro alheio...)
A demagogia e a publicidade são fortes, neste governo e no passado, e assim vão enganando os incautos e os que querem se deixar enganar, como os companheiros que engolem qualquer coisa...
Paulo Roberto de Almeida
A jogada da cesta básica
Só não se diga que ela não avisou ou foi incoerente. Na última sexta-feira, apenas quatro dias depois de dizer - em um daqueles comícios disfarçados de solenidades tão a gosto de seu mentor Lula - que em tempos de campanha "podemos fazer o diabo", a presidente Dilma Rousseff se permitiu uma dupla diabrura eleitoral. Numa bem produzida fala de 11 minutos em cadeia nacional em que apareceu sobriamente trajada de cinza, no lugar do costumeiro vermelho-PT, anunciou a isenção dos impostos federais que incidem sobre os produtos da cesta básica. Plagiou, assim, com a maior naturalidade, uma proposta do PSDB, apoiada pelo DEM e o PPS, que vetara em setembro do ano passado. A oposição, por sua vez, havia aproveitado uma idêntica iniciativa petista - aparentemente desestimulada pelo Planalto -, reproduzindo-a sob a forma de uma emenda acoplada a uma medida provisória em tramitação no Congresso.
Recorde-se, em primeiro lugar, que a presidente, ao liberar o vale-tudo na conquista das urnas, retoricamente fingira preservar disso as ações de governo. Segundo a sua argumentação um tanto tortuosa, titulares de cargos eletivos, ainda quando adversários, deveriam se respeitar, "pois fomos eleitos pelo voto direto". Como se aquelas ações, sobretudo numa campanha sucessória desencadeada com extravagante antecipação por um sôfrego Lula em favor de sua pupila, já não nascessem contaminadas pela gana da reeleição ou, simplesmente, não tivessem sido concebidas em razão disso. "Nunca vi quem está no governo precipitar uma eleição", comenta o ex-presidente Fernando Henrique, "já que atrapalha a governabilidade." Atrapalharia, é o caso de atalhar, se a governabilidade importasse mais, para a dupla Lula-Dilma, do que o crasso cálculo eleitoral. Para eles tanto faz que "tudo que a presidente fizer daqui por diante será atribuído a intenções eleitorais", na observação de Fernando Henrique.
A maioria do eleitorado, decerto acreditam, não está "nem aí" para o achincalhe da governança - desde que isso a faça sentir-se beneficiada. Tampouco sabe, para ficar no exemplo da hora, que poderia estar usufruindo da bondade da cesta básica há seis meses, não fosse o veto eleitoreiro da presidente petista à emenda da oposição nesse sentido. Depois, para salvar a face, ela criou um grupo de trabalho incumbido de apresentar uma alternativa até 31 de dezembro. Por desorientação, incompetência, ou porque o grupo de trabalho não era para valer, o prazo foi descumprido. Mas, diante da escalada da inflação nos dois primeiros meses do ano e, de quebra, para tirar do centro do noticiário político a construção da candidatura presidencial do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB da base parlamentar do Planalto, Dilma antecipou o anúncio do corte de impostos, previsto inicialmente para o 1.º de Maio, Dia do Trabalho.
A desoneração privará o erário este ano de R$ 5,5 bilhões em receitas. Em 2014 poderá alcançar R$ 7,3 bilhões. Para as contas públicas trata-se de um mais um baque. À falta até mesmo de um indício de intenção do Executivo de cortar os seus enxundiosos gastos, o governo não tem de onde repor os recursos de que acabou de abrir mão - e que se somam a tantos outros fúteis soluços de renúncia fiscal para aquecer o consumo e degelar a atividade industrial. Ainda assim o PIB de 2012 não cresceu nem 1%. Além do mais, a jogada eleitoral constitui uma transgressão da Lei de Responsabilidade Fiscal, que proíbe a autoridade de promover isenções tributárias sem a prévia definição da fonte de onde virá o dinheiro para cobrir o rombo da receita dispensada.
Na manifestação da sexta-feira, Dilma procurou apresentar a desoneração da cesta básica como uma decisão de impacto sobre a alta do custo de vida, cobrindo-se de créditos por isso. "Não descuido um só momento do controle da inflação", assegurou. Palavras. O retrospecto de 2012 comprova que o governo deixou a inflação avançar antes de sair atabalhoadamente em seu encalço. Se cuidasse dos preços como cuida da reeleição, não teria perdido um semestre inteiro para isentar a cesta básica - só para não dar o braço a torcer à oposição.
Brasil: grande aumento no PIB (Producao Interna de Bobagens...) - Celso Ming
Paulo Roberto de Almeida
O efeito bondade
Até mesmo o atendimento do objetivo principal dessa nova bondade da presidente Dilma Rousseff pode ser contestado. O projeto da desoneração da cesta básica deveria entrar em vigor apenas a 1.º de maio, no contexto das festividades do Dia do Trabalho. Pretendia manter ou até melhorar o apoio popular à atual administração, portanto, mantinha no foco o calendário eleitoral de 2014.
O que precipitou a desoneração anunciada na sexta-feira para ter vigência imediata foi a disparada da inflação. Os números de fevereiro vieram altos demais e bastante disseminados. As projeções apontam para inflação anual da ordem de 6,6%, acima do teto da meta anual (de 6,5%), já incluída aí a margem de tolerância de 2 pontos porcentuais.
A presidente imaginou que a antecipação da desoneração poderia ajudar a conter a inflação, à medida que derrubaria em 0,6% ponto porcentual a inflação anual - conforme cálculos preliminares da área econômica.
Aparentemente a previsão de que houvesse essa queda de preços se baseou no precedente da redução e isenção de impostos federais a veículos e aparelhos domésticos, quando uma certa queda de preços de fato aconteceu. E, ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, convocou os dirigentes de supermercados para assegurar que repassariam a isenção de impostos para os preços ao consumidor. O diabo é que o principal imposto pago pelos supermercados é o ICMS, cobrado pelos Estados.
Sobram dúvidas de que esse repasse acontecerá. Desta vez, o problema não é de falta de demanda nem de excesso de estoques. Ao contrário, a demanda está exacerbada - como o próprio Banco Central vem apontando.
A decisão não contribui para controlar a demanda. É, sim, mais um estímulo ao consumo. Desse ponto de vista, pode ser analisada como uma recaída da política econômica, que parecia entender que o fim das distorções da economia passou a depender mais do empurrão aos investimentos do que ao consumo.
Explicando melhor: caso consiga conter a escalada de preços, a renúncia fiscal (redução da arrecadação) injetará R$ 7,5 bilhões na veia do consumo. Assim, contribuirá para puxar ainda mais a demanda. Se não conseguir eficácia e o repasse não acontecer ou vier apenas em parte, contribuirá somente para reforço do caixa das empresas. Em outras palavras, a isenção de impostos à cesta básica pode se tornar irrelevante enquanto providência destinada a controlar a inflação. E, nessas condições, tende a não ser sentida pela população. Assim também poderá ter efeito limitado inclusive como medida eleitoral.
Sobra sem solução a questão de fundo, que é conter a demanda forte demais. Aparentemente, o quadro pouco mudou do ponto de vista do Banco Central, que terá de combater a inflação com o instrumento disponível: a política monetária. Se a isenção de impostos ajudar a segurar os preços, o aumento dos juros pode ser menor. Talvez seja esse o efeito esperado.
Brasil: um pais que nao perde oportunidade de...
Pois é, é isso aí, como na incapacidade de exportar o que produz...
Paulo Roberto de Almeida
Problemas com clima e logística atrapalham venda de soja brasileira para a China
Informa Economics FNP
Canal Rural, 06/03/2013
A demora maior para embarque no Brasil está transferindo parte das compras de soja feitas pela China para os Estados Unidos. De acordo com analistas, o país comprou cerca de 60 toneladas de soja americana, o equivalente a dois navios. O fato é atribuído a problemas como clima e logística.
A produção de soja do Centro-Oeste brasileiro deveria ser a primeira a entrar no mercado, mas as chuvas atrasaram a colheita, e a oferta ficou concentrada na segunda quinzena de fevereiro. Normalmente, a produção desta região chega ao mercado um mês antes. Para piorar a situação, as mudanças nas leis dos motoristas fizeram com que o preço do frete disparasse para os principais portos do país.
- Tem gente lá no Mato Grosso cobrando R$ 350, do Norte de Sorriso para Santos. R$ 350 por tonelada é bastante, dá R$ 20 por saca. As empresas e os próprios caminhoneiros veem que tem oportunidade de ganhar mais, aí aproveitam e sobem o preço mesmo. E quem paga mais tem mais disponibilidade de caminhão, consegue fazer os embarques dos seus navios e fazer as entregas conforme os contratos combinados - diz o analista de mercado Artur Malvasi.
Além dos problemas provocados pelo atraso da colheita, as manifestações dos trabalhadores portuários nos últimos dias atrasaram o carregamento de navios chineses.
- O que acontece é que eles precisam da soja agora, o governo chinês não libera a soja, o Brasil está com a logística precária e eles, com medo do atraso nas entregas, buscam soja da safra velha norte-americana para ter produto agora. Essa demanda é boa para o mundo inteiro, porque ela sustenta preço - fala Malvasi.
Para a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), a compra da soja americana pelos chineses não é motivo de preocupação. Segundo a Anec, o caso é pontual, e o Brasil vai continuar abastecendo o mercado asiático.
- Isso é meramente ocasional, porque o normal agora é comprar do Brasil, já que a nossa safra começa agora. Como há um line up muito grande de navios - são mais de 90 navios esperando em Santos e muito mais de 50 em Paranaguá -, é normal que tenha acontecido isso, uma decisão deles Era apenas dois navios de 50 mil toneladas, em vez de entrar nessa linha e ficar esperando. Não há razão neste momento para preocupação, mesmo porque não há rescisões de contrato ou coisa parecida - comenta Sérgio Mendes, diretor da Anec.
A indústria está confiante. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) acredita que uma possível safra recorde é positiva, porém vai trazer desafios no setor logístico.
- Esse ano vai ser o ano do recorde de safra, essa é a melhor notícia que nos temos, que esta indo super bem. Recorde dos recordes, na soja, no milho. Realmente, a perspectiva é muito boa, com preços excelentes. Em contrapartida, vai ser o ano da logística, vamos ter que ser o mais eficiente possível. Estamos aí transportando 45 milhões de toneladas a mais de grão do que há cinco anos, mas as rodovias são as mesmas. A ferrovia melhorou, mas temos os mesmos portos e os mesmos armazéns - fala Fábio Trigueiro, secretário-geral da Abiove.
O analista de mercado da Informa Economics FNP, Aedson Pereira, diz que a partir de agora, a demanda mundial por grãos volta para a América Latina, mas que o governo brasileiro precisa olhar com mais atenção para a infraestrutura logística do país.
- Nós temos um cenário com produção recorde, então o mundo como um todo, principalmente a China, depende, e muito, dos resultados de oferta que o Brasil tende a apresentar. Issso aí gera até uma oportunidade para o produtor brasileiro vender, fazer novas operações, porque melhora na liquidez de negócios. O Brasil precisa urgentemente de uma nova política voltada para melhorar a infraestrutura em armazenagem, transporte, diminuir a nossa dependência de frete rodoviário, o ferroviário, nos portos, tudo isso visando aumentar a velocidade para atender essa demanda externa que cresce cada vez mais - diz Pereira.
Crescente irrelevancia do Mercosul - Editorial Estadao
De fato, desde 1995, ou seja, desde que foi "consolidado" enquanto União Aduaneira, que o Mercosul só recua, tanto na integração interna, quanto na externa, onde se tornou cada vez mais introvertido e protecionista.
A partir de 2003, a esses fatores de "protecionismo natural", digamos assim, se somaram os fatores ideológicos, de dois governos dotados de economias esquizofrênicas que pretendiam (e conseguiram) fazer rodar para trás a roda da História. Pior: o Brasil conseguiu ajudar a Argentina a desmantelar o Mercosul, com sua política caolha, míope, cega, enviesada, nebulosa (tem mais adjetivos e sinônimos disso tudo?) de apoio a tudo o que os hermanos decidiam, uma política decidida pessoalmente pelo ex-SG do MRE, depois Alto (ou auto?) Representante do Mercosul e ainda hoje influente no setor.
Deu no que tinha de dar: desastre comercial, recuo econômico, mediocridade comercial.
Paulo Roberto de Almeida
O mundo gira sem o Mercosul
Na última negociação, o acordo foi estendido até 2013. A partir daí valeriam normas de livre comércio, mas a presidente Cristina Kirchner decidiu mudar o jogo mais uma vez. Comércio aberto está fora da agenda da Casa Rosada. O assunto estava na pauta do encontro bilateral marcado para a semana passada e suspenso por causa da morte do presidente Hugo Chávez.
Desta vez, o governo argentino quer, além da extensão do pacto bilateral, a fabricação, em seu país, de parte dos produtos incluídos no programa brasileiro Inovar-Auto. Em outras palavras, a indústria instalada na Argentina deve ganhar, se Brasília estiver de acordo, uma carona em um programa custeado pelo contribuinte brasileiro. Será uma surpresa se, no fim da história, a presidente Dilma Rousseff recusar mais esse mimo à companheira Cristina Kirchner.
Há vários anos o governo brasileiro vem moldando boa parte de suas decisões estratégicas de acordo com os interesses definidos em Buenos Aires. Foi assim no episódio da suspensão do Paraguai e da admissão da Venezuela como quinto membro do Mercosul. Nas negociações com a União Europeia sempre prevaleceram as restrições argentinas, mesmo quando o Itamaraty se mostrou disposto ao entendimento com os europeus.
Na adiada reunião bilateral com a companheira Cristina Kirchner, a presidente Dilma Rousseff havia se preparado para anunciar novas concessões, como a participação do BNDES no financiamento de obras de infraestrutura e a abertura de uma cota para importação de camarões argentinos. A pauta deveria incluir também assuntos menos agradáveis, como as dificuldades da Vale para executar um projeto de exploração de potássio. Sem um acordo para compensar a alta de custos causada pela inflação e outros problemas de relacionamento com o setor público, a companhia poderá suspender o investimento.
Crescentemente atolado no difícil relacionamento com a Argentina, o governo brasileiro tem espaço cada vez menor para se ajustar às novas condições do mercado internacional. Formalmente, o Mercosul é uma união aduaneira, embora nem chegue a funcionar de modo satisfatório como área de livre comércio. Como sócios de uma união aduaneira, os países-membros devem respeitar a regra da tarifa externa comum. Por isso, podem negociar acordos comerciais apenas em bloco. Toda concessão tarifária a qualquer parceiro de fora depende da aprovação dos demais.
Até agora, o Mercosul negociou poucos acordos de livre comércio, sempre com parceiros em desenvolvimento e, em alguns casos, sem relevância econômica para o Brasil. Enquanto isso, acordos bilaterais e inter-regionais multiplicam-se em todo o mundo, sem a participação do Brasil. Ou seja, o Brasil está cada vez mais fora do jogo relevante para o comércio internacional. Os EUA empenham-se em concluir um acordo com parceiros do Pacífico. O entendimento inclui vários países em desenvolvimento da Ásia e da América Latina e em breve poderá incluir também Japão e Coreia do Sul. Ao mesmo tempo, autoridades americanas e europeias dão os primeiros passos para um acordo de comércio e investimentos entre os dois lados do Atlântico Norte. Para Jeffrey Schott, do Peterson Institute for International Economics, o Brasil errou tanto na Rodada Doha, ao se aliar à Índia e à China, como na agenda bilateral, amarrada ao Mercosul. Os fatos, até agora, confirmam esse diagnóstico.
Dualismo cambial na Argentina e na Venezuela
Argentina and Venezuela– The Unstable Economics of Dual Exchange Rates
Joaquin A Cottani
Citi group Research
Emerging Markets Economics Today
12 March 2013
This piece is a summary of our Argentina & Venezuela Macro View - The (Unstable) Economics of Dual Exchange Rate Regimes
Argentina and Venezuela have de-facto dual exchange rate systems featuring an official peg and a black market float. The fact that the float is "black" rather than "white" or "grey" is a mere technicality. Effectively, the black market rate reflects the scarcity value of the dollar and the premium between this rate and the official one is an implicit tax on exports and a subsidy on permitted transactions, including authorized imports.
A dual exchange rate system is the consequence of quantitative exchange controls. These controls affect "non-essential" imports, including tourism abroad, and several categories of capital outflows, including offshore investments, profit remittances, and the simple hoarding of FX by local residents seeking to hedge against inflation or devaluation. Like any flexible exchange rate, the black market one is driven by market forces.
The Venezuelan dual exchange rate system predates the Argentinean one by more than a decade, a fact that bears testimony to the longevity that this kind of arrangements can have, despite the distortions they create, if the right conditions are met. We argue that Venezuela's larger current account surplus as proportion of GDP, tighter control of exports and imports by the government, and the introduction of SITME between 2010 and 2012 explain the longevity of its multiple exchange rate system despite the significant and growing premium observed though the years between the parallel/black market and the official one. We warn that, in Argentina, this is unlikely to be the case, hence a multiple exchange rate system, even if legal, is unsustainable.
In Argentina, the dual exchange rate system is a more recent phenomenon. It exists since October 31, 2011 when, to cope with an impending currency crisis, the government imposed tight controls on the buying and selling of foreign exchange by the public. A difference between the Argentine and Venezuelan dual systems is that, in Venezuela, the official rate is an adjustable peg whereas, in Argentina, it is a sliding or crawling peg. At present, the official USD rate is 5.05 ARS in Argentina and 6.3 VEF in Venezuela while the black market rate is around 8.0 and 25.0, respectively. It is worth noting that, in February, the rate of depreciation of the ARS in the official market reached 16% YoY against a "true" inflation rate (as measured by private consultants and opposition members of Congress) of around 25%.
Expectations of devaluation are part of the explanation of a high black market premium. The other part is massive injections of liquidity to finance fiscal deficits and monetize balance of payments surpluses. In this sense, reducing the black market premium while maintaining exchange controls will require a combination of both official devaluation and monetary and fiscal contraction in both countries.
Looking at what is happening with the foreign reserves in Argentina and Venezuela, it is easy to infer that their dual systems are unsustainable without a maxi-devaluation. Unless monetary contraction happens some time soon, which is unlikely due to the fiscal dependency of monetary policy in both cases, another maxi-devaluation in Venezuela and one in Argentina (the first since 2002) are almost sure bets.
Los Amigos de la Plata del Amigo que se Fue; oh, que tristeza, perder un amigo tan bueno (y tan rico...)
By John Paul Rathbone
Financial Times, March 8, 2013 7:57 pm
As Chávez’s death focuses attention on the economic failings of radicals, pragmatists are proving more successful
Three weeks before Venezuelan President Hugo Chávez died on Tuesday, Yoani Sánchez, Cuba’s best-known pro-democracy blogger, landed in Brazil on a scheduled flight. Ms Sánchez had waited five years for permission to travel abroad and Brazil was an obvious first place to visit.
Latin America’s biggest economy shares a common heritage with Cuba, with their histories of slavery and sugar. Brazil is also governed by the leftwing Workers party, elected three times in a vibrant democracy – so unlike the Castro dictatorship at home.
Yet soon after the gangly 37-year- old writer arrived, she had an unwelcome reminder of the world she had left momentarily behind. At a São Paulo bookshop, about 200 young socialist activists burst into the room proclaiming her a CIA spy. One protester chanted: “Mercenary”. It was the same kind of invective that Chávez, Cuba’s closest ally, had levelled against Caracas’s middle class, which he condemned as los escuálidos or the “squalid ones”.
Ms Sánchez brushed it off. Yet many Brazilians were mortified. Ms Sánchez tweeted: “You know the phrase I’ve most heard in São Paulo? Yoani, please excuse these extremists. They don’t represent us.”
In some ways, though, they do. Ms Sánchez’s experience exposes a feature of Latin American politics that has been highlighted again this week by Chávez’s death. Both events show there are two strands of leftism in Latin America, the Brazilian kind and the Cuban/Venezuelan kind.
Both have very different origins – and prospects. Jorge Castañeda, a Mexican intellectual, identified their characteristics in a 2006 essay in Foreign Affairs. The first strand, a pragmatic left, today includes the governments in Brazil, Peru and Uruguay. They are “modern, open-minded, reformist and internationalist”.
The second strand, which includes Cuba, Venezuela, Ecuador, Bolivia and perhaps Argentina, “is born of the great tradition of Latin American populism, is nationalistic, strident and closed-minded”. While democratically elected, their autocratic style and length of tenure can also make their successions traumatic.
Chávez wanted to reign until 2030. Evo Morales, president of Bolivia since 2006, is running for a third term. Rafael Correa, into his second term, is Ecuador’s longest-serving president in more than 30 years.
Cristina Fernández, Argentine president, is in her second term, after one by her husband, and eyeing a third. The Castro brothers have ruled since 1959.
Chávez’s death raises questions about the future of this populist strand. That it is partly because his petrodollar diplomacy financed most of them, and partly because his tweak-the-nose attitude to enemies poisoned the region’s tone frequently during the past 14 years.
“Chávez was very amiguero, very approachable. He wasn’t white, which is important. And he set a new tone in the rhetorical scale. He said what the suits never dared to say,” says James Dunkerley at Queen Mary, University of London. “Whether that tone was useful or not is ambiguous.”
It was the “pink tide” which rose in Latin America after the Asian and Russian crises of 1997 that drew the world’s attention back to the continent. The region’s democratic transition in the 1980s first favoured centrist governments and the liberal economic policies of the “Washington consensus”.
But when Russia and the Asian economies crumpled, Latin America suffered a recession so deep it was called the lost half-decade. The region, since 1990 one of the world’s fastest-growing, began to look like a disaster. Poverty rose. The political pendulum swung to the left.
Chávez’s election in 1998, supported by the middle class, marked the first change. Ricardo Lagos followed in 2000 – as the first socialist president in Chile’s ruling coalition. Then came Brazil’s Luiz Inácio Lula da Silva in 2002. Bolivia, Paraguay and El Salvador followed. By 2009, 17 of Latin America’s 20 republics had left or centre-left governments, according to Victor Bulmer-Thomas, an economic historian.
Economically, the timing was brilliant. From 2003, the region began to ride a boom in commodity prices, which strengthened government finances and allowed large increases in social spending. But there were two distinct streams within the pink tide.
The pragmatic strand was composed of technocratic social democrats who prioritised social needs while maintaining economic stability. Its ideological origins lay in the Communist International, and followed a similar path to leftists elsewhere. After the fall of the Berlin Wall in 1989, it acknowledged its failures and reconstructed itself.
President Dilma Rousseff of Brazil, for example, grew up in guerrilla movements and studied Marxist texts. But she has also privatised airports to speed preparation of the infrastructure desperately needed for the 2014 World Cup and 2016 Olympic Games.
The second strand was rooted in Latin populism, placed Cuba’s Fidel Castro and Che Guevara in a pantheon of demigods, and were often poor or spendthrift, or both. “Venezuela just took the money and blew it,” says Eric Farnsworth, vice-president of the Council of the Americas and Americas Society.
Such spending was central to Chávez’s clientelist model. Closely advised by Havana and bolstered by high oil prices, he set his sights on a pan-American “Bolivarian revolution”.
He bought Argentine debt, gave aid to Bolivia and Nicaragua, and $6bn a year of cheap oil to Cuba in return for doctors, teachers and intelligence officials. At home, he funded social projects by draining PDVSA, the state oil company and nationalising private companies, sometimes on his television show, Aló Presidente, exclaiming: “Nationalise it!”
He was not alone. Ecuador defaulted on international bonds and gave refuge to Julian Assange, the WikiLeaks founder. Argentina nationalised YPF, the Spanish-controlled oil company. Evo Morales nationalised swaths of Bolivia’s energy sector including the local operations of Petrobras, the Brazilian oil company . The productivity of these nationalised businesses has since deteriorated.
. . .
This created a furore that echoed around the region. The noise it generated, though, was misleading because the economies of these maverick countries amount to just 17 per cent of Latin America’s US$6tn gross domestic product. It also obscured advances made by centrist democrats.
“People outside the region overestimate Chávez’s influence,” says Malcolm Deas, an Oxford-based historian of the Andes. “Mexico is not chavista, nor is Central America – Nicaragua apart. Nor are Chile, Peru or Colombia ever going to follow his example.”
Indeed Peru is a telling example of this. In 2006, Ollanta Humala, a former army officer, ran for president espousing Chávez’s approach – and lost. In 2011, he ran again while embracing the pragmatic Brazilian model – and won. The pendulum has swung again.
Today, about half of the region’s 20 republics are centrist or centre-right. Not that this has diminished the importance of social progress everywhere. Caracas rightly boasts that it has halved poverty levels in Venezuela. Yet this performance has been repeated elsewhere, in Chile and Peru for example, without ransacking the economy as Chávez did.
The Chavista model is a busted flush but no leader in the region will publicly admit it. Nonetheless, tributes have flowed in all week. Dignitaries and world leaders, from Iran’s President Mahmoud Ahmadi-Nejad to the Prince of Asturias, have flown to Caracas to pay their respects. In Havana, the Castro government declared three days of mourning.
Much of the radical left’s grief is real, but so too is the self-interest. Because Chávez’s demise confronts it with a bind. The populist left is dominated by outsize personalities. With its most extravagant character gone, others are jostling for supremacy. That is as true inside Venezuela, where chavismo is riddled with factions, as outside.
“The space and rhetoric won’t change,” says Franklin Ramírez, a sociologist at the Latin American Faculty of Social Sciences in Quito. But the “map has been changing”. The main contenders for influence are two economic blocs: Brazil and its partners in the southern Mercosur trade pact, and its regional counterweight, the free-trading Pacific economies of Mexico, Colombia, Peru and Chile.
The second and bigger problem is that the radical economic model is unsustainable. Even with the largest oil reserves in the world, Venezuela has turned to China for $40bn of loans to keep itself going.
Economic decay may not matter to true populists. After all, “as well as handouts, their beneficiaries gained hope, a feeling of being listened to”, says Mr Farnsworth. “You can’t put a dollar figure on that. It is a revolution of the mind.”
It is an open question how long that revolution of the mind will continue if Caracas or other radical governments in the region cannot deliver their promises. That will better showcase the success of the region’s pragmatic centrists. But it will also leave the populist left struggling to stand for anything other than empty pledges and stale rhetoric.
Additional reporting by Andres Schipani in Bogotá
Stanley Fischer, o melhor banqueiro central do mundo, fala sobre economia brasileira
Vale conferir:
Stanley Fischer explica o sucesso do Banco Central de Israel
http://globotv.globo.com/globo-news/conta-corrente/t/todos-os-videos/v/stanley-fischer-explica-o-sucesso-do-banco-central-de-israel/2451167/No mês passado, o Washington Post fez uma imensa reportagem sobre ele, que já tinha postado aqui:
http://www.washingtonpost.com/blogs/wonkblog/wp/2013/02/15/stan-fischer-saved-israels-economy-can-he-save-americas/
Meus agradecimentos ao André Rozenbaum pelos dois envios.
Paulo Roberto de Almeida
Chavismo platino, patagonico, porteno, argentino... - Ediitorial OESP
Depois de "democratizar a mídia" -- não vão conseguir, mas não deixarão de tentar -- vão querer também "democratizar a Justiça", o que aliás já tentaram, e tentam sempre, colocando seus servos, seus bonequinhos amestrados no STF, mas nunca dá certo inteiramente. Em todo caso, não somos imunes a esse virus totalitário...
Paulo Roberto de Almeida
A Justiça de Cristina
Seguindo o figurino de democracia plebiscitária tão ao gosto do chavismo, no qual o voto popular é transformado em chancela das decisões arbitrárias do governo, Cristina abriu o ano legislativo num discurso de três horas e meia defendendo que os integrantes do Conselho da Magistratura passassem a ser escolhidos diretamente pelos eleitores. Atualmente, o organismo é composto por três juízes, dois advogados, um acadêmico, seis parlamentares apontados pelo Congresso e um representante do governo. Os magistrados, o acadêmico e os advogados são escolhidos em votação interna. "Nem juízes nem advogados têm coroa para serem eleitos entre si!", escreveu Cristina no Twitter, com sua conhecida verve autoritária. O menosprezo pelas instituições republicanas é assumido sem-cerimônia, como se as urnas bastassem para regular as relações entre os Poderes e destes com a sociedade. No caso da proposta de "democratizar a Justiça", há ainda a agravante de que o atual sistema de escolha dos integrantes do Conselho da Magistratura está inscrito na Constituição, mas a oposição acredita que a presidente encontrará um jeito de distorcer a letra da lei para atender às suas necessidades - e embutir uma reforma que lhe permita, ademais, concorrer a um novo mandato.
A confusão entre soberania popular e funcionamento do Estado não é involuntária. Ao contrário: Cristina não se esforça para fazer segredo de que quer subordinar o Judiciário ao Executivo, sob o argumento de que só quem foi eleito - isto é, ela mesma - tem legitimidade. Não é por outra razão que a presidente argentina agora fala em constituir uma "Justiça legítima", pois a que está aí não lhe serve.
Não são poucos os exemplos de intervenção do kirchnerismo no Judiciário. Um caso representativo ocorreu em 2009, quando o juiz Norberto Oyarbide, em decisão sumária, inocentou os Kirchners da acusação de enriquecimento ilícito, apesar do escandaloso crescimento do patrimônio do casal. Processado no Conselho da Magistratura sob acusação de favorecer o casal presidencial, Oyarbide acabou absolvido graças à mobilização da maioria governista no órgão. Outro magistrado que atuou abertamente em favor dos Kirchners e envolveu-se em seguidos escândalos de corrupção, Federico Faggionato Márquez, só foi destituído em 2010 pelo Conselho da Magistratura porque o bloco kirchnerista estava ausente.
A hegemonia de Cristina no conselho, no entanto, não lhe parece suficiente. Tampouco lhe parece suficiente que ela e o falecido marido, Néstor, tenham nomeado a maioria dos atuais juízes da Suprema Corte e influenciado a nomeação da maioria dos magistrados do país nos últimos dez anos. Ela se queixa de que o Judiciário tem sido permeável às "grandes corporações" que, segundo diz, estão interessadas em desestabilizar seu governo. Ademais, e esta é uma questão central aqui, os governistas consideram que a Suprema Corte não é independente porque impõe obstáculos à plena execução do projeto que visa a limitar a propriedade de meios de comunicação, numa referência à disputa do governo contra o Grupo Clarín.
Em nome de sua guerra contra a imprensa que não lhe é subserviente e sempre tendo em perspectiva sua ânsia de permanecer no poder por mais tempo do que a Constituição permite, Cristina tudo fará para intimidar o Judiciário. É assim que o kirchnerismo vê a Justiça na Argentina: ela só será considerada "independente" caso se ajoelhe diante de Cristina.