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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sábado, 28 de setembro de 2013

Brasil dos companheiros: um pais avestruz - Edmar Bacha

Abrir ou abrir, eis a questão

Instituto Millenium, 28 de setembro de 2013
Fonte: Valor Econômico, 27/09/2013
Edmar Bacha
A economia brasileira está enferma. É isso que nos dizem os pibinhos, a inflação alta e a desindustrialização. São sintomas da baixa produtividade do país, que tem a ver com o atraso tecnológico, a escala reduzida e a falta de especialização que caracterizam nossas empresas de modo geral. É o resultado do isolamento econômico que o país se impôs em relação ao comércio internacional com exportações de apenas 12,5% do PIB, que representam menos que 1,3% do total mundial em 2012. Medido pelo PIB, o Brasil responde por 3,3% do total do mundo – número 2,5 vezes maior que sua participação nas exportações mundiais. Enquanto acordos de preferência comercial proliferam mundo afora, o Brasil permanece atado à letargia do Mercosul. Agora que um brasileiro está dirigindo a Organização Mundial do Comércio, é boa hora de reavaliar essa política de isolamento e promover maior integração do país ao comércio internacional.
Os diagnósticos correntes sobre a doença brasileira de elevada inflação combinada com reduzido crescimento corretamente enfatizam o baixo investimento e a alta carga tributária, além da educação precária. Menor presença no debate tem tido um fator de igual ou maior importância do que os anteriores, a saber, a reduzidíssima participação do comércio exterior na atividade econômica do país. Trata-se de uma questão de natureza quantitativa, pois nesse quesito o Brasil é um ponto fora da curva em relação aos demais países, tanto quanto ou mais que na taxa de investimento, na carga tributária ou na qualificação da mão de obra.
Mas trata-se também de uma questão de natureza qualitativa, da estratégia de desenvolvimento. Tentar atacar simultaneamente todas as mazelas que emperram o crescimento do país é uma receita certa para o fracasso, pois não há governo que terá forças para tanto. Melhor concentrar esforços em nós górdios críticos que, uma vez desatados, tenham o condão de forçar o alinhamento dos demais requisitos para o crescimento. Trata-se de uma aplicação do princípio do desenvolvimento desequilibrado sugerido por Albert Hirschman: em lugar de buscar um impossível crescimento simultâneo de todos setores, a melhor estratégia para o desenvolvimento é provocar um desequilíbrio regenerador, forçando os demais requisitos para o desenvolvimento a se alinharem com uma nova realidade. Nesse contexto, Hirschman cunhou o termo exportabilidade para caracterizar como um processo de industrialização poderia levar um país subdesenvolvido para um estágio mais alto de crescimento. Nada de errado com substituir importações, propôs ele, desde que através dessa substituição o país consiga desenvolver novas fontes de exportação. O Brasil deu o primeiro passo, e constituiu uma forte indústria de transformação a partir da substituição de importações. Mas não deu o segundo passo, pois a indústria brasileira produz apenas para o mercado interno e não se integrou às cadeias internacionais de valor.
De acordo com o World Factbook da Central Intelligence Agency dos Estados Unidos, em termos do valor das exportações de mercadorias em 2012 o Brasil ocupou apenas a 25ª posição no mundo, apesar de o PIB brasileiro ter sido o 7º maior do mundo. Trata-se de uma anomalia, pois a Comunidade Europeia ocupou o 1º lugar no mundo, tanto em termos de PIB como de exportações. Os Estados Unidos ocuparam o 2º lugar em termos de PIB e o 3º em exportações. A China ocupou o 3º lugar em termos de PIB e o 2º em exportações. O Japão obteve o 5º lugar, tanto em termos de PIB como em exportações. A Alemanha se posicionou como a 6ª maior economia do mundo e a 4ª maior exportadora em 2012.
O 7º maior exportador do mundo foi a Coreia do Sul, cujo PIB ocupou a 13ª posição no ranking mundial. Ou seja, países ricos ou bem-sucedidos na transição para o Primeiro Mundo são simultaneamente grandes exportadores. O que não acontece com o Brasil. Semelhante ao Brasil, com um PIB grande, mas exportações pequenas, somente está a Índia (11º maior PIB do mundo e 21º maior exportador) – um país pobre que está a duras penas tentando transitar para a classe média. Caberia fazer a objeção de que, apesar de os Estados Unidos serem grandes exportadores, suas exportações de bens e serviços respondem por apenas 13,6% do PIB americano, número pouco maior que o do Brasil. Mas o PIB dos Estados Unidos representa praticamente ¼ do PIB mundial e é quase sete vezes maior que o do Brasil. Além disso, os Estados Unidos operam na fronteira da tecnologia mundial, o que está longe de acontecer com o Brasil.
Quadro igualmente desalentador, do ponto de vista da integração brasileira no comércio mundial, revela-se quando olhamos os valores das importações. Nas estatísticas do Banco Mundial para 2012, a parcela das importações de bens e serviços no PIB do Brasil é de apenas 13%, o menor valor entre todos os 176 países para os quais o banco tem dados. Na Coreia do Sul, a parcela das importações no PIB é 54%. Na Alemanha, 45%. Na China, 27%. Mesmo os Estados Unidos, com sua economia gigantesca, importam 18% do PIB, quase 40% mais que o Brasil.
A conclusão é que vivemos num dos países mais fechados ao comércio exterior. É algo paradoxal, pois, ao mesmo tempo, somos um mercado muito atraente para o investimento direto das multinacionais. Conforme o World Investment Report de 2013 da UNCTAD, o Brasil ocupa a quarta posição no ranking de destinos preferenciais do investimento estrangeiro direto, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, China e Hong Kong. A explicação é que as multinacionais vêm aqui para explorar o mercado interno protegido e não para integrar o país às suas cadeias produtivas mundiais, como ocorre com suas subsidiárias nos países asiáticos. O paradoxo ocorre porque temos uma conta de capital aberta ao fluxo de investimento, mas uma conta corrente fechada ao fluxo de comércio. Trata-se de uma receita certa para o que a literatura econômica denomina de crescimento empobrecedor . As multinacionais lucram ao investir no país, mas o resto da economia definha, ao deslocar para a substituição protegida de importações recursos locais que poderiam ser empregados com maior eficiência em atividades exportadoras.
O isolamento do país em relação ao comércio internacional é preocupante porque a evidência do pós-guerra sugere não haver caminho para o pleno desenvolvimento fora da integração com o resto da comunidade internacional. São poucos os países que conseguiram superar a chamada armadilha da renda média e chegar ao Primeiro Mundo nos últimos 60 anos anos. Alguns, como Israel e os países do Sudeste Asiático – Coreia do Sul, Hong Kong, Cingapura e Taiwan – o fizeram apoiados nas exportações industriais. Outros, como os da periferia europeia – Espanha, Grécia, Irlanda e Portugal – nas exportações de serviços, inclusive de mão de obra. Outros ainda, com abundantes recursos naturais e escassa população, como Austrália, Nova Zelândia e Noruega, nas exportações de commodities. Cada país à sua maneira, explorando suas respectivas dotações de recursos, mas todos eles com uma característica em comum: a crescente integração com o comércio internacional.
A explicação para essa associação entre comércio e riqueza está em que, através da substituição de importações, é possível atrair do campo para a cidade a população predominantemente subempregada na agropecuária. O crescimento da produtividade agregada que esse deslocamento populacional propicia é suficiente para elevar a renda nos estágios iniciais do desenvolvimento. A partir do esgotamento desse manancial de mão de obra, entretanto, ganhos adicionais de produtividade, que levem da renda média para a renda elevada, dependem de empresas com escala, especialização e tecnologia que somente podem ser obtidas através da integração do país ao comércio internacional. Embora o Brasil seja um país relativamente grande, representa apenas 3,3% do PIB mundial e está longe da fronteira tecnológica mundial.
Na década de 1960, a renda per capita da Coreia do Sul era inferior à do Brasil. Sua estratégia de industrialização, entretanto, baseou-se na promoção de exportações, enquanto que o Brasil persistiu na substituição de importações. Em 1970, as exportações de bens e serviços da Coreia do Sul representavam 15% do PIB, enquanto no Brasil essa relação era pouco menos da metade disso, ou 7% do PIB. Cinquenta anos depois, em 2012, o coeficiente de exportações da Coreia do Sul havia se tornado 3,9 vezes maior do que em 1970, situando-se em 58,5% do PIB. Enquanto isso, o coeficiente de exportações do Brasil foi de 12,5% do PIB em 2012, apenas 1,8 vez maior do que em 1970. Visto de outro modo, a Coreia do Sul é hoje um país desenvolvido, com um PIB per capita de US$ 32.800 e uma corrente de comércio (exportações mais importações de bens e serviços) superior ao valor de seu PIB, enquanto o Brasil continua sendo um país de renda média, com um PIB per capita de US$ 12.100 e corrente de comércio inferior a ¼ de seu PIB. Não há dúvida de que o extraordinário potencial exportador da Coreia do Sul está associado à sua excelente infraestrutura, ao avanço tecnológico de suas empresas líderes e à qualidade de sua educação. Mas tudo isso teria sido difícil, se não impossível, de colocar em pé não fora a decisão do governo coreano, já na década de 1960, mas especialmente após o primeiro choque do petróleo, em 1973, de dar exportabilidade a seu processo de industrialização.
Esse é o desafio que o Brasil enfrenta. Para ultrapassar a armadilha da renda média, é imperativo que deixe de ser um dos países mais fechados do mundo ao comércio internacional. Somente aumentando significativamente a participação das exportações no PIB é que deixaremos de ser apenas um exportador de commodities e conseguiremos desenvolver uma indústria e um setor de serviços internacionalmente competitivos. O exemplo da Embraer, que importa 70% do que exporta, indica o caminho para o futuro. O fato de praticamente todas as multinacionais relevantes já terem instalações no país facilita essa transição. Embora as multinacionais tenham vindo para aqui para explorar o mercado interno, não vão abandonar o país, desde que lhes sejam oferecidas alternativas atraentes para, a partir de sua posição privilegiada no mercado interno, desenvolverem uma atividade exportadora complementar às de suas associadas nos demais países do mundo. A presença maciça das multinacionais é um ativo importante para o país poder integrar-se às cadeias mundiais de valor.
Multinacionais vêm aqui para explorar o mercado interno protegido e não para integrar o país às suas cadeias produtivas mundiais


A sugestão para a alternativa integradora é um programa pré-anunciado a ser implantado gradualmente, ao longo de um número de anos. Por ser um programa gradualista, e não um tratamento de choque, haverá que se construir previamente um consenso político e social para sua sustentação. Esse consenso poderá possivelmente ser alcançado a partir de duas constatações.
A primeira é que, se seguirmos no atual curso de isolamento econômico, continuaremos a gerar pibinho atrás de pibinho , sem conseguirmos sair da renda média. A evidência do letárgico comportamento econômico do país nos últimos 30 anos, reiterada no atual mandato presidencial, nos sugere isso fortemente.
A segunda constatação é que os acordos de preferência comercial tornaram-se, nos últimos anos, importante mecanismo de política comercial dos países e, hoje, podem ser considerados característica irreversível da regulação do comércio internacional. Mais recentemente, comunidades com mercados internos muito maiores do que o nosso e na fronteira da tecnologia mundial, como os EUA e a União Europeia, reconhecendo que, no mundo globalizado em que vivemos, precisam unir forças para acelerar seu crescimento, propuseram negociar uma profunda área de livre comércio entre si, a chamada Parceria Transatlântica para o Comércio e o Investimento. A impertinência da postura comercial do Brasil fica assim mais flagrante do que nunca, clamando por um programa de integração que nos libere da atual posição de isolamento.
O programa de integração aqui sugerido tem três pilares: reforma fiscal, substituição de tarifas por câmbio e acordos comerciais, a serem implantados de forma progressiva ao longo de alguns anos.
O objetivo da reforma fiscal, o primeiro pilar do programa, seria permitir uma simplificação e redução da carga tributária sobre as empresas, sem que isso implique um aumento da dívida pública. Parece atrativa uma fórmula adotada por Israel em 2010: fixar um limite superior para o crescimento dos gastos públicos igual à metade do crescimento potencial do PIB, estimado como sendo aquele observado nos últimos dez anos. No caso brasileiro, isso quer dizer um crescimento dos gastos públicos, em termos reais, de 1,5% ao ano. Para reduzir o espaço de manobra para contabilidades criativas que subestimem os aumentos dos gastos (através de orçamentos paralelos, por exemplo), essa meta seria suplementada por limites também para o crescimento da dívida pública bruta. O detalhamento desse pilar seria feito a partir de um estudo sobre os diversos componentes do gasto público e sobre as reformas necessárias para manter sua expansão sob controle.
O primeiro pilar contribuiria para diminuir o custo Brasil , que é o principal problema com que se defrontam as empresas brasileiras para enfrentar a concorrência internacional. O segundo maior problema é o câmbio.
Esse é o tema do segundo pilar da proposta, a saber, a substituição da proteção tarifária contra as importações por uma proteção cambial . Trata-se de anunciar uma redução substancial, a ser implantada de forma progressiva, das tarifas às importações, dos requisitos de conteúdo nacional, das preferências para compras governamentais, das amarras aduaneiras e portuárias, e das especificações técnicas de produtos distintas daquelas adotadas internacionalmente.
Entre as medidas facilitadoras do comércio, está a autorização para que todos os interessados possam utilizar o Despacho Aduaneiro Expresso/Linha Azul, adotado pela Receita Federal para agilizar os trâmites relacionados às operações de comércio exterior. Trata-se de um procedimento especial que atualmente beneficia apenas algumas grandes empresas.
Ainda na categoria das medidas facilitadoras do comércio, deve incluir-se substancial melhoria da infraestrutura portuária e de transportes, através de concessões e parcerias público-privadas. Como demonstram estudos recentes do Banco Interamericano de Desenvolvimento, reduções plausíveis nos custos dos transportes podem trazer aumentos expressivos da exportação do país.
A continuar o atual curso de isolamento econômico, o país só conseguirá gerar pibinho atrás de pibinho , sem sair da renda média


O anúncio dessas medidas antiprotecionistas presumivelmente será feito por um/a presidente convicto/a de sua necessidade e com apoio no Congresso para sua implantação, ou seja, será um anúncio crível. Nesse caso, sob um regime de câmbio flutuante, esse anúncio terá o efeito de desvalorizar o câmbio, pois os agentes financeiros passarão a comprar dólares e a vender reais, para lucrar com o aumento da demanda de dólares que ocorrerá para efetuar as importações adicionais que serão facilitadas.
Esse é o pilar central do plano, pois é ele que, dando acesso a insumos modernos, possibilitará a integração da indústria brasileira ao comércio internacional, à semelhança do que hoje ocorre com a Embraer. Haverá ganhos tecnológicos, de escala e de especialização. Certamente, haverá perdedores, assim como ganhadores. O Brasil (como os Estados Unidos ainda hoje) continuará a ser um grande exportador de commodities, mas dificilmente macros setores inteiros se beneficiarão ou se verão prejudicados pela abertura. É certo que os instrumentos de proteção que serão diminuídos ou eliminados parecem ser hoje mais importantes para a indústria de transformação do que para a agricultura ou a mineração. Entretanto, a indústria será a principal beneficiada da redução de impostos, já que a atividade primária é relativamente menos taxada. Além disso, na margem da expansão do comércio, a indústria de transformação se beneficiará de economias de escala e de especialização que não estão presentes na agricultura, pois esta opera sob um regime de custos crescentes, ao ocupar terras menos produtivas ou mais distantes. Também, embora de forma seletiva, a indústria será a maior beneficiada do acesso a insumos importados mais baratos e de melhor qualidade.
Não é simples o desenho de um mecanismo para a troca proposta das tarifas por câmbio, especialmente por causa da volatilidade da conta de capital e sua importância na determinação da taxa de câmbio. É possível imaginar soluções para esse dilema, através de taxas de câmbio de referência, controles macro prudenciais e outros mecanismos, mas por hora cabe apenas ressaltar a importância da troca das tarifas pelo câmbio. Quando o programa for implantado, se fará a escolha entre as alternativas possíveis, pois ela dependerá de uma série de fatores conjunturais, tais como a situação da conta corrente, o ponto de partida da taxa de câmbio, a distância entre a taxa de inflação e o centro da meta e as perspectivas sobre os fluxos de capital.
O terceiro pilar do programa são os acordos comerciais internacionais. Dado o amplo mercado interno que abrirá às exportações dos demais países, o Brasil estará em condições de fazer negociações vantajosas para a abertura compensatória dos mercados de seus parceiros comerciais. O leque de possibilidades é amplo, envolvendo acordos multilaterais, regionais e bilaterais. O certo é que o país necessitará de liberdade de movimentos e, portanto, deverá flexibilizar as regras de lista comum para a negociação com terceiros países que têm sido observadas no Mercosul.
É importante ter em conta que o programa de integração aqui sugerido é unilateral. Portanto, não está condicionado à realização de acordos comerciais. Entretanto, na definição do sequenciamento da abertura, certamente haverá espaço para fazê-la em primeiro lugar em relação aos países que se proponham assinar acordos comerciais com o Brasil. A abertura em relação aos demais países ficaria mais para o fim do processo. Isso deverá ser estímulo suficiente para induzir nossos parceiros comerciais a logo firmarem esses acordos, para terem acesso mais rápido ao mercado interno brasileiro. Não se pode perder de vista que a troca das tarifas pelo câmbio é uma vantagem em si para o Brasil. Os ganhos comerciais que vierem dos acordos serão adicionais àqueles propiciados por essa política de dinamização do crescimento econômico brasileiro.

Telefonicas: companheiros adoram carteis e monopolios

Assim como estão monopolizando o cenário político, os companheiros também preferem tratar com poucas companhias por setor, sobretudo quando elas dependem da regulação estatal, o que torna mais fácil extorquir e chantagear as empresas, como já se tornou costume, ao que parece.
PRA

Acordo entre Telefónica e TIM escancara concentração do setor de telefonia no Brasil

Quatro grandes empresas dominam mais de 99% da telefonia móvel no país e estão travadas para novas aquisições

Logo da Telefonica na sede da empresa em Madri, Espanha

Telefónica anunciou nesta semana a compra gradual do controle da Telecom Italia (Cristina Arias/Getty Images)

O recente anúncio de aumento de participação do grupo espanhol Telefónica na Telecom Italia escancarou a concentração do mercado brasileiro de telefonia móvel - segmento em que as duas empresas concorrem diretamente no Brasil. De um lado, a primeira detém o controle da Vivo, que, por sua vez, é a líder de mercado, com 28,69% de participação, segundo dados de julho da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Já o grupo italiano, que passa por sérias dificuldades financeiras, é o controlador da TIM, companhia que hoje detém a segunda maior fatia de mercado, de 27,22%. "É um oligopólio concentrado. São quatro empresas que estão praticamente travadas para fazer acordos entre si", afirma Gesner Oliveira, economista e sócio da consultoria GO Associados.

De acordo com dados da Anatel, em 2003, as quatro maiores empresas brasileiras do setor (Vivo, TIM, Claro e Oi) possuíam 91,86% do mercado. Em 2013, essa participação aumentou para 99,56%. Assim, considerando o tamanho dos atuais players do setor - Claro com 24,97% de fatia de mercado e Oi com 18,66% -, é visível que qualquer acordo de fusão, aquisição ou parceira entre duas delas seria considerável 'danoso', de acordo com Oliveira.

Leia mais: Telefónica torna-se sócia majoritária da controladora da TIM
Conselheiros independentes da Telecom Italia se opõem à venda de ativos

Por isso, caso a Telecom Itália precise vender a TIM, para que a Telefónica consiga assumir seu controle, é mais provável que a compra seja feita por uma companhia estrangeira, segundo o economista Arthur Barrionuevo Filho, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV). "É mais provável que haja uma venda da empresa para um grupo de fora, já que é difícil que as empresas se juntem no Brasil. A venda seria uma boa opção até mesmo para manter o valor de mercado da TIM, uma vez que o grupo (Telecom Italia) está endividado e é um setor que exige muitos investimentos", diz o economista.

Contudo, para que uma nova empresa chegue ao país (as apostas estão entre a inglesa Vodafone e a egípcia Orascom), terá de vencer as barreiras burocráticas e regulatórias num setor politicamente complexo e que requer altíssimos investimentos. "O importante no Brasil seria manter esses quatro players como empresas completamente independentes", afirma Eduardo Tude, da consultoria Teleco.

Leia também: Brasil pautou o acordo entre Telefónica e Telco, diz FT  
Proteste cobra explicação do Cade e da Anatel sobre Telefónica e TIM

Concorrência acirrada - Há muitas limitações para que Vivo e TIM se tornem uma só. Primeiramente, são regulatórias. As leis brasileiras para o setor têm restrições para que um mesmo grupo detenha outorga e acumule faixas de frequência de duas operadoras simultaneamente. Há ainda a questão concorrencial: dados da Anatel obtidos pelo site de VEJA mostram que, dentre os 68 DDDs cujos dados são disponibilizados, em 16 as participações da TIM e Vivo somadas corresponderiam a mais de 75% do mercado. Em outros 29 locais, teriam juntas mais de 50% do mercado (sendo em 17 acima de 60%). Apenas em 23 dos DDDs, as duas empresas juntas não teriam 50% do mercado.

Levando em conta o número de linhas por operadora por estado, mais da metade do país teria uma concentração superior a 50%, sendo que destes, quatro apresentariam uma fatia de mais de 75% dominada por TIM e Vivo.

Em 2010, depois que a Telefónica comprou pela primeira vez ações minoritárias da Telco, que, por sua vez, detém ações da Telecom Itália, o próprio Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a Anatel acordaram com a empresa espanhola um Termo de Compromisso de Desempenho (TED) em que a companhia foi impedida de ter acesso a reuniões do Conselho de Administração da italiana onde fossem tratados assuntos sobre o Brasil. Também neste documento, os órgãos deixaram claro que a Telefónica não poderia aumentar sua participação acionária no grupo Telco ao ponto de ter mais votos no Conselho.

Negócios

Brasil pautou o acordo entre Telefónica e Telco, diz FT

Segundo fontes do jornal britânico, todo o acordo foi desenhado para escapar de sanções do órgão antitruste brasileiro

Veja.com, 28/09/2013
Loja da Tim
TIM e Vivo: operadoras foram o centro da discussão entre Telefónica e Telecom Italia (Luciano Amarante)
As operadoras de telefonia celular Vivo e TIM pautaram as discussões entre a Telefónica e a Telco nas duas últimas semanas, que culminaram com o anúncio do aumento da participaçãoda empresa espanhola na italiana que controla a Telecom Italia, maior acionista da TIM. Segundo fontes do jornal Financial Times, o acordo entre as companhias foi desenhado de forma a não disparar um problema regulatório no Brasil de imediato.

Leia mais:
Telefónica torna-se sócia majoritária da controladora da TIM
Governo pede venda da TIM se Telefónica assumir controle da Telco
A forma encontrada de tentar burlar uma infração automática de um termo assinado com o Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade) foi a seguinte: apesar de a Telefónica adquirir 66% do controle da Telco (fatia que pode chegar a 70% em 2014), as novas ações só serão convertidas a ordinárias (com direito a voto) em outubro de 2014. Em 2010, quando o órgão julgou o primeiro investimento da Telefónica na Telco (a espanhola adquiriu 46,18% das ações da italiana), determinou que as empresas assinassem um Termo de Compromisso de Desenvolvimento (TCD) que previa que nenhum conselheiro indicado pela Telefónica na Telco teria acesso a dados estratégicos da TIM ou do mercado brasileiro.
Soluções - Ao postergar a conversão de sua participação em ações com direito a voto, a Telefónica escapa do problema — mas não consegue evitar a concentração de mercado. TIM e Vivo juntas possuem cerca de 52% do mercado de telefonia celular, por exemplo. A Telefónica espera que, ao postergar a conversão de ações para 2014, terá exatamente um ano para encontrar uma solução de mercado que não prejudique a concorrência no setor de telecomunicações no Brasil. Essa solução, segundo analistas e o próprio governo, é a venda da TIM. Segundo a lei que regulamenta o órgão antitruste brasileiro, um ano também é o prazo que o Cade terá para julgar os termos do novo acordo. 
FT afirma, contudo, que a Telefónica não descarta outra solução para o impasse: dividir a TIM entre Vivo, Claro e Oi. A divisão da empresa em três partes, segundo analistas do Citi, é possível, porém difícil de ser executada. "Esperamos que uma consolidação de mercado traga benefícios para as empresas, mas também deve suscitar uma avaliação minuciosa dos órgãos reguladores", afirmou.

Comparacoes entre civilizacoes e sociedades em perspectiva historica - Ian Morris (book review)

EH.NET BOOK REVIEW ------
Title: The Measure of Civilization: How Social Development Decides the Fate of Nations
Published by EH.Net (February 2013)
Ian Morris, The Measure of Civilization: How Social Development Decides the Fate of Nations.  Princeton: Princeton University Press, 2013.  xvi + 381 pp.  $30 (cloth), ISBN: 978-0-691-15568-5.
Reviewed for EH.Net by Eric Jones, La Trobe University.
Ian Morris is one of the most energetic researchers around, one of the most ambitious and one of the most talented.  Not content with narrative observations on world history, he tries in this book to ground them by measuring four traits: energy capture (the output of food, fuel and raw materials), organization, the capacity to make war, and information technology.  Of the four, energy capture bulks largest in the combined result, which he calls a Social Development Index.  Data, or proxies for data, are identified and graphed at regular intervals over the entire 16,000 years since the Ice Age. 
  
Social development is defined as an amalgam of material production, organization, culture (elsewhere dismissed), and offense and defense.  Morris’s gloss is that his index charts what people have accomplished in the process of “getting things done” in the world.  It is total history, based on a colossal effort at consistent measurement.  There are further purposes, chief of which is comparing the performance of East and West, the latter being something of a double-yolked egg since it includes the Middle East.  Power, notably the West’s supposed domination of the world, is treated as going hand-in-hand with economic success.  There is a bow towards the fashionable downplaying of the West’s achievement.  Rather more elliptical is the intoning of its bleak future relative to China, as if world affairs must be a zero-sum game.
Beyond these aims lie other, historically more important, goals that become possible, or at any rate conceivable, only when the canvas is stretched as far in space and time as it is here.  Formerly, economic history did not range so widely and Alexander Gerschenkron derided working in latum et in longum as using the easy dimensions.  As an archaeologist of the classical world, Morris does not feel bound by the parochialism of economics, which in any case has gone out of style in economic history.  He shows that real questions arise from total history, because all more restricted enquiries must nest within global trends. 
To my mind, the most interesting passages are of two types.  His acknowledgement of fluctuations within pre-industrial periods replaces the smooth graph of (hypothetical) world population so often substituted for scholarship.  Even more informative are discussions of the long swings of fortune.  The conclusion is that, once inanimate power became general, the course of world history stood revealed as unidirectional.  The extent to which Morris’s truly herculean efforts at quantifying history’s undulations are successful – or justify the opportunity cost – is what we have to consider.  The sporadic finds from archaeological digs used to track early conditions are hard to integrate, while twentieth century experience breaks away from the longer trends.
Travelling through absolutely all periods and places, Morris is obliged to present comparable evidence for each one.  His range of reference is exceptional, and his candor and methodological awareness remarkable, but he openly admits a profusion of lacunae and ambiguities.  Morris cannot be accused of pressing on regardless but, once embarked on a roller-coaster ride through the millennia and over the continents, press on he must.  Hence, although he provides scores for each trait at every period and in every region, they are spattered with hesitations, caveats and guesses.  At least he is frank enough to admit the frailties and attempts to deal with them by submitting his conclusions to a stress test. 
The difficulty is that errors from pressing insecure evidence into sometimes uncertain boxes may not be additive, but multiplicative.  Disputing individual items would be tedious.  Morris offers readers the chance of replacing his evidence but to do so would be far beyond the resources of most academics and out of the question in the space of a review.  Whether the effort of treading in the author’s tracks would anyhow be worthwhile is unclear, since the data are used to measure some slippery concepts.  The Human Development Index may have been an inspiration for Morris, but it lacks appeal.  For example, it is thoroughly obscure how meaningful transformation ratios can be established between biological indicators of well-being and social indicators such as, say, literacy.  Definitions of literacy are always troublesome; some modern developed countries make the incredible claim that 100 percent of their citizens are literate.  Index-makers have slid towards citing years of schooling, though doing so measures inputs, not output.  In any case for most of human history we have no pertinent information.
That example can touch only tangentially on the host of problems arising when trying to construct a whole-history Social Development Index.  Nothing I have said is meant to take away from the skill, breadth of knowledge and open-mindedness with which the task is approached here, but the endeavor is surely overwhelming.  It means swallowing the whale.  Agreed, Morris does anticipate the criticism that deficiencies in the data may nullify his conclusions, candor that – in principle – puts him streets ahead of most scholars.  Yet the practice is more vexing than the principle.  He decides that if the trend of his index is more than 20 percent awry, it is insufficiently robust.  Notwithstanding whether this is fair, it blurs an exercise that Morris begins with extreme claims for precision.  At one point he questions certain conclusions because they do not accord with the mass of historical evidence, which seems to be having his cake and eating it too. 
It remains an open question how far solidifying any individual’s reading of historical sources in this way improves on a careful narrative presentation of the same material.  This is especially so if one takes into account the diversion of effort away from scrutinizing the sources even more attentively.  Frank Knight recommended quantification to economists by saying, “measure, and if you can’t measure, measure anyhow.”  There is more than a little of measuring anyhow in Ian Morris’s otherwise remarkable effort at constructing a Social Development Index. 

Eric Jones is Emeritus Professor, La Trobe University, and sometime Professorial Fellow, Melbourne Business School.  He is the author of Locating the Industrial Revolution: Inducement and Response (World Scientific, 2010) and (with Charles Foster) The Fabric of Society and How It Creates Wealth (Arley Hall Press, 2013).

Copyright (c) 2013 by EH.Net. All rights reserved. 
This work may be copied for non-profit educational uses if proper credit is given to the author and the list. For other permission, please contact the EH.Net Administrator (administrator@eh.net). Published by EH.Net (February 2013). All EH.Net reviews are archived at http://www.eh.net/BookReview

Sobre a podridao da atual republica dos companheiros - Ricardo Velez-Rodriguez

Ricardo Vélez-Rodríguez
Blog Rocinante, 19/09/2013

Tornou-se infelizmente realidade a expressão que resume a frustração da plateia quando o bandido do filme ganha a parada: “A polícia não presta. Chamem o ladrão!” Os mensaleiros estão em festa. A lulopetralhada aplaude. Militantes, mensaleiros e juízes sem compromisso com a Nação conseguiram, afinal, aparelhar o Brasil, tendo desarmado e desmoralizado o Supremo. O Ministro Celso de Mello, que tinha condenado os mensaleiros com palavras duras, terminou cedendo e aprovando a admissibilidade dos embargos infringentes, fato que praticamente desmonta a condenação dos réus. Vale a pena lembrar as duras palavras com que o decano dos ministros do Supremo tinha condenado os mensaleiros: “Agentes públicos que se deixaram corromper e particulares que corrompem são, corruptores e corruptos, os profanadores da República, os subversivos da ordem institucional, os delinquentes, os marginais da ética do poder”. E continuava assim o decano: “Esse processo revela um dos episódios mais vergonhosos da história política do nosso país, pois os elementos probatórios que foram produzidos pelo Ministério Público expõem aos olhos de uma nação estarrecida, perplexa e envergonhada um grupo de delinquentes que degradou a atividade política, transformando-a em plataforma de ações criminosas”.

O que aconteceu? - Se pergunta, perplexa, a opinião pública. Respondo: os juízes do Supremo, a maioria dentre eles, priorizaram a tecnicidade jurídica por sobre os imperativos da moral social. Ora, bolas. Todos sabiam que os mensaleiros tripudiaram no túmulo da dignidade republicana. Ressoam ainda as duras palavras proferidas quando da primeira condenação, tanto pelo decano que desempatou a última votação, quanto por outros Ministros como Gilmar Mendes que foi um dos cinco membros do Supremo que, na última semana, rejeitaram o adiamento do resultado prático das sentenças. Ao criticar a tentativa do “novato” ministro Barroso de reduzir a importância do mensalão com a declaração de que as penas impostas aos réus eram excessivas e exageradas, Gilmar Mendes frisou: “Já se disse que esse crime não era o maior escândalo (...) perpetrado. Ainda que fossem só 170 milhões de reais, não foi só isso, nós falamos de um sistema criado para comprometer a democracia, manipular a vontade dos parlamentares. Não se trata, portanto, de pena exacerbada”.

É claro, como observava com acuidade o jornalista Percival Puggina no seu blog, que as penas impostas aos mensaleiros do PT foram pequenas, se comparadas às que receberam os membros da iniciativa privada, Marcos Valério e companhia. Criminoso pertencente a partido político no comando do Estado patrimonial é contemplado com penas mais brandas do que um cidadão comum. Já era ruim essa patente desigualdade perante a lei. Mas a atual decisão do Supremo de acolher os embargos infringentes e mandar para a escatologia a condenação definitiva dos mensaleiros é escárnio demais! O positivismo jurídico dos juízes do Supremo foi mau conselheiro, quando os levou a sobrepor às exigências da moral e da defesa da igualdade de todos perante a lei, a tecnicidade jurídica. A quem poderá acudir a massa dos cidadãos deste país, acuada pela corrupção dos costumes políticos, orquestrada desde cima pelos donos do poder?

Reinaldo Azevedo, o crítico feroz da ação da petralhada no caso do julgamento do mensalão, até que foi brando na sua avaliação do voto dos embargos infringentes pelo decano dos ministros do Supremo. Afirma o jornalista no seu blog de Veja: “O destino foi bastante cruel com o venerando ministro Celso de Mello na reta final de sua longa trajetória no Supremo Tribunal Federal (STF), aonde chegou aos 43 anos, em julho de 1989, indicado por José Sarney. Caso não antecipe a sua aposentadoria, deixa a corte em novembro de 2015, quando completa setenta anos. Ao longo desse tempo, as mais variadas correntes de opinião, com visões as mais distintas, souberam apreciar a sua retidão, o seu caráter, a sua seriedade. Jamais se furtou, quando achou conveniente, a dizer palavras muito duras e severas, como quando chamou os mensaleiros de marginais do poder”.

Afirmo, contudo, que o ministro Celso de Mello não soube interpretar a demanda da sociedade brasileira em prol de uma justiça que realmente iguale todos os brasileiros perante a lei. Para os petralhas, as vantagens dos embargos infringentes. Para o resto, a dura lex! O destino foi cruel com o ministro, que não esteve à altura da responsabilidade que a República colocou nas suas mãos. Os heróis de ontem, como Pétain na França que mergulhou na servidão ao nazismo na vergonha de Vichy, podem cair hoje do seu pedestal por falta de lucidez e de coragem.


A infeliz decisão do Supremo só faz aumentar a já intolerável sensação de impunidade no Brasil e dá armas aos criminosos que, em bando, pretendem instaurar o regime totalitário e nauseabundo do crime organizado sobre a República. Já tem advogado sem vergonha que denuncia a pouca representatividade do PCC na tomada de decisões políticas! Daí para a anarquia pura e simples e o conflito civil generalizado é só um passo! Deus nos guarde! A nefasta aprovação dos embargos infringentes, mais do que um deslize do Supremo, foi uma infeliz decisão que não se coaduna com os desejos da Nação brasileira em prol de mais justiça. Veremos se reforçar a tendência ao estabelecimento de um peronismo à brasileira, que consolidará no comando da República uma malta de aventureiros e criminosos que todos ansiávamos ver fora do páreo.

Comparacoes economicas internacionais - Carlos Alberto Sardenberg

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
Globo, 26/09/2013

Tudo somado e subtraído, aqui e lá fora, o Brasil hoje consegue crescer entre 2% e 2,5% ao ano, com inflação ao consumidor no ritmo anual de 6% e taxa de desemprego de 5,6% em julho último. Está bom ou ruim? Depende da comparação, não é mesmo? Espanha, Grécia e Portugal, por exemplo, quase não têm inflação, mas sofrem com recessão e desemprego acima dos 25%. Por outro lado, China, Coréia do Sul e Chile crescem mais, com menos inflação e menos desemprego. O México tem crescimento um pouco menor que o Brasil, mas também com inflação e desemprego menores.

A comparação, entretanto, não deve ficar ao gosto do freguês. Falando francamente, não tem cabimento comparar com os países europeus afetados por uma difícil combinação de crises financeira, fiscal e de contas externas.
O mais correto é olhar para países parecidos, emergentes de expressão e que têm capacidade de se tornarem ricos em um horizonte razoável. E neste caso, o Brasil está com o pé trocado.
Neste momento, alguns desses países estão reduzindo suas taxas de juros para combater a desaceleração do crescimento, que é geral no mundo emergente. Também estão acomodando a desvalorização de suas moedas, outro fenômeno global, aproveitando para turbinar as exportações.
Já por aqui, o Banco Central está subindo os juros e segurando o dólar, porque foi apanhado nesta mudança da conjuntura internacional com a inflação perigosamente elevada. E tem que subir os juros mesmo com o baixo volume de investimentos.
O que nos leva a outra comparação, a mais importante, do Brasil de fato com o Brasil que poderia ser. O país poderia estar melhor ─ e não está por equívocos internos de política econômica.
Talvez o principal ponto fraco esteja na falta de investimentos públicos e privados em infraestrutura. E a culpa por isso é inteiramente do governo, que nem consegue turbinar suas obras, nem criar condições favoráveis ao capital privado que está disponível aqui e no exterior. E bobeou com a inflação.
Eis o resumo da ópera: o Brasil está perdendo oportunidade de deslanchar. Não está bom.
15 mil homens
Esta história me foi contada por um engenheiro-aquicultor da Costa Rica que, nos anos 80, integrou uma equipe de especialistas em cultivo de camarões, enviada à China. Missão: instalar as fazendas e ensinar o pessoal local. Coisa grande.
Os especialistas disseram que dava para fazer, mas com maquinário pesado. Isso incluía uma bateria de tratores bulldozer, operando 24 horas, para escavar e remover enormes volumes de terras.
Não temos esses tratores, disseram os chineses. E perguntaram quantos trabalhadores substituiriam os bulldozers. Uns 15 mil, foi a resposta, recebida com naturalidade pelos responsáveis chineses.
Já os aquicultores estrangeiros ficaram estupefatos quando, na data combinada, encontraram pronto o acampamento para 15 mil homens, que se apresentaram para o serviço uniformizados e armados com pás e picaretas. Assim foram instaladas as primeiras fazendas.
Na década de 90, a produção chinesa de camarões apareceu nas estatísticas globais. Nos primeiros anos deste século, a China já integrava, com Tailândia, Malásia e Vietnã, o grupo de países responsáveis por 70% das exportações mundiais de camarões.
E não apenas já utiliza máquinas pesadas, como fabrica aqueles bulldozers que faltavam nos anos 80.
Olhando por esse lado, não se pode negar que é um bom exemplo de uma história bem sucedida. O que os chineses tinham? Um país em ruínas por causa da revolução cultural de Mao, um monte de gente sem trabalho, sem renda e , ao milhões, sem comida.
Foi quando Deng Xiao Ping introduziu as reformas que abriram o país aos capitais privados estrangeiros e às iniciativas empreendedoras dos próprios chineses. Numa palavra: um modo capitalista de crescer, ao lado de um Estado forte e dominante em grande parte da economia.
Comparando hoje com a China dos anos 80, parece claro que a coisa deu certo.
Já olhando só para o presente, não faltam problemas, a começar pela enorme poluição ─ ao mesmo tempo crônica e aguda ─ incluindo as degradações ambientais causadas pelas fazendas de camarões. A corrupção no governo e no Partido Comunista é outro problema de grande proporção. O domínio estatal levou a investimentos ineficientes, exagerados e caros em diversos setores de infraestrutura. Os salários e o nível de vida continuam baixos, embora já tenha sido formada uma classe média consumidora. A desigualdade de renda aumentou. E não tem democracia.

Eles fazem e comem camarões, alguns, mas a que custo. Comparações?

A tragedia (ou a comedia?) partidaria brasileira - Augusto Nunes, Editorial O Globo

Augusto Nunes, 27/09/2013

Como se pode governar um país que tem 246 espécies de queijo?, intrigava-se o presidente francês Charles de Gaulle. Como pode funcionar um governo que tem 39 ministérios?, assombram-se os brasileiros desde que Lula e Dilma resolveram multiplicar as ampliar as nulidades amontoadas no primeiro escalão. E como pode existir um país com 32 partidos políticos?, espantou-se nesta terça-feira, ao saber que o Tribunal Superior Eleitoral acabara de expedir a certidão de nascimento do PROS e do Solidariedade, mesmo quem achava que não se espantaria com mais nada.
Pelo critério da quantidade, é improvável que algum lugar do mundo tenha mais partidos que o Brasil. Pelo critério da qualidade, qualquer grotão do planeta supera o colosso sul-americano: aqui não existe um único partido de verdade. O PT pareceu que era antes de sucumbir ao excesso de cinismo. Transformou-se numa seita que tem em Lula seu único deus, faz qualquer negócio para ganhar a eleição e topa a mais sórdida aliança para manter-se no poder. O PSDB teria sido se soubesse o que é coragem e ao menos desconfiasse que o papel da oposição é fazer oposição.
O resto nem tentou providenciar carteira de identidade. A leitura dos programas, planos de ação e declarações de princípios aguça a suspeita de que o palavrório foi produzido pelo mesmo redator. Todos moram em algum ponto impreciso entre o centro e a esquerda. Se o eleitorado lhes conferir um voto de confiança, vão dar um jeito na saúde e na educação, acabar com a injustiça social e tranformar o Brasil numa Noruega com praia.  A prática fulmina a teoria.
Os políticos brasileiros reduziram os partidos a fontes de lucros bilionários, balcões de compra e venda de voto, usinas de negociatas, gazuas feitas sob medida para arrombadores de cofres públicos. Segundo Ciro Gomes, o PMDB é um ajuntamento de assaltantes. Apenas abriga mais ladrões que os outros, igualmente infestados de estupradores da lei. Financiadores involuntários de todas as gastanças, vítimas indefesas de todas as gatunagens, os pagadores de impostos bancam as despesas cotidianas dos partidos e abastecem a despensa incessantemente esvaziada pelos chefões das siglas desprovidas de ideias e de vergonha.
Na Alemanha , por exemplo, existem seis partidos, que cuidam da própria subsistência e estão sujeitos à cláusula de barreira: os que não alcançam um número mínimo de votos caem fora do Congresso. Foi o que aconteceu ao FDP nas eleições da semana passada. Para os alemães, aliás, 13 sindicatos de trabalhadores bastam. No País do Carnaval, os sindicatos passam de 13 mil e nenhum partido precisa ter voto para entrar na festa das verbas que mereciam destino menos abjeto.
Até siglas sem vereadores são sustentadas pelos brasileiros implacavelmente extorquidos pela Receita Federal. Dos seus bolsos saíram os R$ 286 milhões distribuídos pelo Fundo Partidário em 2012. Deles também sairão os dotes de R$ 30 milhões reservados ao PROS e ao Solidariedade. Os lesados que se queixem ao bispo, ou ao Papa Francisco.

Assim será até que o rebanho primitivo aprenda a votar com lucidez. Assim será até que o Brasil civilizado comprenda que quem só protesta em junho autoriza a imensa tribo dos gatunos a delinquir sem medo no resto do ano.
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Editorial O Globo, 27/09/2013

A campanha eleitoral de 2014, cujo início foi antecipado pelo PT para o primeiro semestre de 2013, passa, com mais velocidade, a mexer no quadro político-partidário. A decisão do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), de retirar seu partido da base do governo Dilma e, em consequência, do ministério da presidente, é um movimento de peso, por significar um passo de Campos na direção de uma candidatura ao Planalto.

Devido aos prazos legais para a habilitação de partidos às urnas do ano que vem ─ o limite é 5 de outubro ─, as atenções se concentram no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), instância que decidirá o destino da Rede Sustentabilidade, partido lançado por Marina Silva, considerada, à luz das pesquisa, capaz de garantir o segundo turno nas eleições presidenciais ─ tudo o que PT e Dilma Rousseff não desejam.
O TSE acaba de carimbar o Partido Republicano da Ordem Social (PROS), de um ex-caixeiro-viajante político em Brasília, Eurípedes Júnior, e o Solidariedade, do sindicalista Paulo Pereira da Silva, Paulinho da Força, deputado de saída do PDT paulista, e acusado de apresentar assinaturas falsificadas à Justiça eleitoral para viabilizar o partido. Não foi motivo para o TSE deixar de sacramentar mais uma legenda para, junto com o PROS, atuar no ativo mercado de troca de partidos e venda literal de apoios, em que o ativo mais cobiçado é o tempo de exposição no chamado “programa eleitoral gratuito”.
Até ontem, o Brasil contava com 32 partidos reconhecidos. Enquanto isso, na Alemanha, os liberais do FDP, desde 1949 com assento no Parlamento, ficaram de fora, nas eleições de fim de semana, porque não conseguirem atingir os 5% dos votos nacionais necessários para ter bancada no Legislativo. Compare-se a qualidade da vida parlamentar alemã com a brasileira. Até a última legislatura, seis partidos eram representados no Congresso alemão. O Brasil conta com 32, dos quais 24 ─ sem os dois novos ─ estão no Legislativo. Não surpreende a barafunda da política parlamentar brasileira, o toma lá dá cá do fisiologismo, a fim de se estabelecer alianças para sustentar governos. (E é claro que não existem 32 projetos, nem mesmo a metade, de poder e governo para o país).

Os novos partidos servem, ainda, de álibi para a troca de legendas sem risco de perda de mandato. As vantagens pecuniárias também são atrativas. Mesmo que não tenha um parlamentar eleito, a legenda recebe cerca de R$ 60 mil por mês do Fundo Partidário, em boa parte financiado pelo contribuinte. Quando se defende cláusula de barreira, não é para proibir a criação de partidos, mas ordenar sua atuação nas Casas legislativas, parte das quais é um balcão de negócios dominado por interesses fisiológicos e pelo espírito de baixo clero, reinante até nas legendas nacionais.

Los Angeles: ten masterpieces to look for

http://www.discoverlosangeles.com/blog/ten-masterpieces-you-wouldnt-expect-find-los-angeles


Ten Masterpieces You Wouldn't Expect to Find in Los Angeles

Photographers capture Flower Day at LACMA | Photo by @discoverLA, Instagram

For those seeking masterpieces of art, Los Angeles is a must-see destination filled with cultural treasures from around the world. Many of these iconic works are unexpectedly in Los Angeles, from Van Gogh’s Irises and Diego Rivera’s Flower Day to The Thinker and The Blue Boy.

FLOWER DAY - LACMA

Throughout his career, the famed Mexican artist Diego Rivera created numerous easel paintings and watercolors representing the indigenous peoples of Mexico. One of his most famous works isFlower Day (Día de Flores). Rivera’s 1925 painting is on permanent display in the Art of the Americas building at the Los Angeles County Museum of Art (LACMA). The unique bird’s-eye-view of the flowers and the blocklike figures are stylistic devices derived from Rivera’s earlier Cubist paintings. Flower Day is Rivera’s first major painting to enter a public collection in the United States.

THE TREACHERY OF IMAGES - LACMA

The Treachery of Images | Photo courtesy of Wikipedia
The Treachery of Images (This is not a pipe) (La trahision des images [Ceci n'est pas une pipe]) was painted in 1929 by the Belgian artist René Magritte, when the artist was 30 years old.The Treachery of Images is a masterpiece of Surrealism and an icon of modern art. It is currently on view in the Ahmanson Building at LACMA. The Treachery of Images belongs to a series of word-image paintings by Magritte from the late 1920s, which contemplated the impossibility of reconciling words, images and objects. In The Treachery of Images, Magritte challenges the conventional notion of identifying an image of something as the thing itself. The painting causes the viewer to ponder its conflicting messages and perhaps even question reality. Magritte's use of text in his word-image paintings influenced a younger generation of artists, including Jasper Johns, Roy Lichtenstein, Robert Rauschenberg, Edward Ruscha and Andy Warhol.

IRISES - THE GETTY CENTER

Irises (detail) | Photo courtesy of Wikipedia
In 1889, Vincent van Gogh checked himself into an asylum in Saint-Rémy, France, where he created almost 130 paintings in the final year of his life. Within his first week at the asylum, van Gogh began working on Irises, painting from nature in the garden. The influence of Japanese woodblock prints can be seen in the composition, strong outlines, close-up views, flat colors and overflowing irises. Each one of Van Gogh's irises is unique; he carefully studied their movements and shapes to create a variety of curved silhouettes bordered by wavy, curling lines. The painting's first owner was French art critic Octave Mirbeau, who paid 300 francs for it. In 1987, Irises became the most expensive painting ever sold, setting a record which stood for two and a half years. It was acquired by the J. Paul Getty Museum in 1990 and is on display at the Getty Center in Brentwood. As of 2012,Irises ranked tenth on the inflation-adjusted list of most expensive paintings ever sold.

LA PROMENADE - THE GETTY CENTER

La Promenade (detail) | Photo courtesy of J. Paul Getty Museum
One of Pierre-Auguste Renoir’s most beloved paintings, La Promenade, is also exhibited in the same room as van Gogh’s Irises at the Getty Center. Renoir, together with Claude Monet, was one of the founders of Impressionism, which freed artists from having to tell a story in their paintings and let them simply capture what they saw. Painted in 1870, La Promenade depicts a middle class Parisian couple glimpsed fleetingly in a natural setting, not a studio backdrop. Renoir’s use of sunlight as it's filtered through the foliage would become one of his trademarks.
Also located in the same extraordinary room as Irises and Promenade are iconic Impressionist works from Claude Monet’s Water LiliesRouen Cathedral and Le Havre Harbor series of studies. Monet'sImpression: Sunrise from Le Havre Harbor gave Impressionism its name.

THE GREAT WAVE OFF KANAGAWA - HAMMER MUSEUM

The Great Wave Off Kanagawa | Photo courtesy of Wikipedia
The Great Wave off Kanagawa (1831-1833) is a woodblock print by the Japanese artistKatsushika Hokusai. It was published as the first in Hokusai's series of prints, Thirty-six Views of Mount FujiThe Great Wave off Kanagawa is Hokusai’s most famous work and one of the most recognized works of Japanese art in the world. The print depicts a huge wave (okinami, not atsunami as sometimes mistakenly labeled) looming over boats near Kanagawa prefecture, with Mount Fuji in the distance. Copies of the print are in renowned Western collections such as the Metropolitan Museum of Art in New York City, the British Museum in London and The Art Institute of Chicago. In Los Angeles, The Great Wave off Kanagawa is in the collection of the UCLA Grunwald Center for the Graphic Arts, located on the upper level of the Hammer Museum in Westwood. The Grunwald Center is open by appointment only to UCLA students, faculty, and the public. Please call 310.443.7078 to schedule a visit.

DR. POZZI AT HOME - HAMMER MUSEUM

Dr. Pozzi at Home (detail) | Photo courtesy of Wikipedia
Dr. Samuel-Jean Pozzi was a renowned French surgeon and “the father of French gynecology,” a Renaissance man who was also a soldier, politician and art collector. His friend John Singer Sargent was an American artist who had garnered international acclaim for his fine art portraits. Dr. Pozzi at Home (1881) is one of Sargent’s best known works, a life-size portrait of the handsome doctor and notorious womanizer. Unlike the black frock a 19th-century physician would typically wear in a portrait, Dr. Pozzi is vividly depicted wearing a seductive, blood-red dressing gown as he stands in front of crimson drapes. Dr. Pozzi at Home was purchased from Pozzi’s son in 1967 by Armand Hammer for his private collection, and subsequently went on public display at the Hammer Museumin 1991.

THE BLUE BOY - THE HUNTINGTON LIBRARY

The Blue Boy (detail) | Photo courtesy of Wikipedia
The best known painting at The Huntington Library, Art Collections & Botanical Gardens isThomas Gainsborough’s The Blue Boy (c. 1770). The portrait is of Jonathan Buttall, the son of a successful hardware merchant who was a close friend of the artist. Gainsborough dressed his young subject in a costume dating from about 140 years before the portrait was painted, perhaps as an homage to the Flemish master, Anthony van Dyck. To the dismay of the British public, The Blue Boywas sold to American railroad magnate Henry E. Huntington in 1921 for a then-record price of $728,800. Before it left for California, The Blue Boy was briefly put on public display at the National Gallery in London, where it was seen by an estimated 90,000 people.
Nearly as famous as The Blue Boy is Thomas Lawrence’s portrait, Pinkie, on prominent display in the same gallery. Taken together, these two paintings became so popular and famous that parents around the world began dressing their baby boys in blue and baby girls in pink ever after.

WOMAN WITH A BOOK - NORTON SIMON MUSEUM

Woman with a Book (detail) | Photo courtesy of Norton Simon
Based on Madame Moitessier by the French Neoclassical painter Jean-Auguste-Dominique Ingres,Woman with a Book is a dreamlike portrait painted in 1932 by Pablo PicassoWoman with a Bookis on view at the Norton Simon Museum in Pasadena. Picasso’s model was Marie-Thérèse Walter, his mistress at the time. Picasso met the much younger Walter by chance outside a Paris department store, when he supposedly said to her, “You have an interesting face. I would like to do a portrait of you. I am Picasso.” The rest is modern art history. Walter inspired Picasso to create countless paintings, sculptures, drawings and prints. In Woman with a Book, Walter looks up from her book and daydreams while her image is reflected in the mirror behind her.

THE THINKER - NORTON SIMON MUSEUM

The Thinker | Photo courtesy of Norton Simon
The Thinker (Le Penseur) is an iconic bronze sculpture on a marble pedestal created by the French sculptor Auguste Rodin. First cast in 1902, The Thinker depicts a man in deep meditation, and is often used to represent philosophy. The figure's knitted brow and clenched fists indicate that he is battling with a powerful internal struggle. Original, monumental-sized casts of The Thinker are exhibited around the world. Cast No. 11 is at the Norton Simon Museum.

LANSDOWNE HERAKLES - THE GETTY VILLA

Lansdowne Herakles | Photo courtesy of Wikipedia
One of the greatest statues of ancient Rome is on display at the Getty Villa in Malibu. Dating to around 125 CE, the Lansdowne Herakles portrays the Greek hero with a club over his left shoulder and the skin of the mythic Nemean Lion in his right hand. Found near the ruins of the villa of the Roman emperor Hadrian at Tivoli outside Rome, the Lansdowne Herakles was probably inspired by a lost Greek statue. The Lansdowne Herakles was one of many copies of Greek sculpture commissioned by Hadrian, who loved Greek culture. The statue was named for Lord Lansdowne, who once owned the Herakles and displayed it in his home in London.