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segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

A super riqueza de 22 homens e a extrema pobreza das mulheres africanas - Paulo Roberto de Almeida

A super riqueza de 22 homens e a extrema pobreza das mulheres africanas

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: debate; finalidade: comentário econômico]


Discordando de Jamil Chade: “Os 22 homens mais ricos do mundo têm mais riqueza que TODAS as mulheres da África.”
PRA: o quê uma coisa tem a ver com a outra? Absolutamente NADA!
Esses 22 megabilionários EXTRAIRAM sua riqueza das mulheres africanas?
Eles as impedem ou estão impedindo-as de também enriquecerem com base em seu próprio esforço e trabalho?
O que realmente impede mulheres e homens africanos de serem mais ricos do que são atualmente?
Seria a super riqueza de 22 privilegiados em outros continentes, que atuam em áreas completamente diversas?
Será que o fato de a mulher mais rica da África – a filha do ex-ditador de Angola por 39 anos – ter extraído, literalmente, sua riqueza de empresas estatais angolanas não estaria impedindo todas as demais mulheres angolanas de serem um pouco mais ricas, ou pelo menos um pouco menos pobres?
Em quê essa “acusação” de super riqueza de 22 homens ser maior do que o patrimônio de TODAS as mulheres africanas juntas resolve, corrige, supera essa tremenda desigualdade?
Por acaso a eventual, hipotética distribuição igualitária – se tal fosse possível sem violência – de TODA a fortuna dos 22 megabilionários em benefício de TODAS as mulheres africanas resolveria de fato o problema geral da pobreza africana, de homens, mulheres, crianças e velhos?
O que essa pobreza tem a ver com a super riqueza de certos dirigentes africanos, como, por exemplo, a filha do ex-ditador de Angola?
Não estaria essa desigualdade propriamente africana, mais próxima das raízes locais, reais, da desigualdade africana, do que a existência efetiva de 22 estrangeiros, provavelmente cidadãos de outros países e residentes em outros continentes e cuja fortuna deve ter muito pouco a ver com atividades econômicas conduzidas na África?
Que tal se, em lugar de ficar indicando 22 estrangeiros como supostos “culpados” da – ou pelo menos “correlacionados” com a – pobreza das mulheres africanas, jornalistas realmente investigativos buscassem investigar as reais origens, causas e fundamentos da pobreza de TODOS os africanos, ou pelo menos a imensa maioria deles?
Por que, em lugar de buscar soluções “Pickettyanas” – taxação dos ricos e distribuição igualitária dessa riqueza – para o problema da pobreza africana (latino-americana também), não se buscam soluções efetivas ao eterno problema de pobreza de nações dotadas de baixa produtividade do trabalho, isto é, da baixa qualidade do capital humano?
Por que, em lugar da péssima “solução” de empobrecer os muito ricos, economistas e jornalistas investigativos não se dedicam à nobre arte de enriquecer os muito pobres?
Por que essa obsessão doentia com as desigualdades distributivas – se elas não são o resultado da ação direta de governos e Estados, como pode ser o caso na África e na América Latina –, em lugar de simplesmente se ocupar da imensa pobreza de centenas de milhões de pessoas?
Por que raciocínios tão primários, ao estilo da OXFAM?

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 20/01/2020