terça-feira, 21 de abril de 2009

1075) Uma biblioteca digital universal: quanto mais melhor...

James Billington, o responsável pelo projeto é o diretor da Library of Congress, dos EUA, e representa uma especie de ministro da cultura informal...
-------------
Paulo Roberto de Almeida

U.N. Launches Library Of World's Knowledge
James H. Billington created the project four years ago.
By Edward Cody
Washington Post Foreign Service, Tuesday, April 21, 2009

PARIS, April 20 -- A globe-spanning U.N. digital library seeking to display and explain the wealth of all human cultures has gone into operation on the Internet, serving up mankind's accumulated knowledge in seven languages for students around the world.

James H. Billington, the librarian of Congress who launched the project four years ago, said the ambition was to make available on an easy-to-navigate site, free for scholars and other curious people anywhere, a collection of primary documents and authoritative explanations from the planet's leading libraries.

The site (www.wdl.org) has put up the Japanese work that is considered the first novel in history, for instance, along with the Aztecs' first mention of the Christ child in the New World and the works of ancient Arab scholars piercing the mysteries of algebra, each entry flanked by learned commentary. "There are many one-of-a-kind documents," Billington said in an interview.

The World Digital Library, which officially will be inaugurated Tuesday at the Paris headquarters of UNESCO, the U.N. Educational, Scientific and Cultural Organization, has started small, with about 1,200 documents and their explanations from scholars in Arabic, Chinese, English, French, Portuguese, Spanish and Russian. But it is designed to accommodate an unlimited number of such texts, charts and illustrations from as many countries and libraries as want to contribute.

"There is no limit," Billington said. "Everybody is welcome."

The main target is children, he added, building on the success among young people of the U.S. National Digital Library Program, which has been in operation at the Library of Congress since the mid-1990s. That program, at its American Memory site, has made available 15 million U.S. historical records, including recorded interviews with former slaves, the first moving pictures and the Declaration of Independence. Billington predicted that children around the world, like their U.S. counterparts, will turn naturally to the Internet for answers to questions, provided they have access to computers and high-speed connections. "This is designed to use the newest technology to reach the youngest people," he said.
ad_icon

The site was developed by a team at the Library of Congress in Washington with technical assistance from the Bibliotheca Alexandrina in Egypt. The digital library's main server is also in Washington, but officials said plans are underway for regional servers around the world.

Development costs of more than $10 million were financed by private donors, including Google, Microsoft, the Qatar Foundation, King Abdullah University in Saudi Arabia and the Carnegie Corporation of New York. By comparison, the American Memory project cost about $60 million, suggesting that more funds will have to be raised as the World Digital Library expands.

In addition to UNESCO and the Library of Congress, 26 other libraries and institutions in 19 countries have contributed to the project. Their offerings include rubbings of oracle bones from the National Library of China, delicate drawings of court life from the National Diet Library of Japan and a 13th-century "Devil's Bible" from the National Library of Sweden. Each is accompanied by a brief explanation of its content and significance. The documents have been scanned onto the site directly, in their original languages, but the explanations appear in all seven of the site's official languages.

"All of this is dependable, authoritative commentary," Billington said.

Users can sort through the information in several ways. They can ask what was going on anywhere in the world in, say, science or literature during the 4th century B.C., for instance. They can look up the history of a certain topic over the centuries in China alone, or in China and North America. By cross-referencing, a user can see how one area of the world compared with another at any given time.

Billington acknowledged that national sensitivities could generate problems as the store of documents expands to include episodes in more recent history that some governments may want to hide or distort. But deliberate omissions may prove difficult to maintain, he said, because the site is open to contributions from all sides.

1074) Nuestros hermanos protecionistas (e orgulhosos de se-lo)

Parece incrivel, mas seguindo a história argentina, há uma constante que aparece: eles sempre insistem em praticar os mesmos erros do passado (e com isso vão afundando).
O Brasil, pelo menos, pratica novos erros...

Os industriais argentinos e a ameaça brasileira
José Luis Espert
Valor Econômico, 20.04.2009

Que misterioso tesouro terá a indústria argentina que há mais de meio século não deixa de se proteger contra todo tipo de invasão importada? Será que o resto do mundo não compreende a maravilha inigualável que se esconde nas entranhas das fábricas argentinas, e que justifica que seus governos gerem tensões comerciais permanentes com outros países?

Durante a década de 1990, a Argentina tinha um regime de conversibilidade da sua moeda, já que uma lei federal garantia que cada peso circulante estava respaldado por um dólar, e a paridade era um a um. Naqueles tempos, a Argentina era tão cara em dólares que importava até as vassouras dos Estados Unidos e Europa, razão pela qual tinha grandes déficits comerciais com o primeiro mundo. No entanto, naqueles tempos de conversibilidade o país obteve importantes superávits comerciais com Brasil.

Mas, em 2002, o peso argentino se desvalorizou 60% em termos reais, transformando o país em uma autêntica fábrica de pobres. E, a partir desse momento, a única nação do planeta da qual podíamos comprar era (e continua sendo) o nosso vizinho Brasil. Por essa razão, na atualidade a Argentina tem grandes déficits no seu comércio exterior com o Brasil e superávits com os Estados Unidos e a Europa. Uma situação inversa à da década de 1990.

A economia mudou, mas o espírito contestatório dos industriais argentinos contra os produtos importados se mantém idêntico. Antes se queixavam da invasão importada proveniente do país do Tio Sam e do Velho Continente. Hoje choram amargamente pela depredação que sofrem nas mãos do seu irmão maior do Mercosul. Na verdade, seu lamento os ajudou a obter diversas medidas protecionistas contra as importações.

No mês passado industriais argentinos rejeitaram a possibilidade de o Brasil recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) ou a cotas de exportação para se defender de medidas protecionistas no comércio bilateral. Segundo a União Industrial Argentina, o Brasil faz reclamações injustas, pois traz nas costas uma história de mais de 30 anos de proteção da produção, junto com financiamento a taxas subsidiadas por parte de seu Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), inclusive para compra de empresas argentinas.

O espírito protecionista dos empresários argentinos fez também com que a primeira reunião entre empresários argentinos e brasileiros para autorregular o comércio, levada a cabo no dia 25 de março, em Buenos Aires, fosse um absoluto fracasso. Do encontro participaram produtores de móveis de madeira, autopeças como baterias, freios e embreagens, vinhos e denim [jeans], considerados setores sensíveis pelos governos brasileiro e argentino.

No caso das baterias, os produtores argentinos propuseram aos seus pares brasileiros reduzir a cota de exportação à Argentina em 60%, para passar de 1,5 milhões de unidades a apenas 600 mil. No caso do denim, o desejo dos fabricantes argentinos foi uma limitação de 100%. No caso das autopeças, 30% menos. A negativa brasileira era previsível.

O governo de Cristina Kirchner está fechando a economia, as importações já caíram 30%, mantém-se a fuga de capitais e a queda do consumo interno. O Brasil não deve ter dúvidas de que a Argentina seguirá fechando sua economia ao comércio todos os dias e não se amedrontará com a existência do Mercosul.

A Argentina adotou a proteção de sua indústria como filosofia no começo da década de 1950. Nesse momento, seus governantes pensavam que a deterioração secular dos termos de intercâmbio era a causa de as economias em desenvolvimento terem caído em dependência com relação ao primeiro mundo, convertendo-se apenas em produtores de matérias-primas. E acreditavam, como ainda acredita a presidente Kirchner e o marido dela, que para os nossos países entrarem em um caminho de desenvolvimento sustentável será necessário promover a substituição de importações.

Hoje o protecionismo argentino à indústria continua com os impostos (retenções) às exportações agropecuárias, inclusive com proibições para exportar. E quando não há razões legais, o governo impede que as empresas exportem com liberdade, fechando os registros oficiais de exportação. Tudo para baratear os alimentos e os produtos manufaturados, para que os salários reais se mantenham altos e a indústria local possa ganhar muito dinheiro e se desenvolver com o mínimo esforço.

Não por acaso, nas últimas semanas o fluxo comercial entre o Brasil e a Argentina teve uma forte queda. O Brasil é o principal parceiro comercial da Argentina, mas o governo da presidente Kirchner aplicou uma série de barreiras à entrada de uma enorme lista de produtos importados (eletrodomésticos, eletroeletrônicos, calçados, tecidos, confecções, autopeças, aço e vidros), o que afeta 15% do comércio entre os dois países.

A ilusão kirchnerista, e de grande parte da nossa classe política, é blindar à Argentina da ameaça da concorrência com os importados.

Além disso, o governo da presidente Cristina Kirchner tenta proteger as reservas do seu Banco Central com métodos pouco ortodoxos: adverte as subsidiárias argentinas de empresas multinacionais (brasileiras inclusas) que demorem a comprar no mercado os dólares necessários para enviar as utilidades a suas casas matrizes.

Cuidar das reservas do Banco Central com pressões informais, proteger a indústria até brigar com o seu parceiro brasileiro, mentir com as estatísticas do país e tensionar ao máximo a sociedade, são todos os rasgos distintivos da política da presidente Kirchner e do marido e assessor dela, Néstor Kirchner.

Se o Brasil tivesse previsto esse comportamento quinze anos atrás, quando o Mercosul apenas começava, quem sabe não teria se interessado em comprometer-se com um sócio tão conflitivo.

José Luis Espert é economista e diretor da consultoria Espert e Associados
(www.espert.com.ar)

1073) O Brasil visto como candidato a grande potencia...

Da revista Newsweek

The Crafty Superpower
By turns charming and cagey, cool to America and close to Obama, Lula is building a unique regional giant.
Mac Margolis
NEWSWEEK, Apr 27, 2009

Brazilian President Luiz Inácio Lula da Silva is on a roll. In recent weeks he's shared a dais with Gordon Brown and Nicolas Sarkozy, and drew effusive praise ("My man!") from Barack Obama at the G20 summit in London. He even had a photo op with Queen Elizabeth II. The former machine-tool worker, who spent decades picketing "savage capitalism," is now the toast of bankers and boardrooms. "Don't you think it's chic that we are now lending the IMF money?" he joked at a press conference.

Not so long ago, such scenes would have been improbable. With Brazil's tender democracy, clawing poverty and an accident-prone economy, the country's leaders were more likely to be queuing for a bailout than standing toe-to-toe with rainmakers on the international stage. After decades of false steps, Brazil has become a solid free-market democracy, a rare island of stability in a region of turmoil and governed by the rule of law instead of the whims of autocrats. Now Brazil is asserting itself as never before, but in a way that is markedly different from other big global players. Over the past decade, Brazil has emerged as a unique regional powerhouse. Relying on the cover of America's security umbrella, and a hemisphere with no credible enemies, Brazil has been free to leverage its vast economic size advantage within South America to befriend, sway or co-opt neighbors, while managing to contain its most troublesome regional rival, Venezuela. Lula presides over a crafty superpower unlike any other emerging giant.

The Chinese police the Taiwan Strait, and Moscow never relinquished the Soviet sphere of influence in the Caucasus. India's security duties stretch from the Pakistani border to the Persian Gulf, and Washington casts a long shadow from pole to pole. Yet Brazil has asserted its international ambitions without rattling a saber. When tempers flare between neighbors—as when Ecuador and Peru nearly went to war in the 1990s, and after Colombia bombed guerrilla camps in the Ecuadoran jungle last year—diplomats and lawyers are dispatched to the hot zones rather than flotillas or tanks. And when U.N. peacekeepers clashed with street gangs in Haiti, the Brazilians called not for a troop surge, but for footballers Ronaldinho, Robinho and Ronaldo, who played a friendly in the war zone. Now Haitian youths do battle with cleats, not Kalashnikovs.

The Brazilians have also become a more assertive voice for the emerging markets in international affairs. They rallied the major developing nations to challenge the rich world's agricultural subsidies, forming a group now known as the G5. At Brasília's prodding, the ambassadors of Brazil, China, India and Russia now meet monthly in Washington to coordinate a common BRIC policy strategy, often to counter U.S. positions. Pushing its "south-south" agenda, the Lula government has opened 35 embassies since taking office in 2003, most of them in Africa and the Caribbean. Brazil also leads a widely acclaimed peacekeeping mission in Haiti, one of the hemisphere's biggest basket cases.

Brazil can do all this in large part because it has no credible state enemies with which to contend, and is therefore unshackled from many of the responsibilities of power, like patrolling sea lanes. Moreover, the United States has always been the peacemaker of last resort in the region, so while emerging nations in many global trouble zones must pump precious wealth into defense, Brazil's military expenditures have remained stagnant at about 1.5 percent of GDP, a quarter of China's defense spending and about 60 percent of India's and Russia's. "Brazil doesn't have the ambition to be a military power," says Amaury de Souza, a Brazilian political analyst. "What we have is economic strength, a history of defending our interests and a complex and compelling culture."

For years, Brazilians have wanted a larger role in world affairs, and the world has refused. Despite its war efforts—Brazil was the only Latin country to send troops to Europe during World War II—it had no seat at the postwar negotiating table. Brazil's international standing finally won an upgrade in the mid-1990s, when the reform-minded administration of Fernando Henrique Cardoso stopped inflation, opened the country to trade and normalized tattered relations with the world financial community. Cardoso parlayed the young democracy's new bona fides into a more assertive role abroad. He argued for a seat on the U.N. Security Council, jump-started the Mercosur free-trade zone for South America and rallied the larger developing nations under the banner of free trade.

But no government has been as determined as Lula's in extending Brazil's international footprint. Though he began his political career on the left, Lula surprised foreign and national investors alike by preserving Cardoso's market-friendly policies at home, much to the frustration of his militant Workers' Party allies. For the left, he offered a pumped-up foreign policy. "Lula put Cardoso's foreign policy on steroids," says Donna Hrinak, a former U.S. ambassador to a number of Latin countries.

Lula has doubled the number of departments in the Foreign Ministry and embarked on a breathless international itinerary, visiting 45 countries and spending nearly one of every five months in office abroad just since 2007. "Aero-Lula," the local press has dubbed him. The explicit purpose of all this diplomacy has been to boost relations with other developing countries. But Lula's increased visibility has also helped force the richest nations to lower trade barriers. In two major cases in 2004, the WTO ruled in favor of Brazil, ordering the U.S. to drop subsidies to cotton farmers, and told Europe to end its protection of the sugar-beet industry. In keeping with Lula's staunch support for free trade, Brazil also sided with the U.S. at the recent Doha trade talks over the developing world's own protectionist barriers. In a recent report warning of rising protectionism in developing nations, the World Bank praised Brazilians for resisting pressures to close down its own borders.

At least part of these efforts spring from Brazil's undeclared strategy to blunt U.S. influence in the region and dispel expectations that it play a proxy role for Washington. In fact, while U.S. officials wax diplomatic over their new "global partner," Brasília has been mostly silent as Venezuelan strongman Hugo Chávez threatens foreign companies, intimidates the opposition and bullies its courts and Congress. "No one can claim that democracy doesn't exist in Venezuela" is Lula's canned defense of companheiro Chávez. Citing the catchall rule of sovereignty, Brazil also roundly condemned Colombia, the U.S.'s closest ally in the region, for attacking a guerrilla encampment in the Ecuadoran jungle last year, and routinely abstains on U.N. resolutions condemning human-rights violations in Cuba.

But Lula has hardly thrown in with the Bolivarian revolution. Instead, he has controlled the region by co-opting his neighbors with trade, turning the whole continent into a captive market for Brazilian goods. Ultimately, Brazil's power derives not from guns but from its immense store of natural resources, including oil and gas, metals, soybeans and beef—and it has become a key supplier of markets in Asia and closer to home. Brazil now enjoys a trade surplus with every country in the region, including a $1 billion surplus with Venezuela. "Turning natural resources into value-added goods has helped Brazil punch above its weight," says David Rothkopf, a former U.S. Commerce Department official.

For instance, Lula has curbed two grandiose initiatives from Chávez's playbook, a regional development bank (Banco del Sur) and a joint Brazilian-Venezuelan oil refinery, by quietly never getting around to allocating money to help. He also chided Chávez for his lavish spending on modern weapons even though Venezuela's economy is so weak it has become utterly dependent on Brazil for basic consumer goods. "Christ, what do you want these weapons for?" Lula reportedly berated Chávez in a recent visit. "You can't even get milk for your coffee in the hotels." Brazil's Congress will probably end up approving Venezuela's entry into Mercosur in the coming weeks, not as an endorsement of Chávez's imperial designs but as a way to contain him through the trading bloc's treaty obligations, such as respect for democracy and property protection.

This might be risky politics. But the smart money is on the Brazilians. With no manual for becoming a global power, Lula's Brazil seems to be writing one of its own.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

1072) Turismo academico (16): um pouco de milhagem, antes da quilometragem efetiva

Está muito frio, e chuvoso, para sair de casa novamente e conferir a milhagem de chegada do meu carro em Urbana. Só sei dizer agora que sai para Chicago, na sexta-feira, com 14.430 milhas marcadas no odômetro (acho que peguei em Miami com 11.100).

Engolindo asfalto (na verdade concreto)
Vejamos pela simples conta do Google Maps, a partir de Urbana, sem considerar as milhagens intermediárias:
1) Chicago, IL: 140 mi
2) Saint Louis, MO: 297 mi
3) Sprinfield, IL: 98,4 mi
4) Urbana, IL: 91,5 mi
Total aparente: 627 milhas (ou mais ou menos 1.040 kms).
Caberia acrescentar algumas dezenas de milhas de percursos urbanos, entre museus, shoppings, restaurantes, livrarias, em trajetos por vezes longos (Chicago, por exemplo, é uma cidade extensíssima, com muitas vias expressas, autopistas urbanas, que convidam aos grandes deslocamentos). Talvez 50 ou 70 milhas mais.
Amanhã completo os cálculos com base no contador. Convêm não esquecer de verificar pneus e óleo do motor, para evitar alguma má surpresa numa viagem noturna por estrada...

1071) Turismo academico (15): Chicago, Saint Louis, no Missouri, e depois Springfield

Ops, tropecei na dinastia Ming...

Meu périplo dominical me levou bem mais longe do que o pretendido inicialmente. Depois de vir a Chicago na sexta-feira, com visitas ao Instituto Oriental da Universidade de Chicago e algumas livrarias, além de encontros com amigos, saimos no domingo apenas para dar uma esticada em Springfield, terra do Lincoln, antes de voltar a Urbana-Champaign.
Mas eis que na estrada aparece o anúncio de uma exposição sobre a dinastia Ming no Fine Arts de Saint Louis, ali mesmo, atravessando o Mississipi, no Missouri.
Assim, em lugar de fazer apenas as 207 milhas (340 kms, aproximadamente) até a capital do Illinois, acabamos esticando em mais 100 milhas, até St. Louis. Tudo isso debaixo de uma chuva gelada, por vezes intensa, que não nos deixou o dia inteiro, desde Chicago até a volta a casa, 22hs do domingo. Depois vou calcular a quilometragem total.
A exposição valeu o petit détour, ou valeu a viagem, como diria o Guia Michelin: são desses exposições que só ocorrem nos EUA, felizmente com bastante frequência. Os grandes museus americanos, por vezes em consorcios de três ou quatro ao mesmo tempo, se organizam (por vezes, cinco ou seis anos antes) para juntar tudo o que é possível obter em torno de um grande tema. Fazem um catálogo acurado de todas as peças disponíveis e transportáveis -- por vezes monstros de toneladas, outras vezes, quadros valiosíssimos, tudo com seguro astronômico, sem mencionar o próprio custo dos curadores, especialistas, scholars convidados para escrever capítulos de catálogos que são verdadeiras enciclopédias ilustradas, esgotando praticamente o assunto selecionado -- depois montam uma exposição itinerante que fica três ou quatro meses em cada capital, antes de ser desmontada, com as peças devolvidas a cada instituição de origem.
Ou seja, praticamente nunca mais na vida terrestre, talvez em milênios, se terá a possibilidade ver novamente uma tal assemblagem riquíssima como ocorre nessas exposições temáticas.
Desde meus longos anos na Europa, eu nunca fui de perder uma dessas grandes exposições temáticas: Tuthankamon, na Alemanha, nos anos 70, celtas em Veneza, nos anos 80, modernistas em Basiléia, sem mencionar as muitas que vi nos EUA durante vários anos: em Boston, NY, Chicago e, agora, Saint Louis. Por vezes era capaz de fazer 700 kms só para ver uma dessas exposições e depois voltar. As que eu não conseguia ver, por impossibilidade transcontinental, eu encomendava o catálogo, não raramente um catatau de 500 páginas com tudo o que se poderia desejar de ilustrativo sobre o tema em questão, como por acaso a exposição 'colombina' que ocorreu em 1992 na National Gallery de Washington, sobre os 400 anos da descoberta do Novo Mundo, período em que eu estava entre Montevidéu e Brasília.
Pois essa exposição de Saint Louis era a última do roteiro, já que as peças estarão sendo desmontadas agora em maio para devolução aos museus (Nanquim, Beijing, outros museus americanos) ou colecionadores de origem. Coisas que eu nunca tinha visto (e sou habitué em arte oriental, desde muito tempo, em Paris, Washington e outras capitais), e peças surpreendentemente belas. Uma dinastia que, aliás, presidiu à decadência chinesa, sinal de que, mais de uma vez (como os Habsburgos da Austria, por exemplo), decadência material não quer dizer esgotamento das possibilidades artísticas.
Acabei comprando, não o catálogo da exposição (pois não sou especializado em arte chinesa), mas um livro imenso (30x50, creio), grande (mais de 330 páginas de papel couché), pesado (deve ter mais de 5kgs), finamente ilustrado (centenas de reproduções da mais alta qualidade) sobre "China through the Eyes of the West: From Marco Polo to the Last Emperor", escrito por um especialista italiano, descendente de Marco Polo (no sentido lato, claro), Gianni Guadalupi, e impresso na Coréia. Uma verdadeira maravilha.
Mais surpreendente ainda é o preço: apenas e tão somente, 29,99 dólares, o que me fez sorrir. Só não comprei dois ou três, porque já tenho livros demais para carregar, e não seria o caso de afundar a mala.

Na volta, uma parada em Springfield, para visitar a cidade de um dos icones da história americana: Abraham Lincoln: casa, Museu e Livraria presidencial, além de outras memorabilia, bugigangas, tumba, talvez fantasma do Abe Linc. Não sou de panegíricos, nem de ficar cultuando mitos, mas é importante conhecer os mitos históricos de outros países, assim como temos os nossos próprios: Tiradentes, Rio Branco, Vargas, JK, quem sabe quem mais... Mitos contentam os espíritos simples, ainda que alguns posssam ter sido efetivamente importantes na história nacional, como é o caso do próprio Lincoln, de F.D. Roosevelt, talvez de Kennedy (provavelmente não pelas boas razões...) e outros mais. Churchill, sem dúvida alguma é um mito real, ou seja, está inteiramente à altura de sua fama, embora tenha sido um velhaco imperialista (talvez mesmo por isso...).
Em todo caso, para quem quer saber um pouco mais sobre o que existe exatamente sobre o Lincoln em Springfield, basta acessar este pequeno video de apresentacao do material e locais disponiveis: http://www.alplm.org/museum/ALPLMvideo_preview.html

Bem, na volta aquela chuva horrorosa, que nos perseguiu o dia inteiro. Promete mais amanhã. Tempinho miserável este da primavera no Illinois. Da próxima vez não me pegam abril: só volto em setembro, no máximo até o começo de outubro...

Bem, depois faço a conta da quilometragem, mas acho que tenho de controlar o óleo do carro, pois devo estar um pouquinho acima da média dos rented cars...

Urbana, 18.04.2009 (aliás, já 19 de abril no Brasil)

sexta-feira, 17 de abril de 2009

1070) Disputa entre duas crises: a de 1929 vista pelos olhos de Milton Friedman e Anna Schwartz

Estou lendo o famoso livro de Milton Friedman e Anna Jacobson Schwartz, A Monetary History of the United States, 1867-1960 (Princeton, NJ: Princeton University Press, 1963).
O capítulo 7 abre por um parágrafo memorável, que transcrevo aqui:

“The contraction from 1929 to 1933 was by far the most severe business-cycle contraction during the near-century of the U.S. history we cover and it may well have been the most severe in the whole of the U.S. history. Though sharper and more prolonged in the United States than in most other countries, it was worldwide in scope and ranks as the most severe and widely diffused international contraction in modern times. U.S. net national product in current prices fell by more than one-half from 1929 to 1933; net national product in constant prices, by more than one-third; implicit prices, by more than one-quarter; and monthly wholesale prices, by more than one-third.” (p. 299)

A questão é a de saber se a atual crise, ainda em desenvolvimento, conseguirá ser mais severa, desmentindo assim Milton Friedman (mas ele não se importaria, creio eu) e a própria história. Dois economistas, como já tive a oportunidade de transcrever neste blog, Barry Eichengreen e Kevin O'Rourke, acreditam que a crise atual vem demonstrando maior rapidez na queda da produção, do comércio e das transações financeiras.
Permito-me dar novamente as coordenadas desse estudo:

A Tale of Two Depressions
Barry Eichengreen and Kevin H. O’Rourke
6 April 2009
http://www.voxeu.org/index.php?q=node/3421

As tabelas que eles montaram sobre a velocidade da queda da produção, do valor das ações negociadas em bolsa (e do seu movimento), do intercâmbio comercial, das taxas de juros de redesconto e do suprimento de moeda pelos BCs (neste caso aumento) são impressionantes em sua eloquência demonstrativa...

Pourvu que ça ne se reproduit pas...

(PS.: Milton Keynes merecia ter vivido um pouco mais para apreciar esta crise, e testar suas teorias...)

PS2 (em 18.04.2009): OPS, Vejam só o que eu escrevi acima: Milton KEYNES!!!. Agradeço ao Thiago, que me mandou o seguinte comentário:
"Thiago deixou um novo comentário sobre a sua postagem "1070) Disputa entre duas crises: a de 1929 vista p...":
Milton Keynes???
Essa nem Fróide explica."

De fato, nem Freud, só uma mente cansada, retinas fatigadas de tanta leitura, com vários economistas na cabeça, é capaz de uma bobagem desse tipo. Ou então é esclerose avant la lettre...

1069) Turismo academico (14): Chicago, mais uma vez, e depois Springfield

Mais um largo fim de semana, começando na sexta-feira e se estendendo até o domingo, ou, quem sabe?, até a manhã da segunda-feira.
Vamos mais uma vez a Chicago, para visitas, encontros, lazer e prazer.
Meu roteiro, de casa até o hotel Best Western, tem esta configuração:

Driving directions to 3434 N Broadway Ave, Chicago, IL 60657
146 mi – about 2 hours 37 mins
From: 2103 Hazelwood Dr - Urbana, IL 61801
I-74 W onto I-57 N toward Chicago

Depois, saindo de Chicago para Springfield, são mais três horas e meia, para ver a terra do presidente Lincoln:

Driving directions to Springfield, IL
207 mi – about 3 hours 30 mins
3434 N Broadway Ave - Chicago, IL 60657
1.Head southeast on N Broadway St toward W Hawthorne Pl - 49 ft
2.Turn left at W Hawthorne Pl - 0.2 mi
3.Turn right at N Lake Shore Dr - 0.3 mi
4.Turn left at W Belmont Ave - 203 ft
5.Turn right at N Lake Shore Dr - 164 ft
6.Take the ramp on the left onto US-41 S - 6.5 mi
7.Take the exit onto I-55 S toward St Louis - 137 mi
8.Take exit 134A to merge onto I-55 S toward St Louis - 59.5 mi
9.Take exit 98B for Clear Lake Ave/IL-97 - 0.4 mi
10.Merge onto IL-97 W - 2.9 mi
11.Turn left at N 2nd St - 410 ft

Springfield, IL

Voilà, um pouco de turismo que ninguém é de ferro, depois de dias e dias de leituras em casa e na biblioteca...
Alias, vou levando o Monetary History of the United States, 1867-1960, de Milton Friedman e Anna Schwartz (um volume para ninguem botar defeito (850 p.) e mais algum outro que vou ainda escolher. Caso caia neve e a gente fique bloqueado em algum lugar, não posso reclamar da falta de leitura...

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...