Calma, calma: não estou denunciando ninguém aqui, não estou antecipando queda de novos (ou velhos) ministros, nem acusando políticos de serem corruptos (por uma vez, pelo menos). Só estou transcrevendo uma pequena nota sobre nossos progressos em matéria de criminalidade comum, constatando que já somos capazes de nos libertar da terrível dependência estrangeira em matéria de crimes ordinários (ah, esses cocaleros bolivianos, ou seria bolivarianos; esses traficantes colombianos; esses falsificadores paraguaios) e passamos a deter nosso próprio know-how em matéria de contraversões, malversações, violações e outras ações criminosas.
Importar? Para quê?
Coluna Carlos Brickmann, 30/08/2011
A notícia está no portal do Superior Tribunal de Justiça: um cavalheiro acusado de participar da Yakuza, a temida máfia japonesa, foi condenado a dois anos e oito meses, em regime semi-aberto. É uma decisão judicial; que se cumpra.
A dúvida, exposta por uma grande advogada, Tania Liz Tizzoni Nogueira, fiel leitora desta coluna, é outra: que é que faz a Yakuza no Brasil? Já não bastavam o PCC e similares? Simples: a Yakuza deve ter vindo ao Brasil para aprender.
Eu fico imaginando se os nossos políticos não poderiam ao menos ser condenados a um regime semi-fechado. Que tal experimentar?
Paulo Roberto de Almeida
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
terça-feira, 30 de agosto de 2011
Jose Serra critica a politica externa em relacao a Siria
Não em nome do Brasil
José Serra
O Globo, 29/08/2011
As últimas semanas mostram o atual governo às voltas com múltiplos aspectos da herança maldita recebida do período Lula-Dilma. Não são coisas novas, mas tudo foi obscurecido na campanha eleitoral do ano passado. Fechadas as urnas e computados os votos, a verdade pôde aparecer.
Para os grupos que estão no poder, o risco maior na tentativa de superação do passado é os exércitos da varrição atolarem, perderem velocidade diante das circunstâncias políticas, eventualmente batalhando entre si. Nenhum governo rompe impunemente com a estrutura econômica e política que o fez nascer.
Um exemplo do atoleiro é o front externo. O governo anterior, como foi tantas vezes assinalado, cultivou a opção preferencial pelas ditaduras e ditadores alinhados com os interesses do PT. Os críticos foram acusados de querer empurrar o Brasil para uma posição subalterna, como se soberania fosse sinônimo de fechar os olhos às violações aos direitos humanos.
Antes mesmo de tomar posse, a nova presidente anunciou uma guinada de 180 graus: a defesa dos direitos humanos seria prioridade nas relações externas – os direitos humanos passariam a ser inegociáveis. Rompendo a tradição instituída por Lula, o Itamaraty chegou a votar contra o governo do Irã na ONU.
A largada comoveu, mas foi tudo. No Conselho de Segurança, onde ocupamos no momento uma cadeira, o governo brasileiro tem sistematicamente contribuído para a blindagem política do ditador da Síria, Bashar Al Assad. Como noticiou este jornal (19/8/11), o Itamaraty não se une àqueles que defendem a saída de Assad – EUA e Europa -, opõe-se a sanções e nem sequer aceita repreendê-lo. Ao contrário, trabalha ativamente para encontrar uma solução que favoreça o ditador amigo.
Antes, a presidente Dilma já havia se recusado a receber a Nobel da Paz iraniana, Shirin Ebadi. Há espaço para fotos ao lado de pop-stars, mas não houve a generosidade de acolher em palácio essa batalhadora dos direitos das mulheres iranianas. Entre honrar a tradição diplomática brasileira e não contrariar o amigo ditador de Teerã, vingou a segunda opção.
Na Síria, os tanques e outros blindados vão às cidades rebeladas abrir fogo contra os que reivindicam banalidades democráticas, como liberdade de organização e expressão e eleições limpas. Há o temor de que a oposição política síria tenha, ela própria, raízes potencialmente autoritárias, mas esse é um assunto que diz respeito aos sírios, que não podem ter negado o seu direito à democracia.
O regime sírio e sua performance repressiva parecem, de fato, não incomodar o governo do PT. Pesará o fato de o partido ter firmado, em 2007, um espantoso acordo de “cooperação” com o Partido Baath, de Assad? Há palavras que dizem tudo. Neste caso, “cooperação” é um termo preciso para qualificar esse acordo, celebrado numa viagem a Damasco do então presidente do PT, Ricardo Berzoini. O texto é suficientemente anódino para parecer defensável aos incautos. Limita-se a listar irrelevâncias. Mas efeito simbólico foi e é um só: oferecer legitimidade a uma facção ditatorial que monopoliza o poder em seu país e impede a livre manifestação de quem se opõe. Foi também uma cooperação entre partidos que levou o Brasil a ser indulgente com Kadafi?
Já passou da hora de o Itamaraty virar essa página. O Brasil não tem por que continuar como avalista de Bashar Al Assad e do Partido Baath. Se o PT deseja apoiá-los, que o faça, mas não em nome do povo brasileiro.
Os defensores de um certo pragmatismo afirmam ser inviável uma política que, a um só tempo, defenda os direitos humanos, respeite a soberania das demais nações e proteja os nossos interesses comerciais. Mas é possível, sim. Nossos diplomatas são capazes de encontrar um caminho soberano, de defesa do Brasil, e, ao mesmo tempo, fortemente vinculado às conquistas da civilização. Até porque a Síria é também um pedaço do Brasil.
Aqui, muitos imigrantes eram chamados de “turcos”, dado o passaporte que carregavam à época do Império Otomano. As raízes familiares dos descendentes, raízes sentimentais e culturais, essas são legitimamente sírias – sírias e protegidas pelos valores universais da democracia.
José Serra
O Globo, 29/08/2011
As últimas semanas mostram o atual governo às voltas com múltiplos aspectos da herança maldita recebida do período Lula-Dilma. Não são coisas novas, mas tudo foi obscurecido na campanha eleitoral do ano passado. Fechadas as urnas e computados os votos, a verdade pôde aparecer.
Para os grupos que estão no poder, o risco maior na tentativa de superação do passado é os exércitos da varrição atolarem, perderem velocidade diante das circunstâncias políticas, eventualmente batalhando entre si. Nenhum governo rompe impunemente com a estrutura econômica e política que o fez nascer.
Um exemplo do atoleiro é o front externo. O governo anterior, como foi tantas vezes assinalado, cultivou a opção preferencial pelas ditaduras e ditadores alinhados com os interesses do PT. Os críticos foram acusados de querer empurrar o Brasil para uma posição subalterna, como se soberania fosse sinônimo de fechar os olhos às violações aos direitos humanos.
Antes mesmo de tomar posse, a nova presidente anunciou uma guinada de 180 graus: a defesa dos direitos humanos seria prioridade nas relações externas – os direitos humanos passariam a ser inegociáveis. Rompendo a tradição instituída por Lula, o Itamaraty chegou a votar contra o governo do Irã na ONU.
A largada comoveu, mas foi tudo. No Conselho de Segurança, onde ocupamos no momento uma cadeira, o governo brasileiro tem sistematicamente contribuído para a blindagem política do ditador da Síria, Bashar Al Assad. Como noticiou este jornal (19/8/11), o Itamaraty não se une àqueles que defendem a saída de Assad – EUA e Europa -, opõe-se a sanções e nem sequer aceita repreendê-lo. Ao contrário, trabalha ativamente para encontrar uma solução que favoreça o ditador amigo.
Antes, a presidente Dilma já havia se recusado a receber a Nobel da Paz iraniana, Shirin Ebadi. Há espaço para fotos ao lado de pop-stars, mas não houve a generosidade de acolher em palácio essa batalhadora dos direitos das mulheres iranianas. Entre honrar a tradição diplomática brasileira e não contrariar o amigo ditador de Teerã, vingou a segunda opção.
Na Síria, os tanques e outros blindados vão às cidades rebeladas abrir fogo contra os que reivindicam banalidades democráticas, como liberdade de organização e expressão e eleições limpas. Há o temor de que a oposição política síria tenha, ela própria, raízes potencialmente autoritárias, mas esse é um assunto que diz respeito aos sírios, que não podem ter negado o seu direito à democracia.
O regime sírio e sua performance repressiva parecem, de fato, não incomodar o governo do PT. Pesará o fato de o partido ter firmado, em 2007, um espantoso acordo de “cooperação” com o Partido Baath, de Assad? Há palavras que dizem tudo. Neste caso, “cooperação” é um termo preciso para qualificar esse acordo, celebrado numa viagem a Damasco do então presidente do PT, Ricardo Berzoini. O texto é suficientemente anódino para parecer defensável aos incautos. Limita-se a listar irrelevâncias. Mas efeito simbólico foi e é um só: oferecer legitimidade a uma facção ditatorial que monopoliza o poder em seu país e impede a livre manifestação de quem se opõe. Foi também uma cooperação entre partidos que levou o Brasil a ser indulgente com Kadafi?
Já passou da hora de o Itamaraty virar essa página. O Brasil não tem por que continuar como avalista de Bashar Al Assad e do Partido Baath. Se o PT deseja apoiá-los, que o faça, mas não em nome do povo brasileiro.
Os defensores de um certo pragmatismo afirmam ser inviável uma política que, a um só tempo, defenda os direitos humanos, respeite a soberania das demais nações e proteja os nossos interesses comerciais. Mas é possível, sim. Nossos diplomatas são capazes de encontrar um caminho soberano, de defesa do Brasil, e, ao mesmo tempo, fortemente vinculado às conquistas da civilização. Até porque a Síria é também um pedaço do Brasil.
Aqui, muitos imigrantes eram chamados de “turcos”, dado o passaporte que carregavam à época do Império Otomano. As raízes familiares dos descendentes, raízes sentimentais e culturais, essas são legitimamente sírias – sírias e protegidas pelos valores universais da democracia.
Homenagem a San Tiago Dantas no Itamaraty - 30/08/2011
Realizou-se, na manhã de hoje, 30 de agosto de 2011, no Palácio Itamaraty em Brasília, este seminário:
O Centenário de San Tiago Dantas e a Política Externa Independente
em homenagem ao grande jurista, advogado, ministro, político, estadista, diplomata (etc., etc., etc.), que foi ministro das Relações Exteriores no governo parlamentarista de João Goulart (1961-62) e ministro da Fazenda no primeiro gabinete presidencialista do mesmo Goulart (que teve 5 ministros da Fazenda).
A programação foi esta aqui:
1) Abertura pelo Presidente da Fundação Alexandre de Gusmão, Embaixador Gilberto Vergne Saboia
2) Alocução do Ministro das Relações Exteriores, Embaixador Antonio de Aguiar Patriota (que efetuou um pronunciamento em torno do que faria San Tiago Dantas hoje, ou seja, quão próxima é a atual política externa, e interna, daquilo que queria o estadista desaparecido em 1964).
Após intervalo, tivemos os seguintes palestrantes:
3) Professor Marco Aurélio Garcia, Assessor Especial da Presidência da República (que fez um pronunciamento politicamente correto sobre o personagem que, em 1961-64, ele provavelmente teria chamado de "jurista burguês")
4) Embaixador Marcílio Marques Moreira (que relembrou, com um testemunho de primeira mão, as difíceis circunstâncias, nacionais e externas, que cercaram as atividades públicas de San Tiago Dantas)
5) Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, atualmente Alto Representante (ou Comissário) do Mercosul, ex-SG-MRE (que lembrou que sua turma do Rio Branco, em 1963, teve como patrono San Tiago Dantas, e leu trechos da alocução que ele fez na ocasião, sempre trazendo os exemplos para a atualidade, no formato que lhe é peculiar, das assimetrias, aproximação com outros "povos subdesenvolvidos", e outros elementos, o que permite deduzir que SPG está perfeitamente adaptado ao mundo do início dos anos 1960)
6) Embaixador Gelson Fonseca, Inspetor do MRE (que apresentou o riquíssimo material até há pouco secreto, consistindo em atas de reuniões "da Casa da Pedra", mantida por STD e um seleto número de assessores diplomáticos, em 1961-62, sobre temas da agenda internacional do Brasil)
7) Doutor Adacir Reis, Presidente do Instituto San Tiago Dantas (que apresentou as ideias de STD e sua permanência no tempo, também autor, com Carla Patrícia Reis, de um capítulo sobre a "economia" de STD no livro que a Funag reeditou com os textos do livro publicado originalmente em 1962, "Política Externa Independente", acrescido de seis outros trabalhos contemporâneos).
Na parte dos debates, SPG chegou a defender algumas ditaduras atualmente existentes, o que levou Marcílio Marques Moreira a relembrar que STD defendia regimes democráticos plenos, não apenas de fachada, como alguns existentes aqui em volta...
Paulo Roberto de Almeida
O Centenário de San Tiago Dantas e a Política Externa Independente
em homenagem ao grande jurista, advogado, ministro, político, estadista, diplomata (etc., etc., etc.), que foi ministro das Relações Exteriores no governo parlamentarista de João Goulart (1961-62) e ministro da Fazenda no primeiro gabinete presidencialista do mesmo Goulart (que teve 5 ministros da Fazenda).
A programação foi esta aqui:
1) Abertura pelo Presidente da Fundação Alexandre de Gusmão, Embaixador Gilberto Vergne Saboia
2) Alocução do Ministro das Relações Exteriores, Embaixador Antonio de Aguiar Patriota (que efetuou um pronunciamento em torno do que faria San Tiago Dantas hoje, ou seja, quão próxima é a atual política externa, e interna, daquilo que queria o estadista desaparecido em 1964).
Após intervalo, tivemos os seguintes palestrantes:
3) Professor Marco Aurélio Garcia, Assessor Especial da Presidência da República (que fez um pronunciamento politicamente correto sobre o personagem que, em 1961-64, ele provavelmente teria chamado de "jurista burguês")
4) Embaixador Marcílio Marques Moreira (que relembrou, com um testemunho de primeira mão, as difíceis circunstâncias, nacionais e externas, que cercaram as atividades públicas de San Tiago Dantas)
5) Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, atualmente Alto Representante (ou Comissário) do Mercosul, ex-SG-MRE (que lembrou que sua turma do Rio Branco, em 1963, teve como patrono San Tiago Dantas, e leu trechos da alocução que ele fez na ocasião, sempre trazendo os exemplos para a atualidade, no formato que lhe é peculiar, das assimetrias, aproximação com outros "povos subdesenvolvidos", e outros elementos, o que permite deduzir que SPG está perfeitamente adaptado ao mundo do início dos anos 1960)
6) Embaixador Gelson Fonseca, Inspetor do MRE (que apresentou o riquíssimo material até há pouco secreto, consistindo em atas de reuniões "da Casa da Pedra", mantida por STD e um seleto número de assessores diplomáticos, em 1961-62, sobre temas da agenda internacional do Brasil)
7) Doutor Adacir Reis, Presidente do Instituto San Tiago Dantas (que apresentou as ideias de STD e sua permanência no tempo, também autor, com Carla Patrícia Reis, de um capítulo sobre a "economia" de STD no livro que a Funag reeditou com os textos do livro publicado originalmente em 1962, "Política Externa Independente", acrescido de seis outros trabalhos contemporâneos).
Na parte dos debates, SPG chegou a defender algumas ditaduras atualmente existentes, o que levou Marcílio Marques Moreira a relembrar que STD defendia regimes democráticos plenos, não apenas de fachada, como alguns existentes aqui em volta...
Paulo Roberto de Almeida
Menos um caso para Law & Order: DSK volta ao FMI, triunfalmente...
Não para ficar, claro, apenas para se despedir, e quem sabe preparar sua campanha à presidência da França, se não agora, provavelmente em cinco anos.
Law & Order fica sem um caso interessante (e picante) para servir de roteiro a algum episódio envolvendo figuras políticas (como já teve em sua série), e o noticiário de jornal perde um personagem das páginas policiais e judiciais, para movê-lo para as páginas de política.
Paulo Roberto de Almeida
Sob aplausos, Strauss-Kahn visita sede do FMI em Washington
Reuters/Brasil Online, 29/08/2011 às 20h47m
WASHINGTON (Reuters) - Dominique Strauss-Kahn voltou nesta segunda-feira à sede do Fundo Monetário Internacional pela primeira vez desde que foi liberado das acusações de abuso sexual que o levaram a deixar o comando da instituição. Ele pediu desculpas aos funcionários e foi calorosamente aplaudido.
Na companhia da esposa, Anne Sinclair, o francês chegou guiando um carro à sede do FMI, em Washington, e se reuniu rapidamente com a sucessora, Christine Lagarde, sua compatriota.
Depois, longe dos cinegrafistas e fotógrafos que passaram o dia acampados diante da entidade à espera dele, Strauss-Kahn falou a funcionários em um auditório lotado.
"Ele recebeu uma acolhida muito calorosa", disse Paulo Nogueira Batista, representante do Brasil e de um grupo de oito países latino-americanos no FMI, após o encontro.
"Isso reflete o fato de que ele é muitíssimo apreciado na instituição", acrescentou. "As pessoas o aplaudiram por longuíssimos períodos."
Outro participante disse, pedindo anonimato, que os funcionários começaram espontaneamente a aplaudir antes mesmo que Strauss-Kahn falasse. Essa fonte afirmou que o francês não citou o seu processo, mas afirmou que o Judiciário dos EUA havia sido justo.
O FMI disse que a visita foi em caráter pessoal, marcada a pedido dele.
Antes de ele chegar, alguns funcionários se mostraram indignados, enquanto outros manifestavam pesar pelo destino de Strauss-Kahn e diziam que pretendiam homenageá-lo pelo seu trabalho à frente da instituição.
Strauss-Kahn comandou o FMI - principal "bombeiro" da economia mundial - durante quatro anos, até renunciar em 18 de maio, depois de ser detido em Nova York pela acusação de ter tentado estuprar uma camareira de hotel.
Na semana passada, o processo foi arquivado porque os promotores disseram ter dúvidas sobre a credibilidade da acusadora.
Até ser preso, Strauss-Kahn era considerado favorito para ser eleito presidente da França em 2012, mas o caso praticamente acabou com a carreira política dele.
Law & Order fica sem um caso interessante (e picante) para servir de roteiro a algum episódio envolvendo figuras políticas (como já teve em sua série), e o noticiário de jornal perde um personagem das páginas policiais e judiciais, para movê-lo para as páginas de política.
Paulo Roberto de Almeida
Sob aplausos, Strauss-Kahn visita sede do FMI em Washington
Reuters/Brasil Online, 29/08/2011 às 20h47m
WASHINGTON (Reuters) - Dominique Strauss-Kahn voltou nesta segunda-feira à sede do Fundo Monetário Internacional pela primeira vez desde que foi liberado das acusações de abuso sexual que o levaram a deixar o comando da instituição. Ele pediu desculpas aos funcionários e foi calorosamente aplaudido.
Na companhia da esposa, Anne Sinclair, o francês chegou guiando um carro à sede do FMI, em Washington, e se reuniu rapidamente com a sucessora, Christine Lagarde, sua compatriota.
Depois, longe dos cinegrafistas e fotógrafos que passaram o dia acampados diante da entidade à espera dele, Strauss-Kahn falou a funcionários em um auditório lotado.
"Ele recebeu uma acolhida muito calorosa", disse Paulo Nogueira Batista, representante do Brasil e de um grupo de oito países latino-americanos no FMI, após o encontro.
"Isso reflete o fato de que ele é muitíssimo apreciado na instituição", acrescentou. "As pessoas o aplaudiram por longuíssimos períodos."
Outro participante disse, pedindo anonimato, que os funcionários começaram espontaneamente a aplaudir antes mesmo que Strauss-Kahn falasse. Essa fonte afirmou que o francês não citou o seu processo, mas afirmou que o Judiciário dos EUA havia sido justo.
O FMI disse que a visita foi em caráter pessoal, marcada a pedido dele.
Antes de ele chegar, alguns funcionários se mostraram indignados, enquanto outros manifestavam pesar pelo destino de Strauss-Kahn e diziam que pretendiam homenageá-lo pelo seu trabalho à frente da instituição.
Strauss-Kahn comandou o FMI - principal "bombeiro" da economia mundial - durante quatro anos, até renunciar em 18 de maio, depois de ser detido em Nova York pela acusação de ter tentado estuprar uma camareira de hotel.
Na semana passada, o processo foi arquivado porque os promotores disseram ter dúvidas sobre a credibilidade da acusadora.
Até ser preso, Strauss-Kahn era considerado favorito para ser eleito presidente da França em 2012, mas o caso praticamente acabou com a carreira política dele.
Wikileaks: follow the trail (New York Times)
Wikileaks: The organization has published more than 134,000 diplomatic cables in recent days, many including the names of sources.
WikiLeaks Leaves Names of Diplomatic Sources in Cables
By SCOTT SHANE
The New York Times, August 29, 2011
WASHINGTON — In a shift of tactics that has alarmed American officials, the antisecrecy organization WikiLeaks has published on the Web nearly 134,000 leaked diplomatic cables in recent days, more than six times the total disclosed publicly since the posting of the leaked State Department documents began last November.
A sampling of the documents showed that the newly published cables included the names of some people who had spoken confidentially to American diplomats and whose identities were marked in the cables with the warning “strictly protect.”
State Department officials and human rights activists have been concerned that such diplomatic sources, including activists, journalists and academics in authoritarian countries, could face reprisals, including dismissal from their jobs, prosecution or violence.
Since late 2010, The New York Times and several other news organizations have had access to more than 250,000 State Department cables originally obtained by WikiLeaks, citing them in news articles and publishing a relatively small number of cables deemed newsworthy. But The Times and other publications that had access to the documents removed the names of people judged vulnerable to retaliation.
WikiLeaks published some cables on its own Web site, but until the latest release, the group had also provided versions of the cables that had been edited to protect low-level diplomatic sources.
Government officials and journalists were poring over the newly released cables on Monday to assess whether people named in them might face repercussions. A quick sampling found at least one cable posted on Monday, from the American Embassy in Australia, had a name removed, but several others left in the identities of people whom diplomats had flagged for protection.
Among those named, despite diplomats’ warnings, were a United Nations official in West Africa and a foreign human rights activist working in Cambodia. They had spoken candidly to American Embassy officials on the understanding that they would not be publicly identified.
The new disclosures are likely to reignite a debate over the virtues and perils of making public the confidential views of American diplomats, some of whom have complained that the leaks have made their work more difficult. The disclosures take place as a federal grand jury in Alexandria, Va., continues to hear evidence in a criminal investigation of WikiLeaks for disclosing classified information.
WikiLeaks said in a statement on Monday that the acceleration in disclosing the cables was “in accordance with WikiLeaks’s commitment to maximizing impact and making information available to all.” The statement suggested that it was intended to counter the “misperception” that the organization “has been less active in recent months.”
The statement said that “crowdsourcing” the documents by posting them will allow people of different backgrounds and nationalities to interpret the cables. It was unsigned, but WikiLeaks’s founder, Julian Assange, generally drafts or approves the group’s statements.
Even as WikiLeaks made its new postings, a German publication reported that an encrypted file containing all of the 251,287 diplomatic cables obtained by WikiLeaks last year had been posted months ago on the Web, and that the password was also available on the Internet. It was unclear on Monday whether anyone had cracked the encrypted file described by the publication, Der Freitag, a small Berlin-based, left-leaning weekly, and had made public previously unpublished material.
A State Department spokesman, Michael A. Hammer, said the department would not comment on the authenticity of the documents released. He said the United States “strongly condemns any illegal disclosure of classified information.”
Last year, WikiLeaks was sharply criticized by human rights activists for disclosing the names of Afghan citizens who had provided information on the Taliban to the American military. It was far more cautious in subsequent releases, using software to strip proper names out of Iraq war documents and publishing versions of the cables after they had been edited by The New York Times and other publications.
The publication of cables began slowly last year, with only 2,500 made public by year’s end, often with redactions. As of last week, the total had reached about 20,000.
But the State Department has always acted on the assumption that all quarter-million cables might become public. A department task force worked with American embassies to review all the leaked cables, quietly warning people named in the cables that they might be in jeopardy. Some especially vulnerable people were given help to move, usually outside their home countries.
Steven Aftergood, an expert on government secrecy at the Federation of American Scientists, said he had reviewed several dozen cables from the new batch — all among those classified “secret” by the State Department — and found only one redaction. He said the volume of the new release made it unlikely that all the information that might endanger diplomatic sources had been removed.
“If these cables have not been carefully reviewed, it’s likely to be problematic for any number of people named in the cables,” Mr. Aftergood said.
Ravi Somaiya contributed reporting from London.
A version of this article appeared in print on August 30, 2011, on page A4 of the New York edition with the headline: WikiLeaks Leaves Names of Diplomatic Sources in Cables.
WikiLeaks Leaves Names of Diplomatic Sources in Cables
By SCOTT SHANE
The New York Times, August 29, 2011
WASHINGTON — In a shift of tactics that has alarmed American officials, the antisecrecy organization WikiLeaks has published on the Web nearly 134,000 leaked diplomatic cables in recent days, more than six times the total disclosed publicly since the posting of the leaked State Department documents began last November.
A sampling of the documents showed that the newly published cables included the names of some people who had spoken confidentially to American diplomats and whose identities were marked in the cables with the warning “strictly protect.”
State Department officials and human rights activists have been concerned that such diplomatic sources, including activists, journalists and academics in authoritarian countries, could face reprisals, including dismissal from their jobs, prosecution or violence.
Since late 2010, The New York Times and several other news organizations have had access to more than 250,000 State Department cables originally obtained by WikiLeaks, citing them in news articles and publishing a relatively small number of cables deemed newsworthy. But The Times and other publications that had access to the documents removed the names of people judged vulnerable to retaliation.
WikiLeaks published some cables on its own Web site, but until the latest release, the group had also provided versions of the cables that had been edited to protect low-level diplomatic sources.
Government officials and journalists were poring over the newly released cables on Monday to assess whether people named in them might face repercussions. A quick sampling found at least one cable posted on Monday, from the American Embassy in Australia, had a name removed, but several others left in the identities of people whom diplomats had flagged for protection.
Among those named, despite diplomats’ warnings, were a United Nations official in West Africa and a foreign human rights activist working in Cambodia. They had spoken candidly to American Embassy officials on the understanding that they would not be publicly identified.
The new disclosures are likely to reignite a debate over the virtues and perils of making public the confidential views of American diplomats, some of whom have complained that the leaks have made their work more difficult. The disclosures take place as a federal grand jury in Alexandria, Va., continues to hear evidence in a criminal investigation of WikiLeaks for disclosing classified information.
WikiLeaks said in a statement on Monday that the acceleration in disclosing the cables was “in accordance with WikiLeaks’s commitment to maximizing impact and making information available to all.” The statement suggested that it was intended to counter the “misperception” that the organization “has been less active in recent months.”
The statement said that “crowdsourcing” the documents by posting them will allow people of different backgrounds and nationalities to interpret the cables. It was unsigned, but WikiLeaks’s founder, Julian Assange, generally drafts or approves the group’s statements.
Even as WikiLeaks made its new postings, a German publication reported that an encrypted file containing all of the 251,287 diplomatic cables obtained by WikiLeaks last year had been posted months ago on the Web, and that the password was also available on the Internet. It was unclear on Monday whether anyone had cracked the encrypted file described by the publication, Der Freitag, a small Berlin-based, left-leaning weekly, and had made public previously unpublished material.
A State Department spokesman, Michael A. Hammer, said the department would not comment on the authenticity of the documents released. He said the United States “strongly condemns any illegal disclosure of classified information.”
Last year, WikiLeaks was sharply criticized by human rights activists for disclosing the names of Afghan citizens who had provided information on the Taliban to the American military. It was far more cautious in subsequent releases, using software to strip proper names out of Iraq war documents and publishing versions of the cables after they had been edited by The New York Times and other publications.
The publication of cables began slowly last year, with only 2,500 made public by year’s end, often with redactions. As of last week, the total had reached about 20,000.
But the State Department has always acted on the assumption that all quarter-million cables might become public. A department task force worked with American embassies to review all the leaked cables, quietly warning people named in the cables that they might be in jeopardy. Some especially vulnerable people were given help to move, usually outside their home countries.
Steven Aftergood, an expert on government secrecy at the Federation of American Scientists, said he had reviewed several dozen cables from the new batch — all among those classified “secret” by the State Department — and found only one redaction. He said the volume of the new release made it unlikely that all the information that might endanger diplomatic sources had been removed.
“If these cables have not been carefully reviewed, it’s likely to be problematic for any number of people named in the cables,” Mr. Aftergood said.
Ravi Somaiya contributed reporting from London.
A version of this article appeared in print on August 30, 2011, on page A4 of the New York edition with the headline: WikiLeaks Leaves Names of Diplomatic Sources in Cables.
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Wanted: Program Coordinator of Brazilian Studies - Champaign, Illinois
Lemann Institute for Brazilian Studies Position
Position Description
Program Coordinator
Lemann Institute for Brazilian Studies
Center for Latin American and Caribbean Studies
University of Illinois at Urbana-Champaign
The Lemann Institute for Brazilian Studies seeks a Program Coordinator to assist the Director with the duties of the Institute. The mission of the Lemann Institute for Brazilian Studies is to promote research on Brazil by members of the faculty, graduate students, and undergraduates, to encourage collaborative research and educational exchanges between University of Illinois faculty and students and their Brazilian colleagues, and to enhance undergraduate and graduate education in Brazilian culture, business, agriculture, and the environment. The Institute will intensify and enhance the multi-disciplinary study of Brazil at the University of Illinois, and make our campus one of the premier centers for research and teaching on this emerging power.
Duties include the following:
* Manage Institute programs and projects under the direction of the Director, with primary responsibility for coordinating speakers, conferences, and fellowship and scholarship programs.
* Provide direct supervision of graduate assistants.
* Assist the Director in setting and implementing operational policies and procedures for handling administrative matters.
* Assist with the writing of proposals and reports and defining programmatic and development goals.
* Coordinate publication of the Institute newsletter, website, and other publicity.
* May have primary responsibility for day to day operations of the unit.
* Coordinate activities with the Associate Director of CLACS.
* Represent the Director of the Institute on campus committees, as requested.
Requirements: Must have a Bachelor’s degree and be fluent in written and spoken Portuguese and English. Knowledge of and experience in Brazil or in Latin America are strongly desired. Superior organizational ability, interpersonal skills, and facility in oral and written communication are important. Experience in working with diverse groups, both academic and nonacademic, along with experience with writing reports are considered strong assets. Other desired skills include the ability to manage multiple projects simultaneously without supervision and strong computer skills (Microsoft Office, databases, and websites).
This is a regular, full-time, twelve month, academic professional position. Proposed start date is as soon as possible after closing date. Salary is commensurate with qualifications and experience.
To ensure full consideration please create your candidate profile through http://jobs.illinois.edu and upload your application letter, resume, and contact information for three references by the close date of September 21, 2011. For further information contact: Angelina Cotler, Associate Director CLACS, cotler@illinois.edu, (217) 333-8419. Applicants may be interviewed before the closing date; however, no hiring decision will be made until after that date.
Illinois is an Affirmative Action /Equal Opportunity Employer and welcomes individuals with diverse backgrounds, experiences, and ideas who embrace and value diversity and inclusivity. (www.inclusiveillinois.illinois.edu )
Position Description
Program Coordinator
Lemann Institute for Brazilian Studies
Center for Latin American and Caribbean Studies
University of Illinois at Urbana-Champaign
The Lemann Institute for Brazilian Studies seeks a Program Coordinator to assist the Director with the duties of the Institute. The mission of the Lemann Institute for Brazilian Studies is to promote research on Brazil by members of the faculty, graduate students, and undergraduates, to encourage collaborative research and educational exchanges between University of Illinois faculty and students and their Brazilian colleagues, and to enhance undergraduate and graduate education in Brazilian culture, business, agriculture, and the environment. The Institute will intensify and enhance the multi-disciplinary study of Brazil at the University of Illinois, and make our campus one of the premier centers for research and teaching on this emerging power.
Duties include the following:
* Manage Institute programs and projects under the direction of the Director, with primary responsibility for coordinating speakers, conferences, and fellowship and scholarship programs.
* Provide direct supervision of graduate assistants.
* Assist the Director in setting and implementing operational policies and procedures for handling administrative matters.
* Assist with the writing of proposals and reports and defining programmatic and development goals.
* Coordinate publication of the Institute newsletter, website, and other publicity.
* May have primary responsibility for day to day operations of the unit.
* Coordinate activities with the Associate Director of CLACS.
* Represent the Director of the Institute on campus committees, as requested.
Requirements: Must have a Bachelor’s degree and be fluent in written and spoken Portuguese and English. Knowledge of and experience in Brazil or in Latin America are strongly desired. Superior organizational ability, interpersonal skills, and facility in oral and written communication are important. Experience in working with diverse groups, both academic and nonacademic, along with experience with writing reports are considered strong assets. Other desired skills include the ability to manage multiple projects simultaneously without supervision and strong computer skills (Microsoft Office, databases, and websites).
This is a regular, full-time, twelve month, academic professional position. Proposed start date is as soon as possible after closing date. Salary is commensurate with qualifications and experience.
To ensure full consideration please create your candidate profile through http://jobs.illinois.edu and upload your application letter, resume, and contact information for three references by the close date of September 21, 2011. For further information contact: Angelina Cotler, Associate Director CLACS, cotler@illinois.edu, (217) 333-8419. Applicants may be interviewed before the closing date; however, no hiring decision will be made until after that date.
Illinois is an Affirmative Action /Equal Opportunity Employer and welcomes individuals with diverse backgrounds, experiences, and ideas who embrace and value diversity and inclusivity. (www.inclusiveillinois.illinois.edu
A frase (contraditoria) da semana: aumentar tarifa sem ser protecionista
Bem, acho que esta frase merece algum prêmio de coerência, ou de cenas explícitas de paradoxo.
ENTREVISTA: Tatiana Prazeres
Brasil quer tarifas maiores mas rechaça protecionismo
Reuters Brasil
Diante do cenário internacional, que Prazeres classifica como "sombrio", aumentou exponencialmente o número de indústrias solicitando aumento de tarifas de importação de produtos concorrentes eo Brasil quer uma lista maior de exceções para acomodar ...
Em todo caso, vamos transcrever toda a entrevista:
ENTREVISTA: Tatiana Prazeres
Brasil quer tarifas maiores mas rechaça protecionismo
Isabel Versiani
Reuters, sexta-feira, 26 de agosto de 2011 20:03
BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil trabalha para garantir no Mercosul o direito de elevar tarifas de importação de 100 produtos industriais até o final do ano, mas, se antecipando a críticas, o governo rechaça que o país tenha optado pelo protecionismo para fazer frente ao cenário internacional desfavorável.
Segundo a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, a intenção do governo é apenas ganhar "margem de manobra" para utilizar mecanismos ao qual já tem direito pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), em um momento em que a indústria sofre a concorrência dos importados em situação de desvantagem por conta do real valorizado.
"Por mais que o imposto de importação já adotado pelo Brasil possa ser alto na comparação com outros países, o fato é que o real fortalecido em alguns casos compromete a proteção tarifária", afirmou Tatiana Prazeres à Reuters na sexta-feira.
Ela explica que o Brasil tem acertado com a OMC o direito de aplicar uma tarifa média de importação de 31,4 por cento, sendo que o teto para os produtos industriais é de 35 por cento, salvo algumas poucas exceções. A tarifa média efetivamente aplicada, contudo, é de 13,6 por cento.
Como comparação, a tarifa média da China é de 9,6 por cento, da Índia é 12,9 por cento e da União Europeia, 5,3 por cento.
Ainda que, pela OMC, o país já pudesse elevar as tarifas de vários produtos, o Brasil tem acertado com os demais membros do Mercosul uma Tarifa Externa Comum (TEC), com limites próprios. Exceções a essas tarifas são fixadas na chamada "lista de exceção à TEC", restrita, pelas regras do bloco, a 100 produtos. O Brasil quer agora dobrar essas exceções permitidas.
Atualmente a TEC é usada pelo Brasil principalmente para reduzir o imposto de importação de determinados produtos. Constam da relação, por exemplo, medicamentos, cimento e produtos químicos que o país tem interesse em importar barato, e por isso aplica tarifas inferiores àquelas adotadas no Mercosul.
Diante do cenário internacional, que Prazeres classifica como "sombrio", aumentou exponencialmente o número de indústrias solicitando aumento de tarifas de importação de produtos concorrentes e o Brasil quer uma lista maior de exceções para acomodar esses pedidos.
"Esses 100 códigos hoje são claramente insuficientes para atender ao interesse da indústria brasileira", afirmou Prazeres.
"O compromisso do Brasil na OMC permite que a gente utilize melhor o imposto de importação como instrumento de política comercial", acrescentou a secretária ao justificar a negociação no Mercosul para a criação de uma nova lista de exceção.
Segundo ela, uma vez que essa lista seja aprovada, o governo avaliará os produtos a serem incluídos. Alguns dos requisitos avaliados são investimentos e empregos que as indústrias nacionais produzem, agregação de valor e capacidade instalada.
A negociação de mais exceções à TEC foi anunciada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante anúncio de medidas de estímulo à indústria no início do mês, no programa denominado "Brasil Maior".
Prazeres ressalta que a ideia é calibrar a preocupação de preservar a indústria nacional com o esforço de proteger também os consumidores. Mas ressalta: "o teto que o Brasil tem na OMC (tarifa de 35%) tampouco torna proibitiva a importação de qualquer produto... Você tem uma situação que protege os importados".
Considerando o fechamento do mercado de câmbio desta sexta-feira, o real valorizou 3,83 por cento este ano. Mas no final de julho, na máxima de 2011 até agora, essa valorização estava em 8,3 por cento.
O fortalecimento da moeda brasileira é reflexo, entre outros fatores, da alta dos preços das commodities, da taxa de juros elevada no Brasil e do fato de a economia brasileira crescer a taxas mais elevadas que os países avançados.
O governo também frequentemente aponta para as políticas expansionistas adotadas principalmente pelos Estados Unidos como um fator que tem colaborado para manter o dólar barato.
ENTREVISTA: Tatiana Prazeres
Brasil quer tarifas maiores mas rechaça protecionismo
Reuters Brasil
Diante do cenário internacional, que Prazeres classifica como "sombrio", aumentou exponencialmente o número de indústrias solicitando aumento de tarifas de importação de produtos concorrentes eo Brasil quer uma lista maior de exceções para acomodar ...
Em todo caso, vamos transcrever toda a entrevista:
ENTREVISTA: Tatiana Prazeres
Brasil quer tarifas maiores mas rechaça protecionismo
Isabel Versiani
Reuters, sexta-feira, 26 de agosto de 2011 20:03
BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil trabalha para garantir no Mercosul o direito de elevar tarifas de importação de 100 produtos industriais até o final do ano, mas, se antecipando a críticas, o governo rechaça que o país tenha optado pelo protecionismo para fazer frente ao cenário internacional desfavorável.
Segundo a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, a intenção do governo é apenas ganhar "margem de manobra" para utilizar mecanismos ao qual já tem direito pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), em um momento em que a indústria sofre a concorrência dos importados em situação de desvantagem por conta do real valorizado.
"Por mais que o imposto de importação já adotado pelo Brasil possa ser alto na comparação com outros países, o fato é que o real fortalecido em alguns casos compromete a proteção tarifária", afirmou Tatiana Prazeres à Reuters na sexta-feira.
Ela explica que o Brasil tem acertado com a OMC o direito de aplicar uma tarifa média de importação de 31,4 por cento, sendo que o teto para os produtos industriais é de 35 por cento, salvo algumas poucas exceções. A tarifa média efetivamente aplicada, contudo, é de 13,6 por cento.
Como comparação, a tarifa média da China é de 9,6 por cento, da Índia é 12,9 por cento e da União Europeia, 5,3 por cento.
Ainda que, pela OMC, o país já pudesse elevar as tarifas de vários produtos, o Brasil tem acertado com os demais membros do Mercosul uma Tarifa Externa Comum (TEC), com limites próprios. Exceções a essas tarifas são fixadas na chamada "lista de exceção à TEC", restrita, pelas regras do bloco, a 100 produtos. O Brasil quer agora dobrar essas exceções permitidas.
Atualmente a TEC é usada pelo Brasil principalmente para reduzir o imposto de importação de determinados produtos. Constam da relação, por exemplo, medicamentos, cimento e produtos químicos que o país tem interesse em importar barato, e por isso aplica tarifas inferiores àquelas adotadas no Mercosul.
Diante do cenário internacional, que Prazeres classifica como "sombrio", aumentou exponencialmente o número de indústrias solicitando aumento de tarifas de importação de produtos concorrentes e o Brasil quer uma lista maior de exceções para acomodar esses pedidos.
"Esses 100 códigos hoje são claramente insuficientes para atender ao interesse da indústria brasileira", afirmou Prazeres.
"O compromisso do Brasil na OMC permite que a gente utilize melhor o imposto de importação como instrumento de política comercial", acrescentou a secretária ao justificar a negociação no Mercosul para a criação de uma nova lista de exceção.
Segundo ela, uma vez que essa lista seja aprovada, o governo avaliará os produtos a serem incluídos. Alguns dos requisitos avaliados são investimentos e empregos que as indústrias nacionais produzem, agregação de valor e capacidade instalada.
A negociação de mais exceções à TEC foi anunciada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante anúncio de medidas de estímulo à indústria no início do mês, no programa denominado "Brasil Maior".
Prazeres ressalta que a ideia é calibrar a preocupação de preservar a indústria nacional com o esforço de proteger também os consumidores. Mas ressalta: "o teto que o Brasil tem na OMC (tarifa de 35%) tampouco torna proibitiva a importação de qualquer produto... Você tem uma situação que protege os importados".
Considerando o fechamento do mercado de câmbio desta sexta-feira, o real valorizou 3,83 por cento este ano. Mas no final de julho, na máxima de 2011 até agora, essa valorização estava em 8,3 por cento.
O fortalecimento da moeda brasileira é reflexo, entre outros fatores, da alta dos preços das commodities, da taxa de juros elevada no Brasil e do fato de a economia brasileira crescer a taxas mais elevadas que os países avançados.
O governo também frequentemente aponta para as políticas expansionistas adotadas principalmente pelos Estados Unidos como um fator que tem colaborado para manter o dólar barato.
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