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quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Governo atrapalha a diplomacia e o Brasil, diz Roberto Abdenur

'Governo coloca amarras em nossa ação no campo internacional', diz ex-embaixador

Diplomata Roberto Abdenur afirma que a posição ideológica do governo limita o papel do Brasil na relação com outros países

O Estado de S. Paulo, 9/09/2019

Ao invés de ampliar a presença do Brasil no espaço internacional, a política externa do governo tem limitado o papel do País no mundo e abalado a relação com outros países. A avaliação é do diplomata Roberto Abdenur, que tem mais de 40 anos de carreira, e chefiou as embaixadas do Brasil em países como Estados Unidos, China, Alemanha, Equador e Áustria. 
"Essa política peca por basear-se em um conteúdo altamente ideológico de extrema-direita", afirmou ao Estado. "Está em curso a dilapidação de um patrimônio político-diplomático". Na conversa, falou ainda sobre a indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro para a embaixada em Washington e criticou o alinhamento quase automático aos Estados Unidos. "Situa o Brasil em incômoda posição de subalternidade em relação àquele país, em detrimento dos interesses e objetivos próprios brasileiros". 
Abaixo, os principais trechos da entrevista. 

Qual a avaliação do senhor a respeito dos primeiros meses da política externa conduzida pelo ministro Ernesto Araújo e o presidente Jair Bolsonaro?

Estou muito preocupado com o que é uma brutal ruptura com décadas de atuação ativa, pragmática, lúcida, moderada e firme. Política externa se faz com coerência, objetividade, continuidade. Sem isso, o País perde credibilidade e respeitabilidade. 
Está em curso a dilapidação de um patrimônio político-diplomático. 
Essa política externa peca por basear-se em um conteúdo altamente ideológico de extrema-direita. O chanceler deixou isso claro em seu discurso de posse, com referências elogiosas a regimes de direita ou autocráticos, como EUA, Israel, Hungria e Polônia. Mas, embora pregue a importância da “liberdade”, foi incapaz de enaltecer grandes democracias europeias, como Alemanha e França. 
Em outro plano, tiveram forte impacto no Chile declarações agressivas contra a ex-presidente daquele país, que representaram desrespeito à memória do pai de Michelle Bachelet. As declarações evidenciam mais uma vez o caráter altamente ideológico do atual governo, que nutre visão simplista e maniqueísta do mundo exterior, considerando ser “de esquerda” qualquer setor político que não seja de extrema-direita. 
Essa atitude é prejudicial aos interesses do País. Seguramente, o próximo alvo de investidas será o Papa, por causa da realização de um Sínodo sobre a Amazônia, em outubro. O Brasil se colocará assim em posição de confronto com mais de um bilhão de católicos fiéis ao Papa. 

Como o senhor, que chefiou a Embaixada do Brasil em Washington entre 2004 e 2006, vê esse alinhamento quase automático com os Estados Unidos?

Preocupa-me o que possa ser um alinhamento excessivo com os EUA. O chanceler defende a ideia de que o Ocidente está em decadência e que o único país capaz de combater essa tendência são os EUA. Sempre fui contra o antiamericanismo, que se manifestou em alguns segmentos dos governos Lula e Dilma. Da mesma maneira, critico o pró-americanismo, que termina por situar o Brasil em incômoda posição de subalternidade, em detrimento dos interesses e objetivos próprios brasileiros. Isso debilita nosso relacionamento com outras nações. 

Que relações o senhor entende que podem ser prejudicadas a partir desse posicionamento?

Tenho muita preocupação com a falta de perspectivas positivas no relacionamento do Brasil com as democracias europeias, sobretudo Alemanha e França. Estava claro que essas relações seriam difíceis mesmo antes dos problemas com as queimadas na Amazônia. Agora, a situação chegou a um clímax com insultos pessoais entre Macron e o presidente. 
Macron cometeu dois erros sérios: chamar o presidente Bolsonaro de mentiroso e falar da internacionalização da Amazônia, ideia descabida e estapafúrdia. Mas, do outro lado, vimos o presidente reagindo de maneira violenta. Tudo isso me deixa pessimista com relação à viabilidade da ratificação do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Em vários países europeus o Brasil está sendo bombardeado por políticos, ambientalistas, acadêmicos, jornalistas, cientistas. E isso sem falar dos poderosos lobbies agrícolas em tais países. 

Qual deveria ser o papel do Brasil no mundo?

A política externa está estreitando e encolhendo os espaços de nossa atuação no plano internacional. Num mundo em vertiginoso e complexo processo de mudanças, o Brasil deveria engajar-se na ampliação do escopo de nossa diplomacia, procurando estreitar nossas relações com todas as partes do mundo, sem preconceitos ideológicos. O que ocorre é justamente o contrário. 
Estão gravemente abaladas nossas relações com os principais membros da União Europeia. Estão prejudicadas nossas relações com palestinos e árabes. Não temos planos para aproximação com a Ásia, hoje a região mais dinâmica do mundo. E a África parece não existir na cabeça dos responsáveis pela política externa.
É incrível que o chanceler veja com maus olhos as próprias Nações Unidas, que considera ser fonte de riscos para nossa soberania. O governo está colocando em torno de si amarras que tolhem nossa capacidade de ação no campo internacional. 

Como avalia a possibilidade de o presidente Bolsonaro indicar o filho Eduardo para assumir a Embaixada em Washington? Um levantamento do 'Estado' mostrou que o Senado resiste à possibilidade. 

Creio tratar-se de nepotismo. Há quem diga que o cargo é político, mas as embaixadas são órgãos do Ministério das Relações Exteriores. Ou seja, fazem parte do Poder Executivo. São órgãos administrativos, o que configuraria nepotismo. O deputado vem se empenhando na conquista de apoios no Senado. Procura fazer valer seu acesso às autoridades norte-americanas como argumento a seu favor. A situação precisa, contudo, ser vista em contexto mais amplo. 
Eduardo é ainda muito jovem e inexperiente, nunca participou de alguma instância importante de negociação, e poderia ter dificuldades em dar conta de todo o amplíssimo leque de atividades que tem um embaixador nos EUA. É preciso saber conectar-se e dialogar com múltiplos setores do governo, do Congresso, dos meios empresariais e financeiros, das universidades e da imprensa.  

Como enxerga essa escolha em um ano que antecede as eleições nos EUA?

O deputado cometeu erro grave ao fazer-se fotografar com um boné intitulado “Trump 2020”. O presidente também já manifestou apoio à reeleição de Trump. Esses gestos naturalmente caem muito mal junto ao Partido Democrata, que não só é oposição, mas também parte do sistema de governo. Os democratas têm agora poder efetivo, na medida em que controlam a Câmara dos Deputados, de onde atacam duramente Trump e suas políticas. 
E estão desde engajados na disputa pela indicação de quem será o adversário de Trump nas eleições. A imagem do governo Bolsonaro não é boa entre os democratas, o que requer por parte do embaixador brasileiro especial esforço de contato e diálogo com essa força política. 
No momento, o principal componente da disputa entre os pré-candidatos nos EUA são as mudanças climáticas. O eleitorado democrata e muitos independentes estão obcecados com esse tema – o que redundará em posturas críticas ao Brasil. Fará falta um embaixador capaz de enfrentar esse desafio, apresentando com habilidade nossos pontos de vista.

Como vê o Brasil em meio à guerra comercial entre Estados Unidos e China, os dois maiores parceiros econômicos do país?

O Brasil está sob forte pressão americana para distanciar-se ou esfriar sua relação com a China. Faz parte disso a pressão para que o País boicote a empresa chinesa Huawei na instalação da tecnologia 5G. O que ocorre no momento, e certamente se estenderá ainda por muito tempo, é uma confrontação estratégica, pela qual os EUA querem conter o desenvolvimento e a projeção externa da China. 
Na campanha, o presidente Bolsonaro cometia um erro ao dizer que a China não estava comprando no Brasil, mas sim estava comprando o Brasil. Escolheu a China como bode expiatório. Fez em relação à China o que outrora faziam as esquerdas com a denúncia do “imperialismo ianque”. Felizmente o presidente parece ter recuado, aceitando convite para visita oficial a Pequim. Isso é positivo, assim como foi positivo que o vice-presidente, general Mourão, tenha dito firmemente que o Brasil não cederia a pressões contra a Huawei. 
Mas ficou no ar certa dúvida quando o chanceler afirmou que o assunto estava “sob consideração” do governo, insinuando a possibilidade de que o Brasil ceda às pressões norte-americanas. Esse duro embate entre Washington e Pequim ainda terá muitos desdobramentos, com consequências negativas para a comunidade internacional, e por extensão para o Brasil. É recomendável manter equidistância entre os dois.  
Faz todo sentido aproveitarmos o bom momento da relação com os EUA para novos progressos no diálogo, cooperação e intercâmbio. Mas isso não deve em nada prejudicar nosso relacionamento com a China.  

A reação internacional à situação na Amazônia é considerada por observadores como a maior crise diplomática recente do país, com o embate direto entre o presidente e o líder francês, Emmanuel Macron. Como reverter os danos?

É preciso uma estratégia clara de reação. Em primeiro lugar, a tomada de medidas concretas e efetivas para combater os incêndios. O Brasil enfrentará situação delicada no contexto da nova sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas, que se inicia nos próximos dias. O próprio Secretário-Geral da ONU afirmou a importância da abordagem do assunto durante a reunião. Haverá por parte de diversos países numerosas e enfáticas expressões de interesse e preocupação com o assunto. 
Haverá também críticas às ações e posturas do governo brasileiro. É provável que se recomende a criação de algum esquema ou mecanismo para o acompanhamento de riscos para a sobrevivência da floresta. Talvez surjam ofertas de apoio político, material ou financeiro para medidas que nosso governo tome em defesa da Amazônia. 
O governo brasileiro deve ser muito firme na reafirmação de sua soberania, mas não convém colocar-se em postura de confrontação com boa parte da comunidade internacional. 
Precisamos ter jogo de cintura, e mostrar habilidade, serenidade e moderação em face dos desafios. Convém lembrar que nos anos 90 houve uma primeira iniciativa do G-7 de apoio aos esforços de preservação da floresta. 
Sob liderança da Alemanha, foi lançado o chamado PPG-7, programa voltado para a defesa da floresta amazônica e também da Mata Atlântica. O governo da época, em vez de rechaçar a iniciativa, resolveu acolhê-la. Em 17 anos foram gastos mais de 460 milhões de dólares, com resultados satisfatórios para todas as partes envolvidas. 

Como o senhor vê as últimas declarações do presidente a respeito das eleições argentinas?

Estou espantado com os insultos com os quais o presidente se referiu a Alberto Fernandez e às forças políticas que o apoiam, quando é evidente que será ele o próximo presidente do país vizinho. A Argentina é parceira inevitável e indispensável, o terceiro mercado para nossas exportações, nossa sócia no Mercosul. É de alta importância a preservação de atmosfera de diálogo e entendimento entre os dois países. 
Quando ocorre um entrevero entre dois chefes de governo, o papel natural de um chanceler é o de botar panos quentes, esfriar os ânimos, abrir canais de interlocução junto aos meios diplomáticos e também políticos do outro país. Mas o ministro Araújo resolveu juntar-se ao presidente. 
É impressionante que as duas maiores autoridades de nossa política externa ataquem dessa maneira o futuro governante da Argentina. O que será das relações bilaterais ao impacto de tais declarações? O Brasil chegou ao ponto de ameaçar sair do Mercosul caso Fernandez viesse a “fechar” a Argentina. Isso seria um tiro no pé, pois significaria nossa saída do recém-acertado acordo entre o Mercosul e a União Europeia. E representaria duro golpe no Mercosul. 

Quem foram os embaixadores do Brasil nos EUA desde a redemocratização

Caso seja nomeado para a embaixada em Washington, Eduardo Bolsonaro se tornará a primeira pessoa sem carreira na diplomacia a assumir o posto desde o fim da ditadura militar

A possível indicação de Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do presidente Jair Bolsonaro, como embaixador do Brasil nos Estados Unidos pode quebrar uma tradição dentro do Itamaraty, desde a redemocratização, de ter na embaixada em Washington, sempre um diplomata de carreira.  
Desde o governo de José Sarney, o primeiro após a ditadura militar, todos os ocupantes do cargo saíram do Instituto Rio Branco, o centro de formação de diplomatas do Itamaraty. 
Veja abaixo um breve perfil de cada um deles.  

Marcílio Marques Moreira

Período: 23/11/1986 a 24/08/1991
Presidente: José Sarney 
Primeiro embaixador brasileiro nos EUA após a ditadura militar, Moreira cursou Direito na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e fez pós-graduação em Ciência Política na Universidade de Georgetown, em Washington. Em 1954, concluiu o curso de preparação à carreira de diplomata do Instituto Rio Branco. 
Foi secretário na embaixada do Brasil em Washington, vice-presidente do Unibanco, diretor financeiro do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, entre outras ocupações, antes de ser nomeado embaixador nos EUA, cargo que ocupou entre 1986 e 1991, quando deixou a função para ser ministro da Fazenda de Fernando Collor. 

Rubens Ricupero

Período: 25/08/1991 a 25/08/1993
Presidente: Fernando Collor de Mello 
Formado pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo (USP), Ricupero ingressou no Instituto Rio Branco em 1958. Foi um dos primeiros diplomatas a trabalhar em Brasília, onde foi atuar, em 1961, como oficial de gabinete do ministro das Relações Exteriores, Afonso Arinos. Com uma longa carreira diplomática, também deu aulas de Relações Internacionais na Universidade de Brasília (UnB) e no próprio Instituto Rio Branco. 
Foi assessor internacional do deputado e presidente eleito Tancredo Neves e assessor especial do presidente José Sarney. Nomeado por Fernando Collor como embaixador em Washington em 1991, permaneceu no cargo até 1993, quando foi indicado pelo presidente Itamar Franco ao Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal. Também ocupou por cinco meses o Ministério da Fazenda de Itamar Franco. Ricupero falou ao Estado sobre a possível indicação de Eduardo Bolsonaro para a embaixada em Washington, dizendo que seria algo "sem precedentes na tradição diplomática do País" 

Paulo Tarso Flecha de Lima 

Período: 12/11/1993 a 26/05/1999
Presidente: Itamar Franco 
O mineiro Paulo Tarso Flecha de Lima, após de formar em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade do Brasil - atual UFRJ -, no Rio de Janeiro, em 1955, ingressou na carreira diplomática por concurso direito. Realizou o curso de aperfeiçoamento do Instituto Rio Branco e integrou a equipe do presidente Juscelino Kubitschek como oficial do Gabinete Civil. 
Construiu uma longa carreira na diplomacia, servindo em países como Itália, Uruguai, Argentina, Iraque, Irã, entre outros. Foi nomeado embaixador em Londres, em 1990, e em Washington, em 1993. Em 1999, assumiu a embaixada brasileira em Roma, onde ficou até 2001. Com a tríade Londres-Washington-Roma, passou por quase todo o “Circuito Elizabeth Arden”, jargão na diplomacia que se refere ao conjunto das embaixadas mais prestigiadas no meio: Londres, Washington, Roma e Paris.  

Rubens Antonio Barbosa

Período: 11/06/1999 a 31/03/2004
Presidente: Fernando Henrique Cardoso 
Após se formar diplomata no Instituto Rio Branco em 1960, graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Nacional de Direito, no Rio de Janeiro. Em 1971, concluiu mestrado na London School of Economics and Political Science. Ao longo de sua carreira diplomática, fez parte da delegação brasileira em inúmeras edições da Assembleia Geral das Organização das Nações Unidas (ONU) e em missões internacionais, mediando principalmente a relação do Brasil com países socialistas europeus, como Romênia, Alemanha Oriental, Bulgária, Hungria e a antiga União Soviética. 
Em 1994, assumiu a embaixada brasileira em Londres, onde ficou até 1999, quando foi nomeado embaixador em Washington. Após deixar a embaixada, ocupou o cargo de presidente de conselhos como o de comércio exterior da FIESP e da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. 

Roberto Pinto Ferreira Abdenur

Período: 02/04/2004 a 29/01/2007
Presidente: Luiz Inácio Lula da Silva 
Formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e mestre em economia pela London School of Economics and Political Science, ingressou na carreira de diplomata em 1964. Foi cônsul-adjunto em Londres, integrou a delegação brasileira em diversas reuniões da Assembleia Geral da ONU e foi coordenador de assuntos econômicos e comerciais da Secretaria Geral das Relações Exteriores antes de atingir o posto de ministro de primeira classe, o mais alto da carreira diplomática. 
Foi embaixador no Equador (1985 a 1988), na China (1989 a 1993), na Alemanha (1995 a 2002) e na Áustria (2002 a 2004), até ser nomeado embaixador em Washington por Lula.         

Antonio de Aguiar Patriota

Período:21/02/2007 a 20/10/2009
Presidente: Luiz Inácio Lula da Silva 
Bacharel em filosofia pela Universidade de Genebra, ingressou no curso de preparação de diplomatas do Instituto Rio Branco em 1978. Diplomata de carreira, atuou na delegação brasileira permanente em Genebra, Pequim e Caracas e ocupou cargos no Itamaraty, como o de chefe de gabinete do então ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. 
Foi o segundo embaixador em Washington nomeado por Lula, sucedendo Roberto Abdenur. Deixou o cargo em 2009 para assumir a secretaria-geral do Itamaraty. Em 2011, assumiu o posto de ministro das Relações Exteriores do governo Dilma. 

Mauro Luiz Iecker Vieira

Período: 11/01/2010 a 31/12/2014
Presidente: Luiz Inácio Lula da Silva 
Após se tornar bacharel em Direito pela Universidade Federal Fluminense, ingressou no curso de preparação à carreira de diplomata do Instituto Rio Branco em 1973. Construiu carreira ocupando cargos nos ministérios das Relações Exteriores, de Ciência e Tecnologia e da Previdência e Assistência Social. Entre 1995 e 1999, foi ministro-conselheiro na embaixada brasileira em Paris. 
Após ser chefe de gabinete de Celso Amorim no Ministério de Relações Exteriores, foi nomeado, em 2004, embaixador em Buenos Aires, onde ficou até 2010, quando passou a ocupar o cargo de embaixador em Washington. Em 2015, saiu da embaixada nos EUA e assumiu o Itamaraty no governo de Dilma Rousseff. Ao assumir a presidência em 2016, Michel Temer nomeou Mauro Vieira para o cargo de representante permanente do Brasil na ONU. 

Luiz Alberto Figueiredo

Período: 07/05/2015 a 05/09/2016
Presidente: Dilma Rousseff 
Outro ministro das Relações Exteriores que foi embaixador nos EUA, Luiz Alberto Figueiredo graduou-se pelo Instituto Rio Branco em 1979. Chefiou diversas delegações brasileiras em conferências internacionais sobre temas ambientais, com forte atuação nas discussões sobre mudanças climáticas e sustentabilidade. Durante o governo de Dilma Rousseff, foi representante permanente do Brasil junto à ONU e ministro das Relações Exteriores. Serviu como embaixador nos Estados Unidos entre 2015 e 2016, antes de assumir a embaixada em Lisboa, onde está até hoje. 

Sergio Silva do Amaral

Período: 05/09/2016 a 03/06/2019
Presidente: Michel Temer 
O mais recente embaixador nos EUA, Sergio Amaral, é formado em Direito pela USP e tem pós-graduação em Ciência Política na Universidade de Paris I. Antes de ser embaixador em Washington, ocupou as embaixadas de Londres e Paris, além de ter sido professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília. 
Na administração pública, Amaral ocupou cargos como os de Secretário Executivo do Ministério do Meio Ambiente, Ministro-Chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República e porta-voz do presidente Fernando Henrique Cardoso, de quem também foi ministro do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior.

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

¿Por qué no prospera la innovación en América Latina? - Rogelio Castellano (esglobal)

¿Por qué no prospera la innovación en América Latina?

esglobal, 11 septiembre 2019
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Competición de robótica en Bogotá, Colombia. DIANA SANCHEZ/AFP/Getty Images
Los países de América Latina están quedándose en la periferia de la Cuarta Revolución Industrial que actualmente transforma la matriz económica y las formas de consumir y producir de las sociedades del mundo. El bajo crecimiento económico latinoamericano una larga desaceleración que se remonta a 2013 y la ausencia de reformas estructurales condenan a la región a cumplir un papel secundario en ese contexto internacional. 
Varias son las apuestas estratégicas para superar los lastres que obstaculizan el desarrollo latinoamericano: entre ellas sobresalen las inversiones en capital humano y físico para mejorar su productividad y competitividad y diversificar las exportaciones.  Y en este aspecto la innovación también cumple un rol decisivo. Como señala acertadamente el periodista argentino Andrés Oppenheimer, “estamos viviendo en un nuevo mundo en el que el trabajo mental se cotiza cada vez más y el trabajo manual y las materias primas, cada vez menos. El gran desafío para nuestros países es innovar o quedarse cada vez más atrás. De ahí el título de mi libro, Crear o Morir, pero lamentablemente de eso no estamos hablando todo lo que deberíamos”.
La innovación se alza como la clave del arco del desarrollo, epicentro de un gran cambio estructural latinoamericano. Un eslabón de la cadena sin el cual el mecanismo deja de funcionar. Detrás de todos los déficits de la región se encuentra, de una manera u otra, la inexistencia de una apuesta decidida por la innovación desde las políticas públicas y por parte del empresariado. Alicia Bárcena, secretaria general de la CEPAL, explica como “la innovación es un proceso clave para el desarrollo económico porque permite aumentar la productividad y competitividad de una forma genuina. Además, debe mejorarse el gasto en investigación y desarrollo, pues es muy bajo en toda la región. El gasto es de 0,8% en América Latina de promedio, pero muchos países están por debajo de 0,5%. Si se toma el caso de los Estados de la OCDE, el gasto de media es 2,5% del PIB, en Estados Unidos 2,8% y en Israel 4,3%”.
¿Y por qué no prospera la innovación en América Latina? Fundamentalmente por la ausencia de políticas públicas eficaces y eficientes capaces de diseñar y construir un entorno amable y favorecedor para la innovación de los emprendedores. Las administraciones públicas, mal financiadas, sin recursos y con islas de excelencia en medio de páramos de ineficacia no articulan ni propician que florezca la innovación.

Una lenta e insuficiente mejora 
Existe un consenso amplio entre los economistas en torno a que la inversión en I+D+I (Investigación, Desarrollo e Innovación) es la variable cuantificable que mejor explica el crecimiento a largo plazo de las economías desarrolladas.
América Latina y CaribeEl economista Miguel Sebastián señala que “tanto el capital físico como el capital humano presentan rendimientos decrecientes. Es decir, la inversión en estos factores acumulables, generará rendimientos positivos, pero cada vez serán menores. Por el contrario, la inversión en capital tecnológico e innovación, no presenta rendimientos decrecientes, y su impacto a largo plazo sobre la renta per cápita de los países es inagotable, pues el proceso innovador es continuo”.
Sin embargo, uno de los grandes déficits regionales se encuentra en la apuesta por la innovación, y ésta se encuentra estrechamente vinculada a la inversión en I+D donde la región se encuentra también muy retrasada. La investigación y el desarrollo permite a las empresas ser más eficientes, más productivas, generar cada vez mejores productos y con mayor valor añadido. La edición de 2019 del Índice Mundial de Innovación, publicada el pasado mes de junio, no hace sino corroborar que la innovación es una de las grandes asignaturas pendientes latinoamericanas. Elaborado por la Organización Mundial de la Propiedad Intelectual (OMPI) en unión con la Universidad de Cornell, el indicador mide 129 Estados y toma en cuenta las inversiones en investigación y desarrollo, las solicitudes internacionales de patentes y registro de marcas, la creación de aplicaciones para teléfonos móviles y las exportaciones de alta tecnología, entre otras variables.
El Índice muestra que América Latina y el Caribe es una región que avanza lentamente en innovación. Las economías latinoamericanas no se encuentran entre las mejor posicionadas y las que destacan ocupan tan solo el centro de la clasificación: Chile, en el lugar 51; Costa Rica, en el 55, y México en el 56, son los países latinoamericanos en los puestos más altos. La mayoría se sitúa en el tercio final del ránking.
Según el Banco Mundial, la inversión en innovación está por debajo del 1% del PIB en la mayoría de los países de la región: solo lo supera Brasil (1,2%) y el resto apenas ronda el medio punto como ocurre con México (0,49 %), Argentina, (0,53 %) o Ecuador (0,44%). La diferencia es muy marcada con respecto a las economías más desarrolladas, como Corea del Sur, Finlandia, Suecia o Israel.
La realidad es tozuda: las naciones más desarrolladas son las que destinan más de un 2,5% de su PIB a este rubro. Sin embargo, en lo más elevado de la lista no se encuentra ningún país latinoamericano.
Además de escasa, la inversión en I+D en Latinoamérica se encuentra muy concentrada.
El informe El estado de la ciencia, publicado por la Red de Indicadores de Ciencia y Tecnología (Ricyt), con apoyo de Unesco, analizó la inversión del sector entre 2007 y 2016. Brasil, México y Argentina suponen casi el 90% de la investigación latinoamericana.

La trampa de los países de ingresos medios
La volatilidad internacional (la guerra comercial entre China y Estados Unidos, el Brexit y las tensiones en el estrecho de Ormuz) explica el actual bajo crecimiento latinoamericano. Pero también lo explica la escasez de reformas estructurales que es la parte en la que los países de la región podrían mejorar su rendimiento. En realidad, el estancamiento es producto de un contexto mundial que los Estados latinoamericanos no controlan y de unos déficits propios sobre los que existe mayor capacidad de incidencia. Sin embargo, la región, salvo escasas excepciones, no está haciendo los deberes.
Los principales centros de análisis coinciden en que América Latina se asoma a un periodo de bajo crecimiento –ralentización–. En sus previsiones para 2019, el Fondo Monetario Internacional ha recortado  la tasa de crecimiento económico para la región, pasando de 1,4% al 0,6%. Y la CEPAL lo ha bajado del 1,3% al 0,5%.
¿Qué es lo que le ocurre al continente? Los países latinoamericanos, ante la falta de reformas estructurales y la ausencia de viento de cola, han caído en lo que se conoce como la “trampa de los países de ingresos medios”. Una situación en la cual naciones que han alcanzado un nivel de riqueza medio no logran llevar a cabo la transición hasta alcanzar ingresos altos: no consiguen mantener altas tasas de crecimiento debido a que no mejoran en productividad y competitividad. Además, sus ciclos económicos dependen del precio de las materias primas, por lo que son muy volátiles, lo cual no permite un incremento sostenido de sus niveles de ingreso per cápita.
América Latina se ve lastrada por una estructura económica que no se basa en sectores tecnológicamente avanzados, sino en una competitividad basada en costes menores. Con una productividad laboral decreciente desde los 70, la estructura productiva general tampoco favorece la innovación o la intensidad tecnológica. La CEPAL lleva desde 2010 advirtiendo de que las economías de la región afrontan dos grandes desafíos en materia de productividad. Una “brecha externa”  (el atraso de la región en materia tecnológica) y la “brecha interna” causada por la menor productividad.
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Un brasileño utiliza una aplicación en su teléfono inteligente., Sao Paulo. NELSON ALMEIDA/AFP/Getty Images
De hecho, en 2019, América Latina continúa mostrando un desempeño muy bajo en competitividad (clave para salir de esa “trampa de los ingresos medios”). El índice elaborado por el Instituto para el Desarrollo Gerencial muestra que la mayoría de los países de la región viene perdiendo posiciones o mejorando muy levemente en ese terreno en los últimos años.
“La trampa de los ingresos medios” tiene una traducción concreta para los países latinoamericanos: en los últimos cincuenta años, el ingreso per cápita de América Latina se ha estancado en comparación con los países desarrollados y con las economías de rápido crecimiento del este de Asia. América Latina se ha mantenido constante y su participación en el PIB global ha sufrido oscilaciones, con una tendencia a la baja.
¿Cómo puede eludir América Latina esa trampa? A la hora de encontrar el camino que saque a los países latinoamericanos de ella, la innovación para el desarrollo se convierte en la piedra angular capaz de generar un efecto positivo en cadena gracias al cual mejorar los niveles de competitividad y productividad de sus economías.
Mark Schultz y Philip Stevens, coordinadores de Innovate4health, señalan que “la interrogante para la región es cómo promover un modelo de desarrollo que genere trabajos bien remunerados y crecimiento económico sin dañar el ambiente o deteriorar la desigualdad social. La innovación es gran parte de la respuesta. Más innovación es la ruta para empleos mejor pagados, crecimiento económico, así como nuevos productos y servicios que mejoran la calidad de vida de las personas. Los países que destaquen en el diseño de productos, la investigación y el desarrollo, técnicas empresariales, el mercadeo y el desarrollo de marcas serán los líderes económicos mundiales. Los que se atengan a la manufactura, la agricultura y la exportación de materias primas, quedarán rezagados”.
Pese a su capital importancia y posición clave para alcanzar un mayor y más sostenido desarrollo, la innovación es una asignatura pendiente que en América Latina suspenden tanto las administraciones públicas como el sector privado que se retroalimentan en su abandono de la innovación. Un informe de la OCDE en 2013 encontró que el sector privado en los países latinoamericanos invierte mucho menos en investigación y desarrollo que sus pares en otras partes del planeta.
Los empresarios no están a la altura porque fallan los poderes públicos: los empresarios e inventores son menos partidarios de invertir en investigación y desarrollo, ya que perciben que su inversión no es segura. Los derechos de propiedad intelectual son esenciales para brindar esta garantía, pero usualmente no se protegen de manera efectiva en los países latinoamericanos.
En la actual coyuntura, la realidad es que la inversión del sector público está lejos de cubrir todas las necesidades y la del sector privado es claramente insuficiente. Desde 2007, el aporte empresarial latinoamericano ha descendido del 43% al 35%. Y los endebles sistemas fiscales regionales no dejan mucho margen de maniobra. Y eso que en esta década la inversión creció del 51,8% al 58,6%.
Como ocurre en el ámbito de las infraestructuras, en la I+D la apuesta de futuro pasa por diseñar alianzas público-privadas donde la inversión provenga de ambos ámbitos. La responsabilidad es compartida y no puede recaer en solitario ni en el Estado ni en las empresas. Como destaca María Fernanda Calderón, docente de la Facultad de Ciencias de la Vida de la Escuela Superior Politécnica del Litoral (Ecuador): “[Hay que] promover la cooperación entre el sector privado y la academia, mediante el establecimiento de líneas de investigación… Que los productores puedan reducir su carga impositiva por anexarse a programas de investigación aplicados y consensuados. Reforzar la colaboración entre los centros de investigación del gobierno y los centros investigación de la academia”.
El rol principal de las administraciones públicas consiste en crear un entorno propicio para la inversión en innovación. Sobre los gobiernos recae el peso de involucrarse en el desarrollo y la protección de patentes, fomentar la innovación con programas de protección a la propiedad intelectual, así como fortalecer el comercio electrónico y el Internet de las cosas.  Sin un entorno seguro los empresarios se reprimen a la hora de apostar por la innovación. Y el sector público no cubre ese vacío.
El papel de las empresas pasa por destinar más fondos a I+D sin esperar que lo hagan otros, multinacionales extranjeras o el Estado. Con el fin de tener un crecimiento más sólido y que no dependa tanto del ciclo económico, las compañías, en las fases de expansión, deben invertir también I+D aunque los resultados no se vean en el corto plazo. Se necesita una nueva cultura empresarial que va ya poco a poco consolidándose para ser conscientes de que la inversión en I+D las hace más competitivas, más eficientes y, aunque tengan menores ingresos a corto plazo, a la larga es menos probable que se vean obligadas a hacer importantes reestructuraciones.

Innovación, palanca de desarrollo
Investigacion_Peru
Una científica peruana en la Universidad de San Marcos, Lima. CRIS BOURONCLE/AFP/Getty Images
La innovación se alza como la piedra angular desde la que impulsar el cambio de matriz productiva en América Latina para conectar a la región con la Cuarta Revolución Industrial y evitar que, por falta de competitividad, productividad y carencias en capital humano y físico, las naciones latinoamericanas queden atrapadas en la trampa de los países de ingreso medio y al margen de las principales corrientes comerciales y económicas globales.
Lejos de ese desiderátum, la innovación es la asignatura pendiente de todos los países latinoamericanos, lo cual explica que no se haya convertido aún en la palanca desde la cual activar ese conjunto de procesos que conducen a construir economías más productivas y competitivas. La innovación y el conocimiento se alzan como herramientas clave para combatir la pobreza y alcanzar un desarrollo sostenible y las políticas de innovación en un eje central de las estrategias de desarrollo para responder a los principales desafíos económicos y sociales. En la innovación, América Latina y el Caribe, tiene una herramienta para enfrentarse a la pobreza, la desigualdad y la baja productividad, basado en el desarrollo sostenible y el cambio del modelo productivo para formar sociedades del conocimiento que respondan a los desafíos de la Cuarta Revolución Industrial.
La innovación es una apuesta estructural que implica tanto al sector privado como al público. Este último no solo tiene un rol de inversor sino, sobre todo, de alentar las inversiones privadas creando un marco propicio y de seguridad jurídica para las mismas. Las empresas, por su lado, deben comenzar a generalizar un cambio cultural en el que la inversión en I+D+I sea vista como una estrategia integral y estratégica: una apuesta de futuro y no como un gasto.
Una parte del sector privado latinoamericano sigue enclaustrado en el retraimiento a la hora de invertir en innovación por razones históricas y de cultura empresarial y, sobre todo, por la ausencia de un marco acogedor y de seguridad jurídica que estimule esa apuesta. Por lo tanto, la colaboración y coordinación entre los sectores público y privado se alza como decisiva.
Como señalara Andrés Oppenheimer, “o los Estados de América Latina incrementan su inversión en I+D o disminuirá su potencial de crecimiento y resultará una quimera la convergencia con los países más avanzados. O apostamos decididamente por la innovación, seña de identidad de la actual Cuarta Revolución Industrial,  o nos espera un futuro de estancamiento, antesala de un lento declinar”.

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Trump-Bolsonaro: decididos a intensificar a relacao - Andres Oppenheimer

Aparentemente, os dois presidentes estão decididos a avançar a cooperação bilateral. Resta saber se as burocracias e os interesses econômicos de parte e outra vão cooperar com o intento.


Trump, Bolsonaro could change political map
President Donald Trump's economic nationalism has seriously hurt U.S. ties with its closest allies around the world, but it may result in an unprecedented alliance with Brazil's right-wing populist government.
by Andres Oppenheimer 
Texarkana Gazette, Sep. 9 2019 @ 12:28am

President Donald Trump's economic nationalism has seriously hurt U.S. ties with its closest allies around the world, but it may result in an unprecedented alliance with Brazil's right-wing populist government.
That could change Latin America's political map.
In a Sept. 2 tweet, Trump confirmed that he is negotiating a bilateral trade agreement with Brazil's President Jair Bolsonaro, whom friends and foes call "Latin America's Trump." Trump met with Brazilian foreign minister Ernesto Araujo at the White House on Aug. 30 to move ahead with trade talks.
Judging from what Araujo told me in an extended interview hours after the meeting, the two governments are talking about a forging special relationship between the two biggest economies of the Americas that would go beyond trade.
Washington and Brazil want to "move forward with a very ambitious free-trade agreement, which has been a dream for Brazil for many years, but had been hindered by anti-American biases of previous (Brazilian) governments," Araujo told me. "We are going to go ahead with that now."
Araujo added that, "We have wasted many opportunities for cooperation in the past because of the anti-American sentiment of former Brazilian leaders, which did not correspond with the feelings of the bulk of Brazil's population."
Trump and Bolsonaro "share a world vision," Araujo said. Over the past 30 years, there has been a "progressive erosion of national sovereignty," caused by ideas pushed by multilateral organizations such as the United Nations, he added.
When I asked him if a U.S.-Brazil trade deal would automatically result in Brazil's withdrawal from Mercosur — the South American common market that includes Brazil, Argentina, Paraguay and Uruguay — the foreign minister did not exclude that possibility.
Under Mercosur rules, no member country can sign a bilateral trade deal with third parties without the other bloc members' participation.
Araujo said that Bolsonaro has already talked with Argentina's President Mauricio Macri about relaxing Mercosur rules to allow a U.S.-Brazil trade deal. But he conceded that a victory by Argentina's front-runner opposition candidate Alberto Fernandez in the Oct. 27 elections would endanger Mercosur's existence.
Araujo said that Fernandez, who has former leftist populist Argentine president Cristina Fernandez de Kirchner as his running mate, is part of the "Sao Paulo Forum, a group that coordinates leftist parties and anti-democratic projects in Latin America."
"If a project with that kind of vision wins in Argentina, that creates difficulties for Mercosur, because Mercosur is not just a trade bloc but also a pro-democracy bloc," Araujo told me. "We have a very clear and very strong democracy clause in Mercosur."
If Trump is reelected, and barring anything unforeseen in Brazil, we might see a new political map in Latin America.
Brazil — Latin America's biggest economy — could become Trump's top partner in the region, and could effectively pull out of the Mercosur trade bloc.
That would among other things pose huge problems for Argentina if Fernandez wins the elections there. Brazil is Argentina's top export market, in part thanks to Mercosur's preferential tariffs.
If a leftist government in Argentina is left out of Mercosur, Argentina would have few places to go for credit but China.
The best thing that could happen would be for Brazil to lead its Mercosur partners to a regional free-trade deal with the United States. The worst scenario would be that Argentina, with nowhere else to go, becomes more China-dependent than ever, much like Venezuela has in recent years.