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Previsões econômicas do FMI para 2025 e mais além: crescimento moderado, mais divergências entre principais economias - IMF blog
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A contaminação que pode ter baixado o QI de um dos principais impérios da história
Nova pesquisa detalha o que pode ter sido o primeiro caso de poluição industrial generalizada no mundo: a poluição na forma de chumbo entre os romanos
Por Katherine Kornei, The New York Times
O Estado de S. Paulo, 16/01/2025
Há aproximadamente dois mil anos, o Império Romano estava florescendo. Mas algo sinistro pairava no ar. Literalmente.
Uma poluição generalizada na forma de chumbo atmosférico estava afetando a saúde e a inteligência, relataram pesquisadores na semana passada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
Durante cerca de dois séculos, a partir de 27 a.C., um período de relativa estabilidade e prosperidade conhecido como Pax Romana, o império se estendia por toda a Europa, Oriente Médio e norte da África. Sua economia dependia da cunhagem de moedas de prata, o que exigia enormes operações de mineração.
No entanto, extrair prata da Terra produz muito chumbo, disse Joseph McConnell, cientista ambiental do Desert Research Institute, um grupo sem fins lucrativos baseado em Nevada (EUA), e o principal autor da nova pesquisa. “Se você produzir uma onça (unidade de medida que equivale a 28,35 gramas) de prata, teria produzido algo como 10 mil onças de chumbo.”
E o chumbo tem uma série de efeitos negativos no corpo humano. “Não existe um nível seguro de exposição ao chumbo”, disse Deborah Cory-Slechta, uma neurotoxicologista do Centro Médico da Universidade de Rochester que não esteve envolvida na pesquisa.
McConnell e seus colegas agora detectaram chumbo em camadas de gelo coletadas na Rússia e na Groenlândia que datam da época do Império Romano. O chumbo entrou na atmosfera a partir das operações de mineração romanas, pegou carona em correntes de ar e eventualmente caiu da atmosfera como neve no Ártico, supõe a equipe.
Os níveis de chumbo que McConnell e seus colaboradores mediram eram extremamente baixos, aproximadamente uma molécula contendo chumbo por trilhão de moléculas de água. Mas as amostras de gelo foram coletadas a milhares de quilômetros do sul da Europa, e as concentrações de chumbo teriam sido altamente dispersas após uma jornada tão longa.
Para estimar a quantidade de chumbo originalmente emitida pelas operações de mineração romanas, os pesquisadores trabalharam de forma reversa: usando poderosos modelos computadorizados da atmosfera do planeta e fazendo suposições sobre a localização dos locais de mineração, a equipe variou a quantidade de chumbo emitido para corresponder às concentrações que mediram no gelo.
Em um caso, eles assumiram que toda a produção de prata ocorria em um local de mineração historicamente importante no sudoeste da Espanha conhecido como Rio Tinto. Em outro caso, presumiram que a mineração de prata estava igualmente distribuída por dezenas de locais.
A equipe calculou que de 3.300 a 4.600 toneladas de chumbo eram emitidas na atmosfera a cada ano pelas operações de mineração de prata romanas. Os pesquisadores, então, estimaram como todo aquele chumbo seria espalhado pelo Império Romano.
“Executamos o modelo na direção correta para ver como essas emissões seriam distribuídas”, disse McConnell.
Com essas concentrações de chumbo na atmosfera em mãos, os pesquisadores usaram dados dos dias modernos para estimar quanto chumbo teria entrado na corrente sanguínea das pessoas na Roma antiga.
McConnell e seus colegas se concentraram em bebês e crianças. Os jovens são particularmente suscetíveis a absorver chumbo do ambiente por meio da ingestão e da inalação, disse o Dr. Bruce Lanphear, médico de saúde pública da Universidade Simon Fraser na Colúmbia Britânica que não esteve envolvido na pesquisa.
Nas últimas décadas, os níveis de chumbo no sangue das crianças foram correlacionados com uma série de métricas de saúde física e mental, incluindo QI, disse Cory-Slechta. “Temos dados reais sobre os escores de QI em crianças com diferentes concentrações de chumbo no sangue.”
Usando essas relações dos dias modernos, McConnell e sua equipe estimaram que as crianças em grande parte do Império Romano teriam cerca de 2 a 5 microgramas adicionais de chumbo por decilitro de sangue. Tais níveis correspondem a declínios de QI de aproximadamente 2 ou 3 pontos.
Para comparação, as crianças americanas nos anos 1970 tinham aprimoramentos médios nos níveis de chumbo no sangue de cerca de 15 microgramas de chumbo a mais por decilitro de sangue antes da eliminação gradual da gasolina com chumbo e das tintas com chumbo. Seu correspondente declínio médio de QI foi de cerca de 9 pontos.
Mas a exposição ao chumbo teria tido outros efeitos negativos nos romanos também. Níveis mais altos de chumbo no sangue também foram vinculados a maiores incidências de partos prematuros e funcionamento cognitivo reduzido na velhice. “Isso te segue ao longo da vida”, disse Lanphear.
Alguns estudiosos desenvolveram a hipótese de que o envenenamento por chumbo desempenhou papel importante no declínio do Império Romano. Mas essa ideia tem sido questionada, pelo menos no que diz respeito à água contaminada por tubulações de chumbo. Um estudo de 2014 mostrou que, embora as tubulações usadas para distribuir água em Roma aumentassem os níveis de chumbo, era improvável que a água fosse verdadeiramente prejudicial.
Esses novos achados fazem sentido, disse Hugo Delile, geoarqueólogo do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França, que não esteve envolvido na pesquisa. “Eles confirmam a extensão da poluição por chumbo resultante das atividades de mineração e metalurgia romanas.”
De acordo com McConnell, a pesquisa também confere uma honra duvidosa à mineração romana. “Até onde sei, é o exemplo mais antigo de poluição industrial generalizada.”
DIPLOMACIA
Renovação ainda segue um desafio, mas plano de ações afirmativas avança para ampliar número de mulheres, negros e PCDs no Itamaraty

Há uma máxima no Itamaraty, cunhada pelo ex-chanceler Azeredo da Silveira, segundo a qual “a melhor tradição do Itamaraty é saber renovar-se.”
Renovar-se segue sendo um desafio para o Ministério das Relações Exteriores (MRE), tanto mais quando as desigualdades marcantes observadas na sociedade brasileira encontram, no Itamaraty, expressão real e insofismável.Entre diplomatas, além do reduzido número de negros em seus quadros, muito levemente mitigado pelas cotas em concursos públicos, também é mínima a presença de mulheres, mantida há décadas em torno de resistentes 23%. Pessoas com deficiência são apenas 1,77%.
Nesse sentido, a Associação e Sindicato dos Diplomatas Brasileiros (ADB Sindical) saúda a recente divulgação do Plano de Ações Afirmativas (PAA) do MRE, no contexto do Programa Federal de Ações Afirmativas.
Como primeiro órgão federal a divulgar seu PAA, da mesma forma como já fora, em 2001/2002, o primeiro a promover política de apoio à formação de candidatos negros, convém registrar que esse pioneirismo de hoje é fruto do amadurecimento sindical da categoria e da iniciativa igualmente pioneira das mulheres diplomatas, que criaram em 2023, depois de mais de 10 anos de ação coletiva, a Associação das Mulheres Diplomatas Brasileiras, primeira associação exclusivamente de mulheres em todo o funcionalismo público. De igual modo, outros grupos se organizaram e passaram a pleitear mudanças na estrutura de pessoal do Itamaraty. Somos nós, portanto, buscando a inadiável renovação.
O PAA do MRE traz avanços no tocante à transversalização dos temas de diversidade e inclusão naquilo que são as ações finalísticas. São 16 ações com impacto direto sobre os conteúdos da agenda diplomática brasileira. O Itamaraty incorpora, assim, à política externa brasileira, compromissos louváveis e muito relevantes. Em outras 18 ações referentes à gestão de pessoas e gestão administrativa, há também propostas de inegável mérito.
A preocupação persiste, contudo, no tocante ao processo de implementação de tais medidas, especialmente as últimas. O PAA lançado pelo MRE silencia quanto a metas mensuráveis e prazos para seu cumprimento, além de usar linguagem bem-intencionada, mas genérica. Sem compromisso com resultados vinculantes, as propostas de ação afirmativa arriscam-se a permanecer no plano da retórica, do discurso.
Nosso sindicato irá fazer o monitoramento desse plano para que, no prazo de sua vigência, o Itamaraty possa apresentar mudanças visíveis em sua composição e organização. Iremos cobrar, por exemplo, a presença de negros, mulheres e pessoas com deficiência em funções de chefia no Brasil e nas principais missões no exterior. Hoje, dos 20 postos brasileiros mais importantes, apenas um, a embaixada em Washington, é chefiado por uma mulher. Nenhum é chefiado por um negro.
É preciso mudar tal perfil, por meio de um esforço coletivo para trazer à tona a renovação: das paredes repletas de quadros de homens brancos a marcar a história da diplomacia brasileira vem o inadiável apelo pela diversidade. Entendemos que a inclusão de grupos historicamente vulnerabilizados é pilar essencial para o adequado exercício das competências que cabem ao Itamaraty na formulação e execução da Política Externa Brasileira.
Além do monitoramento do PAA, queremos avançar nas transformações que serão, mais uma vez, a expressão de uma tradição que sabe renovar-se. Entre elas, está a modernização do regime jurídico do MRE, promovendo mudanças estruturais para melhor servir a sociedade brasileira. O fazer diplomático envolve a prestação de um serviço público de alta relevância, mesmo em condições extremamente adversas (guerras, conflagrações internas, crises e catástrofes climáticas e ambientais). Em um mundo em constante transformação, faz-se necessária a devida atualização do arcabouço jurídico que sustenta a atuação diplomática do Brasil.
Em nosso entendimento, as mudanças almejadas devem ser fruto de ampla negociação interna. Para funcionários e funcionárias treinados na diplomacia, a negociação é condição sine qua non para a consecução do objetivo comum de fortalecimento institucional. Tal construção envolve, por parte do MRE, a incorporação e reconhecimento da pertinência da atividade sindical.
A ADB Sindical – um sindicato de diplomatas – reconhece-se, hoje, 50 anos após a célebre máxima de Azeredo da Silveira, como legítima manifestação da renovação comprometida com a excelência da tradição diplomática.

residente da ADB Sindical na gestão 2024-2026. Primeiro-secretário do Ministério das Relações Exteriores, atualmente está lotado no Departamento de América do Sul. Formado em Relações Internacionais pela Faculdade Santa Marcelina e mestre em Diplomacia pelo Instituto Rio Branco, serviu em Teerã, Milão e Maputo. Aprovado no Concurso de Admissão à Carreira Diplomática em 2010, já atuou em diversas funções também no Brasil, incluindo a Subchefia da Divisão de Imigração. Foi condecorado com a Medalha Mérito Santos-Dumont em 2014.
Joe Biden se despede da presidência e dos "fellow Americans" alertando sobre as ameaças representadas pela oligarquia que pretende dominar seu país.
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Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...