Argentina: “Corto y preciso”
Mario Vargas Llosa
8.11.2009
“Argentina, un país que era democrático cuando tres partes de Europa no lo eran, un país que era uno de los más prósperos de la Tierra cuando América Latina era un continente de hambrientos, de atrasados".
El primer país del mundo que acabó con el analfabetismo no fue Estados Unidos, no fue Francia, fue la Argentina con un sistema educativo que era un ejemplo para todo el mundo. Ese país, que era un país de vanguardia.
¿Cómo puede ser que sea el país empobrecido, caótico, subdesarrollado que es hoy?
¿Qué pasó?¿Alguien los invadió? ¿Estuvieron enfrascados en alguna guerra terrible?.
No, los argentinos se hicieron eso. Los argentinos eligieron a lo largo de medio siglo las peores opciones.
Eso es. El peronismo es elegir el error, perseverar en el error a pesar de las catástrofes que se le han ido sucediendo en la historia moderna del país. ¿Cómo se entiende eso?. Un país con gentes cultas, absolutamente privilegiado, una minoría de habitantes en un enorme territorio que es un continente que concentra todos los recursos naturales.
¿Por qué no son el primer país de la Tierra? ¿Por qué no tienen el mismo nivel de vida que Suecia, que Suiza?
Porque los argentinos no han querido. Han querido en cambio ser pobres. Han querido vivir bajo dictaduras, han querido vivir dentro del mercantilismo más espantoso. Hay en esto una responsabilidad del pueblo argentino.
Para mí es espantoso lo que ha ocurrido en Argentina.
La primera vez que fui allí quedé maravillado. Un país de clases medias, donde no había pobres en el sentido latinoamericano de la pobreza.
¿Cómo puede estar una pareja como los Kirchner gobernando ese país?
¡Qué degradación política, qué degradación intelectual!
¿Cómo es eso posible?
Mario Vargas Llosa (2009)
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
domingo, 8 de novembro de 2009
1485) Milovan Djilas: um profeta esquecido
Recebi o texto abaixo de uma amiga de lista, Regina Caldas, e confesso não saber quem é L Valentim. Apenas recomendo a leitura de seu texto, um resumo do que escreveu, em 1957, Milovan Djilas, um dos primeiros dissidentes do sistema comunista, na então Iugoslávia titoista.
Incrivel como, quarenta ou cinquenta anos depois das denuncias sobre a disfuncionalidade economica intrinseca, sobre a tirania e a perversidade humana do regime comunista, ainda tenhamos entre nós -- como no PCdoB, no PSOL, ou em outros movimentos, como na universidade, de maneira geral -- pessoas ingenuas a ponto de se deixarem embalar pelas supostas benfeitorias de regimes socialistas, essencialmente motivadas pela suposta "desigualdade" do capitalismo.
O veredito da Historia ha muito tempo foi proclamado. Mas existem pessoas que preferem nao ver...
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Paulo Roberto de Almeida
A Queda do Muro
L Valentin
08/11/2009
Hoje estamos comemorando os 20 anos da queda do muro de Berlim, evento que colocou a pá de cal na revolução bolchevista de 1917 na Rússia.
A lição que fica é que o comunismo e o socialismo NÃO RESOLVEM o problema social de ninguém, antes pelo contrário, resolvem apenas os problemas da elite dirigente enquanto transforma as massas populacionais em massa mesmo. Um ajuntamento amorfo de braços escravos – sem consciência, pensamento ou liberdade - trabalhando até a morte para dar prazer, riqueza e poder à cúpula dirigente.
Nessa ocasião nada melhor que lembrar trechos do livro lançado em 1957, A Nova Classe, de Milovan Djilas, ex-dirigente do PC da Iugoslávia, que pagou caro por tê-lo escrito.
Djilas, com 17 anos, se tornou inflamado líder de estudantes radicais em Montenegro. Entrou para o minúsculo Partido Comunista da Iugoslávia e, com Tito e outros, trabalhou na ilegalidade, tendo sido jogado na prisão como conspirador. Foi solto com o advento da segunda Guerra Mundial.
Nos anos em que se desenvolveu a campanha dos guerrilheiros, tornou-se lendário por sua destemida coragem. O fim da guerra o encontrou no quadrunvirato (juntamente com Tito, Kardelj e Rankovic) que dominou o partido e o novo governo, sendo geralmente reconhecido como o herdeiro aparente de Tito. Como chefe da propaganda e da imprensa era efetivamente o ditador do pensamento da Iugoslávia.
Mas, teve a coragem de manifestar dúvidas quanto à ditadura do tipo russo e ao terror à maneira de Stalin. Os seus acirrados ataques ao Kremlin contribuíram decisivamente para a condenação de Tito por Moscou em 1948, quando a Iugoslávia rompeu com a Rússia Soviética.
Em janeiro de 1954, Djilas escreveu uma sátira particularmente franca sobre a arrogância dos círculos governamentais, que forçou Tito a agir. Ordenou que Djilas fosse privado de todos os seus cargos e proibiu-o de escrever. Alguns meses depois, Djilas foi expulso do partido. Reduzido ao silêncio em sua terra, achou meios de publicar artigos completamente francos, na imprensa ocidental. Em princípios de 1955, foi preso e condenado a 18 meses com sursis. Mal havia expirado o prazo, foi de novo preso em conseqüência da revolta húngara, sendo condenado a três anos de prisão. Julgado novamente por ter escrito A Nova Classe, foi condenado a mais sete anos.
Os sucessores de Stalin foram obrigados a revelar um lodaçal de crimes repulsivos que caracterizaram a era de Stalin—25 dos 40 anos soviéticos. Até os mais encarniçados adeptos do comunismo não podiam deixar de ver que o idealismo fora substituído pela força bruta. Os levantes na Alemanha Oriental, nos campos soviéticos de trabalho escravo, na Polônia e especialmente na Hungria, mostraram a extensão e o vigor dos descontentamentos populares. Considerados em conjunto, esses fatos geraram uma “crise de consciência” em milhões de comunistas e simpatizantes dos dois lados da Cortina de Ferro. Perguntavam eles em voz alta e ainda mais no íntimo dos seus pensamentos por que foi que o sonho comunista se transformou no pesadelo soviético.
Milovan Djilas fornece algumas explicações significativas. A sua devastadora conclusão é que males como o terror dos expurgos, o trabalho escravo, o controle das consciências, decorrem inevitavelmente da ideologia comunista. Diz ele que quando o comunismo alcança a vitória tem de produzir “uma nova classe de proprietários e exploradores, formada por aqueles que têm privilégios especiais e prioridade econômica em virtude do monopólio administrativo que exercem”.
O mal básico do regime, em sua opinião, é que o mesmo grupo tem nas mãos “um monopólio da propriedade, da ideologia e do governo. O monopólio que a nova classe exerce em nome da classe trabalhadora sobre toda a sociedade é essencialmente um monopólio sobre a própria classe trabalhadora... É uma classe cujo poder sobre os homens é o mais completo que a história conhece... Havendo conseguido a industrialização, a nova classe nada mais pode fazer senão consolidar a sua força bruta e saquear o povo. Ela cessa de criar... O seu método de controle é dos mais vergonhosos da história. Os homens se assombrarão com as aventuras empreendidas e se envergonharão com os meios empregados para empreendê-las. Quando a nova classe se afastar da cena histórica—e isso deve acontecer—haverá menos tristeza com o seu desaparecimento do que houve em relação a qualquer outra classe precedente.”
Djilas mostra que quase não resta margem para a decência individual. As pessoas “que aceitavam as idéias e as divisas da revolução ao pé da letra, acreditando ingenuamente na sua concretização, são habitualmente eliminadas”.
“No regime comunista a insegurança é a regra de vida para o indivíduo. O Estado lhe dá oportunidade de ganhar a vida, mas sob a condição de submeter-se... O PODER OU A POLÍTICA É O IDEAL DAQUELES QUE TÊM O DESEJO OU A PERSPECTIVA DE VIVER COMO PARASITAS À CUSTA DOS OUTROS... Em conseqüência disso, a ambição sem escrúpulos, a bajulação e a inveja inevitàvelmente aumentarão. A ambição de fazer carreira e uma burocracia cada vez mais vasta são as moléstias incuráveis do comunismo.
O mundo tem visto poucos heróis tão dispostos ao sacrifício e ao sofrimento como foram os comunistas antes da revolução e durante a mesma. E provavelmente nunca viu indivíduos tão sem caráter como eles se tornaram depois que subiram ao poder.”
“A doença de que está atacada a economia Soviética não pode ser curada sem o único remédio que a oligarquia não tem coragem de ministrar—a liberdade. Nos termos mais simples da saúde econômica o problema insolúvel do comunismo é a “ausência de liberdade”.
“A tirania sobre o espírito” sob o comunismo: “É o tipo mais brutal de tirania; todas as outras tiranias começam e terminam por ela. A história perdoará os comunistas de muita coisa. Mas o estrangulamento de todos os pensamentos discrepantes com o objetivo de defender os seus interesses pessoais os pregará numa cruz infamante.”
O povo: “Os regimes comunistas são uma forma de guerra civil latente entre o governo e o povo. O espontâneo e não organizado descontentamento das massas populares nunca cessa nem diminui. A menos que desistam do poder, os governantes não terão outro recurso senão proceder como conquistadores estrangeiros na sua própria terra. Na superfície tudo parece tranqüilo, mas abaixo da superfície novas tempestades se preparam”... “Nenhum outro regime provocou ainda tão profundo e extenso descontentamento... um descontentamento total em que todas as diferenças de opinião pouco a pouco se perdem, salvo o desespero e o ódio. A insatisfação espontânea de milhões com os detalhes da vida quotidiana é uma forma de resistência que os comunistas não têm conseguido dominar.”
A atualidade (1957): “A idade heróica do comunismo passou, a época dos seus grandes líderes terminou. O comunismo está no auge do seu poder e da sua riqueza, mas sem novas idéias. Nada tem de novo para dizer ao povo. O processo de desintegração moral está bem adiantado. A unidade do movimento comunista mundial está incuravelmente ferida. Não há absolutamente possibilidades de que se restaure.”
Djilas acredita que o comunismo se opõe à tendência do resto do mundo e que portanto, o seu colapso é inevitável: “... o mundo seguirá o rumo em que vem vindo e deve continuar—no sentido de maior unidade, progresso e liberdade. O poder da realidade e o poder da vida sempre foram mais vigorosos do que qualquer espécie de força bruta e mais reais do que qualquer teoria.”
O “eixo do mal” formado agora - 20 anos depois da queda do muro e mais de 50 anos depois de Djilas - é comunista. A “Nova Classe” liderada por Lula contrariando Djilas, descobriu como contornar o descontentamento do povo e se firmar de uma forma espetacular. Sem mais nenhum comentário.
L Valentin
08/11/09
Incrivel como, quarenta ou cinquenta anos depois das denuncias sobre a disfuncionalidade economica intrinseca, sobre a tirania e a perversidade humana do regime comunista, ainda tenhamos entre nós -- como no PCdoB, no PSOL, ou em outros movimentos, como na universidade, de maneira geral -- pessoas ingenuas a ponto de se deixarem embalar pelas supostas benfeitorias de regimes socialistas, essencialmente motivadas pela suposta "desigualdade" do capitalismo.
O veredito da Historia ha muito tempo foi proclamado. Mas existem pessoas que preferem nao ver...
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Paulo Roberto de Almeida
A Queda do Muro
L Valentin
08/11/2009
Hoje estamos comemorando os 20 anos da queda do muro de Berlim, evento que colocou a pá de cal na revolução bolchevista de 1917 na Rússia.
A lição que fica é que o comunismo e o socialismo NÃO RESOLVEM o problema social de ninguém, antes pelo contrário, resolvem apenas os problemas da elite dirigente enquanto transforma as massas populacionais em massa mesmo. Um ajuntamento amorfo de braços escravos – sem consciência, pensamento ou liberdade - trabalhando até a morte para dar prazer, riqueza e poder à cúpula dirigente.
Nessa ocasião nada melhor que lembrar trechos do livro lançado em 1957, A Nova Classe, de Milovan Djilas, ex-dirigente do PC da Iugoslávia, que pagou caro por tê-lo escrito.
Djilas, com 17 anos, se tornou inflamado líder de estudantes radicais em Montenegro. Entrou para o minúsculo Partido Comunista da Iugoslávia e, com Tito e outros, trabalhou na ilegalidade, tendo sido jogado na prisão como conspirador. Foi solto com o advento da segunda Guerra Mundial.
Nos anos em que se desenvolveu a campanha dos guerrilheiros, tornou-se lendário por sua destemida coragem. O fim da guerra o encontrou no quadrunvirato (juntamente com Tito, Kardelj e Rankovic) que dominou o partido e o novo governo, sendo geralmente reconhecido como o herdeiro aparente de Tito. Como chefe da propaganda e da imprensa era efetivamente o ditador do pensamento da Iugoslávia.
Mas, teve a coragem de manifestar dúvidas quanto à ditadura do tipo russo e ao terror à maneira de Stalin. Os seus acirrados ataques ao Kremlin contribuíram decisivamente para a condenação de Tito por Moscou em 1948, quando a Iugoslávia rompeu com a Rússia Soviética.
Em janeiro de 1954, Djilas escreveu uma sátira particularmente franca sobre a arrogância dos círculos governamentais, que forçou Tito a agir. Ordenou que Djilas fosse privado de todos os seus cargos e proibiu-o de escrever. Alguns meses depois, Djilas foi expulso do partido. Reduzido ao silêncio em sua terra, achou meios de publicar artigos completamente francos, na imprensa ocidental. Em princípios de 1955, foi preso e condenado a 18 meses com sursis. Mal havia expirado o prazo, foi de novo preso em conseqüência da revolta húngara, sendo condenado a três anos de prisão. Julgado novamente por ter escrito A Nova Classe, foi condenado a mais sete anos.
Os sucessores de Stalin foram obrigados a revelar um lodaçal de crimes repulsivos que caracterizaram a era de Stalin—25 dos 40 anos soviéticos. Até os mais encarniçados adeptos do comunismo não podiam deixar de ver que o idealismo fora substituído pela força bruta. Os levantes na Alemanha Oriental, nos campos soviéticos de trabalho escravo, na Polônia e especialmente na Hungria, mostraram a extensão e o vigor dos descontentamentos populares. Considerados em conjunto, esses fatos geraram uma “crise de consciência” em milhões de comunistas e simpatizantes dos dois lados da Cortina de Ferro. Perguntavam eles em voz alta e ainda mais no íntimo dos seus pensamentos por que foi que o sonho comunista se transformou no pesadelo soviético.
Milovan Djilas fornece algumas explicações significativas. A sua devastadora conclusão é que males como o terror dos expurgos, o trabalho escravo, o controle das consciências, decorrem inevitavelmente da ideologia comunista. Diz ele que quando o comunismo alcança a vitória tem de produzir “uma nova classe de proprietários e exploradores, formada por aqueles que têm privilégios especiais e prioridade econômica em virtude do monopólio administrativo que exercem”.
O mal básico do regime, em sua opinião, é que o mesmo grupo tem nas mãos “um monopólio da propriedade, da ideologia e do governo. O monopólio que a nova classe exerce em nome da classe trabalhadora sobre toda a sociedade é essencialmente um monopólio sobre a própria classe trabalhadora... É uma classe cujo poder sobre os homens é o mais completo que a história conhece... Havendo conseguido a industrialização, a nova classe nada mais pode fazer senão consolidar a sua força bruta e saquear o povo. Ela cessa de criar... O seu método de controle é dos mais vergonhosos da história. Os homens se assombrarão com as aventuras empreendidas e se envergonharão com os meios empregados para empreendê-las. Quando a nova classe se afastar da cena histórica—e isso deve acontecer—haverá menos tristeza com o seu desaparecimento do que houve em relação a qualquer outra classe precedente.”
Djilas mostra que quase não resta margem para a decência individual. As pessoas “que aceitavam as idéias e as divisas da revolução ao pé da letra, acreditando ingenuamente na sua concretização, são habitualmente eliminadas”.
“No regime comunista a insegurança é a regra de vida para o indivíduo. O Estado lhe dá oportunidade de ganhar a vida, mas sob a condição de submeter-se... O PODER OU A POLÍTICA É O IDEAL DAQUELES QUE TÊM O DESEJO OU A PERSPECTIVA DE VIVER COMO PARASITAS À CUSTA DOS OUTROS... Em conseqüência disso, a ambição sem escrúpulos, a bajulação e a inveja inevitàvelmente aumentarão. A ambição de fazer carreira e uma burocracia cada vez mais vasta são as moléstias incuráveis do comunismo.
O mundo tem visto poucos heróis tão dispostos ao sacrifício e ao sofrimento como foram os comunistas antes da revolução e durante a mesma. E provavelmente nunca viu indivíduos tão sem caráter como eles se tornaram depois que subiram ao poder.”
“A doença de que está atacada a economia Soviética não pode ser curada sem o único remédio que a oligarquia não tem coragem de ministrar—a liberdade. Nos termos mais simples da saúde econômica o problema insolúvel do comunismo é a “ausência de liberdade”.
“A tirania sobre o espírito” sob o comunismo: “É o tipo mais brutal de tirania; todas as outras tiranias começam e terminam por ela. A história perdoará os comunistas de muita coisa. Mas o estrangulamento de todos os pensamentos discrepantes com o objetivo de defender os seus interesses pessoais os pregará numa cruz infamante.”
O povo: “Os regimes comunistas são uma forma de guerra civil latente entre o governo e o povo. O espontâneo e não organizado descontentamento das massas populares nunca cessa nem diminui. A menos que desistam do poder, os governantes não terão outro recurso senão proceder como conquistadores estrangeiros na sua própria terra. Na superfície tudo parece tranqüilo, mas abaixo da superfície novas tempestades se preparam”... “Nenhum outro regime provocou ainda tão profundo e extenso descontentamento... um descontentamento total em que todas as diferenças de opinião pouco a pouco se perdem, salvo o desespero e o ódio. A insatisfação espontânea de milhões com os detalhes da vida quotidiana é uma forma de resistência que os comunistas não têm conseguido dominar.”
A atualidade (1957): “A idade heróica do comunismo passou, a época dos seus grandes líderes terminou. O comunismo está no auge do seu poder e da sua riqueza, mas sem novas idéias. Nada tem de novo para dizer ao povo. O processo de desintegração moral está bem adiantado. A unidade do movimento comunista mundial está incuravelmente ferida. Não há absolutamente possibilidades de que se restaure.”
Djilas acredita que o comunismo se opõe à tendência do resto do mundo e que portanto, o seu colapso é inevitável: “... o mundo seguirá o rumo em que vem vindo e deve continuar—no sentido de maior unidade, progresso e liberdade. O poder da realidade e o poder da vida sempre foram mais vigorosos do que qualquer espécie de força bruta e mais reais do que qualquer teoria.”
O “eixo do mal” formado agora - 20 anos depois da queda do muro e mais de 50 anos depois de Djilas - é comunista. A “Nova Classe” liderada por Lula contrariando Djilas, descobriu como contornar o descontentamento do povo e se firmar de uma forma espetacular. Sem mais nenhum comentário.
L Valentin
08/11/09
1484) Helmuth Kohl: o triunfo da liberdade (muro de Berlim)
Um extrato das memórias do arquiteto da unificação alemã, Helmut Kohl, sobre os episódios momentosos de 1989.
Sobre este tema, permito-me recomendar meu artigo recém publicado:
“Outro mundo possível: alternativas históricas da Alemanha, antes e depois do muro de Berlim”
Revista Espaço Acadêmico
(ano 9, n. 102, Novembro 2009, ISSN: 1519-6196, p. 25-29).
El triunfo de la libertad
Helmuth Kohl
El País, 08/11/2009
El ex canciller, figura clave en la unificación de Alemania, cuenta en este texto los pasos dados para lograr la unidad de su país, un camino que siempre vio en paralelo al de la unidad europea
El 9 de noviembre de 1989 cayó el muro de Berlín. Habían pasado más de cuatro decenios desde del comienzo de la guerra fría y 28 años desde el momento de su construcción.
De entre nuestros aliados europeos, sólo uno estuvo desde el principio a favor de la unidad: Felipe González
Me gusta citar a Bismarck: "Cuando el manto de Dios pasa por la historia, hay que saltar y agarrarse a él"
En los años setenta, una mayoría de la clase política alemana ya había renunciado a la idea de unificar su país
Gorbachov pagó un alto precio por su línea pacífica. Los alemanes jamás podremos estarle bastante agradecidos
Yo seguí la lógica de Konrad Adenauer. Quería una Alemania libre y unida en una Europa libre y unida
Durante décadas, el muro de Berlín no sólo desgarró familias, una ciudad y un país en dos partes, lo que ya es bastante malo. También era un símbolo de la guerra fría. Representaba la división de Berlín, de nuestro país, de Europa y del mundo en una parte libre y en una no libre.
Finalmente, el muro cayó de forma completamente pacífica, sin un tiro, sin derramamiento de sangre. Fue como un milagro. La protesta pacífica de las personas de la República Democrática Alemana (RDA) había ido cobrando impulso de forma lenta, pero continuada, a lo largo de los meses; y finalmente, era ya incontenible. El obstinado régimen del Partido Socialista Unificado (SED) de la RDA, que hasta el último momento había rechazado reformas fundamentales, fracasó por la voluntad de libertad de las personas, tal como Konrad Adenauer, el primer canciller de la República Federal de Alemania (RFA), había pronosticado hacía 40 años.
Después de la caída del muro, en noviembre de 1989, no iba a transcurrir ni siquiera un año hasta que alcanzáramos la reunificación en paz y libertad, con la aprobación de nuestros socios y aliados en el mundo. El 3 de octubre de 1990 pudimos celebrar el día de la unidad alemana. Fue un triunfo de la libertad.
Por tanto, el 20º aniversario de la caída del muro es para nosotros, los alemanes, sobre todo un día de gran alegría y gratitud. Al mismo tiempo, también representa para nosotros una fecha importante para tomar conciencia del contexto histórico en el que cayó el muro y en el que posteriormente se produjo la unidad alemana. Porque ni la caída del muro ni la reunificación son acontecimientos inevitables de la historia, que se dieron de ese modo, sin más.
Antes bien, la caída del muro y la reunificación son el resultado de un permanente y difícil acto de equilibrio político que se remontaba a 1945-1949 y que siempre fue extremadamente discutido. Era el constante equilibrio entre el distanciamiento y el acercamiento. Por un lado, se trataba de mantener abierta la cuestión alemana. Por otro, se trataba de construir, en la medida de lo posible y sin renunciar a las propias posiciones fundamentales, unas "relaciones normales" entre la República Federal de Alemania y la RDA, de facilitar la vida a las personas de la parte oriental de nuestro país y de contrarrestar el extrañamiento entre los alemanes del Este y del Oeste.
Yo jamás dudé de que el muro caería en algún momento y de que Alemania volvería a unirse. Pero siempre fue una pregunta abierta cómo y cuándo ocurriría esto. Durante largo tiempo ni siquiera supe si esto sucedería mientras viviera. Siempre estuvo claro que para que eso ocurriera debían concurrir muchas cosas; tal como sucedió durante los años 1989 y 1990. No sólo la voluntad de libertad de las personas de la RDA; no sólo la glásnost y la perestroika; no sólo la política de distensión entre Oriente y Occidente; no sólo el presidente de EE UU, George Bush; no sólo el secretario general soviético, Mijaíl Gorbachov; no sólo el canciller alemán: nadie se habría bastado por sí solo para llevar a cabo la caída del muro y la reunificación. Se requería más bien una feliz -me gustaría decir histórica- constelación de personas y acontecimientos.
También forma parte de la conciencia histórica saber que con la caída del muro aún no se había conquistado la unidad. Al contrario, nada estaba aún decidido el 9 de noviembre de 1989. Es cierto que se había abierto una rendija en una puerta, pero nada estaba decidido todavía en el día en que cayó el muro. La reunificación de nuestro país era más bien una lucha de poder político en torno al statu quo europeo y a los intereses de seguridad en el Este y el Oeste. Hasta el último momento, fue un acto de equilibrio en el campo de tensión de la guerra fría.
Para describir la situación en la que yo me encontraba entonces me gusta citar a Otto von Bismarck, porque no hay una imagen mejor: "Cuando el manto de Dios pasa por la historia, hay que saltar y agarrarse a él".
Para eso tienen que darse tres requisitos: en primer lugar, hay que tener la visión de que se trata del manto de Dios. En segundo lugar, debe sentirse el momento histórico; y en tercer lugar, hay que saltar y (querer) agarrarse a él. Para esto no sólo se requiere valor. Se trata más bien de valor e inteligencia. Porque en la política no se puede actuar como el general Zieten, que decidió batallas a favor de Federico el Grande de Prusia irrumpiendo desde el bosque y arrollando al enemigo en un ataque por sorpresa; eso no es ningún modelo para la política.
La política requiere sentido de lo factible, y también sentido para saber lo que es tolerable para los demás. Esto se aplicaba en especial a la cuestión alemana, y de forma muy singular a la época posterior a la caída del muro. El proceso de unificación política era sensible en extremo, porque nosotros, los alemanes, no estábamos solos en el mundo. En el momento en que la unificación parecía al alcance de la mano, hablar en defensa de la unidad alemana o embarcarse en discursos nacionalistas hubiera sido perjudicial en alto grado para la causa de los alemanes. Interiormente yo estaba, especialmente tras la caída del muro, mucho más adentrado en el camino de la unidad de lo que podía manifestar externamente.
Un ejemplo especialmente pertinente de lo que digo es mi programa de diez puntos, que presenté en solitario -es decir, sin someterlo a consulta alguna en el ámbito de la política nacional o internacional- en el Bundestag dos semanas y media después de la caída del muro, el 28 de noviembre de 1989. Como objetivo, en el punto décimo mencionaba expresamente la recuperación de la unidad estatal de Alemania, pero renunciaba conscientemente a fijar sus plazos. Con la hoja de ruta expuesta en diez puntos tomé la iniciativa en el camino hacia la unidad alemana y marqué inequívocamente la dirección. Esto era entonces lo máximo a lo que podía atreverme. Las reacciones lo volvieron a dejar claro.
(...) Yo siempre había trabajado en el sentido de una reunificación de mi país. Mi más profunda convicción era que teníamos que dejar abierta la cuestión alemana hasta que llegara el momento. A este respecto siempre me he visto en la continuidad de Konrad Adenauer. El primer canciller de la República Federal de Alemania marcó los cambios de aguja decisivos en la cuestión alemana. Desde el principio, Adenauer tenía un rumbo claro. Tras la Segunda Guerra Mundial, quería devolver a Alemania a la comunidad de los pueblos libres, quería una Europa libre y unida con una Alemania libre y unida. Estaba claramente al lado del Occidente libre, no deambulaba entre Occidente y Oriente. Para él, la integración de la República Federal en el Occidente libre y la vinculación a EE UU eran inequívocamente prioritarias a la reunificación alemana, que jamás perdió de vista tampoco.
Así, el 5 de mayo de 1955, día en el que las potencias occidentales declararon la soberanía de la República Federal, en el que la República Federal entró en la Unión Europea Occidental y en el que fue aceptada en la OTAN, Konrad Adenauer proclamó: "Vosotros nos pertenecéis, nosotros os pertenecemos. Siempre podéis confiar en nosotros, porque junto con el mundo libre no tendremos descanso ni pausa hasta que también vosotros hayáis reconquistado los derechos humanos y estéis pacíficamente unidos con nosotros en el mismo Estado".
También defendió obstinadamente que se reservara en exclusiva a la República Federal el derecho de representación de Alemania. Hoy hay a quien esto le parece una obviedad; pero en los inestables años posteriores a la Segunda Guerra Mundial era extremadamente incierto.
(...) La brutal represión del levantamiento popular de la RDA el 17 de junio de 1953 por las tropas soviéticas reafirmó a Konrad Adenauer en la idea de que no había una alternativa responsable a la integración en Occidente. Fue correcto que, en respuesta a la Nota de Stalin de marzo de 1952, los aliados occidentales, de acuerdo con el canciller federal, exigieran elecciones libres en toda Alemania como requisito para dar pasos ulteriores, pues la condición de Stalin era una Alemania neutral. Adenauer partía, con razón, de que una Alemania neutral crearía un vacío de poder en Europa que llenaría la Unión Soviética. El hecho de que durante su periodo de gobierno lograra, a pesar de todo, que en 1955 los últimos prisioneros de guerra alemanes retornaran de la Unión Soviética, subraya que para él la vinculación a Occidente no era un dogma que obstaculizara la salvaguardia de los intereses nacionales en el Este.
Desde mi punto de vista, las convicciones de Adenauer nunca habían perdido actualidad: una reunificación sin una firme integración en las alianzas occidentales hubiera llevado a nuestro país a la neutralidad. La consecuencia hubiera sido en última instancia una Alemania no libre en el ámbito de poder de la Unión Soviética. Por consiguiente, la caída del muro del 9 de noviembre de 1989 y la reunificación alemana del 3 de octubre de 1990 son, no en último término, la impresionante confirmación tardía del consecuente rumbo de Adenauer de vinculación a Occidente con la reserva de la reunificación, rumbo al que nos hemos mantenido firmes a lo largo de los años.
Es también cierto que mantener la firmeza en la cuestión alemana se fue haciendo más y más difícil, porque el espíritu de la época se oponía a ello cada vez con mayor fuerza. Cuanto más duraba la división, mayor era en la República Federal el grupo de quienes, cuando menos, se acomodaban a los dos Estados y querían aceptar la división de Alemania como realidad. Ya en los años setenta, la unidad era asunto primordial sólo para unos pocos en nuestra nación. No la mayoría de la gente, pero sin duda una mayoría de la clase política de nuestro país había renunciado hacía tiempo a la idea de la unidad. Esta postura era común a todos los partidos; la diferencia entre ellos estribaba en dónde estaba la mayoría del partido y dónde sus líderes.
Quien defendiera entonces la unidad era considerado o trasnochado o agitador de la guerra. Aún me acuerdo muy bien de aquella época en la que llegué a Bonn como líder de la oposición, en 1976. Como yo era uno de los pocos que aún creían en la unidad alemana, me gané la fama de ser un halcón. Cuando tomé posesión como canciller en 1982, mis adversarios políticos dentro de Alemania atizaron de inmediato los temores a que conmigo como jefe de Gobierno se iniciaría una supuesta "nueva edad del hielo" entre el Este y el Oeste. Mis adversarios se equivocaron, porque ocurrió lo contrario: bajo mi liderazgo político se fijaron los cambios de agujas esenciales en el camino hacia la unidad. Impulsé el proceso de integración europeo en tándem con el presidente francés, François Mitterrand. Me esforcé en lograr mejoras muy concretas de las condiciones de vida de los habitantes de la RDA, intenté no dar ningún motivo para las tensiones entre el Este y el Oeste, también mostré disposición al diálogo con la Unión Soviética, abrí posibilidades de cooperación y me mantuve firme, sin embargo, en mis posiciones básicas respecto a la política sobre la unificación alemana.
Con mi política seguí la lógica de Adenauer: la unificación europea y la unidad alemana son las dos caras de la misma moneda. Al principio de mi etapa como canciller, el proceso de unificación europea pasaba por una de sus horas más bajas. Muchos habían dejado de creer en la idea de Europa como casa común. (...) Cuando en 1989 la reunificación pasó a la agenda política, quedaban muchas cosas por hacer, pero con mi participación se habían logrado progresos esenciales: en los años ochenta habíamos firmado el Acta Única Europea con la que, entre otras cosas, se completaba el mercado único europeo. Ya desde mediados de los años ochenta, junto con el presidente francés, Mitterrand, habíamos marcado el camino para la introducción de una moneda común europea.
En cuanto a la política sobre la unificación alemana, al acceder a la cancillería dispuse que se ampliara el informe anual sobre el estado de la nación y que al título se le añadiera "en la Alemania dividida". Consideraba que se enviaba así una señal importante, tanto hacia el interior como hacia el exterior. Con el crédito de miles de millones a la RDA, gestionado principalmente por Franz Josef Strauss -con mi cobertu-ra-, retomamos las conversaciones con la RDA y logramos como contraprestación considerables mejoras humanitarias, como el desmantelamiento de las minas antipersona en la frontera entre las dos Alemanias, así como facilidades para la reunificación familiar y los intercambios comerciales mínimos.
La decisión de todas las decisiones en el camino hacia la unidad alemana fue el doble acuerdo de la OTAN [oferta a los países del Pacto de Varsovia de un acuerdo para limitar los misiles de alcance medio, combinada con la amenaza de desplegar armas nucleares de alcance medio en territorio europeo en caso de no llegar a un compromiso] que mi predecesor, Helmut Schmidt, impulsó contra la voluntad de su partido y que yo impuse en nuestro país frente a todas las resistencias. Hoy sigo tan convencido del acierto de esa decisión, como de lo difícil que fue tomarla en su momento. Fue una decisión muy solitaria. Todavía hoy tengo ante los ojos la imagen de los cientos de miles de manifestantes que salieron a la calle contra el doble acuerdo de la OTAN. Todavía me acuerdo del gesto gélido de los socialdemócratas cuando el socialista Mitterrand, en un discurso ante el Bundestag, se puso incondicionalmente de nuestra parte, incluso en contra de sus correligionarios alemanes... que con su rechazo estaban completamente aislados en Europa occidental.
Estoy convencido en lo más hondo de que sin el doble acuerdo de la OTAN el muro no habría caído en 1989 y de que en 1990 no habríamos alcanzado la reunificación. El mundo habría tomado un curso completamente distinto. El riesgo era evidente. Sin el doble acuerdo de la OTAN [el estacionamiento de nuevos misiles nucleares en territorio de la RFA, que fue considerado una señal fuerte de alianza con Occidente], la amenaza era un masivo desplazamiento del poder en Europa a favor de la Unión Soviética. La OTAN, con los estadounidenses, se habría retirado paso a paso de Europa central. La consecuencia habría sido que al menos la República Federal de Alemania, Austria y la RDA, y tal vez los países del Benelux e Italia, se hubieran convertido en las denominadas "zonas libres de armas nucleares y desmilitarizadas", mientras que la Unión Soviética habría extendido su ámbito de influencia y, sobre todo, se habría beneficiado de la potencia económica de la República Federal. (...)
Mi Gobierno también defendió las posiciones fundamentales de nuestra política sobre la unidad de Alemania. Entre ellas se contaba, sobre todo, la cuestión sobre la nacionalidad alemana. Me acuerdo muy bien del encendido debate que se desarrollaba precisamente en la época en la que accedí a la cancillería. El reconocimiento de la nacionalidad de la RDA sería, a lo largo de los años, una de las exigencias más tozudas de Honecker al Gobierno de la RFA. Yo tenía buenas razones para mi rotundo rechazo. Al renunciar a una sola nacionalidad alemana, habríamos renunciado de forma simultánea a la idea de una sola nación alemana, y habríamos disuelto con ello el lazo decisivo de comunidad entre las personas de ambas partes de Alemania y habríamos privado a las personas de la RDA una protección esencialísima y una buena medida de esperanza. Entre las consecuencias prácticas, habría estado que en 1989 Hungría no habría tenido base alguna en el derecho internacional para posibilitar de forma "legal" a nuestros conciudadanos el camino hacia la libertad. Y las personas de la RDA tendrían que haber solicitado asilo entre nosotros, como extranjeros.
Mantuve la invitación de mi predecesor Helmut Schmidt a Erich Honecker cuando accedí a la cancillería. Era necesario mantener el diálogo con la otra parte de Alemania. Cuando el secretario general del SED visitó finalmente Bonn en 1987, ligué la visita a la condición de que nuestros discursos en la zona oficial fueran emitidos en directo en la parte occidental y, sobre todo, en la parte oriental de nuestro país. Millones de personas de la RDA miraron aquella noche a través del telón de acero y pudieron ver en el televisor cómo le dije a Honecker: "La conciencia de la unidad de la nación está tan viva como siempre, y es inquebrantable la voluntad de mantenerla. En lo que respecta al Gobierno federal repito: el preámbulo de nuestra Ley Fundamental no es negociable porque responde a nuestra convicción. Ésta quiere una Europa unida, y llama a todo el pueblo alemán a completar la unidad y libertad de Alemania en libre autodeterminación".
(...) Como la CDU, también los socialdemócratas se sintieron siempre obligados a la cuestión alemana. Sin embargo, la diferencia entre ellos y nosotros consistía en que el SPD tenía una orientación cada vez más acusadamente nacional, y nunca aceptó la prioridad de la integración en Occidente con todas sus consecuencias. Mientras que la CDU, en su acto de equilibrio entre el acercamiento y la distancia, mantuvo siempre un claro distanciamiento, el SPD más bien mantuvo un curso de acercamiento al SED. (...) Naturalmente, también había entre las filas de la CDU, conforme al espíritu de los tiempos, defensores de un mayor acercamiento a la RDA y al régimen del SED, pero fueron marginales, nunca mayoritarios.
(...) Los aliados decisivos en nuestro camino fueron los estadounidenses. Una vez más, mostraron ser más una potencia protectora que una potencia ocupante, y se acreditaron como amigos de los alemanes. Desde el punto de vista del contenido, el discurso más importante de un presidente estadounidense respecto a la relación germano-estadounidense fue el que sostuvo George Bush a finales de mayo de 1989 en Maguncia, pocos meses después de ser elegido presidente de Estados Unidos. Fue una proclamación muy consciente, dirigida también a nuestros socios europeos y a la Unión Soviética, cuando Bush, en el contexto de las transformaciones geopolíticas, llamó a Estados Unidos y Alemania "partners in leadership" [socios en el liderazgo]. Durante la totalidad del proceso de unificación, siempre pude confiar personalmente en mi amigo George Bush, con quien durante todo el tiempo me concerté de forma estrecha. (...)
Muy similares eran las cosas con Mijaíl Gorbachov en lo referente a la confianza personal, aunque muy distintas en lo que tocaba a la cuestión alemana. El jefe de Estado de la Unión Soviética en un principio no quería la unidad alemana. (...) Con las palabras glásnost y perestroika abrió el camino a las transformaciones de todo el bloque oriental. Igualmente, y eso he podido constatarlo una y otra vez en mis conversaciones, no quería pensar hasta el final las consecuencias de su rumbo reformista. Quería la apertura del bloque del Este, pero no quería ver o darse cuenta del final que se derivaría necesariamente de él, también para la Unión Soviética. Su gran mérito sigue siendo que amoldó una y otra vez su política a las necesidades. Sobre todo, muestra de esto es que en los agitados días de la caída del muro de Berlín mantuvo los tanques soviéticos en los cuarteles y no hizo reprimir sangrientamente la rebelión. Durante todo el proceso de unificación mantuvo la línea pacífica. Nosotros, los alemanes, jamás podremos estarle lo bastante agradecidos por su valor. Con esto también él se expuso a un gran riesgo personal. En 1989 y 1990, Mijaíl Gorbachov tuvo que vivir bajo el temor constante de ser apartado mediante un golpe de Estado por los enemigos de las reformas en la Unión Soviética. Para nosotros esto habría significado que de la noche al día se volvieran a levantar sobre la frontera el muro y las alambradas, y que la cuestión de la unidad alemana quedara aplazada durante años.
Mijaíl Gorbachov pagó un alto precio por su línea pacífica. Me acuerdo bien de cómo Gorbachov, en su visita de junio de 1989 a Bonn, bajo la impresión de la gorbimanía en la RFA, me dijo que en su visita a la Markplatz de Bonn se había sentido como en la plaza Roja de Moscú. Cuando años más tarde, a finales de los años noventa, después del desmembramiento de la Unión Soviética, crucé con Mijaíl Gorbachov la plaza Roja de Moscú, la gente se apartaba de él.
Nuestros vecinos y socios europeos vivieron la caída del muro y la perspectiva de la reunificación alemana como una conmoción. Muchos contaban con que la unidad alemana llegaría, pero no mientras vivieran, ni desde luego en aquel momento. Por tanto, la caída del muro fue levemente inoportuna para la mayoría de ellos. (...) De entre nuestros aliados europeos, sólo uno estuvo desde el principio firmemente a nuestro lado: el presidente del Gobierno español, Felipe González, que ni un solo minuto permitió que surgiera la duda de dónde estaba su lugar. Margaret Thatcher fue la más franca entre los adversarios de la unidad y afirmó: "Prefiero dos Alemanias a una". También dijo: "¡Hemos derrotado dos veces a los alemanes, y aquí están otra vez!". La jefa del Gobierno británico, que finalmente, comprendiendo la inevitabilidad del proceso, dejó de cerrarse a la reunificación de nuestro país, había apostado equivocadamente por que Gorbachov jamás aceptaría la pertenencia a la OTAN de una Alemania unida. En esto, al menos en un principio, estuvo de acuerdo con François Mitterrand.
También del presidente de la Grande Nation vino alguna palabra poco amistosa antes de que finalmente se decantara por una posición clara y favorable a los alemanes. El cambio de Mitterrand, desde una postura inicialmente crítica hacia la reunificación hasta la aprobación, sin duda se basó de forma fundamental en que una vez más pude convencerle de esto: la unidad alemana y la unidad europea eran para mí las dos caras de la misma moneda.
============
Este texto es un amplio extracto del prólogo de Helmut Kohl a su libro De la caída del Muro a la reunificación. Mis Memorias, que acaba de publicar Knaur Taschenbuch Verlag. La versión en castellano es responsabilidad de EL PAÍS. Traducción de Jesús Albores.
Sobre este tema, permito-me recomendar meu artigo recém publicado:
“Outro mundo possível: alternativas históricas da Alemanha, antes e depois do muro de Berlim”
Revista Espaço Acadêmico
(ano 9, n. 102, Novembro 2009, ISSN: 1519-6196, p. 25-29).
El triunfo de la libertad
Helmuth Kohl
El País, 08/11/2009
El ex canciller, figura clave en la unificación de Alemania, cuenta en este texto los pasos dados para lograr la unidad de su país, un camino que siempre vio en paralelo al de la unidad europea
El 9 de noviembre de 1989 cayó el muro de Berlín. Habían pasado más de cuatro decenios desde del comienzo de la guerra fría y 28 años desde el momento de su construcción.
De entre nuestros aliados europeos, sólo uno estuvo desde el principio a favor de la unidad: Felipe González
Me gusta citar a Bismarck: "Cuando el manto de Dios pasa por la historia, hay que saltar y agarrarse a él"
En los años setenta, una mayoría de la clase política alemana ya había renunciado a la idea de unificar su país
Gorbachov pagó un alto precio por su línea pacífica. Los alemanes jamás podremos estarle bastante agradecidos
Yo seguí la lógica de Konrad Adenauer. Quería una Alemania libre y unida en una Europa libre y unida
Durante décadas, el muro de Berlín no sólo desgarró familias, una ciudad y un país en dos partes, lo que ya es bastante malo. También era un símbolo de la guerra fría. Representaba la división de Berlín, de nuestro país, de Europa y del mundo en una parte libre y en una no libre.
Finalmente, el muro cayó de forma completamente pacífica, sin un tiro, sin derramamiento de sangre. Fue como un milagro. La protesta pacífica de las personas de la República Democrática Alemana (RDA) había ido cobrando impulso de forma lenta, pero continuada, a lo largo de los meses; y finalmente, era ya incontenible. El obstinado régimen del Partido Socialista Unificado (SED) de la RDA, que hasta el último momento había rechazado reformas fundamentales, fracasó por la voluntad de libertad de las personas, tal como Konrad Adenauer, el primer canciller de la República Federal de Alemania (RFA), había pronosticado hacía 40 años.
Después de la caída del muro, en noviembre de 1989, no iba a transcurrir ni siquiera un año hasta que alcanzáramos la reunificación en paz y libertad, con la aprobación de nuestros socios y aliados en el mundo. El 3 de octubre de 1990 pudimos celebrar el día de la unidad alemana. Fue un triunfo de la libertad.
Por tanto, el 20º aniversario de la caída del muro es para nosotros, los alemanes, sobre todo un día de gran alegría y gratitud. Al mismo tiempo, también representa para nosotros una fecha importante para tomar conciencia del contexto histórico en el que cayó el muro y en el que posteriormente se produjo la unidad alemana. Porque ni la caída del muro ni la reunificación son acontecimientos inevitables de la historia, que se dieron de ese modo, sin más.
Antes bien, la caída del muro y la reunificación son el resultado de un permanente y difícil acto de equilibrio político que se remontaba a 1945-1949 y que siempre fue extremadamente discutido. Era el constante equilibrio entre el distanciamiento y el acercamiento. Por un lado, se trataba de mantener abierta la cuestión alemana. Por otro, se trataba de construir, en la medida de lo posible y sin renunciar a las propias posiciones fundamentales, unas "relaciones normales" entre la República Federal de Alemania y la RDA, de facilitar la vida a las personas de la parte oriental de nuestro país y de contrarrestar el extrañamiento entre los alemanes del Este y del Oeste.
Yo jamás dudé de que el muro caería en algún momento y de que Alemania volvería a unirse. Pero siempre fue una pregunta abierta cómo y cuándo ocurriría esto. Durante largo tiempo ni siquiera supe si esto sucedería mientras viviera. Siempre estuvo claro que para que eso ocurriera debían concurrir muchas cosas; tal como sucedió durante los años 1989 y 1990. No sólo la voluntad de libertad de las personas de la RDA; no sólo la glásnost y la perestroika; no sólo la política de distensión entre Oriente y Occidente; no sólo el presidente de EE UU, George Bush; no sólo el secretario general soviético, Mijaíl Gorbachov; no sólo el canciller alemán: nadie se habría bastado por sí solo para llevar a cabo la caída del muro y la reunificación. Se requería más bien una feliz -me gustaría decir histórica- constelación de personas y acontecimientos.
También forma parte de la conciencia histórica saber que con la caída del muro aún no se había conquistado la unidad. Al contrario, nada estaba aún decidido el 9 de noviembre de 1989. Es cierto que se había abierto una rendija en una puerta, pero nada estaba decidido todavía en el día en que cayó el muro. La reunificación de nuestro país era más bien una lucha de poder político en torno al statu quo europeo y a los intereses de seguridad en el Este y el Oeste. Hasta el último momento, fue un acto de equilibrio en el campo de tensión de la guerra fría.
Para describir la situación en la que yo me encontraba entonces me gusta citar a Otto von Bismarck, porque no hay una imagen mejor: "Cuando el manto de Dios pasa por la historia, hay que saltar y agarrarse a él".
Para eso tienen que darse tres requisitos: en primer lugar, hay que tener la visión de que se trata del manto de Dios. En segundo lugar, debe sentirse el momento histórico; y en tercer lugar, hay que saltar y (querer) agarrarse a él. Para esto no sólo se requiere valor. Se trata más bien de valor e inteligencia. Porque en la política no se puede actuar como el general Zieten, que decidió batallas a favor de Federico el Grande de Prusia irrumpiendo desde el bosque y arrollando al enemigo en un ataque por sorpresa; eso no es ningún modelo para la política.
La política requiere sentido de lo factible, y también sentido para saber lo que es tolerable para los demás. Esto se aplicaba en especial a la cuestión alemana, y de forma muy singular a la época posterior a la caída del muro. El proceso de unificación política era sensible en extremo, porque nosotros, los alemanes, no estábamos solos en el mundo. En el momento en que la unificación parecía al alcance de la mano, hablar en defensa de la unidad alemana o embarcarse en discursos nacionalistas hubiera sido perjudicial en alto grado para la causa de los alemanes. Interiormente yo estaba, especialmente tras la caída del muro, mucho más adentrado en el camino de la unidad de lo que podía manifestar externamente.
Un ejemplo especialmente pertinente de lo que digo es mi programa de diez puntos, que presenté en solitario -es decir, sin someterlo a consulta alguna en el ámbito de la política nacional o internacional- en el Bundestag dos semanas y media después de la caída del muro, el 28 de noviembre de 1989. Como objetivo, en el punto décimo mencionaba expresamente la recuperación de la unidad estatal de Alemania, pero renunciaba conscientemente a fijar sus plazos. Con la hoja de ruta expuesta en diez puntos tomé la iniciativa en el camino hacia la unidad alemana y marqué inequívocamente la dirección. Esto era entonces lo máximo a lo que podía atreverme. Las reacciones lo volvieron a dejar claro.
(...) Yo siempre había trabajado en el sentido de una reunificación de mi país. Mi más profunda convicción era que teníamos que dejar abierta la cuestión alemana hasta que llegara el momento. A este respecto siempre me he visto en la continuidad de Konrad Adenauer. El primer canciller de la República Federal de Alemania marcó los cambios de aguja decisivos en la cuestión alemana. Desde el principio, Adenauer tenía un rumbo claro. Tras la Segunda Guerra Mundial, quería devolver a Alemania a la comunidad de los pueblos libres, quería una Europa libre y unida con una Alemania libre y unida. Estaba claramente al lado del Occidente libre, no deambulaba entre Occidente y Oriente. Para él, la integración de la República Federal en el Occidente libre y la vinculación a EE UU eran inequívocamente prioritarias a la reunificación alemana, que jamás perdió de vista tampoco.
Así, el 5 de mayo de 1955, día en el que las potencias occidentales declararon la soberanía de la República Federal, en el que la República Federal entró en la Unión Europea Occidental y en el que fue aceptada en la OTAN, Konrad Adenauer proclamó: "Vosotros nos pertenecéis, nosotros os pertenecemos. Siempre podéis confiar en nosotros, porque junto con el mundo libre no tendremos descanso ni pausa hasta que también vosotros hayáis reconquistado los derechos humanos y estéis pacíficamente unidos con nosotros en el mismo Estado".
También defendió obstinadamente que se reservara en exclusiva a la República Federal el derecho de representación de Alemania. Hoy hay a quien esto le parece una obviedad; pero en los inestables años posteriores a la Segunda Guerra Mundial era extremadamente incierto.
(...) La brutal represión del levantamiento popular de la RDA el 17 de junio de 1953 por las tropas soviéticas reafirmó a Konrad Adenauer en la idea de que no había una alternativa responsable a la integración en Occidente. Fue correcto que, en respuesta a la Nota de Stalin de marzo de 1952, los aliados occidentales, de acuerdo con el canciller federal, exigieran elecciones libres en toda Alemania como requisito para dar pasos ulteriores, pues la condición de Stalin era una Alemania neutral. Adenauer partía, con razón, de que una Alemania neutral crearía un vacío de poder en Europa que llenaría la Unión Soviética. El hecho de que durante su periodo de gobierno lograra, a pesar de todo, que en 1955 los últimos prisioneros de guerra alemanes retornaran de la Unión Soviética, subraya que para él la vinculación a Occidente no era un dogma que obstaculizara la salvaguardia de los intereses nacionales en el Este.
Desde mi punto de vista, las convicciones de Adenauer nunca habían perdido actualidad: una reunificación sin una firme integración en las alianzas occidentales hubiera llevado a nuestro país a la neutralidad. La consecuencia hubiera sido en última instancia una Alemania no libre en el ámbito de poder de la Unión Soviética. Por consiguiente, la caída del muro del 9 de noviembre de 1989 y la reunificación alemana del 3 de octubre de 1990 son, no en último término, la impresionante confirmación tardía del consecuente rumbo de Adenauer de vinculación a Occidente con la reserva de la reunificación, rumbo al que nos hemos mantenido firmes a lo largo de los años.
Es también cierto que mantener la firmeza en la cuestión alemana se fue haciendo más y más difícil, porque el espíritu de la época se oponía a ello cada vez con mayor fuerza. Cuanto más duraba la división, mayor era en la República Federal el grupo de quienes, cuando menos, se acomodaban a los dos Estados y querían aceptar la división de Alemania como realidad. Ya en los años setenta, la unidad era asunto primordial sólo para unos pocos en nuestra nación. No la mayoría de la gente, pero sin duda una mayoría de la clase política de nuestro país había renunciado hacía tiempo a la idea de la unidad. Esta postura era común a todos los partidos; la diferencia entre ellos estribaba en dónde estaba la mayoría del partido y dónde sus líderes.
Quien defendiera entonces la unidad era considerado o trasnochado o agitador de la guerra. Aún me acuerdo muy bien de aquella época en la que llegué a Bonn como líder de la oposición, en 1976. Como yo era uno de los pocos que aún creían en la unidad alemana, me gané la fama de ser un halcón. Cuando tomé posesión como canciller en 1982, mis adversarios políticos dentro de Alemania atizaron de inmediato los temores a que conmigo como jefe de Gobierno se iniciaría una supuesta "nueva edad del hielo" entre el Este y el Oeste. Mis adversarios se equivocaron, porque ocurrió lo contrario: bajo mi liderazgo político se fijaron los cambios de agujas esenciales en el camino hacia la unidad. Impulsé el proceso de integración europeo en tándem con el presidente francés, François Mitterrand. Me esforcé en lograr mejoras muy concretas de las condiciones de vida de los habitantes de la RDA, intenté no dar ningún motivo para las tensiones entre el Este y el Oeste, también mostré disposición al diálogo con la Unión Soviética, abrí posibilidades de cooperación y me mantuve firme, sin embargo, en mis posiciones básicas respecto a la política sobre la unificación alemana.
Con mi política seguí la lógica de Adenauer: la unificación europea y la unidad alemana son las dos caras de la misma moneda. Al principio de mi etapa como canciller, el proceso de unificación europea pasaba por una de sus horas más bajas. Muchos habían dejado de creer en la idea de Europa como casa común. (...) Cuando en 1989 la reunificación pasó a la agenda política, quedaban muchas cosas por hacer, pero con mi participación se habían logrado progresos esenciales: en los años ochenta habíamos firmado el Acta Única Europea con la que, entre otras cosas, se completaba el mercado único europeo. Ya desde mediados de los años ochenta, junto con el presidente francés, Mitterrand, habíamos marcado el camino para la introducción de una moneda común europea.
En cuanto a la política sobre la unificación alemana, al acceder a la cancillería dispuse que se ampliara el informe anual sobre el estado de la nación y que al título se le añadiera "en la Alemania dividida". Consideraba que se enviaba así una señal importante, tanto hacia el interior como hacia el exterior. Con el crédito de miles de millones a la RDA, gestionado principalmente por Franz Josef Strauss -con mi cobertu-ra-, retomamos las conversaciones con la RDA y logramos como contraprestación considerables mejoras humanitarias, como el desmantelamiento de las minas antipersona en la frontera entre las dos Alemanias, así como facilidades para la reunificación familiar y los intercambios comerciales mínimos.
La decisión de todas las decisiones en el camino hacia la unidad alemana fue el doble acuerdo de la OTAN [oferta a los países del Pacto de Varsovia de un acuerdo para limitar los misiles de alcance medio, combinada con la amenaza de desplegar armas nucleares de alcance medio en territorio europeo en caso de no llegar a un compromiso] que mi predecesor, Helmut Schmidt, impulsó contra la voluntad de su partido y que yo impuse en nuestro país frente a todas las resistencias. Hoy sigo tan convencido del acierto de esa decisión, como de lo difícil que fue tomarla en su momento. Fue una decisión muy solitaria. Todavía hoy tengo ante los ojos la imagen de los cientos de miles de manifestantes que salieron a la calle contra el doble acuerdo de la OTAN. Todavía me acuerdo del gesto gélido de los socialdemócratas cuando el socialista Mitterrand, en un discurso ante el Bundestag, se puso incondicionalmente de nuestra parte, incluso en contra de sus correligionarios alemanes... que con su rechazo estaban completamente aislados en Europa occidental.
Estoy convencido en lo más hondo de que sin el doble acuerdo de la OTAN el muro no habría caído en 1989 y de que en 1990 no habríamos alcanzado la reunificación. El mundo habría tomado un curso completamente distinto. El riesgo era evidente. Sin el doble acuerdo de la OTAN [el estacionamiento de nuevos misiles nucleares en territorio de la RFA, que fue considerado una señal fuerte de alianza con Occidente], la amenaza era un masivo desplazamiento del poder en Europa a favor de la Unión Soviética. La OTAN, con los estadounidenses, se habría retirado paso a paso de Europa central. La consecuencia habría sido que al menos la República Federal de Alemania, Austria y la RDA, y tal vez los países del Benelux e Italia, se hubieran convertido en las denominadas "zonas libres de armas nucleares y desmilitarizadas", mientras que la Unión Soviética habría extendido su ámbito de influencia y, sobre todo, se habría beneficiado de la potencia económica de la República Federal. (...)
Mi Gobierno también defendió las posiciones fundamentales de nuestra política sobre la unidad de Alemania. Entre ellas se contaba, sobre todo, la cuestión sobre la nacionalidad alemana. Me acuerdo muy bien del encendido debate que se desarrollaba precisamente en la época en la que accedí a la cancillería. El reconocimiento de la nacionalidad de la RDA sería, a lo largo de los años, una de las exigencias más tozudas de Honecker al Gobierno de la RFA. Yo tenía buenas razones para mi rotundo rechazo. Al renunciar a una sola nacionalidad alemana, habríamos renunciado de forma simultánea a la idea de una sola nación alemana, y habríamos disuelto con ello el lazo decisivo de comunidad entre las personas de ambas partes de Alemania y habríamos privado a las personas de la RDA una protección esencialísima y una buena medida de esperanza. Entre las consecuencias prácticas, habría estado que en 1989 Hungría no habría tenido base alguna en el derecho internacional para posibilitar de forma "legal" a nuestros conciudadanos el camino hacia la libertad. Y las personas de la RDA tendrían que haber solicitado asilo entre nosotros, como extranjeros.
Mantuve la invitación de mi predecesor Helmut Schmidt a Erich Honecker cuando accedí a la cancillería. Era necesario mantener el diálogo con la otra parte de Alemania. Cuando el secretario general del SED visitó finalmente Bonn en 1987, ligué la visita a la condición de que nuestros discursos en la zona oficial fueran emitidos en directo en la parte occidental y, sobre todo, en la parte oriental de nuestro país. Millones de personas de la RDA miraron aquella noche a través del telón de acero y pudieron ver en el televisor cómo le dije a Honecker: "La conciencia de la unidad de la nación está tan viva como siempre, y es inquebrantable la voluntad de mantenerla. En lo que respecta al Gobierno federal repito: el preámbulo de nuestra Ley Fundamental no es negociable porque responde a nuestra convicción. Ésta quiere una Europa unida, y llama a todo el pueblo alemán a completar la unidad y libertad de Alemania en libre autodeterminación".
(...) Como la CDU, también los socialdemócratas se sintieron siempre obligados a la cuestión alemana. Sin embargo, la diferencia entre ellos y nosotros consistía en que el SPD tenía una orientación cada vez más acusadamente nacional, y nunca aceptó la prioridad de la integración en Occidente con todas sus consecuencias. Mientras que la CDU, en su acto de equilibrio entre el acercamiento y la distancia, mantuvo siempre un claro distanciamiento, el SPD más bien mantuvo un curso de acercamiento al SED. (...) Naturalmente, también había entre las filas de la CDU, conforme al espíritu de los tiempos, defensores de un mayor acercamiento a la RDA y al régimen del SED, pero fueron marginales, nunca mayoritarios.
(...) Los aliados decisivos en nuestro camino fueron los estadounidenses. Una vez más, mostraron ser más una potencia protectora que una potencia ocupante, y se acreditaron como amigos de los alemanes. Desde el punto de vista del contenido, el discurso más importante de un presidente estadounidense respecto a la relación germano-estadounidense fue el que sostuvo George Bush a finales de mayo de 1989 en Maguncia, pocos meses después de ser elegido presidente de Estados Unidos. Fue una proclamación muy consciente, dirigida también a nuestros socios europeos y a la Unión Soviética, cuando Bush, en el contexto de las transformaciones geopolíticas, llamó a Estados Unidos y Alemania "partners in leadership" [socios en el liderazgo]. Durante la totalidad del proceso de unificación, siempre pude confiar personalmente en mi amigo George Bush, con quien durante todo el tiempo me concerté de forma estrecha. (...)
Muy similares eran las cosas con Mijaíl Gorbachov en lo referente a la confianza personal, aunque muy distintas en lo que tocaba a la cuestión alemana. El jefe de Estado de la Unión Soviética en un principio no quería la unidad alemana. (...) Con las palabras glásnost y perestroika abrió el camino a las transformaciones de todo el bloque oriental. Igualmente, y eso he podido constatarlo una y otra vez en mis conversaciones, no quería pensar hasta el final las consecuencias de su rumbo reformista. Quería la apertura del bloque del Este, pero no quería ver o darse cuenta del final que se derivaría necesariamente de él, también para la Unión Soviética. Su gran mérito sigue siendo que amoldó una y otra vez su política a las necesidades. Sobre todo, muestra de esto es que en los agitados días de la caída del muro de Berlín mantuvo los tanques soviéticos en los cuarteles y no hizo reprimir sangrientamente la rebelión. Durante todo el proceso de unificación mantuvo la línea pacífica. Nosotros, los alemanes, jamás podremos estarle lo bastante agradecidos por su valor. Con esto también él se expuso a un gran riesgo personal. En 1989 y 1990, Mijaíl Gorbachov tuvo que vivir bajo el temor constante de ser apartado mediante un golpe de Estado por los enemigos de las reformas en la Unión Soviética. Para nosotros esto habría significado que de la noche al día se volvieran a levantar sobre la frontera el muro y las alambradas, y que la cuestión de la unidad alemana quedara aplazada durante años.
Mijaíl Gorbachov pagó un alto precio por su línea pacífica. Me acuerdo bien de cómo Gorbachov, en su visita de junio de 1989 a Bonn, bajo la impresión de la gorbimanía en la RFA, me dijo que en su visita a la Markplatz de Bonn se había sentido como en la plaza Roja de Moscú. Cuando años más tarde, a finales de los años noventa, después del desmembramiento de la Unión Soviética, crucé con Mijaíl Gorbachov la plaza Roja de Moscú, la gente se apartaba de él.
Nuestros vecinos y socios europeos vivieron la caída del muro y la perspectiva de la reunificación alemana como una conmoción. Muchos contaban con que la unidad alemana llegaría, pero no mientras vivieran, ni desde luego en aquel momento. Por tanto, la caída del muro fue levemente inoportuna para la mayoría de ellos. (...) De entre nuestros aliados europeos, sólo uno estuvo desde el principio firmemente a nuestro lado: el presidente del Gobierno español, Felipe González, que ni un solo minuto permitió que surgiera la duda de dónde estaba su lugar. Margaret Thatcher fue la más franca entre los adversarios de la unidad y afirmó: "Prefiero dos Alemanias a una". También dijo: "¡Hemos derrotado dos veces a los alemanes, y aquí están otra vez!". La jefa del Gobierno británico, que finalmente, comprendiendo la inevitabilidad del proceso, dejó de cerrarse a la reunificación de nuestro país, había apostado equivocadamente por que Gorbachov jamás aceptaría la pertenencia a la OTAN de una Alemania unida. En esto, al menos en un principio, estuvo de acuerdo con François Mitterrand.
También del presidente de la Grande Nation vino alguna palabra poco amistosa antes de que finalmente se decantara por una posición clara y favorable a los alemanes. El cambio de Mitterrand, desde una postura inicialmente crítica hacia la reunificación hasta la aprobación, sin duda se basó de forma fundamental en que una vez más pude convencerle de esto: la unidad alemana y la unidad europea eran para mí las dos caras de la misma moneda.
============
Este texto es un amplio extracto del prólogo de Helmut Kohl a su libro De la caída del Muro a la reunificación. Mis Memorias, que acaba de publicar Knaur Taschenbuch Verlag. La versión en castellano es responsabilidad de EL PAÍS. Traducción de Jesús Albores.
sábado, 7 de novembro de 2009
1483) Grandes ditaduras sempre tem medo de pequenos resistentes
Triste constatar que os totalitarismos se parecem, o que parece óbvio, mas não me refiro à repressão política, que é uma constante nesses regimes, mas a burrice, à estupidez consumada, que faz com que enormes aparatos repressivos se precipitem sobre cidadãos comuns, simples indivíduos que gostariam de levar uma vida normal, mas não conseguem, pois a vida em ditaduras comunistas é uma miséria moral e material.
Ditaduras de direita procuram reprimir o pensamento, oferecendo ao menos certas compensações materiais, típicas do capitalismo.
Ditaduras de esquerda, ademais da repressão intelectual, da ausência completa de liberdade, não conseguem sequer suprir os cidadãos com o mínimo indispensável para se viver normalmente.
Ao fim e ao cabo, caem por estupidez e incapacidade, mais até do que pela repressão em si.
Minha solidariedade a quem vocês sabem quem é (que acaba de ser proibida de vir ao Brasil lançar seu livro sobre sua vida numa pequena ditadura comunista).
Gostaria de ler uma dessas notas de governo, sempre atentas para lamentar episódios condenáveis em certos países, pronunciando-se, desta vez, sobre uma simples figura objeto de agressões por agentes de uma ditadura ordinária.
Ditaduras de direita procuram reprimir o pensamento, oferecendo ao menos certas compensações materiais, típicas do capitalismo.
Ditaduras de esquerda, ademais da repressão intelectual, da ausência completa de liberdade, não conseguem sequer suprir os cidadãos com o mínimo indispensável para se viver normalmente.
Ao fim e ao cabo, caem por estupidez e incapacidade, mais até do que pela repressão em si.
Minha solidariedade a quem vocês sabem quem é (que acaba de ser proibida de vir ao Brasil lançar seu livro sobre sua vida numa pequena ditadura comunista).
Gostaria de ler uma dessas notas de governo, sempre atentas para lamentar episódios condenáveis em certos países, pronunciando-se, desta vez, sobre uma simples figura objeto de agressões por agentes de uma ditadura ordinária.
1482) Lancamento de livro em SP: Politica dos EUA para a América Latina
A Fundação Memorial da América Latina e o Instituto Nacional de Estudos sobre os Estados Unidos (INEU) convidam para a mesa redonda e lançamento do livro
De Clinton a Obama: políticas dos Estados Unidos para a América Latina,
publicado pela Editora Unesp.
Dia 17 de novembro, às 19h00, no Anexo dos Congressistas - Memorial da América Latina, Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, Metrô Barra Funda.
Conteúdo do livro:
Apresentação. Luis Fernando Ayerbe.
1. Correntes de pensamento na formulação da política externa estadunidense após o fim da Guerra Fria. A equipe de governo de Barack H. Obama em perspectiva comparada. Ariel Finguerut
2. Concepções estratégicas sobre a segurança internacional dos governos de Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama. Alessandro Shimabukuro
3. Interesses nacionais dos Estados Unidos na América Latina. Os Planos Estratégicos do Departamento de Estado 1999, 2004, 2007. Flavio Contrera e Lílian Ribeiro Lima
4. A evolução da presença militar estadunidense na América Latina: 1993-2009. Bernardo Wahl G. de Araújo Jorge
5. Segurança e livre-comércio: a política comercial dos Estados Unidos para a América Latina. Thiago Lima
6. Segurança Energética dos Estados Unidos: as percepções de desafios na América Latina. Neusa Maria Pereira Bojikian
7. Crime internacional e segurança nacional: aspectos recentes do relacionamento entre Estados Unidos e América Latina. Paulo José dos R. Pereira
8. A influência dos Estados Unidos nos conflitos colombianos: drogas, guerrilhas e terrorismo (1994-2009). Fábio Borges
9. A Guerra Global contra o Terrorismo na América Latina: A Tríplice Fronteira Argentina, Brasil e Paraguai como uma ameaça à segurança dos Estados Unidos? Marcos Alan Fagner dos Santos Ferreira
10. O dimensionamento estratégico da segurança nas agendas latino-americanas de Estados Unidos, União Européia e China. Luis Fernando Ayerbe
De Clinton a Obama: políticas dos Estados Unidos para a América Latina,
publicado pela Editora Unesp.
Dia 17 de novembro, às 19h00, no Anexo dos Congressistas - Memorial da América Latina, Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, Metrô Barra Funda.
Conteúdo do livro:
Apresentação. Luis Fernando Ayerbe.
1. Correntes de pensamento na formulação da política externa estadunidense após o fim da Guerra Fria. A equipe de governo de Barack H. Obama em perspectiva comparada. Ariel Finguerut
2. Concepções estratégicas sobre a segurança internacional dos governos de Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama. Alessandro Shimabukuro
3. Interesses nacionais dos Estados Unidos na América Latina. Os Planos Estratégicos do Departamento de Estado 1999, 2004, 2007. Flavio Contrera e Lílian Ribeiro Lima
4. A evolução da presença militar estadunidense na América Latina: 1993-2009. Bernardo Wahl G. de Araújo Jorge
5. Segurança e livre-comércio: a política comercial dos Estados Unidos para a América Latina. Thiago Lima
6. Segurança Energética dos Estados Unidos: as percepções de desafios na América Latina. Neusa Maria Pereira Bojikian
7. Crime internacional e segurança nacional: aspectos recentes do relacionamento entre Estados Unidos e América Latina. Paulo José dos R. Pereira
8. A influência dos Estados Unidos nos conflitos colombianos: drogas, guerrilhas e terrorismo (1994-2009). Fábio Borges
9. A Guerra Global contra o Terrorismo na América Latina: A Tríplice Fronteira Argentina, Brasil e Paraguai como uma ameaça à segurança dos Estados Unidos? Marcos Alan Fagner dos Santos Ferreira
10. O dimensionamento estratégico da segurança nas agendas latino-americanas de Estados Unidos, União Européia e China. Luis Fernando Ayerbe
1481) Declaração de Praga condena o comunismo por crimes contra a humanidade
Normalmente não assino manifestos. Aliás, não me lembro de jamais ter assinado algum. Seja porque não sou dado a aderir a "causas", quaisquer que elas possam ser (mesmo as mais beneméritas), seja porque nunca me ofereceram diretamente de assinar algum manifesto em favor de alguma causa qualquer. Sim, já recebi muitos, mas não sou, como disse, de assinar manifestos.
O que segue abaixo é um manifesto contra o comunismo, especificamente em sua forma européia, mas que pretende alcançar todas as suas formas (aliás, atualmente existentes fora do continente europeu).
De fato, os experimentos comunistas, desde 1917, são responsáveis por um número inacreditavelmente alto de mortos: fuzilados, massacrados, mortos em prisões, em gulags, assassinados por oposição política, sem esquecer os mortos de fome "fabricada" ou induzida por políticas esquizofrências, posto que também as houve, algumas deliberadas, em todos eles.
Também existiu (ainda existe em seus exemplares remanescentes) a miséria moral, a repressão aos direitos elementares, a censura, o totalitarismo, enfim, todo o cortejo de males bem conhecido de todos aqueles que podem e querem ver a realidade.
Claro, sempre existem aqueles que negam, minimizam ou que pretendem responder com alegações relativas aos "mortos sob o capitalismo" Patético, é o que se pode dizer...
Bem, o manifesto ou declaração abaixo está à disposição de todos aqueles que pretendem juntar-se a essa causa.
Eu não pretendo fazê-lo, pelas razões já expostdas, e por algumas outras sobre as quais elaborarei oportunamente.
Cabe leitura, reflexão, pesquisas adicionais, conscientização, apenas isto...
Paulo Roberto de Almeida
DECLARAÇÃO DE PRAGA
Tendo em conta o futuro digno e democrata de nossa comum pátria européia,
- Considerando que as sociedades que esquecem seu passado carecem de futuro;
- Considerando que a Europa não se unirá a menos que seja capaz de unificar sua história, de reconhecer o comunismo e o nacional-socialismo como um legado comum e de conseguir um debate sincero e profundo sobre todos os crimes totalitários do século passado;
- Considerando que a ideologia comunista é diretamente responsável por crimes contra a humanidade;
- Considerando que a má consciência que se deriva do passado comunista é uma pesada carga para o futuro da Europa e para nossos filhos;
- Considerando que diferentes valorações do passado comunista ainda podem dividir a Europa em Ocidente e Oriente;
- Considerando que a unidade européia foi uma resposta direta às guerras e à violência causada pelos sistemas totalitários no continente;
- Considerando que a consciência dos crimes de lesa-humanidade cometidos pelos regimes comunistas em todo o continente deve informar a todas as mentes européias, na mesma medida que os crimes do regime nacional-socialista;
- Considerando que existem similitudes entre o nacional-socialismo e o comunismo no que se refere a seus caráter horrível e espantoso, e a seus crimes contra a humanidade;
- Considerando que os crimes do comunismo ainda necessitam ser avaliados e julgados desde os pontos de vista jurídico, moral e político, assim como do ponto de vista histórico;
- Considerando que tais crimes foram justificados em nome da teoria da luta de classes e do princípio da ditadura do proletariado, que utilizam o terror como método para preservar o poder dos Governos que o aplicaram;
- Considerando que a ideologia comunista foi utilizada como uma ferramenta em mãos de imperialistas na Europa e na Ásia para alcançar seus planos expansionistas;
- Considerando que muitos dos autores que cometem e cometeram crimes em nome do comunismo ainda não foram levados ante a justiça, e suas vítimas ainda não foram indenizadas nem satisfeitas;
- Considerando que o objetivo de proporcionar informação completa sobre o passado totalitário comunista, que conduza a uma compreensão mais profunda e ao debate é uma condição necessária para a futura integração de todas as nações européias;
- Considerando que a reconciliação definitiva de todos os povos europeus não é possível sem um esforço potente para estabelecer a verdade e para restaurar a memória;
- Considerando que o passado comunista da Europa deve ser tratado a fundo, tanto na academia como ao público em geral, e as gerações futuras devem ter fácil acesso à informação sobre o comunismo;
- Considerando que em diferentes partes do mundo só uns poucos regimes totalitários comunistas sobrevivem, porém que, todavia, oprimem aproximadamente a um quinto da população mundial, e ainda se aferram ao poder cometendo delitos e impondo um alto custo para o bem-estar de seus povos;
- Considerando que em muitos países, apesar de que os partidos comunistas já não estão no poder, não se distanciaram publicamente dos crimes dos regimes comunistas nem os condenaram;
- Considerando que Praga é um dos lugares que sofreu tanto com o nazismo quanto com o comunismo,
Estando convencidos de que os milhões de vítimas do comunismo e suas famílias têm direito a desfrutar da justiça, da solidariedade, da compreensão e do reconhecimento de seus sofrimentos da mesma forma que as vítimas do nazismo foram moral e politicamente reconhecidos,
Nós, os participantes da Conferência de Praga Consciência européia e o comunismo,
- Ante a Resolução do Parlamento Europeu sobre o sexagésimo aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial na Europa, em 8 de maio de 1945, de 12 de maio de 2005,
- Ante a Resolução 1.481 da Assembléia Parlamentar do Conselho da Europa, de 26 de janeiro de 2006,
- Ante as resoluções sobre os crimes comunistas adotadas por vários Parlamentos nacionais,
- Ante a experiência da Comissão pela Verdade e a Reconciliação na África do Sul,
- Ante a experiência dos Institutos da Memória e os Memoriais na Polônia, Alemanha, Eslováquia, República Checa, Estados Unidos, o Instituto para a Investigação de Crimes Comunistas na Romênia, os museus da ocupação da Lituânia, Letônia e Estônia, assim como a Casa do Terror na Hungria,
- Ante as presidências atuais e futuras na UE e no Conselho da Europa.
- Ante o fato de que 2009 é o vigésimo aniversário da queda do comunismo na Europa Central e Oriental, assim como dos assassinatos em massa na Romênia e no massacre da Praça de Tianamen em Pekin,
Pedimos:
1. Chegar a um entendimento entre todos os europeus de que os regimes totalitários nazista e comunista devem ser julgados por seus próprios méritos terríveis, por ser destrutivo em suas políticas de maneira sistemática na aplicação das formas extremas de terror, da supressão de todos os direitos civis e das liberdades humanas, começando pelas guerras de agressão e, como uma parte inseparável de suas ideologias, o extermínio e a deportação de nações inteiras e grupos de população, e que como tais devem ser considerados os principais desastres que frustraram o século 20,
2. O reconhecimento de que muitos crimes cometidos em nome do comunismo devem ser qualificados como crimes de lesa-humanidade, de modo que constituam uma advertência para as gerações futuras da mesma maneira que os crimes nazistas foram julgados pelo Tribunal de Nüremberg,
3. A formulação de um enfoque comum a respeito dos crimes dos regimes totalitários, incluídos os regimes comunistas, e uma versão européia dos crimes comunistas, a fim de definir claramente uma atitude comum frente aos crimes dos regimes comunistas,
4. A introdução de uma legislação que permita aos tribunais de justiça julgar e condenar os culpados pelos crimes comunistas e compensar as vítimas do comunismo,
5. A garantia do princípio de igualdade de tratamento e não-discriminação entre as vítimas de todos os regimes totalitários,
6. A pressão européia e internacional para a condenação efetiva dos crimes do passado comunista e da luta eficaz contra os crimes comunistas em curso,
7. O reconhecimento do comunismo como parte integrante e horrível da história comum da Europa,
8. A aceitação por toda a Europa da responsabilidade pelos crimes cometidos pelo comunismo,
9. O estabelecimento de 23 de agosto, dia da assinatura do pacto Hitler-Stalin, conhecido como o Pacto Molotov-Ribbentrop, como um dia de lembrança das vítimas dos regimes totalitários nazista e comunista, do mesmo modo que a Europa recorda as vítimas do Holocausto em 27 de janeiro,
10. A reclamação aos Parlamentos nacionais para que reconheçam os crimes comunistas como crimes contra a humanidade, e modifiquem a legislação pertinente,
11. O debate público sobre o mal uso comercial e político dos símbolos comunistas,
12. A continuação das audiências da Comissão Européia com respeito às vítimas dos regimes totalitários, com vistas à elaboração de uma comunicação da Comissão,
13. O estabelecimento de comitês compostos por experts independentes nos Estados europeus que foram governados por regimes comunistas totalitários, com a tarefa de recolher informação sobre violações dos direitos humanos sob cada regime comunista totalitário em nível nacional, com o fim de colaborar estreitamente com o Conselho de Comitê de experts da Europa,
14. A elaboração de um claro marco jurídico internacional em relação a um acesso livre e irrestrito aos arquivos que contêm informação sobre os crimes do comunismo,
15. A fundação de um Instituto Europeu da Memória e da Consciência, que teria duas funções:
A) a de um instituto europeu dedicado à investigação dos estudos do totalitarismo, o desenvolvimento de projetos científicos e educacionais e o apoio à criação de redes de institutos de investigação nacionais especializados no tema da experiência totalitária,
B) e a de um museu memorial de âmbito europeu das vítimas de todos os regimes totalitários, com o objetivo de recordar as vítimas destes regimes e de dar a conhecer os crimes cometidos por eles,
16. A organização de uma conferência internacional sobre os crimes cometidos pelos regimes comunistas totalitários, com a participação de representantes de governos, parlamentares, acadêmicos, experts e associações, cujos resultados devem ser difundidos no mundo inteiro,
17. O ajuste e a revisão de livros de texto de história européia, para que as crianças possam aprender e ser advertidas sobre o comunismo e seus crimes, da mesma forma que se lhes ensinou a compreender os crimes nazistas,
18. A abertura de um amplo e profundo debate em toda a Europa sobre a história européia e a herança comunista,
19. A comemoração conjunta do 20º aniversário no próximo ano da queda do Muro de Berlim, do massacre da Praça Tianamen e da matança na Romênia.
Nós, os participantes da Conferência de Praga Consciência Européia e o Comunismo, nos dirigimos a todos os povos da Europa, a todas as instituições políticas européias, inclusive os Governos e os Parlamentos nacionais, o Parlamento Europeu, a Comissão Européia, o Conselho da Europa e outros órgãos internacionais pertinentes, e os exortamos a abraçar as idéias e as propostas enunciadas nesta Declaração de Praga, e a convertê-las em medidas práticas e políticas.
===========
Para os que desejarem juntar-se a essa causa, existe este link.
O que segue abaixo é um manifesto contra o comunismo, especificamente em sua forma européia, mas que pretende alcançar todas as suas formas (aliás, atualmente existentes fora do continente europeu).
De fato, os experimentos comunistas, desde 1917, são responsáveis por um número inacreditavelmente alto de mortos: fuzilados, massacrados, mortos em prisões, em gulags, assassinados por oposição política, sem esquecer os mortos de fome "fabricada" ou induzida por políticas esquizofrências, posto que também as houve, algumas deliberadas, em todos eles.
Também existiu (ainda existe em seus exemplares remanescentes) a miséria moral, a repressão aos direitos elementares, a censura, o totalitarismo, enfim, todo o cortejo de males bem conhecido de todos aqueles que podem e querem ver a realidade.
Claro, sempre existem aqueles que negam, minimizam ou que pretendem responder com alegações relativas aos "mortos sob o capitalismo" Patético, é o que se pode dizer...
Bem, o manifesto ou declaração abaixo está à disposição de todos aqueles que pretendem juntar-se a essa causa.
Eu não pretendo fazê-lo, pelas razões já expostdas, e por algumas outras sobre as quais elaborarei oportunamente.
Cabe leitura, reflexão, pesquisas adicionais, conscientização, apenas isto...
Paulo Roberto de Almeida
DECLARAÇÃO DE PRAGA
Tendo em conta o futuro digno e democrata de nossa comum pátria européia,
- Considerando que as sociedades que esquecem seu passado carecem de futuro;
- Considerando que a Europa não se unirá a menos que seja capaz de unificar sua história, de reconhecer o comunismo e o nacional-socialismo como um legado comum e de conseguir um debate sincero e profundo sobre todos os crimes totalitários do século passado;
- Considerando que a ideologia comunista é diretamente responsável por crimes contra a humanidade;
- Considerando que a má consciência que se deriva do passado comunista é uma pesada carga para o futuro da Europa e para nossos filhos;
- Considerando que diferentes valorações do passado comunista ainda podem dividir a Europa em Ocidente e Oriente;
- Considerando que a unidade européia foi uma resposta direta às guerras e à violência causada pelos sistemas totalitários no continente;
- Considerando que a consciência dos crimes de lesa-humanidade cometidos pelos regimes comunistas em todo o continente deve informar a todas as mentes européias, na mesma medida que os crimes do regime nacional-socialista;
- Considerando que existem similitudes entre o nacional-socialismo e o comunismo no que se refere a seus caráter horrível e espantoso, e a seus crimes contra a humanidade;
- Considerando que os crimes do comunismo ainda necessitam ser avaliados e julgados desde os pontos de vista jurídico, moral e político, assim como do ponto de vista histórico;
- Considerando que tais crimes foram justificados em nome da teoria da luta de classes e do princípio da ditadura do proletariado, que utilizam o terror como método para preservar o poder dos Governos que o aplicaram;
- Considerando que a ideologia comunista foi utilizada como uma ferramenta em mãos de imperialistas na Europa e na Ásia para alcançar seus planos expansionistas;
- Considerando que muitos dos autores que cometem e cometeram crimes em nome do comunismo ainda não foram levados ante a justiça, e suas vítimas ainda não foram indenizadas nem satisfeitas;
- Considerando que o objetivo de proporcionar informação completa sobre o passado totalitário comunista, que conduza a uma compreensão mais profunda e ao debate é uma condição necessária para a futura integração de todas as nações européias;
- Considerando que a reconciliação definitiva de todos os povos europeus não é possível sem um esforço potente para estabelecer a verdade e para restaurar a memória;
- Considerando que o passado comunista da Europa deve ser tratado a fundo, tanto na academia como ao público em geral, e as gerações futuras devem ter fácil acesso à informação sobre o comunismo;
- Considerando que em diferentes partes do mundo só uns poucos regimes totalitários comunistas sobrevivem, porém que, todavia, oprimem aproximadamente a um quinto da população mundial, e ainda se aferram ao poder cometendo delitos e impondo um alto custo para o bem-estar de seus povos;
- Considerando que em muitos países, apesar de que os partidos comunistas já não estão no poder, não se distanciaram publicamente dos crimes dos regimes comunistas nem os condenaram;
- Considerando que Praga é um dos lugares que sofreu tanto com o nazismo quanto com o comunismo,
Estando convencidos de que os milhões de vítimas do comunismo e suas famílias têm direito a desfrutar da justiça, da solidariedade, da compreensão e do reconhecimento de seus sofrimentos da mesma forma que as vítimas do nazismo foram moral e politicamente reconhecidos,
Nós, os participantes da Conferência de Praga Consciência européia e o comunismo,
- Ante a Resolução do Parlamento Europeu sobre o sexagésimo aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial na Europa, em 8 de maio de 1945, de 12 de maio de 2005,
- Ante a Resolução 1.481 da Assembléia Parlamentar do Conselho da Europa, de 26 de janeiro de 2006,
- Ante as resoluções sobre os crimes comunistas adotadas por vários Parlamentos nacionais,
- Ante a experiência da Comissão pela Verdade e a Reconciliação na África do Sul,
- Ante a experiência dos Institutos da Memória e os Memoriais na Polônia, Alemanha, Eslováquia, República Checa, Estados Unidos, o Instituto para a Investigação de Crimes Comunistas na Romênia, os museus da ocupação da Lituânia, Letônia e Estônia, assim como a Casa do Terror na Hungria,
- Ante as presidências atuais e futuras na UE e no Conselho da Europa.
- Ante o fato de que 2009 é o vigésimo aniversário da queda do comunismo na Europa Central e Oriental, assim como dos assassinatos em massa na Romênia e no massacre da Praça de Tianamen em Pekin,
Pedimos:
1. Chegar a um entendimento entre todos os europeus de que os regimes totalitários nazista e comunista devem ser julgados por seus próprios méritos terríveis, por ser destrutivo em suas políticas de maneira sistemática na aplicação das formas extremas de terror, da supressão de todos os direitos civis e das liberdades humanas, começando pelas guerras de agressão e, como uma parte inseparável de suas ideologias, o extermínio e a deportação de nações inteiras e grupos de população, e que como tais devem ser considerados os principais desastres que frustraram o século 20,
2. O reconhecimento de que muitos crimes cometidos em nome do comunismo devem ser qualificados como crimes de lesa-humanidade, de modo que constituam uma advertência para as gerações futuras da mesma maneira que os crimes nazistas foram julgados pelo Tribunal de Nüremberg,
3. A formulação de um enfoque comum a respeito dos crimes dos regimes totalitários, incluídos os regimes comunistas, e uma versão européia dos crimes comunistas, a fim de definir claramente uma atitude comum frente aos crimes dos regimes comunistas,
4. A introdução de uma legislação que permita aos tribunais de justiça julgar e condenar os culpados pelos crimes comunistas e compensar as vítimas do comunismo,
5. A garantia do princípio de igualdade de tratamento e não-discriminação entre as vítimas de todos os regimes totalitários,
6. A pressão européia e internacional para a condenação efetiva dos crimes do passado comunista e da luta eficaz contra os crimes comunistas em curso,
7. O reconhecimento do comunismo como parte integrante e horrível da história comum da Europa,
8. A aceitação por toda a Europa da responsabilidade pelos crimes cometidos pelo comunismo,
9. O estabelecimento de 23 de agosto, dia da assinatura do pacto Hitler-Stalin, conhecido como o Pacto Molotov-Ribbentrop, como um dia de lembrança das vítimas dos regimes totalitários nazista e comunista, do mesmo modo que a Europa recorda as vítimas do Holocausto em 27 de janeiro,
10. A reclamação aos Parlamentos nacionais para que reconheçam os crimes comunistas como crimes contra a humanidade, e modifiquem a legislação pertinente,
11. O debate público sobre o mal uso comercial e político dos símbolos comunistas,
12. A continuação das audiências da Comissão Européia com respeito às vítimas dos regimes totalitários, com vistas à elaboração de uma comunicação da Comissão,
13. O estabelecimento de comitês compostos por experts independentes nos Estados europeus que foram governados por regimes comunistas totalitários, com a tarefa de recolher informação sobre violações dos direitos humanos sob cada regime comunista totalitário em nível nacional, com o fim de colaborar estreitamente com o Conselho de Comitê de experts da Europa,
14. A elaboração de um claro marco jurídico internacional em relação a um acesso livre e irrestrito aos arquivos que contêm informação sobre os crimes do comunismo,
15. A fundação de um Instituto Europeu da Memória e da Consciência, que teria duas funções:
A) a de um instituto europeu dedicado à investigação dos estudos do totalitarismo, o desenvolvimento de projetos científicos e educacionais e o apoio à criação de redes de institutos de investigação nacionais especializados no tema da experiência totalitária,
B) e a de um museu memorial de âmbito europeu das vítimas de todos os regimes totalitários, com o objetivo de recordar as vítimas destes regimes e de dar a conhecer os crimes cometidos por eles,
16. A organização de uma conferência internacional sobre os crimes cometidos pelos regimes comunistas totalitários, com a participação de representantes de governos, parlamentares, acadêmicos, experts e associações, cujos resultados devem ser difundidos no mundo inteiro,
17. O ajuste e a revisão de livros de texto de história européia, para que as crianças possam aprender e ser advertidas sobre o comunismo e seus crimes, da mesma forma que se lhes ensinou a compreender os crimes nazistas,
18. A abertura de um amplo e profundo debate em toda a Europa sobre a história européia e a herança comunista,
19. A comemoração conjunta do 20º aniversário no próximo ano da queda do Muro de Berlim, do massacre da Praça Tianamen e da matança na Romênia.
Nós, os participantes da Conferência de Praga Consciência Européia e o Comunismo, nos dirigimos a todos os povos da Europa, a todas as instituições políticas européias, inclusive os Governos e os Parlamentos nacionais, o Parlamento Europeu, a Comissão Européia, o Conselho da Europa e outros órgãos internacionais pertinentes, e os exortamos a abraçar as idéias e as propostas enunciadas nesta Declaração de Praga, e a convertê-las em medidas práticas e políticas.
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Para os que desejarem juntar-se a essa causa, existe este link.
1480) O novo muro da vergonha: separar a Europa dos candidatos a imigracao
Sobre este artigo de Jamil Chade, é preciso ressalvar: o muro de Berlim e todas as fronteiras fortificadas da Europa oriental tinham como unico objetivo impedir os seus proprios cidadãos de viajar para fora, de fugir dos seus países, posto que a suposição era que ele nunca mais voltariam e sua fabricas e campos se esvaziariam.
Os novos muros tratam de impedir o ingresso dos miseráveis do mundo, e é um direito dos cidadãos europeus de assim fazê-lo, pois todos os países o fazem, inclusive o Brasil.
Paulo Roberto de Almeida
20 anos depois…um novo muro
Jamil Chade
5 de novembro de 2009|
SOPRON, Hungria - Há 20 anos, a cidade de Sopron, na fronteira entre a Hungria e a Áustria viveu o primeiro rasgo no que parecia ser a impenetrável Cortina de Ferro. Alemães do Leste aproveiram a realização de um picnic organizado pelas autoridades dos dois países para simplesmente furar a barreira. 600 deles conseguiram atravessar para o Ocidente.
Hoje, pensar que uma barreira existia no lugar por onde passei parece algo como um sonho. Ou para muitos um pesadelo. Ruas e estradas atravessam da Áustria para a Hungria, sem qualquer burocracia. Os moradores das pequenas cidades da Áustria que estão perto da fronteira chegam até mesmo a se queixar do movimento de carros que agora passam pelo meio de seus pacatos vilarejos, antes às márgens da Europa Ocidental e quase adormecidos. Na estrada que liga Sopron à Áustria, o movimento de carros é tão grande que um trânsito é formado todos os dias nas horas de pico. Uma revolução para uma região que ficou dividida por arames farpados desde 1971 e, antes, por minas terrestres.
Mas o muro não desapareceu. Ele apenas mudou de lugar. 500 quilômetros ao leste da fronteira aberta entre a Hungria e a Áustria, a realidade é bem diferente. Uma verdadeira barreira foi criada na nova fronteira da Europa para barrar a entrada dos novos imigrantes. Não são alemães tentando fugir do comunismo e da ditadura. São afegãos, iraquianos e paquistaneses tentando escapar da guerra, chineses cruzando o mundo para trabalhar na Europa e milhares de cidadãos da Ucrânia, Sérvia, Bósnia, Moldávia e do Cáucaso fugindo da pobreza.
Por ano, 500 mil estrangeiros entra ilegalmente na UE e, agora, a meta dos europeus é de frear essa explosão da migração. Nos anos da Guerra Fria, a fronteira era formada por arames farpados, muros, cães de ataque, tanques, muitos soldados e minas espalhadas por milhares de quilômetros. A nova fronteira também conta com alguns arames farpados e soldados.
Mas o novo modelo é bem mais sofisticado e não corre o risco de entrar em pane por falta de peças, como o dos soviéticos. No lugar de cães, minas e tanques, a UE investiu de forma pesada na instalação de sensores, barreiras eletrônicas e um sistema informatizado com computadores ligados aos dados da Interpol e das agências de inteligência dos países europeus. No total, são quase 6 mil quilômetros da nova cortina de ferro, separando a UE do resto da Europa, câmeras a cada 150 metros em alguns locais. O patrulhamento das fronteiras é uma das prioridades políticas desses governos, mas que também está transformando a vida da região e de famílias.
Ironicamente, a UE exigiu que os países do Leste Europeu que aderiram ao bloco há 5 anos sejam os novos responsáveis por resguardar a Europa da imigração irregular e de criminosos. O acordo é simples: esses países teriam sua adesão aprovada em um espaço de livre circulação de pessoas se garantissem que poderiam fechar suas fronteiras aos cidadãos de fora da UE. A UE já injetou 2 bilhões de euros para ajudá-los e, hoje, todos os meios tecnológicos e soldados são usados para garantir que a imigração irregular e o tráfico sejam parados na fronteira. Pelas regras estipuladas pela UE – conhecidos como Acordo de Schengen – países dentro do bloco teriam suas fronteiras simplesmente suprimidas e seus cidadãos poderiam circular livremente. Em troca, as fronteiras exteriores da UE seriam reforçadas.
Polônia, Hungria e Eslováquia foram alguns dos países que foram obrigados a se comprometer em criar verdadeiros muros contra seus vizinhos do leste. Mas, para isso, isolaram famílias ucranianas, sérvias, croatas e bielorussas que por décadas estavam próximas às fronteiras que hoje são da UE. Do lado ucraniano, a percepção é de que os países do Leste Europeu que aderiram à UE esqueceram seu passado. Alguns, de dentro da UE, admitem que estão traindo seus vizinhos. “Sinto que estamos fazendo com nossos vizinhos ucranianos o mesmo que sofremos durante décadas”, afirmou diretor do Departamento de Educação da Universidade Eslovaca de Tecnologia, Miroslav Babinsky.
A realidade do novo muro permeia todo o Leste Europeu. Em uma viagem de trem entre Bucareste e Budapeste realizada pela reportagem, os vagões foram barrados na fronteira entre a Hungria e a Romênia por horas durante a madrugada. Policiais fortelemente armados vasculhavam até mesmo a parte inferior do trem, procurando imigrantes ilegais. “Na UE, ainda não somos todos iguais”, lamentou Adrian, um romeno que havia embarcado no mesmo trem em direção a Budapeste. A forma encontrado por muitos para driblar essas barreiras é pagar um “especialista” em cruzar fronteiras. Ou seja, um traficante de seres humanos.
Para entrar na Europa, os imigrantes escondem-se em caminhões, tentam cruzar a floresta que ocupa a região de fronteira e até mesmo se arriscam em câmaras frias que transportam carnes e alimentos de um lado a outro da fronteira. O preço: US$ 15 mil – muitas vezes o equivalente ao preço de suas casas que tiveram de vender para pagar a “passagem” ao traficante – e, claro, muita coragem. Ou seria desespero…
Há 20 anos, o violoncelista russo Mstislav Rostropovich pegou seu instrumento ao ver o Muro de Berlim cair e correu para o local. Fez questão de tocar à beira da obra que simbolizou a divisão da Europa. Rostropovich, falecido em 2007, sempre lutou pela liberdade de expressão, pela democracia e por uma arte sem nacionalismos. Em 1974, fugiu da Rússia e conseguiu atravessar a Cortina de Ferro. Em 1989, sua mensagem aos responsáveis pela divisão era simples: Nunca Mais.
Pena que nem todos escutaram seu recital à beira do muro.
Os novos muros tratam de impedir o ingresso dos miseráveis do mundo, e é um direito dos cidadãos europeus de assim fazê-lo, pois todos os países o fazem, inclusive o Brasil.
Paulo Roberto de Almeida
20 anos depois…um novo muro
Jamil Chade
5 de novembro de 2009|
SOPRON, Hungria - Há 20 anos, a cidade de Sopron, na fronteira entre a Hungria e a Áustria viveu o primeiro rasgo no que parecia ser a impenetrável Cortina de Ferro. Alemães do Leste aproveiram a realização de um picnic organizado pelas autoridades dos dois países para simplesmente furar a barreira. 600 deles conseguiram atravessar para o Ocidente.
Hoje, pensar que uma barreira existia no lugar por onde passei parece algo como um sonho. Ou para muitos um pesadelo. Ruas e estradas atravessam da Áustria para a Hungria, sem qualquer burocracia. Os moradores das pequenas cidades da Áustria que estão perto da fronteira chegam até mesmo a se queixar do movimento de carros que agora passam pelo meio de seus pacatos vilarejos, antes às márgens da Europa Ocidental e quase adormecidos. Na estrada que liga Sopron à Áustria, o movimento de carros é tão grande que um trânsito é formado todos os dias nas horas de pico. Uma revolução para uma região que ficou dividida por arames farpados desde 1971 e, antes, por minas terrestres.
Mas o muro não desapareceu. Ele apenas mudou de lugar. 500 quilômetros ao leste da fronteira aberta entre a Hungria e a Áustria, a realidade é bem diferente. Uma verdadeira barreira foi criada na nova fronteira da Europa para barrar a entrada dos novos imigrantes. Não são alemães tentando fugir do comunismo e da ditadura. São afegãos, iraquianos e paquistaneses tentando escapar da guerra, chineses cruzando o mundo para trabalhar na Europa e milhares de cidadãos da Ucrânia, Sérvia, Bósnia, Moldávia e do Cáucaso fugindo da pobreza.
Por ano, 500 mil estrangeiros entra ilegalmente na UE e, agora, a meta dos europeus é de frear essa explosão da migração. Nos anos da Guerra Fria, a fronteira era formada por arames farpados, muros, cães de ataque, tanques, muitos soldados e minas espalhadas por milhares de quilômetros. A nova fronteira também conta com alguns arames farpados e soldados.
Mas o novo modelo é bem mais sofisticado e não corre o risco de entrar em pane por falta de peças, como o dos soviéticos. No lugar de cães, minas e tanques, a UE investiu de forma pesada na instalação de sensores, barreiras eletrônicas e um sistema informatizado com computadores ligados aos dados da Interpol e das agências de inteligência dos países europeus. No total, são quase 6 mil quilômetros da nova cortina de ferro, separando a UE do resto da Europa, câmeras a cada 150 metros em alguns locais. O patrulhamento das fronteiras é uma das prioridades políticas desses governos, mas que também está transformando a vida da região e de famílias.
Ironicamente, a UE exigiu que os países do Leste Europeu que aderiram ao bloco há 5 anos sejam os novos responsáveis por resguardar a Europa da imigração irregular e de criminosos. O acordo é simples: esses países teriam sua adesão aprovada em um espaço de livre circulação de pessoas se garantissem que poderiam fechar suas fronteiras aos cidadãos de fora da UE. A UE já injetou 2 bilhões de euros para ajudá-los e, hoje, todos os meios tecnológicos e soldados são usados para garantir que a imigração irregular e o tráfico sejam parados na fronteira. Pelas regras estipuladas pela UE – conhecidos como Acordo de Schengen – países dentro do bloco teriam suas fronteiras simplesmente suprimidas e seus cidadãos poderiam circular livremente. Em troca, as fronteiras exteriores da UE seriam reforçadas.
Polônia, Hungria e Eslováquia foram alguns dos países que foram obrigados a se comprometer em criar verdadeiros muros contra seus vizinhos do leste. Mas, para isso, isolaram famílias ucranianas, sérvias, croatas e bielorussas que por décadas estavam próximas às fronteiras que hoje são da UE. Do lado ucraniano, a percepção é de que os países do Leste Europeu que aderiram à UE esqueceram seu passado. Alguns, de dentro da UE, admitem que estão traindo seus vizinhos. “Sinto que estamos fazendo com nossos vizinhos ucranianos o mesmo que sofremos durante décadas”, afirmou diretor do Departamento de Educação da Universidade Eslovaca de Tecnologia, Miroslav Babinsky.
A realidade do novo muro permeia todo o Leste Europeu. Em uma viagem de trem entre Bucareste e Budapeste realizada pela reportagem, os vagões foram barrados na fronteira entre a Hungria e a Romênia por horas durante a madrugada. Policiais fortelemente armados vasculhavam até mesmo a parte inferior do trem, procurando imigrantes ilegais. “Na UE, ainda não somos todos iguais”, lamentou Adrian, um romeno que havia embarcado no mesmo trem em direção a Budapeste. A forma encontrado por muitos para driblar essas barreiras é pagar um “especialista” em cruzar fronteiras. Ou seja, um traficante de seres humanos.
Para entrar na Europa, os imigrantes escondem-se em caminhões, tentam cruzar a floresta que ocupa a região de fronteira e até mesmo se arriscam em câmaras frias que transportam carnes e alimentos de um lado a outro da fronteira. O preço: US$ 15 mil – muitas vezes o equivalente ao preço de suas casas que tiveram de vender para pagar a “passagem” ao traficante – e, claro, muita coragem. Ou seria desespero…
Há 20 anos, o violoncelista russo Mstislav Rostropovich pegou seu instrumento ao ver o Muro de Berlim cair e correu para o local. Fez questão de tocar à beira da obra que simbolizou a divisão da Europa. Rostropovich, falecido em 2007, sempre lutou pela liberdade de expressão, pela democracia e por uma arte sem nacionalismos. Em 1974, fugiu da Rússia e conseguiu atravessar a Cortina de Ferro. Em 1989, sua mensagem aos responsáveis pela divisão era simples: Nunca Mais.
Pena que nem todos escutaram seu recital à beira do muro.
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