Ops, dito assim, parece um milagre de eficiência.
Mas este seria o resultado em termos de aumento da produtividade do trabalho na Presidência da República caso aplicássemos aos gastos secretos da PR, ou seja, aqueles feitos com cartões corporativos, os mesmos critérios que o Ipea usou recentemente para avaliar o aumento da produtividade do setor público no Brasil, e que constatou um fantástico aumento da produtividade em Roraima de nada menos do que 246%, ao passo que estados mal administrados como São Paulo tiveram crescimento zero, ou até negativo.
Sim, porque os sábios do Ipea usaram como critério aferidor do crescimento da produtividade do setor público o aumento de gastos com a máquina, daí resultando essa maravilha de expansão fantástica do setor público, contra um crescimento pífio ou irrisório do setor privado.
Bem, é o que eu posso concluir, quando leio uma matéria como esta:
Gastos secretos nas alturas
Chico de Gois e Luiza Damé
O Globo, 11.01.2010
Pela matéria constato que os gastos (secretos por definição) com cartões corporativos (um nome apropriado) na Presidência da República passaram de R$ 1.045.110 em 2002, último ano da gestão neoliberal de FHC, para R$ 5.606.183 já no ano seguinte, para R$ 6.462.148 em 2004 e, finalmente, R$ 6.785,519, o que corresponde a um aumento de 550% nesses gastos (que não sabemos exatamente quais sejam, pois eles são matéria de segurança nacional).
Apenas de 2008 a 2009, o aumento de gastos na Presidência da República foi de 38,9%, apenas um pouco mais do que o crescimento da inflação e do PIB, como sabem os meus leitores bem informados...
Bem, se aplicarmos o critério do Ipea a esses gastos, chegaremos à conclusão de que o aumento da produtividade na Presidência da República tem sido fantástico, nunca antes neste país e jamais igualado em qualquer país do mundo, em qualquer época histórica...
Ou será que não, caros leitores?
Cada um tire a sua conclusão...
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
1669) Protecionismo: a ilusão que passa por esperteza
Livre-comércio e protecionismo: algumas considerações pessoais
Paulo Roberto de Almeida
Todo economista sensato é – ou deveria ser – a favor do livre comércio. Digo ‘deveria ser’ pois que não existem argumentos econômicos contrários ao princípio, e os economistas (insensatos?) que se posicionam contrariamente, o fazem por outras razões que não as de ordem propriamente econômica: defesa do emprego nacional, ausência de reciprocidade por parte dos parceiros comerciais, desequilíbrios setoriais devidos a externalidades negativas em outros setores, etc.; ou seja, argumentos de natureza puramente política, quando não oportunista ou meramente conjuntural.
Todos os políticos sensatos afirmam ser – por vezes enganosamente – a favor do livre comércio, mas de fato praticam o mais deslavado protecionismo; eles o fazem sob o argumento de que “a teoria é perfeita, mas na prática não funciona”; na verdade, geralmente, eles estão apenas atrás de reeleição no seu curral eleitoral, eventualmente ameaçada se a competição estrangeira destruir muitos empregos localmente.
É compreensível que a lógica (inatacável) do livre comércio não seja muito compreensível ao cidadão comum (com perdão pela redundância): pessoas sem maior instrução econômica – ou sem um simples conhecimento da história – não conseguem compreender que comprar produtos mais baratos do exterior sempre será melhor do que tentar fazer tudo localmente, empregando-se os fatores nacionais na produção de bens para os quais se dispõe de vantagens comparativas relativas, posto que, dessa forma, a renda aumentará para todos os parceiros no negócio, tanto exportadores quanto importadores. O cidadão comum só consegue ver a “perda” dos empregos locais e a “transferência” de renda para o exterior, deixando de perceber os benefícios evidentes da especialização produtiva segundo a dotação (não estática) de fatores.
É menos compreensível que políticos, em geral cidadãos mais educados do que a média – ops, talvez não em todos os países... –, sejam contra o livre comércio, posto que eles (ou os seus assessores) estariam em condições de comprovar o quanto o livre comércio contribui para o aumento dos índices de produtividade, para os níveis de competitividade e, portanto, para a geração de riqueza nacional, medidos direta ou indiretamente quanto aos seus resultados de médio e de longo prazos. Mas talvez não se possa pedir a políticos que sejam sempre racionais e coerentes com a realidade.
É menos compreensível ainda, ou talvez não seja racionalmente admissível, que economistas inteligentes se posicionem contra o livre comércio, quando, mesmo decidido unilateralmente, ele só traz benefícios aos países que o praticam. Como dito acima, os argumentos contra o livre comércio por parte de ‘economistas’ não são de natureza econômica, mas de ordem essencialmente política. Mesmo um economista reputado inteligente como Paul Samuelson produziu um ‘teorema’ e caiu na esparrela de opor-se a ele sob a justificativa de que o livre comércio diminuía os salários dos trabalhadores menos qualificados... nos Estados Unidos (sic!).
Talvez os economistas que assim procedem tampouco querem, a exemplo dos políticos oportunistas, ser acusados de contribuir para a perda de empregos nacionais, ou para o aumento do déficit comercial, seja lá o que for mais importante. Mas nada explica a construção de argumentos aparentemente sérios contra o livre comércio, quando essa oposição causa, objetivamente, perda de renda nacional, perda de oportunidades de especialização produtiva – e portanto de ganhos de produtividade em setores com demanda externa potencialmente maior – e perda de nichos de integração na economia internacional, a maior provedora possível de tecnologias inovadoras, know-how, capitais e receitas de exportação. Não se pode esquecer que, por definição, a soma do conhecimento externo sempre será maior do que qualquer conhecimento interno, mesmo para a maior e mais poderosa economia nacional (o que é evidente pelos dados de licenciamento tecnológico e de registro de patentes).
O livre comércio, aliás, é um pouco como a tecnologia: ele destrói alguns empregos localizados, setorialmente e temporariamente, ao mesmo tempo em que cria novos empregos, em setores mais avançados e geralmente de melhores salários. Pode ocorrer, claro, que as perdas sejam mais amplas, de mais longa duração, e que os novos empregos não sejam, localmente, de mais alta remuneração. Mas isto se deve a outros fatores causais, talvez externalidades negativas ainda não revertidas pela economia nacional, e não propriamente aos mecanismos do livre comércio, que sempre tendem a produzir ganhos de renda na economia como um todo.
Sendo isso verdade – e não vejo argumentos contrários a essas idéias que sejam racionalmente defensáveis – é surpreendente que o livre comércio não seja ainda mais disseminado – ou seja, universal e unilateral – do que os poucos exemplos parciais, quase em formato de arquipélago ou de colcha de retalhos, dos acordos que podem ser legitimamente classificados sob essa rubrica e como tal registrados na OMC. Com efeito, a maior parte dos acordos ditos de livre comércio são, na verdade, de liberalização comercial, deixando ainda largas frações das economias nacionais – geralmente agricultura e indústrias labor-intensive – ao abrigo da concorrência estrangeira.
O outro argumento – de natureza política, sublinhe-se mais uma vez – que busca refrear o avanço dos acordos de livre comércio é o de que os seus ganhos (ou perdas), do ponto de vista da renda dos cidadãos, seriam muito pequenos e difusos (ou seja, disseminados por toda a sociedade), ao passo que seu impacto negativo é geralmente concentrado numa indústria ou num setor específico, podendo produzir, portanto, efeitos devastadores numa cidade ou numa região inteira. Se isso é verdade, por isso mesmo políticos responsáveis deveriam ser a favor do livre comércio, posto que os ganhos (ou perdas) para a economia e a sociedade como um todo são incomensuravelmente maiores do que o argumento do foco concentrado, por definição parcial e limitado a uma parte apenas da economia ou da sociedade.
Um simples cálculo de contabilidade nacional permitiria comprovar que o efeito de uma tarifa elevada ou de uma salvaguarda – mesmo temporária – sobre um produto ou serviço qualquer oferecido em competição a um similar nacional é muito mais relevante do que os custos setoriais e limitados do livre comércio, por vezes em dígitos de milhões, contra simples dezenas ou centenas de milhares. Da mesma forma, os empregos perdidos (ou não criados) pela ausência de livre comércio são mais relevantes, no plano da qualidade e dos vencimentos, do que os poucos empregos preservados temporariamente pela sanha de algum político protecionista.
Este é, finalmente, o último argumento em favor do livre comércio: os empregos assim ‘salvos’, estão irremediavelmente condenados, posto que eles não poderão se manter indefinidamente num mundo irremediavelmente globalizado (mas, de certa forma, ele sempre o foi, pelo menos para as economias de mercado). A indústria assim protegida corre um risco ampliado de, mais cedo ou mais tarde, perecer completamente, quando não se lhe oferece a oportunidade (e a chance) de enfrentar a concorrência pela qualificação tecnológica, pela reconversão produtiva, pela inovação incremental.
Não existem, repito, argumentos racionais, economicamente defensáveis, contra o livre comércio; tudo o que se disser contra ele tem causas e fundamentação essencialmente políticas. Ainda aguardo o teorema que irá provar o contrário, eu e David Ricardo...
Paulo Roberto de Almeida
Todo economista sensato é – ou deveria ser – a favor do livre comércio. Digo ‘deveria ser’ pois que não existem argumentos econômicos contrários ao princípio, e os economistas (insensatos?) que se posicionam contrariamente, o fazem por outras razões que não as de ordem propriamente econômica: defesa do emprego nacional, ausência de reciprocidade por parte dos parceiros comerciais, desequilíbrios setoriais devidos a externalidades negativas em outros setores, etc.; ou seja, argumentos de natureza puramente política, quando não oportunista ou meramente conjuntural.
Todos os políticos sensatos afirmam ser – por vezes enganosamente – a favor do livre comércio, mas de fato praticam o mais deslavado protecionismo; eles o fazem sob o argumento de que “a teoria é perfeita, mas na prática não funciona”; na verdade, geralmente, eles estão apenas atrás de reeleição no seu curral eleitoral, eventualmente ameaçada se a competição estrangeira destruir muitos empregos localmente.
É compreensível que a lógica (inatacável) do livre comércio não seja muito compreensível ao cidadão comum (com perdão pela redundância): pessoas sem maior instrução econômica – ou sem um simples conhecimento da história – não conseguem compreender que comprar produtos mais baratos do exterior sempre será melhor do que tentar fazer tudo localmente, empregando-se os fatores nacionais na produção de bens para os quais se dispõe de vantagens comparativas relativas, posto que, dessa forma, a renda aumentará para todos os parceiros no negócio, tanto exportadores quanto importadores. O cidadão comum só consegue ver a “perda” dos empregos locais e a “transferência” de renda para o exterior, deixando de perceber os benefícios evidentes da especialização produtiva segundo a dotação (não estática) de fatores.
É menos compreensível que políticos, em geral cidadãos mais educados do que a média – ops, talvez não em todos os países... –, sejam contra o livre comércio, posto que eles (ou os seus assessores) estariam em condições de comprovar o quanto o livre comércio contribui para o aumento dos índices de produtividade, para os níveis de competitividade e, portanto, para a geração de riqueza nacional, medidos direta ou indiretamente quanto aos seus resultados de médio e de longo prazos. Mas talvez não se possa pedir a políticos que sejam sempre racionais e coerentes com a realidade.
É menos compreensível ainda, ou talvez não seja racionalmente admissível, que economistas inteligentes se posicionem contra o livre comércio, quando, mesmo decidido unilateralmente, ele só traz benefícios aos países que o praticam. Como dito acima, os argumentos contra o livre comércio por parte de ‘economistas’ não são de natureza econômica, mas de ordem essencialmente política. Mesmo um economista reputado inteligente como Paul Samuelson produziu um ‘teorema’ e caiu na esparrela de opor-se a ele sob a justificativa de que o livre comércio diminuía os salários dos trabalhadores menos qualificados... nos Estados Unidos (sic!).
Talvez os economistas que assim procedem tampouco querem, a exemplo dos políticos oportunistas, ser acusados de contribuir para a perda de empregos nacionais, ou para o aumento do déficit comercial, seja lá o que for mais importante. Mas nada explica a construção de argumentos aparentemente sérios contra o livre comércio, quando essa oposição causa, objetivamente, perda de renda nacional, perda de oportunidades de especialização produtiva – e portanto de ganhos de produtividade em setores com demanda externa potencialmente maior – e perda de nichos de integração na economia internacional, a maior provedora possível de tecnologias inovadoras, know-how, capitais e receitas de exportação. Não se pode esquecer que, por definição, a soma do conhecimento externo sempre será maior do que qualquer conhecimento interno, mesmo para a maior e mais poderosa economia nacional (o que é evidente pelos dados de licenciamento tecnológico e de registro de patentes).
O livre comércio, aliás, é um pouco como a tecnologia: ele destrói alguns empregos localizados, setorialmente e temporariamente, ao mesmo tempo em que cria novos empregos, em setores mais avançados e geralmente de melhores salários. Pode ocorrer, claro, que as perdas sejam mais amplas, de mais longa duração, e que os novos empregos não sejam, localmente, de mais alta remuneração. Mas isto se deve a outros fatores causais, talvez externalidades negativas ainda não revertidas pela economia nacional, e não propriamente aos mecanismos do livre comércio, que sempre tendem a produzir ganhos de renda na economia como um todo.
Sendo isso verdade – e não vejo argumentos contrários a essas idéias que sejam racionalmente defensáveis – é surpreendente que o livre comércio não seja ainda mais disseminado – ou seja, universal e unilateral – do que os poucos exemplos parciais, quase em formato de arquipélago ou de colcha de retalhos, dos acordos que podem ser legitimamente classificados sob essa rubrica e como tal registrados na OMC. Com efeito, a maior parte dos acordos ditos de livre comércio são, na verdade, de liberalização comercial, deixando ainda largas frações das economias nacionais – geralmente agricultura e indústrias labor-intensive – ao abrigo da concorrência estrangeira.
O outro argumento – de natureza política, sublinhe-se mais uma vez – que busca refrear o avanço dos acordos de livre comércio é o de que os seus ganhos (ou perdas), do ponto de vista da renda dos cidadãos, seriam muito pequenos e difusos (ou seja, disseminados por toda a sociedade), ao passo que seu impacto negativo é geralmente concentrado numa indústria ou num setor específico, podendo produzir, portanto, efeitos devastadores numa cidade ou numa região inteira. Se isso é verdade, por isso mesmo políticos responsáveis deveriam ser a favor do livre comércio, posto que os ganhos (ou perdas) para a economia e a sociedade como um todo são incomensuravelmente maiores do que o argumento do foco concentrado, por definição parcial e limitado a uma parte apenas da economia ou da sociedade.
Um simples cálculo de contabilidade nacional permitiria comprovar que o efeito de uma tarifa elevada ou de uma salvaguarda – mesmo temporária – sobre um produto ou serviço qualquer oferecido em competição a um similar nacional é muito mais relevante do que os custos setoriais e limitados do livre comércio, por vezes em dígitos de milhões, contra simples dezenas ou centenas de milhares. Da mesma forma, os empregos perdidos (ou não criados) pela ausência de livre comércio são mais relevantes, no plano da qualidade e dos vencimentos, do que os poucos empregos preservados temporariamente pela sanha de algum político protecionista.
Este é, finalmente, o último argumento em favor do livre comércio: os empregos assim ‘salvos’, estão irremediavelmente condenados, posto que eles não poderão se manter indefinidamente num mundo irremediavelmente globalizado (mas, de certa forma, ele sempre o foi, pelo menos para as economias de mercado). A indústria assim protegida corre um risco ampliado de, mais cedo ou mais tarde, perecer completamente, quando não se lhe oferece a oportunidade (e a chance) de enfrentar a concorrência pela qualificação tecnológica, pela reconversão produtiva, pela inovação incremental.
Não existem, repito, argumentos racionais, economicamente defensáveis, contra o livre comércio; tudo o que se disser contra ele tem causas e fundamentação essencialmente políticas. Ainda aguardo o teorema que irá provar o contrário, eu e David Ricardo...
1668) Protecionismo: doença infantil dos mercantilistas
Um leitor deste meu blog pediu-me que comentasse esta notícia do Estadão de hoje:
Protecionismo teria salvo 500 mil empregos na Argentina
Ariel Palácios
O Estado de S. Paulo, 11.01.2010
As principais vítimas da política argentina foram os produtos Made in Brazil
BUENOS AIRES - Um relatório do ministério da Economia da Argentina indicou que mais de meio milhão de postos de trabalho - um total de 542.370 - foram "salvos" pelas medidas protecionistas aplicadas intensamente ao longo de 2009 para impedir as denominadas "invasões" - ou "avalanches" - de produtos estrangeiros. As principais vítimas das licenças não-automáticas do governo da presidente Cristina Kirchner foram os produtos Made in Brazil destinados ao mercado argentino.
Segundo o ministério, outros 21.510 postos de trabalho foram protegidos pela aplicação de medidas anti-dumping. Desta forma, um total de 563.880 postos de trabalho salvaram-se da concorrência de produtos estrangeiros.
O ministério da Economia indicou que os setores mais beneficiados pelas medidas protecionistas foram o têxtil, móveis, e bens de capital.
A ofensiva protecionista do governo Kirchner - que também englobou a imposição de auto-limitações "voluntárias" de exportações brasileiras para a Argentina - afetou a entrada de calçados, eletrodomésticos, móveis, têxteis, brinquedos, baterias, toalhas, denim, copos de vidro, máquinas de lavar roupa, geladeiras, fogões, entre outros.
Segundo a consultoria Abeceb, além da crise econômica, que desacelerou a economia argentina, que entrou em recessão - levando à queda das importações - as restrições do governo da presidente Cristina Kirchner aos produtos Made in Brazil foram um fator de peso para a queda das vendas brasileiras para a Argentina.
A Abeceb indica que o Brasil registrou em 2009 um superávit comercial de US$ 738 milhões com a Argentina. Isso equivale a 83% a menos de saldo favorável do que em 2008. O superávit de 2009 foi o menor com o vizinho ao longo dos últimos sete anos.
O ministério da Economia sustenta que as medidas protecionistas permitiram que alguns setores econômicos argentinos se recuperassem em 2009. Esse foi o caso da produção têxtil, que começou o ano com 62,6% de sua capacidade instalada, e conclui 2009 com 87% de sua capacidade.
Segundo o ministério, o setor de calçados esportivos também foi estimulado graças às medidas protecionistas. As autoridades sustentam que as empresas do setor anunciaram investimentos de US$ 80 milhões, que geraram 4 mil postos de trabalho no ano passado.
==========
Eu o farei no post seguinte.
Protecionismo teria salvo 500 mil empregos na Argentina
Ariel Palácios
O Estado de S. Paulo, 11.01.2010
As principais vítimas da política argentina foram os produtos Made in Brazil
BUENOS AIRES - Um relatório do ministério da Economia da Argentina indicou que mais de meio milhão de postos de trabalho - um total de 542.370 - foram "salvos" pelas medidas protecionistas aplicadas intensamente ao longo de 2009 para impedir as denominadas "invasões" - ou "avalanches" - de produtos estrangeiros. As principais vítimas das licenças não-automáticas do governo da presidente Cristina Kirchner foram os produtos Made in Brazil destinados ao mercado argentino.
Segundo o ministério, outros 21.510 postos de trabalho foram protegidos pela aplicação de medidas anti-dumping. Desta forma, um total de 563.880 postos de trabalho salvaram-se da concorrência de produtos estrangeiros.
O ministério da Economia indicou que os setores mais beneficiados pelas medidas protecionistas foram o têxtil, móveis, e bens de capital.
A ofensiva protecionista do governo Kirchner - que também englobou a imposição de auto-limitações "voluntárias" de exportações brasileiras para a Argentina - afetou a entrada de calçados, eletrodomésticos, móveis, têxteis, brinquedos, baterias, toalhas, denim, copos de vidro, máquinas de lavar roupa, geladeiras, fogões, entre outros.
Segundo a consultoria Abeceb, além da crise econômica, que desacelerou a economia argentina, que entrou em recessão - levando à queda das importações - as restrições do governo da presidente Cristina Kirchner aos produtos Made in Brazil foram um fator de peso para a queda das vendas brasileiras para a Argentina.
A Abeceb indica que o Brasil registrou em 2009 um superávit comercial de US$ 738 milhões com a Argentina. Isso equivale a 83% a menos de saldo favorável do que em 2008. O superávit de 2009 foi o menor com o vizinho ao longo dos últimos sete anos.
O ministério da Economia sustenta que as medidas protecionistas permitiram que alguns setores econômicos argentinos se recuperassem em 2009. Esse foi o caso da produção têxtil, que começou o ano com 62,6% de sua capacidade instalada, e conclui 2009 com 87% de sua capacidade.
Segundo o ministério, o setor de calçados esportivos também foi estimulado graças às medidas protecionistas. As autoridades sustentam que as empresas do setor anunciaram investimentos de US$ 80 milhões, que geraram 4 mil postos de trabalho no ano passado.
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Eu o farei no post seguinte.
1667) Nova geografia comercial
Segundo leio no Estadão desta segunda, 11.01.2010,
Commodity domina venda para os EUA
Matéria da correspondente Raquel Landim confirma que a participação dos manufaturados brasileiros nas exportações aos EUA caiu de 67% para 47% no Governo Lula, ou seja, uma queda de 20 pontos percentuais.
A mudança na estrutura das exportações corresponde, em parte, ao impacto da crise nas importações dos EUA: em lugar de aviões, celulose, em lugar de carros, café. Os especialistas atribuem parte dessa queda ao câmbio, que de fato afetou a competitividade dos produtos manufaturados brasileiros, mas se eles não fossem agravados por uma enorme carga fiscal, esse fator poderia ser ao menos em parte compensado.
Segundo a mesma jornalista, desde 2001, quando ingressou na OMC, a China duplicou sua presença nos EUA: de 8,6% das importações americanas, a China tem hoje 18,8%, dez pontos a mais, ao passo que o Brasil meramente manteve sua presença (de 1,2% em 2001, para 1,38% em 2009, mas com a mudança estrutural assinalada acima).
Transcrevo parte da matéria:
"Conforme dados fornecidos pelo Itamaraty, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva liderou 64 missões empresariais desde 2003 até julho de 2009: 18 para a América do Sul e Central, 17 para a Europa, 14 para a África e 10 para a Ásia - mas nenhuma para os Estados Unidos".
Deve ser a nova geografia comercial...
Commodity domina venda para os EUA
Matéria da correspondente Raquel Landim confirma que a participação dos manufaturados brasileiros nas exportações aos EUA caiu de 67% para 47% no Governo Lula, ou seja, uma queda de 20 pontos percentuais.
A mudança na estrutura das exportações corresponde, em parte, ao impacto da crise nas importações dos EUA: em lugar de aviões, celulose, em lugar de carros, café. Os especialistas atribuem parte dessa queda ao câmbio, que de fato afetou a competitividade dos produtos manufaturados brasileiros, mas se eles não fossem agravados por uma enorme carga fiscal, esse fator poderia ser ao menos em parte compensado.
Segundo a mesma jornalista, desde 2001, quando ingressou na OMC, a China duplicou sua presença nos EUA: de 8,6% das importações americanas, a China tem hoje 18,8%, dez pontos a mais, ao passo que o Brasil meramente manteve sua presença (de 1,2% em 2001, para 1,38% em 2009, mas com a mudança estrutural assinalada acima).
Transcrevo parte da matéria:
"Conforme dados fornecidos pelo Itamaraty, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva liderou 64 missões empresariais desde 2003 até julho de 2009: 18 para a América do Sul e Central, 17 para a Europa, 14 para a África e 10 para a Ásia - mas nenhuma para os Estados Unidos".
Deve ser a nova geografia comercial...
1666) Uma loucura gentil
Sobre meus métodos de trabalho
Paulo Roberto de Almeida
Um leitor de minhas mal traçadas linhas no meu blog, me escreve diretamente, com toda a sua vocação de empresário, para perguntar se eu tinha um método para “administrar o meu tempo”, ou seja, como eu fazia para ler tanto e escrever tanto. Suponho que eles esteja em busca do Santo Graal, o método infalível para ler muito, escrever mais ainda, e ainda assim viver perfeitamente feliz, com mulher, filhos, trabalho, lazer, gato, cachorro, férias, etc...
Bem, fui obrigado a dizer para ele, confessar, na verdade, que eu não dispunha de método algum, pelo menos não de algum que pudesse ser apresentado de forma convenientemente racional, à la Peter Drucker, organizado e servindo a propósitos ordenados e dispostos logicamente em alguma linha do tempo diário. Não, isso nunca fui capaz de ter. Ou talvez tenha um, mas não sei se exemplar, mas que venho seguindo ao longo dos anos e que talvez ainda mereça algum desenvolvimento escrito e maior “elaboração intelectual”.
Vamos ser claros: eu sou um perfeito anarquista, e não posso dizer que tenho algum método recomendável, pelo menos não para as pessoas “normais”. Vamos ver se ele serve: confesso que sou um leitor compulsivo, e passo o tempo todo lendo, escrevendo, anotando livros, revistas, jornais, fazendo arquivo eletrônico de tudo o que acho de interessante na internet (notícias, estudos, relatórios) e algumas outras coisas mais. Claro, durmo pouco, muito pouco, pois estou o tempo todo escrevendo, sob encomenda, mas faço isso por meu próprio prazer. Não ganho nada, ou quase nada com o que escrevo, mas apenas escrevo o que eu quero, não o que os outros querem. Só aceito “encomendas” que me interessem, não o que interessa a outros.
Se eu pudesse descrever o meu método seria este: nunca saia de casa sem algo na mão ou no bolso: livro, revista, jornal, bula de remédio (ok, brincadeira...), para ler em qualquer ocasião, a qualquer momento, em qualquer lugar possível (às vezes até dirigindo o carro, ou na parada do semáforo, mas não recomendo). Portanto, nunca saia de casa sem algo para ler; mas, em casa também: espalhe livros por toda a parte: na sala, óbvio, no escritório (eles já ocuparam todas as estantes e começam a se esparramar pelo chão), na varanda, na cozinha, wherever... Para onde você estender a mão, tenha certeza de que ali haverá um livro ou revista, esperando para ser terminado, liquidado, acabado, por vezes no sentido literal...
Depois: nunca saia de casa sem um caderninho de anotações, ou mais de um: eu sempre tenho dois comigo, o tempo todo, um pequeno, no bolso da camisa, e um médio, que vai no bolso do paletó (e claro, pelo menos uma caneta; mas eu costumo levar duas ou três). Tenho dezenas de cadernos, usados e os intactos, esperando sua cota de tinta. Considero ideais para esse tipo de trabalho rápido os Moleskine, pequenos cadernos de notas (ou de desenho) que são famosos no mundo inteiro. Pois bem, anoto tudo o que vejo, leio, falam, etc.; tudo o que me vem à cabeça, vai primeiro para o caderninho, antes de ser repassado ao computador, e acabar em um blog ou revista. Essas anotações me servem, portanto, para fazer meus trabalhos escritos, mas não apenas isso, eles servem para guardar “coisas”, por vezes um simples telefone, endereço, uma programação de viagem.
Claro, não preciso dizer que anoto livros em livraria, e em bibliotecas também (elas são feitas para isso); li muita coisa em livraria, pois não poderia comprar tudo, tanto para poupar dinheiro (a despeito de gastar muito com livros e revistas), como por falta de espaço, o eterno problema dos book lovers terminais, como é o meu caso. Já comprei um escritório apenas para acomodar livros, mas vou precisar de outro, ou de um maior, talvez, quando eu for rico (deveria ter uma loteria apenas para leitores compulsivos, que assim ajudariam o governo a ficar mais rico às nossas custas)
Como fazer para me manter atualizado?: assino revistas, jornais, recebo dezenas de boletins diários no computador (New York Times, Le Monde, Washington Post, The Economist, tudo enfim...); eu não busco informações, ela me chega em doses maciças, impossíveis de processar, daí essas limpezas periódicas na caixa de entrada, deletando todos os boletins atrasados e não lidos. Enfim, um dia a gente espera ter tempo de fazê-lo, mas o fato é que esse dia nunca chega, e a informação vai se acumulando em camadas geológicas, desde o pré-Cambriano até o Pleistoceno.
Ok, uma vez lida e processada a informação que me interessa, sento no computador e escrevo, até dormir em cima do teclado (ou quase), mas isso a partir de 23hs, quando a noite ainda é uma criança. Quando estou na sala acompanhando minha mulher, que também fica lendo ou assistindo um filme interessante na TV, levo o meu laptop e continuo trabalhando, um olho em cada tela (não acreditem...). Sim, devo dizer que minha mulher também esta o tempo todo lendo e isso é essencial para a boa sanidade mental e familiar. Creio que Carmen Lícia lê muito mais do que eu, apenas não tem essa compulsão pela escrita que eu mantenho, a despeito de escrever de forma prolixa, fazendo construções por vezes longas demais para leitores rápidos.
Não tenho, portanto, nenhum ordenamento racional em minha loucura gentil, apenas um compulsão “normal” (para os meus padrões) para a leitura e a escrita. Uma vez terminado o trabalho, registro o número (do contrário me perderia), o local e a data e uma breve descrição desse trabalho nas minhas listas anuais de originais, havendo uma lista paralela apenas para os publicados (de vez em quando esqueço um, ou me perco, ou não me avisam, whatever...). Para isso é preciso um mínimo de organização, que são as pastinhas onde vou acumulando tudo o que está acabado, juntado o resto numa grande pasta de Working, subdivida em pastas temáticas. Sim, tenho muito mais working files no computador (trabalhos que pretendo terminar um dia), do que trabalhos terminados.
Eis, portanto, o meu método ou métodos, que não recomendo a ninguém, mas que me serve perfeitamente. Deve ser maluco viver assim, mas ainda não fui diagnosticado como insano; virá, um dia, talvez...
PS.: Acho que assustei meu correspondente, em todo caso, ele ainda não me respondeu...
Brasília, 11 de janeiro de 2010.
Paulo Roberto de Almeida
Um leitor de minhas mal traçadas linhas no meu blog, me escreve diretamente, com toda a sua vocação de empresário, para perguntar se eu tinha um método para “administrar o meu tempo”, ou seja, como eu fazia para ler tanto e escrever tanto. Suponho que eles esteja em busca do Santo Graal, o método infalível para ler muito, escrever mais ainda, e ainda assim viver perfeitamente feliz, com mulher, filhos, trabalho, lazer, gato, cachorro, férias, etc...
Bem, fui obrigado a dizer para ele, confessar, na verdade, que eu não dispunha de método algum, pelo menos não de algum que pudesse ser apresentado de forma convenientemente racional, à la Peter Drucker, organizado e servindo a propósitos ordenados e dispostos logicamente em alguma linha do tempo diário. Não, isso nunca fui capaz de ter. Ou talvez tenha um, mas não sei se exemplar, mas que venho seguindo ao longo dos anos e que talvez ainda mereça algum desenvolvimento escrito e maior “elaboração intelectual”.
Vamos ser claros: eu sou um perfeito anarquista, e não posso dizer que tenho algum método recomendável, pelo menos não para as pessoas “normais”. Vamos ver se ele serve: confesso que sou um leitor compulsivo, e passo o tempo todo lendo, escrevendo, anotando livros, revistas, jornais, fazendo arquivo eletrônico de tudo o que acho de interessante na internet (notícias, estudos, relatórios) e algumas outras coisas mais. Claro, durmo pouco, muito pouco, pois estou o tempo todo escrevendo, sob encomenda, mas faço isso por meu próprio prazer. Não ganho nada, ou quase nada com o que escrevo, mas apenas escrevo o que eu quero, não o que os outros querem. Só aceito “encomendas” que me interessem, não o que interessa a outros.
Se eu pudesse descrever o meu método seria este: nunca saia de casa sem algo na mão ou no bolso: livro, revista, jornal, bula de remédio (ok, brincadeira...), para ler em qualquer ocasião, a qualquer momento, em qualquer lugar possível (às vezes até dirigindo o carro, ou na parada do semáforo, mas não recomendo). Portanto, nunca saia de casa sem algo para ler; mas, em casa também: espalhe livros por toda a parte: na sala, óbvio, no escritório (eles já ocuparam todas as estantes e começam a se esparramar pelo chão), na varanda, na cozinha, wherever... Para onde você estender a mão, tenha certeza de que ali haverá um livro ou revista, esperando para ser terminado, liquidado, acabado, por vezes no sentido literal...
Depois: nunca saia de casa sem um caderninho de anotações, ou mais de um: eu sempre tenho dois comigo, o tempo todo, um pequeno, no bolso da camisa, e um médio, que vai no bolso do paletó (e claro, pelo menos uma caneta; mas eu costumo levar duas ou três). Tenho dezenas de cadernos, usados e os intactos, esperando sua cota de tinta. Considero ideais para esse tipo de trabalho rápido os Moleskine, pequenos cadernos de notas (ou de desenho) que são famosos no mundo inteiro. Pois bem, anoto tudo o que vejo, leio, falam, etc.; tudo o que me vem à cabeça, vai primeiro para o caderninho, antes de ser repassado ao computador, e acabar em um blog ou revista. Essas anotações me servem, portanto, para fazer meus trabalhos escritos, mas não apenas isso, eles servem para guardar “coisas”, por vezes um simples telefone, endereço, uma programação de viagem.
Claro, não preciso dizer que anoto livros em livraria, e em bibliotecas também (elas são feitas para isso); li muita coisa em livraria, pois não poderia comprar tudo, tanto para poupar dinheiro (a despeito de gastar muito com livros e revistas), como por falta de espaço, o eterno problema dos book lovers terminais, como é o meu caso. Já comprei um escritório apenas para acomodar livros, mas vou precisar de outro, ou de um maior, talvez, quando eu for rico (deveria ter uma loteria apenas para leitores compulsivos, que assim ajudariam o governo a ficar mais rico às nossas custas)
Como fazer para me manter atualizado?: assino revistas, jornais, recebo dezenas de boletins diários no computador (New York Times, Le Monde, Washington Post, The Economist, tudo enfim...); eu não busco informações, ela me chega em doses maciças, impossíveis de processar, daí essas limpezas periódicas na caixa de entrada, deletando todos os boletins atrasados e não lidos. Enfim, um dia a gente espera ter tempo de fazê-lo, mas o fato é que esse dia nunca chega, e a informação vai se acumulando em camadas geológicas, desde o pré-Cambriano até o Pleistoceno.
Ok, uma vez lida e processada a informação que me interessa, sento no computador e escrevo, até dormir em cima do teclado (ou quase), mas isso a partir de 23hs, quando a noite ainda é uma criança. Quando estou na sala acompanhando minha mulher, que também fica lendo ou assistindo um filme interessante na TV, levo o meu laptop e continuo trabalhando, um olho em cada tela (não acreditem...). Sim, devo dizer que minha mulher também esta o tempo todo lendo e isso é essencial para a boa sanidade mental e familiar. Creio que Carmen Lícia lê muito mais do que eu, apenas não tem essa compulsão pela escrita que eu mantenho, a despeito de escrever de forma prolixa, fazendo construções por vezes longas demais para leitores rápidos.
Não tenho, portanto, nenhum ordenamento racional em minha loucura gentil, apenas um compulsão “normal” (para os meus padrões) para a leitura e a escrita. Uma vez terminado o trabalho, registro o número (do contrário me perderia), o local e a data e uma breve descrição desse trabalho nas minhas listas anuais de originais, havendo uma lista paralela apenas para os publicados (de vez em quando esqueço um, ou me perco, ou não me avisam, whatever...). Para isso é preciso um mínimo de organização, que são as pastinhas onde vou acumulando tudo o que está acabado, juntado o resto numa grande pasta de Working, subdivida em pastas temáticas. Sim, tenho muito mais working files no computador (trabalhos que pretendo terminar um dia), do que trabalhos terminados.
Eis, portanto, o meu método ou métodos, que não recomendo a ninguém, mas que me serve perfeitamente. Deve ser maluco viver assim, mas ainda não fui diagnosticado como insano; virá, um dia, talvez...
PS.: Acho que assustei meu correspondente, em todo caso, ele ainda não me respondeu...
Brasília, 11 de janeiro de 2010.
1665) Depoimento: Ginasio Vocacional Oswaldo Aranha, SP
What a difference a school makes...
O traço todo de minha vida no Vocacional Oswaldo Aranha
Paulo Roberto de Almeida
Aluno da primeira turma (1962-1965) do Ginásio Estadual Vocacional Oswaldo Aranha (Avenida Portugal, Brooklin, São Paulo, SP)
“O traço todo da vida é para muitos um desenho da criança esquecido pelo homem, mas ao qual ele terá sempre que se cingir sem o saber...”, escreveu Joaquim Nabuco no começo de Minha Formação (1900), quando ele se refere ao período transcorrido no Engenho Massangana, no qual passou os primeiros oito anos de sua vida e onde recolheu suas primeiras impressões sobre o mundo. Nabuco continua dizendo que esses anos teriam sido decisivos na constituição de sua personalidade: “Pela minha parte acredito não ter nunca transposto o limite das minhas quatro ou cinco primeiras impressões...”
De minha parte, o traço todo de minha vida foi indelevelmente marcado pelos quatro anos que passei, adolescente, no Ginásio Estadual Vocacional Oswaldo Aranha, inaugurado em 1962 justamente pela minha turma, pioneiríssima de uma experiência inédita no Brasil, de educação integral e radicalmente diversa de tudo o que se fazia até então em matéria de formação de jovens. A “minha formação”, se eu tivesse de escrever um livro equivalente de memórias, teria de reservar um largo espaço ao Vocacional, tão importante ele foi para a formação de meu caráter, para a definição de minhas orientações intelectuais, das minhas quatro ou cinco primeiras impressões do Brasil e do mundo. Ao “Ginásio” devo o que sou, hoje, e o reconheço plenamente, com toda a saudade que uma memória fugidia pode trazer para a mente do homem maduro, que sou hoje, esses anos de juventude passados num ambiente verdadeiramente excepcional para o jovem que eu era no começo dos anos 1960.
Leia o texto completo neste link.
O traço todo de minha vida no Vocacional Oswaldo Aranha
Paulo Roberto de Almeida
Aluno da primeira turma (1962-1965) do Ginásio Estadual Vocacional Oswaldo Aranha (Avenida Portugal, Brooklin, São Paulo, SP)
“O traço todo da vida é para muitos um desenho da criança esquecido pelo homem, mas ao qual ele terá sempre que se cingir sem o saber...”, escreveu Joaquim Nabuco no começo de Minha Formação (1900), quando ele se refere ao período transcorrido no Engenho Massangana, no qual passou os primeiros oito anos de sua vida e onde recolheu suas primeiras impressões sobre o mundo. Nabuco continua dizendo que esses anos teriam sido decisivos na constituição de sua personalidade: “Pela minha parte acredito não ter nunca transposto o limite das minhas quatro ou cinco primeiras impressões...”
De minha parte, o traço todo de minha vida foi indelevelmente marcado pelos quatro anos que passei, adolescente, no Ginásio Estadual Vocacional Oswaldo Aranha, inaugurado em 1962 justamente pela minha turma, pioneiríssima de uma experiência inédita no Brasil, de educação integral e radicalmente diversa de tudo o que se fazia até então em matéria de formação de jovens. A “minha formação”, se eu tivesse de escrever um livro equivalente de memórias, teria de reservar um largo espaço ao Vocacional, tão importante ele foi para a formação de meu caráter, para a definição de minhas orientações intelectuais, das minhas quatro ou cinco primeiras impressões do Brasil e do mundo. Ao “Ginásio” devo o que sou, hoje, e o reconheço plenamente, com toda a saudade que uma memória fugidia pode trazer para a mente do homem maduro, que sou hoje, esses anos de juventude passados num ambiente verdadeiramente excepcional para o jovem que eu era no começo dos anos 1960.
Leia o texto completo neste link.
domingo, 10 de janeiro de 2010
1664) Depois das reticências, as entrelinhas, e as exclamações...
Um leitor anônimo, esperando me contrariar, enviou um comentário depreciativo sobre minha mania de escrever com reticências.
Não sou exatamente um repentista, mas se fosse teria respondido do mesmo jeito: retaliei com um mini-tratado das reticências, que ele provoca dizendo que não leu (e eu tenho certeza de que não apenas leu, como ficou com raiva, embora com um sorriso nos lábios, ao ler certas passagens alusivas a situações intensamente relacionais que estou certo de que ele não apenas vivenciou, como suspirou com reticências virtuais).
Continuo a provocá-lo, com este novo...
Mini-tratado das entrelinhas
Tratados, em geral, costumam ser solenes, como convém aos grandes textos declaratórios, escritos em tom impessoal e devendo refletir alguma realidade objetiva, uma relação entre Estados...
Mini-tratados, por suposição, deveriam ser versões reduzidas de seus irmãos maiores...
Ler a suite deste mini-tratado neste link.
...e também respondo com mais este...
Mini-tratado das interrogações
Interrogantes são inerentes à espécie humana, e talvez mesmo a certos primatas. Determinadas escolhas, ou caminhos, nos levam a uma situação de melhor conforto material ou de maior segurança pessoal, sem que, no entanto, saibamos, ou tenhamos certeza, ao início, que aquela opção selecionada é, de fato, a de melhor retorno ou benefício possível. Dúvidas, questionamentos, angústias, em face das possibilidades abertas em nossa existência, são inevitáveis em todas as etapas e circunstâncias da vida. Daí a interrogação, normalmente simbolizada pelo sinal sinuoso que colocamos ao final de certas frases: ?
Ler a suite deste mini-tratado neste link.
Fico devendo, neste momento, um conto sobre o ponto e vígula e uma poesia sobre os dois pontos.
Sugestões sempre são bem vindas...
Podem mandar para cá, com ou sem reticências...
Paulo Roberto de Almeida (10.01.2010)
Não sou exatamente um repentista, mas se fosse teria respondido do mesmo jeito: retaliei com um mini-tratado das reticências, que ele provoca dizendo que não leu (e eu tenho certeza de que não apenas leu, como ficou com raiva, embora com um sorriso nos lábios, ao ler certas passagens alusivas a situações intensamente relacionais que estou certo de que ele não apenas vivenciou, como suspirou com reticências virtuais).
Continuo a provocá-lo, com este novo...
Mini-tratado das entrelinhas
Tratados, em geral, costumam ser solenes, como convém aos grandes textos declaratórios, escritos em tom impessoal e devendo refletir alguma realidade objetiva, uma relação entre Estados...
Mini-tratados, por suposição, deveriam ser versões reduzidas de seus irmãos maiores...
Ler a suite deste mini-tratado neste link.
...e também respondo com mais este...
Mini-tratado das interrogações
Interrogantes são inerentes à espécie humana, e talvez mesmo a certos primatas. Determinadas escolhas, ou caminhos, nos levam a uma situação de melhor conforto material ou de maior segurança pessoal, sem que, no entanto, saibamos, ou tenhamos certeza, ao início, que aquela opção selecionada é, de fato, a de melhor retorno ou benefício possível. Dúvidas, questionamentos, angústias, em face das possibilidades abertas em nossa existência, são inevitáveis em todas as etapas e circunstâncias da vida. Daí a interrogação, normalmente simbolizada pelo sinal sinuoso que colocamos ao final de certas frases: ?
Ler a suite deste mini-tratado neste link.
Fico devendo, neste momento, um conto sobre o ponto e vígula e uma poesia sobre os dois pontos.
Sugestões sempre são bem vindas...
Podem mandar para cá, com ou sem reticências...
Paulo Roberto de Almeida (10.01.2010)
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