Vento, em qualquer lugar, sai de graça. Sim, às vezes, quando é forte demais, dá prejuizo. Mas, mesmo um país pobre, uma ilha deserta digamos, que não tenha quase nada, só vento, pode, teoricamente, mandar engarrafar o vento e conseguir alguma economia com isso. Refiro-me, obviamente, à energia eólica, que sempre é uma alternativa a países pobres, mas tão pobres (como o Haiti, por exemplo), que só dispõem de vento para"engarrafar".
Mas essa história de vento volta ao notíciário com a matéria abaixo em torno da compra dos aviões de combate para a Aeronáutica.
Parece que pagaremos pelo vento muito mais caro do que pagariam os indianos, caso se decidissem pelo Rafale, o que eles não fizeram. Descartaram o Rafale como a pior solução entre sete possibilidades "ventosas"...
A NEGOCIATA COM OS RAFALES: EIS O GRANDE ESCÂNDALOdo Reinaldo Azevedo, 19.01.2010 - 16:28
Não fosse essa espécie de abdução coletiva a que estamos todos submetidos, com “O Cara” deitando e rolando sobre as instituições — e a moralidade pública — , o caso dos caças Rafale seria tratado como aquilo que é: UM ESCÂNDALO, talvez o maior do governo Lula. Não é assim porque eu quero. É assim porque é. A Índia abriu uma concorrência internacional para a compra — ATENÇÃO!!! — de 126 caças. Valor que se dispõe a pagar a Força Aérea Indiana: US$ 10 bilhões. Seis modelos participaram da primeira rodada de seleção: os americanos F 18 e F 16, o Eurofighter Typhoon, o russo MiG 35, o sueco Gripen NG e o Rafale. Só um caça foi descartado no começo da disputa: o Rafale. Justificativa: não cumpria os requisitos mínimos de desempenho técnico exigidos pela Força Aérea Indiana.
Como vocês sabem, o Rafale é o caça que Lula decidiu comprar ao arrepio da recomendação da Aeronáutica, que é quem entende da área no Brasil. Lula, o Homem com o Isopor na Cabeça, é especialista em outros assuntos. Muitos indagarão: “Mas o escândalo está em ter a Força Aérea da Índia rejeitado o Rafale, que Lula quer comprar?” Não! Já contei onde está. É que a abdução em curso está nos impedindo de ver as coisas com a rapidez necessária. Já chego lá. Antes, algumas outras considerações. Ah, sim: depois de ler este post, você pode obter mais detalhes na concorrência indiana no site India Defence. Sigamos.
Enquanto o Rafale esteva na concorrência, Nicolas Sarkozy, o camelô de aviões e marido de Carla Bruni, fez o mesmíssimo lobby que vem fazendo no Brasil. A diferença é que, na Índia, a avaliação é realmente técnica. Por lá, não basta apenas adular o imperador absolutista, dispensar-lhe rapapés, elegê-lo “o homem do ano”, para embolsar alguns bilhões. Desde o começo da concorrência, informam os sites indianos que trataram do assunto, o Rafale era considerado a pior alternativa entre — atenção! — SETE MODELOS.
A chamada grande imprensa, que a canalha petralha acusa de ser “antigovernista” (podem rolar de rir), se interessou pelo assunto? Que eu tenha achado, só o Estadão Online publicou um despacho da Reuters no dia 16 de abril de ano passado. Depois o assunto sumiu. Como vocês sabem, a Força Aérea Brasileira também não quer o Rafale. Entre os três caças que avaliou, preferiu o sueco Gripen NG. Em segundo lugar, ficou o F-18. Em último, o avião francês. Como reagiu o governo do Homem do Ano do Le Monde? Considerou a hipótese de punir o que chamou de “vazamento” do relatório. Onde já se viu a Aeronáutica ficar se metendo com caças?
Celso Amorim, um gigante da filosofia, ainda maior por dentro do que por fora, deu-se a especulações metafísicas: “Às vezes, o barato sai caro”. Samuel Pinheiro Guimarães, o chefe da banda antiamericana do governo e da Sealopra, indagou se a gente compra um carro só pensando no preço… A mediocridade dessa gente é espantosa, especialmente quando tenta mimetizar Lula nas suas filosofadas e metáforas. O que, nele, aspira a um saber popular revela-se pelo que é na boca dos doutores: BOÇALIDADE PURA E SIMPLES.
E o escândalo, além do fato de que Lula anunciou o vitorioso quando a avaliação estava em curso??? Vamos lá. A Dassault, que fabrica os Rafales, se ofereceu para vender 126 caças à Índia por US$ 10 bilhões. Preço médio de cada avião: US$ 79.365.079,36. O Brasil está disposto a pagar R$ 10 bilhões por 36 aviões — ou US$ 5.681.818.181. Dividindo-se esse valor em dólar pelo número de aparelhos, chega-se ao custo unitário: US$ 157.828.282,82. Cada Rafale para o Brasil custa mais do que o dobro do que custaria para a Índia. Atenção: ESTAMOS FALANDO DO MESMO MODELO DE AVIÃO E DE CONCORRÊNCIAS FEITAS AO MESMO TEMPO.
Agora entendo o que o sr. Samuel Pinheiro Guimarães quer dizer quando afirma que a gente não compra um carro só pelo preço. No caso, parece que se compra também para agradar o fornecedor, não é mesmo? Que, sei lá, se não tiver o coração tão duro quanto o do faraó, dá ao menos um chaveiro de presente ao comprador. Já quanto a Amorim, o que pensar? Nem uma antítese tornada um clichê popular resiste a este monumento, logo involuindo para a tautologia: O CARO SAI CARO!
É incrível que um dos maiores negócios do governo Lula, com jeito, história e números de negociata, se faça sob o silêncio cúmplice de boa parte da imprensa e, como não poderia deixar de ser, da oposição.
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Addendum em 20.01.2010.
Muita gente lê apenas o post e passa por cima dos comentários.
Recomendo que se os leia (perdão pelo Português arrevesado).
Acrescentei este comentário a um leitor anônimo (eles sempre tem vergonha de se apresentar com nome próprio, e dizer claramente qual posição defendem), que pretende ser crítico do jornalista acima transcrito:
Meu caro Anônimo (seja você quem for),
Não tenho procuração para defender Reinaldo Azevedo, nem ninguém, e não é minha intenção fazê-lo.
Mas, veja, trata-se, como ele próprio se classifica, de um jornalista que não entende necas de pitiribas de aviões militares, nem eu, aliás.
Eu entendo de poucas coisas, entre elas que o dinheiro que vai pagar esses aviões vai sair do meu, do seu, do nosso bolso, e portanto essa é a única coisa que nos interessa como cidadãos.
Jamais ele, nem eu (aliás, nem você) pretendeu discutir características físicas da Lua, de Marte ou de qualquer país terrestre, sequer discutiu objetivos militares, se os indianos vão enfrentar chineses, paquistaneses, gregos ou goianos.
O que ele fez, como bom jornalista, foi buscar informações e colocá-las à disposição de seus leitores, sim, acrescentado seus comentários que ele tem direito de fazer.
Seu único comentário relevante foi que o Rafale custa um bocado caro (algo que não precisa ser gênio militar para saber), e que os indianos aparentemente não estão dispostos a comprá-los.
Nem, aliás, a FAB, pelo que se sabe.
Assim, a única pergunta relevante que VOCÊ, EU e todo o POVO BRASILEIRO pode e tem o direito de fazer (já nem falo de governo, pois ele é um pouco, digamos, surrealista), é por que uma escolha prévia, por antecipação ao relatório técnico da FAB, pelos caças franceses.
Se você tem alguma resposta convincente para esta pergunta, pode mandar para mim, que publicarei com prazer...
Paulo Roberto de Almeida
Permito-me acrescentar apenas uma coisa: um governo que age de forma pouco transparente, que é capaz de torrar bilhões em recursos públicos (ou seja, dinheiro de cada um de nós) sem oferecer uma explicação convincente, que se refugia em argumentos tão calhordas como "relação estratégica", não merece obviamente a confiança de ninguém. Em qualquer democracia digna desse nome, os responsáveis seriam chamados numa comissão parlamentar para se explicar. Assim se passa em países sérios.
Em democracias aviltadas como a nossa, o direito dos cidadãos a uma informação decente é violado todos os dias.
Apenas uma palavra pode definir o que uma pessoa normal sente:
asco!