Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2014
Fim das utopias na Casa de Rio Branco? - Paulo Roberto de Almeida
Itamaraty: Facebook apenas para elogios, ou: a porta de saida como serventia da Casa...
Cúpula do Itamaraty proíbe uso de Facebook para queixas
Na ocasião, recomendou-se que não usassem o Facebook para reclamar e até que seria visto com maus olhos um incremento do número de diplomatas sindicalizados.
Os representantes da diplomacia brasileira passaram a apagar até mensagens enviadas entre eles por meio de redes sociais, evitam usar o e-mail do ministério para fazer comentários e, informalmente, passaram a criar grupos de contato para debater a crise.
Para Sandra Malta dos Santos, presidente do Sinditamaraty, a estratégia de abafa da cúpula do Itamaraty não funcionou. "Nos últimos três meses, o número de diplomatas filiados ao sindicato dobrou", conta.
"Tivemos mais filiações de diplomatas em dois meses do que nos cinco anos de existência do Sinditamaraty."
"A hierarquia existe para a formulação e execução das funções. Quando se trata de direitos do servidor e de relação de trabalho, o sindicato é o meio legítimo e constitucionalmente reconhecido para a negociação", defendeu.Nos últimos três meses, o chanceler brasileiro se reuniu com o sindicato em uma ocasião, enquanto assessores indicaram aos diplomatas mais descontentes que cada caso seria tratado individualmente.
Um dos principais problemas - o atraso nos pagamentos de aluguéis das casas de diplomatas no exterior - foi solucionado depois que o assunto chegou aos jornais.
Mas a presidente do sindicato alerta que "muitos outros temas preocupantes continuam sem resposta e sem proposta de solução". Entre eles está o fluxo das carreiras do serviço exterior, a regulamentação das 893 novas vagas de oficial de chancelaria criadas em 2012 e a maior transparência dos processos de remoção e de promoção.
"Esperamos que este ou o próximo ministro mantenha aberto o canal de diálogo com o sindicato para que possamos encontrar soluções para os diversos problemas que afetam nossas carreiras", pediu.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
O livro em papel estaria condenado? -Janer Cristaldo (2011)
domingo, 28 de dezembro de 2014
Janer Cristaldo sovre o Silencio dos Vendidos (2005) - adivinhe quem?
Janer Cristaldo, terça-feira, agosto 30, 2005
Isto é: se o PT se revela corrupto, ele não é mais esquerda. É direita, porque só a direita é corrupta. Mesmo que o PT seja hoje o mesmo desde que nasceu, mesmo que os grandes implicados na corrupção - Genoíno, Mercadante, Zé Dirceu, Lula - sejam seus pais fundadores. Segundo Rossi, o PT guinou para a direita. E por que guinou para a direita? Porque suas falcatruas foram trazidas à tona. Permanecessem submersas, o partido continuaria sendo de esquerda.
É o que os franceses chamam de glissement idéologique. O conceito de esquerda sempre muda, à medida em que se corrompe. A direita é a boceta de Pandora, o repositório de todos os males do mundo, inclusive os das esquerdas. Pois quando as esquerdas cometem crimes - ou "erros", como preferem seus líderes - é que não eram de esquerda, mas de direita.
O PT, partido que nasce do ventre de uma mentira secular, mesmo ao tentar reerguer-se continua mentindo. Em recente sabatina organizada pela Folha de São Paulo, Tarso Genro, o novo presidente do partido, foi buscar situações análogas em outros partidos de centro-esquerda no mundo, como os democratas cristãos italianos e o partido socialista espanhol. "Isso tem algumas explicações que são de natureza histórica e que diz respeito a questões filosóficas, teóricas, profundas e questões relacionadas com responsabilidades individuais", disse o mago das palavras. Em verdade, não disse nada, sua explicação e explicação nenhuma são a mesma coisa. Mas conseguiu um milagre de retórica: mesmo sem dizer nada, mentiu. As situações análogas às do PT não devem ser buscadas nas sociais-democracias européias, pois nelas não estão nem nunca estiveram as origens de seu partido.
As origens do PT estão nas ideologias que empestaram o século passado, no bolchevismo, maoísmo, trotskismo, polpotismo, no comunismo albanês. Os quadros do partido eram egressos destas doutrinas e sempre condenaram as sociais-democracias, às quais atribuíam a pecha de revisionistas. O que está sendo derrubado, hoje, no Brasil, é o muro de Berlim mental das esquerdas tupiniquins, dezesseis anos após a queda do muro de concreto. A estrela vermelha, hoje cadente no Brasil, que Lula houve por bem trocar por uma medalha de Nossa Senhora Aparecida, nunca foi símbolo de social-democracia alguma, mas insígnia do Exército Soviético. Nos anos 90, foi arrancada de todos os prédios do poder na ex-URSS. Mas permaneceu pregada no peito das esquerdas latino-americanas.
O PT - ou o que dele resta - quer renovar-se. Mas só da boca pra fora. Jamais renunciará ao culto de seus deuses tutelares, Fidel Castro, Che Guevara, Prestes, Lamarca ou Marighella. Tarso Genro considera o assassino Prestes como o mais excelso herói que o Brasil já teve e Lula, sexta-feira passada, ainda citava Che Guevara: "Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas não podem deter a chegada da primavera". O PT quer renovar-se, mas ainda sente saudades das primaveras sangrentas prometidas pelo guerrilheiro argentino.
Em meio a isso, os intelectuais responsáveis pela ascensão do PT ao poder se reúnem em seminário para carpir o passado. O seminário, eufemisticamente, intitula-se O Silêncio dos Intelectuais. Melhor definido seria se se intitulasse o Silêncio dos Vendidos. Pois os intelectuais brasileiros, desde o início do século passado, venderam suas consciências ao socialismo soviético, a tal ponto que a palavra intelectual vinha sempre carimbada com um complemento: "de esquerda". Oswald de Andrade, hoje leitura obrigatória nos vestibulares, começa sua carreira nos anos 20, louvando o comunismo e o fascismo. No que aliás era muito coerente, comunismo e fascismo são as duas faces de uma mesma moeda. Seguiram-lhe os passos Jorge Amado, Graciliano Ramos, Dyonélio Machado, Raquel de Queiroz, Carlos Drummond de Andrade e uma miríade de escritores menores, todos militantes marxistas ou no mínimo compagnons de route, a tal ponto que não existe grande diferença entre a história da literatura brasileira no século passado e a história das idéias comunistas no Brasil. Até mesmo um escritor tido como liberal, como Erico Verissimo, não resistiu ao canto das sereias. Nos anos 60, recomenda a Sérgio Faraco não publicar suas memórias de Moscou, que denunciavam seu internamento forçado numa clínica psiquiátrica.
Nem Machado de Assis foi inocente. Marx morreu em 1883, o último volume de O Capital foi publicado em 1894. Machado, que tinha acesso a línguas estrangeiras e a publicações do Exterior, jamais disse um pio sobre a doutrina que começava a fazer carreira. Ora, o gaúcho Qorpo Santo, tido como louco e morto justamente em 1883 - 15 anos antes de Machado e 24 anos antes da Revolução de 17 - já denunciava o comunismo em sua obra. Que permaneceu por um século inédita, é verdade. Mas a denúncia já estava lá, em sua Ensiqlopédia ou seis mezes de huma enfermidade, como alerta aos pósteros. Machado não viu nada. Melhor para sua fortuna, ou não seria hoje leitura obrigatória nos vestibulares. Qorpo Santo só poderia ser louco, ao denunciar antecipadamente a peste que dominou o século XX.
Quase cem anos se passaram desde então, e a intelligentsia tupiniquim - ou talvez melhor disséssemos burritsia - não aprendeu nada com o século. Marilena Chauí, a filósofa mater do PT, como a qualifica o Estadão, considera que o silêncio da intelectualidade no mundo não se trata de uma recusa, mas de uma impossibilidade de interpretar a realidade presente. E o que resta, neste caso, é o silêncio. "Manifestar-se sobre tudo, mudar de atitude conforme mudem os ventos, abandonar a obra já feita, desdizendo-a e desdizendo-se, é irresponsabilidade, não é liberdade. Muitas vezes o verdadeiro engajamento exige que fiquemos em silêncio, que não cedamos às exigências cegas da sociedade". O chofer de táxi, a faxineira, o barbeiro, o padeiro da esquina já têm elementos suficientes para interpretar a realidade presente. A douta PhDeusa uspiana, especialista em Spinoza, que muito escreveu sobre ética e política, ainda não sabe o que pensar. Se tiver de fazer coro às denúncias de corrupção do PT, terá de jogar no lixo boa parte de sua biografia. Árvore velha não se dobra. Pode até quebrar, mas não cede. A crise hoje vivida pelo governo está demonstrando a senilidade mental de seus defensores.
Luís Fernando Verissimo matou a Velhinha de Taubaté. Seria difícil manter vivo um personagem que sempre acredita no governo. Mas... matá-la é suficiente? Verissimo não vai pedir desculpas a seus leitores pelas décadas em que os induziu a votar no mais corruptor partido do Ocidente? Não vai penintenciar-se por ter sido um dos mais influentes escritores a apoiar Lula e seus asseclas? Quando ruiu o regime comunista na Polônia, velhos militantes crucificaram-se simbolicamente por uma hora, para manifestar em público seu arrependimento. Verissimo não poderia dar-nos o prazer de pelo menos cinco minutinhos de contrição, não digo numa cruz, mas numa tribuna qualquer?
Chico Buarque, pobre alminha ferida, declarou-se "triste' com a situação. Quando o país todo está revoltado, o poeta das esquerdas, com seus enternecedores olhos verdes, se declara... triste. E nisso ficamos. Diz ainda esperar que crise não provoque "apenas a alegria raivosa de quem não votou em Lula". Velho tique das esquerdas, muito do agrado de Genoíno e Mercadante: quando se faz qualquer crítica ao PT, a crítica não é crítica. É ódio. Engana-se o vate cubanófilo. A alegria de quem não votou em Lula é a mesma e saudável alegria dos franceses quando se libertaram do jugo alemão, dos alemães quando caiu o muro, dos russos quando Ieltsin deu um canhonaço na Duma, dos povos soviéticos quando viram cair as estrelas vermelhas de seus prédios públicos. Estamos alegres, sim senhor. Principalmente porque nem foi preciso lutar para derrubar o PT. Os petistas se encarregaram disto.
Na 11ª Jornada Nacional de Literatura, em Passo Fundo, Frei Betto deplorou que "nem sob os anos da ditadura a direita conseguiu desmoralizar a esquerda como núcleo petista fez em tão pouco tempo (...) esses dirigentes desmoralizaram o partido e respingaram lama por toda a esquerda brasileira". Ocorre que as esquerdas brasileiras têm suas raízes no lamaçal ideológico do século passado.
Nada demais, meu caro Betto: as esquerdas estão voltando às origens.
Janer às 10:09 PM
Previsões imprevidentes para 2015: a situação está russa (sem querer ofender...) - Paulo Roberto de Almeida
sábado, 27 de dezembro de 2014
A cleptocracia companheira como projeto de poder - Guilherme Fiuza
Mercosul: uma clausula anti-democratica e pro-ditaduras? - Editorial Estadao
O apoio do Mercosul a Maduro
Editorial O ESTADO DE S.PAULO
26 Dezembro 2014
Multiplicam-se as denúncias de violações de direitos humanos na Venezuela. Diversas entidades vêm relatando nos últimos tempos vários casos de perseguição a dissidentes, de uso de tortura, de constrangimentos à imprensa independente e de submissão da Justiça ao governo. Diante desse cenário de ruína acelerada da democracia naquele país, a União Europeia e os Estados Unidos tomaram providências para deixar clara sua insatisfação e pressionar o autocrata Nicolás Maduro a respeitar os direitos dos venezuelanos.
Enquanto isso, Maduro foi recebido como estadista na última reunião do Mercosul, cujos associados não fizeram nenhuma menção à deterioração da democracia na Venezuela - ao contrário, condenaram os críticos do regime chavista, acusando-os de ingerência. Atitudes como essa só servem para aumentar a certeza de que o Mercosul está descolado da realidade e, pior, que aceitou o papel de cúmplice de um regime que se notabiliza cada vez mais pelos excessos.
Foi graças a essa truculência que o Parlamento Europeu aprovou, na semana passada, uma resolução em que condena em duros termos o governo de Maduro. Depois de relacionar as diversas vezes em que a entidade se manifestou a respeito das graves violações de direitos humanos na Venezuela desde 2007, o documento diz que o governo fez uso de "força desproporcional" para conter os opositores que foram às ruas protestar ao longo de 2014. Afirma também que os responsáveis pela violência desenfreada não foram punidos e que "a perseguição da oposição democrática por parte das forças de segurança ainda continua".
Em seguida, o texto relata os diversos casos de opositores presos sem o devido processo legal e que foram vítimas de tortura sistemática. Lembra que uma comissão da ONU que recentemente analisou os casos de tortura na Venezuela denunciou "a impunidade vigente e os maus-tratos a prisioneiros políticos, o uso excessivo da força, a aquiescência e a cumplicidade com as ações de grupos armados pró-governo, as detenções arbitrárias e a ausência das garantias processuais fundamentais".
Diante disso tudo, o Parlamento Europeu "condena veementemente a repressão à oposição democrática", diz que "o diálogo construtivo é impossível enquanto líderes da oposição continuarem arbitrariamente detidos" e incita o governo da Venezuela a "respeitar a sua própria Constituição e as obrigações internacionais" em relação às instituições democráticas.
Já nos Estados Unidos, o Congresso aprovou e o presidente Barack Obama sancionou um projeto que impõe sanções econômicas a todos os funcionários do governo venezuelano, ou pessoas que atuem em seu nome, que tenham cometido ou permitido violações de direitos humanos contra opositores. A punição é o bloqueio de bens e a revogação de vistos. O projeto americano ressalta ainda a necessidade de trabalhar em conjunto com a União Europeia para obrigar o governo de Maduro a dialogar com a oposição.
Essa forma de pressão é uma maneira de enfrentar a truculência de Maduro e de tentar salvar a Venezuela do colapso econômico e social. No entanto, os companheiros do Mercosul parecem não pensar assim e decidiram dar apoio explícito ao regime autoritário chavista, que causa sofrimentos cada vez maiores aos venezuelanos.
No comunicado da última reunião do Mercosul, os países-membros manifestaram seu "profundo rechaço" à imposição de sanções por parte dos Estados Unidos. "Medidas unilaterais dessa natureza ameaçam o princípio de não intervenção nos assuntos internos de outros Estados e em nada contribuem para a estabilidade e a tranquilidade social na região", diz o texto final.
No mesmo documento, a entidade dá parabéns à Venezuela por sua eleição para o Conselho de Segurança da ONU - considerando que esse mesmo país, cujo governo chama a atenção do mundo civilizado por sua truculência, será capaz de "defender os interesses do Mercosul" naquele órgão.
sexta-feira, 26 de dezembro de 2014
Venezuela: la tormenta perfecta - Roman Ortiz
Infolatam
Bogotá, 22 diciembre 2014
Por ROMÁN ORTIZ
(Infolatam).- A estas alturas, es un secreto a voces en todas las cancillerías latinoamericanas que el régimen chavista en Venezuela se dirige hacia un irremediable colapso que arrastrará al presidente Nicolas Maduro. De hecho, la caída del barril de petróleo venezolano por debajo de los 55 dólares ha asestado un golpe mortal a las decrepitas finanzas del Estado bolivariano. La esperanza en muchas capitales de dentro y fuera de la región es que este sea un “default” similar a otros sufridos por gobiernos latinoamericanos de todos los colores. Al fin y al cabo, en las pasadas décadas, las bancarrotas de Perú, Brasil y Argentina “solo” se tradujeron en un empobrecimiento generalizado de los sectores populares – otros hicieron fabulosos negocios – una espiral de protestas sociales y un cambio de gobierno más o menos traumático.
Sin embargo, en los casos anteriores, los cimientos de las instituciones sobrevivieron y el fantasma de un desmoronamiento generalizado del Estado pudo ser conjurado. El problema es que la muerte del chavismo promete ser tan excepcional como ha sido la trayectoria del régimen que ha hundido Venezuela en el subdesarrollo político, económico y social. De hecho, la agonía del gobierno bolivariano combina tres factores que prometen generar una tormenta político-estratégica perfecta. Por un lado, una debacle económica que ha dejado el tejido productivo en un estado de postración como solo 45 años de estalinismo lo hicieron en Europa Central y Oriental. Por otra parte, una devastación institucional que solo se puede comparar a la creada por el personalismo y la arbitrariedad de dictaduras como las de Muamar Gadafi en Libia y Bashar al Assad en Siria. Finalmente, una fractura del aparato de seguridad estatal que recuerda en alguna medida al escenario previo a la guerra civil yugoslava, cuando ejército federal, guardias territoriales y formaciones de policía se alistaban para lanzarse unas contra otras.
La inevitable bancarrota económica.
Por lo que se refiere al colapso económico, las cifras no dejan lugar a la discusión. Venezuela cerró el año con un tipo de cambio de 175 bolívares por dólar en el mercado negro – la tasa oficial mantiene la fantasía de 6,3 por cada billete verde– una inflación que algunos analistas estiman por encima del 100% y un desabastecimiento de alimentos de primera necesidad que la consultora Datanalisis situaba en el 70% en las redes de distribución oficiales. Todo ello se hace visible mientras estimaciones independientes –el gobierno ya no proporciona estadísticas – calculan que el déficit público está en torno al 17% y la economía se ha contraído en un 3% en 2014. hace ya tiempo que los ascensos en la Fuerza Armada Nacional Bolivariana (FANB), los cuerpos de policía y los servicios de inteligencia no se otorgan por méritos sino por fidelidad al proyecto bolivariano Así las cosas, no debería sorprender que la calificadora de riesgo Fitch haya reducido el valor de los bonos venezolanos a la categoría de CCC lo que en lenguaje financiero significa una notable probabilidad de suspensión de pagos.
Pero más allá del negro panorama de las cifras financieras, la economía venezolana se enfrenta a la quiebra generalizada de su tejido productivo. De hecho, el chavismo ha demostrado una capacidad para destruir la estructura económica que en poco envidiaría a la de los comunistas chinos durante los años 50 y 60. La infraestructura del país se encuentra en bancarrota después de 15 años de abandono. Los cortes de luz son rutina y hay zonas de Caracas que cuentan con suministro de agua solamente media hora al día. Entretanto, los sectores productivos están en ruinas.
La agricultura se ha desmoronado como resultado de la reforma agraria impulsada por el difunto presidente Chávez que barrio los derechos de propiedad sobre la tierra, destruyó el empresariado rural y multiplicó unos esquemas de producción cooperativa completamente inviables. Al mismo tiempo, la industria privada ha cesado de existir por el efecto combinado de un aluvión de medidas que anularon su rentabilidad – desde la prohibición de despedir empleados hasta los controles de precios– y una oleada de confiscaciones arbitrarias. El resultado es que la tradicional petro-dependencia venezolana ha alcanzado niveles exorbitantes. Según el Banco Central de Venezuela, la proporción entre exportaciones petroleras y no petroleras pasó de 69%- 31% en 1998 a 96% – 4% en 2012. El problema es que la economía del petróleo, la única existente, tampoco va bien. En el periodo 1998-2013, Caracas paso de producir 3,4 millones de barriles diarios a apenas 2,5.
La destrucción de las instituciones
Paralelamente al desmoronamiento económico, las instituciones de la democracia venezolana han dejado de existir para convertirse en instrumentos al servicio de un proyecto ideológico o sencillamente oportunidades de enriquecimiento para redes criminales que han conseguido capturarlas. Primero Chávez y luego Maduro han utilizado cada resorte del Estado para forzar a los ciudadanos a apoyar al régimen, premiar a sus simpatizantes y castigar a los disidentes. La adhesión a la revolución ha garantizado acceso a los programas sociales bautizados como “misiones”, empleo público y “regalos” del gobierno, desde computadores hasta carros.
Entretanto, los opositores han sido marginados de cualquier ayuda pública y han visto como sus oportunidades económicas y sociales se reducían a medida que el chavismo adquiría un control absoluto de los órganos de gobierno. Dentro de este esquema, la conquista de la Justicia ha resultado clave para dejar al ciudadano indefenso. Sin ninguna contemplación, el ejecutivo ha recurrido a presionar o comprar a los jueces para obtener las sentencias que eran de su agrado. En su libro “El TSJ al servicio de la revolución”, los abogados Antonio Canova, Luis Alfonso Herrera, Rosa Rodríguez Ortega y Giuseppe Graterol han demostrado que la Corte Suprema venezolana no ha dictado ni una sola sentencia en contra del Estado entre las 45.474 emitidas en el periodo 2004-2013. Así las cosas, a nadie debería extrañar el encarcelamiento ilegal del líder opositor Leopoldo López.
En este contexto, cuando la oposición ha conservado una presencia significativa en ciertas instituciones, el régimen ha optado por destruirlas. Un buen ejemplo de este comportamiento ha sido la estrategia frente a los gobiernos estatales y municipales en manos de la oposición. El chavismo ha empleado una amplia gama de tácticas para hostigar a estas entidades, incluyendo retener sus presupuestos, perseguir judicialmente a sus líderes y restringir sus competencias en áreas como la seguridad pública. Pero además, ante la imposibilidad de someterlos completamente, ha preferido reemplazarlos progresivamente por estructuras de nuevo cuño que fusionan partido revolucionario y administración local: los consejos comunales. De hecho, estos organismos se han convertido en canales a través de los cuales el Estado distribuye buena parte de sus programas sociales. El problema es que los consejos no solamente son caóticos sino que además excluyen a todos los no chavistas.
Al mismo tiempo, una combinación de afanes ideológicos y desprecio por el conocimiento técnico ha conducido al Estado a una hipertrofia normativa que ha traído consigo parálisis, caos y corrupción. Si exceptuamos los experimentos socialistas de Cuba y Nicaragua, ningún gobierno latinoamericano como el venezolano ha intentado regular cada aspecto de la vida de sus ciudadanos, desde el margen de beneficio de las empresas hasta la educación en las escuelas. La paradoja es que esta obsesión por el control ha venido acompañada por una inmensa incompetencia. Todo se regula y nada funciona. Si se cumplen las normas, las actividades más sencillas se hacen imposibles. En consecuencia, la única opción para sobrevivir –desde mantener una empresa a flote hasta conseguir una caja de leche – es saltarse las reglas. El resultado ha sido una enorme expansión de la informalidad y la corrupción. El gobierno legisla, los ciudadanos sufren y unos pocos se enriquecen cobrando por las puertas traseras que agilizan trámites absurdos o facilitan medicinas imprescindibles. El Estado se ha convertido en un laberinto lleno de trampas y cualquier tiene que pagar para que lo guíen a la salida o arriesgarse a quedar atrapado.
La fragmentación del aparato de seguridad
La tercera variable que crea las condiciones para la “tormenta perfecta” venezolana es una quiebra del monopolio del gobierno sobre el uso de la fuerza. La República Bolivariana ha visto una expansión sorprendente de los órganos de coerción del Estado. Tradicionalmente, la estructura del aparato de seguridad venezolano había resultado considerablemente enmarañada debido a la existencia de un modelo militar que incluía cuatro fuerzas – Ejército, Armada, Fuerza Aérea y Guardia Nacional – al que se añadían la Dirección Nacional de los Servicios de inteligencia y Prevención (DISIP), el Cuerpo Técnico de Policía Judicial (CTPJ) y un entramado de fuerzas policiales de rango estatal y local.
Sobre esta base, quince años de chavismo han dado pasos decisivos para hacer el sistema completamente ingobernable. De hecho, el régimen ha creado otros dos organizaciones adicionales. Por un lado, el Cuerpo de Policía Nacional Bolivariana que asumió la responsabilidad de mantener el orden a nivel nacional. Por otra parte, las Milicias Bolivarianas que se han convertido en una fuerza paralela al Ejército regular y teóricamente están llamadas a cumplir misiones tanto de seguridad interna como defensa exterior. A ello, se suma que el gobierno ha formateado ideológicamente dos de las instituciones de seguridad ya existentes: la DISIP ha pasado a llamarse Servicio Bolivariano de Inteligencia Nacional (SEBIN) y el CTPJ que se ha transmutado en el Cuerpo de Investigaciones Científicas, Penales y Criminalísticas (CICPC). En otras palabras, el modelo de seguridad bolivariano incluye 8 estructuras militares y policiales de alcance nacional a las que se suman las policías de estados y municipios.
Semejante laberinto organizativo se ha hecho cada vez más disfuncional como consecuencia de tres enfermedades. Por un lado, la politización de todo el sistema ha acabado con cualquier vestigio de profesionalismo y convertido a todos los organismos militares y policiales en una prolongación del partido de la revolución. De hecho, hace ya tiempo que los ascensos en la Fuerza Armada Nacional Bolivariana (FANB), los cuerpos de policía y los servicios de inteligencia no se otorgan por méritos sino por fidelidad al proyecto bolivariano y, sobre todo, al jefe de turno. El problema es que como la revolución incluye líderes y líneas políticas dispares así también los organismos de seguridad han quedado subordinados a facciones ideológicas contrapuestas.
Por otra parte, la corrupción ha disuelto las cadenas de mando policial y militar. Muchas unidades militares y policiales han dejado de seguir órdenes para moverse exclusivamente por el afán de lucro, buscando cada oportunidad para recibir sobornos o involucrarse en actividades ilegales como el narcotráfico o el secuestro. Finalmente, las rivalidades entre los organismos de seguridad y defensa se han desbordado. Ciertamente, la hostilidad entre la Guardia Nacional y el Ejército o entre este y las Milicias Bolivarianas son de larga data. Pero es que además, la corrupción ha hecho los enfrentamientos más agudos y temibles. De hecho, la competencia por el control de las rentas criminales ha llegado a ser motivo de violencia entre miembros corrompidos de las distintas fuerzas de seguridad que no han dudado en echar mano de sus armas para asegurarse su parte del negocio frente a la avaricia de sus camaradas.
Bajo estas circunstancias, paradoja de las paradojas, el Socialismo del Siglo XXI ha creado las condiciones para la privatización de la seguridad. La inefectividad y la corrupción han desembocado en una espiral de criminalidad y violencia en las ciudades y los campos de Venezuela. Como consecuencia, han proliferado los “empresarios” de la seguridad disfrazados con distintos ropajes que imponen un nuevo orden sobre los ciudadanos a través de una combinación de coerción y poder económico. En muchos casos, se trata de estructuras político-criminales que conviven y colaboran con el régimen.
El mejor ejemplo son los llamados “colectivos”, grupos radicales que controlan barrios como el 23 de Enero de Caracas donde se lucran con todo tipo de negocios ilegales, mantienen el monopolio de la fuerza y administran una variedad de programas sociales. Estos grupos –desde “Los Tupamaros” hasta “La Piedrita” – forman parte de las estructuras de protección del régimen y han jugado un papel clave en la represión de las marchas estudiantiles de 2014; pero al mismo tiempo han protagonizado enfrentamientos con la policía por el control de los sectores urbanos donde hacen presencia. En realidad, en un buen número de distritos periféricos de las ciudades, grupos como ellos son la única forma de gobierno disponible.
Hacia un estallido de violencia
Así las cosas, la secuencia del estallido venezolano se puede trazar con alguna precisión. La presente hecatombe económica está pauperizando a una gran parte de la población. En consecuencia, resulta inevitable que se produzca un incremento de la conflictividad social y política cuyo resultado será un aumento de las presiones para forzar la salida del gobierno de Nicolas Maduro y, en general, el final del régimen. De hecho, una encuesta de Datanalisispublicada el pasado octubre ya revelaba un aumento del rechazo popular hacia el presidente venezolano que se situaba en torno al 67,5% de los encuestados. Todo un record en un país donde manifestarse en contra del gobierno puede tener consecuencias nefastas para los ciudadanos.
En un entorno institucional normal, estas tensiones políticas serían tramitadas a través de las instituciones con miras a avanzar hacia un relevo político ordenado. Pero al menos dos factores hacen imposible una transición sin sobresaltos. Por un lado, la dirigencia chavista sabe que no puede abandonar el poder sin exponerse a ser perseguida dentro y fuera del país por una lista de crímenes que van desde corrupción a violaciones de los derechos humanos. Por otra parte, las instituciones que deberían tramitar el cambio político – el Congreso, la Justicia, etc. – han sido convertidas en instrumentos de manipulación y represión por parte del oficialismo.
Como consecuencia, el gobierno responderá con dosis crecientes de represión a las protestas de una población que hace tiempo vio confiscados sus derechos civiles y ahora sencillamente no encuentra los bienes esenciales –comida, energía, etc. – que demanda su supervivencia. En cualquier caso, los límites de esta espiral represiva están marcados por las debilidades del aparato de seguridad chavista. A diferencia de casos como el régimen castrista, las Fuerzas Armadas y la Policía del régimen bolivariano están fracturadas por el faccionalismo político, la corrupción y los intereses regionales.
Bajo estas circunstancias, es muy dudoso que el llamamiento del ejecutivo a defender la revolución sea respondido de forma unida por militares y policías contaminados por el narcotráfico o “colectivos armados” que ven la crisis como una oportunidad para imponer el “verdadero socialismo”. Por el contrario, el estallido de ira popular podría ser el pistoletazo de salida para que distintas facciones del régimen, todas ellas armadas, se lancen unas contra otras en una disputa por los despojos del Estado. Resulta difícil aventurar si esta confrontación terminará en dictadura o caos; pero es seguro que traerá consigo violencia en una escala que la sociedad venezolana no contempla desde el “Caracazo” de 1989.
Una mirada a Venezuela casi inevitablemente trae a la memoria la conocida frase del líder girondino francés, Pierre Vergniaud, “la revolución, como Saturno, devorará sucesivamente a todos sus hijos y finalmente llevará al despotismo con todas las calamidades que siempre acompañan a este”. Pero como en otros experimentos de ingeniería social fracasados, la tragedia va más allá del naufragio de un puñado de intelectuales radicales y unos pocos aventuraros políticos. El verdadero drama reside en el destino de millones de ciudadanos comunes arrastrados al abismo por el fanatismo de algunos, la falta de escrúpulos de bastantes y la ignorancia de muchos. Las consecuencias del desastre prometen perdurar por mucho tiempo, a disposición de cualquiera que tenga la honestidad política para contemplarlas y extraer las imprescindibles lecciones.
Venezuela: Maduro continua o manual de economia "al reves" do seu finado caudilho
Infolatam/Efe
Caracas, 23 de diciembre de 2014
Las claves
- Reiteró que contra Venezuela existe una "guerra económica" y una "persecución financiera internacional" que ha ubicado el riesgo país con una calificación "peor que países como Ucrania", que se encuentra en guerra, para impedirle el acceso al crédito internacional.
Venezuela: la Tormenta Perfecta
(Infolatam).- “El estallido de ira popular podría ser el pistoletazo de salida para que distintas facciones del régimen, todas ellas armadas, se lancen unas contra otras en una disputa por los despojos del Estado. Resulta difícil aventurar si esta confrontación terminará en dictadura o caos; pero es seguro que traerá consigo violencia en una escala que la sociedad venezolana no contempla desde el “Caracazo” de 1989″.
El presidente de Venezuela, Nicolás Maduro, anunció que en “los próximos días” instalará el “Estado mayor para la recuperación de la economía” al asegurar que ha pedido ayuda de expertos en la materia al tiempo que prometió que el primer trimestre de 2015 lo dedicará a dar “la batalla económica”.
“Antes de finalizar este año voy a instalar en los próximos días el Estado mayor para la recuperación de nuestra economía, el Estado mayor económico, el Estado mayor presidencial dirigido personalmente por mi”, dijo Maduro durante una reunión con gobernadores en Caracas.
El gobernante hizo el anuncio después de recordar que los precios del barril de petróleo han bajado en los últimos meses producto “de la guerra de precios que desde Estados Unidos se ha desatado contra la Organización de Países Exportadores de Petróleo (del que Venezuela es miembro fundador), contra Rusia y contra los países productores de petróleo”.
Maduro resaltó que el barril ha bajado del promedio de 100 dólares el barril y “hoy está en 50 y así ha venido oscilando a la baja” por causa, dijo, de las técnicas de extracción “destructivas” que están aplicando en EE.UU.
Reiteró que contra Venezuela existe una “guerra económica” y una “persecución financiera internacional” que ha ubicado el riesgo país con una calificación “peor que países como Ucrania”, que se encuentra en guerra, para impedirle el acceso al crédito internacional.
Manifestó que hay “opinadores” internacionales que aseguraron este 2014 que Venezuela “iba para el default” o impago de la deuda y que esos vaticinios no se cumplieron pues su Gobierno pagó a tiempo y “así seguirá en 2015″.
“Nos vemos dentro de un año si quieren este mismo día a esta misma hora, Venezuela va a mantener el ritmo, no solamente de cumplimiento de sus compromisos financieros mundiales, sino el ritmo que es más importante, de sus inversiones para el desarrollo económico y el desarrollo social del país en moneda nacional y en moneda internacional”, señaló.
Hace dos semanas Maduro indicó que las empresas calificadoras de riesgo han puesto a Venezuela como el peor país “prácticamente en el mundo” para invertir con la idea de que no acceda a créditos, acción que, afirmó, tiene “causas políticas”.
La agencia Fitch Ratings rebajó el jueves pasado la calificación de la deuda de Venezuela, que pasa de “B” a “CCC”, por la dependencia del país de las materias primas y la “limitación” de su economía para responder a la caída de los precios del petróleo y su nivel “relativamente bajo” de reservas internacionales.
Venezuela cerrará 2014 con un enfriamiento de la actividad económica, una inflación que ronda el 60 % según los últimos datos oficiales ofrecidos hasta agosto, y una reiterada escasez de productos de primera necesidad.