Transcrevo primeiro a notícia, depois agrego um comentário pessoal...
Zelaya ficará na embaixada brasileira em Honduras ao menos até janeiro
da Efe, em Tegucigalpa
da Folha Online, 19/12/2009
A Frente Nacional de Resistência Popular de Honduras, que exige a volta ao poder do presidente deposto Manuel Zelaya, disse neste sábado que o líder não sairá da Embaixada Brasileira em Tegucigalpa antes de 27 de janeiro.
"Com essa atitude dos golpistas de não querer largar o poder, não acreditamos que o presidente Zelaya saia antes de 27 de janeiro, nem que ele se preste a isso só para legalizar a cerimônia da transferência de poder", afirmou o secretário-geral da Frente Nacional de Resistência Popular contra o Golpe de Estado, Juan Barahona.
O presidente interino, Roberto Micheletti, reiterou nesta semana que entregará o poder em 27 de janeiro a Porfirio Lobo, presidente eleito em 29 de novembro passado.
"Levar o presidente Zelaya em 27 de janeiro ao Estádio Nacional (à transferência de poder) burlar o povo hondurenho", disse Barahona, que reiterou que a Frente Nacional de Resistência Popular exige "sua libertação da embaixada" do Brasil "o mais rápido possível".
Segundo ele, a Frente deve realizar neste domingo uma assembleia popular em Tegucigalpa para revisar o trabalho de organização em todo o país e seguir exigindo a restituição de Zelaya no poder.
A transferência de poder em 27 de janeiro, segundo Barahona, será ilegal, porque "o presidente Zelaya e a maioria da comunidade internacional não reconhecem as eleições".
Anistia
O Congresso hondurenho aceitou na terça-feira (16) a proposta de Lobo de estudar uma anistia a todos os envolvidos na deposição de Zelaya, em 28 de junho, e também para o presidente deposto.
O governo interino de Roberto Micheletti acusa Zelaya de ter tentado violar a Constituição ao insistir em um referendo popular que abriria o caminho para sua reeleição.
O Partido Nacional de Lobo e o próprio Partido Liberal de Zelaya e Micheletti acreditam que o presidente deposto pretendia se perpetuar no poder influenciado por seu aliado, o presidente venezuelano Hugo Chávez.
As eleições de novembro não foram reconhecidas por vários países latino-americanos liderados por Brasil, Argentina e Venezuela porque foram realizadas sob o governo interino, embora tenham sido convocadas antes da deposição de Zelaya. Mas contaram com a aprovação de EUA, Colômbia, Peru, Panamá e Costa Rica.
Zelaya tentou na semana passada ir para o México com um salvo-conduto, mas o governo interino voltou atrás e disse que ele só poderia deixar o país como exilado, algo a que o presidente deposto se negou, porque poderia significar a renúncia ao cargo.
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Meu comentário:
Curiosa frase do lider da resistencia zelayista:
"...disse Barahona, que reiterou que a Frente Nacional de Resistência Popular exige "sua libertação da embaixada" do Brasil "o mais rápido possível"."
Ops, nao sabia que Zelaya estava preso na Embaixada do Brasil.
Pensava que ele fosse apenas "hospede", o que quer que isso signifique...
Alguém vai precisar pagar a conta dessa hospedagem, ainda que seja em termos de água, eletricidade, limpeza, horas de trabalho perdidas, etc. Adivinhem quem será?
Aliás, nunca se fez a conta de quanto tempo foi perdido com uma dramaturgia digna do Casseta e Planeta...
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Paulo Roberto de Almeida
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
domingo, 20 de dezembro de 2009
1575) Copenhage: um acordo vazio de significado
Transcrevo abaixo o "acordo" (duplas, ou triplas, aspas) que "saiu" (é o verbo) de Copenhage, sem qualquer significado para o planeta ou para o clima.
Não deveria representar nada, tampouco, para pessoas inteligentes, mas como acredito que pessoas inteligentes sempre se informam sobre tudo, mesmo sobre o que é praticamente irrelavente, mas politicamente importante (já que quase todo mundo acredita no festival de bobagens que nos foi servido pela imprensa nos últimos dias), ele vai transcrito aqui a título meramente informativo, já que nem pretendo comentar o que interpreto como total irrelevância para fins práticos...
Paulo Roberto de Almeida
Advance unedited version
Decision -/CP.15
The Conference of the Parties,
Takes note of the Copenhagen Accord of 18 December 2009.
Copenhagen Accord
The Heads of State, Heads of Government, Ministers, and other heads of the following delegations present at the United Nations Climate Change Conference 2009 in Copenhagen: [List of Parties]
In pursuit of the ultimate objective of the Convention as stated in its Article 2,
Being guided by the principles and provisions of the Convention,
Noting the results of work done by the two Ad hoc Working Groups,
Endorsing decision x/CP.15 on the Ad hoc Working Group on Long-term Cooperative Action and decision x/CMP.5 that requests the Ad hoc Working Group on Further Commitments of Annex I Parties under the Kyoto Protocol to continue its work,
Have agreed on this Copenhagen Accord which is operational immediately.
1. We underline that climate change is one of the greatest challenges of our time. We emphasise our strong political will to urgently combat climate change in accordance with the principle of common but differentiated responsibilities and respective capabilities. To achieve the ultimate objective of the Convention to stabilize greenhouse gas concentration in the atmosphere at a level that would prevent dangerous anthropogenic interference with the climate system, we shall, recognizing the scientific view that the increase in global temperature should be below 2 degrees Celsius, on the basis ofequity and in the context of sustainable development, enhance our long-term cooperative action to combat climate change. We recognize the critical impacts of climate change and the potential impacts of response measures on countries particularly vulnerable to its adverse effects and stress the need to establish a comprehensive adaptation programme including international support.
2. We agree that deep cuts in global emissions are required according to science, and as documented by the IPCC Fourth Assessment Report with a view to reduce global emissions so as to hold the increase in global temperature below 2 degrees Celsius, and take action to meet this objective consistent with science and on the basis of equity. We should cooperate in achieving the peaking of global and national emissions as soon as possible, recognizing that the time frame for peaking will be longer in developing countries and bearing in mind that social and economic development and poverty eradication are the first and overriding priorities of developing countries and that a low-emission development strategy is indispensable to sustainable development.
3. Adaptation to the adverse effects of climate change and the potential impacts of response measures is a challenge faced by all countries. Enhanced action and international cooperation on adaptation is urgently required to ensure the implementation of the Convention by enabling and supporting the implementation of adaptation actions aimed at reducing vulnerability and building resilience in developing countries, especially in those that are particularly vulnerable, especially least developed countries, small island developing States and Africa. We agree that developed countries shall provide adequate, predictable and sustainable financial resources, technology and capacity-building to support the implementation of adaptation action in developing countries.
4. Annex I Parties commit to implement individually or jointly the quantified economy-wide emissions targets for 2020, to be submitted in the format given in Appendix I by Annex I Parties to the secretariat by 31 January 2010 for compilation in an INF document. Annex I Parties that are Party to the Kyoto Protocol will thereby further strengthen the emissions reductions initiated by the Kyoto Protocol. Delivery of reductions and financing by
developed countries will be measured, reported and verified in accordance with existing and any further guidelines adopted by the Conference of the Parties, and will ensure that accounting of such targets and finance is rigorous, robust and transparent.
5. Non-Annex I Parties to the Convention will implement mitigation actions, including those to be submitted to the secretariat by non-Annex I Parties in the format given in Appendix II by 31 January 2010, for compilation in an INF document, consistent with Article 4.1 and Article 4.7 and in the context of sustainable development. Least developed countries and small island developing States may undertake actions voluntarily and on the basis of support. Mitigation actions subsequently taken and envisaged by Non-Annex I Parties, including national inventory reports, shall be communicated through national communications consistent with Article 12.1(b) every two years on the basis of guidelines to be adopted by the Conference of the Parties. Those mitigation actions in national communications or otherwise communicated to the Secretariat will be added to the list in appendix II. Mitigation actions taken by Non-Annex I Parties will be subject to their domestic measurement, reporting and verification the result of which will be reported through their national communications every two years. Non-Annex I Parties will communicate information on the implementation of their actions through National Communications, with provisions for international consultations and analysis under clearly defined guidelines that will ensure that national sovereignty is respected. Nationally appropriate mitigation actions seeking international support will be recorded in a registry along with relevant technology, finance and capacity building support. Those actions supported will be added to the list in appendix II. These supported nationally appropriate mitigation actions will be subject to international measurement, reporting and verification in accordance with guidelines adopted by the Conference of the Parties.
6. We recognize the crucial role of reducing emission from deforestation and forest degradation and the need to enhance removals of greenhouse gas emission by forests and agree on the need to provide positive incentives to such actions through the immediate establishment of a mechanism including REDD-plus, to enable the mobilization of financial resources from developed countries.
7. We decide to pursue various approaches, including opportunities to use markets, to enhance the cost-effectiveness of, and to promote mitigation actions. Developing countries, especially those with low emitting economies should be provided incentives to continue to develop on a low emission pathway.
8. Scaled up, new and additional, predictable and adequate funding as well as improved access shall be provided to developing countries, in accordance with the relevant provisions of the Convention, to enable and support enhanced action on mitigation, including substantial finance to reduce emissions from deforestation and forest degradation (REDD-plus), adaptation, technology development and transfer and capacity-building, for enhanced implementation of the Convention. The collective commitment by developed countries is to provide new and additional resources, including forestry and investments through international institutions, approaching USD 30 billion for the period 2010-2012 with balanced allocation between adaptation and mitigation. Funding for adaptation will be prioritized for the most vulnerable developing countries, such as the least developed countries, small island developing States and Africa. In the context of meaningful mitigation actions and transparency on implementation, developed countries commit to a goal of mobilizing jointly USD 100 billion dollars a year by 2020 to address the needs of developing countries. This funding will come from a wide variety of sources, public and private, bilateral and multilateral, including alternative sources of finance. New multilateral funding for adaptation will be delivered through effective and efficient fund arrangements, with a governance structure providing for equal representation of developed and developing countries. A significant portion of such funding should flow through the Copenhagen Green Climate Fund.
9. To this end, a High Level Panel will be established under the guidance of and accountable to the Conference of the Parties to study the contribution of the potential sources of revenue, including alternative sources of finance, towards meeting this goal.
10. We decide that the Copenhagen Green Climate Fund shall be established as an operating entity of the financial mechanism of the Convention to support projects, programme, policies and other activities in developing countries related to mitigation including REDD-plus, adaptation, capacity-building, technology development and transfer.
11. In order to enhance action on development and transfer of technology we decide to establish a Technology Mechanism to accelerate technology development and transfer in support of action on adaptation and mitigation that will be guided by a country-driven approach and be based on national circumstances and priorities.
12. We call for an assessment of the implementation of this Accord to be completed by 2015, including in light of the Conventions ultimate objective. This would include consideration of strengthening the long-term goal referencing various matters presented by the science, including in relation to temperature rises of 1.5 degrees Celsius.
(zero...)
APPENDIX I
Quantified economy-wide emissions targets for 2020
Annex I Parties
Quantified economy-wide emissions targets for 2020
Emissions reduction in 2020
Base year
APPENDIX II
Nationally appropriate mitigation actions of developing country Parties
Non-Annex I
Actions
(zero...)
Pela transcrição: Paulo Roberto de Almeida (20.12.2009
Não deveria representar nada, tampouco, para pessoas inteligentes, mas como acredito que pessoas inteligentes sempre se informam sobre tudo, mesmo sobre o que é praticamente irrelavente, mas politicamente importante (já que quase todo mundo acredita no festival de bobagens que nos foi servido pela imprensa nos últimos dias), ele vai transcrito aqui a título meramente informativo, já que nem pretendo comentar o que interpreto como total irrelevância para fins práticos...
Paulo Roberto de Almeida
Advance unedited version
Decision -/CP.15
The Conference of the Parties,
Takes note of the Copenhagen Accord of 18 December 2009.
Copenhagen Accord
The Heads of State, Heads of Government, Ministers, and other heads of the following delegations present at the United Nations Climate Change Conference 2009 in Copenhagen: [List of Parties]
In pursuit of the ultimate objective of the Convention as stated in its Article 2,
Being guided by the principles and provisions of the Convention,
Noting the results of work done by the two Ad hoc Working Groups,
Endorsing decision x/CP.15 on the Ad hoc Working Group on Long-term Cooperative Action and decision x/CMP.5 that requests the Ad hoc Working Group on Further Commitments of Annex I Parties under the Kyoto Protocol to continue its work,
Have agreed on this Copenhagen Accord which is operational immediately.
1. We underline that climate change is one of the greatest challenges of our time. We emphasise our strong political will to urgently combat climate change in accordance with the principle of common but differentiated responsibilities and respective capabilities. To achieve the ultimate objective of the Convention to stabilize greenhouse gas concentration in the atmosphere at a level that would prevent dangerous anthropogenic interference with the climate system, we shall, recognizing the scientific view that the increase in global temperature should be below 2 degrees Celsius, on the basis ofequity and in the context of sustainable development, enhance our long-term cooperative action to combat climate change. We recognize the critical impacts of climate change and the potential impacts of response measures on countries particularly vulnerable to its adverse effects and stress the need to establish a comprehensive adaptation programme including international support.
2. We agree that deep cuts in global emissions are required according to science, and as documented by the IPCC Fourth Assessment Report with a view to reduce global emissions so as to hold the increase in global temperature below 2 degrees Celsius, and take action to meet this objective consistent with science and on the basis of equity. We should cooperate in achieving the peaking of global and national emissions as soon as possible, recognizing that the time frame for peaking will be longer in developing countries and bearing in mind that social and economic development and poverty eradication are the first and overriding priorities of developing countries and that a low-emission development strategy is indispensable to sustainable development.
3. Adaptation to the adverse effects of climate change and the potential impacts of response measures is a challenge faced by all countries. Enhanced action and international cooperation on adaptation is urgently required to ensure the implementation of the Convention by enabling and supporting the implementation of adaptation actions aimed at reducing vulnerability and building resilience in developing countries, especially in those that are particularly vulnerable, especially least developed countries, small island developing States and Africa. We agree that developed countries shall provide adequate, predictable and sustainable financial resources, technology and capacity-building to support the implementation of adaptation action in developing countries.
4. Annex I Parties commit to implement individually or jointly the quantified economy-wide emissions targets for 2020, to be submitted in the format given in Appendix I by Annex I Parties to the secretariat by 31 January 2010 for compilation in an INF document. Annex I Parties that are Party to the Kyoto Protocol will thereby further strengthen the emissions reductions initiated by the Kyoto Protocol. Delivery of reductions and financing by
developed countries will be measured, reported and verified in accordance with existing and any further guidelines adopted by the Conference of the Parties, and will ensure that accounting of such targets and finance is rigorous, robust and transparent.
5. Non-Annex I Parties to the Convention will implement mitigation actions, including those to be submitted to the secretariat by non-Annex I Parties in the format given in Appendix II by 31 January 2010, for compilation in an INF document, consistent with Article 4.1 and Article 4.7 and in the context of sustainable development. Least developed countries and small island developing States may undertake actions voluntarily and on the basis of support. Mitigation actions subsequently taken and envisaged by Non-Annex I Parties, including national inventory reports, shall be communicated through national communications consistent with Article 12.1(b) every two years on the basis of guidelines to be adopted by the Conference of the Parties. Those mitigation actions in national communications or otherwise communicated to the Secretariat will be added to the list in appendix II. Mitigation actions taken by Non-Annex I Parties will be subject to their domestic measurement, reporting and verification the result of which will be reported through their national communications every two years. Non-Annex I Parties will communicate information on the implementation of their actions through National Communications, with provisions for international consultations and analysis under clearly defined guidelines that will ensure that national sovereignty is respected. Nationally appropriate mitigation actions seeking international support will be recorded in a registry along with relevant technology, finance and capacity building support. Those actions supported will be added to the list in appendix II. These supported nationally appropriate mitigation actions will be subject to international measurement, reporting and verification in accordance with guidelines adopted by the Conference of the Parties.
6. We recognize the crucial role of reducing emission from deforestation and forest degradation and the need to enhance removals of greenhouse gas emission by forests and agree on the need to provide positive incentives to such actions through the immediate establishment of a mechanism including REDD-plus, to enable the mobilization of financial resources from developed countries.
7. We decide to pursue various approaches, including opportunities to use markets, to enhance the cost-effectiveness of, and to promote mitigation actions. Developing countries, especially those with low emitting economies should be provided incentives to continue to develop on a low emission pathway.
8. Scaled up, new and additional, predictable and adequate funding as well as improved access shall be provided to developing countries, in accordance with the relevant provisions of the Convention, to enable and support enhanced action on mitigation, including substantial finance to reduce emissions from deforestation and forest degradation (REDD-plus), adaptation, technology development and transfer and capacity-building, for enhanced implementation of the Convention. The collective commitment by developed countries is to provide new and additional resources, including forestry and investments through international institutions, approaching USD 30 billion for the period 2010-2012 with balanced allocation between adaptation and mitigation. Funding for adaptation will be prioritized for the most vulnerable developing countries, such as the least developed countries, small island developing States and Africa. In the context of meaningful mitigation actions and transparency on implementation, developed countries commit to a goal of mobilizing jointly USD 100 billion dollars a year by 2020 to address the needs of developing countries. This funding will come from a wide variety of sources, public and private, bilateral and multilateral, including alternative sources of finance. New multilateral funding for adaptation will be delivered through effective and efficient fund arrangements, with a governance structure providing for equal representation of developed and developing countries. A significant portion of such funding should flow through the Copenhagen Green Climate Fund.
9. To this end, a High Level Panel will be established under the guidance of and accountable to the Conference of the Parties to study the contribution of the potential sources of revenue, including alternative sources of finance, towards meeting this goal.
10. We decide that the Copenhagen Green Climate Fund shall be established as an operating entity of the financial mechanism of the Convention to support projects, programme, policies and other activities in developing countries related to mitigation including REDD-plus, adaptation, capacity-building, technology development and transfer.
11. In order to enhance action on development and transfer of technology we decide to establish a Technology Mechanism to accelerate technology development and transfer in support of action on adaptation and mitigation that will be guided by a country-driven approach and be based on national circumstances and priorities.
12. We call for an assessment of the implementation of this Accord to be completed by 2015, including in light of the Conventions ultimate objective. This would include consideration of strengthening the long-term goal referencing various matters presented by the science, including in relation to temperature rises of 1.5 degrees Celsius.
(zero...)
APPENDIX I
Quantified economy-wide emissions targets for 2020
Annex I Parties
Quantified economy-wide emissions targets for 2020
Emissions reduction in 2020
Base year
APPENDIX II
Nationally appropriate mitigation actions of developing country Parties
Non-Annex I
Actions
(zero...)
Pela transcrição: Paulo Roberto de Almeida (20.12.2009
sábado, 19 de dezembro de 2009
1574) O Brasil precisa decidir o que quer ser...
Um crônica que deveria ser engraçada, mas pode ser patética, segundo o ponto de vista...
Urubu ou faisão?
NELSON MOTTA
O Globo, 19.12.2009
O Brasil precisa decidir: se é mesmo uma potência emergente, o fenômeno econômico do momento, o último a entrar e o primeiro a sair da crise, se tem todo esse pré-sal para explorar, se quer falar de igual para igual com os gringos de olhos azuis, na hora de contribuir para o Fundo Ambiental tem que estar disposto a fazer um aporte de acordo com sua riqueza e poder — e não continuar no bloco das vítimas e oprimidos.
Temos que escolher: ou somos os novos salvadores da humanidade com nosso etanol, nossa superprodução de energia limpa e renovável, sustentável e admirável, ou somos os árabes do futuro com nossas reservas de petróleo no pré-sal — e a certeza de sua poluição massiva. As duas opções ao mesmo tempo não dá, mesmo que Lula se diga uma metamorfose ambulante, gringo não entende o humor de Raul Seixas.
Não dá para, conforme a situação, o Brasil querer ser do G-12 ou do G77, agir como potência ou como vítima.
Lula pode ser o cara, mas na hora dos acordos que vão custar caro a seus contribuintes, os japoneses, americanos e europeus mostram por que eles são eles e nós somos nós.
A obsessão de colocar nádegas brasileiras na cadeira de membro (epa! nádegas de membro?, deve ser influência do estilo Lula de oratória) do Conselho de Segurança da ONU, além do aparente prestígio e ilusório poder — o que pode o Brasil contra um veto americano, chinês ou russo? — implica em um comportamento de potência, de rico, sempre chamado a dar dinheiro às nações carentes, e eventualmente até a enviar tropas para zonas de conflito.
Sai caríssimo para os contribuintes.
Se não conseguimos resolver sequer a falta de esgoto, de água, de escolas e de hospitais para milhões de brasileiros, a corrupção endêmica e impune de nossos políticos, a criminalidade urbana galopante, o que temos a oferecer aos pobres do mundo? Um Bolsa Família pago pelos contribuintes dos países ricos? Ricos como nós ou como eles? Mas não foram eles que se ferraram com a crise? Não fomos nós que nos demos bem? Fica parecendo que o Brasil, em linguagem lulista, come urubu e arrota faisão. Ou vice versa.
Urubu ou faisão?
NELSON MOTTA
O Globo, 19.12.2009
O Brasil precisa decidir: se é mesmo uma potência emergente, o fenômeno econômico do momento, o último a entrar e o primeiro a sair da crise, se tem todo esse pré-sal para explorar, se quer falar de igual para igual com os gringos de olhos azuis, na hora de contribuir para o Fundo Ambiental tem que estar disposto a fazer um aporte de acordo com sua riqueza e poder — e não continuar no bloco das vítimas e oprimidos.
Temos que escolher: ou somos os novos salvadores da humanidade com nosso etanol, nossa superprodução de energia limpa e renovável, sustentável e admirável, ou somos os árabes do futuro com nossas reservas de petróleo no pré-sal — e a certeza de sua poluição massiva. As duas opções ao mesmo tempo não dá, mesmo que Lula se diga uma metamorfose ambulante, gringo não entende o humor de Raul Seixas.
Não dá para, conforme a situação, o Brasil querer ser do G-12 ou do G77, agir como potência ou como vítima.
Lula pode ser o cara, mas na hora dos acordos que vão custar caro a seus contribuintes, os japoneses, americanos e europeus mostram por que eles são eles e nós somos nós.
A obsessão de colocar nádegas brasileiras na cadeira de membro (epa! nádegas de membro?, deve ser influência do estilo Lula de oratória) do Conselho de Segurança da ONU, além do aparente prestígio e ilusório poder — o que pode o Brasil contra um veto americano, chinês ou russo? — implica em um comportamento de potência, de rico, sempre chamado a dar dinheiro às nações carentes, e eventualmente até a enviar tropas para zonas de conflito.
Sai caríssimo para os contribuintes.
Se não conseguimos resolver sequer a falta de esgoto, de água, de escolas e de hospitais para milhões de brasileiros, a corrupção endêmica e impune de nossos políticos, a criminalidade urbana galopante, o que temos a oferecer aos pobres do mundo? Um Bolsa Família pago pelos contribuintes dos países ricos? Ricos como nós ou como eles? Mas não foram eles que se ferraram com a crise? Não fomos nós que nos demos bem? Fica parecendo que o Brasil, em linguagem lulista, come urubu e arrota faisão. Ou vice versa.
1573) Oliveira Lima e a diplomacia brasileira do inicio do seculo 20
Ao percorrer o site da revista Historia Actual Online, da qual sou colaborador, descobri que um artigo meu, já antigo, tinha acabado de ser publicado. Nao me avisaram...
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Paulo Roberto de Almeida
933. “Oliveira Lima e a Diplomacia Brasileira no Início da República”
revista Historia Actual Online
(Editor: Asociación de Historia Actual; n. 19, Primavera 2009, p. 97-108; ISSN: 1696-2060;
link: http://www.historia-actual.com/HAO/pbhaopdf.asp?idi=ENG&pgt=2&pid=4&pbl=HAO&vol=1&iss=19&cont=8)
Relação de Originais n. 991.
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Paulo Roberto de Almeida
933. “Oliveira Lima e a Diplomacia Brasileira no Início da República”
revista Historia Actual Online
(Editor: Asociación de Historia Actual; n. 19, Primavera 2009, p. 97-108; ISSN: 1696-2060;
link: http://www.historia-actual.com/HAO/pbhaopdf.asp?idi=ENG&pgt=2&pid=4&pbl=HAO&vol=1&iss=19&cont=8)
Relação de Originais n. 991.
1572) Le Monde: o aniversario de um pequeno grande jornal

O Le Monde, jornal que alimentou todo o meu período universitário europeu (mais de seis anos) e que continuou a frequentar a minha vida adulta, publicou uma edição facsimilar de seu primeiro número, aqui reproduzida.
Uma justa homenagem a seu próprio corpo redacional, editores, jornalistas e colaboradores, e um prêmio a seus muitos leitores, entre os quais me situo.
São 65 anos de atividade ininterrupta e sempre independente dos poderes constituídos. Meus votos para mais cem anos de vida ativa...
Paulo Roberto de Almeida
Les 65 balais (13 lustres) du “Monde”
Dans son édition du 19 décembre, le Monde nous a gratifiés du fac-similé recto verso de son premier numéro, daté mardi 19 décembre 1944. Un bonheur ! une mine de renseignements (notamment pour les enseignants) ! Il valait 3 francs, et son tirage se montait à 150 000 exemplaires.
Où l’on constate que le journal se réduisait à une feuille volante, un tract presque, de très grand format, comme tous les autres quotidiens de l’époque (il y en avait plusieurs dizaines à Paris). Il était imprimé très serré sur huit colonnes, avec un tout petit corps de caractère, ce qui faisait beaucoup à lire.
Aucune image, très peu de pub, mais déjà une (trop) grande place dévolue à la Bourse. Les cinémas parisiens (25) programment des films dont la plupart ne nous disent rien, sauf La Ruée vers l’or et L’Impossible M. Bébé. Il est beaucoup question de rationnement et d’épuration, et, évidemment, de la guerre.
Mussolini, qui sévit encore dans le nord de l’Italie, déclare toujours croire en la victoire de l’Axe ! Les amateurs de typo constateront à cette occasion que les citations (en l’occurrence celles de Benito) sont entre guillemets mais pas en italiques : la “marche” du Monde changera plus tard là-dessus. Une contre-offensive allemande vient de commencer dans les Ardennes. Ses premiers succès sèment la consternation dans les populations, qui craignent le retour de l’Occupation. Au même moment, les Alliés écrasent militairement la Résistance grecque à Athènes (des événements dont nous avons parlé sur ce blog) : alors qu’ils doivent battre en retraite dans les Ardennes, les Alliés se permettent d’engager des dizaines de milliers d’hommes (avec chars et avions) dans un pays pourtant abandonné par l’Axe. La guerre froide a commencé, même si elle ne dit pas encore son nom. Un petit article nous apprend que la filière espagnole est dès cette époque active pour repêcher les nazis.
La guerre du Pacifique occupe peu de place. On peut lire aussi une hagiographie de De Gaulle (ou il est qualifié notamment de prophète, excusez du peu) qui est l’article le plus long du journal, et qui donne une idée de l’adulation dont il était l’objet.
1571) Cupula do clima em Copenhage: fracasso anunciado
O FIASCO DA IGREJA DOS SANTOS DO AQUECIMENTO GLOBAL DOS ÚLTIMOS DIAS
Reinaldo Azevedo, 19/12/2009
Hoje é dia 19, né? Os jornais devem noticiar o que está sendo considerado o desastre de Copenhague. Nada aconteceu. E os Estados Unidos estão no banco dos réus, como não poderia deixar de ser. Se o país tivesse cedido às exigências dos pobres, teria sido tratado como um gigante acuado; como não cedeu, então passa a ser um vilão. Em qualquer dos casos, não se reserva ao país senão o lugar do derrotado ou do arrogante, jamais o do parceiro.
Até porque não era mesmo de parceria que se falava ali. Todos foram lá salvar o planeta desde que o outro pagasse a conta. E, nesse caso, é óbvio que todo mundo olha o rico da mesa esperando que ele diga um “deixa comigo”. Mas Obama não disse. Até porque, e muitos lastimam, os EUA são uma democracia. As metas têm de ser aprovadas pelo Congresso. E Obama tem outras urgências. E certamente já se cercou de cientistas que o advertiram contra este novo milenarismo.
Hoje é dia 19, mas antecipei aqui as razões do fracasso no dia 17, sem ter ido a Copenhague (ver texto em azul no pé deste post). É claro que é sempre bom estar no local, desde que você leve junto aquilo que não muda por mais que mude o céu: o espírito. Às vezes, nada turva mais a inteligência do que a experiência! É evidente que muita gente se deixou levar por aquele clima (ops!) de “Vamos salvar o mundo; está em nossas mãos”. Salvar? A fazer o que querem alguns, ele poderia ser destruído por uma seqüência de catástrofes.
Dou um exemplo claríssimo e que nos diz respeito de perto. Sem a China, a economia brasileira iria para o vinagre. O país responde por boa parte dos fatores que fizeram Lula voar em céu de brigadeiro. Pois é… A China cresce 8% na crise; sem crise, ela faz mais. E é esse crescimento que tem financiado boa parte do mundo, o Brasil em especial. É consenso que, nesse ritmo, ela vai aumentar a emissão de carbono, em vez de diminuir . Mas pode ficar tranqüilo, leitor; isso não ameaça ninguém.
Pois bem: alguém me diz qual é a proposta? A China tem de crescer 4%? Se isso acontecer, o mundo vai à falência. E o primeiro a afundar, acreditem, será o Brasil. Que montante do valor destinado à infra-estrutura, por exemplo, deverá ser carreado para projetos de redução da emissão de carbono? Virá junto, suponho, um programa de esterilização em massa, não é? E tudo em nome do que não passa, até agora, de uma quimera. Mas que é influente e vai continuar por aí. Tanto é que todos os esforços se voltam agora a reunião do México, em 2010. E assim vai. Os produtores de escatologia continuarão a desenhar cenários catastróficos.
Lula fez um discurso forte, emocional, falou em milagre, chamou os grandes líderes do mundo à sua responsabilidade… Foi sucedido na tribuna por um Barack Obama frio, quase esfíngico, que não deu a menor bola para a torcida. Se a China não aceita ter as suas emissões inspecionadas, por que os EUA terão de ir para o banco dos réus de um Tribunal Climático Internacional? Ora…
Ah, ok, que os países poluam menos. Isso parece bom. Mas a economia mundial é coisa séria demais para ser decidida por meteorologistas e ongueiros. Especialmente porque é uma gente que quer se impor por meio da ditadura de opinião, que não aceita o contraditório. Se a reunião do México vier nos mesmos termos de Copenhague, vai de novo para o vinagre. E não é preciso estar em Copenhague para entender por quê. A rigor, estar lá, em muitos casos, até atrapalha a percepção. Digamos que é preciso estar nos livros de história para entender a Cupula de Babel.
Anteontem, expliquei aqui por que o resultado seria esse. O texto segue abaixo. Uma releitura rápida será interessante porque ele poderia ter sido escrito agora, depois que já se sabe que Copenhague não deu em nada. Quem lembra de tudo o que vai nele já pode saltar diretamente para os comentários. Ah, sim: toda religião tem sua própria versão para o fim do mundo, mas relaxem: o mundo não vai acabar. Não precisa sair por aí “beijando a boca de quem não devia”…
*
OS RICOS E O ÓBVIO
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009 | 16:00
O discurso de Lula em Copenhague deixa claro por que a reunião já é um insucesso e por que se trata, como chamei, da última missa do aquecimento global. O assunto virou, como é natural, um braço-de-ferro entre países ricos e pobres, com o grupo dos emergentes tentando ser rico o bastante para dar as cartas e pobre o bastante para se aproveitar de eventuais incentivos. E isso, bem…, isso é contra a lógica do processo e contra a natureza dos… ricos.
Afinal, o que querem os não-ricos? Que os outros se comprometam com metas severas na emissão de carbono, por conta de seu passado, enquanto emergentes como Índia e China poderiam emitir à vontade. Reparem: se isso fosse possível, seria como propor uma troca pacífica de papéis: um grupo marcaria um encontro com o declínio econômico no médio prazo, financiando o outro. E o Brasil? A sua proposta de propaganda é boa porque a maior parte das emissões atribuídas ao país vem das queimadas. A sua redução não comprometeria tanto assim o seu desenvolvimento. Mesmo São Paulo, o estado mais desenvolvido do país, tem uma emissão considerada pequena, dado o seu PIB, em razão da grande frota de carros a álcool, da quase extinção das queimadas de cana, da existência da mata atlântica - pequena, sim, mas grande caso se considere o conjunto da economia do estado. As queimadas é que minam a nossa reputação junto aos Apóstolos da Igreja do Aquecimento Global dos Santos dos Últimos Dias.
Com os ricos e com os outros emergentes, a coisa é um pouco diferente. Metas severas de redução de carbono poderiam atingir gravemente suas respectivas indústrias. É por isso que China e Índia já disseram: “Estamos fora de qualquer meta vinculativa. Isso é coisa dos ricos. E nós não somos ricos”. O Brasil aceita o compromisso porque, em princípio, a sua colaboração não atingiria uma área vital da economia. Mas e os tais “ricos”? Os governos democráticos dos EUA e da Europa desenvolvida se entregarão, assim, ao cadafalso, com o compromisso adicional de financiar os muito pobres? Esqueçam. Trata-se de uma equação sem saída. É por isso que aquele troço não anda nem vai andar.
Vai-se criar o fundo, projetos serão desenvolvidos aqui e ali, as elites gorilas dos países muito atrasados vão se aproveitar de eventuais linhas de financiamento, e tudo vai ficando por isso mesmo. Como até Al Gore já admite que há um certo resfriamento do planeta - pelo menos se consideradas as previsões mais catastrofistas -, o que vai acabar esfriando também é o debate, que assumiu, como se nota, o viés a que estava destinado.
A turma do miolo mole deve ter achado que uma causa tão nobre como “salvar o planeta” anularia diferenças e nos colocaria a todos no mesmo barco. Pois é… Não aconteceu. O debate-boca se assemelhou a qualquer outro travado, por exemplo, na Organização Mundial do Comércio. Al Gore, o garoto-propaganda da causa, está perdidaço. Resolveu ser o aiatolá do xiismo ambientalista, o mundo achou a idéia bacana e resolveu pôr, como sempre, os EUA no banco dos réus, de sorte que a resistência de Barack Obama a Copenhague já é mais clara e mais evidente do que a resistência de Bush aos Protocolos dos Sábios de Kyoto.
Reinaldo Azevedo, 19/12/2009
Hoje é dia 19, né? Os jornais devem noticiar o que está sendo considerado o desastre de Copenhague. Nada aconteceu. E os Estados Unidos estão no banco dos réus, como não poderia deixar de ser. Se o país tivesse cedido às exigências dos pobres, teria sido tratado como um gigante acuado; como não cedeu, então passa a ser um vilão. Em qualquer dos casos, não se reserva ao país senão o lugar do derrotado ou do arrogante, jamais o do parceiro.
Até porque não era mesmo de parceria que se falava ali. Todos foram lá salvar o planeta desde que o outro pagasse a conta. E, nesse caso, é óbvio que todo mundo olha o rico da mesa esperando que ele diga um “deixa comigo”. Mas Obama não disse. Até porque, e muitos lastimam, os EUA são uma democracia. As metas têm de ser aprovadas pelo Congresso. E Obama tem outras urgências. E certamente já se cercou de cientistas que o advertiram contra este novo milenarismo.
Hoje é dia 19, mas antecipei aqui as razões do fracasso no dia 17, sem ter ido a Copenhague (ver texto em azul no pé deste post). É claro que é sempre bom estar no local, desde que você leve junto aquilo que não muda por mais que mude o céu: o espírito. Às vezes, nada turva mais a inteligência do que a experiência! É evidente que muita gente se deixou levar por aquele clima (ops!) de “Vamos salvar o mundo; está em nossas mãos”. Salvar? A fazer o que querem alguns, ele poderia ser destruído por uma seqüência de catástrofes.
Dou um exemplo claríssimo e que nos diz respeito de perto. Sem a China, a economia brasileira iria para o vinagre. O país responde por boa parte dos fatores que fizeram Lula voar em céu de brigadeiro. Pois é… A China cresce 8% na crise; sem crise, ela faz mais. E é esse crescimento que tem financiado boa parte do mundo, o Brasil em especial. É consenso que, nesse ritmo, ela vai aumentar a emissão de carbono, em vez de diminuir . Mas pode ficar tranqüilo, leitor; isso não ameaça ninguém.
Pois bem: alguém me diz qual é a proposta? A China tem de crescer 4%? Se isso acontecer, o mundo vai à falência. E o primeiro a afundar, acreditem, será o Brasil. Que montante do valor destinado à infra-estrutura, por exemplo, deverá ser carreado para projetos de redução da emissão de carbono? Virá junto, suponho, um programa de esterilização em massa, não é? E tudo em nome do que não passa, até agora, de uma quimera. Mas que é influente e vai continuar por aí. Tanto é que todos os esforços se voltam agora a reunião do México, em 2010. E assim vai. Os produtores de escatologia continuarão a desenhar cenários catastróficos.
Lula fez um discurso forte, emocional, falou em milagre, chamou os grandes líderes do mundo à sua responsabilidade… Foi sucedido na tribuna por um Barack Obama frio, quase esfíngico, que não deu a menor bola para a torcida. Se a China não aceita ter as suas emissões inspecionadas, por que os EUA terão de ir para o banco dos réus de um Tribunal Climático Internacional? Ora…
Ah, ok, que os países poluam menos. Isso parece bom. Mas a economia mundial é coisa séria demais para ser decidida por meteorologistas e ongueiros. Especialmente porque é uma gente que quer se impor por meio da ditadura de opinião, que não aceita o contraditório. Se a reunião do México vier nos mesmos termos de Copenhague, vai de novo para o vinagre. E não é preciso estar em Copenhague para entender por quê. A rigor, estar lá, em muitos casos, até atrapalha a percepção. Digamos que é preciso estar nos livros de história para entender a Cupula de Babel.
Anteontem, expliquei aqui por que o resultado seria esse. O texto segue abaixo. Uma releitura rápida será interessante porque ele poderia ter sido escrito agora, depois que já se sabe que Copenhague não deu em nada. Quem lembra de tudo o que vai nele já pode saltar diretamente para os comentários. Ah, sim: toda religião tem sua própria versão para o fim do mundo, mas relaxem: o mundo não vai acabar. Não precisa sair por aí “beijando a boca de quem não devia”…
*
OS RICOS E O ÓBVIO
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009 | 16:00
O discurso de Lula em Copenhague deixa claro por que a reunião já é um insucesso e por que se trata, como chamei, da última missa do aquecimento global. O assunto virou, como é natural, um braço-de-ferro entre países ricos e pobres, com o grupo dos emergentes tentando ser rico o bastante para dar as cartas e pobre o bastante para se aproveitar de eventuais incentivos. E isso, bem…, isso é contra a lógica do processo e contra a natureza dos… ricos.
Afinal, o que querem os não-ricos? Que os outros se comprometam com metas severas na emissão de carbono, por conta de seu passado, enquanto emergentes como Índia e China poderiam emitir à vontade. Reparem: se isso fosse possível, seria como propor uma troca pacífica de papéis: um grupo marcaria um encontro com o declínio econômico no médio prazo, financiando o outro. E o Brasil? A sua proposta de propaganda é boa porque a maior parte das emissões atribuídas ao país vem das queimadas. A sua redução não comprometeria tanto assim o seu desenvolvimento. Mesmo São Paulo, o estado mais desenvolvido do país, tem uma emissão considerada pequena, dado o seu PIB, em razão da grande frota de carros a álcool, da quase extinção das queimadas de cana, da existência da mata atlântica - pequena, sim, mas grande caso se considere o conjunto da economia do estado. As queimadas é que minam a nossa reputação junto aos Apóstolos da Igreja do Aquecimento Global dos Santos dos Últimos Dias.
Com os ricos e com os outros emergentes, a coisa é um pouco diferente. Metas severas de redução de carbono poderiam atingir gravemente suas respectivas indústrias. É por isso que China e Índia já disseram: “Estamos fora de qualquer meta vinculativa. Isso é coisa dos ricos. E nós não somos ricos”. O Brasil aceita o compromisso porque, em princípio, a sua colaboração não atingiria uma área vital da economia. Mas e os tais “ricos”? Os governos democráticos dos EUA e da Europa desenvolvida se entregarão, assim, ao cadafalso, com o compromisso adicional de financiar os muito pobres? Esqueçam. Trata-se de uma equação sem saída. É por isso que aquele troço não anda nem vai andar.
Vai-se criar o fundo, projetos serão desenvolvidos aqui e ali, as elites gorilas dos países muito atrasados vão se aproveitar de eventuais linhas de financiamento, e tudo vai ficando por isso mesmo. Como até Al Gore já admite que há um certo resfriamento do planeta - pelo menos se consideradas as previsões mais catastrofistas -, o que vai acabar esfriando também é o debate, que assumiu, como se nota, o viés a que estava destinado.
A turma do miolo mole deve ter achado que uma causa tão nobre como “salvar o planeta” anularia diferenças e nos colocaria a todos no mesmo barco. Pois é… Não aconteceu. O debate-boca se assemelhou a qualquer outro travado, por exemplo, na Organização Mundial do Comércio. Al Gore, o garoto-propaganda da causa, está perdidaço. Resolveu ser o aiatolá do xiismo ambientalista, o mundo achou a idéia bacana e resolveu pôr, como sempre, os EUA no banco dos réus, de sorte que a resistência de Barack Obama a Copenhague já é mais clara e mais evidente do que a resistência de Bush aos Protocolos dos Sábios de Kyoto.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
1570) Pausa para... um pouco de musica
Um colega de lista de discussão sobre temas mais sérios, fez uma pausa para mandar esta recomendação, que ainda não segui, mas vou fazê-lo, enquanto leio uma dissertação de mestrado (ugh...):
2009/12/14 Leonardo Teles:
Caros,
No inicio de uma cansativa viagem de retorno, fui deleitado com um delicioso programa da RNE (Radio Nacional Espanola) sobre musica 'moderna'. Trata-se um programa sobre a época do SWING, musica de 50 anos atras. Os comentários do apresentador explicando algo da historia das músicas da um 'que' todo especial ao programa. Recomendo. Excelente para deixar de pano de fundo em casa para relaxar.
http://www.rtve.es/programas/voces
Todos os mais de 100 programas estao disponiveis no link para que sejam ouvidos online.
Divirtam-se. O ultimo programa disponivel (Ay,que me vuelvo loca) é realmente muito gostoso. Recomendo. Podem ser acessados via o link 'PROGRAMAS', no canto superior esquerdo.
Abraços e uma ótima semana para todos,
--
Leo Teles
2009/12/14 Leonardo Teles:
Caros,
No inicio de uma cansativa viagem de retorno, fui deleitado com um delicioso programa da RNE (Radio Nacional Espanola) sobre musica 'moderna'. Trata-se um programa sobre a época do SWING, musica de 50 anos atras. Os comentários do apresentador explicando algo da historia das músicas da um 'que' todo especial ao programa. Recomendo. Excelente para deixar de pano de fundo em casa para relaxar.
http://www.rtve.es/programas/voces
Todos os mais de 100 programas estao disponiveis no link para que sejam ouvidos online.
Divirtam-se. O ultimo programa disponivel (Ay,que me vuelvo loca) é realmente muito gostoso. Recomendo. Podem ser acessados via o link 'PROGRAMAS', no canto superior esquerdo.
Abraços e uma ótima semana para todos,
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Leo Teles
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