sexta-feira, 5 de maio de 2023

Questão da Ucrânia — A importância da Comunidade de Estados Independentes e de Minsk para a solução do conflito- Paulo Antônio Pereira Pinto (Mundorama)

 

Questão da Ucrânia — A importância da Comunidade de Estados Independentes e de Minsk para a solução do conflito

Paulo Antônio Pereira Pinto

Photo by Christian Lue on Unsplash

Rio de Janeiro, 2 de maio de 2023

“Nesse caso, a Rússia também não seria reconhecida como país independente”, comentou leitor da Folha de São Paulo, após notícia de que o Embaixador chinês em Paris, S.r. Shaye, ter afirmado que “a Ucrânia e os demais países que pertenceram à União Soviética não têm status efetivo sob o direito internacional, porque não há um acordo internacional que confirme seus status como nações soberanas”.

Não seria esta, obviamente, a premissa para a resolução do conflito em curso entre a Rússia e a Ucrânia: o não reconhecimento de ambas como países independentes.

Nem seria realista a expectativa de que guerras na Europa sejam resolvidas, atualmente, sempre, pelo “quarteto” EUA, Reino Unido, Alemanha e França. No caso da invasão russa a solução contemplada por tais atores habituais implicaria apenas a busca da vitória ucraniana. Tal solução, resta pouca dúvida, não levaria a paz duradoura.

Na perspectiva de que Rússia e Ucrânia existem como nações soberanas e que há que se buscar o diálogo para solução pacífica do conflito, este exercício de reflexão pretende sugerir que a questão ucraniana poderia ser considerada, em “arcabouço” de geometria mais ampla — deixada, a propósito, pela antiga União Soviética.

Penso na moldura da “Comunidade de Estados Independentes” — herdeira de países que formaram a URSS — estabelecida, em Minsk, capital da Belarus, em 8 de dezembro de 1991.

A partir do início daquele ano, a dissolução da União Soviética parecia algo inevitável e, na data citada no parágrafo anterior, líderes da Rússia, Belarus e Ucrânia se reuniram na reserva natural de Belovezhskaya Pushcha, 50 km ao norte da cidade de Brest, Belarus. Assim nasceu a ideia da Comunidade dos Estados Independentes, ao mesmo tempo em que foi anunciado que a nova confederação estaria “aberta a todas as repúblicas da União Soviética”.

O então Presidente da URSS, Michail Gorbachev, descreveu a reunião como algo “ilegal e perigoso” e “um golpe constitucional”. Mas prontamente ficou claro que pouco ou nada havia por fazer. Em 21 de dezembro, os líderes de onze das quinze ex-repúblicas soviéticas se reuniram em Almaty, Cazaquistão, e assinaram o tratado. Desta maneira, a CEI foi ratificada e a União Soviética oficialmente extinta.Em 25 de dezembro, Gorbachev renunciou como presidente de um país que já não existia “de facto”.

Os três estados bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia) não assinaram o tratado, assim como a Geórgia — os quatro argumentaram que haviam sido incorporados à União Soviética à força. Os 11 participantes iniciais foram Armênia, Azerbaijão, Belarus, Cazaquistão, Quirguistão, Moldovia, Federação Russa,Tajiquistão, Turcomenistão, Uzbequistão e Ucrânia. Em dezembro de 1993, a Geórgia finalmente aderiu à CEI e em agosto de 2008 se retirou após a invasão russa de seu território.

Mesmo independentes, os 11 antigos membros da URSS decidiram manter vínculo entre si, com o objetivo de estabelecer sistema econômico e de defesa entre antigas repúblicas da União Soviética.

Apesar da forte influência da Federação Russa, os demais países que compõem a CEI mantêm formalmente uma autonomia, garantida pela descentralização política conseguida com a independência em relação à estrutura administrativa da antiga União Soviética.

Tendo como capital a cidade de Minsk, a CEI é estruturada administrativamente por dois conselhos, sendo um composto por chefes de governo e outro, por chefes de Estado.

Apesar da estrutura de seu funcionamento formal, entre seus membros existem inúmeras disputas entre os países da comunidade, além do não cumprimento de acordos firmados. Vale destacar as constantes tensões e conflitos entre membros da CEI ou mesmo no interior dos países, em decorrência de diferenças étnicas e regionais.

Tive oportunidade de visitar a sede da CEI, em Minsk, a título de cortesia, enquanto fui Embaixador na Belarus, entre 2015 e 2019, e verifiquei que se trata de organização “simbólica”, que funcionaria como uma espécie de “banco de reservas”, onde permanecem disponíveis acordos, mecanismos de negociação e projetos da antiga URSS, que poderiam ser “colocados em campo”, caso alguma proposta de integração ou de resolução de conflito fosse realmente almejada.

Embaixadores dos países membros da referida comunidade, acreditados em Minsk, apresentam credenciais também ao Diretor da CEI. A lista de participantes tem variado, com inclusão e separação de antigos membros da URSS, de acordo com dinâmica regional de aproximação ou distanciamento da Rússia.

De qualquer forma, existem adormecidos na CEI mecanismos de articulação que “eventualmente” poderiam ser acionados no que diz respeito à Questão da Ucrânia. Minsk, nesse contexto, tem sido escolhida, em consenso com países ocidentais, como local para acordos destinados a negociar disputas entre países membros da antiga União Soviética.

Em certa medida, sugestão de esforço no sentido de valorizar tal “organização semiadormecida” poderia servir de aceno ao Presidente Putin, em seus devaneios de ressuscitar um “projeto Eurasiano”, sob influência de Moscou, conforme será lembrado a seguir.

Ademais, cabe registrar que “acordos de Minsk” têm sido a norma para tentar resolver conflitos envolvendo antigos membros da União Soviética, entre estes a Rússia.

Há, no momento, dois “Minsk Groups”, associados a conflitos ocorridos depois da dissolução da União Soviética: o que foi dedicado ao conflito em Nagorno-Karabakh (NK), entre o Azerbaijão e a Armênia; e o facilitador do diálogo na questão da Ucrânia.

Em ambos, o nome desta capital consta como o local onde os encontros são ou deixam de ser realizados. Não há protagonismo bielorrusso na busca de solução dos problemas. O papel de facilitador nas negociações, no entanto, eleva o perfil diplomático da Belarus no cenário mundial. Este país, sabe-se, é objeto de sanções internacionais por seu sistema de governo autoritário, que o leva a ser conhecido como “A Última Ditadura da Europa”.

O primeiro Grupo de Minsk foi criado, em 1992, com vistas à conferência para negociação entre Baku, Azerbaijão, e Yerevan, Armênia. É presidido por representantes dos Estados Unidos, França e Federação Russa. Seus membros permanentes são: Belarus, Alemanha, Itália, Suécia, Finlândia e Turquia.

Na prática, seus “co-chairs” reúnem-se, periodicamente, em Viena, sede da Organização de Segurança e Cooperação da Europa, e visitam as capitais dos países que disputam o território de Nagorno-Karabakh.

Entre os empecilhos para a solução do conflito, por um lado, a Armênia não aceita a aplicação de resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que determinam sua retirada do território azeri. Por outro, Baku não permitiria o contato direto entre as partes em combate naquela área, pois — de acordo com seu entendimento — tal comunicação significaria o “reconhecimento de alguma legitimidade ao inimigo invasor”.

O cenário de congelamento permanente deste conflito muito prejudica projetos de integração da área antes ocupada pela URSS, nos moldes da União Econômica Euroasiática, ambicionada por Putin.

Desnecessário lembrar que a questão da Ucrânia é disputa mais próxima de Minsk, envolvendo populações etnicamente “russas”. Convencionou-se, também, atribuir o nome desta capital ao grupo que lhe busca solução.

A propósito, o que acontece no Cáucaso diz respeito a pessoas que, segundo visão “imperial” de Moscou, seriam bárbaros, a serem mantidos na esfera de influência da Federação Russa, como obstáculo de contenção de impérios vizinhos — como o fazia Roma antiga.

A nova visibilidade de Minsk

Quando cheguei a Minsk, em março de 2015, a Belarus ficara mais nítida no mapa da Europa Central, em virtude da crise ucraniana, iniciada um ano antes.

Sua posição estratégica crescera em importância, em área de turbulência política, enquanto permanecia o interesse pela adesão bielorrussa ao projeto “eurasiano”, ambicionado pelo Presidente Putin.

Em síntese, cabe lembrar que, enquanto “Bela” significa “Branco”, o nome do país não pode ser traduzido por “Rússia Branca”. O “Rus” não se refere à Rússia, mas descreve área da Europa Central, coberta por neve e povoada por eslavos, em oposição à Rustênia Negra, controlada por povos lituanos.

Outra possível origem do nome seria o fato de que aquele território não ter sido invadido pelos mongóis que, no século XIII, conquistaram grande parte da Europa. A área em questão, portanto, era considerada parte do “Rus Branco”. “Bel” ou “Biel” também significaria “livre”, num período em que a maior parte da Rússia se encontrava sob o jugo dos tártaros.

Cabe, portanto, notar que a Belarus é um país cujo nome sugere o passado de um povo que habitou “uma região europeia livre”.

Verifica-se, contudo, que, desde sua independência da extinta União Soviética, tem sido chamada de a “última ditadura na Europa”, em virtude de manter sistema de governo com fortes traços do antigo regime soviético.

O nome “Belarus” referia-se, então, a uma região específica do centro da Europa e, não, a uma nação, até o final do século XIX. A estruturação do território bielorrusso, nos moldes de um Estado moderno, ocorreu a partir de 1920, com sua inclusão na União Soviética.

Durante o período da República Socialista Soviética Bielorrussa, o país adquiriu estrutura de estado nacional. Suas instituições nacionais eram e continuam a ser fortemente moldadas pelas criadas na Rússia Soviética.

Daí, não causar surpresa que a moldura institucional hoje existente em Minsk sirva para manter a Belarus em área de influência russa.

Isto é, a forma de governança, com fortes traços autoritários herdados do período soviético, serve à formulação de políticas nacionais que, ainda hoje, com grande facilidade, se alinham com orientações ditadas por Moscou.

O projeto eurasiano de Putin

Verifica-se, a propósito, que, por trás da ofensiva da Rússia sobre a Ucrânia, há mais do que interesses geopolíticos e econômicos. O Presidente Vladimir Putin estaria defendendo, também, projeto de “neo euro-asianismo”, ideologia nacionalista nascida na década de 1920 e reescrita após o desmoronamento da União Soviética.

Fiel à tradição e aos valores cristãos ortodoxos, a doutrina reúne princípios e ideais distintos dos vigentes no chamado “mundo ocidental”.

No artigo “Um novo projeto de integração para a Eurásia; o futuro que nasce hoje”, publicado em 04.10.2011, Putin defende a criação de uma União Euroasiática — a partir da fusão de mecanismos de integração existentes e herdados da União Soviética (entre estes poderiam ser incluídos os disponíveis na CEI, citados acima) — idealizada como um dos polos de poder no mundo contemporâneo e ponte entre a Europa e a Ásia Oriental.

A teoria reafirma o que qualifica de “identidade russa”, nascida da fusão de povos eslavos e de origem turca. A Rússia seria um terceiro continente, situado entre a Europa e a Ásia. Antes de quase desaparecer no século XX, esta linha de pensamento se opunha, tanto ao Ocidente liberal, considerado decadente, quanto aos soviéticos, que baniram o cristianismo ortodoxo da Rússia, assim como seus valores tradicionais.

O presidente russo, então, adotou discurso que ressalta a ideia de “tradição”, cara à Igreja Ortodoxa russa, e recusando o multiculturalismo, o feminismo, a homossexualidade e o que chama de “valores não tradicionais” de origem ocidental.

A Rússia se define, segundo Putin, como “um modelo civilizacional”, contrastando-se com os EUA, que qualifica de poder “revisionista”, empenhado em desestabilizar o mundo promovendo mudanças de regime, especialmente no mundo árabe. O Kremlin também vê os EUA como uma fonte de instabilidade no antigo espaço soviético e culpa o Ocidente pela turbulência ucraniana.

O tratado para a criação da União Euroasiática, com sede em Moscou, foi assinado em novembro de 2011, pelos presidentes de Rússia, Belarus e Cazaquistão. O grupo deveria incluir Armênia, Quirguistão e Tajiquistão a partir de 2015.

Como se sabe, ao convencer o ex-presidente ucraniano Viktor Yanukovich a renunciar à ambição de um acordo de livre comércio com a União Europeia, em novembro de 2013 — evento que detonou o Movimento na Praça da Independência, em Kiev — Putin planejava a inclusão da Ucrânia no novo bloco.

Na prática, a União Euroasiática reconstituiria a maior parte do território da URSS, cujo esfacelamento é considerado por Putin como uma das maiores tragédias do século XX. O objetivo era manter a Ucrânia sob sua influência, fazendo-a participar de seu projeto, não admitindo sua “deriva” em direção ao Ocidente.

Minsk vem-se inserindo de modo muito mais profundo na órbita russa nos últimos anos. A aproximação de Moscou tem sido conveniente para o Presidente Lukashenko, na medida em que o ajuda a contrabalançar as pressões da União Europeia e dos EUA por maior abertura política no país. A Rússia também é crucial para a Belarus, em razão das deficiências energéticas que a obrigam a importar petróleo e gás natural do vizinho, a preços subsidiados.

A importância da CEI na questão da Ucrânia

No âmbito da Comunidade de Estados Independentes, foi assinado, em 15 de maio de 1992, a Organização do Tratado de Segurança Coletiva por Armênia, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia, Tajiquistão e

Uzbequistão, na cidade de Tashkent. O Azerbaijão assinou o tratado em 24 de setembro de 1993, a Geórgia em 9 de dezembro de 1993 e a Belarus em 31 de dezembro de 1993. O tratado entrou em vigor em 20 de abril de 1994.[1]

A OTSC é uma organização observadora na Assembleia Geral das Nações Unidas. Sua fundação reafirmava o desejo dos Estados participantes em se abster do uso ou ameaça da força. Os signatários não poderiam aderir a outras alianças militares — como a OTAN — ou outros grupos de estados, enquanto a agressão contra um signatário seria percebida como uma agressão contra todos.

Para tanto, a OTSC organizou, regularmente, exercícios militares entre as nações membros. O de maior escala da foi o “Rubezh 2008”, que ocorreu na Armênia. Um total de 4 mil soldados dos sete países membros da OTSC realizaram treinamento conjunto.

Apesar de seus propósitos de segurança coletiva, verifica-se, contudo, que a OTSC, no âmbito da CEI pode apresentar, apenas, um “frozen conflict” — entre Armênia e Azerbaijão — e outro que talvez venha a congelar-se — entre a Rússia e a Ucrânia — no espaço pós-soviético. Dessa forma, fazem parte da agenda de preocupações dos chamados “Grupos de Minsk” iniciativas destinadas a “conviver” com estes problemas.

Conforme sugerido acima, no entanto, o “arcabouço” disponível na referida Comunidade, poderia sondar fórmulas para o debate de temas, como, por exemplo:

- Para que, com o compromisso de não adesão ucraniana à OTAN, as convenções “adormecidas” na CEI, pudessem levar a Rússia a retirar suas tropas das regiões da Ucrânia, Donbass e outras, que ocupara em 2022. Permaneceriam estas sob a soberania da Ucrânia, mas um grau mais elevado de autonomia lhes seria garantido?

- Poder-se-ia, também, considerar o congelamento da crise na Crimeia, anexada por Moscou em 2014. Ou seja, não haveria um reconhecimento internacional de que a região passe a fazer parte da Rússia. Seria possível, contudo, não haver um questionamento sobre o fato de que, na prática, a região está controlada e administrada por Moscou?

- Haveria espaço, em compromissos assumidos no âmbito da CEI, sobre Direitos Humanos, para discutir o tema do emprego do idioma russo, por aqueles que o tenham como parte de sua cultura original? Lembra-se que não apenas a Ucrânia é habitada por tais minorias.

- Seria garantida, ainda com maior ênfase, a segurança dos membros da CEI, contra eventuais ameaças de países ou alianças militares vizinhas?

Nesse sentido, seria necessário reanimar e fortalecer a Comunidade de Estados Independentes, com sede estabelecida em Minsk, a partir de 1991.

Não saberia indicar como tal sugestão poderia ser levada à consideração dos membros da CEI. Cabe, pelo menos, torcer para que mecanismos de negociação já existentes na OTSC, no âmbito da Comunidade de Estados Independentes, sejam acionados.

Passo inicial, sem dúvida, para ativar os mecanismos adormecidos na referida Comunidade, com sede em Minsk, seria “combinar com os bielorrussos”.

Notas

[1] O TSC foi criado para durar por um período de 5 anos a menos que fosse prorrogado. Em 2 de abril de 1999, apenas seis membros da OTSC assinaram um protocolo de renovação do tratado por um novo período de cinco anos, enquanto Azerbaijão, Geórgia e Uzbequistão se recusaram a assinar, e retiraram-se do tratado de uma vez; juntamente com Moldávia e Ucrânia, formaram um grupo não-alinhado, mais pró-Ocidente e pró-EUA conhecida como a Organização “GUAM” (Geórgia, Uzbequistão /Ucrânia, Azerbaijão, Moldávia). A organização foi nomeada OTSC em 7 de Outubro de 2002, em Tashkent. Durante 2005, os parceiros OTSC realizaram alguns exercícios militares comuns. Em 2005, o Uzbequistão se retirou do GUAM, e em 23 de junho de 2006, o Uzbequistão tornou-se um participante pleno do OTSC e seus membros foram formalmente ratificados por seus parlamentos em 28 de março de 2008. (Wikipédia)

Sobre o autor

Paulo Antônio Pereira Pinto: Embaixador aposentado.


The Historians Could Still Be Awfully Wrong About the War in Ukraine - ScottCDunn (Medium)

 Mais um artigo sobre um dos muitos aspectos da guerra da Rússia contra a Ucrânia.

The Historians Could Still Be Awfully Wrong About the War in Ukraine

Past performance is no guarantee of future results.


 ScottCDunn

Medium, May 5, 2023,

I’ve had a few historians dog me about my articles on Ukraine. They insist that history is dispositive. They tell me that what worked for other countries will work for Russia, too. They offer the following prescription with a fair amount of uniformity and confidence: Nothing but a humiliating defeat will cure Russia of its poor behavior.

I will admit that the overwhelming and undisputable defeat of Germany and Japan did bring about some peace in the wake of the Second World War. But we still had wars after that. We had wars in Korea and Vietnam. We had Iraq, twice. Bosnia-Herzegovina, too. We took forever to get out of Afghanistan.

All of them involved the United States in some way or another. America seems to be a common element in wars around the world. That’s one reason I’m not convinced that the war in Ukraine will end if Russia were to just leave Ukraine.

Some of the historians I’ve encountered seem to think that Russia would fit the same pattern. All we have to do is deliver a humiliating defeat, followed by a big dose of disarmament, and Voila! you have peace.

But I’ve tempered my enthusiasm for war. I don’t believe in the optimists who tell me, “Look, Scott. If you could just get on board and believe what we believe, we could have unity with Ukraine. We need everyone to be on the same page so that we can help Ukraine win this war. Do you want yours with ice or room temperature?”

I’m not sure that Ukraine winning this war will bring peace.

The historians would seem to have history on their side. But those same historians seem quick to discount the uncertainty of human beings. We’re a quirky and unpredictable lot. Yes, there is a lot that can be predicted about us in peace. But in war, not so much.

When people are pressed into a mode of fight or flight, they begin to consider solutions that they would not consider in periods of peace. Historians know what I’m talking about. They know of Winston Churchill’s warning about war:

“Never, never, never believe any war will be smooth and easy, or that any one who embarks on that strange voyage can measure the tides and hurricanes he will encounter. The Statesman who yields to war fever must realise that once the signal is given, he is no longer the master of policy but the slave of unforeseeable and uncontrollable events….

“I have always urged fighting wars and other contentions with might and main till overwhelming victory, and then offering the hand of friendship to the vanquished. Thus, I have always been against the Pacifists during the quarrel, and against the Jingoes at its close.” — My Early Life, 1930

Historians will mostly agree with Churchill on war. But in this war, I see absolutely zero sentiments for the part about offering the hand of friendship to Russia if and when the war should end. I have been aghast at all the ill will toward Russia. By the talk I’ve seen of the war around here, there is zero enthusiasm for friendship with Russia after the war. Zero acknowledgment of all of the forces at work against them.

Who bothers to ask the question, “Gosh, if America didn’t continually threaten Russia with nuclear weapons, would Russia even have an arsenal of nuclear weapons, too?”

Sometimes I wonder if Russia would be a different country if the United States had courted Russia the way they did China. They were both communist countries. Each got a different treatment with different outcomes.

China became a massive industrial trading partner. Russia became a fossil fuels giant. One had to build something from nothing. The other could just extract what they had to sell from the ground.

Russia isn’t operating in a vacuum. They are responding to what we do. To say that Russia is entirely at fault for the war they are in now, lets us off the hook. To say that only Putin can end the war by leaving Ukraine lets us off the hook. To say that the only solution is a complete and total humiliation of Russia is dangerous.

That might have worked in the 20th century. But technology has changed. People have changed. The world has grown older if not wiser. Russia has found access to advanced technology despite the sanctions.

Russia also has friends that can help them and support them in its war effort in ways that America or Europe can do little about. There is still a great deal of uncertainty about what Russia has and what it can deliver to the war.

I believe that there is greater certainty in negotiating for peace than in escalating the war. Every time I bring this up, I get the same refrain in reply: once we have defeated Russia, we can talk about negotiations.

If you defeat Russia and disarm it, a power vacuum will be created, and we have no way of knowing who or what will move into the vacuum to restore the power. Human power. Unpredictable human power. You know, like Afghanistan. We came, we fought, and we left Afghanistan with greater suffering than before.

Some people think it’s just Putin’s war. He wants it all back to the way it was in 1991. If only we got rid of Putin…

Eliminating Putin will very likely give rise to passionate and political insurgencies with lots and lots of guns. God knows what they will do if they get their hands on nuclear weapons in Russia.

At least if you start negotiating for peace now, you bring the temperature down. You allow cooler heads to prevail. When negotiations begin, both sides can air their complaints. Both sides can declare what it is that they really want and see if the other side can deliver. At least in negotiations, both sides are talking to each other.

You won’t have that if you escalate the war. And if you annihilate Russia’s army, as some have expressed a desire to do, you don’t really get the full picture in negotiations. If one side has an overwhelming victory, the other side will never be heard for fear of reprisal. Resentments will simmer for generations.

Starting negotiations now, before either side has declared victory, or either side has been completely destroyed, will allow enough room for both sides to air their grievances, and make their desires known. That’s information. That information can lead to greater certainty about future events.

Nothing says commitment better than making a clear statement about what one truly desires. Once we make our desires known, we commit to them. You can’t have that kind of certainty in an escalating war. You won’t get that kind of commitment in a war that could soon widen to engulf Europe.

So go on, tell me how we’re going to escalate the war. Tell me how we’re going to defeat Russia. We’re ten months into it now. All those predictions about how Russia is going to run out of weapons, run out of missiles, run out of men, seem to be off a bit. That’s uncertainty.

Start negotiations now and peace could be a thing by spring.

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quinta-feira, 4 de maio de 2023

Zelensky pede um Nuremberg para Putin - Alexandra Sharp (Foreign Policy)

 Putin merece um Nuremberg só seu.

Opportunities in a new Global Reality - Americas Society, Council of the Americas

A realidade pode ser nova, mas quem faz as oportunidades são os decisores nacionais em cada país.

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U.S. Trade Representative Katherine Tai and COA's Eric Farnsworth. (Image: Mark Finkenstaedt)

53rd Washington Conference on the Americas: Opportunities in a New Global Reality

Held in partnership with the State Department and for the first time at the OAS, the conference convened top U.S. government officials and Latin American leaders to talk trade, energy, and democracy. Learn more.

Americas Quarterly's New Issue: What Lula Means for Latin America's Role in the World

The magazine’s latest edition explores how President Lula’s global status could benefit the Americas, even while he may face domestic difficulties. Read about the issue and access articles.

Lula’s Opportunity to Lead the Region

Susan Segal | Americas Quarterly
Brazil’s president is in a unique position to direct the region toward an integrated and productive future, writes AS/COA’s president. Read the article.


Under Lula, Brazil Can Take On Regional Leadership. Will It?

Oliver Stuenkel | Americas Quarterly
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Petro’s Cabinet Purge: Ocampo Out

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Colombia's President Gustavo Petro has asked his entire Cabinet to resign as his administration faces its most serious ministerial crisis to date. Read reactions from top Colombia observers.
 

Explainer: The Impeachment Challenge Facing Ecuador's Guillermo Lasso

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