PRA: começo pelo final, transcrevendo apenas os titulos originais doslivros examinados criticamente por Helga Hoffmann em seulongo artigo para a revista Politica Externa, quejá não existe mais (mas que Rogerio Farias scannerizou completamente, embora não tenha obtido autorização para divulgar). Depois da chamada dos livros, todo o resto do texto é da Helga Hoffmann.
Bibliografia
The Short American Century: A Postmortem - Andrew J. Bacevich (ed) - Harvard University Press, 2013, 287 pp.;
That Used to Be US: How America Fell Behind in the World in Invented and How We Can Come Back – Thomas L. Friedman and Michael Mandelbaum - Ferrar, Straus and Giroux, Nova York, 2011, 381 pp.;
When the Money Runs Out: The End of Western Affluence – Stephen D. King - Yale University Press, London, 2014, 416 pp.;
The Next Convergence: The Future of Economic Growth in a Multispeed World – Michael Spence - Ferrar, Straus and Giroux, Nova York, 2011, 296 pp.;
The Growth Map: Economic Opportunity in the BRICs and Beyond – Jim O‘Neill - Portifolio/Penguin, Nova York, 2011, 248 pp.;
When China Rules the World: The End of the Western World and The Birth of a New Global Order – Martin Jacques - Penguin Books, Nova York, 2012, 2a ed. 812 pp.
ESTA MATÉRIA FAZ PARTE DO VOLUME 23 Nº1 DA REVISTA POLÍTICA EXTERNA
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Helga Hoffmann rules:
NÃO É VERDADE QUE SÃO OS CHINESES OS QUE FALAM EM DECLÍNIO AMERICANO. ALIÁS, NÃO HOUVE DECLINIO. O QUE ACONTECEU É QUE OUTROS SE DESENVOLVERAM, SOBRETUDO NA ÁSIA. E AÍ HENRY KISSINGER, RECENTEMENTE, TEVE QUE LEMBRAR AOS AMERICANOS QUE O MUNDO NÃO É APENAS EUROPA E ESTADOS UNIDOS
Discursos prematuros sobre o fim do século americano
por Helga Hoffmann
A onda “declinista” trouxe esses 6 livros e ensaios sobre o ocaso do Ocidente.
The Short American Century: A Postmortem - Andrew J. Bacevich (ed)
That Used to Be US: How America Fell Behind in the World in Invented and How We Can Come Back - Thomas L. Friedman and Michael Mandelbaum
When the Money Runs Out: The End of Western Affluence - Stephen D. King
The Next Convergence: The Future of Economic Growth in a Multispeed World - Michael Spence
The Growth Map: Economic Opportunity in the BRICs and Beyond - Jim O‘Neill
When China Rules the World: The End of the Western World and The Birth of a New Global Order - Martin Jacques
É hora de abandonar a falsa ideia de que estamos apenas passando por um breve revés cíclico.
Stephen D. King, de Londres, em 2013
A onda “declinista” que trouxe esses livros e ensaios sobre o ocaso do Ocidente talvez tenha amainado, mas, como disse Samuel Brittan, do Financial Times, “zilhões de palavras… ainda terão que ser escritas à medida que os governos ocidentais sejam responsabilizados pelas proporções cada vez menores de suas próprias economias”.[1] Aqui, uma amostra parcial. Na esteira da Grande Recessão de 2007-2009, o ruído foi forte, títulos ou subtítulos escolhidos para assustar: O fim do mundo ocidental (M.Jacques), O curto século americano: uma autópsia (Bacevich et al.), Era uma vez USA (T.L.Friedman), O fim da afluência ocidental (S.D.King). Os livros de títulos menos alarmantes puseram o foco na recente convergência entre países avançados e países em desenvolvimento e no avanço de economias emergentes como oportunidade de investimento, para além dos BRICS, dando as boas-vindas a um mundo multipolar (Jim O’Neill) e à difusão do crescimento econômico do ocidente industrializado para o resto do mundo (M. Spence).
Cada um dos autores, de uma maneira ou de outra, chega à China, com maior ou menor grau de ansiedade, preconceito ou pragmatismo.
O colunista Thomas Friedman, com seu habitual estilo de contador de casos e de frases retumbantes, avisa desde o primeiro parágrafo: “Este é um livro sobre a América que começa na China”. E passa a descrever, deslumbrado, sua viagem de Beijing a Tianjin, para uma conferência do World Economic Forum: a ultramoderna estação Beijing South Railway Station, suas paredes de vidro, seu teto provedor de energia solar, o trem bala que cobre a distância de 115 km entre as duas cidades em apenas 29 minutos, o centro de convenções em Tianjin e suas gigantescas escadas rolantes em cada canto, 230 mil metros quadrados construídos em meros oito meses.
Cena seguinte: a estação Bethesda do metrô de Washington, D.C., duas pequenas escadas rolantes em reparos durante seis meses, os tapumes trazendo tremenda confusão na hora dorush. E depois disso 16 capítulos de crítica alarmada (e/ou alarmista), com inúmeras historietas, comentários de filmes e de histórias em quadrinhos, a nos convencer do seu diagnóstico e de suas soluções: “Nosso problema não é a China, e nossa solução não é a China, nosso problema somos nós”.[2]
Está tudo errado, cf. Friedman: os americanos têm atitude de avestruz, evitam ver seus problemas e esquecem sua história, do tempo em que tinham motivação e ética do trabalho, e assumiam riscos; falta inovação, a educação não prepara trabalhadores para pensar criticamente e tem prioridades erradas. Como alguém que nota a variedade das atividades curriculares e extracurriculares a que são submetidos os estudantes nos Estados Unidos e acha que elas causam estresse, Friedman se desespera: “Estresse? Estresse é o que você vai sentir quando não conseguir entender o sotaque chinês do seu primeiro chefe depois de terminar a faculdade, no único emprego que lhe for oferecido. Aí que será estresse”. (p. 132)
Friedman acha que cada um tem que criar seu próprio emprego, seu próprio projeto, pois não mais será possível encontrar emprego seguro nas empresas; que os Estados Unidos já não têm mais condições de arcar com os atuais gastos militares nem seguir com suas emissões de poluentes; o endividamento é insustentável e também a extrema polarização política. E de novo se desespera: “Como isso aconteceu? Nosso sistema político se tornou paralisado e sofreu erosão nosso sistema de valores”. As medidas que propõem esses autodeclarados “otimistas frustrados” não guardam proporção com o alarma: a conclamação altissonante para restaurar orgulho e valores do passado é de uma terapia de choque para o sistema político e a educação.
Mesmo assim, Friedman e Mandelbaum são mais específicos que Michael Spence que, depois de dividir o Nobel de Economia com Stiglitz e Akerlof em 2001, achou de bom alvitre tratar de todos os problemas dos países desenvolvidos e em desenvolvimento na globalização. Exemplo de sua cautela é uma platitude como a de que o crescimento de longo prazo no mundo vai depender de os países emergentes administrarem seu próprio sucesso e de a economia global poder acomodar esse sucesso. Não há como discordar. Menos adepto do laissez faire que economistas americanos em geral, desemboca na necessidade de políticas públicas, mas pouco consegue especificar além do diagnóstico de que a “governança internacional” atrasou em relação ao novo panorama mundial, de que há descasamento entre as “estruturas de governança” e o aumento de interconexão e interdependência em um “mundo de velocidades múltiplas”.
A crítica que está em Friedman e Mandelbaum também aparece em King, mas sem linguagem sensacionalista, e seu foco é política econômica. É homem prático, do mundo financeiro, mas participa do debate público (inclusive em comissão do Parlamento britânico) sobre como lidar com a estagnação dos anos recentes. Sua análise dos limites dos incentivos é a mais direta, a mais rica em fatos, sem reverência a celebridades da análise econômica acadêmica. Concentra-se no que o Ocidente, sobretudo os Estados Unidos e a Zona do Euro, podem fazer eles próprios para enfrentar “distopia” e o fim da afluência.
“Distopia”, no caso, remete a “fraquezas sistêmicas”, a “desequilíbrios de longo prazo”, mas também a “ilusões abaladas”. Não é bem antônimo de utopia. Utopias em geral podem ser lidas como condenação da cultura existente ou ao menos sinal de inquietude com as normas e práticas vigentes, podendo a profecia ser uma artimanha para atacar a realidade atual. A distopia de King tem a crítica do presente, mas, sendo negativas as tendências que identifica, o mundo presente é uma utopia se comparado com o futuro arruinado por aqueles que seriam hoje os responsáveis pelos desenvolvimentos futuros. “Distopia” é a sociedade a que se chegará no futuro, como lógica extensão de hoje, uma sociedade descrita como declinante, instável, conflituosa, e perigosa. Isso se nada se fizer no presente para sua correção, que é mais que tudo conseguir confiança suficiente para, de comum acordo, reduzir as assimetrias na economia internacional e dentro de cada país.
Parece que a China não é propriamente parte da “distopia” que King quer evitar, mesmo porque ele tem experiência prática no sistema financeiro internacional e é bastante pragmático para não pretender determinar a política econômica chinesa. Suas referências à China são esparsas e factuais, no contexto de uma etapa de crescimento da economia global em que as fronteiras entre países foram se rompendo, de tal modo que a demanda e a poupança chinesas afetam os preços e o consumo no mundo ocidental. Já aponta entre as tendências a de que a China seria a maior economia do mundo (o que se confirma). Vale registrar que até agora a China vem surpreendendo os que ousaram previsões. Goldman Sachs sugeriu, em 2007, que a economia chinesa ultrapassaria a economia americana em 2027. Martin Jacques reviu essa previsão e adiantou esse ano para 2018. Veio antes, mas esse número não é o que mais importa no seu estudo da China.
A crise de 2007-2009 agravou os desequilíbrios; mas, segundo King, o crescimento dos países ocidentais havia desacelerado bem antes e essa tendência tão cedo não vai passar. Esse diagnóstico retira relevância ao debate do qual ele participa, e que prossegue, entre os que querem conter a crise com estímulos e os que recomendam austeridade. Na verdade, promete austeridade para sempre: as sociedades avançadas terão que aceitar que seu padrão já não pode melhorar continuamente como no passado.
Costuma-se colocar o início do Século Americano no fim da Segunda Guerra Mundial. Naquele momento, os Estados Unidos tinha o monopólio de armas nucleares, ainda que isso não tenha durado muito tempo; tinha a maior Marinha do mundo e uma maciça Força Aérea de longo alcance. Tinha metade da capacidade manufatureira do mundo e proporção semelhante da capacidade de carga do transporte marítimo. Detinha o grosso das reservas de ouro e de moeda estrangeira. Era a única economia industrial avançada do globo que permanecera intacta, enquanto a guerra havia devastado todas as demais nações beligerantes, inclusive os vencedores da guerra junto com os Estados Unidos, a União Soviética e a Grã-Bretanha. E era o principal produtor e um grande exportador de petróleo.
Na verdade, o “Século Americano” começa antes da Segunda Guerra. A expressão apareceu pela primeira vez em 17 de fevereiro de 1941 como título de um longo editorial meio escondido na então popular revista Life, em que o poderoso jornalista Henry R.Luce, editor da revista, defendeu o apoio integral dos Estados Unidos à Grã-Bretanha em guerra. Os dois primeiros capítulos de The Short American Century examinam o editorial de Life, o que a revista mostrava do cotidiano, a pregação de Luce para que os Estados Unidos entrasse na guerra, opondo-se às políticas isolacionistas de um país que havia completado em 1940 onze anos em recessão e onde o desemprego ainda rondava 15%.
A maneira como os Estados Unidos participaram da guerra, em boa medida correspondeu à promessa de Roosevelt a Churchill, de que pretendia ser “o grande arsenal da democracia”. Com a estratégia militar de participar da guerra sobretudo do ar, explorou-se o domínio industrial e científico dos Estados Unidos fornecendo bombardeiros e munição. Baniu-se a depressão, caíram barreiras ao comércio e à imigração. Segundo David M. Kennedy, um membro da Academia Americana de Artes e Ciências (Bacevich, capítulo 2), o ativo mais tangível que os Estados Unidos trouxeram para a coalizão na Segunda Guerra Mundial foi a capacidade de sua indústria. Os dados reunidos por ele sobre as perdas militares e os danos econômicos mostram a verdade no amargo comentário de Josef Stalin, de que os Estados Unidos decidiram a guerra com dinheiro americano, máquinas americanas e homens russos. Participação em uma guerra e o aumento simultâneo de bem-estar dentro do país foi um caso único dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial.
O grupo de nove laureados historiadores que Bacevich reuniu em The Short American Century mostra como os Estados Unidos chegaram ao auge do poderio e o quanto influenciaram o mundo por seu estilo de vida, sua cultura, seu predomínio nas organizações internacionais em paralelo ao desmoronamento dos impérios coloniais, seu intervencionismo militar, suas transnacionais, e até suas fantasias e fantasmas.
Cada tema é um capítulo, em que o entusiasmo vai cedendo lugar à desolação: a criação do sistema de organizações internacionais do pós-guerra, de San Francisco a Bretton Woods, o surgimento da sociedade de consumo; raça e democracia; os detalhes das guerras em que se envolveram os Estados Unidos, ao lado de uma crítica devastadora das intervenções militares e, sobretudo das ideias subjacentes, como a de que “a história está do nosso lado; todo mundo quer ser como nós” ou a de que “força é às vezes necessária” (capítulo 5); de como uma “americanização do mundo” foi a outra face de uma “globalização da América”, para mal ou para bem, provendo as bases para a ideia de que o sucessor do curto Século Americano não será um Século da China (ou outro qualquer), e sim, um longo século transnacional (capítulo 6); a globalização e seu impacto sobre as instituições internacionais, tornadas mais democráticas, e ao mesmo tempo mais imprevisíveis, à medida que já não há um só país capaz de determinar o futuro da ordem econômica mundial; finalmente, dois capítulos sobre a desilusão do Século Americano, que, tudo revelado e quantificado, só existiu como título espetacular.
No panfleto de 1941 em que se originou a expressão, Henry Luce prometia o melhor dos mundos: os Estados Unidos seria beneficente em suas ações, “o bom samaritano do mundo inteiro”, e lucraria em consequência. Isso jamais chegou a se concretizar dessa maneira. Mas os americanos continuaram presos a essa ilusão, mesmo depois das decepções e danos causados e sofridos por suas aventuras militares em várias partes do mundo.
A crítica dos historiadores Walter LaFeber e Eugene McCarrher (in Bacevich, capítulos 8 e 9) às atividades internacionais dos Estados Unidos, e sobretudo ao ideário em que se apoiam, não poderia ser mais arrasadora. Há inclusive um desmascaramento das posições ulteriores de Henry Luce e suas publicações, e do discurso de políticos contemporâneos. Aliás, Thomas Friedman não escapa de comentários sarcásticos por sugerir aos seus leitores que uma sociedade global saudável precisa ter como modelo os Estados Unidos.
Em todo caso, não há nostalgia entre os autores reunidos por Bacevich. Somente americanos poderiam ter escrito uma crítica tão dura e indignada de uma retórica de restauração de glórias que ainda tem força em seu próprio país. Para eles, não passa de miopia e escapismo pretender prolongar o imaginado “Século Americano”, ao defender que os Estados Unidos sejam um paradigma para o mundo, mantendo a velha ilusão (cada vez mais tênue) de que os americanos são o topo do mundo e podem dirigir o curso da história mundial. Sua “missão redentora” é ficção e ilude-se quem tem esperança de que suas intervenções militares poderão ser rápidas, baratas e indolores, como se não houvesse alternativa entre declínio pacífico e guerras sucessivas. Mais cedo ou mais tarde os americanos terão que deixar de sanitizar sua história, vencer a nostalgia, e embarcar em uma jornada na qual já não controlam a paisagem.
No fim, quem ficar curioso sobre o que será do mundo sem o predomínio geral dos Estados Unidos poderá enfrentar a análise fascinante e minuciosa de Martin Jacques, Quando a China dominar o mundo (só de Notas e Bibliografia são 137 páginas). Aqui o longo prazo não é o pós-guerra, o longo prazo é chinês, chega até o começo do cultivo de arroz na China há 12.000 anos, e da formação dos atuais limites territoriais da China do quinto ao primeiro século antes de Cristo. A China chegou a ser a sociedade mais urbanizada do mundo no fim do século XIII e a maior nação marítima no século XV. Jacques quer entender por que a Revolução Industrial aconteceu na Grã-Bretanha, e por que a China ficou para trás desde meados do Século XIX, se há fatores específicos para que ela não pudesse ter ocorrido na China, pois as regiões mais avançadas da China, em particular o delta de Yangzi, no fim do século XVIIII, tinham situação similar às mais avançadas do noroeste da Europa.
O livro de Jacques não abarca só a economia e as empresas, mas aborda o mundo das ideias, a tradição que começa com Confúcio, cultura, política, as percepções sobre nacionalidade e unidade, as relações entre Estado e sociedade, as características peculiares da educação e do funcionalismo público, preocupações ambientais e até a imensa diáspora chinesa. Tudo isso nos dias de hoje e ao longo dos séculos. Ele observa que as relações entre China e Estados Unidos foram tão desiguais por tanto tempo que será muito difícil para americanos se ajustarem à ideia de que têm que tratar a China como igual.
Martin Jacques não tem medo da China. É certo que suas previsões sobre “um novo tipo de mundo” que não será necessariamente “ocidentalizado” são polêmicas. Há os céticos, para quem parte do crescimento recente da China foi “miragem”, e previsões catastróficas de ruptura de um equilíbrio político frágil também existem. Mas essa já é outra discussão.
“Declinistas” deram uma trégua quando o resvaladouro na Europa parecia estabilizar, o crescimento na China desacelerou, a economia americana mostrou sinais de recuperação. Os Estados Unidos da América ainda é o país mais poderoso do mundo, como reconhecem os autores desta amostra. São diversos os seus relatos, interpretações, e simpatias, mas apontam para o mesmo: se é que existiu um curto Século Americano, aquele momento passou. Bacevich não deixa dúvidas: “O que vem daqui pra diante pode não estar bem claro, porém uma volta ao auge da supremacia política, econômica e militar dos Estados Unidos não figura entre as alternativas prováveis”.
Julho de 2014
Notas
[1] The Decline of Western Dominance, Financial Times, 3 de janeiro de 1913.
[2] O inglês permite um jogo linguístico entre “us” (nós mesmos) e US (United States), como no título do seu livro.↑
Bibliografia
The Short American Century: A Postmortem - Andrew J. Bacevich (ed) - Harvard University Press, 2013, 287 pp.;
That Used to Be US: How America Fell Behind in the World in Invented and How We Can Come Back – Thomas L. Friedman and Michael Mandelbaum - Ferrar, Straus and Giroux, Nova York, 2011, 381 pp.;
When the Money Runs Out: The End of Western Affluence – Stephen D. King - Yale University Press, London, 2014, 416 pp.;
The Next Convergence: The Future of Economic Growth in a Multispeed World – Michael Spence - Ferrar, Straus and Giroux, Nova York, 2011, 296 pp.;
The Growth Map: Economic Opportunity in the BRICs and Beyond – Jim O‘Neill - Portifolio/Penguin, Nova York, 2011, 248 pp.;
When China Rules the World: The End of the Western World and The Birth of a New Global Order – Martin Jacques - Penguin Books, Nova York, 2012, 2a ed. 812 pp.
ESTA MATÉRIA FAZ PARTE DO VOLUME 23 Nº1 DA REVISTA POLÍTICA EXTERNA
NEW YORK – Russia’s war against Ukraine has not gone as planned, to say the least. And now Yevgeny Prigozhin, the chief of the private military company Wagner Group, is escalating his public attacks on Russia’s military. At a time when the Kremlin is aggressively suppressing dissent, how does he get away with it?
Since launching his “special military operation” in February 2022, President Vladimir Putin has claimed to be pursuing a variety of objectives. After initially seeking the “denazification” and “demilitarization” of all of Ukraine (by seizing control of it), he aimed to “liberate” the eastern Donbas region. He has also spoken of defending Russia’s “historical frontiers” and insists that the West forced him to attack Ukraine.
These rhetorical shifts reflect battlefield dynamics – in particular, Russian forces’ repeated setbacks, mistakes, and miscalculations. Simply put, Putin is attempting to save face. But Prigozhin – on whom Putin has become increasingly dependent for battlefield victories – is not making it easy.
In a wide-ranging interview with the pro-Kremlin political blogger Konstantin Dolgov, published on May 24, Prigozhin railed against the special military operation. Instead of denazifying Ukraine, he noted, Russia made it “world famous.” And far from “demilitarizing” Ukraine, Russia militarized it: “If [the Ukrainians] had 500 tanks before, now they have 5,000. If 20,000 fighters were skillful then, now it’s 400,000.”
Prigozhin pinned the blame squarely on Russia’s elites, particularly senior military leaders, accusing them of lack of commitment to the war. And he warned that ordinary Russians, increasingly frustrated with the lack of progress, could revolt. The only solution, in his view, is to escalate the war effort, declare martial law, and launch “a new wave of mobilization.” Otherwise, “we could piss Russia away.”
Prigozhin is not wrong to question the commitment of Russia’s elites to the war effort. In early June, Konstantin Zatulin, State Duma deputy of Putin’s United Russia party, conveyed a similar sentiment – that “many goals of the operation have lost meaning… there is no result.” He insists that Russia needs to regroup and push on, but his comments expressed bewilderment at what is going on at the top of the Kremlin. Virtually the entire cabinet – including Defense Minister Sergei Shoigu, a favorite target of Prigozhin – would prefer to avoid further escalation, and the military may well be devising strategies to that end.
This is a pragmatic decision. Most of Russia’s ruling class believe that it is hard for Russia to “win” the war. The more it fights the more Russia could turn into a kind of North Korea, a country willing to sacrifice everything – living standards, security, even sovereignty, as the country becomes ever more dependent on a China that covets its resources – to satisfy its leader’s obsessions.
But Prigozhin is just fine with that outcome. He wants Russians to give up material comforts (never mind the huge sums he makes from the war) in the name of the mythical “unique country-civilization” that Russia and the broader Russkiy mir (Russian world) represent. In his view, the refusal of Russian elites fully to embrace jingoism is indefensible, especially in the face of rising civilian deaths from Ukrainian attacks on Russian territory. And he is not alone.
Relentless propaganda may not have convinced ordinary Russians to join the war effort, but it has fueled their rage. When I was in Moscow in January, one could freely express displeasure with the Kremlin – at least in relatively private social settings. Now, as in the Stalin era, enemies are everywhere. Friends and neighbors report on each other, and café workers eavesdrop on their customers.
Some of these enraged Russians are beginning to see enemies everywhere, and would no longer mind full militarization of Russia’s political and economic system. They are still pro-Putin, but as the war drags on, they increasingly doubt his might. So, is the revolt Prigozhin envisions – and appears to desire – becoming more likely?
To answer that question, one must consider Prigozhin’s influence, which rests on the Wagner Group’s fearsome record of battlefield victories and atrocities. Furious Russians may also be drawn to his ruthless rhetoric (“a dog receives a dog’s death,” he said of a video showing the execution by sledgehammer of a former Wagner mercenary who had switched sides in Ukraine).
The fact that Prigozhin can criticize the war effort without consequences – his interlocutor, Dolgov, was fired over the interview – only augments his mystique. In Saint Petersburg, his native city, one can take a guided tour of Nabokov’s or Pushkin’s Petersburg, and now of Prigozhin’s.
But Prigozhin is not using this influence to challenge Putin. On the contrary, when he attacks Russia’s military and political elites, he draws attention away from the man at the top. And, ultimately, Putin probably agrees with much of Prigozhin’s stance. After almost a quarter-century in power, Putin has no capacity to lead a revolution on the ground. But the war in Ukraine – and his often-unhinged rhetoric – have shown that he is an instigator at heart.
Prigozhin is outside the system, but the system is what he serves. In this sense, he is much like Grigori Rasputin, the “mystic monk” who befriended – and strongly influenced – Russia’s last imperial family, the Romanovs, before the 1917 revolution. In both cases, the state lacked coherence, and the man in charge failed to display adequate leadership, even as he dispensed orders. Fringe elements emerged to fill the void, not by attempting to guess what the boss wanted and executing it, but by establishing themselves as forces to be reckoned with – all against a backdrop of popular fury.
Putin might identify with Prigozhin and appreciate the Wagner Group’s contributions to the effort to destroy Ukraine. But he must understand that Prigozhin’s independence, boldness, and ambition subvert the social quiescence that is essential to the regime’s survival. Rasputin came to a grisly end after making himself the target of a decadent elite. Prigozhin could be on a similar path.
Nina L. Khrushcheva, Professor of International Affairs at The New School, is the co-author (with Jeffrey Tayler), most recently, of In Putin’s Footsteps: Searching for the Soul of an Empire Across Russia’s Eleven Time Zones (St. Martin's Press, 2019).