O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

A economia brasileira segundo os dados oficiais - Ricardo Bergamini (IBGE, BCB, etc.)

 Somente o saber e o conhecimento serão capazes de demolir o extremismo de esquerda ou de direita (Ricardo Bergamini)

 

Prezados Senhores

 

Sejam de esquerda ou de direita: todos vão pagar a conta pelo estado de putrefação econômica, social, política e ética do Brasil. Cada um que escolha o culpado de sua preferência, com base nos indicadores abaixo. 

 

Indicadores macroeconômicos do Brasil, sem ideologia

 

Base: Setembro de 2023

1 - Efeito do Depósito Compulsório e dos Créditos Subsidiados na Taxa de Juros de Mercado (BCB)

Em setembro de 2023, o custo médio de rolagem da dívida interna da União, em poder do mercado, foi de 11,15% ao ano, e ninguém consegue explicar o motivo pelo qual a taxa média de mercado do crédito livre, no mês de setembro de 2023, estava em 43,3% ao ano, ou seja: 3,88 vezes maiores. Ficando a impressão de que os bancos são os ladrões dessa fortuna, quando na verdade é o próprio governo.

2 - Estoque da Dívida Líquida da União (ME)

Em 2010, o estoque da dívida líquida da União (interna mais líquida externa) era de R$ 2.388,0 bilhões (61,46% do PIB). Em dezembro de 2018 era de R$ 5.671,4 bilhões (80,97% do PIB). Crescimento real em relação ao PIB de 31,74%, comparativamente a dezembro de 2010. Em dezembro de 2022, migra para R$ 8.106,8 bilhões (81,77% do PIB). Aumento real em relação ao PIB de 0,99%, comparativamente a dezembro de 2018. Em setembro de 2023 migra para R$ 8.347,4 bilhões (79,94% do PIB). Redução real em relação ao PIB de 2,24%, comparativamente a dezembro de 2022.

3 - Estoque da Divida Consolidada do Governo Geral – Governo Federal, o INSS e os governos estaduais e municipais (BCB) 

 

Em 2010 o estoque da dívida do governo geral consolidada era de R$ 2.011,5 bilhões (55,0% do PIB). Em dezembro de 2018 era de R$ 5.272,0 bilhões (76,7% do PIB). Crescimento real em relação ao PIB de 39,45%, comparativamente a 2010. Em dezembro de 2022 migra para R$ 7.224,8 bilhões (73,5 % do PIB). Redução real em relação ao PIB de 4,17% comparativamente a 2018. Em setembro de 2023 migra para R$ 7.828,2 bilhões (74,4% do PIB). Crescimento real em relação ao PIB de 1,22%, comparativamente a 2022.

 

4 - Taxa de Investimento (IBGE)

No 2º trimestre de 2014, a taxa de investimento foi de 21,1% do PIB. No 2º trimestre de 2023, a taxa de Investimento foi de 17,2% do PIB. Redução de 18,48% em relação ao PIB.

 

5 - Taxa de Poupança (IBGE)

 

No 2º trimestre de 2021, a taxa de poupança bruta foi de 20,5% do PIB. No 2º trimestre de 2023, a taxa de poupança foi de 16,9% Redução de 17,56% em relação ao PIB. 

 

6 - IPCA (IBGE)

Em setembro de 2023, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,26%, 0,03 ponto percentual (p.p.) acima da taxa de agosto (0,23%). No ano, o IPCA acumula alta de 3,50% e, nos últimos 12 meses, de 5,19%, acima dos 4,61% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2022, a variação havia sido de -0,29%.

 

7 - IPP (IBGE)

Em setembro de 2023, os preços da indústria variaram 1,11% frente a agosto, segundo resultado positivo seguido. Houve alta de preços em 13 das 24 atividades industriais. O acumulado no ano foi de -5,43%, o menor para um mês de setembro desde o início da série, em 2014. O acumulado em 12 meses ficou em -7,92%.

 

8 - Saldo de Caixa em Moedas Estrangeiras (BCB)

 

Saldo de caixa em moeda estrangeira em setembro de 2023 era de US$ 340,3 bilhões, e a dívida externa bruta em moeda estrangeira de US$ 712,1 bilhões. Com saldo devedor de US$ 371,8 bilhões. 

 

Caso seja utilizado o saldo de caixa, aumentará a dívida líquida da União. 

 

9 - Pesquisa Mensal de Comércio (IBGE)

 

Em setembro de 2023, o volume de vendas do comércio varejista ficou -1,5% abaixo do nível recorde da série ocorrida em outubro de 2020.

 

Em setembro de 2023, o volume de vendas do comércio varejista ampliado ficou -4,2% abaixo do nível recorde da série ocorrida em agosto de 2012.

 

10 - Variação do PIB (IBGE)

O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,9% no segundo trimestre de 2023, ante o trimestre anterior, na série com ajuste sazonal. Frente ao mesmo trimestre de 2022, o PIB cresceu 3,4%. No acumulado dos quatro trimestres terminados em junho de 2023, o PIB cresceu 3,2%, ante os quatro trimestres imediatamente anteriores. No semestre, a alta acumulada foi de 3,7%.

 

11 - Pesquisa Industrial Mensal (IBGE)

Em setembro de 2023, a produção industrial nacional variou 0,1% frente a agosto, na série com ajuste sazonal. Em relação a setembro de 2022, na série sem ajuste sazonal, houve alta de 0,6%. O acumulado no ano foi de –0,2% e o acumulado em 12 meses apresentou variação nula (0,0%).

 

12 - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (IBGE)

 

Base: Trimestre encerrado em setembro de 2023

 

Resumo do estudo:

 

1 - A população desocupada (8,3 milhões) recuou 3,8% (menos 331 mil pessoas) no trimestre e 12,1% (menos 1,1 milhão de pessoas) no ano. Foi o menor contingente desde o trimestre móvel encerrado em maio de 2015 (8,3 milhões).

 

2 - A população fora da força de trabalho (66,8 milhões) ficou estável frente ao trimestre anterior e cresceu 3,2% (mais 2,1 milhões) ante o mesmo trimestre de 2022.

 

3 - A taxa de informalidade foi de 39,1% da população ocupada (ou 39,0 milhões de trabalhadores informais) contra 39,2% no trimestre anterior e 39,4% no mesmo trimestre de 2022.

 

4 - A população ocupada (99,8 milhões) chegou ao maior contingente desde o início da série histórica (1º trimestre de 2012), crescendo 0,9% no trimestre (mais 929 mil pessoas) e 0,6% (mais 569 mil pessoas) no ano. O nível da ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) foi estimado em 57,1%, crescendo 0,4 p.p. frente ao trimestre de abril a junho (56,6%) e ficando estável no ano.

 

5 - De um total de 175,0 milhões de pessoas em idade de trabalhar existem apenas 99,8 milhões de pessoas ocupadas, sendo 39,0 milhões de pessoas na informalidade, ou seja: o Brasil possui apenas 60,8 milhões de cidadãos, sendo apenas 36,0 milhões de declarantes do imposto de renda, o resto são miseráveis dependentes de esmolas.

 

13 - Política Fiscal (BCB)

 

No acumulado em doze meses até dezembro de 2022, registrou-se superávit fiscal primário de R$ 126,0 bilhões (1,28% do PIB), No acumulado em doze meses até setembro de 2023, registrou-se déficit fiscal primário da ordem de R$ 101,9 bilhões (0,97% do PIB), Redução real em relação ao PIB de 175,78%, comparativamente ao acumulado em doze meses até dezembro de 2022. 

 

No acumulado em doze meses até dezembro de 2022, os juros nominais alcançaram R$ 586,4 bilhões (5,96% do PIB). No acumulado em doze meses até setembro de 2023, os juros nominais alcançaram R$ 699,7 bilhões (6,65% do PIB). Aumento real em relação ao PIB de 11,58%, comparativamente ao acumulado em doze meses até dezembro de 2022.

 

No acumulado em doze meses até dezembro de 2022, o déficit fiscal nominal alcançou R$ 460,4 bilhões (4,68% do PIB). No acumulado em doze meses até setembro de 2023, o déficit fiscal nominal alcançou R$ 801,6 bilhões (7,62% do PIB). Aumento real em relação ao PIB de 62,82%, comparativamente ao acumulado em doze meses até dezembro de 2022.

 

14 - Política Monetária (BCB)

 

Em setembro de 2023 o volume de operações de crédito foi de R$ 5.575,9 bilhões (53,0% do PIB), sendo: 

            

- 58,89% do total - R$ 3.283,7 bilhões (31,2% do PIB) com recursos livres com juro médio de 43,3 % ao ano. 

 

- 41,11% do total – R$ 2.292,2 bilhões (21,8 % do PIB) com recursos direcionados concedidos por bancos públicos (CAIXA, BB, BNDES) com juro médio de 11,1% ao ano. 

 

A taxa média de juros das operações contratadas em setembro de 2023 alcançou 30,5% a.a.

 

15 - Pesquisa Mensal de Serviços (IBGE)

 

Em setembro de 2023, o volume de serviços no Brasil decresceu 0,3% frente a agosto, na série com ajuste sazonal. O setor de serviços se encontra 10,8% acima do nível de fevereiro de 2020 (pré-pandemia) e 2,6% abaixo de dezembro de 2022 (ponto mais alto da série histórica). Frente a setembro de 2022, na série sem ajuste sazonal, o volume de serviços recuou 1,2%, interrompendo uma sequência de 30 taxas positivas. O acumulado no ano chegou a 3,4% frente a igual período de 2022. O acumulado em 12 meses recuou de 5,3% em agosto para 4,4% em setembro. 

 

16 - Balanço de Pagamentos (BCB)

 

Série história do saldo das transações correntes com base na média/ano foi como segue: Governo FHC (1995/2002) – déficit de US$ 23,4 bilhões = -3,31% do PIB; Governo Lula (2003/2010) – déficit de US$ 6,6 bilhões = -0,52% do PIB; Governo Dilma/Temer (2011/2018) – déficit de US$ 48,2 bilhões = -2,20% do PIB; Governo Bolsonaro (2019/2022) - déficit de US$ 36,8 bilhões = -2,15% do PIB; Governo Lula (setembro de 2023) – déficit de US$ 39,8 bilhões = -1,92% do PIB.

17 - Movimentações Financeiras das Contas Externas do Brasil (BCB)

 

De 1995 até 2002 (FHC) o Brasil gerou uma saída líquida (fuga) de US$ 22,2 bilhões; de 2003 até 2010 (Lula) o Brasil gerou uma entrada líquida (captação) de US$ 210,5 bilhões; de 2011 até 2018 (Dilma/Temer) o Brasil gerou uma entrada líquida (captação) de US$ 65,7 bilhões; de 2019 até 2022 (Bolsonaro) o Brasil gerou uma saída líquida (fuga) de US$ 71,4 bilhões. Até setembro de 2023 (Lula) houve entrada líquida (captação) de US$ 20,6 bilhões.

 

18 – Relatório Bimestral de Receitas e Despesas (ME)

 

Na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2023, a previsão de crescimento econômico para o ano era de 2,50%. No 4º bimestre de 2023, a previsão de crescimento econômico migrou para 3,16%.

 

Na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2023, o resultado primário previsto foi de déficit para o ano de R$ 228,1 bilhões. No 4º bimestre de 2023, o resultado primário previsto para o ano migrou para déficit de R$ 141,4 bilhões.

 

19 – Principais indicadores de juros e inflação (IBGE/ME/BCB/FGV)

IPCA nos últimos doze meses, até setembro de 2023, foi de 5,19 % ao ano. 

 

IGPM nos últimos doze meses, até setembro de 2023, foi de -5,97% ao ano. 

 

IPP nos últimos doze meses, até setembro de 2023, foi de -7,96% ao ano (inflação dos produtores).

 

Taxa de juros SELIC, em setembro de 2023, foi de 12,75% ao ano. 

 

Taxa de juros de longo prazo (rolagem da dívida do governo), em setembro de 2023, foi de 10,58% ao ano.

 

Taxa de juros para devedores de segunda classe, em setembro de 2023, foi de 43,3% ao ano. 

 

Taxa de juros para devedores de primeira classe, em setembro de 2023, foi de 11,1% ao ano.

 

20 - Resultado Previdenciário Total da União (RGPS e RPPS)

Em 2018, gerou déficit previdenciário de R$ 287,5 bilhões (4,10% do PIB). Em 2022 migrou para déficit previdenciário da ordem de R$ 375,4 bilhões (3,82% do PIB). Redução real em relação ao PIB foi de 6,83%, comparado ao ano de 2018. Em setembro de 2023 migrou para déficit previdenciário de R$ 390,9 bilhões (3,74% do PIB).  Redução real em relação ao PIB foi de 2,09%, comparado ao ano de 2022.  

21 – Dívidas dos estados e municípios, não pagas, e honradas pela União (ME)

 

Até setembro de 2023, foi honrado pela União o montante de R$ 8,8 bilhões de dívidas, não pagas, dos estados e municípios, conforme quadro demonstrativo abaixo.

 

De 2016 até setembro de 2023, a União teve que honrar pagamento das dívidas, não pagas, dos estados e municípios, constantes do quadro demonstrativo abaixo, no montante de R$ 60,5 bilhões. 

 

Abaixo os quatro estados mais endividados, onde a DC (dívida consolidada) está maior do que a RCL (receita corrente líquida), quais sejam:

 

São Paulo com 162,3%.

 

Minas Gerais com 187,3%.

 

Rio Grande do Sul com 198,7%.

 

Rio de Janeiro com 222,7%.

 

22 - Diferença entre juros SELIC e juros de longo prazo (BCB)

 

Existe a taxa de juros SELIC divulgada periodicamente pelo Banco Central, destinada às operações de mercado de curto prazo, ou seja: é uma taxa de referência para um dia, que em setembro de 2023 estava em 12,75% ao ano.

 

A outra taxa de juros é a de longo prazo negociada, pelo Banco Central, com grandes investidores, que nos doze meses até setembro de 2023 foi de 10,58% ao ano. Sendo de 11,15% ao ano para a dívida interna em poder do mercado, e -1,86% ao ano para a dívida externa. 

 

Nos últimos doze meses, até setembro de 2023, os investidores tiveram um ganho real acima da inflação de 5,39% ao ano em seus investimentos no Brasil, ou seja, dentro da média de 2011/2022 que foi de 4,92% ao ano. 

 

23 -  Saldo da Balança Comercial (BCB)

 

Até setembro de 2023, o Brasil exportou US$ 252,9 bilhões e importou US$ 181,7 bilhões, gerando um saldo na balança comercial positivo para o Brasil de US$ 71,2  bilhões. Cabe lembrar que 44,52 % do saldo positivo foram obtidos com a China.

 

2 – Até setembro de 2023, o Brasil exportou para a China US$ 71,2 bilhões e importou US$ 39,5 bilhões, gerando um saldo na balança comercial positivo para o Brasil de US$ 31,7 bilhões.

 

3 – Até setembro de 2023, o Brasil exportou para os Estados Unidos US$ 26,6 bilhões e importou US$ 28,9 bilhões, gerando um saldo  na balança comercial negativo para o Brasil de US$ 2,3 bilhões.

 

4- Até setembro de 2023, o movimento corrente da balança comercial (exportações mais importações) caiu -5,3% em relação ao ano de 2022. Com redução das exportações em - 0,1% e queda das importações em -11,7%.

 

24 – IGPM (FGV)

 

Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) variou 0,37% em setembro, após queda de 0,14% no mês anterior. Com este resultado, o índice acumula taxa de -4,93% no ano e de -5,97% em 12 meses. Em setembro de 2022, o índice havia caído 0,95% e acumulava alta de 8,25% em 12 meses.   

 

25 - Composição do PIB Brasileiro (IBGE) 

No 2º trimestre de 2023, a composição do PIB foi como segue: R$ 214,0 (8,07%) na agropecuária; R$ 541,3 bilhões (20,42%) na indústria; R$ 1.560,1 bilhões (58,85 %) nos serviços e R$ 335,7 bilhões (12,66%) em impostos. Totalizando um PIB de R$ 2.651,1 bilhões (100,00%)

 

Conclusão: No 2º trimestre de 2023, 15,53% da composição do PIB são: impostos sobre produtos (12,66 %) e inflação pelo IPCA (2,87%).

 

Ricardo Bergamini

www.ricardobergamini;com;br

A TALE OF TWO TECHNOLOGY WARS: SEMICONDUCTORS AND CLEAN ENERGY - Otaviano Canuto (Policy Brief)

 Otaviano Canuto - Center for Macroeconomics and Development


Policy Brief:
A TALE OF TWO TECHNOLOGY WARS: SEMICONDUCTORS AND CLEAN ENERGY
Otaviano Canuto
November 3, 2023

The global economic environment has changed as the U.S.—and to a less confrontational degree, the European Union—have clearly established a context of technological rivalry with China. Hindering China’s progress in the sophistication of semiconductor production has become a centerpiece of current U.S. foreign policy. While the U.S. is clearly winning the semiconductor war, the picture is different when it comes to clean-energy technology.

Both technology wars overlap with access to and refinement of critical raw materials (CRM), which are key upstream components of the corresponding value chains, encompassing mineral-rich emerging markets and developing economies. The way in which the U.S. and the European Union approach the goal of self-sufficiency, as well as access to and refinement of CRMs, will make a big difference to their stakes in the technology wars.

Introduction
(...)

Concluding remarks
The global economy currently faces risks of fragmentation, with national security among the reasons for national policies of ‘de-risking’ of supply chains, or ‘decoupling’ with China (Canuto, 2023). Such an environment encompasses technological wars as ‘proxy wars’, with sectoral landscapes differing, e.g. with respect to semiconductors and clean energy. The ways the U.S. and the European Union approach the goal of self-sufficiency, as well as access to and refinement of critical raw materials, will make a big difference for their stake in the technology wars.
https://www.cmacrodev.com/a-tale-of-two-technology-wars-semiconductors-and-clean-energy/

Lula e a má-fé da esquerda - Editorial Estadão

Lula e a má-fé da esquerda

 Estadão/Editoriais, 15/11/2023


O presidente Lula da Silva considera que a ofensiva de Israel contra o Hamas é "terrorista", ao, segundo ele, "não levar em conta que mulheres e crianças não estão em guerra". Numa só frase, o petista distorceu completamente o cenário da guerra, igualou situações inigualáveis e confirmou sua incapacidade de perceber a complexidade do mundo, prisioneiro que é do ranço ideológico de uma esquerda primitiva.


Não se sabe se o falatório de Lula atende a demandas dos militantes petistas, decerto insatisfeitos com as reinações do Centrão no governo que deveria ser esquerdista, mas isso pouco importa: manda a decência que, na condição de presidente da República, Lula se informe melhor antes de tirar conclusões tão abomináveis, que envergonham o Brasil perante a comunidade internacional.


Lula deveria saber que nenhuma criança palestina estaria morrendo em bombardeios israelenses em Gaza se Israel não tivesse sido covardemente atacado por terroristas do Hamas no dia 7 de outubro passado; Lula deveria saber que o Hamas usa crianças como escudos humanos e hospitais como esconderijos e que esse grupo terrorista nunca se importou que as crianças e os doentes morressem sob bombas israelenses, pois o objetivo é desmoralizar Israel perante a opinião pública mundial; Lula deveria saber, por fim, que a intenção declarada do Hamas é dizimar Israel e os judeus, o que deveria ter ficado suficientemente claro com o ataque de 7 de outubro.


Mas Lula não sabe nada disso ou faz força para não saber - pouco importa, pois o resultado é o mesmo. Há um imperativo imoral no discurso do demiurgo petista: a barbárie é plenamente justificada se for realizada em nome das causas que seu partido e a esquerda defendem.


No caso em questão, o Hamas tem sido tratado por esquerdistas como um grupo heroico de resistência palestina contra o colonialismo israelense. Pouco importa que o Hamas trucide civis inocentes se estes forem israelenses; não é relevante que o projeto do Hamas para a futura Palestina é um Estado islâmico que faria o Irã parecer uma democracia laica; também não interessa se os chefões do Hamas desviaram o dinheiro da bilionária ajuda internacional para Gaza para construir seu arsenal de guerra e para encher os próprios bolsos; e finalmente ninguém dessa esquerda primitiva quer saber se o Hamas pratica terrorismo não só contra Israel, mas também contra os próprios palestinos que o grupo deveria governar, reprimindo mulheres, homossexuais e qualquer forma de dissidência. Tudo o que importa, para Lula e sua seita, é que o Hamas fustiga Israel, considerado como braço do imperialismo americano no Oriente Médio.


Trata-se de um padrão. Esse mesmo Lula, não podemos esquecer, foi o presidente que, em meio à estupefação mundial com a agressão russa contra a Ucrânia, foi capaz de culpar os ucranianos pela guerra. A razão é óbvia: na interpretação lulopetista, os ucranianos estavam se aproximando do Ocidente, razão mais que suficiente para justificar o corretivo russo. Afinal, ninguém que se aproxime do Ocidente merece consideração da esquerda. Perde até o direito de se defender.


Essa indecência só surpreende os estrangeiros que tinham Lula como grande líder mundial. Quem acompanha o petista desde os tempos de sindicalista sabe que ele construiu sua mitologia reduzindo tudo à luta entre trabalhador e patrão - ou entre oprimido e opressor, em escala global. E todos os que Lula considera oprimidos são, claro, moralmente superiores. Nessa chave, o regime cubano pode colocar quantos queira no paredão, pois tudo é feito em nome da necessidade de manter a revolução em curso e enfrentar a opressão americana; do mesmo modo, a Venezuela, uma rematada ditadura, é para Lula um exemplo de democracia, simplesmente porque é o grande bastião antiamericano no continente. Os exemplos podem seguir infinitamente, da Nicarágua do companheiro ditador Ortega, ao Irã do infame Ahmadinejad, que tratou Lula como "grande amigo".


O "oprimido" da vez é o Hamas, em cuja defesa Lula se empenha com denodo, desprezando cruelmente a dor dos judeus massacrados em Israel - país que, afinal, para muitos esquerdistas, nem deveria existir.


A diplomacia ultra pessoal de Lula é um problema para a diplomacia profissional: Lula e o clube dos autoritários - Lourival Sant’Anna (OESP)

Introdução PRA:

A antiga diplomacia lulopetista (2003-2010) também tinha uma grande carga de personalismo de quem se acreditava o melhor de todos os diplomatas, com seus improvisos que frequentemente desprezavam os discursos burocraticamente bem escritos pelo Itamaraty. Mas ela conseguia preservar certo equilíbrio de racionalidade ideológica entre os três grandes formuladores e executores: Lula, Amorim e Marco Aurélio Garcia.

O que temos atualmente é personalismo em estado puro, sem qualquer controle de seres mais racionais, uma altíssima dose de histrionismo à base do “eu sei, eu faço”, que beira a loucura nos improvisos destrambelhados, o que prejudica enormemente a diplomacia profissional, o que era mais raro nos dois mandatos anteriores. O touro está solto e investe contra suas miragens e obsessões pessoais. Ainda não percebeu que prejufica a si próprio, ao país, e ninguém tem coragem para lhe dizer na cara: “Pare com as invectivas improvisadas!” Vai ser triste.

Lourival Sant’Anna demonstra cabalmente como Lula está fazendo mal a si próprio e ao pais. E isso começou lá atrás, ainda na campanha, no caso da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia. Pode continuar de maneira dramática para nós no caso de uma guerra de agressão da Venezuela contra a Guiana. Lula não têm conhecimento, nem estatura de estadista para conduzir a diplomacia da nação: ele está destruindo a sua reputação e credibilidade, a da diplomacia (ele nunca as teve, a não ser pelas mentiras populistas e altamente demagógicas, servidas e apoiadas por um bando de cortesãos mediocres e temerosos).

Paulo Roberto de Almeida 

=============

Lula ainda não percebeu que o mundo já se deu conta de sua minúscula estatura internacional, um ‘anão diplomático’, nas palavras de um porta-voz da chancelaria israelense em 2014. Uma das consequências disso foi a longa espera dos 34 brasileiros para sair da Faixa de Gaza, enfim encerrada hoje.

PS: o artigo foi publicado antes das notícias da saída deles esta manhã. (Walmir Buzzatto)

••••••••••

Lula e o clube dos autoritários

Lourival Sant’Anna

O Estado de S. Paulo, 

12 de nov. de 2023

As manifestações de simpatia do presidente Lula pelos regimes do Irã, Rússia, China e Venezuela podem colocar em risco a segurança de cidadãos brasileiros e a reputação do País. Isso ficou claro mais uma vez na forma como os brasileiros ficaram no fim da fila de autorizações de saída da Faixa de Gaza e na revelação da Polícia Federal de que o Hezbollah poderia estar tramando ataques no Brasil.

Dez dias depois das atrocidades cometidas pelo Hamas em Israel, Lula telefonou para o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, para discutir a crise e a autorização para a saída dos 34 brasileiros e parentes. O Irã patrocina o Hamas e o Hezbollah. É o principal inimigo de Israel e adversário também do Egito, os dois países que têm a chave do posto de fronteira de Rafah.

SIGILO. A principal inimiga da ditadura militar egípcia, a Irmandade Muçulmana, inspirou a criação do Hamas, em 1987, e é sua aliada, com presença estratégica na Península do Sinai, que liga o Egito à Faixa de Gaza.

Se o presidente acreditava que essa gestão era absolutamente imprescindível para obter do Hamas a liberação dos brasileiros, ele deveria ter mantido a conversa em sigilo. Entretanto, como tem feito também em relação a outros governantes que desafiam o status quo e o direito internacionais, Lula fez alarde sobre a aproximação.

Aparentemente, o propósito era demonstrar sua estatura internacional e capacidade de articulação. Além disso, em uma live inflamada, Lula chamou de “insanidade” o bombardeio israelense à Faixa de Gaza. Para completar, o assessor do presidente para assuntos internacionais, Celso Amorim, acusou Israel de “genocídio”, em conferência internacional em Paris, na quinta-feira.

CRIMES. A discussão aqui não é isentar um dos lados do conflito. Como disse Volker Türk, comissário da ONU para os direitos humanos, tanto o Hamas quanto Israel cometeram crimes de guerra no mês que passou. É melhor deixar isso na boca de um especialista como ele. E, definitivamente, evitar palavras com uma grande carga de acusação.

No auge da crise nuclear iraniana, Lula tratava o então presidente Mahmoud Ahmadinejad como amigo. Junto com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, outro autocrata violador de direitos humanos, Lula negociou uma suposta solução para a crise que só atendia aos interesses iranianos.

Em 2014, durante uma das cinco guerras que o Hamas provocou com Israel, a então presidente Dilma Rousseff convocou seu embaixador de volta de Tel-Aviv, por considerar os bombardeios israelenses à Faixa de Gaza desproporcionais. Um porta-voz da chancelaria de Israel chamou o Brasil de “anão diplomático”.

O histórico de atritos entre Israel e os governos petistas contrasta com o período róseo do governo de Jair Bolsonaro,

interessado em agradar sua base evangélica. Essa corrente se identifica com o Velho Testamento, que define os judeus como povo escolhido, e profetiza que, quando eles construírem o Terceiro Templo em Jerusalém, o Messias voltará para o Juízo Final.

A exemplo de Donald Trump, Bolsonaro prometeu transferir a embaixada de TelAviv para Jerusalém, o que viola a lei internacional. Segundo inúmeras resoluções da ONU, Israel ocupa Jerusalém ilegalmente e o status final da cidade será negociado junto com a criação de um Estado palestino. Bolsonaro recuou por causa da reação negativa do mundo árabe, importante destino das exportações brasileiras.

PREFERÊNCIA. A predileção de Israel por Bolsonaro foi explicitada pelo encontro, na terça-feira, do embaixador israelense Daniel Zohar Zonshine com o ex-presidente e deputados de direita na Câmara, aonde ele foi mostrar vídeos dos ataques do Hamas. O encontro violou a etiqueta diplomática e azedou de vez as relações entre os dois governos.

Com cerca de 7 mil palestinos com dupla nacionalidade desesperados para deixar a Faixa de Gaza bombardeada há mais de um mês, Israel e Egito priorizaram os cidadãos de países amigos, ou pelo menos que não sejam gratuitamente hostis. Funcionários israelenses garantiram publicamente que Israel não interferia na seleção dos cidadãos. Tanto não era verdade que foi o chanceler de Israel, Eli Cohen, que comunicou o do Brasil, Mauro Vieira, que os brasileiros tinham sido finalmente autorizados a sair. O órgão israelense encarregado dessa tarefa é a Coordenação das Atividades do Governo nos Territórios (Cogat).

ATENTADOS. O Hezbollah é acusado de ter cometido, com apoio de agentes iranianos, dois atentados a bomba nos anos 90 em Buenos Aires, contra a Embaixada de Israel e a Associação Mutual Israelita Argentina, que deixaram um total de 115 mortos.

Alberto Nisman, um dos procuradores do caso, acusou em 2015 a então presidente Cristina Kirchner de tentar acobertar o envolvimento do Irã. Horas antes de apresentar evidências disso ao Congresso argentino, ele foi morto com um tiro na cabeça em seu apartamento.

Lula é muito próximo de Kirchner, além do próprio Irã e de seus principais aliados: China, Rússia e Venezuela. Isso poderia servir de incentivo para Hezbollah e Irã agirem no Brasil, com a expectativa, mesmo que injustificada, de contar com a complacência do governo. Reputação é algo muito importante, e indissociável da segurança. •

Diabetes: informação do Instituto Sabin

 O diabetes é uma doença que pode trazer sérias consequências para a saúde do organismo, se não tratada corretamente. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o número global de pessoas com diabetes quadruplicou nos últimos 40 anos, aumentando também o risco de morte precoce devido às consequências da doença.

No Brasil, estima-se que em torno de 17 milhões de brasileiros sofram com diabetes. No entanto, uma grande parcela dessas pessoas não é diagnosticada, pois o diabetes é uma doença silenciosa e que se desenvolve ao longo dos anos.

Dessa forma, é fundamental conscientizar a população acerca dos riscos da doença e incentivar o diagnóstico precoce e sua prevenção. Neste conteúdo, você encontrará informações relevantes sobre os tipos de diabetes, suas causas, sintomas, diagnóstico e como realizar a prevenção.

O QUE É O DIABETES?

O diabetes é uma doença metabólica crônica caracterizada por níveis elevados de glicose no sangue (glicemia), levando, com o passar do tempo, a sérios danos em órgãos como rins, coração, vasos sanguíneos e olhos.

O controle da glicemia é realizado, em parte, por um importante hormônio chamado insulina, produzido por células especializadas no pâncreas. Dentre suas funções, a insulina atua ajudando no transporte da glicose presente no sangue para dentro das células, a qual será utilizada para produção de energia.

Após uma refeição, os níveis de glicose (açúcar) aumentam consideravelmente. Para regular os níveis, mais insulina é produzida e liberada pelo pâncreas, ocasionando uma diminuição da quantidade de glicose no sangue. Em pessoas com diabetes, esse processo é prejudicado devido a falhas na produção ou na ação da insulina, o que gera um aumento da glicemia.

QUAIS OS TIPOS?

Existem basicamente dois tipos de diabetes (tipos 1 e 2), que diferenciam-se principalmente quanto à origem da doença. A seguir, apresentaremos cada um deles e suas principais características.

DIABETES TIPO 1

O diabetes do tipo 1 é uma doença autoimunecrônica caracterizada pelo aumento dos níveis de glicose no sangue, motivado pela deficiência na produção de insulina por células do pâncreas.

Nesse tipo de diabetes, as células são destruídas por uma reação do sistema imune, que as reconhece como algo nocivo ao organismo e, portanto, as ataca. Como resultado, o pâncreas da pessoa passa a não produzir mais a insulina ou produz muito pouco, sendo incapaz de controlar a glicemia.

O diabetes do tipo 1 é uma doença que ocorre já na infância, causando consequências para o resto da vida, especialmente pela necessidade de uso de injeções de insulina para controle da glicemia.

DIABETES TIPO 2

No diabetes do tipo 2, embora o pâncreas continue produzindo insulina, o corpo acaba desenvolvendo resistência à sua ação. Assim, a insulina existente não é suficiente para atender as necessidades do organismo e controlar a glicemia, resultando em aumento dos níveis de glicose no sangue (hiperglicemia).

Conforme o diabetes avança, pode ocorrer também diminuição da capacidade de produção de insulina pelo pâncreas, agravando ainda mais o quadro. Esse é o tipo mais comum de diabetes e acomete, em sua maioria, adultos, principalmente obesos. Contudo, cresce, cada vez mais, o número de jovens diagnosticados com diabetes do tipo 2, em virtude do sedentarismo aliado a hábitos alimentares não saudáveis.

PRÉ-DIABETES 

O pré-diabetes é um termo utilizado quando o paciente apresenta níveis de glicose acima dos parâmetros considerados normais, mas ainda sem caracterizar um quadro de diabetes do tipo 2.

Ter pré-diabetes representa um risco mais elevado para desenvolvimento do diabetes do tipo 2, principalmente em pessoas obesas e hipertensas. Por outro lado, identificar o problema ainda nesse estágio representa uma boa oportunidade de reversão do quadro clínico, além de retardar a evolução da doença e suas complicações.

DIABETES GESTACIONAL

gravidez é um período marcado por muitas mudanças corporais e hormonais na mulher com o intuito de possibilitar o desenvolvimento do bebê. Todas essas flutuações hormonais podem atrapalhar a ação da insulina, forçando o pâncreas a aumentar a produção desse hormônio.

Ocorre que em algumas mulheres não há uma compensação adequada e a insulina produzida torna-se insuficiente para regular a glicemia. Dessa forma, surge o quadro chamado diabetes gestacional, caracterizado pelo aumento das concentrações de glicose durante a gestação.

Mulheres que apresentam diabetes gestacional possuem maiores chances de desenvolver diabetes do tipo 2 tardiamente. Além disso, a elevação dos níveis de glicose na mãe pode trazer consequências para a saúde do bebê.

QUAIS AS CAUSAS DO DIABETES?

O diabetes, de modo geral, é uma doença que pode ser desencadeada por um conjunto de fatores genéticos e ambientais. Além disso, as causas variam também de acordo com o tipo da doença.

No diabetes do tipo 1, a reação autoimune de destruição das células produtoras de insulina pode ocorrer em indivíduos geneticamente suscetíveis. Ou seja, variações genéticas, especialmente em células de defesa, ajudam a desencadear o processo autoimune característico da doença.

Apesar da influência genética, no diabetes do tipo 1, a hereditariedade parece não ser um fator decisivo. Mesmo que haja histórico familiar, as chances da criança desenvolver diabetes são relativamente baixas. 

Fatores ambientais também podem contribuir, como infecções virais no início da infância e eventos e infecções gestacionais. Entretanto, a ciência ainda busca compreender completamente quais seriam os fatores decisivos para o desenvolvimento do diabetes do tipo 1.

Já o diabetes do tipo 2 é uma doença fortementeassociada à genética e hereditariedade. As chances podem aumentar de duas a três vezes, se houver histórico familiar da doença.

A presença de comorbidades, como a obesidade, também são fatores decisivos. A obesidade e a inatividade física podem levar à resistência à insulina, que, em conjunto com uma predisposição genética, acaba levando a falhas na produção e liberação de insulina. Outros fatores incluem envelhecimento, tabagismo e doenças como a hipertensão arterial.

QUAIS OS SINTOMAS DA DOENÇA?

Os sintomas mais comuns do diabetes estão diretamente relacionados com o aumento da glicose sanguínea e incluem: sede e fome excessiva, cansaço, vontade de urinar com frequência, mau hálito e perda de peso sem motivo aparente

Em geral, essa sintomatologia é mais acentuada no diabetes do tipo 1. No diabetes do tipo 2, que possui evolução mais lenta, os sinais e sintomas costumam demorar anos para aparecer, sendo o diagnóstico precoce um dos principais desafios no seu combate.

Caso não haja o tratamento adequado, a hiperglicemia decorrente da doença pode provocar lesões em vários tecidos e órgãos do corpo, como olhos, rins e coração. Outras complicações podem surgir, como distúrbios da coagulação e cicatrização de lesões e feridas, cegueira, acidente vascular cerebral, doenças cardíacas e problemas em nervos.

A hiperglicemia descontrolada pode levar, ainda, a quadros de coma e convulsões, chegando a ser fatal em alguns casos.

DIABETES INFANTIL

O diabetes mais prevalente em crianças é o tipo 1. O tipo 2 é considerado mais raro na infância, estando geralmente associado a adolescentes obesos. É importante que os pais estejam atentos aos sinais e sintomas mencionados, principalmente fome e sede em excesso, além da perda de peso.

Outro ponto de destaque é que algumas crianças com diabetes do tipo 1 apresentam uma condição conhecida como cetoacidose diabética. Como a insulina não está sendo produzida pelo pâncreas, as células do corpo não recebem glicose como fonte de energia, sendo necessária a mobilização e utilização dos estoques de gordura do corpo para esse fim.

No entanto, a utilização dessa gordura produz substâncias ácidas chamadas corpos cetônicos, que se acumulam no sangue e, em excesso, podem alterar o pH sanguíneo. Essa condição pode evoluir para um quadro clínico grave, podendo resultar em coma ou, até mesmo, levar a criança a óbito, se não houver assistência médica emergencial. 

A cetoacidose costuma surgir quando a glicemia encontra-se muito descontrolada. Seus sinais e sintomas mais comuns são náuseas, vômitos, confusão mental e mau hálito provocado pelo excesso de corpos cetônicos.

COMO É REALIZADO O DIAGNÓSTICO?

O diagnóstico do diabetes é feito por meio de avaliação clínica pelo médico especialista, em que são avaliados os sinais e sintomas apresentados, exame físico e histórico do paciente. Além disso, são necessários exames complementares para verificação dos níveis de glicose sanguínea.

Um dos principais exames laboratoriais utilizados é o exame de glicemia de jejum. Nesse exame, a glicemia é dosada através de uma amostra de sangue coletada pela manhã, e énecessário que o paciente fique sem se alimentar por, no mínimo, oito horas, uma vez que a alimentação interfere no resultado.

Outro exame bastante solicitado é a dosagem de hemoglobina glicada. A hemoglobina glicada é um importante exame laboratorial de avaliação do diabetes, pois representa um parâmetro muito fidedigno para avaliar o controle da glicemia em longo prazo.

Pode ser solicitado, ainda, o teste oral de tolerância à glicose. Esse exame é realizado inicialmente com a pessoa em jejum, coletando-se uma amostra de sangue para determinar a glicemia de jejum. Em seguida, a pessoa bebe um líquido que contém uma grande quantidade de glicose, e, posteriormente, são coletadas amostras de sangue em tempos pré-definidos. Assim, é possível verificar se o controle da glicemia do paciente está adequado frente a uma sobrecarga de glicose.

É importante destacar que a interpretação desses exames deve ser feita pelo profissional médico, que irá definir o diagnóstico final da doença com base nos resultados dos exames e em outros parâmetros clínicos.

COMO É O TRATAMENTO DO DIABETES?

O tratamento do diabetes varia de acordo com a gravidade e o tipo da doença. Em pessoas acometidas pelo diabetes do tipo 1, o tratamento inclui a utilização de injeções de insulina. Como o pâncreas da pessoa não produz mais o hormônio, é necessário realizar essa reposição por meio de injeções subcutâneas.

É importante destacar que esse tipo de tratamento acompanha o paciente para o resto da vida. Embora o diabetes do tipo 1 não tenha cura, pode ser controlado. Além disso, o paciente deve realizar um controle rígido da alimentação e contagem de carboidratos para adequar a quantidade de insulina suficiente para normalizar os níveis glicêmicos.

Em pacientes diagnosticados com diabetes do tipo 2, a depender da gravidade do quadro clínico, o tratamento inclui a utilização de medicamentos para controle glicêmico e readequação alimentar. Em casos mais graves, também pode ser necessária a utilização de insulina pelo paciente.

O acompanhamento dos níveis de glicose deve ser constante, com medições diárias e consultas médicas de rotina. Dessa maneira, é possível monitorar o controle da glicemia e realizar ajustes na medicação, quando necessário. Sem falar que, com o acompanhamento médico, é possível identificar precocemente outros problemas de saúde decorrentes da doença. A prática de exercícios físicos também é uma forte aliada para o controle glicêmico, sendo recomendada para pacientes diabéticos.

EXISTE PREVENÇÃO PARA O DIABETES?

A prevenção do diabetes está fortemente ligada ao cultivo de hábitos saudáveis de vida, especialmente aqueles relacionados à alimentação e à prática de exercícios físicos.

É muito importante adotar hábitos alimentaresque incluam alimentos naturais, fugindo dos ultraprocessados. O consumo excessivo de alimentos ricos em carboidratos e açúcares contribui para o desenvolvimento do diabetes.

É fato que a obesidade e o sedentarismo são dois dos principais fatores relacionados com o diabetes do tipo 2. Portanto, procure manter o peso corporal dentro de parâmetros saudáveis e esteja ativo fisicamente.

Outra recomendação é manter as consultas médicas e exames de rotina em dia. Só assim é possível identificar precocemente um possível quadro de pré-diabetes, por exemplo, no qual uma simples reeducação alimentar e atividades físicas podem ser suficientes para readequar a sua saúde.

Lembre-se: o diagnóstico precoce continua sendo a melhor maneira de prevenção. Por isso, sugerimos a leitura do nosso conteúdo sobre Como cuidar da saúde de jovens adolescentes, que orienta os pais sobre os impactos fisiológicos e psicológicos durante a fase de transição entre infância, adolescência e juventude de seus filhos.

REFERÊNCIAS:

DeFronzo, R., Ferrannini, E., Groop, L. et al. Type 2 diabetes mellitus. Nat Rev Dis Primers 1, 15019 (2015). https://doi.org/10.1038/nrdp.2015.19

Katsarou, A., Gudbjörnsdottir, S., Rawshani, A. et al. Type 1 diabetes mellitus. Nat Rev Dis Primers 3, 17016 (2017). https://doi.org/10.1038/nrdp.2017.16

WHO. Diabetes. Disponível em: https://www.who.int/health-topics/diabetes#tab=tab_3 Acesso em: 02/11/2022.

Sociedade Brasileira de Diabetes. Diabetes. Disponível em: https://diabetes.org.br/ Acesso em: 02/11/2022