Uma matéria interessante, e aparentemente fiável (ou seja, responsável) sobre uma enfermidade que pode atingir a todos e a cada um, sobretudo pessoas que se movimentam pouco (como eu), que têm tendência a comer demais (idem) e que se esquecem de medir seus teores ou fazer exames apropriados.
Vai postado como informação geral, de utilidade pública
Paulo Roberto de Almeida
SAÚDE
Prevenção é ainda a melhor arma contra o diabetes
Por Camilla Muniz
Opinião e Notícia, 6/02/2011
Avanços no tratamento permitem aos diabéticos levar uma vida normal, mas ainda não trouxeram cura para a doença.
Caracterizada pelo acúmulo de glicose no sangue, o diabetes é hoje uma doença que já atingiu o status de epidemia. Segundo estimativas da Federação Internacional de Diabetes, 285 milhões de pessoas em todo o mundo são diabéticas. Dentro de 20 anos, esse número deve aumentar para 438 milhões, já que mais de 7 milhões de novos casos da doença surgem a cada ano.
No Brasil, a tendência de avanço é a mesma, e embora não haja cura para o diabetes, o controle da doença, quando bem feito, permite que o diabético leve uma vida praticamente normal. A favor dos pacientes está a atualização constante dos tratamentos disponíveis, garante o endocrinologista Saulo Cavalcanti, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes e do Departamento de Diabetes da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
Segundo o médico, a introdução das gliptinas na terapêutica do diabetes tipo 2, há cerca de três anos, foi muito benéfica, contribuindo até para a redução dos riscos do paciente desenvolver hipoglicemia (baixo nível de glicose no sangue). Essa possibilidade existe porque as drogas que ajudam a controlar a quantidade de açúcar na corrente sanguínea do diabético atuam continuamente, mesmo quando não é necessário.
As gliptinas são uma classe de medicamentos orais que inibem a ação da enzima DPP-4, que destrói o hormônio incretina. Produzida pelo intestino, a incretina potencializa a produção de insulina pelo pâncreas. Dessa forma, as gliptinas melhoram a síntese e a liberação de insulina e ainda reduzem a produção de glicose pelo fígado.
Para os pacientes com diabetes do tipo 1, as insulinas de ação prolongada foram um ganho significativo. Surgidas há aproximadamente oito anos, elas são feitas através de técnicas de recombinação genética e podem diminuir a quantidade de aplicações diárias do hormônio. “Além disso, os aparelhos medidores de glicose ficaram mais modernos e as agulhas, mais finas, o que reduz a dor na hora da aplicação”, explica Cavalcanti.
Inovações são bem-vindas, mas é preciso cautela
Os médicos agora esperam o lançamento comercial de um medicamento que promete ajudar os diabéticos a excretarem glicose pela urina, facilitando a eliminação do excesso de açúcar da corrente sanguínea. Segundo Saulo Cavalcanti, a droga se mostrou eficaz em testes e deve estar disponível dentro de um ano. No entanto, é preciso ter cautela com essas novidades.
“Quando surge uma nova droga, é como se aparecesse uma nova luz no fim do túnel para o diabético. Mas é preciso ter calma, porque os medicamentos se revelam mais ou menos vantajosos aos poucos, à medida que vão sendo usados pelos próprios pacientes”, destaca o endocrinologista.
Já o transplante de células-beta (células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina) e as pesquisas com células-tronco, que ajudariam muito os diabéticos do tipo 1, ainda representam apenas uma esperança. Para Cavalcanti, iniciativas e estudos têm de ser estimulados; no entanto, não podem ser considerados como uma real opção neste momento.
O que já está sendo realizado, mas somente em casos especiais aprovados por comitês de ética e em caráter experimental, é a cirurgia metabólica. No procedimento, é feita a transposição de uma parte do intestino delgado chamada íleo, o que proporciona o aumento da produção das incretinas — substâncias reduzidas no organismo dos diabéticos — e, consequentemente, de insulina.
Evite o diabetes
Como não há cura para o diabetes, pelo menos por enquanto, a prevenção ainda é o melhor remédio, sobretudo porque o tipo 2 (quando o organismo apresenta resistência à insulina, o que impede as células de metabolizarem quantidades suficientes de glicose) é o mais comum e representa 90-92% dos casos.
Enquanto o tipo 2 pode e deve ser prevenido, o diabetes tipo 1 (doença auto-imune caracterizada pela destruição das células-beta) é desencadeado por fatores genéticos — não há prevenção, portanto — e atinge de 8% a 10% dos pacientes.
Segundo Saulo Cavalcanti, a melhor forma de prevenir o diabetes tipo 2 é seguir uma educação alimentar e esportiva, já que a doença tem origem, muitas vezes, na obesidade. O endocrinologista salienta que, hoje, é preocupante que 52% dos brasileiros estejam com excesso de peso.
Além disso, aqueles que pertencem ao grupo de risco — pessoas com hipertensão, colesterol alto, triglicérides elevado, obesidade ou algum caso de diabetes na família — devem fazer o teste de medição de glicemia frequentemente. “Cerca de 40% a 50% dos diabéticos do tipo 2 não sabem que tem a doença, que pode ficar até dez anos sem manifestar sintomas”, afirma Cavalcanti. “Por isso é tão importante ter o controle dos níveis de açúcar no sangue, porque, às vezes, o diabetes é descoberto em um estágio já muito avançado, o que contribui para o desenvolvimento de complicações como perda da visão, disfunção erétil e infarto.”
De acordo com um ranking divulgado pela Federação Internacional de Diabetes em 2004, o Brasil ocupava a oitava posição entre os países com maior número de pacientes diabéticos. Em 1988, o Censo Nacional de Diabetes revelou que 7,6% da população urbana entre 30 e 69 anos sofria da doença.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Teorias do desenvolvimento -- dissertacao de Danilo F. R. da Silva (FEA-USP)
Uma recomendação de trabalho objeto de minhas pesquisas nesta área do desenvolvimento econômico, obtida em uma lista de história do pensamento econômico.
Dissertação de Mestrado
Documento: Dissertação de Mestrado
Autor: Silva, Danilo Freitas Ramalho da
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Área do Conhecimento: Economia das Instituições e do Desenvolvimento
Data de Defesa: 2005-12-16
Orientador: Santos, Raul Cristovao dos
Banca examinadora: Santos, Raul Cristovao dos (Presidente)
Lima, Gilberto Tadeu
Serrano, Franklin Leon Peres
Título em português: A construção do objeto teórico das teorias do desenvolvimento econômico
Resumo em português:
Este trabalho tem como tema as teorias do desenvolvimento econômico, área da economia que ficou conhecida pelo estudo dos países subdesenvolvidos no período compreendido entre a Segunda Guerra Mundial e o final da década de 1970. Sua finalidade é recuperar as principais idéias dessas teorias de forma a entender a construção de seu objeto teórico e, assim, interpretar a sua relevância para o estudo dos países subdesenvolvidos (em desenvolvimento) nos dias de hoje, como proposto por Krugman (1992). Para essa tarefa foram selecionados textos clássicos de quatro autores representativos das teorias do desenvolvimento econômico, com o intuito de abranger as idéias fundamentais dessas teorias; quais sejam eles: Paul Rosenstein-Rodan, Arthur Lewis, Albert Hirschman e Raúl Prebisch. Suas idéias serão analisadas e interpretadas com o auxílio de textos suplementares que têm como objetivo inseri-las no contexto na qual foram formuladas. Chegar-se-á à conclusão de que as teorias do desenvolvimento econômico constituem um corpo teórico à parte do núcleo da teoria econômica tradicional e que a construção de seu objeto teórico de investigação se dá através da rejeição do arcabouço da teoria econômica tradicional. Isso porque os países subdesenvolvidos apresentariam características sui generis que os legitimariam como objeto de estudo diferente dos países desenvolvidos e, conseqüentemente, tornariam a teoria econômica tradicional inaplicável para o entendimento do seu desenvolvimento. Esse resultado está de acordo com a interpretação das teorias do desenvolvimento econômico feita por Seers (1967) e Hirschman (1982) ao mesmo tempo em que apresenta pontos divergentes à interpretação de Myint (1967). O que se espera, entretanto, é que este trabalho tenha cumprido a sua tarefa de trazer, de volta, à tona algumas idéias presentes nas teorias do desenvolvimento econômico em sua forma original, para que elas façam parte do debate acerca do desenvolvimento dos países subdesenvolvidos, nos dias de hoje.
AVISO:
Este trabalho é somente para uso privado de atividades de pesquisa e ensino. Não é autorizada sua reprodução para quaisquer fins lucrativos. Esta reserva de direitos abrange a todos os dados do documento bem como seu conteúdo. Na utilização ou citação de partes do documento é obrigatório mencionar nome da pessoa autora do trabalho.
Arquivos:
dissertparte1pdf.pdf (9.80 Kbytes)
dissertparte2pdf.pdf (16.42 Kbytes)
dissertparte3pdf.pdf (597.84 Kbytes)
Data de Publicação: 2006-04-04
Número de visitas: 6858
Número de downloads: 1753
Copyright © 2009 Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP. Todos os direitos reservados.
Dissertação de Mestrado
Documento: Dissertação de Mestrado
Autor: Silva, Danilo Freitas Ramalho da
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Área do Conhecimento: Economia das Instituições e do Desenvolvimento
Data de Defesa: 2005-12-16
Orientador: Santos, Raul Cristovao dos
Banca examinadora: Santos, Raul Cristovao dos (Presidente)
Lima, Gilberto Tadeu
Serrano, Franklin Leon Peres
Título em português: A construção do objeto teórico das teorias do desenvolvimento econômico
Resumo em português:
Este trabalho tem como tema as teorias do desenvolvimento econômico, área da economia que ficou conhecida pelo estudo dos países subdesenvolvidos no período compreendido entre a Segunda Guerra Mundial e o final da década de 1970. Sua finalidade é recuperar as principais idéias dessas teorias de forma a entender a construção de seu objeto teórico e, assim, interpretar a sua relevância para o estudo dos países subdesenvolvidos (em desenvolvimento) nos dias de hoje, como proposto por Krugman (1992). Para essa tarefa foram selecionados textos clássicos de quatro autores representativos das teorias do desenvolvimento econômico, com o intuito de abranger as idéias fundamentais dessas teorias; quais sejam eles: Paul Rosenstein-Rodan, Arthur Lewis, Albert Hirschman e Raúl Prebisch. Suas idéias serão analisadas e interpretadas com o auxílio de textos suplementares que têm como objetivo inseri-las no contexto na qual foram formuladas. Chegar-se-á à conclusão de que as teorias do desenvolvimento econômico constituem um corpo teórico à parte do núcleo da teoria econômica tradicional e que a construção de seu objeto teórico de investigação se dá através da rejeição do arcabouço da teoria econômica tradicional. Isso porque os países subdesenvolvidos apresentariam características sui generis que os legitimariam como objeto de estudo diferente dos países desenvolvidos e, conseqüentemente, tornariam a teoria econômica tradicional inaplicável para o entendimento do seu desenvolvimento. Esse resultado está de acordo com a interpretação das teorias do desenvolvimento econômico feita por Seers (1967) e Hirschman (1982) ao mesmo tempo em que apresenta pontos divergentes à interpretação de Myint (1967). O que se espera, entretanto, é que este trabalho tenha cumprido a sua tarefa de trazer, de volta, à tona algumas idéias presentes nas teorias do desenvolvimento econômico em sua forma original, para que elas façam parte do debate acerca do desenvolvimento dos países subdesenvolvidos, nos dias de hoje.
AVISO:
Este trabalho é somente para uso privado de atividades de pesquisa e ensino. Não é autorizada sua reprodução para quaisquer fins lucrativos. Esta reserva de direitos abrange a todos os dados do documento bem como seu conteúdo. Na utilização ou citação de partes do documento é obrigatório mencionar nome da pessoa autora do trabalho.
Arquivos:
dissertparte1pdf.pdf (9.80 Kbytes)
dissertparte2pdf.pdf (16.42 Kbytes)
dissertparte3pdf.pdf (597.84 Kbytes)
Data de Publicação: 2006-04-04
Número de visitas: 6858
Número de downloads: 1753
Copyright © 2009 Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP. Todos os direitos reservados.
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Os 20 melhores artigos em 100 anos da American Economic Review
Excelente ideia, excelente oportunidade para conhecer e ler alguns dos artigos mais famosos da história econômica, ou melhor, do pensamento econômico.
Paulo Roberto de Almeida
100 Years of American Economic Review: The Top 20 Articles
American Economic Review 101 (February 2011): 1–8
http://www.aeaweb.org/articles.php?doi=10.1257/aer.101.1.1
http://pubs.aeaweb.org/doi/pdfplus/10.1257/aer.101.1.1
The Top 20 Committee, consisting of Kenneth J. Arrow, B. Douglas Bernheim, Martin S. Feldstein, Daniel L. McFadden, James M. Poterba, and Robert M. Solow, was appointed by Robert Moffitt with the task of selecting the “Top 20” articles published in the American Economic Review during its first hundred years. We decided against trying to define formally the criteria for inclusion: they surely comprise sheer intellectual quality, influence on the ideas and practices of economists, and general significance or breadth; but it would be fruitless to try to specify the marginal rates of substitution among these and other qualities. We were looking for 20 admirable
and important articles.
As a starting point we used citation counts and numbers of searches in JSTOR. This is obviously important and relevant information, but not decisive on its own. Citation counts are biased in favor of subfields of economics with the largest populations. There is also a bias in favor of moderately recent articles, if only because the number of potential readers and writers has been increasing in time; very recent articles suffer from the fact that citations build up over time. In any case we were expected to use our judgment about quality and significance. So we used the citation and JSTOR data only to give us a large group of eligibles. We worried especially about overlooking articles in the very early days of the AER, some by great names in the history of economics. But we found, just to take one striking example, that although Irving Fisher published several articles in the journal, they were all minor or ephemeral pieces.
In the event, our early ballots showed an encouraging unanimity or near-unanimity, especially about the leading candidates. We very quickly converged on the Top 15 articles. There were occasional differences of opinion, only to be expected from a group with diverse interests, as we filled in the remaining three to five places. Here is our final list, arranged alphabetically, along with a brief reminder about each. There are few, if any, surprises.
100 Years of the American Economic Review:
The Top 20 Articles
By Kenneth J. Arrow, B. Douglas Bernheim, Martin S. Feldstein, Daniel L. McFadden, James M. Poterba, and Robert M. Solow*
Alchian, Armen A., and Harold Demsetz. 1972. “Production, Information Costs, and Economic Organization.” American Economic Review, 62(5): 777–95.
What is the special role of the firm in organizing production? The authors argue that it is the ability to measure inputs and their productivity and to allocate hired resources in production involving the cooperation of many inputs. It is this phenomenon that explains why all ooperation of factors does not take place through market-determined contracts. The firm is made to be the residual claimant because that approach creates the appropriate incentives for management. Many implications of this hypothesis are developed.
Arrow, Kenneth J. 1963. “Uncertainty and the Welfare Economics of Medical Care.” American Economic Review, 53(5): 941–73.
This paper provided a framework for thinking about the economics of the market for medical care using the language and tools of modern microeconomics. It argued that the aforementioned market is beset by market failures because consumers are exposed to risks that are not fully insurable (in large part due to problems of moral hazard), and because they lack the information and expertise required to assess risks and treatments. It hypothesized that various salient features of the institutions governing the provision of medical care are best understood as social adaptations aimed at redressing the resulting inefficiencies. It also noted that in some cases those institutional adaptations undermine competition and perversely contribute to inefficiency. Though written well prior to the emergence of the formal literature on asymmetric information, the paper anticipated many of the central issues that continue to occupy health economists today.
Cobb, Charles W., and Paul H. Douglas. 1928. “A Theory of Production.” American Economic Review, 18(1): 139–65.
The cliché surely applies here: this paper needs no introduction. The convenience and success of the constant-elasticity Cobb-Douglas function has spread its use from representing production possibilities, which was of course its original use, to representing utility functions and to much else throughout empirical and theoretical economics. Cobb and Douglas explored the elementary properties and implications of the functional form, and pointed to the approximate constancy of the relative shares of labor and capital in total income as the validating empirical fact.
Deaton, Angus S., and John Muellbauer. 1980. “An Almost Ideal Demand System.” American Economic Review, 70(3): 312–26.
A vast industry in applied econometrics analyzes the demand for specific products, and the impact on consumers of public and private policies that alter market equilibrium. This paper, building on the traditions of Cobb-Douglas, Stone, and Gorman, introduces a practical system of demand equations that are consistent with preference maximization and have sufficient flexibility to support full welfare analysis of policies that have an impact on consumers. The Deaton-Muellbauer system is now the standard for empirical analysis of consumer demand.
Diamond, Peter A. 1965. “National Debt in a Neoclassical Growth Model.” American Economic Review, 55(5): 1126–50.
Building on Paul Samuelson’s seminal work concerning consumption loans between individuals of different generations, this paper pioneered the analysis of overlapping generations (OLG) models with durable capital goods. It illuminated the properties of such models through two fundamental contributions. First, it demonstrated that the competitive equilibria of infinite horizon OLG models can be inefficient, even in the absence of conventional market failures. Second, it identified the mechanisms through which both external and internal debt can potentially reduce the capital stock. In clarifying the general equilibrium effects of displacing physical capital with government debt in individuals’ portfolios, it resolved a long-standing debate concerning the feasibility of using internal debt to shift the burden of paying for public expenditures to future generations.
Diamond, Peter A., and James A. Mirrlees. 1971. “Optimal Taxation and Public Production I: Production Efficiency.” American Economic Review, 61(1): 8–27.
Diamond, Peter A., and James A. Mirrlees. 1971. “Optimal Taxation and Public Production II: Tax Rules.” American Economic Review, 61(3): 261–78.
This paper, in two parts, is the foundation of the theory of optimal taxation and public production in the presence of second-best limitations on redistribution and private production. Diamond and Mirrlees show how the tax system can be tuned to minimize distortions and disincentives, and eliminate production inefficiencies. By subjecting tax systems to rigorous microeconomic analysis, this paper opened research on tax mechanism design and minimization of the burden of taxes.
Dixit, Avinash K., and Joseph E. Stiglitz. 1977. “Monopolistic Competition and Optimum Product Diversity.” American Economic Review, 67(3): 297–308.
Under monopolistic competition with differentiated goods and increasing returns to scale in each good, is there too much or too little product differentiation? This paper uses classical tools of microeconomics to answer this question, and in doing so, provides the foundation for an entire literature in which products are endogenous in number and attributes, and general equilibrium welfare analysis can be used to examine the consequences of tastes for variety.
Friedman, Milton. 1968. “The Role of Monetary Policy.” American Economic Review, 58(1): 1–17.
This presidential address is the origin of the “vertical long-run Phillips curve,” along with a contemporary paper by Edmund S. Phelps. It introduced the idea of a “natural” rate of unemployment as the only rate compatible with the sustained coincidence of actual and expected rates of inflation. This is the basis of the conclusion that the Phillips curve is vertical in the long run, allowing only a temporary trade-off between unemployment and inflation. From this followed possible implications for the conduct of macro-policy, especially monetary policy. An enormous amount of research and discussion followed.
Grossman, Sanford J., and Joseph E. Stiglitz. 1980. “On the Impossibility of Informationally Efficient Markets.” American Economic Review, 70(3): 393–408.
As pointed out by a number of scholars, in a world of dispersed information, the equilibrium price will itself in general be a source of information to participants, since it incorporates whatever information other participants have. Grossman and Stiglitz examine the implication for the case where information can be acquired at a cost. If there is an equilibrium, some will choose to get informed and others not; the two courses of action must be indifferent. (Very special assumptions are made about the risk aversion characteristics of the population and about its heterogeneity.) In particular, if some individuals can acquire perfect information at a finite cost, then no equilibrium exists, since, if information is acquired by some, it will be reflected in the price and so can be acquired costlessly by others, while if no one acquires
information, it will pay any individual to acquire it.
Harris, John R., and Michael P. Todaro. 1970. “Migration, Unemployment and Development: A Two-Sector Analysis.” American Economic Review, 60(1): 126–42.
This widely cited paper starts with the puzzle that in poor developing countries one observes individuals migrating from agricultural areas to urban areas, even though they would have positive marginal product in agriculture but face a substantial probability of unemployment in the urban area. The first step in the explanation is to note that there are politically determined minimum wages in the urban areas that prevent wages from adjusting to achieve full employment for all those who come to the urban areas. The equilibrium distribution of potential workers between the rural and urban areas equates the marginal product of labor in agriculture to the expected wage in the urban area, i.e., the product of the wage and the probability of employment.
Hayek, F. A. 1945. “The Use of Knowledge in Society.” American Economic Review, 35(4): 519–30.
The author addresses the fundamental question of the nature of the economic system and, in particular, its role in dealing with resource allocation when a fundamental knowledge base is distributed in small bits among a large population. The knowledge needed includes consumer valuations, production relations, and resource availabilities. In particular, general scientific principles, where expert opinion might be best, are only a small part of the knowledge base. The author argues for the importance of a price system in achieving coordination and efficiency in resource use without implying an impossible aggregation of information in a central place.
Jorgenson, Dale W. 1963. “Capital Theory and Investment Behavior.” American Economic Review, 53(2): 247–59.VOl. 101
This paper provided a theoretical framework for investment behavior based on a neoclassical theory of optimal capital accumulation. The paper introduced the user cost of capital as the key variable that combines the cost of finance (interest rates and equity yields) and tax rules (tax rates, depreciation schedules) and combined this user cost measure with the Cobb-Douglas production technology to obtain a desired stock of capital. Jorgenson then used the resulting implied optimal capital stock to derive an econometric equation for investment. Generalizations of the Jorgenson framework (e.g., to allow for more general production functions) made this the standard approach to the empirical study of the determinants of investment. The user cost of capital also became the key concept for the theoretical study of the effects of alternative tax rules.
Krueger, Anne O. 1974. “The Political Economy of the Rent-Seeking Society.” American Economic Review, 64(3): 291–303.
Many government policies, such as import licenses in developing nations, create rents for some market participants. While the presence of such rents and the distortions that they create have long been noted, this paper recognized the importance of “rent-seeking behavior” and explored its welfare implications. The paper’s central finding is that competitive rent-seeking increases the welfare costs of policies such as trade restrictions. In the context of import restrictions, this result strengthens the case for the use of tariffs rather than import quotas, since quotas create the possibility of rent-seeking behavior. By identifying the importance of rent-seeking activities and providing a framework for analyzing their welfare costs, this paper expanded the economic analysis of the government’s choice of policy instrument to achieve particular goals. It also helped to launch a voluminous literature on the role of corruption and governance in the process of economic development.
Krugman, Paul. 1980. “Scale Economies, Product Differentiation, and the Pattern of Trade.” American Economic Review, 70(5): 950–59.
The classical theory that foreign trade is determined by comparative advantage fails to explain some important observations, for example, that there is considerable trade in both directions within what is usually regarded as a single industry, and that countries tend to export goods for which the domestic demand is higher. Krugman investigates the determination of foreign trade under increasing returns; he assumes no difference in production conditions between countries.
Prices are determined by imperfect competition with costless product differentiation. Using Simple models, he formalizes foreign trade. When transport costs are introduced, he shows that each country will specialize, so no two will produce the same goods. The larger country will have terms of trade turned in its favor, and wages will be higher there. Some extensions of the model allow varieties within a single industry. It can then be shown that intra-industry trade can emerge and that countries will tend to export those commodities for which the domestic demand is highest.
Kuznets, Simon. 1955. “Economic Growth and Income Inequality.” American Economic Review, 45(1): 1–28.
Data from developing economies indicate that the earlier phases of economic development tend to be characterized by increasing income inequality, as those engaged in the small but growing modern sector of the economy pull away from those still left in agriculture and other Subsistence activities. The degree of inequality reaches a peak, however, and then diminishes with further development, as the modern sector comes to dominate the economy and perhaps more so if it creates room for redistributive activity. The resulting “Kuznets curve” has been the subject of much empirical research and discussion within development economics.
Lucas, Robert E., Jr. 1973. “Some International Evidence on Output-Inflation Tradeoffs.” American Economic Review, 63(3): 326–34.
This article introduces a tight but stylized model in which market participants must make decisions without knowing whether local changes in price signal changes in relative price or merely reflect changes in the general price level; they do, however, know the statistical properties of both processes. From this basis emerges a naturalrate model in which the ratio of real-output change to price-level change in response to exogenous shifts in aggregate expenditure depends on the relative variance of those processes. Time-series cross-section data for a number of countries provide some weak evidence consistent with the basic conclusion. The underlying assumption has gone out of favor, but the modeling technique has been very Influential.
Modigliani, Franco, and Merton H. Miller. 1958. “The Cost of Capital, Corporation Finance and the Theory of Investment.” American Economic Review, 48(3): 261–97.
A central question in corporate finance is how a firm’s financial choices, such as its use of debt rather than equity financing, affect its cost of capital and consequently its investment Behavior. This paper developed a new framework for addressing this question by asking how different debt-equity choices would affect the total market value of all of the cash flows that the firm provided to its investors, both bond-holders and stock-holders. The paper’s central result is that, in a setting with complete capital markets and in the absence of tax-induced distortions, a firm’s total market value is invariant to its borrowing behavior. This powerful result can be demonstrated constructively, by developing a straightforward set of borrowing or
lending transactions that an equity investor can undertake to offset the consequences of changes in corporate borrowing. The analytical approach in this paper is one of the key foundations for the modern field of financial economics.
Mundell, Robert A. 1961. “A Theory of Optimum Currency Areas.” American Economic Review, 51(4): 657–65.
This paper explains that selecting the optimal geographic area for a single currency involves balancing two considerations. Macroeconomic stability is enhanced if the currency area has a high degree of internal factor mobility relative to the cross-border factor mobility. Taken by itself, this could lead to an excessively large number of currency areas, in the sense that There would be substantial transaction costs and valuation costs involved in making cross-area purchases. The optimal size of a currency area involves balancing these two considerations. Mundell discussed the potential application of this to the European countries some 30 years before the euro was introduced.
Ross, Stephen A. 1973. “The Economic Theory of Agency: The Principal’s Problem.” American Economic Review, 63(2): 134–39.
This paper was the first to describe and analyze the canonical principal-agent problem with moral hazard, which has since become a cornerstone of microeconomic theory. It solved for the optimal compensation scheme using the first-order approach, and compared the solution to the first-best arrangement, noting that the two generally diverge due to the principal’s need to motivate the agent. It characterized the class of utility functions for which the principal’s solution is first-best optimal regardless of the payoff structure, as well as the class of payoff structures for which the solution is first-best optimal regardless of the utility functions. In only a handful of terse pages, it anticipated many of the central issues with which the subsequent literature was concerned.
Shiller, Robert J. 1981. “Do Stock Prices Move Too Much to Be Justified by Subsequent Changes in Dividends?” American Economic Review, 71(3): 421–36.
Standard models of asset market equilibrium imply that the value of a share of corporate stock equals the present discounted value of that stock’s expected future payouts. This paper applied an ingenious test of this present value relationship, which compared the variance of annual stock price movements with the variance in corporate dividend payouts, to the US equity market for the period 1870–1979. The results suggested that historical stock price volatility was much greater than the volatility of dividend payouts would appear to warrant. This empirical finding
stimulated a wide range of follow-on research exploring various aspects of the efficient markets hypothesis, testing for time-varying discount rates in capital markets, and investigating the econometric properties of stock market returns and corporate payouts.
REFERENCES
Alchian, Armen A., and Harold Demsetz. 1972. “Production, Information Costs, and Economic Organization.” American Economic Review, 62(5): 777–95.
Arrow, Kenneth J. 1963. “Uncertainty and the Welfare Economics of Medical Care.” American Economic Review, 53(5): 941–73.
Cobb, Charles W., and Paul H. Douglas. 1928. “A Theory of Production.” American Economic Review,
18(1): 139–65.
Deaton, Angus S., and John Muellbauer. 1980. “An Almost Ideal Demand System.” American Economic Review, 70(3): 312–26.
Diamond, Peter A. 1965. “National Debt in a Neoclassical Growth Model.” American Economic
Review, 55(5): 1126–50.
Diamond, Peter A., and James A. Mirrlees. 1971. “Optimal Taxation and Public Production I: Production Efficiency.” American Economic Review, 61(1): 8–27.
Diamond, Peter A., and James A. Mirrlees. 1971. “Optimal Taxation and Public Production II: Tax
Rules.” American Economic Review, 61(3): 261–78.
Dixit, Avinash K., and Joseph E. Stiglitz. 1977. “Monopolistic Competition and Optimum Product
Diversity.” American Economic Review, 67(3): 297–308.
Friedman, Milton. 1968. “The Role of Monetary Policy.” American Economic Review, 58(1): 1–17.
Grossman, Sanford J., and Joseph E. Stiglitz. 1980. “On the Impossibility of Informationally Efficient Markets.” American Economic Review, 70(3): 393–408.
Harris, John R., and Michael P. Todaro. 1970. “Migration, Unemployment and Development: A Two Sector Analysis.” American Economic Review, 60(1): 126–42.
Hayek, F. A. 1945. “The Use of Knowledge in Society.” American Economic Review, 35(4): 519–30.
Jorgenson, Dale W. 1963. “Capital Theory and Investment Behavior.” American Economic Review,
53(2): 247–59.
Krueger, Anne O. 1974. “The Political Economy of the Rent-Seeking Society.” American Economic
Review, 64(3): 291–303.
Krugman, Paul. 1980. “Scale Economies, Product Differentiation, and the Pattern of Trade.” American Economic Review, 70(5): 950–59.
Kuznets, Simon. 1955. “Economic Growth and Income Inequality.” American Economic Review,
45(1): 1–28.
Lucas, Robert E., Jr. 1973. “Some International Evidence on Output-Inflation Tradeoffs.” American Economic Review, 63(3): 326–34.
Modigliani, Franco, and Merton H. Miller. 1958. “The Cost of Capital, Corporation Finance and the Theory of Investment.” American Economic Review, 48(3): 261–97.
Mundell, Robert A. 1961. “A Theory of Optimum Currency Areas.” American Economic Review,
51(4): 657–65.
Ross, Stephen A. 1973. “The Economic Theory of Agency: The Principal’s Problem.” American Economic Review, 63(2): 134–39.
Shiller, Robert J. 1981. “Do Stock Prices Move Too Much to Be Justified by Subsequent Changes in
Dividends?” American Economic Review, 71(3): 421–36.
* Arrow: Stanford Institute for Economic Policy Research (SIEPR), Stanford, CA 94305; Bernheim: Stanford University Department of Economics, Economics Building, 247 Stanford, California 94305; Feldstein: National Bureau of Economic Research, 1050 Massachusetts Avenue, Cambridge, MA 02138; McFadden: University of California, Berkeley, Department of Economics, 508-1 Evans Hall, Berkeley, CA 94720; Poterba: MIT Department of Economics, 50 Memorial Drive, Building E52, Room 350, Cambridge MA 02142; Solow: MIT Department of Economics, 50 Memorial Drive, Building E52, Cambridge MA 02142. We thank Jeffrey Hovis and Andrew McLetchie of JSTOR for their assistance. The 20 articles featured in this paper are available in the online version at
http://www.aeaweb.org/articles.php?doi=10.1257/aer.101.1.1.2
Paulo Roberto de Almeida
100 Years of American Economic Review: The Top 20 Articles
American Economic Review 101 (February 2011): 1–8
http://www.aeaweb.org/articles.php?doi=10.1257/aer.101.1.1
http://pubs.aeaweb.org/doi/pdfplus/10.1257/aer.101.1.1
The Top 20 Committee, consisting of Kenneth J. Arrow, B. Douglas Bernheim, Martin S. Feldstein, Daniel L. McFadden, James M. Poterba, and Robert M. Solow, was appointed by Robert Moffitt with the task of selecting the “Top 20” articles published in the American Economic Review during its first hundred years. We decided against trying to define formally the criteria for inclusion: they surely comprise sheer intellectual quality, influence on the ideas and practices of economists, and general significance or breadth; but it would be fruitless to try to specify the marginal rates of substitution among these and other qualities. We were looking for 20 admirable
and important articles.
As a starting point we used citation counts and numbers of searches in JSTOR. This is obviously important and relevant information, but not decisive on its own. Citation counts are biased in favor of subfields of economics with the largest populations. There is also a bias in favor of moderately recent articles, if only because the number of potential readers and writers has been increasing in time; very recent articles suffer from the fact that citations build up over time. In any case we were expected to use our judgment about quality and significance. So we used the citation and JSTOR data only to give us a large group of eligibles. We worried especially about overlooking articles in the very early days of the AER, some by great names in the history of economics. But we found, just to take one striking example, that although Irving Fisher published several articles in the journal, they were all minor or ephemeral pieces.
In the event, our early ballots showed an encouraging unanimity or near-unanimity, especially about the leading candidates. We very quickly converged on the Top 15 articles. There were occasional differences of opinion, only to be expected from a group with diverse interests, as we filled in the remaining three to five places. Here is our final list, arranged alphabetically, along with a brief reminder about each. There are few, if any, surprises.
100 Years of the American Economic Review:
The Top 20 Articles
By Kenneth J. Arrow, B. Douglas Bernheim, Martin S. Feldstein, Daniel L. McFadden, James M. Poterba, and Robert M. Solow*
Alchian, Armen A., and Harold Demsetz. 1972. “Production, Information Costs, and Economic Organization.” American Economic Review, 62(5): 777–95.
What is the special role of the firm in organizing production? The authors argue that it is the ability to measure inputs and their productivity and to allocate hired resources in production involving the cooperation of many inputs. It is this phenomenon that explains why all ooperation of factors does not take place through market-determined contracts. The firm is made to be the residual claimant because that approach creates the appropriate incentives for management. Many implications of this hypothesis are developed.
Arrow, Kenneth J. 1963. “Uncertainty and the Welfare Economics of Medical Care.” American Economic Review, 53(5): 941–73.
This paper provided a framework for thinking about the economics of the market for medical care using the language and tools of modern microeconomics. It argued that the aforementioned market is beset by market failures because consumers are exposed to risks that are not fully insurable (in large part due to problems of moral hazard), and because they lack the information and expertise required to assess risks and treatments. It hypothesized that various salient features of the institutions governing the provision of medical care are best understood as social adaptations aimed at redressing the resulting inefficiencies. It also noted that in some cases those institutional adaptations undermine competition and perversely contribute to inefficiency. Though written well prior to the emergence of the formal literature on asymmetric information, the paper anticipated many of the central issues that continue to occupy health economists today.
Cobb, Charles W., and Paul H. Douglas. 1928. “A Theory of Production.” American Economic Review, 18(1): 139–65.
The cliché surely applies here: this paper needs no introduction. The convenience and success of the constant-elasticity Cobb-Douglas function has spread its use from representing production possibilities, which was of course its original use, to representing utility functions and to much else throughout empirical and theoretical economics. Cobb and Douglas explored the elementary properties and implications of the functional form, and pointed to the approximate constancy of the relative shares of labor and capital in total income as the validating empirical fact.
Deaton, Angus S., and John Muellbauer. 1980. “An Almost Ideal Demand System.” American Economic Review, 70(3): 312–26.
A vast industry in applied econometrics analyzes the demand for specific products, and the impact on consumers of public and private policies that alter market equilibrium. This paper, building on the traditions of Cobb-Douglas, Stone, and Gorman, introduces a practical system of demand equations that are consistent with preference maximization and have sufficient flexibility to support full welfare analysis of policies that have an impact on consumers. The Deaton-Muellbauer system is now the standard for empirical analysis of consumer demand.
Diamond, Peter A. 1965. “National Debt in a Neoclassical Growth Model.” American Economic Review, 55(5): 1126–50.
Building on Paul Samuelson’s seminal work concerning consumption loans between individuals of different generations, this paper pioneered the analysis of overlapping generations (OLG) models with durable capital goods. It illuminated the properties of such models through two fundamental contributions. First, it demonstrated that the competitive equilibria of infinite horizon OLG models can be inefficient, even in the absence of conventional market failures. Second, it identified the mechanisms through which both external and internal debt can potentially reduce the capital stock. In clarifying the general equilibrium effects of displacing physical capital with government debt in individuals’ portfolios, it resolved a long-standing debate concerning the feasibility of using internal debt to shift the burden of paying for public expenditures to future generations.
Diamond, Peter A., and James A. Mirrlees. 1971. “Optimal Taxation and Public Production I: Production Efficiency.” American Economic Review, 61(1): 8–27.
Diamond, Peter A., and James A. Mirrlees. 1971. “Optimal Taxation and Public Production II: Tax Rules.” American Economic Review, 61(3): 261–78.
This paper, in two parts, is the foundation of the theory of optimal taxation and public production in the presence of second-best limitations on redistribution and private production. Diamond and Mirrlees show how the tax system can be tuned to minimize distortions and disincentives, and eliminate production inefficiencies. By subjecting tax systems to rigorous microeconomic analysis, this paper opened research on tax mechanism design and minimization of the burden of taxes.
Dixit, Avinash K., and Joseph E. Stiglitz. 1977. “Monopolistic Competition and Optimum Product Diversity.” American Economic Review, 67(3): 297–308.
Under monopolistic competition with differentiated goods and increasing returns to scale in each good, is there too much or too little product differentiation? This paper uses classical tools of microeconomics to answer this question, and in doing so, provides the foundation for an entire literature in which products are endogenous in number and attributes, and general equilibrium welfare analysis can be used to examine the consequences of tastes for variety.
Friedman, Milton. 1968. “The Role of Monetary Policy.” American Economic Review, 58(1): 1–17.
This presidential address is the origin of the “vertical long-run Phillips curve,” along with a contemporary paper by Edmund S. Phelps. It introduced the idea of a “natural” rate of unemployment as the only rate compatible with the sustained coincidence of actual and expected rates of inflation. This is the basis of the conclusion that the Phillips curve is vertical in the long run, allowing only a temporary trade-off between unemployment and inflation. From this followed possible implications for the conduct of macro-policy, especially monetary policy. An enormous amount of research and discussion followed.
Grossman, Sanford J., and Joseph E. Stiglitz. 1980. “On the Impossibility of Informationally Efficient Markets.” American Economic Review, 70(3): 393–408.
As pointed out by a number of scholars, in a world of dispersed information, the equilibrium price will itself in general be a source of information to participants, since it incorporates whatever information other participants have. Grossman and Stiglitz examine the implication for the case where information can be acquired at a cost. If there is an equilibrium, some will choose to get informed and others not; the two courses of action must be indifferent. (Very special assumptions are made about the risk aversion characteristics of the population and about its heterogeneity.) In particular, if some individuals can acquire perfect information at a finite cost, then no equilibrium exists, since, if information is acquired by some, it will be reflected in the price and so can be acquired costlessly by others, while if no one acquires
information, it will pay any individual to acquire it.
Harris, John R., and Michael P. Todaro. 1970. “Migration, Unemployment and Development: A Two-Sector Analysis.” American Economic Review, 60(1): 126–42.
This widely cited paper starts with the puzzle that in poor developing countries one observes individuals migrating from agricultural areas to urban areas, even though they would have positive marginal product in agriculture but face a substantial probability of unemployment in the urban area. The first step in the explanation is to note that there are politically determined minimum wages in the urban areas that prevent wages from adjusting to achieve full employment for all those who come to the urban areas. The equilibrium distribution of potential workers between the rural and urban areas equates the marginal product of labor in agriculture to the expected wage in the urban area, i.e., the product of the wage and the probability of employment.
Hayek, F. A. 1945. “The Use of Knowledge in Society.” American Economic Review, 35(4): 519–30.
The author addresses the fundamental question of the nature of the economic system and, in particular, its role in dealing with resource allocation when a fundamental knowledge base is distributed in small bits among a large population. The knowledge needed includes consumer valuations, production relations, and resource availabilities. In particular, general scientific principles, where expert opinion might be best, are only a small part of the knowledge base. The author argues for the importance of a price system in achieving coordination and efficiency in resource use without implying an impossible aggregation of information in a central place.
Jorgenson, Dale W. 1963. “Capital Theory and Investment Behavior.” American Economic Review, 53(2): 247–59.VOl. 101
This paper provided a theoretical framework for investment behavior based on a neoclassical theory of optimal capital accumulation. The paper introduced the user cost of capital as the key variable that combines the cost of finance (interest rates and equity yields) and tax rules (tax rates, depreciation schedules) and combined this user cost measure with the Cobb-Douglas production technology to obtain a desired stock of capital. Jorgenson then used the resulting implied optimal capital stock to derive an econometric equation for investment. Generalizations of the Jorgenson framework (e.g., to allow for more general production functions) made this the standard approach to the empirical study of the determinants of investment. The user cost of capital also became the key concept for the theoretical study of the effects of alternative tax rules.
Krueger, Anne O. 1974. “The Political Economy of the Rent-Seeking Society.” American Economic Review, 64(3): 291–303.
Many government policies, such as import licenses in developing nations, create rents for some market participants. While the presence of such rents and the distortions that they create have long been noted, this paper recognized the importance of “rent-seeking behavior” and explored its welfare implications. The paper’s central finding is that competitive rent-seeking increases the welfare costs of policies such as trade restrictions. In the context of import restrictions, this result strengthens the case for the use of tariffs rather than import quotas, since quotas create the possibility of rent-seeking behavior. By identifying the importance of rent-seeking activities and providing a framework for analyzing their welfare costs, this paper expanded the economic analysis of the government’s choice of policy instrument to achieve particular goals. It also helped to launch a voluminous literature on the role of corruption and governance in the process of economic development.
Krugman, Paul. 1980. “Scale Economies, Product Differentiation, and the Pattern of Trade.” American Economic Review, 70(5): 950–59.
The classical theory that foreign trade is determined by comparative advantage fails to explain some important observations, for example, that there is considerable trade in both directions within what is usually regarded as a single industry, and that countries tend to export goods for which the domestic demand is higher. Krugman investigates the determination of foreign trade under increasing returns; he assumes no difference in production conditions between countries.
Prices are determined by imperfect competition with costless product differentiation. Using Simple models, he formalizes foreign trade. When transport costs are introduced, he shows that each country will specialize, so no two will produce the same goods. The larger country will have terms of trade turned in its favor, and wages will be higher there. Some extensions of the model allow varieties within a single industry. It can then be shown that intra-industry trade can emerge and that countries will tend to export those commodities for which the domestic demand is highest.
Kuznets, Simon. 1955. “Economic Growth and Income Inequality.” American Economic Review, 45(1): 1–28.
Data from developing economies indicate that the earlier phases of economic development tend to be characterized by increasing income inequality, as those engaged in the small but growing modern sector of the economy pull away from those still left in agriculture and other Subsistence activities. The degree of inequality reaches a peak, however, and then diminishes with further development, as the modern sector comes to dominate the economy and perhaps more so if it creates room for redistributive activity. The resulting “Kuznets curve” has been the subject of much empirical research and discussion within development economics.
Lucas, Robert E., Jr. 1973. “Some International Evidence on Output-Inflation Tradeoffs.” American Economic Review, 63(3): 326–34.
This article introduces a tight but stylized model in which market participants must make decisions without knowing whether local changes in price signal changes in relative price or merely reflect changes in the general price level; they do, however, know the statistical properties of both processes. From this basis emerges a naturalrate model in which the ratio of real-output change to price-level change in response to exogenous shifts in aggregate expenditure depends on the relative variance of those processes. Time-series cross-section data for a number of countries provide some weak evidence consistent with the basic conclusion. The underlying assumption has gone out of favor, but the modeling technique has been very Influential.
Modigliani, Franco, and Merton H. Miller. 1958. “The Cost of Capital, Corporation Finance and the Theory of Investment.” American Economic Review, 48(3): 261–97.
A central question in corporate finance is how a firm’s financial choices, such as its use of debt rather than equity financing, affect its cost of capital and consequently its investment Behavior. This paper developed a new framework for addressing this question by asking how different debt-equity choices would affect the total market value of all of the cash flows that the firm provided to its investors, both bond-holders and stock-holders. The paper’s central result is that, in a setting with complete capital markets and in the absence of tax-induced distortions, a firm’s total market value is invariant to its borrowing behavior. This powerful result can be demonstrated constructively, by developing a straightforward set of borrowing or
lending transactions that an equity investor can undertake to offset the consequences of changes in corporate borrowing. The analytical approach in this paper is one of the key foundations for the modern field of financial economics.
Mundell, Robert A. 1961. “A Theory of Optimum Currency Areas.” American Economic Review, 51(4): 657–65.
This paper explains that selecting the optimal geographic area for a single currency involves balancing two considerations. Macroeconomic stability is enhanced if the currency area has a high degree of internal factor mobility relative to the cross-border factor mobility. Taken by itself, this could lead to an excessively large number of currency areas, in the sense that There would be substantial transaction costs and valuation costs involved in making cross-area purchases. The optimal size of a currency area involves balancing these two considerations. Mundell discussed the potential application of this to the European countries some 30 years before the euro was introduced.
Ross, Stephen A. 1973. “The Economic Theory of Agency: The Principal’s Problem.” American Economic Review, 63(2): 134–39.
This paper was the first to describe and analyze the canonical principal-agent problem with moral hazard, which has since become a cornerstone of microeconomic theory. It solved for the optimal compensation scheme using the first-order approach, and compared the solution to the first-best arrangement, noting that the two generally diverge due to the principal’s need to motivate the agent. It characterized the class of utility functions for which the principal’s solution is first-best optimal regardless of the payoff structure, as well as the class of payoff structures for which the solution is first-best optimal regardless of the utility functions. In only a handful of terse pages, it anticipated many of the central issues with which the subsequent literature was concerned.
Shiller, Robert J. 1981. “Do Stock Prices Move Too Much to Be Justified by Subsequent Changes in Dividends?” American Economic Review, 71(3): 421–36.
Standard models of asset market equilibrium imply that the value of a share of corporate stock equals the present discounted value of that stock’s expected future payouts. This paper applied an ingenious test of this present value relationship, which compared the variance of annual stock price movements with the variance in corporate dividend payouts, to the US equity market for the period 1870–1979. The results suggested that historical stock price volatility was much greater than the volatility of dividend payouts would appear to warrant. This empirical finding
stimulated a wide range of follow-on research exploring various aspects of the efficient markets hypothesis, testing for time-varying discount rates in capital markets, and investigating the econometric properties of stock market returns and corporate payouts.
REFERENCES
Alchian, Armen A., and Harold Demsetz. 1972. “Production, Information Costs, and Economic Organization.” American Economic Review, 62(5): 777–95.
Arrow, Kenneth J. 1963. “Uncertainty and the Welfare Economics of Medical Care.” American Economic Review, 53(5): 941–73.
Cobb, Charles W., and Paul H. Douglas. 1928. “A Theory of Production.” American Economic Review,
18(1): 139–65.
Deaton, Angus S., and John Muellbauer. 1980. “An Almost Ideal Demand System.” American Economic Review, 70(3): 312–26.
Diamond, Peter A. 1965. “National Debt in a Neoclassical Growth Model.” American Economic
Review, 55(5): 1126–50.
Diamond, Peter A., and James A. Mirrlees. 1971. “Optimal Taxation and Public Production I: Production Efficiency.” American Economic Review, 61(1): 8–27.
Diamond, Peter A., and James A. Mirrlees. 1971. “Optimal Taxation and Public Production II: Tax
Rules.” American Economic Review, 61(3): 261–78.
Dixit, Avinash K., and Joseph E. Stiglitz. 1977. “Monopolistic Competition and Optimum Product
Diversity.” American Economic Review, 67(3): 297–308.
Friedman, Milton. 1968. “The Role of Monetary Policy.” American Economic Review, 58(1): 1–17.
Grossman, Sanford J., and Joseph E. Stiglitz. 1980. “On the Impossibility of Informationally Efficient Markets.” American Economic Review, 70(3): 393–408.
Harris, John R., and Michael P. Todaro. 1970. “Migration, Unemployment and Development: A Two Sector Analysis.” American Economic Review, 60(1): 126–42.
Hayek, F. A. 1945. “The Use of Knowledge in Society.” American Economic Review, 35(4): 519–30.
Jorgenson, Dale W. 1963. “Capital Theory and Investment Behavior.” American Economic Review,
53(2): 247–59.
Krueger, Anne O. 1974. “The Political Economy of the Rent-Seeking Society.” American Economic
Review, 64(3): 291–303.
Krugman, Paul. 1980. “Scale Economies, Product Differentiation, and the Pattern of Trade.” American Economic Review, 70(5): 950–59.
Kuznets, Simon. 1955. “Economic Growth and Income Inequality.” American Economic Review,
45(1): 1–28.
Lucas, Robert E., Jr. 1973. “Some International Evidence on Output-Inflation Tradeoffs.” American Economic Review, 63(3): 326–34.
Modigliani, Franco, and Merton H. Miller. 1958. “The Cost of Capital, Corporation Finance and the Theory of Investment.” American Economic Review, 48(3): 261–97.
Mundell, Robert A. 1961. “A Theory of Optimum Currency Areas.” American Economic Review,
51(4): 657–65.
Ross, Stephen A. 1973. “The Economic Theory of Agency: The Principal’s Problem.” American Economic Review, 63(2): 134–39.
Shiller, Robert J. 1981. “Do Stock Prices Move Too Much to Be Justified by Subsequent Changes in
Dividends?” American Economic Review, 71(3): 421–36.
* Arrow: Stanford Institute for Economic Policy Research (SIEPR), Stanford, CA 94305; Bernheim: Stanford University Department of Economics, Economics Building, 247 Stanford, California 94305; Feldstein: National Bureau of Economic Research, 1050 Massachusetts Avenue, Cambridge, MA 02138; McFadden: University of California, Berkeley, Department of Economics, 508-1 Evans Hall, Berkeley, CA 94720; Poterba: MIT Department of Economics, 50 Memorial Drive, Building E52, Room 350, Cambridge MA 02142; Solow: MIT Department of Economics, 50 Memorial Drive, Building E52, Cambridge MA 02142. We thank Jeffrey Hovis and Andrew McLetchie of JSTOR for their assistance. The 20 articles featured in this paper are available in the online version at
http://www.aeaweb.org/articles.php?doi=10.1257/aer.101.1.1.2
Carreira diplomatica: leituras para o concurso de entrada
Bibliografia para o concurso do Rio Branco
Resumo de uma lista de leituras por:
Paulo Roberto de Almeida
(Brasília, fevereiro de 2010)
Um candidato à carreira diplomática, preocupado, como muitos, com a enormidade da lista de leituras requeridas, escreveu-me, no final de 2010, para perguntar-me se eu tinha uma lista resumida de leituras. Eu tinha, ou tive, uma lista desse tipo, mas eu a tinha elaborado em 2005 ou 2006, numa época em que a bibliografia não tinha assumido ainda proporções montanhosas, e quando o concurso tinha, talvez, outras características em relação ao período atual (2010-2011). Minha lista deve figurar no meu site de dicas para a carreira diplomática, que a despeito de necessitar uma boa atualização e reformatação, pode ainda servir para algo (link: http://www.pralmeida.org/04Temas/04AcademiaDiplom/02DiplomaciaGeral.html).
Não tenho a pretensão de fazer a lista perfeita, mas uma vez que fui solicitado a resumir aqueles que considero serem os livros essenciais para uma boa preparação, vou fazê-lo, com base UNICAMENTE na lista oficial de 2010 (já que o Guia de Estudos de 2011 não traz indicação de leituras). Eu o farei exclusivamente naquelas matérias com as quais mantenho certa familiaridade, substantiva e bibliográfica, à exclusão, portanto, de Português e de Inglês, embora eu também teria algo a eliminar do restante e algo a acrescentar (o que não vou fazer para não agregar à agonia dos candidatos.
Esta é, com todas as restrições aplicáveis, a “minha” lista, embora eu alerte, uma vez mais, que uma boa preparação para o Rio Branco vai muito além dessas “leituras obrigatórias”. Desejo bons estudos e boa sorte a todos os candidatos.
Paulo Roberto de Almeida
História do Brasil:
CANDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 1997.
CARONE, Edgar. A República Velha. São Paulo: DIFEL.
________. A República Nova (1930-1937). São Paulo: DIFEL. 1982.
________. A Terceira República (1937-1945). São Paulo: DIFEL. 1982.
CERVO, Amado; BUENO, Clodoaldo. História da Política Exterior do Brasil. Brasília: Editora UnB, 2002.
FAORO, Raymundo. Os Donos do Poder: Formação do Patronato Político Brasileiro. São Paulo: Globo/Publifolha, 2001. 2 v.
FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil. São Paulo: Edusp-Imprensa Oficial 2002.
FLORES, Moacyr. Dicionário de História do Brasil. Porto Alegre: Edipucrs, 2001.
FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. São Paulo: Nacional, 2003.
GARCIA, Eugênio Vargas. Cronologia das Relações Internacionais do Brasil. Rio de Janeiro: Contraponto Editora, 2006.
IGLESIAS, Francisco. Trajetória Política do Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 2000.
LINHARES, Maria Yedda (Org.). História Geral do Brasil. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1996.
PRADO JUNIOR, Caio. História Econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1995.
________. A Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo: Publifolha, 2000.
História Mundial:
BARRACLOUGH, G. Introdução à História Contemporânea. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.
BEAUD, Michel. História do Capitalismo de 1500 a Nossos Dias. 4. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
BURNS, Edward McNall. História da Civilização Ocidental. São Paulo: Editora Globo, 1994, 2v.
CARR, Edward H. Vinte Anos de Crise, 1919-1939. Brasília: Editora UnB/Imprensa Oficial do Estado/IPRI, 2001.
CERVO, Amado Luiz; RAPOPORT, Mario (Orgs.). História do Cone Sul. Brasília, Editora UnB/Revan, 1998.
HALPERIN DONGHI, Tulio. História da América Latina. São Paulo: Paz e Terra, 1997.
HOBSBAWM, Eric. A Era das Revoluções. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003.
________. A Era do Capital. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.
________. A Era dos Extremos. Rio de Janeiro: Cia. das Letras, 2001.
________. A Era dos Impérios. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.
KENNEDY, Paul. Ascensão e Queda das Grandes Potências. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1989.
MAGNOLI, Demetrio. Relações Internacionais: teoria e história. São Paulo: Editora Saraiva, 2004.
ROBERTS, J. M. The Penguin History of the Twentieth Century: The History of the World, 1901 to the Present. Londres: Penguin, 2004.
SARAIVA, José Flávio S. (Org.) História das Relações Internacionais Contemporâneas. São Paulo: Editora Saraiva/IBRI, 2007.
WATSON, Adam. A Evolução da Sociedade Internacional: uma análise histórica comparativa. Brasília: Editora UnB, 2004.
Geografia:
BENKO, George. Economia, Espaço e Globalização. 2.ed. São Paulo: Hucitec, 1999.
BECKER, Bertha et alli. Geografia e meio ambiente no Brasil. 2.ed. São Paulo:Hucitec.1995.
BECKER, Bertha & EGLER, Claudio. Brasil: Uma nova potência regional na economia-mundo. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand, 1994.
GREGORY, Derek et alli. Geografia Humana. Sociedade, Espaço e Ciência Social. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.
MAGNOLI, Demétrio. O corpo da pátria. São Paulo: Moderna/EDUNESP, 1997.
MORAES, Antonio Carlos Robert. Território e História no Brasil. 2. ed. São Paulo: Annablume, 2005.
________. Bases da formação territorial do Brasil. São Paulo: Hucitec, 2000.
RIBEIRO, Wagner Costa (org.) A ordem ambiental internacional. São Paulo:
Contexto, 2001.
THÉRY, Hervé & MELLO, Neli Aparecida. Atlas do Brasil. Disparidades e dinâmicas do território. São Paulo: EDUSP, 2005.
Política internacional:
ALBUQUERQUE, José A. Guilhon (Org.). Sessenta Anos de Política Externa Brasileira. São Paulo: USP, 1996, 4v.
BAYLIS, John & SMITH, Steve (Orgs.). The Globalization of World Politics: an introduction to international relations. Oxford: Oxford University Press, 2001.
BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Secretaria de Planejamento Diplomático. Repertório de Política Externa – Posições do Brasil. Brasília: FUNAG, 2007.
CASTRO, Marcus Faro de. Política e Relações Internacionais: fundamentos clássicos. Brasília: Editora UnB, 2005.
CERVO, Amado Luiz. Inserção Internacional: formação dos conceitos brasileiros. São Paulo: Editora Saraiva, 2007.
___________. As Relações Internacionais da América Latina: velhos e novos paradigmas. Brasília: FUNAG/IBRI, 2001.
GILPIN, Robert. A Economia Política das Relações Internacionais. Brasília: Editora UnB, 2002.
________. O Desafio do Capitalismo Global: economia mundial no século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2004.
LAGO, André Aranha Corrêa do. Estocolmo, Rio, Joanesburgo: o Brasil e as três Conferências Ambientais das Nações Unidas. Brasília: Instituto Rio Branco; Fundação Alexandre de Gusmão, 2007.
LESSA, Antônio Carlos. ALTEMANI, Henrique (orgs.) Relações Internacionais do Brasil: Temas e Agendas. São Paulo: Editora Saraiva, 2006, 2 vols.
VIZENTINI, Paulo Fagundes. A Política Externa do Regime Militar Brasileiro: Multilateralização, Desenvolvimento e a Construção de uma Potência Média (1964- 1985). Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS, 1998.
Economia:
ABREU, Marcelo P. A. Ordem do Progresso: Cem Anos de Política Econômica Republicana 1889-1989. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Notas Metodológicas do Balanço de Pagamentos. Notas Técnicas do Banco Central do Brasil. Nº 1, junho, 2001. (texto disponível na página: http://www.bcb.gov.br)
BIELSCHOWSKY, Ricardo. Pensamento Econômico Brasileiro. (Capítulos 2, 9, 10 e 11). 4ª Edição. Rio de Janeiro: Contraponto, 2000.
FEIJÓ, Carmem A. et al. Contabilidade Social: a Nova Referência das Contas Nacionais do Brasil. (Capítulos 3 e 5). 3ª edição. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2007.
FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. São Paulo: Nacional, 2003.
GAMBIAGI, Fabio; VILLELLA, A.; BARROS DE CASTRO, L; HERMMAN, J. (orgs.). Economia Brasileira e Contemporânea (1945-2004). Editora Elsevier/Campus, 2005.
MANKIW, N. G. Introdução à Economia: Princípios de Micro e Macroeconomia. 3ª Edição. Rio de Janeiro: Pioneira Thomson, 2006.
PINHO, Diva B.; VASCONCELOS, M. A. S. (orgs.). Manual de economia. São Paulo: Saraiva, 2006.
SAMUELSON, Paul A.; NORDHAUS, W. D. Economia. 17ª Edição: McGraw-Hill Interamericana do Brasil, 2004.
VERSIANI, F. R. e MENDONÇA DE BARROS, J. R. (orgs.). Formação Econômica do Brasil: a Experiência da Industrialização. São Paulo: Saraiva, 1979.
Direito Internacional Público:
ACCIOLY, Hildebrando e Geraldo Eulálio do Nascimento e Silva. Manual de direito internacional público. 17 ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
MELLO, Celso de Albuquerque. Curso de direito internacional público. 14 ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2004.
QUOC DINH, Nguyen, Patrick Dailler e Alain Pellet. Direito internacional público. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1999.
RANGEL, Vicente Marotta. Direito e relações internacionais. 7 ed. São Paulo: RT, 2002.
REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. 10 ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
SEITENFUS, Ricardo. Manual das organizações internacionais. 3 ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003.
SILVA, José Affonso da. Curso de direito constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2004.
SOARES, Guido Fernando Silva. Curso de direito internacional público. v. 1. São Paulo: Atlas, 2002.
THORSTENSEN, Vera. OMC: Organização Mundial do Comércio: as regras do comércio internacional e a nova rodada de negociações multilaterais. São Paulo: Aduaneiras, 2001.
TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. Direito das organizações internacionais. 3 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2003.
Resumo de uma lista de leituras por:
Paulo Roberto de Almeida
(Brasília, fevereiro de 2010)
Um candidato à carreira diplomática, preocupado, como muitos, com a enormidade da lista de leituras requeridas, escreveu-me, no final de 2010, para perguntar-me se eu tinha uma lista resumida de leituras. Eu tinha, ou tive, uma lista desse tipo, mas eu a tinha elaborado em 2005 ou 2006, numa época em que a bibliografia não tinha assumido ainda proporções montanhosas, e quando o concurso tinha, talvez, outras características em relação ao período atual (2010-2011). Minha lista deve figurar no meu site de dicas para a carreira diplomática, que a despeito de necessitar uma boa atualização e reformatação, pode ainda servir para algo (link: http://www.pralmeida.org/04Temas/04AcademiaDiplom/02DiplomaciaGeral.html).
Não tenho a pretensão de fazer a lista perfeita, mas uma vez que fui solicitado a resumir aqueles que considero serem os livros essenciais para uma boa preparação, vou fazê-lo, com base UNICAMENTE na lista oficial de 2010 (já que o Guia de Estudos de 2011 não traz indicação de leituras). Eu o farei exclusivamente naquelas matérias com as quais mantenho certa familiaridade, substantiva e bibliográfica, à exclusão, portanto, de Português e de Inglês, embora eu também teria algo a eliminar do restante e algo a acrescentar (o que não vou fazer para não agregar à agonia dos candidatos.
Esta é, com todas as restrições aplicáveis, a “minha” lista, embora eu alerte, uma vez mais, que uma boa preparação para o Rio Branco vai muito além dessas “leituras obrigatórias”. Desejo bons estudos e boa sorte a todos os candidatos.
Paulo Roberto de Almeida
História do Brasil:
CANDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 1997.
CARONE, Edgar. A República Velha. São Paulo: DIFEL.
________. A República Nova (1930-1937). São Paulo: DIFEL. 1982.
________. A Terceira República (1937-1945). São Paulo: DIFEL. 1982.
CERVO, Amado; BUENO, Clodoaldo. História da Política Exterior do Brasil. Brasília: Editora UnB, 2002.
FAORO, Raymundo. Os Donos do Poder: Formação do Patronato Político Brasileiro. São Paulo: Globo/Publifolha, 2001. 2 v.
FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil. São Paulo: Edusp-Imprensa Oficial 2002.
FLORES, Moacyr. Dicionário de História do Brasil. Porto Alegre: Edipucrs, 2001.
FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. São Paulo: Nacional, 2003.
GARCIA, Eugênio Vargas. Cronologia das Relações Internacionais do Brasil. Rio de Janeiro: Contraponto Editora, 2006.
IGLESIAS, Francisco. Trajetória Política do Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 2000.
LINHARES, Maria Yedda (Org.). História Geral do Brasil. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1996.
PRADO JUNIOR, Caio. História Econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1995.
________. A Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo: Publifolha, 2000.
História Mundial:
BARRACLOUGH, G. Introdução à História Contemporânea. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.
BEAUD, Michel. História do Capitalismo de 1500 a Nossos Dias. 4. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
BURNS, Edward McNall. História da Civilização Ocidental. São Paulo: Editora Globo, 1994, 2v.
CARR, Edward H. Vinte Anos de Crise, 1919-1939. Brasília: Editora UnB/Imprensa Oficial do Estado/IPRI, 2001.
CERVO, Amado Luiz; RAPOPORT, Mario (Orgs.). História do Cone Sul. Brasília, Editora UnB/Revan, 1998.
HALPERIN DONGHI, Tulio. História da América Latina. São Paulo: Paz e Terra, 1997.
HOBSBAWM, Eric. A Era das Revoluções. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003.
________. A Era do Capital. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.
________. A Era dos Extremos. Rio de Janeiro: Cia. das Letras, 2001.
________. A Era dos Impérios. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.
KENNEDY, Paul. Ascensão e Queda das Grandes Potências. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1989.
MAGNOLI, Demetrio. Relações Internacionais: teoria e história. São Paulo: Editora Saraiva, 2004.
ROBERTS, J. M. The Penguin History of the Twentieth Century: The History of the World, 1901 to the Present. Londres: Penguin, 2004.
SARAIVA, José Flávio S. (Org.) História das Relações Internacionais Contemporâneas. São Paulo: Editora Saraiva/IBRI, 2007.
WATSON, Adam. A Evolução da Sociedade Internacional: uma análise histórica comparativa. Brasília: Editora UnB, 2004.
Geografia:
BENKO, George. Economia, Espaço e Globalização. 2.ed. São Paulo: Hucitec, 1999.
BECKER, Bertha et alli. Geografia e meio ambiente no Brasil. 2.ed. São Paulo:Hucitec.1995.
BECKER, Bertha & EGLER, Claudio. Brasil: Uma nova potência regional na economia-mundo. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand, 1994.
GREGORY, Derek et alli. Geografia Humana. Sociedade, Espaço e Ciência Social. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.
MAGNOLI, Demétrio. O corpo da pátria. São Paulo: Moderna/EDUNESP, 1997.
MORAES, Antonio Carlos Robert. Território e História no Brasil. 2. ed. São Paulo: Annablume, 2005.
________. Bases da formação territorial do Brasil. São Paulo: Hucitec, 2000.
RIBEIRO, Wagner Costa (org.) A ordem ambiental internacional. São Paulo:
Contexto, 2001.
THÉRY, Hervé & MELLO, Neli Aparecida. Atlas do Brasil. Disparidades e dinâmicas do território. São Paulo: EDUSP, 2005.
Política internacional:
ALBUQUERQUE, José A. Guilhon (Org.). Sessenta Anos de Política Externa Brasileira. São Paulo: USP, 1996, 4v.
BAYLIS, John & SMITH, Steve (Orgs.). The Globalization of World Politics: an introduction to international relations. Oxford: Oxford University Press, 2001.
BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Secretaria de Planejamento Diplomático. Repertório de Política Externa – Posições do Brasil. Brasília: FUNAG, 2007.
CASTRO, Marcus Faro de. Política e Relações Internacionais: fundamentos clássicos. Brasília: Editora UnB, 2005.
CERVO, Amado Luiz. Inserção Internacional: formação dos conceitos brasileiros. São Paulo: Editora Saraiva, 2007.
___________. As Relações Internacionais da América Latina: velhos e novos paradigmas. Brasília: FUNAG/IBRI, 2001.
GILPIN, Robert. A Economia Política das Relações Internacionais. Brasília: Editora UnB, 2002.
________. O Desafio do Capitalismo Global: economia mundial no século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2004.
LAGO, André Aranha Corrêa do. Estocolmo, Rio, Joanesburgo: o Brasil e as três Conferências Ambientais das Nações Unidas. Brasília: Instituto Rio Branco; Fundação Alexandre de Gusmão, 2007.
LESSA, Antônio Carlos. ALTEMANI, Henrique (orgs.) Relações Internacionais do Brasil: Temas e Agendas. São Paulo: Editora Saraiva, 2006, 2 vols.
VIZENTINI, Paulo Fagundes. A Política Externa do Regime Militar Brasileiro: Multilateralização, Desenvolvimento e a Construção de uma Potência Média (1964- 1985). Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS, 1998.
Economia:
ABREU, Marcelo P. A. Ordem do Progresso: Cem Anos de Política Econômica Republicana 1889-1989. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Notas Metodológicas do Balanço de Pagamentos. Notas Técnicas do Banco Central do Brasil. Nº 1, junho, 2001. (texto disponível na página: http://www.bcb.gov.br)
BIELSCHOWSKY, Ricardo. Pensamento Econômico Brasileiro. (Capítulos 2, 9, 10 e 11). 4ª Edição. Rio de Janeiro: Contraponto, 2000.
FEIJÓ, Carmem A. et al. Contabilidade Social: a Nova Referência das Contas Nacionais do Brasil. (Capítulos 3 e 5). 3ª edição. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2007.
FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. São Paulo: Nacional, 2003.
GAMBIAGI, Fabio; VILLELLA, A.; BARROS DE CASTRO, L; HERMMAN, J. (orgs.). Economia Brasileira e Contemporânea (1945-2004). Editora Elsevier/Campus, 2005.
MANKIW, N. G. Introdução à Economia: Princípios de Micro e Macroeconomia. 3ª Edição. Rio de Janeiro: Pioneira Thomson, 2006.
PINHO, Diva B.; VASCONCELOS, M. A. S. (orgs.). Manual de economia. São Paulo: Saraiva, 2006.
SAMUELSON, Paul A.; NORDHAUS, W. D. Economia. 17ª Edição: McGraw-Hill Interamericana do Brasil, 2004.
VERSIANI, F. R. e MENDONÇA DE BARROS, J. R. (orgs.). Formação Econômica do Brasil: a Experiência da Industrialização. São Paulo: Saraiva, 1979.
Direito Internacional Público:
ACCIOLY, Hildebrando e Geraldo Eulálio do Nascimento e Silva. Manual de direito internacional público. 17 ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
MELLO, Celso de Albuquerque. Curso de direito internacional público. 14 ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2004.
QUOC DINH, Nguyen, Patrick Dailler e Alain Pellet. Direito internacional público. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1999.
RANGEL, Vicente Marotta. Direito e relações internacionais. 7 ed. São Paulo: RT, 2002.
REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. 10 ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
SEITENFUS, Ricardo. Manual das organizações internacionais. 3 ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003.
SILVA, José Affonso da. Curso de direito constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2004.
SOARES, Guido Fernando Silva. Curso de direito internacional público. v. 1. São Paulo: Atlas, 2002.
THORSTENSEN, Vera. OMC: Organização Mundial do Comércio: as regras do comércio internacional e a nova rodada de negociações multilaterais. São Paulo: Aduaneiras, 2001.
TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. Direito das organizações internacionais. 3 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2003.
Icaro: uma parabola atual? - Paulo Roberto de Almeida
Velhos textos, dos quais estávamos esquecidos, de vez em quando vêem à tona, relembrados por alguém ou por alguma circunstância fortuita.
Este aqui, por exemplo, parece que mereceria continuidade...
A pensar...
Paulo Roberto de Almeida
A parabola de Ícaro
Paulo Roberto de Almeida
(www.pralmeida.org)
A lenda de Ícaro se refere, obviamente, ao filho de Dédalo, o construtor do labirinto do rei Minos, de Creta, que, ao revelar o segredo do palácio-prisão a Teseu, permitiu que o terrível Minotauro fosse morto. Condenado ao labirinto com seu filho, Dédalo trama a fuga por via aérea, fabricando asas a partir de plumas de pássaros, untadas com cera. O vôo de Ícaro pode ser descrito como uma parabola: atraído pelo esplendor do sol, ele se eleva em demasia no céu, para cair logo em seguida, devido ao derretimento da cera que prendia as plumas de suas asas.
Há muitas maneiras de interpretar o mito de Ícaro e seu vôo para a queda, mas eu prefiro me ater aos perigos do excesso de exposição, que pode colocar em risco qualquer situação aparentemente bem estabelecida. De fato, em várias circunstâncias da vida, encontramos casos de ascensão fulgurante, seguida de uma rápida queda, o que, aliás, corresponde ao movimento da parábola. Mas, ademais dessa acepção matemática, o termo parábola também pode se referir a uma narrativa de fundo moral, geralmente de origem bíblica, denotando um possível ensinamento virtuoso que devemos retirar de alguma adversidade sofrida. Em suma: uma alegoria de valor espiritual e forma racional.
A despeito da tristeza imediata, e dos dissabores ligados a algum desastre não definitivo – o de Ícaro, obviamente, foi irremediável –, devemos sempre retirar lições morais das frustrações que enfrentamos na vida. Com exceção da punição extrema, da qual não há retorno possível, todas as demais situações de “queda” são suscetíveis de nos trazer algum elemento útil na determinação de nossa própria responsabilidade sobre eventuais desastres incorridos. De certa forma, os desastres são ainda mais “úteis” do que os sucessos, uma vez que estes podem ser devidos à obra do acaso, ao passo que aqueles sempre derivam de erros que cometemos em situações de escolhas alternativas. A despeito da literatura de negócios enfatizar, por exemplo, os grandes casos de sucesso empresarial, com lucros extraordinários e desempenho excepcional de mercado, os casos de fracasso são igualmente significativos, se não mais, no exame ponderado de nossas próprias fraquezas estruturais e debilidades circunstanciais. O sucesso pode ser motivo de embriaguez; o fracasso desperta e estimula.
Gostaria de ver na parábola de Ícaro uma lição moral para um exame honesto e sincero de algum comportamento afoito, eventualmente determinado pela presença de um sol momentâneo que brilha à nossa frente, atraindo-nos pelo calor e pela luz, mas que pode se revelar perigoso para nossa própria sobrevivência (não necessariamente física, mas “espiritual”). Ao fim e ao cabo, Ícaro é o exemplo que queremos evitar, mas só nos lembramos de revisar nossos atos e palavras quando somos confrontados à ameaça de algum desastre iminente, ou, o que é pior, no seu imediato seguimento.
Qual foi a ação que determinou nossa queda, qual foi a palavra impensada que nos levou ao desastre, que seqüência de iniciativas ou gestos desastrados nos levaram à derrota ou à simples frustração, que ensinamento retirar da adversidade (que se espera) momentânea? E sempre nos perguntamos: como pudemos ser tão estúpidos? Salvo os espíritos fracos, em geral saimos mais fortalecidos desse tipo de situação, em todo caso mais modestos e humildes do que no começo, dispostos a reiniciar nossa aventura, desta vez desprovidos de excesso de otimismo e armados de algo mais do que plumas e cera. O distanciamento crítico em relação aos fatores de atração e de queda se torna não apenas recomendável como provavelmente necessário, se quisermos retomar nossa liberdade de iniciativa e de ação.
Em definitivo, o impetuoso Ícaro foi vítima de sua própria afoitez e precipitação. Melhor, talvez, ficar com o exemplo de Ulisses, famoso não apenas por sua força, destreza e bravura, amplamente demonstradas na conquista de Tróia, mas sobretudo por sua tenacidade em face dos mais diversos perigos e trapaças da sorte. Com paciência e cálculo inteligente, ele soube arrostar todas as dificuldades e adversidades que lhe foram apresentadas por monstros e sereias, navegando de forma persistente em direção da ilha de Ítaca. Ao chegar, ele ainda teve de enfrentar os vários pretendentes que disputavam sua Penélope. Mas, isso já é motivo para uma outra estória…
Brasília, 26 de outubro de 2004.
Este aqui, por exemplo, parece que mereceria continuidade...
A pensar...
Paulo Roberto de Almeida
A parabola de Ícaro
Paulo Roberto de Almeida
(www.pralmeida.org)
A lenda de Ícaro se refere, obviamente, ao filho de Dédalo, o construtor do labirinto do rei Minos, de Creta, que, ao revelar o segredo do palácio-prisão a Teseu, permitiu que o terrível Minotauro fosse morto. Condenado ao labirinto com seu filho, Dédalo trama a fuga por via aérea, fabricando asas a partir de plumas de pássaros, untadas com cera. O vôo de Ícaro pode ser descrito como uma parabola: atraído pelo esplendor do sol, ele se eleva em demasia no céu, para cair logo em seguida, devido ao derretimento da cera que prendia as plumas de suas asas.
Há muitas maneiras de interpretar o mito de Ícaro e seu vôo para a queda, mas eu prefiro me ater aos perigos do excesso de exposição, que pode colocar em risco qualquer situação aparentemente bem estabelecida. De fato, em várias circunstâncias da vida, encontramos casos de ascensão fulgurante, seguida de uma rápida queda, o que, aliás, corresponde ao movimento da parábola. Mas, ademais dessa acepção matemática, o termo parábola também pode se referir a uma narrativa de fundo moral, geralmente de origem bíblica, denotando um possível ensinamento virtuoso que devemos retirar de alguma adversidade sofrida. Em suma: uma alegoria de valor espiritual e forma racional.
A despeito da tristeza imediata, e dos dissabores ligados a algum desastre não definitivo – o de Ícaro, obviamente, foi irremediável –, devemos sempre retirar lições morais das frustrações que enfrentamos na vida. Com exceção da punição extrema, da qual não há retorno possível, todas as demais situações de “queda” são suscetíveis de nos trazer algum elemento útil na determinação de nossa própria responsabilidade sobre eventuais desastres incorridos. De certa forma, os desastres são ainda mais “úteis” do que os sucessos, uma vez que estes podem ser devidos à obra do acaso, ao passo que aqueles sempre derivam de erros que cometemos em situações de escolhas alternativas. A despeito da literatura de negócios enfatizar, por exemplo, os grandes casos de sucesso empresarial, com lucros extraordinários e desempenho excepcional de mercado, os casos de fracasso são igualmente significativos, se não mais, no exame ponderado de nossas próprias fraquezas estruturais e debilidades circunstanciais. O sucesso pode ser motivo de embriaguez; o fracasso desperta e estimula.
Gostaria de ver na parábola de Ícaro uma lição moral para um exame honesto e sincero de algum comportamento afoito, eventualmente determinado pela presença de um sol momentâneo que brilha à nossa frente, atraindo-nos pelo calor e pela luz, mas que pode se revelar perigoso para nossa própria sobrevivência (não necessariamente física, mas “espiritual”). Ao fim e ao cabo, Ícaro é o exemplo que queremos evitar, mas só nos lembramos de revisar nossos atos e palavras quando somos confrontados à ameaça de algum desastre iminente, ou, o que é pior, no seu imediato seguimento.
Qual foi a ação que determinou nossa queda, qual foi a palavra impensada que nos levou ao desastre, que seqüência de iniciativas ou gestos desastrados nos levaram à derrota ou à simples frustração, que ensinamento retirar da adversidade (que se espera) momentânea? E sempre nos perguntamos: como pudemos ser tão estúpidos? Salvo os espíritos fracos, em geral saimos mais fortalecidos desse tipo de situação, em todo caso mais modestos e humildes do que no começo, dispostos a reiniciar nossa aventura, desta vez desprovidos de excesso de otimismo e armados de algo mais do que plumas e cera. O distanciamento crítico em relação aos fatores de atração e de queda se torna não apenas recomendável como provavelmente necessário, se quisermos retomar nossa liberdade de iniciativa e de ação.
Em definitivo, o impetuoso Ícaro foi vítima de sua própria afoitez e precipitação. Melhor, talvez, ficar com o exemplo de Ulisses, famoso não apenas por sua força, destreza e bravura, amplamente demonstradas na conquista de Tróia, mas sobretudo por sua tenacidade em face dos mais diversos perigos e trapaças da sorte. Com paciência e cálculo inteligente, ele soube arrostar todas as dificuldades e adversidades que lhe foram apresentadas por monstros e sereias, navegando de forma persistente em direção da ilha de Ítaca. Ao chegar, ele ainda teve de enfrentar os vários pretendentes que disputavam sua Penélope. Mas, isso já é motivo para uma outra estória…
Brasília, 26 de outubro de 2004.
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Minitratado da imaginacao - Paulo Roberto de Almeida
Minitratado da imaginação
Paulo Roberto de Almeida
Diferentemente dos animais – embora aqueles que se consideram “íntimos” dos animais não acreditam que eles sejam uma exceção à regra –, todos nós, humanos, possuímos a faculdade inata da imaginação. Alguns mais do que outros, pois conheço aqueles que sonham acordados (eu mesmo, por exemplo). A imaginação nos foi dada de graça, no ato da criação – e não vai aqui nenhuma interpretação religiosa da criação humana – e ela vem, por assim dizer, no pacote original junto com todos os outros sentidos, aqueles cinco da versão consagrada, e mais alguns – ditos paranormais – que circulam em volta da gente, do nosso cérebro e também do nosso coração (ou que pelo menos se aproveitam da distração de alguns desses sentidos tradicionais para se imiscuir sorrateiramente em nossas vidas).
Mas a imaginação não é um simples sentido natural, e sim um ato da vontade, embora não possamos impedir nossa própria consciência de imaginar “coisas”. Mas essas coisas imaginadas são instruídas, orientadas, criadas e administradas por nós, como se fossemos um diretor de cinema ou de teatro, quando eles dizem aos atores como o script deve ser realmente lido e interpretado. A diferença é que estamos “dirigindo” nossas próprias vidas, ou aquela que imaginamos para nós. A imaginação também é um roteiro, um script que fazemos, que desfazemos, criamos e recriamos, modificamos e apagamos, o tempo todo, embora sempre sobra um resquício do que pensamos no fundo do cérebro, e que de vez em quando emerge contra a nossa própria vontade.
É isso: a imaginação é um script rebelde, que não respeita a direção que acreditamos desempenhar, e que nem aceita nenhuma outra representação, senão aquela mesma que queremos dar, naquele momento, mas que por vezes escapa ao nosso controle, qual um filho rebelde, um adolescente independente. Esse roteiro tem páginas em branco, mas também sofre mudanças imperceptíveis, mesmo contra a nossa vontade. Ela é difícil de domar a imaginação.
Será que, como nos tratados, ou minitratados (como este e alguns outros que já elaborei), a imaginação tem uma ordem pré-determinada, um arranjo fixo que dispõe sobre suas partes e componentes. Quais seriam? Talvez prólogo (ou preâmbulo), disposições preliminares (ou definições de conceitos), disposições principais, duração, membros do enredo (ou Estados partes), solução de controvérsias, cláusula de denúncia, disposições transitórias, local e data, assinatura do autor? Não creio. A imaginação – mesmo sendo objeto de um minitratado como este – não é assim tão burocrática e organizada, e sim caótica, errática, cheia de idas e vindas, conflitos íntimos e tensões externas, enfim, tudo aquilo que estamos no direito de esperar de uma imaginação dotada de plena capacidade para nos entreter, nos embriagar, trazer-nos alguma felicidade momentânea ou mergulhar-nos em algum estado depressivo temporário.
O que move a imaginação? As paixões, certamente. O amor, talvez o ódio, o afeto, a ambição, a cupidez, o egoísmo – enfim, vocês acrescentem os outros pecados capitais – mas também a generosidade, o desprendimento, o interesse, a curiosidade e tudo aquilo que movimenta o cérebro humano, sobretudo e principalmente nosso meio ambiente, a família, as experiências na escola, no trabalho, na rua, na vida, enfim. Tudo suscita e alimenta a imaginação, e houve até um filósofo – minha imaginação não me ajuda agora a relembrar o seu nome – que sugeriu que a própria existência humana era um ato de imaginação. Os surrealistas certamente já produziram obras que são pura imaginação, e por isso fizeram sucesso (alguns até extorquiram muito dinheiro dos incautos, que geralmente têm pouca imaginação).
Os desenhos animados, e até alguns filmes de ficção, costumam representar alguns espíritos malévolos como dotados de muita imaginação, geralmente retratados como aqueles personagens de testa alta, cérebro volumoso, neurônios agitados, quando não ligados a estranhos aparelhos que pretendem transformar essa imaginação – por definição perversa – em poder sobre os homens e sobre o mundo. Não gosto muito dessa “versão” da imaginação, e sim daquela que figura no script dos filmes românticos, das comédias espirituosas e otimistas, quando tudo no final se encaixa, para trazer toda a felicidade esperada aos dois heróis principais da história. Essa é sem dúvida a “imaginação” que todos gostaríamos que acontecesse conosco, pois ficamos o tempo todo torcendo para que o herói ou a mocinha superem os perigos que os cercam, escapem das garras dos vilões ocasionais e, por fim, se reencontrem ao final do script para nosso maior conforto e felicidade imaginária.
Nem todo mundo tem direito a uma versão terrena, ou seja, real, desse roteiro otimista, com música de fundo, cenários coloridos, dos filmes que adoramos assistir em momentos de détente. Sim, nem todo mundo tem condições de se realizar numa vida feliz, sem preocupações materiais e sem angústias amorosas. Mas todos nós, sem exceção, temos direito a nossa quota de imaginação, ou a quanta imaginação pudermos “suportar”, ao longo de uma vida que é também feita de cruas realidades, de notas baixas na escola, de cobranças do chefe no trabalho, de lista de compras a serem feitas imediatamente, de louça na pia e de trastes para jogar fora. Tudo isso não nos impede de sonhar acordados, mesmo quando estamos cuidando da louça na cozinha, saindo para passear os cachorros ou empurrando o carrinho no supermercado (atenção para não se enganar de produto, ou levar o que não precisa...).
A imaginação nos ajuda a suportar um mundo que pode ser momentaneamente insuportável, uma vida aborrecida, feita de frustrações ou de restrições materiais. Todos nós já nos imaginamos ganhando na loteria, com o que TODOS os nossos problemas estariam automaticamente resolvidos (ou pelo menos imaginamos que sim). Todos nós já imaginamos o amor perfeito, sem nenhuma briga, felicidade eterna e juventude idem... Enfim, sabemos que isso não existe, ou pelo menos não todo o tempo, mas não custa imaginar que sim...
Quando é que vamos nos livrar da imaginação, aquela que nos impede de dormir imediatamente de noite, quando precisamos acordar cedo na manhã seguinte? Acho que nunca, pois isso é impossível: mesmo quando a gente se esforça para ficar com a mente limpa, com o cérebro em branco, para adormecermos mais rapidamente, lá vem a imaginação, sorrateira, atrapalhar nossos planos e prolongar a vigília noturna. Bandida imaginação, a roubar-nos horas de sono, a propor coisas impossíveis, realizando nossos desejos de ganhos, de vingança, de conquistas afetivas e de escapadas oportunas. Como é bom imaginar que aquilo possa de fato acontecer!
Em nossa economia política da existência, a imaginação também obedece às misteriosas curvas da oferta e da demanda. Nós, como simples humanos, dotados de carências, vontades e desejos, demandamos imaginação, o tempo todo, numa curva infinita, quase uma reta, para cima, sempre. Nosso cérebro não se faz de rogado, e atende imediatamente a essas carências materiais ou virtuais e fornece todos os insumos de que necessitamos, quase uma cornucópia inesgotável obedecendo ao velho princípio socialista “a cada um segundo suas necessidades”. Mas aí, por algum motivo, nos chocamos com a realidade, com a disponibilidade de “fatores de produção”, e a curva é arrastada dolorosamente para baixo, até se encontrar com as possibilidades de atendimento da demanda. O ponto de equilíbrio – como em todas as equações econômicas – é sempre num nível mais baixo do que desejaríamos, pois como diriam os economistas realistas, não se pode ter canhões e manteiga ao mesmo tempo, pelo menos não nas quantidades desejadas. Temos de fazer escolhas, hélas!
Ao fim e ao cabo, a imaginação também nos ajuda nessas escolhas dolorosas, mas que têm de ser feitas: sabemos, por experiência e aprendizado, que temos de domar a imaginação, pelo menos no domínio dos meios materiais e da existência terrena. Mas nada nos impede de construir um mundo onírico, feito de imagens puras, pessoas ideais (até reais), situações e palavras agradáveis, totalmente submetidas ao nosso controle, como nesses teatros de bonecos, nos quais mexemos os personagens e inventamos as suas vozes, escolhemos suas palavras (que são aquelas que gostaríamos de dizer ou de ouvir, sem qualquer restrição da vontade alheia ou de copyright proprietário).
Como é bom imaginar que somos poderosos ao ponto de dominarmos até a imaginação de terceiras pessoas, que dirão exatamente aquilo que esperamos ouvir delas, e que farão, de vontade própria, tudo aquilo que esperamos que façam em nosso favor, em benefício recíproco, em satisfação mútua. Estou imaginando demais?
Talvez, mas esta é a função de um minitratado como este: superar os limites legais, autorais, ou materiais, e deixar a imaginação correr solta, fazer tudo aquilo que uma imaginação fértil é capaz de fazer. Diferente da realidade, a imaginação não precisa ser alimentada, não depende de combustível ou de um motor de arranque. Só depende de nós mesmos, e de tudo aquilo que ousamos sonhar, de tudo aquilo que faz nossa felicidade, mesmo quando aparentemente não há esperança ou nos faltam os meios. A imaginação supre tudo isso, e é inesgotável, o próprio moto perpétuo.
Imagino, pelo menos, que seja assim...
Paulo Roberto de Almeida
(Brasília, 12 de fevereiro de 2011)
Paulo Roberto de Almeida
Diferentemente dos animais – embora aqueles que se consideram “íntimos” dos animais não acreditam que eles sejam uma exceção à regra –, todos nós, humanos, possuímos a faculdade inata da imaginação. Alguns mais do que outros, pois conheço aqueles que sonham acordados (eu mesmo, por exemplo). A imaginação nos foi dada de graça, no ato da criação – e não vai aqui nenhuma interpretação religiosa da criação humana – e ela vem, por assim dizer, no pacote original junto com todos os outros sentidos, aqueles cinco da versão consagrada, e mais alguns – ditos paranormais – que circulam em volta da gente, do nosso cérebro e também do nosso coração (ou que pelo menos se aproveitam da distração de alguns desses sentidos tradicionais para se imiscuir sorrateiramente em nossas vidas).
Mas a imaginação não é um simples sentido natural, e sim um ato da vontade, embora não possamos impedir nossa própria consciência de imaginar “coisas”. Mas essas coisas imaginadas são instruídas, orientadas, criadas e administradas por nós, como se fossemos um diretor de cinema ou de teatro, quando eles dizem aos atores como o script deve ser realmente lido e interpretado. A diferença é que estamos “dirigindo” nossas próprias vidas, ou aquela que imaginamos para nós. A imaginação também é um roteiro, um script que fazemos, que desfazemos, criamos e recriamos, modificamos e apagamos, o tempo todo, embora sempre sobra um resquício do que pensamos no fundo do cérebro, e que de vez em quando emerge contra a nossa própria vontade.
É isso: a imaginação é um script rebelde, que não respeita a direção que acreditamos desempenhar, e que nem aceita nenhuma outra representação, senão aquela mesma que queremos dar, naquele momento, mas que por vezes escapa ao nosso controle, qual um filho rebelde, um adolescente independente. Esse roteiro tem páginas em branco, mas também sofre mudanças imperceptíveis, mesmo contra a nossa vontade. Ela é difícil de domar a imaginação.
Será que, como nos tratados, ou minitratados (como este e alguns outros que já elaborei), a imaginação tem uma ordem pré-determinada, um arranjo fixo que dispõe sobre suas partes e componentes. Quais seriam? Talvez prólogo (ou preâmbulo), disposições preliminares (ou definições de conceitos), disposições principais, duração, membros do enredo (ou Estados partes), solução de controvérsias, cláusula de denúncia, disposições transitórias, local e data, assinatura do autor? Não creio. A imaginação – mesmo sendo objeto de um minitratado como este – não é assim tão burocrática e organizada, e sim caótica, errática, cheia de idas e vindas, conflitos íntimos e tensões externas, enfim, tudo aquilo que estamos no direito de esperar de uma imaginação dotada de plena capacidade para nos entreter, nos embriagar, trazer-nos alguma felicidade momentânea ou mergulhar-nos em algum estado depressivo temporário.
O que move a imaginação? As paixões, certamente. O amor, talvez o ódio, o afeto, a ambição, a cupidez, o egoísmo – enfim, vocês acrescentem os outros pecados capitais – mas também a generosidade, o desprendimento, o interesse, a curiosidade e tudo aquilo que movimenta o cérebro humano, sobretudo e principalmente nosso meio ambiente, a família, as experiências na escola, no trabalho, na rua, na vida, enfim. Tudo suscita e alimenta a imaginação, e houve até um filósofo – minha imaginação não me ajuda agora a relembrar o seu nome – que sugeriu que a própria existência humana era um ato de imaginação. Os surrealistas certamente já produziram obras que são pura imaginação, e por isso fizeram sucesso (alguns até extorquiram muito dinheiro dos incautos, que geralmente têm pouca imaginação).
Os desenhos animados, e até alguns filmes de ficção, costumam representar alguns espíritos malévolos como dotados de muita imaginação, geralmente retratados como aqueles personagens de testa alta, cérebro volumoso, neurônios agitados, quando não ligados a estranhos aparelhos que pretendem transformar essa imaginação – por definição perversa – em poder sobre os homens e sobre o mundo. Não gosto muito dessa “versão” da imaginação, e sim daquela que figura no script dos filmes românticos, das comédias espirituosas e otimistas, quando tudo no final se encaixa, para trazer toda a felicidade esperada aos dois heróis principais da história. Essa é sem dúvida a “imaginação” que todos gostaríamos que acontecesse conosco, pois ficamos o tempo todo torcendo para que o herói ou a mocinha superem os perigos que os cercam, escapem das garras dos vilões ocasionais e, por fim, se reencontrem ao final do script para nosso maior conforto e felicidade imaginária.
Nem todo mundo tem direito a uma versão terrena, ou seja, real, desse roteiro otimista, com música de fundo, cenários coloridos, dos filmes que adoramos assistir em momentos de détente. Sim, nem todo mundo tem condições de se realizar numa vida feliz, sem preocupações materiais e sem angústias amorosas. Mas todos nós, sem exceção, temos direito a nossa quota de imaginação, ou a quanta imaginação pudermos “suportar”, ao longo de uma vida que é também feita de cruas realidades, de notas baixas na escola, de cobranças do chefe no trabalho, de lista de compras a serem feitas imediatamente, de louça na pia e de trastes para jogar fora. Tudo isso não nos impede de sonhar acordados, mesmo quando estamos cuidando da louça na cozinha, saindo para passear os cachorros ou empurrando o carrinho no supermercado (atenção para não se enganar de produto, ou levar o que não precisa...).
A imaginação nos ajuda a suportar um mundo que pode ser momentaneamente insuportável, uma vida aborrecida, feita de frustrações ou de restrições materiais. Todos nós já nos imaginamos ganhando na loteria, com o que TODOS os nossos problemas estariam automaticamente resolvidos (ou pelo menos imaginamos que sim). Todos nós já imaginamos o amor perfeito, sem nenhuma briga, felicidade eterna e juventude idem... Enfim, sabemos que isso não existe, ou pelo menos não todo o tempo, mas não custa imaginar que sim...
Quando é que vamos nos livrar da imaginação, aquela que nos impede de dormir imediatamente de noite, quando precisamos acordar cedo na manhã seguinte? Acho que nunca, pois isso é impossível: mesmo quando a gente se esforça para ficar com a mente limpa, com o cérebro em branco, para adormecermos mais rapidamente, lá vem a imaginação, sorrateira, atrapalhar nossos planos e prolongar a vigília noturna. Bandida imaginação, a roubar-nos horas de sono, a propor coisas impossíveis, realizando nossos desejos de ganhos, de vingança, de conquistas afetivas e de escapadas oportunas. Como é bom imaginar que aquilo possa de fato acontecer!
Em nossa economia política da existência, a imaginação também obedece às misteriosas curvas da oferta e da demanda. Nós, como simples humanos, dotados de carências, vontades e desejos, demandamos imaginação, o tempo todo, numa curva infinita, quase uma reta, para cima, sempre. Nosso cérebro não se faz de rogado, e atende imediatamente a essas carências materiais ou virtuais e fornece todos os insumos de que necessitamos, quase uma cornucópia inesgotável obedecendo ao velho princípio socialista “a cada um segundo suas necessidades”. Mas aí, por algum motivo, nos chocamos com a realidade, com a disponibilidade de “fatores de produção”, e a curva é arrastada dolorosamente para baixo, até se encontrar com as possibilidades de atendimento da demanda. O ponto de equilíbrio – como em todas as equações econômicas – é sempre num nível mais baixo do que desejaríamos, pois como diriam os economistas realistas, não se pode ter canhões e manteiga ao mesmo tempo, pelo menos não nas quantidades desejadas. Temos de fazer escolhas, hélas!
Ao fim e ao cabo, a imaginação também nos ajuda nessas escolhas dolorosas, mas que têm de ser feitas: sabemos, por experiência e aprendizado, que temos de domar a imaginação, pelo menos no domínio dos meios materiais e da existência terrena. Mas nada nos impede de construir um mundo onírico, feito de imagens puras, pessoas ideais (até reais), situações e palavras agradáveis, totalmente submetidas ao nosso controle, como nesses teatros de bonecos, nos quais mexemos os personagens e inventamos as suas vozes, escolhemos suas palavras (que são aquelas que gostaríamos de dizer ou de ouvir, sem qualquer restrição da vontade alheia ou de copyright proprietário).
Como é bom imaginar que somos poderosos ao ponto de dominarmos até a imaginação de terceiras pessoas, que dirão exatamente aquilo que esperamos ouvir delas, e que farão, de vontade própria, tudo aquilo que esperamos que façam em nosso favor, em benefício recíproco, em satisfação mútua. Estou imaginando demais?
Talvez, mas esta é a função de um minitratado como este: superar os limites legais, autorais, ou materiais, e deixar a imaginação correr solta, fazer tudo aquilo que uma imaginação fértil é capaz de fazer. Diferente da realidade, a imaginação não precisa ser alimentada, não depende de combustível ou de um motor de arranque. Só depende de nós mesmos, e de tudo aquilo que ousamos sonhar, de tudo aquilo que faz nossa felicidade, mesmo quando aparentemente não há esperança ou nos faltam os meios. A imaginação supre tudo isso, e é inesgotável, o próprio moto perpétuo.
Imagino, pelo menos, que seja assim...
Paulo Roberto de Almeida
(Brasília, 12 de fevereiro de 2011)
Apagao: uma palavra para apagar - The Economist goza do ministro brasileiro do apagao
Já foram dois apagões -- pelo menos os conhecidos -- na gestão do pouco claro ministro de Minas e Energia, que até hoje não explicou o que aconteceu, por quê e se poderá ocorrer, ou não, novamente. A Economist não deixa de usar sua fina ironia para gozar do pobre ministro do apagão.
Paulo Roberto de Almeida
Electricity in Brazil
The Economist, February 10th 2011
SÃO PAULO - IT WAS not a “blackout”, said Edison Lobão, merely a “temporary interruption of the electricity supply”. Brazil’s energy minister was speaking on February 4th after nearly 50m people across eight states in the country’s north-east had spent most of the night without power. Engineers are still investigating, but their preliminary conclusion is that a component in a substation failed just after midnight. That caused safety systems to malfunction, and transmission lines and then a power station to shut down.
Mr Lobão is trying to reserve the b-word for something more serious, which his government is determined to avoid: a big and sustained mismatch between electricity supply and demand. That last happened in 2001-02, after decades of growing energy use and low investment were followed by drought (70% of Brazil’s power comes from hydroelectric dams.) Back then, only rationing kept the lights on, and the after-effects dampened demand for some years.
Electricity use is growing strongly once more, rising by 7.8% last year. That is partly because Brazil’s economy is booming. But even if this changes, power use is unlikely to fall. Brazilians who have recently levered themselves out of poverty would give up much else before unplugging their first-ever fridges and washing machines. Luz Para Todos (Light for All), a government rural-electrification programme launched by Dilma Rousseff, the president, when she was energy minister, has hooked up more than 2.4m homes since 2003, and is continuing. The government reckons demand for electricity will rise by 5% a year over the next decade. Officials plan to mobilise investment totalling some 214 billion reais ($128 billion), from both private and public sources, in order to meet it.
Some of that will go on new fossil-fuel and nuclear plants, and some on biomass and wind energy. But the biggest chunk is for new hydroelectric projects. They are controversial, particularly the Belo Monte dam approved for the Xingu, a tributary of the Amazon in the northern state of Pará. This has been redesigned to avoid throwing a huge wall across the river. But it will still be Brazil’s second-biggest hydroelectric plant (after Itaipu), generating up to 11,230MW, will flood 500 square kilometres and will displace 20,000 people, mainly Indians.
On January 26th the environment ministry gave contractors the go-ahead to start clearing land for Belo Monte. Like other big projects, it has been repeatedly delayed by legal challenges from environmentalists, who prefer biomass, wind and energy-saving measures, and by the need to obtain environmental licences at each stage. Those are reasons why Brazilian firms want to build dams across the border in Peru (see article). It would be better for Brazil’s government to decide on each scheme according to the overall trade-off between energy security and environmental protection, with the environment ministry thereafter restricting itself to overseeing implementation, says Rodrigo Moita, an energy specialist at Insper, a São Paulo business school.
One way or another, Brazil is likely to avoid a new energy crunch, concluded a recent study by IPEA, a government-linked think-tank. But both cost and reliability are growing problems. Taxes mean that on average electricity costs two-thirds more in Brazil than in the United States. But the IPEA researchers expect the average price to rise further. Relying on hydro-generation in the Amazon means that electricity supply will be vulnerable to droughts and depend on long distribution lines to bring power to the populous south. These will be hard to maintain.
The strain is starting to show. Brazil suffered 91 big blackouts during 2010, up from 48 in 2008. In big cities short, localised power cuts are becoming common. One occurred when The Economist recently visited the research laboratory in Rio de Janeiro of Petrobras, Brazil’s oil giant. They have been happening at least once a week this (southern-hemisphere) summer, said the lab’s boss. Brazilians may have to get used to “temporary interruptions” every time they turn up their air-conditioners.
Paulo Roberto de Almeida
Electricity in Brazil
The Economist, February 10th 2011
SÃO PAULO - IT WAS not a “blackout”, said Edison Lobão, merely a “temporary interruption of the electricity supply”. Brazil’s energy minister was speaking on February 4th after nearly 50m people across eight states in the country’s north-east had spent most of the night without power. Engineers are still investigating, but their preliminary conclusion is that a component in a substation failed just after midnight. That caused safety systems to malfunction, and transmission lines and then a power station to shut down.
Mr Lobão is trying to reserve the b-word for something more serious, which his government is determined to avoid: a big and sustained mismatch between electricity supply and demand. That last happened in 2001-02, after decades of growing energy use and low investment were followed by drought (70% of Brazil’s power comes from hydroelectric dams.) Back then, only rationing kept the lights on, and the after-effects dampened demand for some years.
Electricity use is growing strongly once more, rising by 7.8% last year. That is partly because Brazil’s economy is booming. But even if this changes, power use is unlikely to fall. Brazilians who have recently levered themselves out of poverty would give up much else before unplugging their first-ever fridges and washing machines. Luz Para Todos (Light for All), a government rural-electrification programme launched by Dilma Rousseff, the president, when she was energy minister, has hooked up more than 2.4m homes since 2003, and is continuing. The government reckons demand for electricity will rise by 5% a year over the next decade. Officials plan to mobilise investment totalling some 214 billion reais ($128 billion), from both private and public sources, in order to meet it.
Some of that will go on new fossil-fuel and nuclear plants, and some on biomass and wind energy. But the biggest chunk is for new hydroelectric projects. They are controversial, particularly the Belo Monte dam approved for the Xingu, a tributary of the Amazon in the northern state of Pará. This has been redesigned to avoid throwing a huge wall across the river. But it will still be Brazil’s second-biggest hydroelectric plant (after Itaipu), generating up to 11,230MW, will flood 500 square kilometres and will displace 20,000 people, mainly Indians.
On January 26th the environment ministry gave contractors the go-ahead to start clearing land for Belo Monte. Like other big projects, it has been repeatedly delayed by legal challenges from environmentalists, who prefer biomass, wind and energy-saving measures, and by the need to obtain environmental licences at each stage. Those are reasons why Brazilian firms want to build dams across the border in Peru (see article). It would be better for Brazil’s government to decide on each scheme according to the overall trade-off between energy security and environmental protection, with the environment ministry thereafter restricting itself to overseeing implementation, says Rodrigo Moita, an energy specialist at Insper, a São Paulo business school.
One way or another, Brazil is likely to avoid a new energy crunch, concluded a recent study by IPEA, a government-linked think-tank. But both cost and reliability are growing problems. Taxes mean that on average electricity costs two-thirds more in Brazil than in the United States. But the IPEA researchers expect the average price to rise further. Relying on hydro-generation in the Amazon means that electricity supply will be vulnerable to droughts and depend on long distribution lines to bring power to the populous south. These will be hard to maintain.
The strain is starting to show. Brazil suffered 91 big blackouts during 2010, up from 48 in 2008. In big cities short, localised power cuts are becoming common. One occurred when The Economist recently visited the research laboratory in Rio de Janeiro of Petrobras, Brazil’s oil giant. They have been happening at least once a week this (southern-hemisphere) summer, said the lab’s boss. Brazilians may have to get used to “temporary interruptions” every time they turn up their air-conditioners.
Assinar:
Comentários (Atom)
Postagem em destaque
Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida
Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...
-
Uma preparação de longo curso e uma vida nômade Paulo Roberto de Almeida A carreira diplomática tem atraído número crescente de jovens, em ...
-
FAQ do Candidato a Diplomata por Renato Domith Godinho TEMAS: Concurso do Instituto Rio Branco, Itamaraty, Carreira Diplomática, MRE, Diplom...
-
Países de Maior Acesso aos textos PRA em Academia.edu (apenas os superiores a 100 acessos) Compilação Paulo Roberto de Almeida (15/12/2025) ...
-
Mercado Comum da Guerra? O Mercosul deveria ser, em princípio, uma zona de livre comércio e também uma zona de paz, entre seus próprios memb...
-
Reproduzo novamente uma postagem minha de 2020, quando foi publicado o livro de Dennys Xavier sobre Thomas Sowell quarta-feira, 4 de março...
-
Itamaraty 'Memórias', do embaixador Marcos Azambuja, é uma aula de diplomacia Embaixador foi um grande contador de histórias, ...
-
O Chanceler alemão Merz: "Caros amigos, as décadas da Pax Americana chegaram ao fim para nós na Europa, e para nós na Alemanha também...
-
Desde el post de José Antonio Sanahuja Persles (Linkedin) Con Camilo López Burian, de la Universidad de la República, estudiamos el ascens...
-
O Brics vai de vento em popa, ao que parece. Como eu nunca fui de tomar as coisas pelo seu valor de face, nunca deixei de expressar meu pen...


