O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

O que faz um diplomata, exatamente? Um texto de meu primeiro blog (2006)

Grato ao Lucas por se vestir de arqueólogo e retirar esse texto meu do pré-cambriano de minha evolução blogueira:

Lucas deixou um novo comentário sobre a sua postagem "153) O que faz um diplomata, exatamente?":
Paulo,
Quero lhe parabenizar e agradecer, não somente por informar sobre a rotina do diplomata brasileiro, mas também pela humildade e atenção em responder os comentários.
Era o tipo de opinião que faltava pra eu me decidir pela carreira.
Postado por Lucas no blog Paulo Roberto de Almeida em quinta-feira, outubro 02, 2014 11:27:00 PM
============
Aqui o texto referido:



quarta-feira, 11 de janeiro de 2006


Muito freqüentemente sou solicitado, por interessados na carreira diplomática, geralmente jovens, a pronunciar-me sobre a natureza exata do trabalho diplomático. As dúvidas são muitas e a curiosidade infinita. Ainda assim tento responder a cada um da melhor forma possível, mas novas demandas se repetem, com perguntas usualmente similares. Como exemplo típico desse gênero de questionamento, transcrevo mensagem enviada hoje (11.01.06), que tentarei responder em seguida:
“Ainda falta um pouco para eu me decidir por este caminho (a diplomacia), por isso vim lhe pedir um breve relato de um dia comum seu, em sua profissão. O que é comum encontrar nessa carreira? O que é gratificante? E quais as dificuldades? Não quero incomodá-lo, aliás tenho muito receio disso, mas, ao mesmo tempo, quero me encontrar com a certeza de um futuro inescusável. E como decifrá-lo, se não perguntá-lo? A simples informação de quanto tempo permanece sentado assinando papéis, de quanto de autonomia se tem, dentre outros aspectos congêneres; essas simples informações formam o motivo de minha interpelação.”

Pois bem, sei que existem muitas lendas em torno das atividades de um diplomata, geralmente de natureza turística ou etílica, ou seja, de que passamos o tempo viajando de um lugar para outro, em belas cidades de países desenvolvidos, participando de reuniões sofisticadas e, sobretudo, de coquetéis e recepções, um pouco como se todo mundo ainda vivesse nos tempos das cortes européias, em bailes e outras galanterias... Exagero, claro, mas o pessoal também exagera em torno da quantidade de bebida que é humanamente possível ingerir. Com exceção do Vinicius de Moraes, que vivia de copo de uísque na mão, o diplomata geralmente não bebe, salvo, claro, quando é obrigado...

Sans blague, para descrever um dia típico de um diplomata seria preciso, primeiro, distinguir entre o diplomata na Secretaria de Estado, ou seja, na sua capital, onde ele é miseravelmente remunerado, e aquele destacado para um posto no exterior, numa embaixada permanente, numa missão junto a um organismo internacional, ou em missão temporária, integrando uma delegação em alguma reunião internacional, onde ele ganha um pouco mais, mas onde ele tampouco vive nababescamente, como alguns podem imaginar.

Na Secretaria de Estado, somos perfeitos burocratas, processando informações, geralmente em formato eletrônico – como tudo o mais na vida, nestes tempos de informatização generalizada – mas também em suporte papel, muito papel. Ainda existe um bocado de formulários e memorandos nas burocracias governamentais, mais do que o necessário.
Um diplomata padrão cuida de alguns assuntos, sobre os quais possui, ou pelo menos deveria ter, domínio completo e competência reconhecida. Ele recebe um insumo qualquer – digamos um telegrama, hoje um simples e-mail, de uma embaixada, ou uma demanda de algum outro serviço – e imediatamente transforma esse tema em algum tipo de “instrução”, para a própria Secretaria de Estado, para outros órgãos do Estado ou para a missão no exterior que primeiro suscitou o problema. Essa resposta pode sair imediatamente ou requerer consultas a outras instâncias da Casa – divisões políticas, isto é, geográficas, ou econômicas, jurídicas, administrativas, etc. – ou de fora, algum órgão técnico do governo, por exemplo, ou até mesmo a entidades da chamada “sociedade civil”. Se o assunto é sério o suficiente para requerer uma decisão superior, ele é levado sucessivamente a escalões mais elevados, eventualmente até ao próprio presidente da República, que assume responsabilidade por todas as decisões maiores da política externa oficial, da qual o chanceler (ou ministro de Estado das relações exteriores) é o executor.

O gratificante, para um diplomata, é ver que uma proposta sua, emanada de seu “processamento” diligente, e inteligente, defendendo o que ele considera como sendo o interesse nacional, foi convertida em política de Estado e passa a ser defendida pelos representantes do país nos foros internacionais. As dificuldades, pelo menos no plano “psicológico”, geralmente estão ligadas à incapacidade de a instituição responsável pela política externa chegar a uma posição clara, contemplando esses interesses – mas nem sempre é fácil determinar onde está o interesse nacional –, ou então elas são derivadas do fato de que a melhor posição possível, em determinadas circunstâncias, tem de ser “contornada”, digamos assim, em função de alianças táticas ou de “competição” com outros objetivos, nem sempre muito claros.
Já nem considero aqui as dificuldades de tipo administrativo ou logístico – como a ausência de recursos materiais e humanos suficientes para executar o que se poderia considerar como a melhor diplomacia possível em todas as frentes abertas ao engenho e arte de nosso serviço exterior – ou os obstáculos propriamente “estruturais”, que são a obstrução dos fins pretendidos pelas “nossas” instruções por alguma coalizão mais forte no plano externo ou a insuficiente mobilização de aliados para a nossa causa. Isso faz parte da vida...

O diplomata na capital, ainda que fazendo parte de uma grande burocracia, dispõe de mais margem de ação e de mais autonomia do que o diplomata no posto, que tem necessariamente de seguir as instruções da capital. Mas este último também participa do processo decisório e da elaboração de posições, ao informar corretamente sobre as relações de força, sobre as posições dos demais países, sobre as alianças táticas que estão sendo desenhadas em torno de algum assunto e assim por diante.
Numa embaixada bilateral, que são os postos mais numerosos, as negociações são talvez menos freqüentes, mas aumenta o volume de informações produzidas sobre o país em questão e cresce o esforço de defesa dos interesses brasileiros em temas concretos, como comércio, investimentos, acordos de cooperação, geralmente científica e tecnológica, visitas bilaterais, bem como atividades de promoção cultural.

Coquetéis e recepções constituem parte integral do “balé” diplomático, mas esse tipo de atividade “festiva” geralmente está ligada às comemorações das datas nacionais – e isso dá para preencher quase todos os dias do ano, dependendo da capital e da respectiva rede de embaixadas, mas a freqüentação desse tipo de evento varia muito em função de “quem trabalha com aquele país” – ou então contempla a parte inicial de alguma reunião importante, com a presença de várias delegações. Almoços de trabalho – muito raramente pagos pelo serviço exterior – são mais usuais, ao passo que são mais raras aquelas recepções que nós mesmos organizamos para os colegas que conosco trabalham ou com quem convivemos por dever de ofício. Chefes de missão têm, sim, uma jornada extra, recepcionando ou participando intensamente desses eventos, para os quais se requer boa disposição de espírito, bom humor e o físico em forma...

Resumindo em poucas palavras, o diplomata, em suas diferentes funções ligadas à representação, negociação e informação, passa a maior parte do tempo pesquisando, escrevendo, processando informações, se relacionando com outros diplomatas, colegas e de outros países, bem como com funcionários de diferentes serviços, com o objetivo básico de conceber instruções e depois defender posições que reflitam o interesse nacional de seu país. É uma função, sem dúvida alguma, “nobre” e gratificante, mas também muito exigente e comportando alguma dose de desprendimento, pois por vezes as condições de trabalho, ou as da vida em família, não são as melhores possíveis (em alguns postos “de sacrifício”, por exemplo, ou até mesmo na Secretaria de Estado, onde os salários são baixos e o trabalho excessivo).

No cômputo global, creio que se trata de uma profissão invejável, pela diversidade de situações que ela permite e pelas oportunidades que cria de engrandecimento pessoal, intelectual e profissional. Os interessados em uma opinião pessoal sobre o que eu creio serem, na atualidade, as regras pelas quais deve pautar-se um diplomata, podem consultar meu ensaio preliminar “Dez regras modernas de diplomacia”, no seguinte link:http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/800RegrasDiplom.html; um resumo do mesmo texto, limitado às regras, foi colocado em meu Blog, post nr. 62, neste link:http://paulomre.blogspot.com/2005/12/62-dez-regras-modernas-de-diplomacia.html.
Boa sorte aos que tentam o ingresso na carreira, mas um aviso preliminar: será preciso estudar muito, antes e durante toda a carreira...

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 11 de janeiro de 2006

Eleicoes 2014: tres candidatos que acreditam no Estado - Veja

Artigo

No Brasil, candidatos creem que o Estado tem solução para tudo

Tal como o rei Luís XVI, que encarnava o próprio Estado, quem concorre à presidência, mesmo quando diz o contrário, tem fé excessiva no poder do governo

André Petry
TRÊS GRAÇAS - Da esq. para a dir., Aécio, Marina e Dilma, em pinturas que retratam Luís XIV: olhando de perto, eles até que ficam bem com os paramentos de um rei que se dizia o próprio Estado

TRÊS GRAÇAS - Da esq. para a dir., Aécio, Marina e Dilma, em pinturas que retratam Luís XIV: olhando de perto, eles até que ficam bem com os paramentos de um rei que se dizia o próprio Estado      (Montagem sobre quadros Museu Versalles/Getty Images e Corbis/Latinstock/VEJA)

Em sua última coluna para o jornal O Globo, o escritor baiano João Ubaldo, morto em julho, tratou de uma obsessão brasileira: a ideia de que o Estado é a fonte de todas as soluções, mesmo para aquilo que nem sabíamos que se constituía num problema. Sob o título “O correto uso do papel higiênico”, Ubaldo satirizou a onipotência estatal, que vive criando normas e regulamentos “para nos proteger dos muitos perigos que nos rondam, inclusive nossos próprios hábitos e preferências pessoais”. Agora, na reta final da campanha presidencial, essa obsessão brasileira esteve em plena evidência, com os principais candidatos demonstrando — mesmo quando querem dizer o contrário — sua excessiva fé no poder do Estado e do governo de resolver tudo.

Os candidatos falam como se fossem, eles próprios, a própria encarnação do Estado, mais ou menos como Luís XIV, o rei que cunhou a célebre frase “L’État c’est moi” (O Estado sou eu), para ilustrar seu poder incontrastável na França monárquica. Em julho, numa entrevista à TV, a presidente Dilma Rousseff disse: “Nós vamos manter o emprego, aqui no Brasil, em alta e o desemprego em baixa”. Há duas semanas, também em entrevista à TV, o tucano Aécio Neves, questionado sobre suas políticas para favorecer o crescimento econômico, respondeu assim: “Nossa candidatura é a que permitirá que o Brasil cresça.” Como se vê, os candidatos pensam que o governo cria emprego, que o governo comanda a economia e a faz crescer.

Marina Silva, a candidata do PSB, apresentou ideias que, de início, foram tomadas como propostas para cancelar a tutela estatal sobre os trabalhadores e as indústrias. Disse que, eleita, pretendia “atualizar” as leis trabalhistas, aparentemente ampliando a autonomia de patrões e empregados nos dissídios coletivos. Também prometeu “desmamar” a indústria, sugerindo que a deixaria atuar sem a proteção maternal de incentivos fiscais. Era tudo o contrário do que parecia, como a candidata fez questão de esclarecer. “Desmamar”, na verdade, significa “qualificar melhor” as isenções fiscais, de modo a cobrar uma contrapartida da indústria em favor do governo. E “atualizar” a legislação do trabalho queria dizer “manter os direitos já conquistados e ampliar aqueles que os trabalhadores ainda precisam conquistar”.

Nenhum dos três candidatos, nem mesmo Dilma, que reza pela cartilha do PT, se diz estatista ou estatizante. Nenhum defende a estatização de bancos ou hospitais. Aécio e Marina, sobretudo, apresentam-se como políticos do mercado, da iniciativa privada. Todos, porém, estão sempre vidrados em Brasília, no governo, no Estado, como se daí viessem todas as soluções para o Brasil e seu povo. Contabilizando-se a frequência com que cada candidato, em entrevistas e discursos, pronunciou as palavras “governo” e “mercado”, tem-se uma matemática surpreendente: Aécio, logo Aécio, que se posiciona como o político capaz de acalmar os mercados, falou nada menos que 638 vezes em “governo” e 24 em “mercado”. Dilma, em tese a mais estadocêntrica, falou bem menos em “governo” (150 vezes) e quase o mesmo que Aécio em “mercado” (23 vezes). Marina, outra que se apresenta como amistosa à iniciativa privada, falou 104 vezes em “governo” e só quatro em “mercado”.

A insistência dos candidatos pode parecer apenas receio de perder voto de um eleitorado que equaliza governo com salvação. Mas, por trás desses números, esconde-se uma visão de mundo na qual o Estado é o centro de todas as coisas: cria empregos, move a economia, abraça os pobres, os trabalhadores e os industriais, e protege os cidadãos dos “muitos perigos que nos rondam”. O Estado, claro, é resultado do avanço civilizatório. Apesar da globalização, que enfraqueceu parte de suas funções clássicas, os estados nacionais exercem papéis essenciais nas sociedades democráticas — da proteção aos mais vulneráveis à aplicação de uma política externa. Só não criam um centavo de riqueza, e todo o dinheiro que os governos gastam vem dos impostos pagos por cidadãos produtivos e por empresas que os empregam. Portanto, o Estado está abaixo — e não acima — da sociedade.

Comportando-se como personificação do Estado e fonte de todo o poder, os candidatos reforçam o histórico vício nacional de pedir socorro ao governo — seja para o que for. Marina gosta de denunciar as forças políticas que querem “um pedaço do Estado para chamar de seu”. Em entrevista, Dilma disse que sem os bancos públicos, como Caixa, Banco do Brasil e BNDES, “não saem rodovia, ferrovia, porto, aeroporto. Não sai VLT. Esquece, porque não sai”. É verdade, pois os bancos públicos dão empréstimos para obras de infraestrutura e cobram juros mais acessíveis, mas só é verdade porque queremos que seja assim. Não é um imperativo universal. O conflito entre o individualismo e a sociedade governada nasceu junto com o próprio Estado. Mas a sociedade que não abre o olho acaba tendo um Estado que lhe ensina o correto uso do papel higiênico.

Para ler outras reportagens compre a edição desta semana de VEJA no IBA, no tablet, no iPhone ou nas bancas
Outros destaques de VEJA desta semana

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Alternativas de Politica Externa, ou Continuidade da Politica Externa Companheira? - Victor Augusto Ferraz Young

A julgar pelo autor, ou melhor, pelo artigo abaixo transcrito, não existem alternativas à atual política externa, que é considerada excelente por princípio, mesmo quando existem amplas evidências de que ela não cumpriu nenhum dos seus objetivos projetados (no Mercosul, na OMC, na ONU, e em várias outras esferas, inclusive com a China e com a Índia, por exemplo).
Nesse sentido, o título do artigo está completamente errado: deveria ser "Pela continuidade da atual política externa, ativa, altiva e soberana".
Assim, ficaria mais claro o que o autor pretende, desqualificar quaisqer outras alternativas, e proclamar a excelência da atual diplomacia. Seria mais honesto, em todo caso, mais conforme os objetivos do site e de sua campanha continuista. De toda forma combina perfeitamente com o que pensa a maior parte da academia.
Ele condensa, sem a mediocridade de outros artigos que tenho visto na internet, o que pensa a academia, e ela pensa muito mal.
O autor é incapaz de reconhecer algumas barbaridades que assina -- em relação à Rússia, à China, por exemplo, o que revela um espírito autoritário e propenso a apoiar ditaduras, o que é títpico do partido neobolchevique atualmente no poder -- e sequer consegue reconhecer que a integração proposta no cone sul simplesmente não tem funcionado.
Ele não reconhece a deterioração nas contas comercial e de transações correntes, o baixo crescimento, a perda de credibilidade da política externa (justamente ao apoiar ditaduras e regimes pouco frequentáveis), além de diversos outros pontos que pertencem mais ao terreno do delírio -- como por exemplo, o fato de acreditar que o Banco dos Brics vai representar um grande aporte para o Brasil -- do que ao âmbito da realidade concreta.
Enfim, se trata mais de uma peça publicitária, em favor do continuismo na área externa, do que uma análise objetiva da agenda diplomática brasileira.
Paulo Roberto de Almeida

Eleições e as alternativas para a política externa
Victor Augusto Ferraz Young
Brasil Debate, 1/10/2014

Entre as iniciativas atuais que mereceriam debate mais amplo, em contraste com as propostas dos outros candidatos, está, por exemplo, a criação do banco dos BRICs, que permitirá estabelecer proteção adicional em relação à nossa vulnerabilidade monetária, com nova possibilidade de financiamento desvinculada dos credores de Wall Street.

Tema pouco debatido nesta campanha eleitoral é a proposta de política externa dos candidatos. Somos grandes exportadores de produtos agropecuários, minerais e, em proporção menor, de manufaturados.
Nossa indústria depende da importação de componentes, maquinário e serviços do exterior. Há ainda o consumo de bens finais importados que, pela valorização do real, colaboram para diminuir o ritmo de investimentos produtivos, ao mesmo tempo em que mitigam a elevação dos preços.
Além disso, a entrada e saída de capitais como investimentos diretos, aplicações especulativas, empréstimos e emissão de papéis são tão ou mais importantes que o saldo do comércio internacional brasileiro. Tais pontos, mais vinculados à economia interna, não resumiriam todos os aspectos a serem tratados por nossos representantes no exterior.
As relações interestatais também impõem desafios. Estamos sujeitos a uma zona de influência  internacional que nos limita a autonomia sobre a política externa. Os Estados Unidos nos “protegem” com a Quarta Frota e espionam nosso governo.
Economicamente, como muitos países, estamos submetidos a um fluxo de liquidez controlado em última instância pelo banco central norte-americano. O que torna nossa situação bem menos confortável é o fato de nossa moeda não ser conversível, o que, conforme a absorção externa de divisas, poderia fragilizar a economia, obrigando o País a submeter-se outra vez às imposições de seus credores.
Dessa maneira, os EUA são ator da maior relevância com o qual o Brasil deve lidar habilmente. Não se trata de um demônio a nos tolher a iniciativa, mas de uma nação hegemônica que põe seus interesses à frente de qualquer outro em sua tradicional área de influência, a América Latina.

Rússia e China
Novos desdobramentos internacionais, por outro lado, sinalizam mudanças na divisão do poder geopolítico mundial. No leste, a Rússia demonstrou não submeter-se a pressões norte-americanas e europeias.
A incorporação da Crimeia àquele Estado e as “independências” da Abcásia e Ossétia do Sul em relação a Geórgia – apesar da contrariedade dos Estados Unidos e União Europeia – não devem ter seu status revertido.
Mais ao oriente, a China, apesar de seu atrelamento econômico a norte-americanos e europeus, vem estabelecendo uma agenda própria para a expansão de seus negócios na África, América Latina e Leste Asiático. Suas capacidades bélicas também adquiriram grande avanço sobre bases tecnológicas próprias.
O que se destaca é o fato de que, desde o fim da Guerra Fria, nenhum desses dois países, Rússia e China, parecem estar acuados ou ter suas ações totalmente vetadas pelas potências do Ocidente.
Ambos, além de considerável poder militar e capacidade aeroespacial, têm condições de impor elevado custo àqueles que queiram aplicar sanções econômicas rigorosas ou coagi-los belicamente. Não há, dessa maneira, como determinar diretrizes de política externa para o Brasil sem considerar o novo peso que têm essas duas potências no sistema interestatal.
Não há como esquecer, além disso, de que a intensificação das relações internacionais brasileiras junto a outros países da periferia é tão ou mais importante quanto aquelas tidas com o centro do poder mundial.
O recente reforço às relações Sul-Sul, alargando a integração regional e buscando estabelecer relações mais próximas junto aos países árabes e africanos, vem ajudando a incrementar o comércio exterior e favorecendo a ampliação da força política brasileira nos fóruns internacionais. Exemplo claro dessa atuação é o notável poder de barganha obtido com o G-20 dentro da OMC.
Enfim, há diferentes opções para uma política externa mais autônoma que preserve boas relações, mas que não seja atada aos Estados Unidos e/ou países da UE.
O cenário internacional nos impõe limites, mas sua configuração vem se modificando e adquirindo delineamentos que nos oferecem alternativas.

Banco dos BRICS
A última iniciativa do grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) de instituir o Novo Banco de Desenvolvimento e o um Fundo de Reservas de Contingência nos permitirá estabelecer proteção adicional em relação à nossa vulnerabilidade monetária, ao mesmo tempo em que teremos nova possibilidade de financiamento desvinculada dos credores de Wall Street.
Além disso, a associação do Brasil a outros Estados também subdesenvolvidos amplia ainda mais o leque de possibilidades políticas e econômicas.
Nos governos Lula e Dilma pudemos assistir à retomada desse tipo de política externa, mais independente do que a praticada anteriormente. Nestas eleições, ao nos debruçarmos sobre o programa do candidato Aécio Neves, verificamos pouca concretude de propostas.
Infelizmente, é superficial para um debate mais profundo: informa que concluirá acordos junto à Europa e lançará bases para outro com os EUA, mas não especifica sob que termos o fará. No passado, não tivemos boa experiência com os termos da abertura comercial e financeira feita pelo governo FHC.
A proposta da candidata Marina Silva, por outro lado, põe em relevo os feitos realizados em período recente, contudo, ao final, há a afirmação de que o Itamaraty foi esvaziado, partidarizado e influenciado ideologicamente: ou seja, fez-se tudo certo, mas está tudo errado. A exposição deste quesito programático é, no mínimo, contraditória.
Entendemos que a política externa em curso e as propostas dos outros dois principais candidatos à Presidência mereceriam debate mais amplo. O escrutínio dos projetos e a crítica à condução atual poderiam, dessa forma, facilitar a escolha do candidato mais adequado, pois aquele que for eleito terá de lidar com desafios exteriores que podem oferecer tanto oportunidades históricas de desenvolvimento, quanto vicissitudes que comprometeriam qualquer programa de governo, como mostra nossa própria história.

Eleições e as alternativas para a política externa

Entre as iniciativas atuais que mereceriam debate mais amplo, em contraste com as propostas dos outros candidatos, está, por exemplo, a criação do banco dos BRICs, que permitirá estabelecer proteção adicional em relação à nossa vulnerabilidade monetária, com nova possibilidade de financiamento desvinculada dos credores de Wall Street

  • 92
     
    Share
Tema pouco debatido nesta campanha eleitoral é a proposta de política externa dos candidatos. Somos grandes exportadores de produtos agropecuários, minerais e, em proporção menor, de manufaturados.
Nossa indústria depende da importação de componentes, maquinário e serviços do exterior. Há ainda o consumo de bens finais importados que, pela valorização do real, colaboram para diminuir o ritmo de investimentos produtivos, ao mesmo tempo em que mitigam a elevação dos preços.
Além disso, a entrada e saída de capitais como investimentos diretos, aplicações especulativas, empréstimos e emissão de papéis são tão ou mais importantes que o saldo do comércio internacional brasileiro. Tais pontos, mais vinculados à economia interna, não resumiriam todos os aspectos a serem tratados por nossos representantes no exterior.
As relações interestatais também impõem desafios. Estamos sujeitos a uma zona de influência internacional que nos limita a autonomia sobre a política externa. Os Estados Unidos nos “protegem” com a Quarta Frota e espionam nosso governo.
Economicamente, como muitos países, estamos submetidos a um fluxo de liquidez controlado em última instância pelo banco central norte-americano. O que torna nossa situação bem menos confortável é o fato de nossa moeda não ser conversível, o que, conforme a absorção externa de divisas, poderia fragilizar a economia, obrigando o País a submeter-se outra vez às imposições de seus credores.
Dessa maneira, os EUA são ator da maior relevância com o qual o Brasil deve lidar habilmente. Não se trata de um demônio a nos tolher a iniciativa, mas de uma nação hegemônica que põe seus interesses à frente de qualquer outro em sua tradicional área de influência, a América Latina.
Rússia e China
Novos desdobramentos internacionais, por outro lado, sinalizam mudanças na divisão do poder geopolítico mundial. No leste, a Rússia demonstrou não submeter-se a pressões norte-americanas e europeias.
A incorporação da Crimeia àquele Estado e as “independências” da Abcásia e Ossétia do Sul em relação a Geórgia – apesar da contrariedade dos Estados Unidos e União Europeia – não devem ter seu status revertido.
Mais ao oriente, a China, apesar de seu atrelamento econômico a norte-americanos e europeus, vem estabelecendo uma agenda própria para a expansão de seus negócios na África, América Latina e Leste Asiático. Suas capacidades bélicas também adquiriram grande avanço sobre bases tecnológicas próprias.
O que se destaca é o fato de que, desde o fim da Guerra Fria, nenhum desses dois países, Rússia e China, parecem estar acuados ou ter suas ações totalmente vetadas pelas potências do Ocidente.
Ambos, além de considerável poder militar e capacidade aeroespacial, têm condições de impor elevado custo àqueles que queiram aplicar sanções econômicas rigorosas ou coagi-los belicamente. Não há, dessa maneira, como determinar diretrizes de política externa para o Brasil sem considerar o novo peso que têm essas duas potências no sistema interestatal.
Não há como esquecer, além disso, de que a intensificação das relações internacionais brasileiras junto a outros países da periferia é tão ou mais importante quanto aquelas tidas com o centro do poder mundial.
O recente reforço às relações Sul-Sul, alargando a integração regional e  buscando estabelecer relações mais próximas junto aos países árabes e africanos, vem ajudando a incrementar o comércio exterior e favorecendo a ampliação da força política brasileira nos fóruns internacionais. Exemplo claro dessa atuação é o notável poder de barganha obtido com o G-20 dentro da OMC.
Enfim, há diferentes opções para uma política externa mais autônoma que preserve boas relações, mas que não seja atada aos Estados Unidos e/ou países da UE.
O cenário internacional nos impõe limites, mas sua configuração vem se modificando e adquirindo delineamentos que nos oferecem alternativas.
Banco dos BRICS
A última iniciativa do grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) de instituir o Novo Banco de Desenvolvimento e o um Fundo de Reservas de Contingência nos permitirá estabelecer proteção adicional em relação à nossa vulnerabilidade monetária, ao mesmo tempo em que teremos nova possibilidade de financiamento desvinculada dos credores de Wall Street.
Além disso, a associação do Brasil a outros Estados também subdesenvolvidos amplia ainda mais o leque de possibilidades políticas e econômicas.
Nos governos Lula e Dilma pudemos assistir à retomada desse tipo de política externa, mais independente do que a praticada anteriormente. Nestas eleições, ao nos debruçarmos sobre o programa do candidato Aécio Neves, verificamos pouca concretude de propostas.
Infelizmente, é superficial para um debate mais profundo: informa que concluirá acordos junto à Europa e lançará bases para outro com os EUA, mas não especifica sob que termos o fará. No passado, não tivemos boa experiência com os termos da abertura comercial e financeira feita pelo governo FHC.
A proposta da candidata Marina Silva, por outro lado, põe em relevo os feitos realizados em período recente, contudo, ao final, há a afirmação de que o Itamaraty foi esvaziado, partidarizado e influenciado ideologicamente: ou seja, fez-se tudo certo, mas está tudo errado. A exposição deste quesito programático é, no mínimo, contraditória.
Entendemos que a política externa em curso e as propostas dos outros dois principais candidatos à Presidência mereceriam debate mais amplo. O escrutínio dos projetos e a crítica à condução atual poderiam, dessa forma, facilitar a escolha do candidato mais adequado, pois aquele que for eleito terá de lidar com desafios exteriores que podem oferecer tanto oportunidades históricas de desenvolvimento, quanto vicissitudes que comprometeriam qualquer programa de governo, como mostra nossa própria história.
- See more at: http://brasildebate.com.br/eleicoes-e-as-alternativas-para-a-politica-externa/#sthash.7lwW4Idg.dpuf

Eleições e as alternativas para a política externa

Entre as iniciativas atuais que mereceriam debate mais amplo, em contraste com as propostas dos outros candidatos, está, por exemplo, a criação do banco dos BRICs, que permitirá estabelecer proteção adicional em relação à nossa vulnerabilidade monetária, com nova possibilidade de financiamento desvinculada dos credores de Wall Street

  • 92
     
    Share
Tema pouco debatido nesta campanha eleitoral é a proposta de política externa dos candidatos. Somos grandes exportadores de produtos agropecuários, minerais e, em proporção menor, de manufaturados.
Nossa indústria depende da importação de componentes, maquinário e serviços do exterior. Há ainda o consumo de bens finais importados que, pela valorização do real, colaboram para diminuir o ritmo de investimentos produtivos, ao mesmo tempo em que mitigam a elevação dos preços.
Além disso, a entrada e saída de capitais como investimentos diretos, aplicações especulativas, empréstimos e emissão de papéis são tão ou mais importantes que o saldo do comércio internacional brasileiro. Tais pontos, mais vinculados à economia interna, não resumiriam todos os aspectos a serem tratados por nossos representantes no exterior.
As relações interestatais também impõem desafios. Estamos sujeitos a uma zona de influência internacional que nos limita a autonomia sobre a política externa. Os Estados Unidos nos “protegem” com a Quarta Frota e espionam nosso governo.
Economicamente, como muitos países, estamos submetidos a um fluxo de liquidez controlado em última instância pelo banco central norte-americano. O que torna nossa situação bem menos confortável é o fato de nossa moeda não ser conversível, o que, conforme a absorção externa de divisas, poderia fragilizar a economia, obrigando o País a submeter-se outra vez às imposições de seus credores.
Dessa maneira, os EUA são ator da maior relevância com o qual o Brasil deve lidar habilmente. Não se trata de um demônio a nos tolher a iniciativa, mas de uma nação hegemônica que põe seus interesses à frente de qualquer outro em sua tradicional área de influência, a América Latina.
Rússia e China
Novos desdobramentos internacionais, por outro lado, sinalizam mudanças na divisão do poder geopolítico mundial. No leste, a Rússia demonstrou não submeter-se a pressões norte-americanas e europeias.
A incorporação da Crimeia àquele Estado e as “independências” da Abcásia e Ossétia do Sul em relação a Geórgia – apesar da contrariedade dos Estados Unidos e União Europeia – não devem ter seu status revertido.
Mais ao oriente, a China, apesar de seu atrelamento econômico a norte-americanos e europeus, vem estabelecendo uma agenda própria para a expansão de seus negócios na África, América Latina e Leste Asiático. Suas capacidades bélicas também adquiriram grande avanço sobre bases tecnológicas próprias.
O que se destaca é o fato de que, desde o fim da Guerra Fria, nenhum desses dois países, Rússia e China, parecem estar acuados ou ter suas ações totalmente vetadas pelas potências do Ocidente.
Ambos, além de considerável poder militar e capacidade aeroespacial, têm condições de impor elevado custo àqueles que queiram aplicar sanções econômicas rigorosas ou coagi-los belicamente. Não há, dessa maneira, como determinar diretrizes de política externa para o Brasil sem considerar o novo peso que têm essas duas potências no sistema interestatal.
Não há como esquecer, além disso, de que a intensificação das relações internacionais brasileiras junto a outros países da periferia é tão ou mais importante quanto aquelas tidas com o centro do poder mundial.
O recente reforço às relações Sul-Sul, alargando a integração regional e  buscando estabelecer relações mais próximas junto aos países árabes e africanos, vem ajudando a incrementar o comércio exterior e favorecendo a ampliação da força política brasileira nos fóruns internacionais. Exemplo claro dessa atuação é o notável poder de barganha obtido com o G-20 dentro da OMC.
Enfim, há diferentes opções para uma política externa mais autônoma que preserve boas relações, mas que não seja atada aos Estados Unidos e/ou países da UE.
O cenário internacional nos impõe limites, mas sua configuração vem se modificando e adquirindo delineamentos que nos oferecem alternativas.
Banco dos BRICS
A última iniciativa do grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) de instituir o Novo Banco de Desenvolvimento e o um Fundo de Reservas de Contingência nos permitirá estabelecer proteção adicional em relação à nossa vulnerabilidade monetária, ao mesmo tempo em que teremos nova possibilidade de financiamento desvinculada dos credores de Wall Street.
Além disso, a associação do Brasil a outros Estados também subdesenvolvidos amplia ainda mais o leque de possibilidades políticas e econômicas.
Nos governos Lula e Dilma pudemos assistir à retomada desse tipo de política externa, mais independente do que a praticada anteriormente. Nestas eleições, ao nos debruçarmos sobre o programa do candidato Aécio Neves, verificamos pouca concretude de propostas.
Infelizmente, é superficial para um debate mais profundo: informa que concluirá acordos junto à Europa e lançará bases para outro com os EUA, mas não especifica sob que termos o fará. No passado, não tivemos boa experiência com os termos da abertura comercial e financeira feita pelo governo FHC.
A proposta da candidata Marina Silva, por outro lado, põe em relevo os feitos realizados em período recente, contudo, ao final, há a afirmação de que o Itamaraty foi esvaziado, partidarizado e influenciado ideologicamente: ou seja, fez-se tudo certo, mas está tudo errado. A exposição deste quesito programático é, no mínimo, contraditória.
Entendemos que a política externa em curso e as propostas dos outros dois principais candidatos à Presidência mereceriam debate mais amplo. O escrutínio dos projetos e a crítica à condução atual poderiam, dessa forma, facilitar a escolha do candidato mais adequado, pois aquele que for eleito terá de lidar com desafios exteriores que podem oferecer tanto oportunidades históricas de desenvolvimento, quanto vicissitudes que comprometeriam qualquer programa de governo, como mostra nossa própria história.
- See more at: http://brasildebate.com.br/eleicoes-e-as-alternativas-para-a-politica-externa/#sthash.7lwW4Idg.dpuf
Victor Augusto Ferraz Young

Eleições e as alternativas para a política externa

Entre as iniciativas atuais que mereceriam debate mais amplo, em contraste com as propostas dos outros candidatos, está, por exemplo, a criação do banco dos BRICs, que permitirá estabelecer proteção adicional em relação à nossa vulnerabilidade monetária, com nova possibilidade de financiamento desvinculada dos credores de Wall Street

  • 92
     
    Share
Tema pouco debatido nesta campanha eleitoral é a proposta de política externa dos candidatos. Somos grandes exportadores de produtos agropecuários, minerais e, em proporção menor, de manufaturados.
Nossa indústria depende da importação de componentes, maquinário e serviços do exterior. Há ainda o consumo de bens finais importados que, pela valorização do real, colaboram para diminuir o ritmo de investimentos produtivos, ao mesmo tempo em que mitigam a elevação dos preços.
Além disso, a entrada e saída de capitais como investimentos diretos, aplicações especulativas, empréstimos e emissão de papéis são tão ou mais importantes que o saldo do comércio internacional brasileiro. Tais pontos, mais vinculados à economia interna, não resumiriam todos os aspectos a serem tratados por nossos representantes no exterior.
As relações interestatais também impõem desafios. Estamos sujeitos a uma zona de influência internacional que nos limita a autonomia sobre a política externa. Os Estados Unidos nos “protegem” com a Quarta Frota e espionam nosso governo.
Economicamente, como muitos países, estamos submetidos a um fluxo de liquidez controlado em última instância pelo banco central norte-americano. O que torna nossa situação bem menos confortável é o fato de nossa moeda não ser conversível, o que, conforme a absorção externa de divisas, poderia fragilizar a economia, obrigando o País a submeter-se outra vez às imposições de seus credores.
Dessa maneira, os EUA são ator da maior relevância com o qual o Brasil deve lidar habilmente. Não se trata de um demônio a nos tolher a iniciativa, mas de uma nação hegemônica que põe seus interesses à frente de qualquer outro em sua tradicional área de influência, a América Latina.
Rússia e China
Novos desdobramentos internacionais, por outro lado, sinalizam mudanças na divisão do poder geopolítico mundial. No leste, a Rússia demonstrou não submeter-se a pressões norte-americanas e europeias.
A incorporação da Crimeia àquele Estado e as “independências” da Abcásia e Ossétia do Sul em relação a Geórgia – apesar da contrariedade dos Estados Unidos e União Europeia – não devem ter seu status revertido.
Mais ao oriente, a China, apesar de seu atrelamento econômico a norte-americanos e europeus, vem estabelecendo uma agenda própria para a expansão de seus negócios na África, América Latina e Leste Asiático. Suas capacidades bélicas também adquiriram grande avanço sobre bases tecnológicas próprias.
O que se destaca é o fato de que, desde o fim da Guerra Fria, nenhum desses dois países, Rússia e China, parecem estar acuados ou ter suas ações totalmente vetadas pelas potências do Ocidente.
Ambos, além de considerável poder militar e capacidade aeroespacial, têm condições de impor elevado custo àqueles que queiram aplicar sanções econômicas rigorosas ou coagi-los belicamente. Não há, dessa maneira, como determinar diretrizes de política externa para o Brasil sem considerar o novo peso que têm essas duas potências no sistema interestatal.
Não há como esquecer, além disso, de que a intensificação das relações internacionais brasileiras junto a outros países da periferia é tão ou mais importante quanto aquelas tidas com o centro do poder mundial.
O recente reforço às relações Sul-Sul, alargando a integração regional e  buscando estabelecer relações mais próximas junto aos países árabes e africanos, vem ajudando a incrementar o comércio exterior e favorecendo a ampliação da força política brasileira nos fóruns internacionais. Exemplo claro dessa atuação é o notável poder de barganha obtido com o G-20 dentro da OMC.
Enfim, há diferentes opções para uma política externa mais autônoma que preserve boas relações, mas que não seja atada aos Estados Unidos e/ou países da UE.
O cenário internacional nos impõe limites, mas sua configuração vem se modificando e adquirindo delineamentos que nos oferecem alternativas.
Banco dos BRICS
A última iniciativa do grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) de instituir o Novo Banco de Desenvolvimento e o um Fundo de Reservas de Contingência nos permitirá estabelecer proteção adicional em relação à nossa vulnerabilidade monetária, ao mesmo tempo em que teremos nova possibilidade de financiamento desvinculada dos credores de Wall Street.
Além disso, a associação do Brasil a outros Estados também subdesenvolvidos amplia ainda mais o leque de possibilidades políticas e econômicas.
Nos governos Lula e Dilma pudemos assistir à retomada desse tipo de política externa, mais independente do que a praticada anteriormente. Nestas eleições, ao nos debruçarmos sobre o programa do candidato Aécio Neves, verificamos pouca concretude de propostas.
Infelizmente, é superficial para um debate mais profundo: informa que concluirá acordos junto à Europa e lançará bases para outro com os EUA, mas não especifica sob que termos o fará. No passado, não tivemos boa experiência com os termos da abertura comercial e financeira feita pelo governo FHC.
A proposta da candidata Marina Silva, por outro lado, põe em relevo os feitos realizados em período recente, contudo, ao final, há a afirmação de que o Itamaraty foi esvaziado, partidarizado e influenciado ideologicamente: ou seja, fez-se tudo certo, mas está tudo errado. A exposição deste quesito programático é, no mínimo, contraditória.
Entendemos que a política externa em curso e as propostas dos outros dois principais candidatos à Presidência mereceriam debate mais amplo. O escrutínio dos projetos e a crítica à condução atual poderiam, dessa forma, facilitar a escolha do candidato mais adequado, pois aquele que for eleito terá de lidar com desafios exteriores que podem oferecer tanto oportunidades históricas de desenvolvimento, quanto vicissitudes que comprometeriam qualquer programa de governo, como mostra nossa própria história.
- See more at: http://brasildebate.com.br/eleicoes-e-as-alternativas-para-a-politica-externa/#sthash.zkyqy3UM.dpuf
Victor Augusto Ferraz Young

Eleições e as alternativas para a política externa

Entre as iniciativas atuais que mereceriam debate mais amplo, em contraste com as propostas dos outros candidatos, está, por exemplo, a criação do banco dos BRICs, que permitirá estabelecer proteção adicional em relação à nossa vulnerabilidade monetária, com nova possibilidade de financiamento desvinculada dos credores de Wall Street

  • 92
     
    Share
Tema pouco debatido nesta campanha eleitoral é a proposta de política externa dos candidatos. Somos grandes exportadores de produtos agropecuários, minerais e, em proporção menor, de manufaturados.
Nossa indústria depende da importação de componentes, maquinário e serviços do exterior. Há ainda o consumo de bens finais importados que, pela valorização do real, colaboram para diminuir o ritmo de investimentos produtivos, ao mesmo tempo em que mitigam a elevação dos preços.
Além disso, a entrada e saída de capitais como investimentos diretos, aplicações especulativas, empréstimos e emissão de papéis são tão ou mais importantes que o saldo do comércio internacional brasileiro. Tais pontos, mais vinculados à economia interna, não resumiriam todos os aspectos a serem tratados por nossos representantes no exterior.
As relações interestatais também impõem desafios. Estamos sujeitos a uma zona de influência internacional que nos limita a autonomia sobre a política externa. Os Estados Unidos nos “protegem” com a Quarta Frota e espionam nosso governo.
Economicamente, como muitos países, estamos submetidos a um fluxo de liquidez controlado em última instância pelo banco central norte-americano. O que torna nossa situação bem menos confortável é o fato de nossa moeda não ser conversível, o que, conforme a absorção externa de divisas, poderia fragilizar a economia, obrigando o País a submeter-se outra vez às imposições de seus credores.
Dessa maneira, os EUA são ator da maior relevância com o qual o Brasil deve lidar habilmente. Não se trata de um demônio a nos tolher a iniciativa, mas de uma nação hegemônica que põe seus interesses à frente de qualquer outro em sua tradicional área de influência, a América Latina.
Rússia e China
Novos desdobramentos internacionais, por outro lado, sinalizam mudanças na divisão do poder geopolítico mundial. No leste, a Rússia demonstrou não submeter-se a pressões norte-americanas e europeias.
A incorporação da Crimeia àquele Estado e as “independências” da Abcásia e Ossétia do Sul em relação a Geórgia – apesar da contrariedade dos Estados Unidos e União Europeia – não devem ter seu status revertido.
Mais ao oriente, a China, apesar de seu atrelamento econômico a norte-americanos e europeus, vem estabelecendo uma agenda própria para a expansão de seus negócios na África, América Latina e Leste Asiático. Suas capacidades bélicas também adquiriram grande avanço sobre bases tecnológicas próprias.
O que se destaca é o fato de que, desde o fim da Guerra Fria, nenhum desses dois países, Rússia e China, parecem estar acuados ou ter suas ações totalmente vetadas pelas potências do Ocidente.
Ambos, além de considerável poder militar e capacidade aeroespacial, têm condições de impor elevado custo àqueles que queiram aplicar sanções econômicas rigorosas ou coagi-los belicamente. Não há, dessa maneira, como determinar diretrizes de política externa para o Brasil sem considerar o novo peso que têm essas duas potências no sistema interestatal.
Não há como esquecer, além disso, de que a intensificação das relações internacionais brasileiras junto a outros países da periferia é tão ou mais importante quanto aquelas tidas com o centro do poder mundial.
O recente reforço às relações Sul-Sul, alargando a integração regional e  buscando estabelecer relações mais próximas junto aos países árabes e africanos, vem ajudando a incrementar o comércio exterior e favorecendo a ampliação da força política brasileira nos fóruns internacionais. Exemplo claro dessa atuação é o notável poder de barganha obtido com o G-20 dentro da OMC.
Enfim, há diferentes opções para uma política externa mais autônoma que preserve boas relações, mas que não seja atada aos Estados Unidos e/ou países da UE.
O cenário internacional nos impõe limites, mas sua configuração vem se modificando e adquirindo delineamentos que nos oferecem alternativas.
Banco dos BRICS
A última iniciativa do grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) de instituir o Novo Banco de Desenvolvimento e o um Fundo de Reservas de Contingência nos permitirá estabelecer proteção adicional em relação à nossa vulnerabilidade monetária, ao mesmo tempo em que teremos nova possibilidade de financiamento desvinculada dos credores de Wall Street.
Além disso, a associação do Brasil a outros Estados também subdesenvolvidos amplia ainda mais o leque de possibilidades políticas e econômicas.
Nos governos Lula e Dilma pudemos assistir à retomada desse tipo de política externa, mais independente do que a praticada anteriormente. Nestas eleições, ao nos debruçarmos sobre o programa do candidato Aécio Neves, verificamos pouca concretude de propostas.
Infelizmente, é superficial para um debate mais profundo: informa que concluirá acordos junto à Europa e lançará bases para outro com os EUA, mas não especifica sob que termos o fará. No passado, não tivemos boa experiência com os termos da abertura comercial e financeira feita pelo governo FHC.
A proposta da candidata Marina Silva, por outro lado, põe em relevo os feitos realizados em período recente, contudo, ao final, há a afirmação de que o Itamaraty foi esvaziado, partidarizado e influenciado ideologicamente: ou seja, fez-se tudo certo, mas está tudo errado. A exposição deste quesito programático é, no mínimo, contraditória.
Entendemos que a política externa em curso e as propostas dos outros dois principais candidatos à Presidência mereceriam debate mais amplo. O escrutínio dos projetos e a crítica à condução atual poderiam, dessa forma, facilitar a escolha do candidato mais adequado, pois aquele que for eleito terá de lidar com desafios exteriores que podem oferecer tanto oportunidades históricas de desenvolvimento, quanto vicissitudes que comprometeriam qualquer programa de governo, como mostra nossa própria história.
- See more at: http://brasildebate.com.br/eleicoes-e-as-alternativas-para-a-politica-externa/#sthash.zkyqy3UM.dpuf

Book Lovers Are Totally Obsessed With This Website: BookBub

Book Lovers Are Totally Obsessed With This Website

Last year, Random House quietly gave away Dan Brown’s bestselling novel, The Da Vinci Code, for free for one week. Millions of readers were unaware of the week-long giveaway.
A select group of readers did take advantage of the promotion, though. They were using BookBub, a daily email that alerts readers to free and deeply discounted ebooks that are available for a limited time. BookBub notified nearly 1 million readers of the free Da Vinci Code deal last spring.
“It’s the Groupon of books,” Dominique Raccah, the publisher of Sourcebooks, told The New York Times about deal sites like BookBub. “For the consumer, it’s new, it’s interesting. It’s a deal and there isn’t much risk. And it works.”
Why did Random House give away a bestselling ebook that usually retails for $9.99? The company’s goal was to hook new readers on Brown’s thrillers and drum up interest in his new book, Inferno. The free ebook even included the prologue and first chapter of Inferno.
“It makes it almost irresistible,” Liz Perl, Simon & Schuster’s senior vice president explained to the The New York Times. “We’re lowering the bar for you to sample somebody new.”
Book lovers have now become practically obsessed with BookBub. In many cases, they’ve downloaded hundreds of books that publishers and authors have promoted on the site.
“I now have more books than I can read in a lifetime,” said Suzie Miller of Auburn, Wash. She said she has downloaded more than 350 free books using the service.
For readers, part of the appeal of BookBub is that it does not list every single free ebook on the market. Instead, BookBub’s expert editorial team selectively curates only the highest-quality ebooks to feature in their email and on their website. In most cases, the deals can be purchased for any ereading device, including Kindle, iPad, Nook, and Android.
Readers can select which genres they would like to receive, so each email is matched to their preferences. BookBub features more than two dozen genres of books, including mystery, romance, literary, historical fiction, nonfiction and more.
With millions of readers using BookBub’s service, this type of promotional concept seems to be resonating with both publishers and readers alike. To find out more about the service, go to www.bookbub.com.

A Non-Nuclear President? Marina Silva under scrutiny - Togzhan Kassenova

 Where Would Marina Silva Take Brazil’s Nuclear Policy?
ASSOCIATE - NUCLEAR POLICY PROGRAM
Carnegie Endowment for Peace,  OCTOBER 2, 2014
SUMMARY
Brazil has one of the most advanced nuclear programs in Latin America, but presidential hopeful Marina Silva’s stance on nuclear energy and diplomacy is far from clear.


Brazilian politics are famous for their unpredictability, and Marina Silva’s sudden emergence as a presidential front-runner is the latest example. But how she would lead as president should she win the October 5 election is not clear. “Marina is a big question mark,” observed a Brazilian foreign policy analyst. Predicting her choices on specific policy questions is difficult at best. 
This is particularly true, and particularly important, when it comes to nuclear issues, both domestic and international. Brazil has one of the most advanced nuclear programs in Latin America, but the presidential hopeful has said remarkably little on the subject. And what can be gleaned is far from a clear picture. 
A REMARKABLE RISE
Even those Brazilians who do not plan to vote for Marina in the presidential election on October 5 admit that she has an incredible story. Born in the Amazon rainforest, illiterate until the age of sixteen, and having experienced poverty with her parents struggling to feed her and her siblings, Marina went on to become an internationally known environmentalist, a high-ranking official in the government of former president Luiz Inácio Lula da Silva, and a candidate with an impressive 20 million votes in Brazil’s 2010 presidential elections. 
She entered the 2014 election campaign as the number-two on the ticket of Eduardo Campos of the Brazilian Socialist Party. Until late summer, the Campos-Silva team held third place in the polls behind the incumbent, Dilma Rousseff of the Workers’ Party, and Aécio Neves of the Brazilian Social Democratic Party. 
But then Eduardo Campos died tragically in a plane crash in August while on the campaign trail. The Brazilian Socialist Party nominated Marina as its new presidential candidate. Since then, the polls have consistently shown Marina Silva and Dilma Rousseff neck and neck in the upcoming vote. 
Amid the excitement surrounding her remarkable rise, the potential president’s positions on nuclear issues have been largely missing. Marina’s proposed government program does not contain a single reference to nuclear energy, nuclear disarmament, or nuclear nonproliferation. What Brazil’s nuclear policy will be under the next president is not a trivial matter. Brazil is one of only three countries in Latin America to produce nuclear energy, one of a few countries in the world able to produce nuclear fuel, and the only non-nuclear-weapon state to be developing a nuclear-powered submarine.
NUCLEAR ENERGY
Brazil is currently highly reliant on hydro-resources to serve its energy needs, though the role of nuclear power in the country has increased over time. As of 2014,roughly 3 percent of Brazil’s electricity comes from nuclear plants—Angra 1 and Angra 2. After a twenty-year interruption, Brazil restarted work on its third nuclear power plant, Angra 3, which is expected to become operational in 2018. 
Proponents of expanding the country’s use of nuclear energy argue that Brazil’s reliance on hydro-resources makes the country vulnerable to an energy crisis. Disruption in electricity generation during droughts jeopardizes the country’s projected development growth. 
Until the 2011 disaster at Japan’s Fukushima Daiichi Nuclear Power Station, the Brazilian government seemed to agree that the use of nuclear energy needed to be significantly increased, and it planned to construct up to eight new reactors. After the Fukushima accident, all references to new reactors beyond Angra 3 disappeared from government planning documents. 
The nuclear industry has been trying to influence the presidential hopefuls’ positions on the issue of nuclear energy expansion. The Brazilian Association for Development of Nuclear Activities, a nonprofit organization of companies in the nuclear power sector, developed a program, “Defining Brazil’s Nuclear Program: A Need for the Country’s Development,” specifically geared toward the candidates. The document argues that the government needs to build at least four additional nuclear power plants by 2030, or eight by 2040. And that in order to start adding capacity in time to meet future demand whoever wins the 2014 election needs to make decisions on new nuclear power plants in early 2015.
Marina Silva has long been critical of nuclear energy. Serving as Brazil’s minister of the environment in Lula’s cabinet between 2002 and 2007, she resigned from the post in protest over a number of issues, including the government’s decision to resume construction of Angra 3. In 2012, together with Archbishop Desmond Tutu of South Africa and over 50 organizations and individuals, she signed a letter urging world leaders to move away from “expensive and dangerous nuclear power.”
As a presidential candidate, Marina has reaffirmed her views. Her official campaign website reminds voters that she was the only one on the National Energy Policy Council to vote against restarting Angra 3 construction. In Marina’s words, “one of the largest problems with nuclear energy is that nobody knows what to do with the waste.”
Yet, confusingly, the initial draft of the government program that Marina Silva’s campaign released in late August said the share of nuclear energy in Brazil’s energy mix should be increased. Only hours later, however, Marina’s staff issued a statement blaming a technical error for the nuclear energy reference. Marina’s revised program calls for the “realignment of Brazil’s energy policy to focus on renewable and sustainable sources.” A mistake likely caused by accepting contributions from multiple authors exposed a campaign struggling to deal with the pressure of impending elections.
Brazilian President Dilma Rousseff is considered to be reluctantly accepting of nuclear energy. Dilma’s government continues to finance Angra 3 construction, but she does not openly support the nuclear energy industry, and the government does not seek to expand the production of nuclear energy beyond the third power plant. 
All told, if Marina becomes Brazil’s new president, industry might have even less support from the top political leadership than it has now.
NUCLEAR DIPLOMACY
When it comes to international issues, it appears that Marina’s camp hasn’t given much thought to any questions related to nuclear diplomacy, such as Iran’s enrichment program or nuclear nonproliferation and disarmament. This is not entirely out of the ordinary, as nuclear issues have taken a backseat to other agenda items during Dilma’s presidency as well.  
But this is a shift from the ambitious years of Lula’s government, when Brazil’s foreign policy shined brightly. Lula enjoyed the international spotlight and engaged in active presidential diplomacy. He also allowed Brazil’s able diplomatic corps, led by then minister of external relations Celso Amorim, to confidently and actively pursue various foreign policy agendas. 
One of the more daring and controversial attempts to influence the international debate took place in 2010 when Lula and Amorim, together with Turkey’s leaders, attempted to resolve the impasse over Iran’s nuclear program. They negotiated a trilateral agreement—the Tehran Declaration—that was meant to pave the way for negotiations between the West and Iran. 
While that particular episode did not result in a breakthrough and was rejected by the West, it did prompt short-lived anticipation among international observers that Brasília could become an interesting, new player on the global nuclear scene. This, however, did not happen. 
It now appears that Brazil’s ambitious foray into the dispute over Iran’s nuclear program was a fluke made possible by multiple factors—including the unusual tandem of Lula and Amorim—that are unlikely to be repeated in the foreseeable future.
Under Dilma, Brazil’s foreign ministry has lost its luster and has been relegated to being just another ministry. While Lula reached out to then Iranian president Mahmoud Ahmadinejad and counted on Brazil’s soft power to resolve the impasse over Tehran’s nuclear program, Dilma distanced herself from the regime, citing its poor human rights record.
Marina, meanwhile, is expected to return Brazil’s foreign policy establishment to some of its former glory. Two weeks before the election, while visiting Washington, DC, Marina’s campaign coordinator Maurício Rands criticized the foreign ministry’s lack of prestige under the current government. 
But Marina will likely be similar to Dilma when it comes to nuclear issues and keep her distance from Iran and its nuclear program. She criticized then president Lulain 2010 for his active engagement with Ahmadinejad.
Marina might distinguish herself from both Lula and Dilma on one noteworthy nuclear issue. For years, the international nonproliferation community and Brasília have been at odds over the enhanced nuclear safeguards codified in the International Atomic Energy Agency’s (IAEA) Additional Protocol. 
Brazil is already implementing nuclear safeguards that are designed to provide the international community with confidence that it only uses nuclear energy for peaceful purposes. However, as a country with an advanced nuclear program, Brazil is subject to outside pressure to allow IAEA inspectors even greater access to its nuclear facilities under the Additional Protocol. 
Brazil has insisted over the past decade that it will not sign the IAEA Additional Protocol. Brasília refuses to accept additional nonproliferation obligations while nuclear-weapon states do not demonstrate sufficient progress toward nuclear disarmament. Opponents of the Additional Protocol also argue that Brazil is doing enough to provide confidence that its nuclear activities are peaceful. Some critics in Brazil are concerned that granting greater access to Brazil’s nuclear facilities would make the country vulnerable to industrial espionage, a claim that international safeguards experts deem unfounded.
In contrast to Lula and Dilma, Marina Silva criticized Brazil’s reluctance to adhere to more stringent safeguards. In 2010 she publicly argued that the country should sign the IAEA Additional Protocol because not signing had put Brazil into a “rather delicate situation” and looked strange since Brazil only pursued nuclear energy for peaceful purposes. Yet, whether Marina would follow her own advice and push for Brazil’s adherence to the IAEA Additional Protocol should she become president is an open question. 
For the most part, Brazil’s presidential campaign has been focused on domestic economic and social questions. That focus is natural, and the absence of nuclear policy from the discussion is not surprising. Yet, whoever wins the election should surely devote time and effort to thinking about these issues given the country’s prominent role in the global nuclear system.