O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Nota da Anpuh sobre o ministro da Deseducassão (ele mesmo)

NOTA DA ANPUH-BRASIL A RESPEITO DA PORTARIA N. 2.227, DE 31 DE DEZEMBRO DE 2019.

O ANTI-INTELECTUALISMO E A DISSEMINAÇÃO DO SABER

A direção nacional da ANPUH-BRASIL manifesta sua indignação com a portaria de número 2.227, de 31 de dezembro de 2019. Por este documento, o Ministério da Educação limita drasticamente a liberação de docentes para apresentação dos resultados de seus projetos de pesquisa em eventos nacionais e internacionais. A nosso ver, tal proibição é, além da perversa, fruto da mente de um ministro rechaçado pela comunidade acadêmica. É fato que há ainda alguns bolsonaristas nas universidades, mas é difícil encontrar um docente que tenha coragem de vir a público para defender o indesculpável.

Os que não produzem conhecimento costumam apoiar um indivíduo tosco, como o famoso ministro guarda-chuva, cuja obrigação legal e moral é a de defender a educação, e não a de destruí-la. O digníssimo Ministro não se importa com os efeitos daquela proposta, pela simples razão de que ele e seu colegas não representam reflexão alguma e sequer são capazes de dialogar com a comunidade que dizem fazer parte.

Quem em sã consciência convidaria um ministro da educação que sequer domina a língua portuguesa e se diverte com as besteiras que ele mesmo vincula na internet? Qual seria o teor de uma eventual conferência do ministro da educação em importantes eventos como o prestigiado Simpósio Nacional de História da ANPUH? A associação se reúne em eventos estaduais bianuais (anos pares), sob a coordenação das regionais e, a cada dois anos (anos ímpares), também há nosso evento nacional, com a participação média de mais de 4500 pessoas. O próximo será em julho em 2021, em Fortaleza.

De fato, o controle anunciado pelo governo, que dificulta a liberação de professores e professoras para participação de congressos, colóquios e de tantas outras atividades, tem como único objetivo colocar em risco a presença dos cientistas em importantes eventos distribuídos no país e no exterior. Neste último caso, pretende-se limitar ainda mais a visibilidade de nosso trabalho, inviabilizando a internacionalização do conhecimento produzido pelas universidades públicas do brasileiras.

Mas a desfaçatez é ainda maior. O que o governo não tem coragem de dizer é que muitos docentes retiram dinheiro do próprio bolso para expor seus estudos nos eventos que julgam importantes. O sistema de auxílio aos professores e professoras é cada vez mais exíguo, em face dos poucos recursos drenados para a produção da ciência nacional e sua divulgação em congressos, no país e no exterior. Como se não bastasse, o governo tenta agora limitar a circulação e disseminação do saber. Se a intenção é a de economizar recursos, apresentem os dados. É preciso que a população tenha acesso aos valores que este governo gasta para a circulação acadêmica dos cientistas; servidores públicos das centenas de universidades da Nação. Não há argumentos plausíveis para este novo descalabro. A batalha continua, pois ao contrário do senhor Ministro nós sabemos que o conhecimento nos liberta, o sofrimento nos mobiliza e a empatia nos protege. E é em nome dessa máxima que explicitamos mais uma vez a face mais sombria do anti-intelectualismo do governo.

História em combate
Associação Nacional de História - ANPUH-Brasil

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Relatório da Oxfam sobre a Desigualdade: uma fraude sem tamanho

A Oxfam envergonha os estatísticos do planeta, os economistas também (menos os do PT e do PSOL).

Classificar o "Relatório da Desigualdade" da Oxfam de farsa seria pouco

Geanluca Lorenzon
Mises, 20/01/2020

No início desta semana, fomos brindados com um relatório da ONG britânica Oxfam, afirmando, entre outras coisas, que 62 pessoas do mundo possuem a mesma riqueza que metade da população mundial — além de outras afirmações sensacionalistas, e já rotineiras, feitas pelo referido Instituto.
Nosso amigo Leandro Narloch fez um bom resumo acerca dos principais mitos e omissões da Oxfam em relação ao referido relatório.
Com afirmações como "o 1% mais rico possuirá mais fortuna que todo o resto da população em 2016", não é difícil imaginar como um cidadão médio reagiria a tal notícia: provavelmente condenando a chamada desigualdade, sem entender ou diferenciar os diversos fatores que contribuem para a mesma, ou sequer se perguntar se ela é algo relevante para qualquer aspecto de sua qualidade de vida. 
A Diretora Executiva da Oxfam International, Winnie Byanyima, chegou a afirmar que a desigualdade econômica atrapalha o próprio crescimento econômico. A senhora Byanyima provavelmente tem saudade das altas taxas de crescimento que a União Soviética registrava todos os anos... 
As sugestões da ONG são repetitivas já: 
  • Taxar os ricos (essa até o PT já abraçou; give me more!);
  • Investir em sistemas universais e "gratuitos" de saúde e educação (Mussolini teria orgulho); 
  • Buscar um objetivo global para combater isso. 
Como isso poderia dar errado? Afinal, Brasil, Venezuela e Argentina (pré-Macri) foram um retumbante sucesso econômico na mobilidade social dos mais pobres... 
Enquanto isso, no mundo real, estamos perto de erradicar a pobreza mundial pela primeira vez na história da humanidade.  Walter Williams nos recorda que a pobreza é fácil de ser explicada; difícil (mas não para um austríaco) é entender as causas da prosperidade e como o ser humano, ao agir positivamente em busca de seus próprios objetivos, beneficia todos os outros.
Por que punir aqueles que conseguiram fazer suas fortunas pelo trabalho de suas próprias mãos? Como mostra este hilário infográfico do site pop 9gag(baseado em dados da Bloomberg), nada menos que 73 das 100 pessoas mais ricas do mundo são "self-made billionaires" — ou seja, somente 27 dos mais ricos do mundo assim o são porque herdaram uma fortuna. Os demais trabalharam por conta própria para chegar onde chegaram. 
Ainda mais interessante: 36 deles eram filhos de pais que viviam na pobreza, e 18 sequer tiveram um diploma na Universidade. 
Você realmente acredita que existe uma fórmula certa para ter um "sucesso de renda"? Para a Oxfam existe. Para todos os planejadores centrais — dos positivistas aos comunistas, nazistas, socialistas e ambientalistas — existe sempre uma fórmula única de acordo com a qual a sociedade deve ser desenhada.  E o melhor: tal fórmula dará certo, mesmo que tenha que ser implantada à força. Como alguém consegue ficar sequer em dúvida ao descobrir que todos os regimes socialistas inevitavelmente têm de ser totalitários?
Entretanto, ainda que para um analista na tradição da Escola Austríaca as sugestões e as conclusões da Oxfam pareçam tão economicamente incoerentes, resolvi conversar com um economista com foco em — preparem-se — econometria.  
Troquei alguns e-mails com Carlos Góes, mestre em Economia Internacional pela conceituada John Hopkins University, pesquisador-chefe do Instituto Mercado Popular, e analista de instituições financeiras internacionais em Washington, DC. Apesar de tudo, ele me garante ser um fã de Hayek. Vamos ao bate-papo:
A: É consenso entre economistas liberais que o estudo da Oxfam possui diversas falhas e um ar de sensacionalismo. Qual das falhas do estudo divulgado nesta semana você considera a mais grave?
Carlos Góes: Independentemente de economistas serem liberais, keynesianos ou marxistas, clareza metodológica é fundamental para entender o que significam as respostas que os dados proveem para a gente. E é preciso reconhecer as limitações dos dados quando essas existem. 
Há dois problemas fundamentais com os dados produzidos pela Credit Suisse que foram utilizados pela Oxfam. 
O primeiro é de ordem técnica. Ao contrário de dados sobre a renda, a grande maioria dos países não tem dados sobre os estoques de riqueza, uma vez que o que se taxa normalmente é a renda e não a riqueza. Esse fato limita a confiabilidade das estatísticas sobre a riqueza. 
Segundo o relatório da Credit Suisse, somente 17 países têm estimativas completas de riqueza do setor privado (conhecidas como "household balance sheets"). Outros 31 países têm dados parciais, detalhando a riqueza financeira, mas não a riqueza não-financeira do setor privado — nos EUA, a riqueza não-financeira (imóveis, maquinários etc.) é de cerca de 1/3 da riqueza total, o que significa que ignorar a parte não financeira é ignorar boa parte da realidade. 
Para os outros 150 países do estudo, os economistas da Credit Suisse fizeram extrapolações — que não são inúteis, mas têm suas limitações, já que não trazem informações completas.
O relatório original da Credit Suisse tem vários problemas além do mencionado acima. Entre eles: 
(a) não inclui riqueza informal (as casas nas favelas e bairros pobres brasileiros, por exemplo, que muitas vezes valem dezenas de milhares de reais apesar de não serem formalizados com um título estatal), riqueza esta que o economista Hernando de Soto estima em cerca de 10 trilhões de dólares; 
e (b) não inclui riqueza implícita — como aquela prevista por sistemas de seguridade social dos países ricos, que se fossem administrados privadamente seriam parte de poupança dos cidadãos. 
O próprio relatório da Credit Suisse diz que o estudo sobre a riqueza global está "em sua infância". Na melhor das hipóteses, essas estimativas são pouco confiáveis e devem ser tomadas com bastante cuidado.
O segundo problema é de ordem conceitual. Eles utilizam o conceito de riqueza "líquida" (ou seja: patrimônio menos dívidas). Segundo essa metodologia, se você tirar um real do bolso e der para seu sobrinho de dez anos, ele vai ter uma riqueza maior do que "2 bilhões de pessoas somadas". Sim, seu sobrinho instantaneamente passa a ser um magnata com mais riqueza que bilhões de pessoas juntas. 
Como isso é possível? Porque a metodologia considera a riqueza "líquida" (ou seja: patrimônio menos dívidas) das pessoas. E 2 bilhões de pessoas, tendo dívida, têm riqueza negativa.
Alguém que se formou em Harvard, vive num apartamento de cobertura em Nova York e ganha 100 mil dólares por ano mas tem 250 mil dólares em dívidas estudantis é mais pobre do que um camponês indiano que tem uma bicicleta, vive com um dólar por dia e não tem dívida. 
Não importa se o cara de Harvard gasta centenas de dólares tomando McCallahan's 18 anos todas as vezes em que sai pra balada. Pra Oxfam, ele é mais pobre que o camponês indiano.
Ainda segundo essa metodologia, quando você compra um jatinho você se torna imediatamente mais pobre. Como? Você acaba de assumir uma dívida de 25 milhões de dólares (incluindo juros) e adquiriu um patrimônio de valor de mercado de uns 20 milhões de dólares. Logo, você está 5 milhões de dólares mais pobre.
Para a Oxfam, quem viaja de jatinho usando financiamento é mais pobre do que quem viaja de ônibus pagando à vista." 
Isso faz sentido pra definir quem é pobre e quem é rico?
A: Você acredita que o estado causa desigualdade de renda? 
O estado pode aumentar ou reduzir a desigualdade, a depender do desenho da política pública. No Brasil, a estrutura tributária, por ser excessivamente prevalente em impostos sobre o consumo (que incidem desproporcionalmente sobre os mais pobres, já que estes em geral consomem uma parte maior de sua renda), contribui para aumentar a desigualdade. Além disso, diversas políticas específicas beneficiam diretamente os mais ricos.
O BNDES concede empréstimos a juros subsidiados e, em seu portfólio, a imensa maioria de seus beneficiários são aquelas empresas com faturamento maior que 300 milhões de reais por ano. Além disso, políticas como universidades estatais financiadas por impostos funcionam como transferência de renda para os mais ricos e ajudam a perpetuar as desigualdades. Historicamente, não é muito difícil ver como o governo em diversas instâncias transferiu dinheiro de pobres para ricos. É só pensar no caso mais explícito desse comportamento, quando o governo, em plena Grande Depressão, comprou café dos grandes agricultores e queimou os grãos manter o preço do café alto nos mercados internacionais. Neste caso (como nos dois anteriores), o governo estava tirando dinheiro do contribuinte pobre e dando ele para a elite. Por outro lado, políticas focalizadas que beneficiam diretamente os mais pobres (como o Bolsa Família), podem ajudar a reduzir a desigualdade.
É interessante que pessoas com diferentes ideologias concordariam com a noção de que o governo não deveria transferir renda de pobres para ricos. Por isso, é possível alcançar um consenso político que ajude a reduzir as desigualdades. Para tanto, é importante que a sejam cortados subsídios de cima para baixo (começando por aqueles que transferem dinheiro de pobres para ricos) e seja desburocratizada a economia de baixo para cima (porque, em geral os mais ricos, armados com exércitos de advogados e contadores, têm mais capacidade para contornar as regulações que dificultam o empreendedorismo do que o Manuel da Padaria e a Dona Maria, que têm um ateliê de costura).
A:  A desigualdade de renda causada pelo processo de mercado é algo ruim? Isso afeta a questão de incentivos em uma economia? Alguns teóricos, por exemplo, alegam que a grande falha do socialismo seria a questão dos incentivos. 
CG: A primeira coisa a se entender é que nem todas as desigualdades são iguais. Às vezes, quando o ponto de partida é muito ruim, a desigualdade é simplesmente fruto da melhoria de vida de algumas pessoas. Angus Deaton, que ganhou o Nobel de Economia ano passado, traz um exemplo interessante em seu livro mais recente: imagine que, dentre 100 judeus em um campo de concentração, dez conseguem fugir. Isso causou uma desigualdade, já que agora alguns estão em liberdade e outros não. Mas isso não seria uma situação inerentemente pior à situação de plena igualdade em que todos estavam no campo de concentração? Talvez essa desigualdade inicial dê esperança para os que lá ficaram e faça com que eles fujam. 
Por outro lado, talvez os guardas punam os que ficaram para desestimular fugas futuras. De todo modo, não há nada óbvio em relação à desigualdade. Ela pode ser boa ou ruim: sempre depende.
Desigualdade é como colesterol: há uma boa e outra ruim. A boa é aquela que deriva dos talentos, esforços e inventividade das pessoas e gera bons incentivos. Quando alguém cria valor para os outros ela deve ser recompensada por isso — porque isso gera dinamismo econômico, inovação e menos pobreza (pense no arquétipo do Steve Jobs). Se ela não for recompensada, ela não vai ter incentivo pra continuar inovando. 
A ruim é aquela de uma sociedade estamental — de comando e controle —, onde as pessoas não enriquecem por causa de sua inventividade ou pelo valor que geram para à sociedade, mas pelos privilégios que têm junto aos poderosos (pense no arquétipo de Eike Batista). 
Temos de corrigir as desigualdades injustas que existem no mundo — e elas existem em demasia. Mas para isso precisamos de análise séria. E não retóricas travestidas de números.
A:  Um estudo sensacionalista como esse pode gerar uma grande repercussão política. Mises sempre defendeu que as ideias são a chave para a evolução de uma sociedade. Como explicar para o público de forma mais simples que esse estudo não reflete a realidade da sociedade mundial?
CG: O primeiro passo é reconhecer que, pra imensa maioria das pessoas, desigualdade naturalmente incomoda. Por exemplo, há evidências de experimentos em psicologia social que mostram que crianças preferem ficar sem doces a ver a outra criança na sala arbitrariamente ganhar uma quantidade desproporcionalmente maior de doces. Por isso, se as pessoas acreditarem que a elas está sendo negada a oportunidade de conseguir vencer na vida por motivos injustos (por exemplo, por causa de elites que compram o apoio de políticos com doações eleitorais ou que proíbem que negros tenham acesso a boas escolas de brancos), elas vão se sentir revoltadas. Isso é natural.
O ponto mais importante, portanto, é mostrar que a melhor maneira para evitar que elites políticas e econômicas cooperem para manter seus privilégios é retirando o poder político das mãos delas — e descentralizando as decisões nas mãos da sociedade por meio do sistema de preços. Sempre que políticos tiverem muito poder, os ricos terão incentivos para comprá-los. E, na medida em que tivermos uma economia descentralizada e dinâmica, as eventuais desigualdades de resultados provavelmente não serão percebidas como injustas pela maioria da população — pois seria a tal desigualdade "boa" mencionada anteriormente.
Durante toda a década de 1990 a desigualdade aumentou nos EUA, mas pouco se falava sobre isso. Por quê? Porque a maioria das pessoas via suas vidas melhorarem: elas tinham maior renda e consumiam mais. Elas não se sentiam injustiçadas pelo processo político e pela falta de oportunidades econômicas. 
Hoje, como uma boa parte das pessoas viu sua renda estagnar e percebe que todos os ganhos têm sido apropriados por uma parcela pequena da população, elas se revoltam.
O debate, portanto, não reside necessariamente em negar a existência de desigualdades (em diversos países ela de fato está aumentando), mas em como caminhar na direção de um modelo que evite desigualdades injustas.
A: Vivemos o melhor momento da humanidade em qualidade de vida. Porém, ONGs como a Oxfam, entre outras, tendem a projetar uma catástrofe, agitando por uma mudança no sistema. Você acredita que o sistema econômico geral internacional precisa mudar? E em caso positivo, para qual direção?
CG: Certamente vivemos numa era sensacional. As perspectivas é que testemunhemos o fim da pobreza absoluta no decurso das nossas vidas. Além disso, a mortalidade infantil está caindo, a expectativa de vida está aumentando e a escolaridade média de meninos e meninas está subindo — dentre muitos outros indicadores sociais — na imensa maioria dos países. Bilhões de pessoas saíram da pobreza e, como o aumento na renda delas foi maior do que nos países ricos, a desigualdade total no mundo tem caído.
Muitas dessas mudanças se intensificaram nos últimos 40 anos, quando partes antes remotas do mundo — como diversas partes da Índia e da China — foram integradas à economia global. A mudança necessária é uma expansão dessa integração para áreas que ainda estão no gérmen desse processo — como a África Subsaariana.
Existem diversos problemas recentes de exacerbação das desigualdades nos países desenvolvidos — e é por isso que estudos como os da Oxfam têm tanta repercussão. Mas, numa perspectiva global, não há dúvidas: o mundo está se tornando mais rico, mais justo e mais igual.
(fim da entrevista)
Ao saber que não eram só os austríacos que consideravam o relatório um disparate, fui dormir tranquilo. Afinal de contas, amanhã posso enriquecer uma criança doando a ela apenar um dólar. 
A esquerda conseguiu seu objetivo: nunca ser um salvador da humanidade foi tão fácil.

A política externa do governo Bolsonaro está no caminho certo? NÃO - Rubens Ricupero (FSP)

Depois que Alberto Pfeifer respondeu que SIM, à pergunta da Folha de SP, sobre se a política externa de Bolsonaro estava no caminho certo, o embaixador Rubens Ricupero responde com um sonoro NÃO!

A política externa do governo Bolsonaro está no caminho certo? NÃO

Diplomacia tem dedo podre, erra sistematicamente

Toda diplomacia deve ser julgada pela correta percepção da realidade mundial e pela capacidade de produzir resultados em favor do país. A diplomacia do governo atual falha nos dois requisitos.
Na crise entre Irã e EUA, por exemplo, o governo errou duplamente. Endossou um ato de terrorismo de Estado e hostilizou a vítima, país que é um dos principais mercados brasileiros no Oriente Médio. 
Em uma questão que ameaça a paz mundial, o Brasil deveria agir como força construtiva de moderação e equilíbrio. Em vez disso, o governo se precipitou ao aprovar uma ação irresponsável, o que até os aliados militares dos norte-americanos se abstiveram de fazer. 
A melhor garantia aos direitos brasileiros está num sistema mundial baseado em leis e instituições, ameaçado mortalmente pelas iniciativas unilaterais do governo dos EUA. Jair Bolsonaro sacrifica os objetivos permanentes do Brasil ao prestar à obra de demolição do governo Donald Trump colaboração contrária ao interesse nacional. 
A diplomacia bolsonarista tem dedo podre, erra sistematicamente ao avaliar situações. É por isso que o presidente acerta mais quando recua do que quando avança. É enorme a lista de absurdos abandonados ou corrigidos: oferta de bases aos EUA; anúncio de saída do acordo do clima de Paris; intenção de mudar a embaixada de Tel Aviv para Jerusalém; declarações hostis aos chineses e aos árabes; nomeação frustrada de Eduardo Bolsonaro como embaixador em Washington; e apostas em alianças falidas (Macri, Salvini, Netanyahu, o chileno Piñera, o venezuelano Juan Guaidó). 
Quando não volta atrás, é pior. As ofensas à França e a Macron põem em risco o acordo do Mercosul com a União Europeia; a antipolítica ambiental na Amazônia ameaça causar represálias de importadores; e a defesa das sanções americanas deixa o país isolado contra a quase unânime opinião universal. 
Sem motivo concreto, o governo demoliu a amizade com a Argentina, cuja construção, desde a solução do problema de Itaipu, em 1979, custou 40 anos de esforços a sete governos sucessivos. Trata os vizinhos não com a solidariedade de que precisam em hora difícil, mas com a arrogância com que nos tratavam as grandes potências.
A personalidade política cultivada pelo presidente, por seus filhos e por assessores se caracteriza pela agressividade interna e externa. É o oposto das qualidades “diplomáticas” exigidas pela convivência internacional. Infelizmente, o chanceler agrava, em vez de compensar essa “antidiplomacia”.
Na raiz das dificuldades encontra-se uma ideologia de extrema direita que distorce a complexidade do mundo, reduzindo-a, de forma simplista, a uma suposta ofensiva contra a cultura judaico-cristã. Alienada da realidade social dentro e fora do país, essa ideologia isolou o Brasil no mundo. Converteu-o em pária ambiental e dos direitos humanos, dilapidou o prestígio e patrimônio de “poder suave”, ou “soft power”, acumulado em décadas. 
O governo Jair Bolsonaro agrava a queda de exportações e a piora da balança de pagamentos ao multiplicar atritos com parceiros. 
Agora que Donald Trump começou a obrigar a China a desviar em favor dos americanos compras que fazia do agronegócio brasileiro, não terá a quem se queixar, pois o governo Trump, do qual é subserviente servidor, desmantelou o mecanismo de solução de litígios da Organização Mundial do Comércio.

In Davos, a search for meaning with capitalism in crisis - Ishaan Tharoor (WP)

In Davos, a search for meaning with capitalism in crisis

DAVOS, Switzerland — The World Economic Forum, the most concentrated gathering of wealth and power on the planet, will begin once again amid a natural fortress of snow and ice in the Swiss Alps. President Trump is jetting in for a scheduled address Tuesday. Dozens of other world leaders are in attendance; a who’s who list of CEOs, fund managers, oligarchs and a smattering of celebrities will join the throngs cramming the pop-up pavilions and swanky hotel parties of the otherwise sleepy mountain town.
This year’s conclave will be the 50th since it began in 1971, marking a fitful half century of political turmoil and economic boom and bust. For years, Davos — that is, the conference of global leaders for which it has become synonymous — has represented the apotheosis of a particular world view: an almost Promethean belief in the virtues of liberalism and globalization, anchored in a conviction that heads of companies can become capable and even moral custodians of the common good.
The disruptions and traumas of the past decade have sorely tested Davos’s faith in itself. The archetypal Davos Man — the well-heeled, jet-setting “globalist” — has become an object of derision and distrust for both the political left and right. Financial crises, surging nationalist populism in the West, China’s intensifying authoritarianism and the steady toll of climate change have convinced many that there’s nothing inexorable about liberal progress. A new global opinion poll of tens of thousands of people found that more than 50 percent of those surveyed now think capitalism does “more harm than good.”
Each year, the forum is accompanied by an unsurprising airing of cynicism in the media. “It is [a] family reunion for the people who, in my view, broke the modern world,” Anand Giradharadas, an author and outspoken critic of billionaire philanthropy, said in a TV interview last year. Can Davos “keep its mojo?” the Economist asked over the weekend. “Once a beacon of international cooperation, Davos has become a punchline,” the New York Times noted.
Klaus Schwab, the forum’s octogenarian founder and executive chairman, is convinced that the current moment needs more Davos, not less. In the run-up to this week’s meetings, he announced a new “Davos manifesto,” calling on companies to “pay their fair share of taxes, show zero tolerance for corruption, uphold human rights throughout their global supply chains, and advocate for a competitive level playing field.” Such an ethos, Schwab contends, will go a long way to redressing the world’s inequities and may help governments meet the climate targets set by the 2015 Paris agreement.
“Business leaders now have an incredible opportunity,” Schwab wrote in a column published last month. “By giving stakeholder capitalism concrete meaning, they can move beyond their legal obligations and uphold their duty to society.”
Schwab’s extolling of “stakeholder” capitalism — a riposte to the profit-maximizing Western orthodoxy of “shareholder” capitalism — is supposed to be a call to action. Activists, though, may argue that it’s not enough.
In a study timed in conjunction with the World Economic Forum, Oxfam found the world’s billionaires control more wealth than 4.6 billion people, or 60 percent of humanity. “Another year, another indication that the inequality crisis is spiraling out of control. And despite repeated warnings about inequality, governments have not reversed its course,” said Paul O’Brien of Oxfam America in an emailed statement. “Some governments, especially the U.S., are actually exacerbating inequality by cutting taxes for the richest and for corporations while slashing public services and safety nets — such as health care and education — that actually fight inequality.”
And some Davos attendees concur. “The economic pie is bigger than it’s ever been before in history, which means we could make everyone better off, but we’ve chosen as a society to leave a lot of people behind,” Erik Brynjolfsson, director of the MIT Initiative on the Digital Economy, told my colleague Heather Long. “That’s not just inexcusable morally but is also really bad tactically.”
Reading from a totally different script, President Trump is expected to wax lyrical about the success of his economic and trade policies. In the past, his bullying measures and fondness for tariffs have ruffled the Davos set.
“Although the president has been inconsistent in how he has carried out his worldview, he has made clear that he has no plans to back away from his strong-arm tactics even as they have increasingly antagonized American friends and foes alike, leaving the United States potentially more isolated on the world stage,” wrote my colleagues Anne Gearan and John Hudson.
Trump is also likely to be challenged in Davos by a growing cohort of climate activists and policymakers. On the same day of his speech, Swedish teen campaigner Greta Thunberg is expected to berate politicians and finance executives who still invest in fossil fuels. Although Trump almost certainly will not heed Thunberg’s call, representatives of major companies attending the forum are desperate to show how they are adapting their business models to accommodate climate concerns.
Two years ago, Schwab drew criticism for what was viewed as an awkwardly ingratiating speech to welcome Trump to the forum. Now, he’s more at odds with the U.S. president, not least on the urgency of the climate crisis.
“We do not want to reach the tipping point of irreversibility on climate change,” Schwab told reporters last week. “We do not want the next generations to inherit a world which becomes ever more hostile and ever less habitable.”

A super riqueza de 22 homens e a extrema pobreza das mulheres africanas - Paulo Roberto de Almeida

A super riqueza de 22 homens e a extrema pobreza das mulheres africanas

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: debate; finalidade: comentário econômico]


Discordando de Jamil Chade: “Os 22 homens mais ricos do mundo têm mais riqueza que TODAS as mulheres da África.”
PRA: o quê uma coisa tem a ver com a outra? Absolutamente NADA!
Esses 22 megabilionários EXTRAIRAM sua riqueza das mulheres africanas?
Eles as impedem ou estão impedindo-as de também enriquecerem com base em seu próprio esforço e trabalho?
O que realmente impede mulheres e homens africanos de serem mais ricos do que são atualmente?
Seria a super riqueza de 22 privilegiados em outros continentes, que atuam em áreas completamente diversas?
Será que o fato de a mulher mais rica da África – a filha do ex-ditador de Angola por 39 anos – ter extraído, literalmente, sua riqueza de empresas estatais angolanas não estaria impedindo todas as demais mulheres angolanas de serem um pouco mais ricas, ou pelo menos um pouco menos pobres?
Em quê essa “acusação” de super riqueza de 22 homens ser maior do que o patrimônio de TODAS as mulheres africanas juntas resolve, corrige, supera essa tremenda desigualdade?
Por acaso a eventual, hipotética distribuição igualitária – se tal fosse possível sem violência – de TODA a fortuna dos 22 megabilionários em benefício de TODAS as mulheres africanas resolveria de fato o problema geral da pobreza africana, de homens, mulheres, crianças e velhos?
O que essa pobreza tem a ver com a super riqueza de certos dirigentes africanos, como, por exemplo, a filha do ex-ditador de Angola?
Não estaria essa desigualdade propriamente africana, mais próxima das raízes locais, reais, da desigualdade africana, do que a existência efetiva de 22 estrangeiros, provavelmente cidadãos de outros países e residentes em outros continentes e cuja fortuna deve ter muito pouco a ver com atividades econômicas conduzidas na África?
Que tal se, em lugar de ficar indicando 22 estrangeiros como supostos “culpados” da – ou pelo menos “correlacionados” com a – pobreza das mulheres africanas, jornalistas realmente investigativos buscassem investigar as reais origens, causas e fundamentos da pobreza de TODOS os africanos, ou pelo menos a imensa maioria deles?
Por que, em lugar de buscar soluções “Pickettyanas” – taxação dos ricos e distribuição igualitária dessa riqueza – para o problema da pobreza africana (latino-americana também), não se buscam soluções efetivas ao eterno problema de pobreza de nações dotadas de baixa produtividade do trabalho, isto é, da baixa qualidade do capital humano?
Por que, em lugar da péssima “solução” de empobrecer os muito ricos, economistas e jornalistas investigativos não se dedicam à nobre arte de enriquecer os muito pobres?
Por que essa obsessão doentia com as desigualdades distributivas – se elas não são o resultado da ação direta de governos e Estados, como pode ser o caso na África e na América Latina –, em lugar de simplesmente se ocupar da imensa pobreza de centenas de milhões de pessoas?
Por que raciocínios tão primários, ao estilo da OXFAM?

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 20/01/2020

Os adidos do agronegócio brasileiro - Época Negócios


Agronegócio invade diplomacia e faz Brasil formar time de adidos agrícolas

O presidente Jair Bolsonaro embarca esta semana para uma viagem de quatro dias à Índia onde deve assinar uma dúzia de acordos comerciais que promovam o agronegócio brasileiro


O presidente Jair Bolsonaro embarca esta semana para uma viagem de quatro dias à Índia onde deve assinar uma dúzia de acordos comerciais que promovem o agronegócio brasileiro. Para abrir as portas do mundo para os produtos nacionais, o Brasil conta com um grupo de 24 adidos agrícolas, cargo criado em 2009 para internacionalizar o campo brasileiro.
Quando o agrônomo Dalci Bagolin desembarcou em Nova Délhi, em janeiro de 2018, seus desafios não eram pequenos: desbravar um país com cultura diferente, lidar com um idioma desconhecido - o inglês não é falado por todo mundo na Índia - e identificar oportunidades para a agropecuária do Brasil no segundo maior mercado do mundo.



A missão de Dalci não é fácil. A Índia tem um histórico protecionista, desenvolvimentista e de muitas restrições cambiais, como o Brasil. Além disso, o agronegócio indiano é a imagem refletida do brasileiro. O país produz café, açúcar, aço, cimento e carne, que enfrentam dificuldades de escoamento em razão de uma infraestrutura precária - um panorama bastante familiar. O desafio de Dalci, portanto, é encontrar interesses comuns entre os dois países.
Já adaptado à Índia, ele tem dormido pouco na semana que antecede a chegada da missão presidencial brasileira, que ficará na Índia entre os dias 23 e 27. "Durmo todo dia depois das 2 horas da manhã", conta.
O cargo de adido agrícola foi criado pelo Ministério da Agricultura em 2009, durante a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, e mostra a importância que o agronegócio vem ganhando na diplomacia brasileira. O setor responde por cerca de um quarto do PIB do Brasil e está encarregado de manter a balança comercial superavitária.
Hoje, o setor agropecuário brasileiro fornece alimentos para cerca de um bilhão de pessoas em todo o mundo. Em 2019, o setor exportou US$ 96,8 bilhões - o equivalente a 43,2% do total produzido. A Ásia foi o principal destino, com 49%.
Além dos adidos agrícolas, o Itamaraty tem outros 120 postos de representação no exterior na área de promoção comercial - o agronegócio é apenas um deles. Ainda que o Ministério da Agricultura apoie o setor há algum tempo, a criação do Departamento de Promoção do Agronegócio (DPA), em 2019, permitiu unir discussões de promoção e política comercial.

Gestão de crises

Outra função importante dos adidos agrícolas - que se estende à diplomacia brasileira, em geral - é vender uma imagem positiva em momentos difíceis. A missão, neste caso, é contornar momentos de crise, como no caso dos incêndios da Amazônia, no ano passado, ou apagar o incêndio causado por declarações incômodas de lideranças políticas dentro do governo brasileiro. "É preciso estar preparado para enfrentar uma quantidade muito diferente de desafios, que mudam conforme o país", explicou a coordenadora dos adidos, Andressa Beig.
Por isso, o cargo é visto hoje como imprescindível por diversos empresários do setor. A viagem de Bolsonaro à Índia ocorre após um pedido do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que esteve em Brasília em novembro, na cúpula dos Brics - bloco formando por Brasil, Rússia, Índia China e África do Sul. "Existe um interesse grande do governo indiano em uma aproximação maior com o Brasil. Há muitos territórios inexplorados", diz Amit Kumar Mishra, cônsul da Índia em São Paulo.

Política externa

Apesar dos pontos concorrentes, que podem criar mais rivalidades do que parcerias, Brasil e Índia têm um caminho aberto para explorar áreas complementares. Os setores de tecnologia e de medicamentos, nos quais os indianos têm grande conhecimento e um forte parque industrial, e o etanol, em que o Brasil é referência, são pontos de partida. Outro fator comum importante que une os dois países é a liderança nacionalista de Bolsonaro e Modi. Ambos lideram grupos políticos conservadores, de tons populistas e com fortes elementos econômicos de caráter liberal - embora o premiê indiano seja mais pragmático em política externa e consiga manter boas relações com países que vivem às turras, como EUA e Irã.
Enquanto Modi defende a diplomacia multilateral, Bolsonaro cultiva certo desprezo pelo multilateralismo. Ainda assim, Brasil e Índia compartilham uma reivindicação histórica: uma vaga de membro permanente na eventual ampliação do Conselho de Segurança da ONU - embora o chanceler Ernesto Araújo tenha dito algumas vezes que a vaga "não é mais uma prioridade" do governo brasileiro.

Índia quer mais etanol

Ao fim de 13 meses de governo, só a equipe internacional da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, terá visitado 32 países nos 5 continentes. No período, foram abertos 26 novos mercados para produtos brasileiros - de arroz para o México a lácteos para a China. Segundo país mais populoso do mundo - e com data marcada para ser o primeiro -, a Índia quer aumentar para 10% a quantidade de etanol em sua gasolina até 2022. Hoje, a mistura não chega a 7% e o país de 1,3 bilhão de habitantes quer aproveitar o conhecimento brasileiro para cumprir a missão.
O governo indiano subsidia parte da produção de açúcar, a maior do mundo na última safra, principalmente de pequenos agricultores que dependem do produto para sobreviver. Os incentivos ligados ao transporte variam de cerca de mil rupias (US$ 14,6) por tonelada a 3 mil rupias (US$ 42,2) por tonelada. O governo também paga diretamente aos produtores de cana-de-açúcar 138 rupias (US$ 1,9) por tonelada. Isso acaba distorcendo preços internacionais. Portanto, direcionar parte da cana para produzir etanol poderia reduzir esse volume e a oferta global de açúcar, aumentando os preços e atendendo a interesses brasileiros e indianos.
"Para o Brasil, os benefícios de um aumento da quantidade de etanol seriam regular os preços internacionais do açúcar e uma maior procura pelo biocombustível", diz Amaury Pekelman, presidente da União Nacional da Bioenergia (Udop). "Além disso, o etanol é um aliado na mitigação da emissão dos gases de efeito estufa na atmosfera, o que melhoraria a qualidade do ar das metrópoles indianas." "Queremos transformar o etanol em uma commodity mundial e despertar o interesse em parceiros importantes que vejam esse produto como uma alternativa viável", afirma o diplomata Flávio Bettarello, secretário adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Dalci Pagolin, adido agrícola na Índia, concorda que há benefícios aos dois parceiros. "Hoje o mercado de etanol está muito concentrado em EUA e Brasil, seria muito importante que fosse para outros países." O Brasil é o segundo maior produtor de etanol do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. O produto brasileiro, à base de cana, é mais eficiente e ecológico do que o americano, feito de milho.
O uso do etanol como combustível em larga escala, no entanto, ainda ocorre basicamente nesses dois países, o que limita sua transformação em uma commodity comercializada internacionalmente.