Segundo leio no Estadão desta segunda, 11.01.2010,
Commodity domina venda para os EUA
Matéria da correspondente Raquel Landim confirma que a participação dos manufaturados brasileiros nas exportações aos EUA caiu de 67% para 47% no Governo Lula, ou seja, uma queda de 20 pontos percentuais.
A mudança na estrutura das exportações corresponde, em parte, ao impacto da crise nas importações dos EUA: em lugar de aviões, celulose, em lugar de carros, café. Os especialistas atribuem parte dessa queda ao câmbio, que de fato afetou a competitividade dos produtos manufaturados brasileiros, mas se eles não fossem agravados por uma enorme carga fiscal, esse fator poderia ser ao menos em parte compensado.
Segundo a mesma jornalista, desde 2001, quando ingressou na OMC, a China duplicou sua presença nos EUA: de 8,6% das importações americanas, a China tem hoje 18,8%, dez pontos a mais, ao passo que o Brasil meramente manteve sua presença (de 1,2% em 2001, para 1,38% em 2009, mas com a mudança estrutural assinalada acima).
Transcrevo parte da matéria:
"Conforme dados fornecidos pelo Itamaraty, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva liderou 64 missões empresariais desde 2003 até julho de 2009: 18 para a América do Sul e Central, 17 para a Europa, 14 para a África e 10 para a Ásia - mas nenhuma para os Estados Unidos".
Deve ser a nova geografia comercial...
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
1666) Uma loucura gentil
Sobre meus métodos de trabalho
Paulo Roberto de Almeida
Um leitor de minhas mal traçadas linhas no meu blog, me escreve diretamente, com toda a sua vocação de empresário, para perguntar se eu tinha um método para “administrar o meu tempo”, ou seja, como eu fazia para ler tanto e escrever tanto. Suponho que eles esteja em busca do Santo Graal, o método infalível para ler muito, escrever mais ainda, e ainda assim viver perfeitamente feliz, com mulher, filhos, trabalho, lazer, gato, cachorro, férias, etc...
Bem, fui obrigado a dizer para ele, confessar, na verdade, que eu não dispunha de método algum, pelo menos não de algum que pudesse ser apresentado de forma convenientemente racional, à la Peter Drucker, organizado e servindo a propósitos ordenados e dispostos logicamente em alguma linha do tempo diário. Não, isso nunca fui capaz de ter. Ou talvez tenha um, mas não sei se exemplar, mas que venho seguindo ao longo dos anos e que talvez ainda mereça algum desenvolvimento escrito e maior “elaboração intelectual”.
Vamos ser claros: eu sou um perfeito anarquista, e não posso dizer que tenho algum método recomendável, pelo menos não para as pessoas “normais”. Vamos ver se ele serve: confesso que sou um leitor compulsivo, e passo o tempo todo lendo, escrevendo, anotando livros, revistas, jornais, fazendo arquivo eletrônico de tudo o que acho de interessante na internet (notícias, estudos, relatórios) e algumas outras coisas mais. Claro, durmo pouco, muito pouco, pois estou o tempo todo escrevendo, sob encomenda, mas faço isso por meu próprio prazer. Não ganho nada, ou quase nada com o que escrevo, mas apenas escrevo o que eu quero, não o que os outros querem. Só aceito “encomendas” que me interessem, não o que interessa a outros.
Se eu pudesse descrever o meu método seria este: nunca saia de casa sem algo na mão ou no bolso: livro, revista, jornal, bula de remédio (ok, brincadeira...), para ler em qualquer ocasião, a qualquer momento, em qualquer lugar possível (às vezes até dirigindo o carro, ou na parada do semáforo, mas não recomendo). Portanto, nunca saia de casa sem algo para ler; mas, em casa também: espalhe livros por toda a parte: na sala, óbvio, no escritório (eles já ocuparam todas as estantes e começam a se esparramar pelo chão), na varanda, na cozinha, wherever... Para onde você estender a mão, tenha certeza de que ali haverá um livro ou revista, esperando para ser terminado, liquidado, acabado, por vezes no sentido literal...
Depois: nunca saia de casa sem um caderninho de anotações, ou mais de um: eu sempre tenho dois comigo, o tempo todo, um pequeno, no bolso da camisa, e um médio, que vai no bolso do paletó (e claro, pelo menos uma caneta; mas eu costumo levar duas ou três). Tenho dezenas de cadernos, usados e os intactos, esperando sua cota de tinta. Considero ideais para esse tipo de trabalho rápido os Moleskine, pequenos cadernos de notas (ou de desenho) que são famosos no mundo inteiro. Pois bem, anoto tudo o que vejo, leio, falam, etc.; tudo o que me vem à cabeça, vai primeiro para o caderninho, antes de ser repassado ao computador, e acabar em um blog ou revista. Essas anotações me servem, portanto, para fazer meus trabalhos escritos, mas não apenas isso, eles servem para guardar “coisas”, por vezes um simples telefone, endereço, uma programação de viagem.
Claro, não preciso dizer que anoto livros em livraria, e em bibliotecas também (elas são feitas para isso); li muita coisa em livraria, pois não poderia comprar tudo, tanto para poupar dinheiro (a despeito de gastar muito com livros e revistas), como por falta de espaço, o eterno problema dos book lovers terminais, como é o meu caso. Já comprei um escritório apenas para acomodar livros, mas vou precisar de outro, ou de um maior, talvez, quando eu for rico (deveria ter uma loteria apenas para leitores compulsivos, que assim ajudariam o governo a ficar mais rico às nossas custas)
Como fazer para me manter atualizado?: assino revistas, jornais, recebo dezenas de boletins diários no computador (New York Times, Le Monde, Washington Post, The Economist, tudo enfim...); eu não busco informações, ela me chega em doses maciças, impossíveis de processar, daí essas limpezas periódicas na caixa de entrada, deletando todos os boletins atrasados e não lidos. Enfim, um dia a gente espera ter tempo de fazê-lo, mas o fato é que esse dia nunca chega, e a informação vai se acumulando em camadas geológicas, desde o pré-Cambriano até o Pleistoceno.
Ok, uma vez lida e processada a informação que me interessa, sento no computador e escrevo, até dormir em cima do teclado (ou quase), mas isso a partir de 23hs, quando a noite ainda é uma criança. Quando estou na sala acompanhando minha mulher, que também fica lendo ou assistindo um filme interessante na TV, levo o meu laptop e continuo trabalhando, um olho em cada tela (não acreditem...). Sim, devo dizer que minha mulher também esta o tempo todo lendo e isso é essencial para a boa sanidade mental e familiar. Creio que Carmen Lícia lê muito mais do que eu, apenas não tem essa compulsão pela escrita que eu mantenho, a despeito de escrever de forma prolixa, fazendo construções por vezes longas demais para leitores rápidos.
Não tenho, portanto, nenhum ordenamento racional em minha loucura gentil, apenas um compulsão “normal” (para os meus padrões) para a leitura e a escrita. Uma vez terminado o trabalho, registro o número (do contrário me perderia), o local e a data e uma breve descrição desse trabalho nas minhas listas anuais de originais, havendo uma lista paralela apenas para os publicados (de vez em quando esqueço um, ou me perco, ou não me avisam, whatever...). Para isso é preciso um mínimo de organização, que são as pastinhas onde vou acumulando tudo o que está acabado, juntado o resto numa grande pasta de Working, subdivida em pastas temáticas. Sim, tenho muito mais working files no computador (trabalhos que pretendo terminar um dia), do que trabalhos terminados.
Eis, portanto, o meu método ou métodos, que não recomendo a ninguém, mas que me serve perfeitamente. Deve ser maluco viver assim, mas ainda não fui diagnosticado como insano; virá, um dia, talvez...
PS.: Acho que assustei meu correspondente, em todo caso, ele ainda não me respondeu...
Brasília, 11 de janeiro de 2010.
Paulo Roberto de Almeida
Um leitor de minhas mal traçadas linhas no meu blog, me escreve diretamente, com toda a sua vocação de empresário, para perguntar se eu tinha um método para “administrar o meu tempo”, ou seja, como eu fazia para ler tanto e escrever tanto. Suponho que eles esteja em busca do Santo Graal, o método infalível para ler muito, escrever mais ainda, e ainda assim viver perfeitamente feliz, com mulher, filhos, trabalho, lazer, gato, cachorro, férias, etc...
Bem, fui obrigado a dizer para ele, confessar, na verdade, que eu não dispunha de método algum, pelo menos não de algum que pudesse ser apresentado de forma convenientemente racional, à la Peter Drucker, organizado e servindo a propósitos ordenados e dispostos logicamente em alguma linha do tempo diário. Não, isso nunca fui capaz de ter. Ou talvez tenha um, mas não sei se exemplar, mas que venho seguindo ao longo dos anos e que talvez ainda mereça algum desenvolvimento escrito e maior “elaboração intelectual”.
Vamos ser claros: eu sou um perfeito anarquista, e não posso dizer que tenho algum método recomendável, pelo menos não para as pessoas “normais”. Vamos ver se ele serve: confesso que sou um leitor compulsivo, e passo o tempo todo lendo, escrevendo, anotando livros, revistas, jornais, fazendo arquivo eletrônico de tudo o que acho de interessante na internet (notícias, estudos, relatórios) e algumas outras coisas mais. Claro, durmo pouco, muito pouco, pois estou o tempo todo escrevendo, sob encomenda, mas faço isso por meu próprio prazer. Não ganho nada, ou quase nada com o que escrevo, mas apenas escrevo o que eu quero, não o que os outros querem. Só aceito “encomendas” que me interessem, não o que interessa a outros.
Se eu pudesse descrever o meu método seria este: nunca saia de casa sem algo na mão ou no bolso: livro, revista, jornal, bula de remédio (ok, brincadeira...), para ler em qualquer ocasião, a qualquer momento, em qualquer lugar possível (às vezes até dirigindo o carro, ou na parada do semáforo, mas não recomendo). Portanto, nunca saia de casa sem algo para ler; mas, em casa também: espalhe livros por toda a parte: na sala, óbvio, no escritório (eles já ocuparam todas as estantes e começam a se esparramar pelo chão), na varanda, na cozinha, wherever... Para onde você estender a mão, tenha certeza de que ali haverá um livro ou revista, esperando para ser terminado, liquidado, acabado, por vezes no sentido literal...
Depois: nunca saia de casa sem um caderninho de anotações, ou mais de um: eu sempre tenho dois comigo, o tempo todo, um pequeno, no bolso da camisa, e um médio, que vai no bolso do paletó (e claro, pelo menos uma caneta; mas eu costumo levar duas ou três). Tenho dezenas de cadernos, usados e os intactos, esperando sua cota de tinta. Considero ideais para esse tipo de trabalho rápido os Moleskine, pequenos cadernos de notas (ou de desenho) que são famosos no mundo inteiro. Pois bem, anoto tudo o que vejo, leio, falam, etc.; tudo o que me vem à cabeça, vai primeiro para o caderninho, antes de ser repassado ao computador, e acabar em um blog ou revista. Essas anotações me servem, portanto, para fazer meus trabalhos escritos, mas não apenas isso, eles servem para guardar “coisas”, por vezes um simples telefone, endereço, uma programação de viagem.
Claro, não preciso dizer que anoto livros em livraria, e em bibliotecas também (elas são feitas para isso); li muita coisa em livraria, pois não poderia comprar tudo, tanto para poupar dinheiro (a despeito de gastar muito com livros e revistas), como por falta de espaço, o eterno problema dos book lovers terminais, como é o meu caso. Já comprei um escritório apenas para acomodar livros, mas vou precisar de outro, ou de um maior, talvez, quando eu for rico (deveria ter uma loteria apenas para leitores compulsivos, que assim ajudariam o governo a ficar mais rico às nossas custas)
Como fazer para me manter atualizado?: assino revistas, jornais, recebo dezenas de boletins diários no computador (New York Times, Le Monde, Washington Post, The Economist, tudo enfim...); eu não busco informações, ela me chega em doses maciças, impossíveis de processar, daí essas limpezas periódicas na caixa de entrada, deletando todos os boletins atrasados e não lidos. Enfim, um dia a gente espera ter tempo de fazê-lo, mas o fato é que esse dia nunca chega, e a informação vai se acumulando em camadas geológicas, desde o pré-Cambriano até o Pleistoceno.
Ok, uma vez lida e processada a informação que me interessa, sento no computador e escrevo, até dormir em cima do teclado (ou quase), mas isso a partir de 23hs, quando a noite ainda é uma criança. Quando estou na sala acompanhando minha mulher, que também fica lendo ou assistindo um filme interessante na TV, levo o meu laptop e continuo trabalhando, um olho em cada tela (não acreditem...). Sim, devo dizer que minha mulher também esta o tempo todo lendo e isso é essencial para a boa sanidade mental e familiar. Creio que Carmen Lícia lê muito mais do que eu, apenas não tem essa compulsão pela escrita que eu mantenho, a despeito de escrever de forma prolixa, fazendo construções por vezes longas demais para leitores rápidos.
Não tenho, portanto, nenhum ordenamento racional em minha loucura gentil, apenas um compulsão “normal” (para os meus padrões) para a leitura e a escrita. Uma vez terminado o trabalho, registro o número (do contrário me perderia), o local e a data e uma breve descrição desse trabalho nas minhas listas anuais de originais, havendo uma lista paralela apenas para os publicados (de vez em quando esqueço um, ou me perco, ou não me avisam, whatever...). Para isso é preciso um mínimo de organização, que são as pastinhas onde vou acumulando tudo o que está acabado, juntado o resto numa grande pasta de Working, subdivida em pastas temáticas. Sim, tenho muito mais working files no computador (trabalhos que pretendo terminar um dia), do que trabalhos terminados.
Eis, portanto, o meu método ou métodos, que não recomendo a ninguém, mas que me serve perfeitamente. Deve ser maluco viver assim, mas ainda não fui diagnosticado como insano; virá, um dia, talvez...
PS.: Acho que assustei meu correspondente, em todo caso, ele ainda não me respondeu...
Brasília, 11 de janeiro de 2010.
1665) Depoimento: Ginasio Vocacional Oswaldo Aranha, SP
What a difference a school makes...
O traço todo de minha vida no Vocacional Oswaldo Aranha
Paulo Roberto de Almeida
Aluno da primeira turma (1962-1965) do Ginásio Estadual Vocacional Oswaldo Aranha (Avenida Portugal, Brooklin, São Paulo, SP)
“O traço todo da vida é para muitos um desenho da criança esquecido pelo homem, mas ao qual ele terá sempre que se cingir sem o saber...”, escreveu Joaquim Nabuco no começo de Minha Formação (1900), quando ele se refere ao período transcorrido no Engenho Massangana, no qual passou os primeiros oito anos de sua vida e onde recolheu suas primeiras impressões sobre o mundo. Nabuco continua dizendo que esses anos teriam sido decisivos na constituição de sua personalidade: “Pela minha parte acredito não ter nunca transposto o limite das minhas quatro ou cinco primeiras impressões...”
De minha parte, o traço todo de minha vida foi indelevelmente marcado pelos quatro anos que passei, adolescente, no Ginásio Estadual Vocacional Oswaldo Aranha, inaugurado em 1962 justamente pela minha turma, pioneiríssima de uma experiência inédita no Brasil, de educação integral e radicalmente diversa de tudo o que se fazia até então em matéria de formação de jovens. A “minha formação”, se eu tivesse de escrever um livro equivalente de memórias, teria de reservar um largo espaço ao Vocacional, tão importante ele foi para a formação de meu caráter, para a definição de minhas orientações intelectuais, das minhas quatro ou cinco primeiras impressões do Brasil e do mundo. Ao “Ginásio” devo o que sou, hoje, e o reconheço plenamente, com toda a saudade que uma memória fugidia pode trazer para a mente do homem maduro, que sou hoje, esses anos de juventude passados num ambiente verdadeiramente excepcional para o jovem que eu era no começo dos anos 1960.
Leia o texto completo neste link.
O traço todo de minha vida no Vocacional Oswaldo Aranha
Paulo Roberto de Almeida
Aluno da primeira turma (1962-1965) do Ginásio Estadual Vocacional Oswaldo Aranha (Avenida Portugal, Brooklin, São Paulo, SP)
“O traço todo da vida é para muitos um desenho da criança esquecido pelo homem, mas ao qual ele terá sempre que se cingir sem o saber...”, escreveu Joaquim Nabuco no começo de Minha Formação (1900), quando ele se refere ao período transcorrido no Engenho Massangana, no qual passou os primeiros oito anos de sua vida e onde recolheu suas primeiras impressões sobre o mundo. Nabuco continua dizendo que esses anos teriam sido decisivos na constituição de sua personalidade: “Pela minha parte acredito não ter nunca transposto o limite das minhas quatro ou cinco primeiras impressões...”
De minha parte, o traço todo de minha vida foi indelevelmente marcado pelos quatro anos que passei, adolescente, no Ginásio Estadual Vocacional Oswaldo Aranha, inaugurado em 1962 justamente pela minha turma, pioneiríssima de uma experiência inédita no Brasil, de educação integral e radicalmente diversa de tudo o que se fazia até então em matéria de formação de jovens. A “minha formação”, se eu tivesse de escrever um livro equivalente de memórias, teria de reservar um largo espaço ao Vocacional, tão importante ele foi para a formação de meu caráter, para a definição de minhas orientações intelectuais, das minhas quatro ou cinco primeiras impressões do Brasil e do mundo. Ao “Ginásio” devo o que sou, hoje, e o reconheço plenamente, com toda a saudade que uma memória fugidia pode trazer para a mente do homem maduro, que sou hoje, esses anos de juventude passados num ambiente verdadeiramente excepcional para o jovem que eu era no começo dos anos 1960.
Leia o texto completo neste link.
domingo, 10 de janeiro de 2010
1664) Depois das reticências, as entrelinhas, e as exclamações...
Um leitor anônimo, esperando me contrariar, enviou um comentário depreciativo sobre minha mania de escrever com reticências.
Não sou exatamente um repentista, mas se fosse teria respondido do mesmo jeito: retaliei com um mini-tratado das reticências, que ele provoca dizendo que não leu (e eu tenho certeza de que não apenas leu, como ficou com raiva, embora com um sorriso nos lábios, ao ler certas passagens alusivas a situações intensamente relacionais que estou certo de que ele não apenas vivenciou, como suspirou com reticências virtuais).
Continuo a provocá-lo, com este novo...
Mini-tratado das entrelinhas
Tratados, em geral, costumam ser solenes, como convém aos grandes textos declaratórios, escritos em tom impessoal e devendo refletir alguma realidade objetiva, uma relação entre Estados...
Mini-tratados, por suposição, deveriam ser versões reduzidas de seus irmãos maiores...
Ler a suite deste mini-tratado neste link.
...e também respondo com mais este...
Mini-tratado das interrogações
Interrogantes são inerentes à espécie humana, e talvez mesmo a certos primatas. Determinadas escolhas, ou caminhos, nos levam a uma situação de melhor conforto material ou de maior segurança pessoal, sem que, no entanto, saibamos, ou tenhamos certeza, ao início, que aquela opção selecionada é, de fato, a de melhor retorno ou benefício possível. Dúvidas, questionamentos, angústias, em face das possibilidades abertas em nossa existência, são inevitáveis em todas as etapas e circunstâncias da vida. Daí a interrogação, normalmente simbolizada pelo sinal sinuoso que colocamos ao final de certas frases: ?
Ler a suite deste mini-tratado neste link.
Fico devendo, neste momento, um conto sobre o ponto e vígula e uma poesia sobre os dois pontos.
Sugestões sempre são bem vindas...
Podem mandar para cá, com ou sem reticências...
Paulo Roberto de Almeida (10.01.2010)
Não sou exatamente um repentista, mas se fosse teria respondido do mesmo jeito: retaliei com um mini-tratado das reticências, que ele provoca dizendo que não leu (e eu tenho certeza de que não apenas leu, como ficou com raiva, embora com um sorriso nos lábios, ao ler certas passagens alusivas a situações intensamente relacionais que estou certo de que ele não apenas vivenciou, como suspirou com reticências virtuais).
Continuo a provocá-lo, com este novo...
Mini-tratado das entrelinhas
Tratados, em geral, costumam ser solenes, como convém aos grandes textos declaratórios, escritos em tom impessoal e devendo refletir alguma realidade objetiva, uma relação entre Estados...
Mini-tratados, por suposição, deveriam ser versões reduzidas de seus irmãos maiores...
Ler a suite deste mini-tratado neste link.
...e também respondo com mais este...
Mini-tratado das interrogações
Interrogantes são inerentes à espécie humana, e talvez mesmo a certos primatas. Determinadas escolhas, ou caminhos, nos levam a uma situação de melhor conforto material ou de maior segurança pessoal, sem que, no entanto, saibamos, ou tenhamos certeza, ao início, que aquela opção selecionada é, de fato, a de melhor retorno ou benefício possível. Dúvidas, questionamentos, angústias, em face das possibilidades abertas em nossa existência, são inevitáveis em todas as etapas e circunstâncias da vida. Daí a interrogação, normalmente simbolizada pelo sinal sinuoso que colocamos ao final de certas frases: ?
Ler a suite deste mini-tratado neste link.
Fico devendo, neste momento, um conto sobre o ponto e vígula e uma poesia sobre os dois pontos.
Sugestões sempre são bem vindas...
Podem mandar para cá, com ou sem reticências...
Paulo Roberto de Almeida (10.01.2010)
1663) Books, books, books...

(com reticências, para indicar continuidade, aliás interminável...)
Books, books, books...
Paulo Roberto de Almeida
Desde que aprendi a ler, na "tardia" idade de sete anos, os livros têm me acompanhado e feito parte de uma vida em grande medida ocupada em sua atenta leitura, em alguma forma contemplação ou em tentativas repetidas (e não de todo fracassadas) de redação.
A despeito de ter começado tarde, creio que desde então recuperei um pouco do atraso acumulado. Tenho, assim, me empenhado em ler tudo de bom que a humanidade pôde oferecer até aqui. Em todo caso, acho que ainda estou longe de ter completado a leitura de, pelo menos, 0,0000000000001% de tudo o que foi produzido de interessante desde tempos imemoriais, ou mesmo desde que Gutenberg inventou a imprensa.
Bem pensado, não creio que deva desistir antes de chegar à meta de ler, pelo menos, algo como 0,0000000000002% dos livros interessantes disponíveis.
É verdade que, hoje, essa tarefa é tremendamente facilitada pelo fato de que praticamente 99,99% de tudo o que a humanidade já produziu de interessante está fácil e livremente disponível na internet, algo que nunca existiu em minha infância e adolescência.
Os jovens (e também os mais velhos) de hoje em dia são portanto duplamente felizes: têm a possibilidade de aceder ao conhecimento humano mediante um simples click de mouse.
Este meu blog pode (ou pelo menos tem a pretensão de) ajudar alguns desses jovens (e alguns outros mais velhos também) a conhecer alguns dos livros que no meu entender contribuem para a elevação material e moral da humanidade.
1662) Reticencias, entrelinhas, exclamacoes, ponto e virgula...
A propósito de meu post 1659 e do debate, entrecortado, sobre as entrelinhas, uma leitora de meus posts e outros escritos, escreveu o seguinte:
As reticências são amabilidades do escritor para com seus leitores para instigar as idéias e emoções destes.
Regina Caldas (10.01.2010)
Não apenas concordei, entusiasticamente, como pedi licença para transcrever, posto que isso exprime, com perfeita acuidade, o sentido que pretendo imprimir a frases minhas, que, com enorme frequencia, terminam por reticências...
Justamente, pretendo deixar ao leitor a faculdade de estender o meu e o seu pensamento, divagar sobre o que poderia vir depois, sem impor-lhe o fechamento (brutal?) de um ponto final.
Voltarei ao tema, tão pronto reflita sobre minhas novas reticências...
Paulo Roberto de Almeida (10.01.2010)
As reticências são amabilidades do escritor para com seus leitores para instigar as idéias e emoções destes.
Regina Caldas (10.01.2010)
Não apenas concordei, entusiasticamente, como pedi licença para transcrever, posto que isso exprime, com perfeita acuidade, o sentido que pretendo imprimir a frases minhas, que, com enorme frequencia, terminam por reticências...
Justamente, pretendo deixar ao leitor a faculdade de estender o meu e o seu pensamento, divagar sobre o que poderia vir depois, sem impor-lhe o fechamento (brutal?) de um ponto final.
Voltarei ao tema, tão pronto reflita sobre minhas novas reticências...
Paulo Roberto de Almeida (10.01.2010)
1661) Relacoes Brasil-EUA: melhorando cada vez mais...
As relações melhoraram tanto, no atual governo, que nem temos mais um relatório de barreiras protecionistas americanas aos produtos brasileiros. Parece que desapareceram, nao as barreiras, mas os relatórios.
É isso que deixa entender este editorial de um jornal reacionário...
Silêncio sobre as barreiras
Editorial O Estado de S.Paulo, Sábado, 09 de Janeiro de 2010
Mais uma vez o governo deixou de publicar o relatório sobre barreiras comerciais americanas, um importante instrumento de informação para exportadores, políticos e demais interessados em acompanhar as condições do comércio Brasil-Estados Unidos. Sem explicação, a divulgação foi interrompida em 2008, embora o governo americano tenha continuado a praticar sua habitual política protecionista. Segundo a embaixada brasileira em Washington, o relatório de 2009 ainda não está pronto e, quando for concluído, o Itamaraty decidirá sobre sua divulgação. Ou, naturalmente, sobre a não divulgação, como no ano anterior. A nova orientação adotada pelos diplomatas de Brasília, em relação aos entraves comerciais impostos por Washington, é incompreensível. Deve ser parte de alguma das estranhas concepções estratégicas desenvolvidas no Palácio do Planalto e no Itamaraty a partir de 2003, quando a diplomacia nacional abandonou seu profissionalismo para se sujeitar à mais amadorística e fantasiosa orientação partidária.
O relatório sobre as barreiras comerciais americanas foi publicado regularmente entre 1993 e 2007, com exceção de um único ano, 2004. A grande mudança de orientação ocorreu em 2007, quando a embaixada em Washington foi finalmente enquadrada, de forma completa, nos novos padrões do Itamaraty. O resultado foi muito estranho. O texto de apresentação, tradicionalmente crítico em relação ao protecionismo americano, foi atenuado e, mais que isso, ganhou tonalidades quase positivas. Tudo isso foi recebido com surpresa pelos leitores habituais do relatório, até porque o governo petista não havia deixado de contestar, legalmente, a política de comércio dos Estados Unidos, marcada por forte protecionismo em algumas áreas e muitos subsídios à agricultura.
A única explicação parecia estar na boa relação pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com seu colega George W. Bush. Teriam os estrategistas do Planalto e do Itamaraty enxergado nessa relação a base de alguma nova estratégia internacional de projeção do Brasil - ou de seu presidente?
O mistério nunca foi desfeito. Nunca se explicou por que a embaixada brasileira deveria dar uma tonalidade rósea à velha e sempre reiterada tendência protecionista de Washington - protecionista pelo menos em relação aos produtos de maior interesse para o comércio brasileiro. O mistério apenas ficou mais denso com a decisão de suspender a divulgação do relatório nos dois anos seguintes.
Documentos desse tipo são no entanto normais, e muito úteis, na relação diplomática entre grandes parceiros comerciais. Como lembra a correspondente do Estado em Washington, Patrícia Campos Mello, os europeus dispõem do Market Access Database, um canal de divulgação de barreiras de qualquer país contra produtos da União Europeia. Dispõem também de uma base de dados especial para o registro de barreiras impostas pelo governo dos Estados Unidos. Os americanos têm o National Trade Estimate, com informações sobre barreiras a produtos, entraves a investimentos e ameaças à propriedade intelectual.
Num aspecto, pelo menos, o governo petista não se desviou da orientação de seus antecessores. Manteve a disposição de contestar legalmente o protecionismo americano e os subsídios pagos pelo governo de Washington. Mas inovou, de forma errada, em dois pontos. Em primeiro lugar, quando desprezou as possibilidades de um acordo bem negociado para a formação da Alca. Hoje, as condições para fazer um acordo de livre comércio com os Estados Unidos são mais complexas, porque o presidente Barack Obama tem fortes compromissos com grupos sindicais e empresariais protecionistas.
Errou, em segundo lugar, quando resolveu suspender, em nome de alguma obscura estratégia, a divulgação anual do relatório sobre barreiras. Deixou-se, com isso, de prestar um serviço importante às empresas brasileiras e a todos os interessados no comércio bilateral.
A discussão franca sobre as condições de comércio é sempre útil e nunca prejudicou a boa relação entre os dois países. Prejudiciais têm sido outras escolhas, igualmente injustificáveis, como a recusa de uma solução conciliadora para a crise em Honduras, a aliança com o regime autoritário de Teerã e a desastrada intromissão nos complexos problemas do Oriente Médio.
É isso que deixa entender este editorial de um jornal reacionário...
Silêncio sobre as barreiras
Editorial O Estado de S.Paulo, Sábado, 09 de Janeiro de 2010
Mais uma vez o governo deixou de publicar o relatório sobre barreiras comerciais americanas, um importante instrumento de informação para exportadores, políticos e demais interessados em acompanhar as condições do comércio Brasil-Estados Unidos. Sem explicação, a divulgação foi interrompida em 2008, embora o governo americano tenha continuado a praticar sua habitual política protecionista. Segundo a embaixada brasileira em Washington, o relatório de 2009 ainda não está pronto e, quando for concluído, o Itamaraty decidirá sobre sua divulgação. Ou, naturalmente, sobre a não divulgação, como no ano anterior. A nova orientação adotada pelos diplomatas de Brasília, em relação aos entraves comerciais impostos por Washington, é incompreensível. Deve ser parte de alguma das estranhas concepções estratégicas desenvolvidas no Palácio do Planalto e no Itamaraty a partir de 2003, quando a diplomacia nacional abandonou seu profissionalismo para se sujeitar à mais amadorística e fantasiosa orientação partidária.
O relatório sobre as barreiras comerciais americanas foi publicado regularmente entre 1993 e 2007, com exceção de um único ano, 2004. A grande mudança de orientação ocorreu em 2007, quando a embaixada em Washington foi finalmente enquadrada, de forma completa, nos novos padrões do Itamaraty. O resultado foi muito estranho. O texto de apresentação, tradicionalmente crítico em relação ao protecionismo americano, foi atenuado e, mais que isso, ganhou tonalidades quase positivas. Tudo isso foi recebido com surpresa pelos leitores habituais do relatório, até porque o governo petista não havia deixado de contestar, legalmente, a política de comércio dos Estados Unidos, marcada por forte protecionismo em algumas áreas e muitos subsídios à agricultura.
A única explicação parecia estar na boa relação pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com seu colega George W. Bush. Teriam os estrategistas do Planalto e do Itamaraty enxergado nessa relação a base de alguma nova estratégia internacional de projeção do Brasil - ou de seu presidente?
O mistério nunca foi desfeito. Nunca se explicou por que a embaixada brasileira deveria dar uma tonalidade rósea à velha e sempre reiterada tendência protecionista de Washington - protecionista pelo menos em relação aos produtos de maior interesse para o comércio brasileiro. O mistério apenas ficou mais denso com a decisão de suspender a divulgação do relatório nos dois anos seguintes.
Documentos desse tipo são no entanto normais, e muito úteis, na relação diplomática entre grandes parceiros comerciais. Como lembra a correspondente do Estado em Washington, Patrícia Campos Mello, os europeus dispõem do Market Access Database, um canal de divulgação de barreiras de qualquer país contra produtos da União Europeia. Dispõem também de uma base de dados especial para o registro de barreiras impostas pelo governo dos Estados Unidos. Os americanos têm o National Trade Estimate, com informações sobre barreiras a produtos, entraves a investimentos e ameaças à propriedade intelectual.
Num aspecto, pelo menos, o governo petista não se desviou da orientação de seus antecessores. Manteve a disposição de contestar legalmente o protecionismo americano e os subsídios pagos pelo governo de Washington. Mas inovou, de forma errada, em dois pontos. Em primeiro lugar, quando desprezou as possibilidades de um acordo bem negociado para a formação da Alca. Hoje, as condições para fazer um acordo de livre comércio com os Estados Unidos são mais complexas, porque o presidente Barack Obama tem fortes compromissos com grupos sindicais e empresariais protecionistas.
Errou, em segundo lugar, quando resolveu suspender, em nome de alguma obscura estratégia, a divulgação anual do relatório sobre barreiras. Deixou-se, com isso, de prestar um serviço importante às empresas brasileiras e a todos os interessados no comércio bilateral.
A discussão franca sobre as condições de comércio é sempre útil e nunca prejudicou a boa relação entre os dois países. Prejudiciais têm sido outras escolhas, igualmente injustificáveis, como a recusa de uma solução conciliadora para a crise em Honduras, a aliança com o regime autoritário de Teerã e a desastrada intromissão nos complexos problemas do Oriente Médio.
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